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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Moinhos

Trabalho feito por idosos e crianças do Berço com a ajuda dos técnicos.
MOINHOS DE VENTO
Realizado pelos meninos do Berço e Centro de Dia do
Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima
Projecto Reciclar ( -te)
Centro Paroquial e Social de Nª Senhora e Fátima – Berço/ Centro de Dia
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Índice
Introdução 3
Elaboração do projecto 4
1.Contextualização do Projecto Pedagógico 4
2. Período a que se reporta o projecto 5
3. Caracterização do grupo de crianças / Idosos a que se destina o projecto pedagógico 5
4. Constituição da equipa 6
5. Definição do projecto pedagógico 6
6.Plano de Actividades Sócio – Pedagógicas 7
Pesquisas, visitas realizadas 8
Conclusão 47
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Introdução
O projecto “Moinhos de Vento” é um projecto amigo da natureza mas, ao mesmo
tempo, um projecto de trabalho conjunto entre várias gerações e em que o Berço se
orgulha de poder colaborar com as restantes instituições.
Trata-se de um projecto de trabalho conjunto entre varias gerações, no sentido em que o
seu planeamento e construção foram levadas a cabo no âmbito do programa de
actividades inter geracionais entre o Berço e o Centro de Dia da Abelheira.
Simultaneamente, é um projecto amigo do ambiente uma vez que de uma forma lúdica
sensibiliza, não só aqueles com quem as instituições trabalham, mas também toda
comunidade local, para a importância da conservação do meio ambiente e das várias
potencialidades dos materiais recicláveis.
Por ultimo, estando assente numa lógica de articulação entre várias instituições e através
da exposição publica, o projecto “Moinhos de Vento” permite ao Berço afirmar, mais
uma vez, a sua vontade ser uma instituição aberta a toda a comunidade, receptiva a
novas ideias e formas de trabalhar e sempre tenta às necessidades específicas do
desenvolvimento global das crianças.
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ELABORAÇÃO DO PROJECTO
PROJECTO PEDAGÓGICO
1.Contextualização do Projecto Pedagógico
Tema: Construção de Moinhos de vento a partir de materiais de reciclagem.
No âmbito do projecto Reciclar(te) organizado pelo Centro de Actividades Ocupacionais João Barreto (APPACDM) em parceria com a
Câmara Municipal de Viana do Castelo, a Instituição Berço e a Valência Centro de Dia do Centro Paroquial de Nossa Sª de Fátima, vão
elaborar em conjunto moinho de vento utilizando materiais de reciclagem.
Este trabalho será realizado em várias fases:
1ª fase – Realização de visitas de estudo relacionadas com o tema ( moinhos, Resulima, biblioteca Municipal)
2ª fase – Reunião de organização dos grupos, selecção da informação obtida, desenho do moinho, escolha de materiais, distribuição de
tarefas.
3ª fase - Elaboração do moinho de vento
4ª fase – Exposição do trabalho
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2. Período a que se reporta o projecto
Período de vigência: De 31 de Março a 05 de Junho de 2009
3. Caracterização do grupo de crianças / Idosos a que se destina o projecto pedagógico
Nº de
crianças
Principais competências
(individuais e de grupo)
Resultados desejáveis (Individuais e de Grupo) Observações
9
-Espírito de grupo
-Gostam de trabalhar em grupo e
trabalhar com os utentes do Centro de
Dia
-Curiosas, gostam de efectuar novas
aprendizagens
-Participativas
-Dinâmicas
-Conseguir levar as suas tarefas até ao fim;
-Trabalhar com responsabilidade e empenho,
-Partilhar;
- Dialogar sobre as dificuldades e ser capaz de ultrapassar
obstáculos quer individualmente, quer em grupo;
- Dar opiniões, serem espontâneos e activos;
- Ajudar os colegas e idosos
Verificou-se bastante interesse e motivação por
parte das crianças tanto na fase de recolha de
dados e informação sobre a construção do moinho
(que incluiu visitas de estudo) até a fase final da
sua construção.
Nº de
Idosos
Principais competências
(individuais e de grupo)
Resultados desejáveis (Individuais e de Grupo) Observações
5 -Espírito de iniciativa
-Experiência de vida
-Conhecimentos antigos
-Sentido de responsabilidade
-Trabalhar a memória
-Estimulação cognitiva e motora
-Exercitar habilidades para a aquisição de novas competências
-Visão global da realidade
-(Re) Aprendizagem da importância dos moinhos de vento
-Promover o convívio Inter - Geracional
-Capacidade de interrelacionar pensamentos e idades
Verificou-se também da parte dos idosos
envolvidos no projecto colaboração e troca de
experiências com as crianças, resultando numa
troca inter-geracional muito positiva e alegre.
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4. Constituição da equipa
Nº de
elementos
Identificação Função Observações
6
D. Calçada
Dª Renata
Rosa Maria
Leonor
Dª Juliana
Dª Liliana
Dª Juliana
Director técnico do Centro de Dia
Directora técnica do Berço
Educadora do Berço
Auxiliar Centro de Dia
Psicóloga do Berço
Assistente social Centro de Dia
Assistente Social Berço
5. Definição do projecto pedagógico
Tema: Construção de moinhos de vento
Objectivos Indicadores de Avaliação
Promover a noção de que o bem-estar de todos se constrói com a colaboração de cada um
Iniciar dinâmica de actividades conjuntas.
Permitir usar com imaginação os recursos do meio envolvente
Possibilitar a troca de experiências e saberes
Cooperar activamente em acções de sensibilização a favor do ambiente
Desenvolver a motricidade fina
Integrar as crianças em grupos da comunidade a fim de diminuir o peso da institucionalização
Grau de atingimento dos objectivos
Observação do empenho e motivação dos participantes
Grau de realização das tarefas
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6.Plano de Actividades Sócio - Pedagógicas
Envolvimento Calendarização Metas a atingir Estratégias
de
avaliação
Área a
trabalhar
Actividades a realizar
Humanos Materiais S O N D J F M A M J J
Intelectual
formativo
- Descoberta da origem e função do
moinho de vento ;
- Visita de estudo a um moinho de
vento;
- Visita de estudo à Biblioteca;
- Visita de estudo à Resulima;
- Visita de estudo ao Museu do Pão;
- Utilização e exploração de técnicas
de colagem e materiais;
- Construção de um moinho de
vento
Técnicos
Auxiliares
Crianças
Idosos
Transporte
Conhecimento da história
dos moinhos de vento;
Consciencialização para a
importância da politica dos
3R’s
Valorização fontes de
energia renováveis
Construção de um moinho
de vento
Recreativa
social
- Organização dos grupos de
trabalho;
- Realização do moinho de vento;
- Participação na exposição de
moinhos de vento
Técnicos
Auxiliares
Crianças
Idosos
Voluntarios
Transporte
Cola branca
Palete em
madeira
Jornais usados
Garrafões de
plástico
Caricas ,rolhas
de garrafa,
sacos de
plástico, rede de
arame, canas de
bambu
Interacção idoso/criança
Exposição do moinho
Observação
directa
da
participação
e motivação
dos
participantes
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Pesquisas, visitas realizadas
Como os nossos conhecimentos acerca dos moinhos de vento eram muito básicos,
sentimos necessidade de aprofundá-los. Nesse sentido programámos algumas visitas de
estudo, que nos permitiram descobrir que o nosso património é rico em tradições, lendas
ligadas aos moinhos de vento.
Aproveitámos então o nosso património e meio cultural para iniciar o nosso trabalho de
estudo e pesquisa. Partimos para Carreço.
Visita aos Moinhos de Carreço
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Observámos a estrutura do moinho
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Escutámos a lenda do Montedor, contada por um nosso amigo do Centro de Dia
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Visita à biblioteca Municipal
A visita aos moinhos de Carreço, aumentou a nossa curiosidade e encaminhou-nos para
Biblioteca Municipal, a fim de descobrirmos a história dos moinhos de vento. Quando é
que surgiram?
Descobrimos a história deste moinho e que a estrutura e funcionalidade dos
moinhos de vento é idêntica de Norte a Sul de Portugal.
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Tivemos algumas dificuldades em encontrar todas as informações que pretendíamos, mas
conseguimos reunir algumas.
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Descobrimos que:
Um moinho de vento no sentido restrito, é um moinho que usa hélices como
elemento de captação e conversão de energia eólica para outro tipo de energia
apropriada para movimentar outros mecanismos.
Em sentido lato, chama-se moinho de vento a qualquer motor movido a energia
eólica.
História e Tipologia
Desde sempre e até aos nossos dias, o homem utilizou os recursos naturais para
facilitar o seu dia a dia e melhorar a sua qualidade de vida. O vento e a água
constituíram as primeiras fontes de energia mecânica, a mais antiga a ser explorada
e utilizada pelo homem.
Explorámos o mundo com a ajuda dos navios movidos graças ao vento, podemos
dizer que foi a primeira utilização da energia eólica. Os primeiros barcos a vela
datam de 3000 anos antes de Cristo.
Os moinhos de vento são uma invenção muito antiga. Diz-se que surgiram há mais
de 3000 anos.
Os moinhos mais antigos encontram-se na região de Sistan (região árida do Irão e
Afganistão).
As primeiras referencias conhecidas acerca dos moinhos de vento datam do século
X. Pensa-se que aparelhos movidos a vento, foram considerados como um
instrumento de libertação dos trabalhadores rurais, visto estes serem obrigados a
pagar um imposto aos senhores feudais por utilizarem a água dos ribeiros que
passavam pelos seus campos. Estes moinhos eram principalmente utilizados na
bombagem de água.
Moinho de vento tradicional,
Khâf, Sistão em Persa
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Crê-se que os primeiros moinhos de vento possuíam uma tipologia de eixo vertical
com velas dispostas em seu redor. Essa tipologia foi substituída pelo eixo horizontal
que hoje conhecemos.
Moinho construído para resistir aos ventos dos 120 dias do Sistão
Para que servem
Segundo a sua estrutura os moinhos de vento podem ter diversas aplicações:
- Moagem de Cereais;
- Elevação de Água;
- Produção de Energia Eléctrica
Alguns modelos
Moinhos de vento “En campo de
Criptana” Mancha Espanha
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Moinho de vento "Prins van
Oranje" em Bredevoort na Holanda
(Países Baixos)
Geradores eólicos em Egeln, Alemanha
Fialha, em Peniche
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Curiosidades
Descobrimos que alguns artistas realizaram pinturas e outros trabalhos sobre os
moinhos de vento
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Elaborado por uma avozinha dos
Açores
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Visita ao Museu do Pão em Outeiro
No dia 7 de Abril, fomos visitar o Museu do Pão. O Presidente da Junta de Outeiro,
O Sr Amaro e a sua equipa foram muito simpáticos. Explicaram-nos como se fazia a
sementeira do milho, a sua moagem na azenha e finalmente aprendemos a fazer pão.
No final da visita ofereceu-nos um lanche delicioso, a tradicional bola de chouriço e
o pão que cozemos, quentinho com mel da aldeia. Tudo isto acompanhado com
muita alegria e animação.
Chegada ao Museu do pão
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Ferramentas tradicionais, usadas para a sementeira do milho
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É bom recordar algumas vivências…
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Visita á Azenha da Aldeia
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Azenha movida pela força da água
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Observámos como o milho se transformava em farinha.
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Aprendemos como se fazia o pão
A farinha de milho era fofinha e cheirava bem.
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Tem que se aquecer o forno
Para fazer o pão é preciso farinha de milho, farinha de centeio, água, sal e
fermento.
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Depois de tudo bem amassado e levedado, vai ao forno a cozer
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As colmeias de onde veio o mel delicioso com que barramos o pão
nosso pão
Momento do nosso lanche
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Visita á Resulima
Para melhor compreendermos a política dos três R’s, marcámos uma visita à Resulima.
Esta visita ajudou-nos a reflectir sobre a nossa preparação para realizar tarefas tão
simples como dar um destino adequado ao lixo que produzimos. Será que estamos
preparados para ajudar a proteger o ambiente e assegurar assim uma maior qualidade de
vida?
Temos a certeza que com a colaboração de todos podemos tornar o nosso ambiente mais
saudável, podemos proteger as espécies animais e vegetais e viver melhor.
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Chegada dos camiões com o
lixo que foi recolhido
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Triagem do lixo
Depois da triagem é compactado segundo o tipo de material
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Sacos e algumas embalagens de plástico
Garrafas de plástico
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Embalagens de metal
Vidro
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Pneus
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Depois de compactados, são transportados para diferentes fábricas de
reciclagem, onde irão ser transformados em novos objectos.
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Esta visita permitiu-nos melhor pensar e seleccionar os materiais que poderíamos
utilizar na construção do nosso moinho de vento, tendo como lema “ do velho se faz
novo”
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Depois desta fase de pesquisa, onde aprendemos muitas coisas sobre os moinhos de
vento, sobre a política dos três R’s e sua importância como forma de preservação do
ambiente, passámos á fase seguinte – a realização do nosso moinho de vento.
Organizamos grupos de trabalho, distribuímos tarefas, recolhemos ideias e projectos,
decidimos a estrutura do nosso moinho e os materiais que iríamos utilizar.
Rasgámos papel de jornais velhos aos bocadinhos para fazer a pasta de papel.
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Colocámos a pasta de papel na nossa estrutura
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Depois de muito trabalho, todos
ficámos contentes com o resultado
final.
Este é o nosso moinho, é bonito não é?

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Conclusão
Esperamos que tenham gostado do nosso moinho e de saberem tudo o que fizemos para
o construir.
Nós gostamos da experiência. Fomos um grupo grande de crianças e idosos, que
trabalharam cheios de vontade de mostrar a toda a gente o que são capazes de fazer.
Assim, pudemos passar bons momentos todos juntos em que nos divertimos e
aprendemos coisas novas.
Deu muito trabalho, mas ficamos muito contentes por hoje mostrarmos a toda a gente
que cada um é capaz de ajudar a fazer uma coisa divertida se trabalharmos todos juntos
e que é sempre bom ter novas ideias porque elas fazem o nosso dia-a-dia mais alegre.
Este moinho foi feito de coisas que já pensávamos que não serviam para nada. É uma
boa forma de aprendermos a importância de reciclarmos o papel, o plástico e outras
coisas que gastamos na nossa casa e na vossa também. Pouparmos no lixo que fazemos
até pode parecer esquisito, mas é uma boa forma de sermos pessoas melhores e mais
responsáveis com o futuro do nosso planeta e dos meninos e meninas que ainda vão
nascer.

Cordoeiros de Mazarefes,Tanoeiros,Tecedeiras,Gaspar de Sousa,Rosa Rocha-Zeladora,Remédios caseiros,Padre Cecíli,Valenças,,Abílio Lima de Carvalho

A Cordoaria é actividade antiga
Os cordoeiros de Mazarefes
Em Mazarefes, chegavam barcos espanhóis, ao poço Tranquinho, no século XVIII, para descarregar cordas que vinham da Galiza. Este segredo deu vida aos cordoeiros de Mazarefes que eram os Coutinhos da casa dos cordoeiros.
Assim pensavam os Cordoeiros possuir Mazarefes inteira porque à custa deste negócio enriqueciam e compravam muitas propriedades. A verdade é que dos Cordoeiros eram quase todos os terrenos entre os Catrinos até ao passal do abade, aos Dias; e os terrenos abaixo da Capela das Boas Novas quase até à estrada de baixo, para além da maioria da Veiga de S. Simão e outras zonas das Cachadas, dos Vermoins, das Milheiras, da Mata e da Conchada. Tudo foi muito dividido porque os cordoeiros, os brasileiros e os piscos com quem se cruzaram sempre tiveram muitos filhos.
A casa ao lado direito, para quem sobe, da Capela da Senhora das Boas Novas, que muita gente que lá passa julga ser a Igreja Paroquial de Mazarefes, era conhecida pela Casa dos Cordoeiros. Ainda tenho uma vaga ideia de ver o local onde se dizia que ali se faziam as cordas entre a eira junto à casa e o fundo do lugar.
Não era difícil, bastava uma tábua fixa onde os fios eram presos e levantados por forquilhas de 5 em 5 metros mais ou menos. Mais uma outra peça de madeira ou de ferro, onde entravam os respectivos fios de uma armação para funcionar uma manivela que rodando, transmitia o movimento à peça fixa que no conjunto lhe chamavam o carro. Entretanto os fios entrançavam dando origem à corda. Em todo o comprimento. Era a casa dos meus bisavós que conheci muito bem e que por ali passava o tempo: ia ao forno do pão porque “o pão do vizinho é sempre melhor...” e brincava com os primos...
Ali havia perto um grande tanque de água que para isso também fazia falta.
Houve um Gandra, de Santiago de Aldreu que casou para Mazarefes com uma cordoeira e ele era de profissão cordoeiro, isto nos princípios do século XIX. Esses Gandras vieram para Viana.
A cordoaria continuou em Viana e recordo ainda família ligada a estes Gandras e aos Cordoeiros de Mazarefes que tinham à Rua da Piedade uma casa de vender cordas de todos os jeitos e feitios...
Esta actividade é tão antiga que em Ovar foi erguido um Monumento aos Cordoeiros em homenagem à profissão.
Em Lisboa há a Rua dos Cordoeiros.
Em 1661, perto de Gaia havia uma corporação de Cordoeiros.
Os Cordoeiros tinham também as suas teias.
Em Cortegaça, fabricavam-se cordas e redes no século XVIII para a pesca. Esta actividade era feita normalmente ao ar livre. O comércio começou a desenvolver-se muito antes dos meados do século XX, pelas portas, como os azeiteiros, etc...
As matérias-primas para o fabrico das cordas era fácil: um cavalete ou uma estante onde encaixava uma roda de madeira com manivela.
Ao lado, e presa a esta roda, havia a cruzeta, composta por mojetes onde fixavam as moretas.
A fiandeira punha o sisal à cinta e ia caminhando, soltando-o conforme as necessidades.
Fabricavam-se assim vários tipos de fios, cordas, cordéis, enleias. Normalmente era trabalho para tempo livre das mulheres e das crianças.
No século XIV, já os Judeus eram especialistas nesta arte, mas, enfim, depois afastados, fugidos uns e outros tornados “cristãos novos”, mas sempre apontados pelo dedo, nunca estiveram muito à vontade.
O Campo do Olival, no Porto, pertencia ao Bispo do Porto, tendo sido cedido à Câmara no século XIV. Foi depois destinado à feira do Porto e aí se estabeleceram no século XVII, também os Cordoeiros. Por isso o “sítio da Cordoaria” como ouvi o meu pai chamar-lhe.
É curioso que aparecem muitos Coutinhos ligados a cordoeiros.
A. Viana


Os Tamanqueiros




Em Mazarefes havia tamanqueiros no lugar da Conchada e uma família na Regadia.
É trabalho de artesanato que acabou quase por completo.
O tamanqueiro fabricava e vendia tamancos. O uso desta palavra tamanco deve vir da árvore existente no Brasil cuja madeira era branca e fácil de trabalhar para fazer tamancos, móveis e cabos de ferramentas.
Os tamanqueiros deve ser uma arte antiga. A mais fácil, depois do couro...
Normalmente, as pessoas andavam descalças. Ainda me lembro de vir à cidade descalço e de vir uma proibição de entrar na cidade pessoas descalças. Algumas traziam, às costas, os socos. Os socos era um calçado com um couro pregado no bordo lateral da madeira e onde se metia o peito do pé, uns com mais couro até quase ao calcanhar, outros apenas até ao meio do pé. As chancas que eram de madeira e levavam couro até cobrir todo o pé, como umas botas, com cordões de couro. Havia também as andolas, mais simples, só o feitio do pé, onde ele era pousado e uma correia de couro. Uma fita de couro passava pelo meio do pé e era pregado nos lados laterais do tamanco.
O couro era mais utilizado pelos homens, enquanto às mulheres era reservado o crute.
Os tamancos eram usados como calçado, pelos mais pobres, pelos que trabalhavam a terra. Assim, o pé delicado ou grosseiro, acomodava-se, ganhava calo e robustez e dava bom andar a tamanquear, isto é, o ruído próprio dos tamancos. No caso feminino mesmo as classes mais abastadas usavam a soquinha, mais achinelada.
O traje domingueiro era usado com tamanquinhas mais perfeitas e envernizadas, sobretudo, em relação às mulheres.
A. Viana

Os Tanoeiros




Um tanoeiro é um fabricante de tonéis, pipas, barris, ou tudo o que está ligado à madeira tendo de a moldar, torcer, dobrar, arredondar.
Na Abelheira existia o Domingos de S. João e o Avelino Fernandes Reguengo, faziam de tudo... mas os canecos para ir à água era a grande tarefa...
Na Rua do Cais existia uma tanoaria desde os princípios do século XIX, exactamente onde hoje está instalado o restaurante “O Pipo”. Aqui mesmo no casco histórico da cidade a ocupar todo o espaço entre a casa e o rio.
No entanto, o António Martins, pai do João Martins era conhecido por excelência, o tanoeiro de Viana, mesmo para além de haver uma fábrica junto à Argaçosa, a dos Julles Devèzes, e os da Vinícola entre a estrada nacional e a Rua José Espregueira.
O António Martins era criança e começou a trabalhar de tanoeiro aí na rua do Cais, para um proprietário. Não muito contente fugiu para Lisboa e lá se preparou no mesmo ramo. Veio comprar a casa ao antigo patrão e aí continuou com a oficina de tanoaria que já existia.
O António Martins então foi o grande conhecido em Viana pelo “tanoeiro”, mas ele era especialista no tiro, era mestre em tiro, como já aqui neste jornal abordámos.
O seu filho João Martins, motorista do mar, diz que o seu avô foi tropa da rainha e depois foi polícia. Diz ele que lhe contavam os velhos que o seu avô era um homem forte, como os da Abelheira, polícia, como não tinha havido outro até à data e fazia julgamentos na rua.
Onde chegasse desaparecia tudo. Era o seu avô homem destemido, valentão, muito forte e, onde deitasse a mão, nada lhe escapava. É o que ouve dizer aos antigos.
Quanto ao seu filho António Martins construía até Velames (espécie de roldanas para o içar das velas dos barcos), para os navios, para além dos tonéis enormes para transporte de vinhos.
As tanoarias deram nome a muitos locais.
Em Mafra existem ainda as azenhas dos tanoeiros, muito antigas.
O material utilizado pelos tanoeiros era normalmente madeira de castanho ou de carvalho melhor madeira, mais segura, rija para o transporte de vinhos para as colónias, sobretudo para a África e para o Brasil.
Em Outubro de 1758 os tanoeiros reclamavam melhores ordenados ou emolumentos.
Naquele tempo não havia adega que não precisasse da mão de tanoeiro, mas hoje as coisas são diferentes, o metal resolve tudo ou o tijolo, revestido a cimento e o vidro substitui a madeira para essas coisas.
A. Viana
As Tecedeiras
A Tecedeira entrelaça com certa ordem ou harmonia fios, palha, vime, talas de pau, esteiras, redes, tecidos. A tecedeira precisa do tear para confeccionar peças de roupa, toalhas de mesa, colchas com fios de tecido de seda, algodão, lã, usando agulhas especiais.
O tear é o artefacto mais apropriado para tecer, fabricar tecidos, tapetes, mantas de pano. Todas as casas de bons lavradores tinham o seu tear e colhiam o linho, cortavam “ripavam” o linho, espadelavam-no e preparavam-no para fazer aquilo que fazia falta para a casa ou para um amigo ou vizinho.
Eram segredos antigos de trabalho com o linho para os intervalos das actividades agrícolas ou quando o trabalho da ceifa ou das colheitas abrandava.
O linho era semeado e colhido com os utensílios necessários na nova transformação de planta em novelos, onde as mãos, os dedos e a mente passavam.
Aprender a tecer é uma arte e o nó de tecedeira “não se desfaz”. Tecer é urdir a teia. Antigamente tudo era feito em casa: panos para as albardas dos muares, sacos para os cereais, os lençóis, toalhas de mesa, de mordomia e de rosto, toalhas para os cestos, ceroulas e camisas para os homens, assim como camisas e saias para senhoras...e mantas.
Com as exigências da vida moderna e a competição com as novas tecnologias não é trabalho que vá agora continuar. Todo este artesanato só para museu e exportação, se para tal houver apoios. Tudo era feito ao ritmo das estações. Era pelo S. Martinho que se semeava a fava e a linhaça (semente do linho). As esteiras também eram outra maneira de tecer. Em Mazarefes, eram os “estiras” que aproveitando o junco ou a junça da veiga de S. Simão preparavam esteiras para vender.
O linho crescia, colhia-se em Maio e posto em molhos mergulhados em água na ribeira durante uma dúzia de dias e para garantir que não desapareceria com a corrente prendia-se com pedras ou canas. Depois era seco na eira.
Cozido o linho em água a ferver, com cinza à mistura, até ganhar cor de grão ia corar ao sol e apanhar orvalhos até à brancura. Ficava assim preparado para descansar nos braços da dobadoura, da meada passava a novelos ou aos caneleiros e era enfiado através de uma lançadeira.
Pronto a chegar ao tear, depois de encanelado e de onde saíam passadeiras, mantas, etc. Peças de algodão, linho, lã ou retalhos...toalhas de toda a espécie, toalhas de mesa...enfim...
Em Mazarefes, era no Lago das Lavandeiras, que era demolhado o linho...
Eram várias as casas, sobretudo as casas de lavradores ricos...Os meus avós colhiam o linho nas Bouças do Monte, em Vila Fria e era “rincado” no meio de muita festa, cantigas e mais cantigas, assim como na “ripagem”, no sedouro.
Também ia para Santa Marta, para uma fábrica para o moer e amaciar.
Em Julho ou Agosto, era batido com um maço de madeira sobre pedra dura para gramar o linho, depois num objecto de madeira cheio de pregos à moda de um pente era sedado ou ripado (era o sedeiro), até conseguir a mais fina fibra. Ia à água. Secava e era espadelado e com os filamentos mais grosseiros que caíam e tinham consistência diferente as peças de estopa.
Para lá chegar era preciso passar pelo fulão, pelo ripador, espadeleiro e pelas espadelas, pente, carda para a lã, rocas e fusos, o sarilho, a dobadoura, retorcedor, o urdidor, o tear, o caneleiro.
A tecedeira transportava o fio entre a teia dando-lhe vida e arte cada uma à sua maneira.
Os fios finos eram corridos e transformados em meadas antes de chegarem à roca.
Havia uma canção que ainda está no ouvido. A mulher com a roca numa mão e o fuso na outra:...

A roca da fiandeira,
Fia... fia... fia... bem!...
sentada na berma à lareira
fia... fia... fia... bem!...
Oh! Que linda maçaroca do linho
da minha roca
fia...fia...fia...bem!...
A. Viana


Rosa Rocha a mais antiga zeladora

Rosa das Dores da Rocha, filha de Maria dos Anjos da Rocha, falecida com 101 e 6 meses, nasceu em 07.01.1922 tem agora 85 anos de idade.
Foi, com a mãe, empregada de Mons. José Gonçalves Corucho, na altura, Pároco de Stª Mª Maior e Arcipreste de Viana.
Tinha 15 anos quando foi para a Casa de Monsenhor Corucho que Deus tenha. Era um bom Padre e era amigo dos pobres, mas dava e não tocava a sineta. Entregava uma carta à Rosa e dizia: olha vai àquela casa entrega esta carta, mas não digas de onde vais, nem digas quem te deu a carta, apenas, isto:” entregou-me a carta ali na rua uma pessoa”. O mesmo confirmou a Maria da Piedade da Rocha Brito, sua prima, que também trabalhou na casa deste padre Corucho que era rico, mas também distribuía por quem não tinha.
Não era muito saudável e à morte talvez, aos 76 anos, faleceu e deixou ainda aos sobrinhos e deixou terreno às quatro empregadas, também à Emília que já morreu há muitos anos, para fazerem uma casa.
Só a Maria dos Anjos e a Rosa fizeram casa onde viveram até 2002, altura em que a dera por troca de um apartamento na Rua Castelão Pereira, onde se encontram. A Rosa encontra-se bem com a prima, Maria da Piedade.
O Monsenhor faleceu em 1966 e, desde aí, ainda vive junto à Capela do Senhor do Alívio, tomaram conta do asseio, decoração e zelo por aquela Capela até hoje e já lá vão 40 anos, pelo que bem merece o nosso respeito. Desde 1978, sempre vi o trabalho da sua mãe e dela com muito amor e carinho feito em honra do Senhor do Alívio.
Era uma das crocheteiras, rendilheiras e malheiras da Abelheira que agora não o faz só porque lhe falta a vista e vai passando tempo com a sua prima e levando a vida conforme pode, mas sempre com alegria, sobretudo, quando se trata de ir à Capela do Senhor do Alívio. Aqui fica o registo da nossa homenagem por este serviço dedicado e que toda a gente vê as coisas bem feitas e às vezes não sabe por quem.
Todos ficam a saber que é a “Rosa do Abade” e pela sua prima Maria dos Anjos.

Honra e Mérito
Gaspar de Sousa

Gaspar Alves Ferreira de Sousa, nasceu em 5/XI/1924, filho de José Maria Ferreira de Sousa e de Luísa Maria Alves, nascido em Arcozelo, Ponte de Lima, tendo vindo para Viana aos 9 anos com a família. O pai era agente da PSP e mais tarde foi proprietário do Café Guerreiro, onde se reuniam os amigos do tempo e vendedores de imobiliário e a mãe doméstica. O Senhor Sousa tinha 5 irmãos a saber: o José, já falecido, o Aníbal ex-funcionário do Tribunal de Trabalho, reformado; a Maria do Céu, Carlos e a Acendina, todos casados e com filhos, à excepção do Carlos.
Todos a residir em Viana menos o Carlos. Recordo com saudade o Zé da Cruz Vermelha, enfermeiro chefe da Cruz Vermelha. O Aníbal agora reformado, gosta muito de passar a pé, sozinho ou com a esposa, a Orlanda Novo, ex-funcionária dos CTT e hoje da Direcção da Casa dos Rapazes; a Maria do Céu não a conheço, mas conheço muito bem o seu marido, Engº Eugénio Garcia. Quanto ao Carlos, Ex-Sargento da Força-Aérea pelo facto de viver fora, embora me digam que venha a Viana muitas vezes ainda não o conheço, é casado com Adriana Amorim. A Acendina casada com Francisco Almeida, ambos ex-emigrantes em Moçambique e na África do Sul, agora aqui na Paróquia e aposentados.
Ora esta chamada de atenção para o nosso amigo Gaspar de Sousa, mais conhecido na cidade, como sói do que os tremoços, é o facto de se tratar de uma pessoa excepcional, sobretudo, um homem voltado para o social, para a colectividade, para o desporto, para a cultura, para a comunidade. Neste momento é o Vice-Provedor da Stª Casa da Misericórdia de Viana do Castelo e todos sabem como esta Instituição tem desenvolvido com trabalho quer a nível da Infância e Terceira Idade não só com relevo local como nacional.
O Gaspar de Sousa andou na Escola Comercial e Industrial e começou a trabalhar no Governo Civil depois para a Caixa Regional do Abono da Família, passou para o Sindicato da Construção Civil onde esteve cerca de 38 anos.
Entrou na EDV, quando o filho mais novo fazia parte de aprendiz de natação e foi substituir o presidente, na altura Engº Vale Rego. Nessa altura a EDV não tinha praticamente estruturas suficientes. Gaspar de Sousa com os seus companheiros lançou mãos à obra e em 1998 mais ou menos com mais de 1000 atletas e uma situação financeira razoável foi para a Misericórdia onde ainda se encontra com o tempo todo ocupado sobretudo, na gestão dos lares e admissão dos idosos nos mesmos.
Não foi só por aqui que Gaspar de Sousa se imiscuiu no serviço de solidariedade e do bem comum. Esteve na direcção distrital da A.P.P.A. Foi membro da Direcção do Lar de Stª Teresa, do tempo do Martins Vieira, fez parte do Conselho Paroquial de Pastoral da Paróquia de Nª Sra de Fátima e ainda hoje é membro dos órgãos directivos do Centro Social Paroquial de Nª Sra Fátima.
A Câmara Municipal já lhe reconheceu mérito, como cidadão de Mérito da Cidade e a EDV também como sócio de mérito, com fotografia exposta e outras colectividades desportivas e sociais que serviu sempre como voluntário.
Casou aos 22 de Abril de 1944 em Carvalhal Monte, concelho de Belmonte, distrito de Guarda, com Maria Alcina Cameira de Sousa, que foi funcionária da Delegação da Direcção Geral da Urbanização à Rua da Bandeira, aproximadamente 36 anos, como chefe da Secção e deu-lhe 5 filhos, a saber: Maria Luísa, solteira, Assistente Social; Rui, casado, e funcionário do Tribunal do Trabalho; Manuela, casada, professora de Educação Física, e a Dina professora, casada. Todos com filhos, à excepção da Luísa.
Gaspar de Sousa sempre o apreciei nas suas tomadas de posição nos Conselhos Paroquiais de Pastoral de 1979 a 1985 talvez.
É uma pessoa reflectida, experiente, uma pessoa de fé. Acredita e trabalha pelo bem comum por uma causa transcendente, absoluta, por uma estrela que o conduz e o ilumina distinguindo muito bem o que é suprestição do que é religião. Homem de carácter, de palavra e de um coração tão grande como o mundo.
Ai se ele pudesse... toda gente estava bem. Os filhos vão seguir-lhe os passos, aliás a sua falecida esposa que era do mesmo modo uma mulher de bondade.
É para a Paróquia motivo de orgulho ter um Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia, um paroquiano, chamado Gaspar de Sousa.




Os remédios caseiros
O homem primitivo naturalmente sempre procurou defesas naturais como medidas institivas para se curar de alguma agressão corporal.
Deste modo ainda hoje se se pica um dedo é vulgar metê-lo à boca e chupar-lhe o sangue.
O cão, os animais lambem as próprias feridas, os seus ferimentos.
Os primeiros remédios foram os chás que chegaram até hoje, sempre evoluindo como remédio natural para muitos males do corpo e do psíquico. É a história das ervas da tradição mais antiga na China, 3000 anos a.c.. No Médio Oriente o primeiro médico egípcio conhecido foi Inhoteps ( 2980 a 2900 a.c.) foi sacerdote que desenhou uma das primeiras pirâmides, foi curandeiro, foi deificado e utilizada ervas medicinais. Há papiros no Museu de Leipzig com 125 plantas e 811 receitas. cf. (www.cotianet.com.pr/eco/herb/crist/htm).
Na Grécia no século XIII a.c., adquiriram conhecimentos de ervas da India, Babilónia e da China.
Entretanto a doença tida como um castigo levou a medecina, à volta das plantas, a restringir-se aos monges nos mosteiros e a algumas mulheres de aldeias mais longínquas.
No século XV foi a época dourada das ervas. Na Idade Moderna a ciência levou a fazer sínteses e concentrações doseadas das ervas, fazendo disso uma autêntica ciência.
Já se tinham percorrido muitos séculos, passando pelos curandeiros, os ervanários, os benzedores, isto é, aqueles que pretendem ou julgam que curam. Já se tinha passado pelos bruxos, pelos feiteceiros: os primeiros que tiveram contacto com o espírito dos mortos e dos deuses e os seus seguidores realizavam feitiços, género da magia com o objectivo de interferir no estado mental ”astral” físicamente...
A caça às bruxas começou na Europa na Idade Média.
Assim foi aparecendo o imaginário, a fantasia, a magia, a suprestição, o feiticeiro que fazia as funções do sacerdote e do médico, pois as doenças eram, supostas serem sempre de causas sobrenaturais.
Daí o desafio do feiticeiro aos demónios... mas foi assim que se chegou à medicina egípcia, babilónia, cretense, misocrática e romana, documentada historicamente.
Seja como for não podemos dizer que a medecina como ciência é um bem absoluto e, às vezes, uma mesinha um chazinho caseiro resolve um problema, se não for pela eficácia por si, ou de sugestão, e as pessoas acabam por ficarem agradecidas ao conselheiro e ingratas para com o médico. Quem sabe, se mais tarde tudo se vira ao contrário quando chegar a hora “da verdade” e descobre-se que afinal o médico tinha razão e o conselheiro é que errou.
O desenvolvimento histórico foi-se desenvolvendo a tal ponto que hoje é tudo muitio diferente antes e depois da “caça às bruxas” um erro talvez religioso e social do passado assim como do martelo dos feiticeiros, mas não vamos alongar e basta. Deixemos os boticários, os farmacêuticos.
Ainda assim há só à minha volta um conjunto de tratamentos caseiros, ancestrais que aqui vos deixo aqueles que ainda se usem... Nestas coisas, normalmente, há 90% mas contra 10% dos que dizem com a razão toda e dos com razão nenhuma.
Abcessos- cebola assada sobre o mal, ou argila; Afta-passar mel ou carne verde crua; Alergias-Chã de pinheiro; Ameba-Chã de semente de alho; Anemia-suco de cenoura; Ansiedade-Chã de Valeriana (erva de gato); Apendicite-chã de raiz de meliça; Asma-chã de alho, chã da semente de girassol; Asma-Chã de pela (camisa) de cobra; Avivar a voz-Chã de flor de sabugueiro; Azia-Chã de marcela; Bronquites-Açúcar mascavado com nabo de bálsamo, depois de 3 noites ao relento, ficando em xarope; Calmantes - Chã de Tília; Calo-passar cera-de-ouvido; friccionar com sumo de alho; Cálvice-Esfregar a cabeça com água de ter cozido cebola; Caspa-esfregar o couro cabeludo com limão; Coceira e sarna- Enxofre; Colesterol-Comer alho; Cólica-As massagens aliviam a dor, Constipações-Chã de limão com mel;Contra a Fadiga-Chã de alecrim; Coração-Alimento à base de banana; Colesterol - Chã verde; Depressões-Chã flor de laranjeira, aveia, valeriana (erva de gato); Diabetes-chã da flor do sabugueiro;Diabetes-Chã de Carqueja;Diarreia-Água de arroz e arroz…;Doenças Respiratórias-no quarto deve queimar-se alecrim porque elimina os germes do ar; Dor de dentes-Chã de Alfazema; Dor-de-barriga-chã de moela de galinha; Dores de Cabeça-Chã de cidreira, camomila…;Dores Menstruais-Chã de salsa; Depressões - Chã de Cidreira; Eplepsia-sementes de girassol; Exaqueca-chã de semente de cravo; Febre-chã de alho bem forte; Flatuência - Chã de Cidreira; Fígado-Copo de água morna com sumo de um limão em jejum; Gripe-aguardente queimada com açúcar; Hipertensão-Chã de folha de oliveira; Indigestão e dores de estômago-Chã de cidreira; Inflamação nos olhos-Gota de sumo de limão em cada olho; Insónias - Chã de folha de Eucalípto; Lombrigas-Chã de alho; Micose-Uma fusão de azeite e cravo, tintura de mostarda e de iodo; Mal de garganta-Chã de flores de Sabugueiro e gargarejos;Miopia-Uma gota de óleo de germen de trigo; Nervos - Chã de folha de Laranjeira; Doença Pulmonar - emplastro de lihaça sobre a região pulmonar; Pedra na vesícula-Uma colher de sopa de vinagre de cidra em meio copo de água às refeições;Prisão de ventre-Chã de semente de linhaça pisada; Psoríase-Chã de urtiga, chã de salsaparrilha ou de folha de nogueira; Pulmões-Chã de figos com ovos e mel; Pedra no Rim - Chã Quebra-Pedra; Queimaduras-emplastro de gemas de ovos com borralha; Ressaca-Chã de Ortiga e de Menta;Reumatismo - Chá de Freixo; Rouquidão-gargarejar com água do mar morna e com uma colher de sopa de vinagre ou sumo de limão; Soluços-Chã de Hortelã; Tosse-cenoura em raspa com açucar ao relento até ficar em xarope e tomar às colheres; Tosse-chã das folhas de hortelã; Vias Respiratórias - Chã de folha de Eucalípto; Vias urinárias - Chã de Barba de Milho.


Camilo Arieira Martins Correia
Nasceu a 4 de Fevereiro de 1943. Frequentou a Escola do Carmo e da Abelheira na casa de José Cambão onde por baixo se ferravam os bois... Era filho de João Martins Correia nascido na Abelheira e Vitória Gonçalves Arieira, nascida em Perre, da família dos Padres Arieiras...
Tem 3 irmãos e teve duas irmãs que faleceram crianças.
Os três irmãos vivem aqui bem perto, isto é, o Camilo, o João, o José vivem na Abelheira casados e com filhos e o Bernardo, esse vive na Meadela.
O Camilo tem o nome do Escritor Clássico Português porque os seus antepassados eram amigos e visitas da casa de Camilo, em Viana.
Constou-se em que o bisavô era afilhado do nosso escritor Camilo e ficou depois na família como alcunha tendo o João Martins Correia restaurado o apelido do avô e deu-o a um filho como nome.
O Camilo fez tropa em Angola. Antes trabalhou no campo e de carreteiro. Veio e casou com Inocência Pires Costa, da Meadela, de uma família numerosa (12 irmãos), mas uma família de muita dignidade. Então o Camilo teve de sua mulher um casal de filhos e seguindo a vontade de seu pai deu a seu filho o nome de Camilo e à sua filha o nome de Alexandra. O seu filho Camilo já casou e já tem duas filhas e à primeira deu-lhe o nome de Camila. A Alexandra formada em Matemática ainda está solteira e a preparar o casamento.
Entretanto o Camilo, pai, começou a trabalhar na Empresa de transportes Leandro Silva, Eugênio Pinheiro e cerca de 30 anos na Celnorte donde se reformou.
Foi membro da comissão de culto, mas nunca na festa do menino. Foi mordomo tempo da cruz. Agora cuida da ”reforma agrária”.
E o filho, Camilo tem seguido as pisadas do pai, um jovem muito activo, defensor de identidade cultural da Abelheira, “com unhas e dentes” como sóis dizer-se. Todo muito dinâmico e criativo. Daí ter estado já na C. Culto da Senhora das Necessidades, esteve à frente do Pólo Juvenil da Paróquia, agora do C. Fiscal do Centro Social.
A Alexandra é formada em Ciências de Matemática.



Um de cada vez
Em 6 de Dezembro de 2006, Faleceu com 85 anos, à Estrada da Abelheira, Maria da Conceição Antunes, Filha do Enfermeiro Alferes do Exército João Manuel Antunes e de Casimira Dias. Este casal veio do Bouro, Amares para Inclino de uma casa dos “Vendeiros” da Abelheira. Teve dois filhos, um deles de 18 anos faleceu e a Maria da Conceição foi a que ficou solteira. Tratou da Madrasta. Trabalhavam ambas “a Jornal” na Abelheira.
A Maria da Conceição tratou da velhice da Madrasta. Quando ela chegou à velhice e começou a ficar dependente e família de João Lima Gonçalves, da casa dos Vendeiros, com a ajuda da filha e do genro trataram-na tão princepescamente que é de invejar, sobretudo, desde que lhe deu um AVC em 2002 que se encontrava acamada e sempre bem assistida pela Fátima, por enfermeira e médica e religiosamente, nunca lhe faltando nada como uma filha ou como uma mãe de família.
Solteira. Morreu sem geração.
O funeral realizou-se no dia 8 de Dezembro às 21.30H. na Igreja da Ordem Terceira.


Lutador pela Vida
António Fernandes Ribeiro
António Fernandes Ribeiro nasceu em Capareiros, agora Barroselas, em 11.12.1931. Frequentou a Escola Primária em Barroselas. Veio para Viana aprender a arte de serralheiro no Luciano Gaião, onde trabalhou até aos 32 anos. Nesse tempo conheceu a Júlia Gomes Araújo, de Monserrate, que andava na aprendizagem de costura e com ela iniciou um namoro eficaz porque, em 25 de Julho, dia de Santiago, na Igreja de S. Domingos casaram segundo as leis da Igreja. Deste casamento resultou uma geração de 9 filhos, sendo 8 vivos porque uma menina, em criança, morreu. Dos vivos constam: Isabel Maria, Maria Gorete, Rita Maria, Manuel António, Valter, Victor Jorge, Maria José e a Diana Maria, (estas duas mais novas são gémeas), todas casadas e com filhos, à excepção da Gorete e Manuel António, mais conhecido por Tony.
O António Ribeiro deixou o Luciano Gaião e foi para os ENVC até aos 30 anos, quando foi para chefe das ex- oficinas de S. José, que acabaram depois de ele ter saído.
Era muito querido nas oficinas. Os rapazes das diversas oficinas gostavam muito dele, andavam muito à sua volta e desabafavam muito com ele. Foi numa época não muito boa, ao ponto de deixar as oficinas e ir até França, em Paris. Aí trabalhou em duas empresas: Condotaqua cujos os Sócios principais eram o Vaticano e a Ponticeli (Francesa e Italiana). Com esta última empresa veio para Portugal trabalhar, no Porto, na Sacor, actual Petrogal.
Resolveu ficar em Portugal e fundar com um grupo de dez colegas uma empresa cujo o nome era Mectube, sempre dentro do mesmo ramo (metalomecânica).
Passados 11 anos a empresa acabou e, com os filhos, activou uma nova empresa, a actual Dorimonte cujas instalações são na Trofa e, neste momento, quem gere a empresa é o filho Valter.
Encontra-se agora o Sr. Ribeiro aposentado, fazendo mais companhia à sua Esposa, aos netos e ao Tony que espero um dia trazer às colunas deste Jornal pelo livro que escreveu, onde fala da sua vida, da sua família e da sociedade em geral, por isso, ele tem a chave do segredo da sobrevivência de tantos anos com saúde abalada por doença fulminante.
O António Ribeiro, apesar dos muitos filhos e das muitas adversidades que a vida lhe tem trazido e por muitos conhecidas,sempre tem sido um homem honrado, cumpridor dos seus preceitos e sempre muito generoso para com as obras da igreja.



Memórias do meu tempo de juventude

Talvez, porque sempre tentei ser grato, para quem directa ou indirectamente me ajudou nesta longa vida de mais de sete décadas, das quais, quatro décadas e meia na vida profissional que iniciei aos meus dezasseis anos de idade, graças à feliz ideia de João Alves Cerqueira ter oferecido a todos os jovens vianenses e não só, um emprego e a grande possibilidade de obterem uma formação profissional, com a abertura dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, levou-me a escrever este pequeno artigo, como forma de reconhecimento e gratidão.
Sempre que passo pela Abelheira, junto à casa desse grande benemérito e vianense, ou perto do Estaleiro, uma onda de gratidão interior invade os meus sentimentos, porque por influência de ambos a minha vida e de muitas centenas de rapazes do meu tempo e muitos dos nossos filhos e netos possuem um curriculum profissional invejável, aceite em qualquer Empresa do mundo.
É com saudade, apesar dos meus setenta e cinco anos vividos, que recoirdo os jovens e não só, vindos das aldeias periféricas e da cidade, cheios de alegria e vontade a caminho do Estaleiro trabalhar, aprendendo novas artes e ofícios em condições muito difíceis e sem os meios que presentemente existem de baixo de quaisquer condições atmosféricas.
As possibilidades de emprego eram diminutas, porque as indústrias existentes na época, não ofereciam emprego a todos aqueles que necessitavam de trabalho e a solução era a migração para outras terras do Pais, ou imigração clandestina para o estrangeiro.
Foi uma verdadeira dádiva deste grande vianense, a possibilidade de possuirmos uma grande escola de formação nesta cidade a par de uma Empresa que ao longo dos anos tem sabido honrar o seu mentor e impulsionador.
Passamos a ter bons profissionais e especializados como soldadores eléctricos, árgon, oxigénio,tubistas,traçadores, desenhadores, electricistas, torneiros, mecânicos, bobinadores, carpinteiros navais, calafates, cravadores, caldeireiros, serralheiros civis, assim como outras actividades associadas à construção naval.
Não me devo esquecer de alguns excelentes profissionais, vindos da CUF do Barreiro ou Lisboa, que foram os grandes mestres, durante a construção das estruturas para as docas e oficinas, simultaneamente professores de todos os operários e aprendizes do estaleiro.
A todos eles existe uma dívida de gratidão da cidade, pela mais valia profissional que deixaram. Lembro os nomes de José Luís, Carlos Machado, Carlos Peres, José Sequeira, Alexandre Geraldes, Américo Carvalho, Daniel Caeiro, Júlio Costa, João Peres e mais alguns que de momento a memória não me ajuda.
Muitos dos aprendizes do meu tempo, e digamos alunos desses bons profissionais, devem sentir-se orgulhosos de terem usufruído de um curriculum profissional, que lhes abriu as portas no Estaleiro ou de grandes Empresas em Portugal e no estrangeiro e de desfrutarem posições de destaque no campo da Construção Naval e ou Metalo-mecânicas.
Por pertencer a esse grupo de rapazes que muito devem ao João Alves Cerqueira e ao Estaleiro e que aproveitando, nesse tempo a hora de almoço, ainda tinham tempo para grandes jogos de futebol com bola de trapos ou qualquer coisa redonda, gostaria que esta mensagem chegasse a todos aqueles ainda vivos e a todos os outros que no presente trabalham no Estaleiro pois que os velhotes ficaram gratos para sempre. Que os novos saibam preservar para sempre a melhor escola de formação profissional e o melhor empregador de mão de obra do distrito, que há cerca de seis décadas o ilustre empresário deixou a todos os vianenses.
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Manuel Meira

A alimentação
Nos meados do século xx a alimentação era muito pobre, mas talvez mais saudável a qualidade das refeições. Tudo variava de terra para terra e de região para região.
No entanto, conheci casos em que havia o mata-bicho quando no Verão os lavradores, se levantavam cedo e iam para o trabalho às 4 ou 5 horas da manhã, antes que o sol apertasse, e regressavam às 9 ou 10 horas, horas para tomar o pequeno almoço quando não o levavam consigo. Às 13 ou 14 horas (meio dia novo ou velho) era a hora do almoço. Às 17 horas a hora da merenda (lanche), normalmente, onde estivessem a trabalhar como no campo à sombra de uma árvore ou da vinha... Às 20 horas era a hora de jantar e às 22 horas era a hora da ceia. Às vezes o jantar confundia-se com a ceia e era pelas 21 horas, no fim do qual se rezava o terço em família.
No Inverno, os horários eram um pouco diferentes. O jantar (ceia) era mais cedo e as higienes faziam-se logo a seguir para se rezar o terço, fazer serão e no fim ir deitar-se. O serão era, nas aldeias, ainda muito vulgar o espadelar do linho nas noites frias do Inverno... à volta da fogueira, da lareira a contar anedotas, histórias, contos, adivinhas, falar de coisas antigas da família, limpar azeitona, feijão....
Sobre a alimentação recordo quando eu próprio ia com uma tigela, uma malga, buscar leite que tinha acabado de sair do ubre da vaquinha e deitava-lhe miolo de pão broa. Era um rico petisco, a mais naquele dia! Era mesmo assim, sem ferver e morninho, acabado de sair pelo teto da vaca. Às vezes era eu que o fazia directamente para a malga. Estou a falar na primeira pessoa, mas era vulgar na aldeia fazer-se isso em todas as casas . Outra muito vulgar, sobretudo, aos adolescentes na fase de crescimento os pais darem umas tigelas de vinho com gemas de ovos e sopas de vinho com miolo de pão broa.
Nem todos tinham essa sorte! Na escola primária alguns tomavam óleo de fígado de bacalhau como suplemento alimentar. Era tempo de fome. Por isso, havia sempre em minha casa lugar para receber os colegas pobres e ir da escola, que era à beira, comer pão, pão com leite, com azeite, com toucinho, com chouriço, com o que calhasse frutas da época... do que houvesse estivessem os pais ou não, eu lá arranjava do que havia, à mão para partilhar, como me recordam alguns dos favoritos, de coisas que já nem me lembro.
Eu era filho de lavrador, mas tinha colegas que eram filhos de famílias que passavam mal. Isso era confusão para mim.
A alimentação normal era o caldo. O caldo era o mais rico alimento. Levava normalmente legumes, vegetais, feijões, toucinho que era ralado para lhe dar gordura, ou na sua vez, levava unto.
Comia-se batata e mais batata, feijão frade, alguma alface, feijoada entremeada de “padre-nossos” de toucinho da barriga do porco, uma vez por outra lá vinha o arroz, ou a massa.
Todo o lavrador matava 1,2 ou 3 porcos. Não havia frigoríficos, nem arcas. Tudo era conservado ao fumeiro e com condimentos, à excepção das carnes moles ou ossadas que eram conservadas em sal, nas salgadeiras, normalmente em pedra, quando não eram em madeira. Assim guardavam para o ano inteiro.
Para entremear com a carne de porco comia-se sardinhas. Às vezes uma sardinha era para duas pessoas e um carapau para 3 pessoas, um sorelo era para a família toda.
Para entremear havia ainda os bolinhos de Bacalhau em dias de festa. Os pastéis de massa, farinha com salsa, cebola petada, assim como umas raspas de toucinho, ou de sardinha e levados à frigideira. Em vez de pastéis podia ser uma espécie de tortilha à Espanhola também com bocados de batata na sertã e mais umas gemas de ovos e depois cortadas e repartidas por cada um dos comensais. Normalmente eram os pastelões, feitos também à maneira dos pequenos pasteis com farinha, salsa, ovos, bocadinhos de chouriço, também batata, (eram os mistérios).Também as migas de pão eram outro petisco.
As matanças dos porcos dava sempre lugar a uma festa, a do sarrabulho. Normalmente no Domingo seguinte, fazia-se a festa do Sarrabulho. Faziam-se rojões em quantidade suficiente para guardar para gastar ao longo de alguns meses. Como? Metiam os rojões no meio do pingui.
Também o pão mais comum era o pão broa. Cada lavrador cozia duas rasas de pão, cozia pão para 15 dias mais ou menos. Às vezes, devido ao clima, ou à cozedura, aparecia o bolor, onde Fleming descobriu a penicilina. O pão com bolor já não se come, mas, por vezes o lavrador aquecia o forno, metia o pão lá dentro e o bolor desaparecia. Continuava-se a comer aquele pão até acabar.
Faltava as aves de criação doméstica como uma galinha. Era outra comida usada. No entanto, esta era só para dias de festa. Comer galinha num dia qualquer ou “estava ela doente e antes que morresse era preciso comê-la ou alguma mulher tinha dado à luz e não saía da cama enquanto não se restabelecesse das forças enquanto não comesse 8,10,15 ou 20 galinhas, ou 1 galinha por dia. Isto conforme as regiões.
O melhor gado esse guardava-se para a festa da terra, da Padroeira, do Santo ou da Santa, da Senhora , ou para o dia de Páscoa. Assim como a carne de vaca também quase só nas festas se comia. Normalmente em casa comiam todos da mesma travessa, do mesmo tacho, só o caldo é que se comia quase sempre cada um da sua malga ou tigela e, nela quem queria deitava-lhe vinho no principio. Outros comiam o caldo e só no fim deitavam no fundo da tigela um pouco de vinho e bebiam o vinho depois de bem passado pelos restos da sopa nas paredes da malga. Era como uma lavagem da malga em primeira mão passada com vinho que era bebido de seguida: ....Daí talvez o dito:”por cima das sopas lavam-se as bocas”.
Quando havia trabalhos colectivos uma botada de azeitona, uma podada, uma roçada, uma cavada, uma ceifa, uma poda, etc...então à volta de uma grande travessa ou de uma gamela de madeira ou de um alguidar comiam um arroz, coisa rara, cheio de “padre-nossos” e aqui entravam bocadinhos de carne, miúdos (bocados de rins, fígados, estômago, pulmões, pâncreas, coração).
Usava-se durante o ano cozido com batatas, ou com arroz, mas sempre foi o bacalhau a comida de Natal, e da festa de Reis . A festa do ano velho era pouco festejado. No entanto durante o ano era raro vê-lo, melhor, saboreá-lo...
Como bebida não podia ser outra se não a do “vinho verde”. O lavrador conservava na Adega o vinho bom para venda, para festas e para os amigos e o vinho mais fraco para uso diário que era normalmente mais aguado.
Era o que se chama “vinho baptizado” o que de facto não correspondia à realidade. Este vinho era a “água-pé”, isto é, o lavrador depois de tirar ou encubar o vinho, no fundo do lagar ficava o brolho. Nessa altura juntava-se-lhe uma certe quantidade de água proporcionada e também mais uma quantidade de uvas para provocar uma nova levedura.
Esta nova levedura era mais leve, mais branda e assim o lavrador obtinha um vinho a pesar uns 4 graus para menos.
Para além do vinho verde tinto a que me estava a referir, também havia o vinho verde branco e da mistura das boas castas o meu avô conseguia ter vinho branco verde a pesar 12 graus.
Naquele tempo não havia sobremesas a não ser que excepcionalmente encontrasse algo.
As iguarias também eram só utilizadas nas festas: o Arroz doce, o creme, as rabanadas de leite, de vinho tinto, de vinho branco, aletria.
A fruta era sempre um produto que o lavrados tinha sobretudo a maça, a tangerina, laranja, as pêras, cerejas, figos, pericos e nêsperas. Em casos de festa, às vezes, chegava alguma outra fruta ou frutos secos como: o amendoim e as nozes. Os tremoços era também outro alimento que alguns até cultivavam, assim com curtiam as azeitonas... No entanto, havia também quem colhesse o Vinho tinto e branco morango. Também muito apreciado por muita gente nesta região.
O milho, o centeio, a aveia, o feijão, o tomate, a alface, a cebola, a fava,a batata, a couve galega, a couve trinchunda, o nabo, os grelos, as nabiças, a salsa, rabanete, a ervilha,o repolho e o coração,feijão verde, melão, melancia. era a base da prepararção da alimentação de todas as casas e com os restos de todas as comidas serviam os animais, sobretudo os porcos com mais umas mãozadas de farinha crua e couves a que chamavam “lavadura”.


Padre Cecílio - Um Frade para não esquecer
Quem se lembra do Padre Cecílio, religioso, que esteve aqui no Seminário do Carmo? De Baptismo é Félix Astoande Gostazar, nascido em 1915 em Ceanari, Biscaia, filho de lavradores do “Casario de Oertea”.
A foto talvez diga alguma coisa. Aos 11 anos ingressou no Seminário em Amorevieta, perto de Bilbau, deixando os pais e mais cinco irmãos. Ele era o mais velho. Quatro ainda estão vivos.
O Cecílio, nome de religioso carmelita descalço, professo desde 1932. Interrompeu os estudos por causa da guerra civil de Espanha, dedicando-se a ofícios sanitários, entre eles, de carteiro, cicerone turístico e, como estudante de Filosofia, fez uma experiência religiosa na comunidade de Mónaco em Teolina. No convento de Markina continuou a Teologia. Estudou na Irlanda aprendendo o Inglês! Foi ordenado em Markina . Esteve depois 2 anos em Navarra, no Convento de Vila Franca. Em 1944 veio para Aveiro.
Em 1951 começou a construir-se o Seminário de Viana, orientado pelo Padre Eládio Zaboleta, de Azeoitia, perto de St.º Inácio de Loyola, mas depressa foi para a Madeira, tendo falecido muito novo.Em 1954 o Padre Cecílio vem para Viana , onde foi professor de 120 alunos dos 2 anos de preparatório até 1960 de Francês, Inglês, Música, entre outras disciplinas até 1960. Depois desse ano no Seminário começou a levar os alunos até ao 7ºano ao Liceu, onde Frei Tiago Gonçalves, já falecido, também era professor.
O Padre Cecílio entretanto, passa pelo Marco, por Paço d’Arcos e mais tarde foi parar à Madeira, onde ainda se encontra todo jovial, apesar dos seus 92 anos, activo e organista dinâmico quer em Música profana, quer em Música Religiosa, conhecendo bem as fontes mais complicadas quer da Música Clássica quer do Gregoriano..., mas não é só isso, faz uma boa companhia, gosta de conversar, de ler, de ver televisão e não foge ao trabalho de ouvir as confissões dos fiéis que o procuram, de preparar uma boa homilia e de celebrar com entusiasmo como que os anos nada lhe pesem no seu corpo franzino.
Quando está só lá vai muitas vezes cantando em voz surdina e as suas cordas vocais parecem, nessa altura, cordas de violino. Engana bem!...
O segredo deste frade para manter esta jovialialidade parece ser a de saber escutar. Nunca diz uma palavra a mais, só necessária e com o seu bom Humor! O gesto é tudo... e um sorriso, uma palavra... o seu olhar... mas é suficiente para se perceber que basta.
Por aqui ficamos porque pelo pouco que conheço e pelo muito que ouço a vida deste nosso irmão frade dá uma história que nos enleva e levaria a escrever vários livros...

...Ainda os Valenças
A propósito dos Valenças que já aqui exploramos, hoje, queremos trazer à ribalta o José Manuel Rodrigues Oliveira Valença, filho do Amélio Valença , empregado de café e de Conceição Rodrigues Gaivoto, doméstica (da Abelheira?). Viviam na Rua Martim Velho. O José é irmão de mais seis a saber: Emília casada com Domingos Pereira, ambos falecidos, tendo deixado filhos e netos; o Luís casou com Luísa Taila, falecidos, também tendo deixando filhos e netos; Maria Flor; solteira; falecida e mãe de Margarida casada e com um filho; a Isaura solteira, modista; Jaime casado, recentemente falecido, conforme noticiámos, casado com Maria da Conceição e com filho casado com Isabel e netos; e a Carolina Solteira, empregada Comercial.
O José trabalhou e estudou ao mesmo tempo. Estudava depois das 17 horas até às 20:30H.Assim fez o curso complementar “Aprendizagem de Serralheiro”, tendo começado a trabalhar aos 14 anos nos ENVC até à idade da reforma na secção de encanamentos. Gostava muito do que fazia. Agora na situação de reformado também gosta do tempo livre para se dedicar aos outros na Junta de Freguesia, por exemplo, e nos Bombeiros Voluntários. Sempre foi dos Bombeiros Voluntários (40 anos): foi ajudante do Comandante, depois de ter passado por todos os níveis, de ospirante e de chefe. Tem feito parte da Comissão de Festas de Nª Sr.ª da Agonia e é membro do S.C. Vianense.
Tem bons projectos para a idade da reforma e também gosta ainda de dar os seus passeios a pé pela cidade com a esposa que conheceu e com quem casou aos 22 anos, a Maria José, de Lanheses.
Não foi preciso ir a Lanheses, ela veio para Viana trabalhar na grande casa de Alfaiataria Carlos Alberto.
Morou sempre no Bairro Jardim onde teve e criou dois filhos, um casal a saber: o Luís que é funcionário no B.C.P., em Lisboa e a Anabela que trabalha na Administração Regional de Segurança Social em Viana do Castelo, ambos casados e com filhos.
O José Valença é por isso um Homem muito medalhado e já esquecia dizer que foi árbitro de futebol. É católico não praticante, segundo ele, mas tem acções que não serão só puro humanismo ou altruísmo porque recebeu uma educação cristã, e lá... no fundo, alguma coisa o moverá para se manter nos Bombeiros Voluntários quase quarenta anos “ore et pro labore”... não ficando por aqui, mantém a sua militância Política que muitos deviam fazê-lo e não o fazem.
Quem sabe se por respeito ou por vergonha aos ideais que dizem defender.
Bem haja! Continue bom amigo José Valença. A plêiade dos Valenças, como vêem, é grande nesta Cidade.
Por aqui hoje ficaremos.

Padre Abílio Lima de Carvalho
Era assim conhecido na roda dos amigos e da colónia Vianense, e de “Pabí” na roda da família, o Professor Doutor Abílio Lima de Carvalho que foi sacerdote da Santa Igreja desde a sua ordenação até à sua morte ocorrida em 30 de Outubro do ano passado. .
Depois da filosofia, da Teologia e de ser ordenado sacerdote continuou a sua carreia académica. Foi frequentar: Universidade Gregoriana (Ciências Sociais), Roma, 1953-1956; Universidade Internacional Angelicum (Filosofia), Roma, 1955-1957; Columbia University (Doutoramento em Antropologia - ramo principal e em Sociologia - ramo complementar) - Faculdade de Ciências Políticas e Sociais, Nova Iorque, 1957-1961; 1968, e professor Catedrático.
Principais actividades profissionais: Fundador e Director da Faculdade de Economia de Luanda; fundador da Unidade de Ciências Sociais e do Centro de Ciências Históricas e Sociais da Universidade do Minho, fundador e Director do Museu de Etnologia e do Departamento de Ciências Etnológicas e Etnomuseológicas do Instituto de Investigação Científica Tropical de Lisboa; fundador e Director da Faculdade de Economia - Luanda; Presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, 1986-2004.
Este sacerdote com quem privei alguns momentos de boa disposição, ainda que fosse para me “ chamar a atenção “ tinha sempre uma palavra amiga, um olhar de quem via longe. Não era distante. Era próximo, intelectual ao ponto de D. Armindo, 2º Bispo de Viana, o querer a almoçar com ele à mesa, no Paço.
Enquanto esteve em Darque, parece-me que generosamente sempre foi um amigo da Diocese.
Julgo, embora não tivesse investigado, que nunca teve um benefício eclesiástico, para além de fundar a LUC (Liga dos Universitários Católicos) em Luanda, onde foi Assistente e enquanto estudou nos Estados Unidos auxiliar em duas Paróquias. Estava incardinado na Diocese de Lisboa e pediu a incardinação na Diocese de Viana, que tanto desejava ver criada. Ainda me lembro da prontidão da sua resposta e do seu contributo material para a festa do “quadrégissimo ano” da Colónia Vianense e do entusiasmo que incutia. Penso que para além disso nunca nenhum Bispo o teria destacado oficialmente para uma tarefa de Pastoral concreta. Talvez, excesso de trabalho e preocupações neste ministério da cultura não lhe fosse permitido exercer com frequência diária o seu ministério dos sacramentos. No entanto, é certo que quando tinha motivos ou razões para o fazer lá estava o Pe. Abílio, o tal Padre que era Professor Doutor Catedrático, reitor da Universidade de Luanda que passou por Lisboa, Braga e depois, de nomeado, para o Instituto Politécnico de Viana que ainda era uma criança, o desenvolveu por todo o alto Minho, exercendo um outro ministério sacerdotal, o ministério da cultura, na sua terra Natal. Como era Viana do Castelo, sede do seu Concelho e Distrito. Era natural de Vila Franca.
Este Doutor que nas sessões solenes académicas nunca deixava de invocar em público o divino para louvar o trabalho dos homens.
O Pe. Abílio, assim lhe prefiro chamar, era o amigo dos pobres e se alguém lhe batia à porta com clemência o seu coração derretia-se para fazer o que estivesse ao seu alcance.
Brincalhão, mas levava a vida a sério. Era trabalhador e exercia o seu ministério sacerdotal em todas as vertentes da vida humana, embora a vertente da investigação, cultural e desenvolvimento fosse aquela em que ele mais se entregou aos outros, à Comunidade em geral.
Enfim, um Padre, um Professor, um Catedrático, um Mestre, um Gestor, um Vianense esquecido ao longe como tantos outros vianenses. Viana teve a sorte de o recuperar e de o trazer para a sua terra e fazer desta zona do Alto Minho uma zona mais cheia de respostas culturais à preparação da nossa Juventude. Assim, fundou 3 residências de Estudantes (a do Ex.BC9, na cidade, em Refojos, Ponte de Lima, a da Paróquia de Nª Sra de Fátima, junto à ESE); a Escola Agrária em Ponte de Lima; Ciências Empresárias em Valença; Técnica e Gestão na cidade; integração da E.S. de Enfermagem; Escola de Biologia Marítima e Investigação em Caminha e, em Melgaço, a Área do Desporto e Educação Física em projecto.Viana, cidade capital de distrito, muito lhe deve.
Não posso esquecer o facto de pedir antes do seu falecimento e, conscientemente, pressentindo que o seu fim estava por perto, um colega de Braga para o ouvir de Confissão, recebeu a Comunhão e a Santa Unção, terminando assim perante os homens que dele se esqueceram, dele se embaraçavam e perante aqueles que sempre até à morte o mimaram na sua peregrinação terrena para, agora, viver na corte celestial como sacerdote de Deus e dos Homens, no Céu.


Faleceu José Gonçalves Pereira, natural de Cardielos, filho de Manuel Félix e de Maria Parolla.
Casou em 1968 com Rosalina Alves Barroso, de Monserrate, de quem teve duas filhas: a Cristina, casada e a viver em França e com um filho, e a Virgínia que é solteira. O José Pereira era construtor civil, mas sempre muito doente, sobretudo, a partir de 2000. Fazia 3 hemodiálises semanais, tinha câncer, sofreu dois enfartes, foi operado ao coração e preparava-se para ser operado às pernas, mas não chegou a sê-lo pois sucumbiu, confortado com o sacramento da Santa Unção, martirizado com tanto sofrer, pelos menos de há seis anos para cá.
Foto

À Rua Camilo Castelo Branco, onde vivia, faleceu pouco antes de perfazer os 98 anos a Tolentina Lima Monteiro da Cruz, nascida em 1908, em Monserrate, tendo casado com Joaquim António Rodrigues da Cruz, de Carvoeiro e enviuvado em 1985. A Tolentina era filha de José Bento Monteiro da Silva e de Rita Adelaide Valença e Lima. Era muito devota de N. Sra. de Fátima e da Eucaristia, mas sobretudo não se esquecia dos pobres para quem deixava das economias que fazia algumas ofertas. Era mãe de José Carlos, Maria de Fátima, Silvia, Maria Luísa e Rosa Maria.
Sempre a trataram com desvelo até ao último momento, assim como a sua neta Flávia.

A casa da Lenha
Não vi a peça “A Casa da Lenha” de António Torrado sobre a vida e obra do compositor Fernando Lopes – Graça, nascido a 17 de Dezembro 1906, em Tomar, um dos maiores compositores do século paasado, preso pela PIDE várias vezes, no Teatro Nacional D.Maria II, no ano em que se assinala o centenário do seu nascimento, foi ocasião para me lembrar da “Casa da Lenha” que era sempre um anexo importante de qualquer casa sobretudo, nas casas da aldeia.
A “Casa da Lenha” era um anexo desviado normalmente da casa de habitação, num canto do quintal, do logradouro ou ao fundo da quinta, do “lugar”.
Na “Casa da Lenha” era guardada a pruma, os ramos secos,as pinhas, as achas em castelo, os toros de pinho ou de oliveira para arder na ceia de Natal( os canhotos) e onde não faltavam muitas vezes os ratos e os bichos próprios do meio ambiente.
A “Casa da Lenha” da casa do meu avô paterno era algo que eu gostava de mostrar aos amigos, era uma peça importante.Era só para combustível lenhoso. Ali estava o combustível para a lareira, para o fogão, para as festas e para tudo havia uma época de ter a casa da lenha cheia para, no Inverno, não faltar nada para aquecer a habitação, para fazer as refeições, para aquecer o forno e cozer a broa,o cepo para arder toda anoite,na lareira, durante a noite de Natal ou para secar as chouriças nas matanças dos porcos, etc... e aproveitar a borralha para deitar nos campos...
Na “Casa da Lenha” era, por vezes, ocasião para muitas histórias daí que imagino que a agora apresentada “A Casa da Lenha” possa ter tido muita graça.
A vida é feita de muitos actos, sentimentos vividos em qualquer lado...até na “Casa da Lenha” podia haver lugar para cantar um fado...beber um copo de verde...ou um copinho de jerupiga!...
Na casa da meu avô materno a “Casa da Lenha” era diferente, ficava a cerca de 60metros da casa de habitação e lá era para tudo. Também se guardava a Charreta que a égua puxava quando ele e a esposa iam à feira, ou algum amigo; ou a carroça quando queria trazer mais família à cidade, como os netos.
Nessa “Casa da Lenha” houve lá uma autópsia de um homem carreteiro, conhecido por “furrica-milhão” que tinha ficado debaixo de um comboio quando ia a dormir sobre um carro de bois e que morava junto ao largo do Bicho, em Mazarefes, não sei agora o nome próprio.
Portanto a “Casa da Lenha” é sempre uma casa de muito e qualquer combustível orgânico ou inorgânico, biodegradável ou não.
Hoje a “Casa da Lenha” já não é a de antigamente. É a garagem dos carros que tem outro combustível, também à beira é capaz de existir lenha, ainda que seja prensada. Outros fluidos como garrafas de gás para as cozinhas e aquecimentos existirão, tudo mais limpinho, e o cantar do fado....já não tem o sabor de antigamente! Nem já se bebe o copo do verde ou o copinho de jerupipiga apara aquecer as “goelas” nas manhãs frias do inverno... Agora as bebidas são outras m,ais sofistificadas e talvez menos boas para a saúde...
Adquem

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Espadeladas e Estopadas


Apenas tenho uma vaga memória do campo do linho e do seu corte, como dos instrumentos de trabalho até ao tecer no tear.
Recordo melhor o tear por causa das mantas e cobertas que a minha avó fazia até aos meus dez anos, talvez...No entanto, pelos tempos fora fui ouvindo algumas coisas que a memória registou.
As espadeladas eram um dos trabalhos feitos à noite como, as malhadas, as desfolhadas o que mostra, para além disso, uns coloridos próprios dos serões daquele tempo acompanhados com música ou cantares característicos do nosso folclore. Fazem parte ainda da memória dos nossos mais velhos os serões bem passados com as espadeladas do linho, as estopadas, a limpagem da azeitona e as que apontei acima. Quem sabe se assim nasceu o Vira, a Cana Verde, a Vareira...e tantos cantares bonitos a mais do que uma voz?...
O trabalho das espadeladas era mais de carácter feminino.
Contavam que o linho era semeado normalmente à tarde ainda debaixo do calor e com muito amor à arte. Assim preparavam a matéria prima para fazer os tecidos para se vestirem, para as toalhas de mesa, dos cestos da merenda e da cama. Era normalmente uma actividade manual e familiar.
O linho dava a linhaça, uma semente muito fina e que era usada em remédios caseiros. Era esta linhaça que era semeada em terra fofa e sempre muito bem regadinha para produzir o linho.
A linhaça germinava dando origem a folhas redondas e mais tarde aparecia a flor azul. Amadurecida era arrancada.
As arrancadas davam origem a outra festa porque se fazia comunidade para render mais e colocadas em montes alinhados para serem carregados no carro de bois e levados para a eira para serem ripados, isto é, separadas as sementes da planta.
Uma vez, sem a semente, o linho era colocado num poço de água para demolhar vários dias.
Retirava-se do poço e punha-se a secar. Era depois moído ficando em estrigões. Os dias quentes e soalheiros trazem então a altura das espadeladas. Recordo, e muitas vezes andei com a espadela e o espadeleiro. O que caía no chão eram os tomentos ou a estopa e o linho é a parte que fica na mão que depois é passado no assedeiro, ficando o linho como cabelos e a estopa menos fina: “Era uma estopada”. Chegar à estopa dava bem trabalho.
Ainda hoje se diz depois de um grande trabalho “...que estopada!...” ou “foi uma estopada!...”.
Vinham as noites de inverno e, à lareira, ou enquanto se guardava o gado, as mulheres fiavam. Com a roca e o fuso na mão, lá iam torcendo e lambendo o fio. Da roca ia para o sarilho para preparar as meadas que eram depois curadas e branqueadas num pote de ferro cheio de água e cinza para ferver.
Depois de coradas ao sol, secas iam para a dobadoura (aparelho para dobar, andar à volta, numa “roda viva” como ainda hoje se diz “andar numa dobadoura” a quem anda para trás e para a frente a trabalhar muito), para fazer os novelos para serem levados para o tear, onde a tecedeira punha todo o seu engenho e arte na criação da peça mais bonita. A. Viana



A Cozedura do Pão, os Fornos e as Lareiras


Antigamente a cozedura do pão era o trabalho mais comunitário. Havia um forno comum, onde todos iam cozer o pão.
Deste modo apareceu o topónimo “ Lugar do Forno” ou “Lugar dos Fornos”, o termo o “Forno do povo”...
Isso ainda existe. Há alguns anos vi um desses fornos da aldeia de Covas, em terras do Barroso, e as pessoas da aldeia iam lá cozer o pão. Eu próprio assisti e observei como o faziam...
Depois cada um começou a ter em sua própria casa um forno. Nem toda a gente da família era seleccionada para cozer o pão. Era preciso que tivesse certa virtude para que pudesse fazer o trabalho com êxito. Todos tinham então, em casa, um homem ou uma mulher que cozia o pão. Era tarefa para não pensar ao mesmo tempo noutra coisa dado o esforço, o chegar-se ao esquentar do forno, amassar da farinha de milho moído e peneirado ao qual se tirava o farelo. Depois com a água a ferver era amassado até à hora de poder juntar o fermento e o sal e esperar que levedasse, muitos faziam uma cruz sobre a massa. Com “vasculho” limpavam-se as brasas, varria-se o chão do forno quente, e havia que usar a gamela oval para preparar as brôas, pô-las sobre a pá e colocá-las certinhas dentro do forno que era fechado com uma porta forrada com bosta de boi em toda a volta. Com a pá do forno faziam, às vezes, uma cruz, ou diziam orações populares. Em alguns lugares usavam na porta que era uma lage de lousa com um boraco ao canto para verificar o andamento da cozedura.
Eram sempre duas rasas ou mais de pão e cozia-se para 15 dias. Quando o pão saía mais húmido poderia vir a ganhar bolor e, mesmo assim, era muitas vezes aproveitado metendo-o de novo ao forno para queimar o bolor e secar ou cozer mais um pouco... não se deitava fora. Havia um respeito muito grande para com o pão. Quando caía ao chão algum bocado, logo se pegava nele, dava-se um beijo e metia-se à boca.
Muitas vezes as pessoas contentavam-se com um naco de pão de milho e umas azeitonas. Já dava para passar o dia.
Em ocasiões de festa de Natal era feito o bolo com mistura de centeio que lhe dava outro paladar mais gostoso, mais especial, talvez mais macio e mais doce...
As brasas tiradas dos canhotos que aqueceram o forno eram metidas num cântaro e abafadas para se apagarem sem se desfazerem em cinza. Deste modo ficava um carvão que, ou era vendido para as carvoarias ou era utilizado nos ferros de engomar.
O forno ficava normalmente junto e aberto para a lareira, na cozinha onde se comia e se reuniam as pessoas. A lareira era a peça fundamental da cozinha, da família. Era feita de grandes lages de pedra. À volta da lareira com a fogueirinha viva ou apagando-se conforme a hora da noite, onde todos comiam, rezavam o terço. As mulheres sobre a lareira faziam as meias de lã de ovelha ou fiavam e os homens jogavam cartas ali perto. Entretanto iam contando histórias da família aos filhos, aos netos, lendas, contos ou jogavam às adivinhas, ou ainda cantavam e tocavam música de guitarra ou de concertina enquanto também se debulhava o feijão, a fava, descascavam-se a nozes ou os pinhões.
Quando chovia ou ventava, então, é que sabia bem “estar ao borralho”, isto é, estar à volta da lareira a fazer os referidos trabalhos ou a contar histórias de vida que muitas delas passaram de geração em geração e agora já não passam.
Os mais novos, as crianças, iam mais cedo para a cama, mas sempre depois de pedir, com muita reverência a bênção aos pais,avós ou tios que ali em casa, àquela hora, se encontrassem. E eram abençoadas...
Também na parte superior da lareira e interior da chaminé levava o fumeiro e a cobertura da cozinha normalmente era de telha solta ao contrário do resto da casa com forro.
A telha solta facilitava o trabalho do defumadouro dos chouriços e das chouriças...acabadas de pôr no fumeiro e que não convinha apanhar com alguma pinga destes pitéus frescos que “fazia cair o cabelo”. Enqunto não secassem ali sob o fumeiro ninguém se sentava.
Junto da lareira ou sobre ela havia o “olhar” lugar onde se encontravam as vides, os cavacos, as canhotas e a pruma. Também os escanos à volta , perto ou até sobre a lareira, quando ela era grande, serviam de banco para preguiçar, comer o caldo, tagarelar ao serão enquanto se descascavam batatas ou se faziam bordados, até o sono chegar, os olhos a quererem fechar e ordenarem: “Vamo-nos deitar”. Já depois de os pés terem sido lavados, às vezes eram as filhos ou os netos que lavavam os pés aos pais ou aos avós.
Agora as lareiras são outras. Têm muitos estilos. São de canto, de parede, de carvão, ou queimadores de lenha, ou outro material já para não falar dos aquecedores a gás ou a energia eléctrica.
Adproquo Viana


As Roçadas


Roçar ou rossar? Naturalmente é roçar porque se trata de cortar, cortar o mato, cortar o roço, derrubar arbustos, limpar algum rossio, isto é, terreno amplo que se limpa de ervas, de matos ou outros vegetais, terreno roçado. Deixavam o lavrador levar a efeito em Maio as roçadas de mato, roço ou junco e junça para o mês de Julho, para que no inverno tivesse guardado em pilhas, desse material, para servir de leito aos animais na corte e para fazer o estrume, adubo natural necessário para deitar nas terras para as plantações ou sementeiras.
Era normal juntar 8 a 10 homens e até mulheres para roçar mato nas bouças ou nas veigas o junco, o roço, ou a junça, trabalho feito de sachola própria, mais afiada. O foucinho de cabo já apareceu mais tarde.
Era este trabalho também uma oportunidade para trocas de trabalho entre vizinhos, amigos e caso contrário, para chamar jornaleiros a quem pagavam, 20$00 por dia. As roçadas do roço, do junco ou de junça na veiga normalmente era feita sempre pelo mês de Julho, antes das marés grandes de Agosto, pois que essas marés subiam os rossios e às vezes até prejudicavam as respectivas roçadas.


As Cavadas


Um trabalho que tinha de ser feito não só para melhor produção da vinha, mas para melhor aproveitamento por baixo das latadas com erva para o gado ou outro produto vegetal para o mesmo efeito, ou para o homem.
Eram mais organizadas cavadas, onde havia troca de trabalhos e se chamavam jornaleiros ou jornaleiras que sempre havia na terra, à espera de ganhar algum.
As cavadas eram também as terras onde o arado não chegava como o cabedulho e os terrenos com pomares e a abertura à sachola dos regos que faziam as leiras ou as leivas para o centeio ou para a aveia.
Era trabalho cuja ferramenta era uma sachola e na minha região gostavam de comprar, de contrabando, sacholas espanholas que eram de melhor material, mais resistentes e rendosas.
Cavadas foram também as sepulturas nas pedras na antiguidade e que agora nós encontramos nos montes, nos castros. E encontramos sepulturas perfeitas. As cavadas como todos os trabalhos agrícolas eram também ocasiões para criar solidariedade, comunidade e muitos nem se faziam rogados, iam mesmo trabalhar sem que o vizinho, amigo ou o familiar esperasse uma ajudazinha, que no fim de contas era tão apetecida, bem vinda e grata.


As Desfolhadas


Depois das sementeiras vinham as ceifas e com elas as desfolhadas do milho.
Tempos que lá vão, quando meia sardinha era prezigo junto com o resto da comida e o caldo, na casa do lavrador, para alternar com a carne branca de porco que se conservava na salgadeira ou a chouriça de cebola, ou sanguinha do fumeiro porque o presunto e o chouriço de carne era para as ocasiões de festa!
As desfolhadas nesse tempo eram momentos esperados como o desejo de uma grande festa. Juntavam-se os vizinhos, os familiares, os amigos e cada um sentado num cepo de pinho, que servia de banco, toca a desfolhar a espiga com a ajuda de um espeto feito de arame, folha a folha que constituía como que o seu casulo, a sua camisa, deixando a maçaroca despida. Quebrada pela base, era lançada em cestos que transportavam para o sol da eira, enquanto a palha, o pé com o folhelho posto ao lado era atado em molhos com uma cinta de azevém molhado e enrorado. Com esses, ou “copas de palha” depois de secas e colacadas em sítio que apanhassem sol, ao alto e em forma de cone, três a três, conforme o costume e a região eram feitas as medas que no inverno o lavrador aproveitava para alimentar o gado.
Às vezes, juntavam-se às 20 ou 30 pessoas e a festa era grande!... Cantavam e contavam as suas histórias enquanto não aparecia uma maçaroca de milho rei (milho vermelho, ou milho-rei) para um abraço ou um beijo dado a todos ou recebido de todos com grande galhofa, sobretudo, quando havia Juventude adulta que, para além disso, não faltavam galanteios de maroteiras toleráveis e acompanhadas de risotas e mais as palmas.
Em todas as desfolhadas, actividade manual, havia sempre alegria e novidades para todos, até para as crianças que não adormeciam com facilidade quando eram realizadas durante o serão pela noite dentro.
No final havia sempre uma tigela de vinho, sardinhas ou outro pitéu que o anfitrião oferecia a todos os presentes, acabando, por vezes, com um bailezinho ao som de uma concertina ou de uma guitarra e a cantar as cantigas apropriadas e relacionadas com “a nossa desfolhada”, “milho doirado”, “os olhos de amêndoa”, “espiga desfolhada” ou a “moura encantada” e o “mito de um amor intenso e de uma loucura de desejo imenso, como paixão sem fim... enquanto o tempo passa veloz como um ai que saísse de mim..., “na ausência de amar... sem mais parar”!...
Cada espiga desfolhada inspirava muitas vezes olhares e expressões, que a vida encantada, criava momentos de paixões...
Hoje as desfolhadas que se fazem por aí... e bem, nas escolas, ou como na nossa cidade de Viana, na Praça da República, pretendem trazer à memória algo que acabou e serve de estudo para os mais novos, mas... nada como dantes!...
As desfolhadas de outros tempos!... Que saudades temos destes trabalhos!... A. Viana


Os Sacristães ( e não sacristãos !...)

É sacristão o que zela pela sacristia, mas não basta. O sacristão vai mais longe uma vez que a sacristia é o lugar onde se guardam religiosamente as alfaias sagradas no uso do culto.
A função do sacristão recai também na preparação de tudo o que é necessário à celebração da Eucaristia e todos os outros sacramentos, ou outra paraliturgia; põe tudo preparado não só para o celebrante, mas também para que os acólitos exerçam dignamente a sua missão no altar. Na falta do acólito, o próprio sacristão também realiza essa função e até devia exercê-la sempre vestido de hábito próprio.
O sacristão ocupa-se também da limpeza e do adorno da igreja quando faz falta.
Existem inúmeras anedotas sobre o sacristão, mas o que é certo é que ele deve ser visto como muito próximo do sacerdote, da autoridade paroquial, isto é, do padre, da Comissão Fabriqueira ou do Conselho Paroquial.
Nem sempre foi uma função específica no trabalho da igreja. No nascimento da Igreja, as comunidades celebravam a eucaristia nas próprias casas. Só a partir do séc. IV, 313, ano de edito de Milão, o imperador Constantino, ao fazer-se cristão, trouxe à Igreja uma certa abertura e liberdade aos cristãos pelo que as grandes perseguições deixaram de existir.
A expansão aí foi maior e deixou as cidades para atingir as aldeias, começando a haver uma organização eclesial, com funções próprias do Bispo, dos diáconos, do lugar de leigos nos serviços do altar, no coro litúrgico, os lugares dos acólitos, de sacristão e do povo com os homens à frente e de mulheres de cabeça coberta atrás.
Foi assim que nasceram os meninos do coro e a missa era rezada em latim; nessa altura ainda muita gente acompanharia a celebração numa ou noutra oração. Os padres eram os únicos que ensinavam a ler e a escrever nas escolas que eles próprios criavam junto das igrejas.
A pouco e pouco o povo ia-se integrando cada vez mais, acompanhando o coral, o serviço do altar e procurando responder mesmo em latim a algumas das orações latinas.
O Padre celebrava de costas voltadas para o povo, o coral ficava perto do altar, próximo do presbitério - lugar do clero, acólitos e sacristão.
Mais tarde houve mais modificações sobretudo em relação ao lugar do presbitério e ao lugar do coral, aparecendo nas igrejas ou catedrais o lugar do Coro que hoje nem é usado, nem é objectivo duma obra nova.
Para ser sacristão era nessa altura ter vontade de ajudar, ser disponível para Deus e para a sua comunidade, esforçar-se para ser bom, procurando viver o que Jesus viveu.
Mais tarde as coisas foram mudando e o serviço de sacristão começou a ter uma função já com características de ganha–pão; era um extra que entrava na família, a título de esmola. Como o padre.
A propósito conta-se que um padre novo chamou o sacristão para ouvir o seu ensaio do sermão e o sacristão fez-lhe a vontade. A certa altura pulou da cadeira assustado com o exagero do padre novo, soltando um grande palavrão...Esta é uma das muitas histórias que se contava...
Outra questão é o plural de sacristão, pois é motivo de muita confusão ou discussão entre algumas pessoas com conhecimentos e estudos. A palavra primitiva era sacristam (acusativo) que depois passou a sacristianum ( acusativo) e em terceira declinação mais tardia passou a ser sacristianem, cujo plural era sacristianes e daí o plural de sacristães, tal como capelães, alemães, catalães.
Não pelo mesmo motivo, talvez, mas há outras palavras correntes que o plural de ão é ães devido à proveniência do acusativo latino do plural; panes deu pães, canes deu cães, entre outras.
A.V.


Merceeiros
Normalmente em todas as aldeias, e nas cidades também, existiam os merceeiros que vendiam de tudo, sobretudo, bens para utilizar na alimentação ou na habitação. Tinham o seu balcão de madeira, com vidro à frente, dividido em vários compartimentos para o açúcar amarelo, para o arroz, as massas, as farinhas, o café, a cevada, etc... Após estes sectores havia várias gavetas para coisas mais miúdas e também a caixa ou a gaveta para o dinheiro a receber e outra gaveta para o dinheiro de pagar ao fornecedor ou fazer outras despesas. Sobre o balcão sempre papel de costaneira rosado (rosa e roxo) para fazer as contas com o lápis (que o trazia sempre na orelha), ou até para embrulhar o café, o açúcar, o arroz, a pimenta, etc... O papel de cartuxo branco por fora às riscas e acinzentados por dentro que servia para o açúcar...
Vendiam também rebuçados de açúcar, 4 a cada centavo, hoje uma centésima de cêntimo. Vendiam também a retalho o bacalhau, às gramas , e o chocolate vendido a retalho por número de quadrados, o queijo, etc... até vender um cigarro. Também o azeite era vendido a granel e o petróleo. Um livro exigido era o “deve e o haver”. Às vezes até o papel de embrulho era de velhos livros e jornais com que servia a mercearia ao freguês.
Faziam bom negócio. Quem sabe, às vezes, talvez algum mais desonesto com a balança ao centro do balcão a pesar mais umas gramas “ roubadas”... Agora a mercearia é outra. Ainda se vende uns copos. Hoje é o Carrefour, são todos os hipermercados. Noutros tempos o merceeiro vendia muito mais e até fiava bacalhau até quatro ou cinco meses, mas agora os grandes mercados vendem ao preço que os merceeiros o compram para vender... Só não se fia nada aí... e toda a gente arranja o dinheiro...
Agora o povo quer fartura e tem fartura. O remédio destas mercearias agora é abrir mais cedo e fechar mais tarde para ver se se aguenta, embora o lápis já tenha acabado. As máquinas fazem tudo, e tudo já vem embalado, pelo que não precisa o merceeiro de gavetões nem de gavetas para o dinheiro, nem de balança...para pesar. Aí, já não pode enganar ninguém no peso, pois tudo vem pesado já da fábrica e os preços praticamente estão marcados antecipadamente e não tem o merceeiro de andar com o lápis na orelha. Acabou-se esta espécie...
A. Viana



Os Resineiros


O Resineiro é aquele que trabalha na exploração da resina. A resina é uma substância viscosa, odorífera, insolúvel na água, solúvel em álcool e combustível. No nosso meio é muito conhecida a resina dos pinheiros.
Na década de quarenta começou uma grande exploração deste produto e apareceram então os resineiros. Por cada pé resinado o proprietário recebia uma certa quantia, pequena, mas, no conjunto de uma bouça de muitas varas com medida adequada à resinagem ou de várias bouças, era sempre uma quantia que aquecia ou folgava economicamente as costas aos seus donos, ou lavradores, por exemplo. No entanto, não eram muito animadores os resultados porque havia a impressão que o pinheiro resinado dava uma madeira mais fraca, menos aproveitável.
Muitos não deixavam explorar das suas árvores esta substância.
Cada vara com a sua medida de diâmetro com cerca de 20 cm de diâmetro à altura de 80 cm da raiz poderia ser resinada. O resineiro dava-lhe um golpe na horizontal, em cerca de 10 a 15 centímetros, com uma folha de zinco inclinada para a resina correr para um vaso de barro (de caco), e os resineiros iam de tempos em tempos colher a resina dos vasos para continuar a explorar a seiva que descia do pinheiro.
Vi algo semelhante quando fui à Tailândia com os borracheiros, na exploração da resina que daria depois a borracha.
Em Mazarefes havia um ou outro resineiro que trabalhava por conta de outrém. Normalmente durante algum tempo tratava-se de um intermediário de Forjães. Eram sobretudo exploradores de fora que vinham e traziam os empregados.
Não era uma vida fácil, a do resineiro, no sobe e desce da montanha, das florestas, por entre mato e urze, sempre rotos, sujos de resina...de balde e espátula na mão...
Era um trabalho duro, pobre e sujo.
Uma saída para muita gente que não queria ou sabia trabalhar no campo. A arte de resineiro não era difícil de aprender e alguns eram resineiros ainda muito novos, seguindo muitas vezes, a profissão do pai...
Assim aparece, a propósito do resineiro, um canto vindo da terra que José Afonso recolheu e tem diversos conteúdos conforme as terras, as regiões.

Resineiro engraçado, engraçado no falar,
Resineiro engraçado, engraçado no falar,
Ó i ó ai, eu hei-de ir à terra dele,
Ó i ó ai, se ele me lá quiser levar.
Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão,
Já tenho papel e tinta, caneta e mata-borrão,
Ó i ó ai, pr’a escrever ao resineiro,
Ó i ó ai, que trago no coração.
Resineiro é casado, é casado e tem mulher,
Resineiro é casado, é casado e tem mulher,
Ó i ó ai, vou escrever ao resineiro,
Ó i ó ai, quantas vezes eu quiser.
Fernando Faria (Mortágua; recolha de Zeca Afonso)
Letra e Música popular da Beira Alta
A . Viana

Deus Amor,espantalho,esterqueira,estrumeira,Armindo Cavaleiro,Augusto Sá,António Alves,Rocha Soares

Deus Caritas Est
Deus É Amor

Nesta época de globalização em que tanto se fala e se procura viver, tudo circula por todo o Globo em fracções de segundo, o bem e o mal.
Vê-se que é muito fácil descobrir-se o sensacionalismo do mal, de tudo o que é negativo e as coisas boas, as coisas positivas, os meios de Comunicação Social parecem que os relegam porque esses não lhes dão dinheiro; não é assunto de interesse do público.
Ora apesar de tudo andamos enganados porque uma das coisas que são mais globais na humanidade é a Eucaristia de um lado ao outro do mundo, a qualquer hora do dia ou da noite em Igrejas mais nobres ou em capelas improvisadas, ou ao ar livre, em grandes assembleias ou em pequenos grupos, com gente de todas as idades, raças, línguas com mais ou menos silêncio celebra-se a Ceia do Senhor.
Não será isto maravilhoso? Não ajudará à unificação e a globalização?
A Eucaristia inspira-nos e fecunda os nossos esforços de amor, de libertação; anima-nos, purifica-nos e fortalece-nos o empenho em construir um mundo mais digno, mais livre e mais fraterno.
“Só uma Igreja consagrada ao Senhor pode salvar e difundir pela Terra os valores da dignidade, da liberdade, da unidade fraterna, bem como outros frutos excelentes da natureza e da actividade humanas”.
Não vamos a lado nenhum, enquanto cada um pensar que Deus é amor só para si. Assim pensavam os judeus e enganaram-se… até os sacerdotes e os sumos sacerdotes!...
Há que voltar às origens! Os Actos dos Apóstolos deviam ser o nosso guia assim como a Encíclica de Bento XVI.


Espantalho

O espantalho como um boneco de chapéu e feito de roupas velhas a parecer o que não é de facto, nem um palhaço colocado no meio das hortas com o objectivo de espantar os pássaros porque parece, mas não é um homem. Deve ser algo de muito ancestral e conhecido em todas as culturas. É como um manequim apalhaçado ou um estafermo que mete medo, de noite, mesmo às pessoas menos avisadas ou preparadas.

A Esterqueira

Normalmente a esterqueira era outra coisa. Era um estrume mais pobre. Era um local onde eram despejadas as águas de lavagens da cozinha, louças, gamelas, potes, mas também as águas da lavagem das casas.
Esse fazia outro estrume mais fraco que, normalmente, era lançado por cima das terras. Nesse estrume não havia necessariamente fermentações, daí não dar aquele cheiro tão azotado ou tão putrefacto. Também se expunha como o do quinteiro ao ar livre e exposto às chuvas e águas correntes.
Toda a espécie de esterco ali ia parar.
As fossas vieram mais tarde para fazer descargas não só das águas sujas, do despejo dos penicos, vasos com asa que serviam em cada quarto para de noite alguém fazer as suas necessidades fisiológicas, sobretudo, urinar.

A Estrumeira
Esta era feita de estrume, isto é, excrementos (esterco de porco no mais sentido remoto da palavra) de animais,sobretudo, e outros monelhos de farrapos,plantas,como mato,palhas,ou rossos das veigas, águas sujas,urinas...
A estrumeira acabava por ser o local onde o gado comia e dormia e aí fazia as suas necessidades fisiológicos sobre o mato, ou rosso das veigas, palha, restos suas próprias comidas.
Nas casas onde havia já a retrete, normalmente, esta já estava ligada à corte do gado, era mais a juntar ao estrume dos animais que depois de uma certa fermentação serviria de adubo natural para as terras.
Era assim que o lavrador com adubos naturais, fertilizantes e orgânicos, com odores apropriados conforme as suas fermentações, se defendia e se protegia para a semente desenvolver melhor como o milho, o centeio, feijão, vinha, horta, a aveia, a melância, o melão, a batata, a cebola, isto é, toda a agricultura que este resolvesse dedicar-se.
A estrumeira era assim algo que fazia parte da casa do lavrador. Se a casa fosse de dois pisos porque se fosse de um piso, isto é, uma rez do chão, a estrumeira ficava-lhes ao lado, normalmente, da cozinha aberta para a corte e que do mesmo modo lhe servia de aquecimento para a casa.
Onde não houvesse retrete iam à horta.

Augusto Sá de família honrada


Augusto Fernandes de Sá, nasceu a 14 de Setembro de 1928, filho de Manuel Fernandes de Sá e de Profetina Meira, em Vila Nova de Anha. Os seus pais tiveram outros filhos a saber: O Manuel, casado, carpinteiro, pai de 4 mulheres e 2 homens. O José casado, carpinteiro, sem geração e esteve em Lourenço Marques; Amadeu, casado, carpinteiro, pai de 3 homens e uma mulher; o Augusto, ele próprio pela ordem decrescente, casado, e com 2 homens; o António, casado, carpinteiro, esteve também em Lourenço Marques, pai de duas mulheres e um homem; e Maria das Dores ( meia irmã destes, de um segundo casamento do pai) casada, professora aposentada e com geração.
Já faleceram o Manuel, o José e o António. Vive na Areosa, o Amadeu. Aqui, na Paróquia, em casa própria à rua da Bandeira, o Augusto, e a Maria das Dores, também em Stª Maria Maior casada com Alípio, bancário aposentado, uns amigos aqui desta Comunidade embora sejam da Paróquia da Sé.
O José Manuel, licenciado em Economia,Finanças e Contabilidade, casado, e pai de um filho é membro da Comissão Fabriqueira ou Fábrica Igreja Paroquial de Nª Sra de Fátima e o César que vai defender tese brevemente de Doutoramento em Ciências de Educação, casado e pai de duas filhas, são filhos de Augusto.
O Augusto fez sociedade com o Amadeu e o Manuel fundando em 1966 a Carpintaria Sadarque que durou até 1999.
Encerrada em Darque, voltou a abrir a sociedade à Rua Grande que fechou em 1990 e abrindo, a partir daí, à Rua dos Manjovos, o Augusto outra oficina que fechou há pouco, reformando-se.
Uma família de Carpinteiros, mas ao contrário do que se costuma dizer “filho de peixe sabe nadar” parece que as gerações não lhes seguiram os passos, pois muitos filhos, mas muitas outras e diversificadas vocações desde as mais simples às mais de maior nível cultural.
A obra de Augusto fica marcada também no mobiliário da Paróquia de Nosso Senhora de Fátima.
Para além disso o Augusto trabalhou 17 anos nas comissões de Festas de Nª Sra. da Agonia, é sócio do SCV e foi dirigente A. do Futebol de Viana e vitalício da Federação Portuguesa de Futebol, o nº 14.046. É sócio de várias associações culturais e desportivas e humanitárias.
Agora, em idade de reforma, faz companhia à sua esposa Ondina Araújo Leitão, modista,com quem casou em 1953, na Matriz, a mãe dos seus referidos filhos.Nesta altura, encontra-se convalescente de uma cirurgia cardíaca a qu se teve de sujeitar.


António Parente Alves

António Alves, não se confunde com o Pintor Vianense, António Alves, este nasceu em Serreleis, no Concelho de Viana do Castelo, em 22.06.1928, filho de João Rodrigues Alves e de Rosa Parente Ramos, lavradores e caseiros do Dr. Rocha Coelho.
Frequentou a Escola de Serreleis, até à 4º classe e parou não só porque não havia muito dinheiro, mas também porque gostava mais de trabalho prático pelo que começou a trabalhar nas Pedreiras a levar e a trazer picos, isto é, toda a ferramenta para os pedreiros prepararem e os canteiros poderem trabalhar, até aos 16 anos.
Aos 16 anos foi trabalhar na Escola de Arga de Baixo como canteiro ajudante em plena Serra d’Arga. Ia à segunda-feira e regressava ao sábado, de mochila às costas com a comida para a semana. Dali de Arga, foi fazer uma casa para os Duques de Ávila, em Soutelo, junto ao Rio e perto da Senhora da Cabeça.
Mais duro trabalho viria a seguir quando foi para os túneis do Lindoso, onde morreu gente ao fazer os arcos em pedra.
Um irmão que esteve em Lisboa chamou-o para i trabalhar para lá, para a Empresa Carlos Eduardo Rodrigues, trabalhou nas obras de trolha.
Aos 27 anos foi trabalhar para os Caminhos de Ferro e em Stª Marta de Portuzelo em 1956, casou com uma prima, Maria Parente Marques, que lhe deu dois filhos a saber: Rosa Maria e o Rui Manuel.
A Rosa Maria casou e tem dois filhos e o Rui, solteiro faleceu de acidente.
Em 1966 resolveu ir sozinho para Praça e mais tarde com os filhos já crescidos levou-os com a esposa, donde regressou quando chegou à aposentação antecipada devido a um acidente que o incapacita do trabalho que fazia quando trabalhava com 2 sócios há 11 anos de empreitada.
Comprou casa na Rua da Bandeira, 558, onde vive com sua mulher. De vez em quando vai até à França e também recebe cá a filha, o genro e os netos em férias.
Gosta muito de passar o tempo no quintal, sala de convívio e andar a pé.
Tem algumas saudades de França, mas aqui na terra, onde nasceu não sente pior.
Tem muita devoção à Senhora de Fátima, mas ainda não se sente bem integrado na Comunidade Paroquial. Tem dado as suas ofertas, faz a sua prática religiosa, mas não tem prestado outros serviços porque tem pouca paciência…
De facto o Senhor Alves no princípio já me interpelou várias vezes por algumas situações físicas na Igreja; uma ou outra foi corrigida e mostrou-se sempre atento, mas nunca foi muito além, embora não faltasse quem lhe dissesse algo para o chamar, mas sempre vi nele uma pessoa integra, de boa moral, de muita honra e mérito que o Pe. Cunha Viana o quis arrastar para o Seminário quando era criança. Não foi!... Mas não deixou de ter uma vida feliz e de ser uma pessoa completamente realizada e acrescenta: “Podia ter vocação!, mas…”


Uma Casa Antiga (I)

Desde o ar livre, a vida nómada , às cavernas trogloditas, às cabanas de colmo, madeira, às casarolas de pedra, sob as árvores ou de madeira sobre as águas (habitações lacustres) chegamos àquilo que vemos e gozamos a vida em casas com outro conforto e comodidade...muito se andou e não sabemos se depois de passarmos todos por uma vida sedentária, iremos parar a outro planeta e voltamos ao nomadismo.
Hoje gostava de lembrar como eram as casas nas aldeias há 50 e mais anos.
Era quase vizinha da casa onde nasci. Quando fugia aos meus avós, aos Domingos, lá ia eu parar naquela casa, onde era sempre recebido com carinho pelos seus velhos donos, que recordo com saudade e que Deus lá tem, como pelos seus filhos que sempre tinham algo para me darem, (não é que eu precisasse), mas era a simpatia que tinham para comigo como criança. Recordo-os a todos com saudade, mas sobretudo os velhotes que os via já como bisavós...Numa das casas mais antigas da minha terra era assim: normalmente era apenas de rés-do-chão, eram as barracas de madeira ou de pedra. No caso que conheci era de pedra.
Entrava-se directamente para a sala, os quartos ficavam com as portas abertas para a sala ou para o corredor e, num dos lados, era a entrada para a cozinha. A cozinha ficava aberta para o eido, o habitat das vacas e dos bois que no inverno faziam o “aquecimento central” da casa. Portas abertas e lá vinha o calor dos animais juntos, assim como, o respectivo odor próprio do habitat em causa. O WC ficava num canto da corte dos animais ou no meio da horta.
As casas que tinham primeiro e segundo piso já lhe chamavam “torres” por serem mais altas. Aqui o habitat dos animais ficava por baixo da casa assoalhada e continuava o mesmo sistema de aquecimento, ou por baixo dos quartos ou das salas. Por baixo das cozinhas ficavam muitas vezes a adega, ou o armazém que fornecia a casa durante o ano com o presunto, os chouriços, o milho, o centeio, o vinho, o vinagre e, enfim, tudo que não era possível ter já dentro de casa.
Nessas casas, a retrete ou casinha era muitas vezes na horta. Na minha terra já existiam as retretes que em forma de prisma quadrangular e uma abertura circular de que as pessoas se serviam para as suas necessidades fisicológicas de emergência. Havia o tampo circular à medida para tapar o buraco e evitar cheiros esquesitos.
Não era muito cómodo sobretudo no tempo de ventania!...A essa retrete também lhe chamavam a “casinha” porque era só para aquilo, num canto da casa e sobre o habitat dos animais. Era apenas 1 metro mais ou menos.
Não havia papel higiénico, pelo que se recorria ao papel do jornal ou outro que se trouxesse da mercearia com o café, o açúcar ou outros produtos.
O banho era feito de acento, isto é, num alguidar ou numa banheira feita de zinco ou de “folha de flandres” onde se deitava água quente e aí era lavado tudo. Começava-se pela cabeça, pela cara, pelas mãos, mas depois havia que se acentar lá e lavar o resto conforme se podia as costas, o peito e as partes mais íntimas para lavar as coxas, as pernas e os pés...enfim era a época!... Depois apareceram as banheiras maiores de acento de encosto e mais tarde os banhos de chuveiro em baldes-regadores dependurados, enfim, com o tempo tudo mudou, sobretudo com o aparecimento da luz eléctrica nas terras do interior. Em Mazarefes a luz eléctrica foi inaugurada em 1958.
Até aí, uma ou outra casa, tinha rádio de bateria. Também só três famílias tinham carro automóvel.
Foi a partir daí que a maioria das casas já tinham o seu rádio, até aí nem todos tinham rádio. Hoje todos têm uma televisão e, quem não a tiver, pode-se considerar, que é um pobre.
Todos têm máquina fotográfica, de filmar, etc, etc...e não há casa que não tenha um carro ou mais do que um.
Bom, mas as casas antigas não ficavam por aí...
Normalmente tinham já dois pisos. Por baixo os animais e por cima a gente, eram de forma quadrangular ou rectangular as melhores casas: uma cozinha, um corredor com 2 quartos, ou mais um quarto aberto ou dois para a sala. O lugar de honra de qualquer casa era a sala, onde normalmente havia um oratório, onde se recebiam os amigos, as visitas, o compasso pascal, onde se acendia uma velinha em dia de trovoada, ou de grande vendeval, tempestade, etc... Havia casas com varanda e sem varanda... E o que mais perto estava junto da casa era a esterqueira, a estrumeira, a fossa, o poço, a eira, o espigueiro ou o sequeiro que fica para depois.
Na cozinha, cozinhava-se e comia-se. Os criados comiam, normalmente,por trás da porta, o que não acontecia na minha casa, pois todos comiam à mesma mesa, a mesma comida e à mesma hora, pois era um ponto de honra dos meus avós paternos que tinam duas criadas e um criado.
Não queria para aqui descrever uma “casa portuguesa” porque normalmente eram todas semelhantes mais ou menos, mas quem quiser ir mais longe e conhecer melhor a casa e o espírito, a alma leia o nosso clássico Camilo Castelo Branco ou a procura na canção “Uma Casa Portuguesa” de Reinaldo Ferreira.
A.Viana

CASA ANTIGA (II)
A loja era o local da adega e da salgadeira. Sítio onde era guardado o vinho, a aguardente, a jeropiga e a salgadeira normalmente de pedra. A salgadeira era o meio de conservação das carnes de porco, da matança, naquele tempo, através do sal.
Aí se dependuravam os presuntos depois de terem passado pelo fumeiro e os chouriços, às vezes eram guardadas em azeite, outra forma de conservação.
Não havia frigoríficos ou arcas congeladoras.
Naturalmente o homem descobria meios naturais para poderem conservar a carne de um ou dois porcos que, matavam por casa para se servirem das suas carnes durante todo o ano.
Os porcos eram alimentados com restos de comida da casa e com couves escaldadas e farinha com água quente. Era a lavadura.
O quinteiro era uma quintinha. Anexo à casa ou entre este e o resto da quinta que em algumas regiões lhe chamava “lugar da casa”. Aí no Quinteiro soltavam-se os bois ou as vacas para apanhar ar, mas sobretudo, os porcos que também viviam debaixo da casa ou tinham a pocilga no próprio quinteiro e para eles não fossarem era-lhes metido uma arganel de arame com pontas para os aleijar caso eles tentassem fossar.
No quinteiro existia mais a pia alta para dar de beber aos bois e o amontoado de mato ou rosso que durante o Inverno ia servir para fazer a cama aos animais.
O quinteiro servia também por vezes, para lançar o esterco, isto é, para servir de esterqueira.
Na quinta ou no “lugar” sempre havia uma horta ou outra plantação que, para afugentar os pássaros, o lavrador inventou os espanta-pássaros, isto é, o espantalho, com uma cruz de madeira um chapéu, palha para fazer de corpo enfiada nas calças e um casaco velho e o pau espetado no chão. Os pássaros fugiam. Tinham medo do palhaço.
Que mais tarde foi evoluindo para o moinho de vento e outras técnicas. Hoje outras mais sofisticadas, mas naturalmente mais prejudiciais aos animais.
Vasos com salas de plantas ou flores enfeitavam as casas, as varandas, as escadas, os canteiros…
A Casa do Forno era um anexo muito importante na casa do lavrador. Havia lavradores que coziam duas rasas de pão para 15 dias (milho e centeio).
Havia casas que tinham o forno na própria cozinha, mas um ou outra tinha mesmo como anexo a Casa do Forno onde cozia pão para mais gente, mais rasas de milho e centeio.
A Casa de Cirugião de Mazarefes tinha um forno, onde cozinha 12 rasas de milho porque era da família do Abade Matos, pároco da terra e este tinha um Albergue a quem dava pousada a pobres, a indigentes, e até a peregrinos de S. Tiago e a quem distribuía ou lhes dava pão que a família cozia. Hoje, no lugar desse forno, esta um lagar de vinho.
Na casa dos meus avós e trisavós paterno-maternos havia a Casa do forno cm 2 fornos, não sei qual a razão. Só sei que o tio-trisavô pelo lado do meu pai e sua mãe era solteiro e com o seu irmão meu trisavô era muito rico. Seria cozinhado pão para dar aos pobres?
Normalmente havia a esterqueira era outra coisa que era outra parte. Era um estrume mais pobre. Era um local onde eram despejadas as águas de lavagens da cozinha, louças, gamelas, potes, mas também as águas da lavagem das casas.
Esse fazia outro estrume mais fraco que, normalmente, era lançado por cima das terras. Nesse estrume não havia necessariamente fermentações, daí não dar aquele cheiro tão azotado ou tão putrefacto. Também se expunha como o do quinteiro ao ar livre e às chuvas e águas correntes.
Toda a espécie de esterco ali ia parar.
As fossas vieram mais tarde para fazer descargas não só das águas sujas, do despejo dos penicos, vasos com asa que serviam em cada quarto para de noite alguém fazer as suas necessidades fisiológicas, sobretudo, urinar.
A estrumadeira era feita de estrume, isto é, excrementos (esterco de porco no mais sentido remoto da palavra) de animais,sobretudo, e outros monelhos de farrapos,plantas,como mato,palhas,ou rossos das veigas, águas sujas,urinas...
A estrumeira acabava por ser o local onde o gado comia e dormia e aí fazia as suas necessidades fisiológicos sobre o mato, ou rosso das veigas, palha, restos das suas próprias comidas.
Nas casas onde havia já a retrete, normalmente, esta já estava ligada à corte do gado, era mais a juntar ao estrume dos animais que depois de uma certa fermentação serviria de adubo natural para as terras.
Era assim que o lavrador com adubos naturais, fertilizantes e orgânicos, com odores apropriados nforme as suas fermentações, se defendia e se protegia para a semente desenvolver melhor como o milho, o centeio, feijão, vinha, horta, a aveia, a melância, o melão, a batata, a cebola, isto é, toda a agricultura que este resolvesse dedicar-se.
A estrumeira era assim algo que fazia parte da casa do lavrador. Se a casa fosse de dois pisos porque se fosse de um piso, isto é, uma rez do chão, a estrumeira ficava-lhes ao lado, normalmente, da cozinha aberta para a corte e que do mesmo modo lhe servia de aquecimento para a casa. Onde não houvesse retrete iam à horta.
(Continua)A. V.

Casa Antiga (III)
O coberto do lagar do vinho com a prensa, a pia e esmagadeira.
O esmagadeira esmagava as uvas que chegavam dos campos em dornas que os bois puxavam no carro e descarradas as uvas, lançadas às gamelas na masgadeira iam para o lagar.
Mais tarde antes de começar a fervura, iam os homens pisar o resto que a esmagadeira não moesse bem para dar mais cor ao vinho. Depois de bem fervido, mexido e remexido para ferver mais era tirado o vinho para os tonéis. Ficava o brolho no lagar.
Esse era prensado, da prensa o vinho que saía para a pia era aproveitado para os tonéis.
Quem queria fazer um vinho mais para gastar na família, o chamado, água-pé, deixava algum brolho por espremer, deitavam água e iam vindimar mais dois “claros” de uvas, isto é, o espaço entre 4 esteios da latada deixados de propósito para isso.
Para serem esmagadas e lançadas no lagar afim de ajudar à fermentação da água e do brolho que estavam no lagar donde vinha a famosa água-pé que normalmente toda a gente podia beber depois dos primeiros frios de Inverno e pesava mais ou menos 4º graus.
Ainda hoje é desejada, mas também como tinha pouca graduação facilmente se estragava com o calor.
Outro era o coberto das palhas ou de lenhas para quem não tivesse “Casa da Lenha”, mas sobretudo era o coberto para desfolhar o milho para guardar as espigas ou as palhas das chuvas.
As grandes desfolhadas normalmente eram feitas ao ar livre, mas também acontecia que com bom ou grande coberto dava para tudo e aí tudo se desenrolava até na maior das galhofas das desfolhadas.
A procura do “milho rei” ,da espiga vermelha e a brincar, a cantar e a dizer chalhaças uns aos outros, o tempo corria veloz enquanto ficava a desfolhada terminada e se ia para uma pequena confraternização final à volta de uma sardinhada, de uma bacalhoada, do que o patrão da casa tivesse mais à mão ou tivesse mais posses porque esses acontecimentos eram sempre ocasião de grande solidariedade mútua.
Eram os vizinhos, os amigos, os familiares e tudo se fazia depressa…
Mas o lavrador tinha também a seu cuidado as galinhas, galos, perus e outros animais de bico o lavrador os criava. Era fonte de alimentação. O melhor galo era para a maior festa do ano, ou o melhor peru: A festa da Padroeira!... A festa da Páscoa! O Natal!
O galinheiro era um local normalmente circundado por uma rede e lá dentro havia o capoeiro onde dormiam as galinhas ou os galos. Outras vezes o capoeiro era ainda fora do galinheiro e, noutro sítio, como no quinteiro.
O galinheiro era também um sítio muito próximo da casa, o sítio, do galinheiro ou capoeiro por causa de serem bem guardados pela noite dos bichos da noite, da doninha, da raposa... e também do amigo do alheio e da noite!...
Também não havia lavrador sem uma casota para o fiel amigo, o cão. Quando não a tivesse, serviria o baixo do ou dos espigueiros com algum resguardo.
Não era o melhor local, pois cão e gato não se dão bem. E os gatos eram animais queridos, mas quando o cão estava junto ao espigueiro era difícil o gato andar por lá atrás dos ratos. Normalmente era local propício à criação destes bichinhos, isto é, dos ratos.
É que o cão quando era muito bravo estava preso à corrente. Só de noite o soltavam para percorrer todo “o lugar”, isto é, o quintal; ele sabia bem quais eram os seus domínios… e pôr o pé em terra alheia era perigoso, pelo menos, chamava logo pelo patrão.
Falar de uma casa de campo, da casa do lavrador dos meados do século passado sem espigueiro é como falar de uma casa não de lavrador, mas de “cabaneiro”. Era uma estrura normalmente de pedra ou madeira com fissuras laterais para entrar o vento, o ar, e evitar, ao mesmo tempo, a entrada de roedores, construidos mais altos sobre colunas que, no cimo, formam um beirado saliente para impedir a subida dos referidos ratos.
É que o lavrador, sobretudo, cultivava o milho, e as espigas exigiam o sequeiro , o canastro, ou caniço que era um anexo à casa donde muitas vezes se passava directamente da casa de 2 pisos para ele ou então era afastado de casa, mas anexo à eira e eram sempre um ou dois espigueiros. Se a arquitectura de uma casa era mais ou menos semelhante da região para região, já não era bem assim quanto ao espigueiro.
Verifique as fotografias e verá uma diferença muito grande.
Quem for à Serra d’Arga admira-se. Já o mostrei no local a um arquitecto que ficou abanzado por ver que a construção arquitectónica, as linhas de força, de segurança saíam completamente fora das normas que se usam agora, mas como eles as utilizavam no séc. XVIII e como os espigueiros se mantinham de pé, nem darem sinal de fraqueza apesar da idade e das intempéries pelos quais já passaram. É impressionante!... A sabedoria popular tem muito que se lhe diga!



Maria das Dores Pires aposentada há muitos anos
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D. Maria das Dores Pires, há muito tempo, pelo nome, algumas pessoas são capazes de não chegar lá, mas o que é certo é que viveu com seus pais muitos anos à rua da Bandeira, 35 depois de 43 anos de serviço público prestado no notariado de Viana do Castelo, tendo chegado ao máximo da carreira e reformada em 1993.
A Maria das Dores, nasceu em Vila Nova de Cerveira, filha de Gonçalo Maria Pires, Polícia de Segurança Pública e de Eduartina Senhorães, o seu pai era conhecido pelo “Pires” e o “32” do Comando Geral. Recebeu o pai três medalhas de condecoração- ouro,prata e bronze. Era bom homem. A mãe era oriunda de Espanha, pois os seu avô materno tinha fugido à guerra de Espanha e era de junto de Santiago de Compostela, Manuel Francisco Senhorães. O seu avô era construtor civil e o seu avô era construtor de obras públicas.
A Maria das Dores estudou n Colégio de S. José, em Ponte de Lima e nos Arcos (1 ano) acabando depois no Colégio do Minho onde fez o 7º ano.
Empregou-se no Notariado onde trabalhou toda a sua vida fazendo lá carreira.
Os seu pais tiveram 3 filhos: o Eduardo, casado e com geração; a Maria das Dores, solteira e sem geração; a Camila que morreu aos 18 anos de idade.
A Maria das Dores afinal deixou a rua da Bandeira para viver numa casa mais confortável com a família que ela já tinha adoptado há muitos anos, a Maria da Luz Campos Costa que vive com ela desde os 11 anos e veio a casar com o José luciano Costa que o considera como um bom genro e que lhe deu seus dois netos, assim os considera ela a Catarina e o Miguel Augusto, ambos a estudar. Note-se que o Luciano tem sido um bom colaborador para a obra da Paróquia. Trabalha de condutor manobrador de máquinas pesadas na Tricívil S. A. e, por exemplo, já para não falar dos livros que vendeu, deve andar à beiora das 150 medalhas da obra vendidas. Isto é digno de registo, mas juntando os livros!?... Se cada paroquiano no seu trabalho, no seu meio, na sua terra, entre os seus amigos e familiares levassem as coisas mais a sério já teríamos o dinheiro todo para a obra.Parabéns! Apareçam mais amigos como este e até muitas pessoas mais velhas e que já não podem ficariam mais honradas e sentiriam orgulho pelos filhos ou genros, ou netos que tem à sua volta.


Abcessos- cebola assada sobre o mal, ou argila; Afta-passar mel ou carne verde crua; Alergias-Chã de pinheiro; Ameba-Chã de semente de alho; Anemia-suco de cenoura; Ansiedade-Chã de Valeriana (erva de gato); Apendicite-chã de raiz de meliça; Asma-chã de alho, chã da semente de girassol; Asma-Chã de pela (camisa) de cobra; Avivar a voz-Chã de flor de sabugueiro; Azia-Chã de marcela; Bronquites-Açúcar mascavado com nabo de bálsamo, depois de 3 noites ao relento, ficando em xarope; Calmantes - Chã de Tília; Calo-passar cera-de-ouvido; friccionar com sumo de alho; Cálvice-Esfregar a cabeça com água de ter cozido cebola; Caspa-esfregar o couro cabeludo com limão; Coceira e sarna- Enxofre; Colesterol-Comer alho; Cólica-As massagens aliviam a dor, Constipações-Chã de limão com mel;Contra a Fadiga-Chã de alecrim; Coração-Alimento à base de banana; Colesterol - Chã verde; Depressões-Chã flor de laranjeira, aveia, valeriana (erva de gato);Diabetes-chã da flor do sabugueiro;Diabetes-Chã de Carqueja;Diarreia-Água de arroz e arroz…;Doenças Respiratórias-no quarto deve queimar-se alecrim porque elimina os germes do ar; Dor de dentes-Chã de Alfazema; Dor-de-barriga-chã de moela de galinha; Dores de Cabeça-Chã de cidreira, camomila…;Dores Menstruais-Chã de salsa; Depressões - Chã de Cidreira; Eplepsia-sementes de girassol; Exaqueca-chã de semente de cravo; Febre-chã de alho bem forte; Flatuência - Chã de Cidreira; Fígado-Copo de água morna com sumo de um limão em jejum; Gripe-aguardente queimada com açúcar; Hipertensão-Chã de folha de oliveira; Indigestão e dores de estômago-Chã de cidreira; Inflamação nos olhos-Gota de sumo de limão em cada olho; Insónias - Chã de folha de Eucalípto; Lombrigas-Chã de alho; Micose-Uma fusão de azeite e cravo, tintura de mostarda e de iodo; Mal de garganta-Chã de flores de Sabugueiro e gargarejos;Miopia-Uma gota de óleo de germen de trigo; Nervos - Chã de folha de Laranjeira; Doença Pulmonar - emplastro de lihaça sobre a região pulmonar; Pedra na vesícula-Uma colher de sopa de vinagre de cidra em meio copo de água às refeições;Prisão de ventre-Chã de semente de linhaça pisada; Psoríase-Chã de urtiga, chã de salsaparrilha ou de folha de nogueira; Pulmões-Chã de figos com ovos e mel; Pedra no Rim - Chã Quebra-Pedra; Queimaduras-emplastro de gemas de ovos com borralha; Ressaca-Chã de Ortiga e de Menta;Reumatismo - Chá de Freixo; Rouquidão-gargarejar com água do mar morna e com uma colher de sopa de vinagre ou sumo de limão; Soluços-Chã de Hortelã; Tosse-cenoura em raspa com açucar ao relento até ficar em xarope e tomar às colheres; Tosse-chã das folhas de hortelã; Vias Respiratórias - Chã de folha de Eucalípto; Vias urinárias - Chã de Barba de Milho



Teresa Carvalho

Teresa Carvalho, 36 anos de idade, nascida em Angola, é filha de Agostinho Carvalho e de Nazaré Carvalho. É irmã de José, casado, Licenciado em Direito e professor, para já sem geração. E de António, casado capitão do exército, para já também sem geração.
A Teresa é uma das nossas amigas e colaboradoras das nossas obras sociais. Gosta muito do que faz. Ama o que faz e é fraterna com as colegas de trabalho, com os utentes e mesmo muito carinhosa... às vezes muito brincalhona, também, para animar a malta!
Agora descobriu um dom, o dom para a pintura, e começou a pintar a óleo. Anda na Escola do Mestre Simões.
O quadro que se mostra na fotografia é o S. João D’Arga, visto de lado de cima.
Que dizer?
Bom trabalho! É um trabalho feito com amor para o oferecer a um amigo. Aqui se vê como são os sentimentos da Teresa e como todos gostam dela chamando-a por “Teresinha” porque ela é de facto muito querida por todos. Se pudesse fazia um trabalho para cada um. Ela é assim!...

Os Oleiros



O oleiro é o indivíduo que faz ou vende objectos de cerâmica, ceramista, faz objectos de barro.
Conhecemos alguma da sua evolução. Como os castrejos tinham uma cerâmica à mistura com mica, e os romanos uma cerâmica de várias qualidades e sem mica.
Não recordo de haver na minha terra algum oleiro, pelo menos nunca o observei. No entanto, havia oleiros no concelho de Viana.
Barcelos, sobretudo entre Barcelos e Prado, continua a ser e era antigamente terra de oleiros: a partir do berço se faziam os oleiros que passavam de geração em geração, que souberam dar forma com as suas mãos guiadas por uma inteligência prática, sábia e paciente. Autênticos artesãos que ainda hoje por lá abundam. Há, por ali, objectos de barro para todos os gostos.
É uma profissão muito antiga, o torno para o uso do oleiro já remonta a 3000 anos de existência. Teria sido este instrumento uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para a produção em grande escala. As peças feitas exclusivamente à mão, são também em maior número deformadas e rachadas.
O torno parece um milagre, mas tem uma explicação é que as peças nascidas no torno têm uma constituição do tipo “monobloco” sendo produzidas de uma única porção de argila que vai sendo torneada pela rotação do torno dando-lhe um trama na substância que contém mais consistência, maior resistência à deformação, à queima, à ruptura ou empenamento.
Normalmente as peças torneadas mantêm forma cilíndrica, esférica, circular, arredondada, enfim, formas próprias que sem aquele instrumento de trabalho não era fácil. E tudo o que tem arestas, pontas é mais fácil de partir.
Uma pessoa normal que observe um oleiro a trabalhar tem dificuldade de ter uma ideia sobre a subtileza que passa pelo torno, pelas mãos do oleiro e pela sua mente. O oleiro sente com as mãos o tipo de argila que tem. Não foi por acaso que Jesus se referiu muitas vezes ao barro “nas mãos do oleiro”.
A roda do oleiro eléctrica feita de castanho ou freixo, com um diâmetro aproximadamente de 50 cm, começa a não ser tão sentida e perspectivada como antigamente. Para além do torno, o oleiro precisa de uma cana, de uma albarraba e um malhão.
A. Viana