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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

calheiros em

OS CALHEIROS


Mazarefes enamorada do seu rio, o Rio Lima, há muitos anos que, de costas voltadas a ele, se encontra, como que de um rio que violentamente a invadiu e obrigou os seus a deslocarem-se como o caracol de casa às costas mais para riba, isto é, para sul.
Acontece que em tempos ancestrais os de Mazarefes viviam do rio, da pesca e do sal, que lhes dava, porque o sal chegou a ser moeda de tributo do povo desta terra.
Os de Mazarefes hoje só se enamoram do rio para tirar dele momentos de lazer, de praia no Verão e só um ou outro ainda dele explora as enguias para consumo familiar.
Não vai longe a existência de Calafates em Mazarefes. Ainda nossos contemporâneos. Trata-se da família Calheiros. Houve nesta terra duas linhagens de Calheiros. Neste trabalho refiro-me aos que vieram de Feitoza – Ponte de Lima, aquando do casamento de Julião João de Araújo Calheiros, carpinteiro, com Teresa Rodrigues, lavradeira nesta freguesia de Mazarefes, neta de uma Luísa Rodrigues dos Reis, da Casa dos Brasileiros.
Deste casamento resultam uma geração de 5 filhos: o António, o José, o Francisco, a Maria e a Rosa. O António e o Francisco seguiram a profissão do pai e foram ricos carpinteiros, artistas exímios, embora tivessem morrido muito cedo com 48 e 59 anos repentinamente. Dedicavam-se ao fabrico de barcos de “água-riba”, barcos de vela e barcos de vara.
Chegaram a construir barcos com 15 metros de comprimento, ao ar livre, em Stª. Marta, Passagem, Carregadouro de Sº. Paio de Jolda, nos Arcos de Valdevez.














Coeva das mais antigas
Esta linda freguesia
Noutros tempos existia
Do Letes junto às ribas
os mouros que aqui moravam
Quando a viram assim gentil
E cheia de encanto mil
Mazarefes lhe chamaram
Mazarefes, terra linda ! ...
Nem outra de nome tal
Apareceu em Portugal
Centro de beleza infinita
Um canto de realeza
Aqui teve moradia
Como prosápia de nobresa.
Nobresa de Portugal
Azevedos e Pereiras
Nestas terras prasenteiras
Aqui foram seu banal
Mas antes, muito antes
Esta linda freguesia
Tem sua monografia
Tão cheia de canibeantes
Mosteiro de frades bentos
E parcela da Galiza
Sua lenda se eterniza
Nesses tempos polirentos ?


Aqui Mãe do puro amor
Nessas eras tão remotas
Não tinhas armas devotas
A prestar-vos seu louvor ?!
Ah ! que tinhas, que o diga
A ermida das Boas Novas,
Mas-Raudes em lidas provas
Nosso culto fé antiga.
Nossa mente não descansa
Por tempos que não tem conta
A que época remonte
Vosso culto nesta terra
Eras a Mãe dos Rapazes
Nesta terra prasenteira
Junto a nós, à nossa beira
Descanso em nossos lazeres
Boas Novas nos trazias
E nos trazes do Além
Que nos fazem tanto bem
Na tristeza e alegria
Sêde a nossa boa mãe
Nossa dita e boa sorte
Quer na vida quer na morte
Na morada do Além.


Dá-los vou em desobriga
Dois velhinhos aqui estão
São Bento e S. Simão
Modelos da fé antiga
São Simão, o padroeiro
Deste povo que aqui tinha
Sua vida ribeirinha
Junto ao Lhetis prasenteiro
Rincão de tanta Beleza
Torrão lindo tão jucundo !
Não há terra cá no mundo
Como a terra portuguesa
Junto ao mar plantada
Có a província do seu Minho
Linda fada no seu ninho,
Pelos bates decantada
Mais lindo belo rincão
Vêde se no mundo há !
Nosso LHETIS cá está
E do Minho o coração
Mazarefes, terra linda
Junto ao Lima estamos cá
Mais linda não há, não há,
Margem de beleza infinda !
Jardim da Europa-Portugal
Nosso lindo seu jardim
Deste o coração, enfim
Nosso Letes ideal
Não é pois um patarata
Que desfaz este argumento
Nem destrói o meu intento
Nem a lógica é batata !
S. Simão da Junqueira
S. Simão da Junqueira
Coevo da nossa gente
No terreno aqui patente.
Salvaste a fé verdadeira
Este povo que primeiro
Nesse tempo aqui vivia
Cheio de fé recorria
Ao seu Santo padroeiro


Depois, mais tarde, para o sul
Este povo se alargou
Quando o rio alagou
Suas ribas, seu paúl
Veio então aqui S. Bento
Que também aqui nasceu;
Em memória nos deixou
Sua igreja seu convento.
Era deste o padroeiro
S. Nicolau neste burgo
Da Rússia o taumaturgo
E também do mundo inteiro
– S. Nicolau Padroeiro !...
Dois velhinhos aqui estão
S. Bento e S. Simão
Valem um poema inteiro.


Mas ah ! que já me esquecia !
Inda cá me restam três;
Dá-los vou por sua vez,
Não fazer descortezia.
Meu rico Sant’ Antoninho
Não sei onde te hei-de pôr
Vou cuidar do teu andor
E levar-te meu presentinho
És santo e meu irmão
Sou filho da mesma Madre
Sou António e sou Padre
Vou dar-te meu coração
Em troca peço um favor
Que alcances do Deus meu
Que abrazado como o teu
Por ele morra de amor
A fechar a colecção
Dos santos da nossa igreja
Alerta na peleja
Temos S. Sebastião
Nos tempos do paganismo
Guerreiro do feroz Nero
Cristãos nobre mui sincero
Afastai-nos da torpeza
De tão ascorosa peste,
que do alto nos inverte
E acaba na baixeza
– Senhor do Paços da graça.
Da graça de Mazarefes
Que bondoso não te esqueces
De olhar bem para quem passa
Para isso estás ao tempo
Na vossa ermida patente
Bem fazendo a toda a gente
A toda a hora e momento,
concedei-me a mim também.
Viver à vossa (...) piedade
Agora e p’ra sempre amém.
Ai ! ó meu rico Menino
Que em teu nicho me esquecias
E a todos delicias
Tão lindo, tão pequenino
Eu só queria roubar-te
E se não fora pecado
A ver-te sempre a meu lado
E não morrer para amar-te
Fazei minha habitação
Na pátria da eterna luz
Ó meu Menino Jesus
Dominai meu coração.

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