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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

PELO SÃO MARTINHO CASTANHAS E VINHO – MATA O TEU PORQUINHO



PELO SÃO MARTINHO
CASTANHAS E VINHO – MATA O TEU PORQUINHO                                       José Rodrigues Lima

As folhas tocadas pelo vento vão caindo neste tempo outonal.
A natureza saúda-nos com a paisagem onde os tons suaves nos levam, por vezes, à contemplação do território das zonas ribeirinhas ou da montanha.
Estendemos os olhares para perto e ao largo, localizando manchas arbóreas, autênticos soutos de carvalhos e castanheiros.
Estamos no período do ano para recolher as amêndoas, as nozes saborosas e as castanhas para os magustos celebrados com vinho novo ou água pé, em convívio familiar ou de boas amizades.
“Pelo São Martinho vai a adega e prova o vinho, e abatoca o teu pipinho”.
E os rituais comprem-se como se fosse a primeira vez.
Os castanheiros oferecem-nos os ouriços arreganhados, e as castanhas vão caindo uma a uma.
A garotada vai apanhando os frutos dos castanheiros, aquelas castanhas que caiem à beira dos caminhos, nos campos ou nos soutos, onde canta a passarada ao romper da manha “despertadora”, ou pelo fim da tarde “recolhedora”.












QUENTES E BOAS
Mas se no ambiente da ruralidade há paisagem sonora e outonal, no meio urbano há vozes anunciadoras:
“Olha a boa castanha… Quentes e boas.
Ah menina, eh menino… leve umas castanhinhas…
Prove…
São de Trás-os-Montes…
O preço é do ano passado… Ganhamos poucochinho…
São muito gostosas…”
A fumaça dos assadores estendesse pela avenida, pelo largo e entra mesmo pela esquina da rua estreita.

Assim se vão saboreando as boas castanhas embrulhadas em papel de jornal com notícias passadas, ou pelas folhas da lista telefónica já ultrapassada.
Os vendedores de castanhas aí estão com a sua tipicidade e animando a vida da gente apressada…
E ouvimos: “Mãe, apetecem-me umas castanhas quentinhas.”
E faz-se o regalo: “São muito boas.”
Os adultos também apreciam as castanhas pelo São Martinho acompanhadas com o vinho da colheita do ano ou a celebrizada “água-pé”, ou a geropiga feita segundo a tradição, do tempo dos avós que eram mestres na elaboração, lá em casa.




VINHO QUE BASTE
Aqui pelo Minho, e noutras zonas vinhateira do país podemos ouvir, traduzindo à sua maneira o gosto profundo ao vinho: “Não quero ricos cavalos, / nem palácios reais; / só q’ ria ter uma adega / com vinte pipas ou mais”.
“O vinho alegra o coração do homem e às mulheres não desagrada, e não faz mal nenhum”, assim se cantava cantochão.
É de citar a comunicação apresentada ao “Congresso Internacional de Etnografia”, realizado em 1963, fruto da investigação de Fernando Castro Pires de Lima, intitulada “O Vinho Verde na Etnografia”.
Desejando inserir-nos na importância do vinho na economia e nas relações internacionais, merece destaque o artigo “Itinerário do primeiro vinho exportador de Portugal para a Grã-Bretanha”, narrativa do Conde d’Aurora, publicada na separata das Jornada Vinícolas, em 1962.
Escreve o citado autor: “O curioso livro seiscentista 1613, “The book of carning and serving and all the feastes of the year for the servisse of a Prince or other estate” – fala-nos, entre outros, dos vinhos servidos na Grã-Bretanha, do célebre “Orey”, nome que davam os britânicos ao vinho verde”.



OS CINCO SSSSS
Consta no “Regimen Sanitatis Salernitanum”, dos séculos XI – XIII, que o vinho deve ser forte formoso fragante fresco e frutado.
Mas se os habitantes de Salerno apreciavam o vinho saudável, em Monção e Melgaço temos o “alvarinho”, que é fruto do território onde “o solo, o sol a sabedoria, o sofrimento e o sossego,” produz o precioso néctar que “torna o mundo lindo e inspira o artista”.
É sempre de lembrar António Correia de Oliveira, o nosso poeta de Belinho, Esposende.
Assim, louva o vinho “Loiro fio de azeite a urgir-lhe o caldo; / Tragos os de vinho a batizar-lhe o pão”.

O VINHO NA BIBLIA
O vinho é tratado na Bíblia tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento: “No livro de Ben Sira podemos ler: “O vinho é como a vida para os homens, se o beberes moderadamente. Que vida é a do homem a quem falta o vinho? Ele foi criado para a alegria dos homens. Alegria do coração e júbilo da alma é o vinho, bebido a seu tempo e moderadamente”.

Na Primeira Carta a Timóteo é lembrado ao discípulo de Paulo que beba vinho: “Doravante não bebas só água, mas toma um pouco de vinho”.
É de sublinhar a importância do vinho nas bodas de Caná e na “Ultima Ceia”: “Jesus tomou o cálice com vinho e disse: “Este é o sangue da Nova Aliança”.
O Pe. António Vieira no Sermão da Segunda Dominga da Quaresma diz que: ”O vinho é aquele cordial simples, medicado pela natureza para alegrar o coração do homem”.
O nosso povo diz que “com pão e vinho se anda a caminho”; “pão pela cor e vinho pelo sabor”


PRATICAS CEREMONIAIS
Nas festividades cíclicas, agrárias e sociais, o vinho é por excelência o elemento sublimador da comensalidade, o poderoso referente da coesão social, assim escreve Benjamim Pereira.
Em certas povoações, o namoro das raparigas só era permissível a forasteiros, após o pagamento de determinada rodada de vinho aos presentes na taberna da aldeia, sendo lhes passados, após o ritual, um género de passaportes assinados pelos beneficiados e carimbados com o precioso liquido do fundo das malgas.
A caneca e a malga permanecem sempre prontas na adega para serem utilizadas, e alimentarem comentários da boa vizinhança, por vezes “juízos sobre acontecimento das comunidades rurais” ou dos “falatórios”.
O Prior António Quesado, que for Pároco em Vila Franca, Viana do Castelo, apreciado cultivador da amizade e da comensalidade dizia: “vinho bom, com peso e medida, alegra a gente, faz bom ventre e limpa o dente”.
E dando largas ao seu perfil de bom conselheiro escreveu: “Quem ou copo souber pedir conselhos,/ nem tristezas nem maleitas o consomem; / porque o vinho, lá diz o evangelho / só da alegria e saúde ao homem”. 

MATA O TEU PORQUINHO

Na economia doméstica da ruralidade a criação do porquinho ocupa um lugar especial.
Faz parte da paisagem minhota o denominado “cortenho do porco”.
Comprado a tempo nas feiras é alimentado com hortaliça, bolota, farinha milha e lavadura.
Engordado o porquinho para o São Martinho, concretiza-se a matança festiva e em dia assinalável.
O matador, homem experiente nestas andanças, chega cedo, e depois de “matar o bicho” vai-se ao trabalho: “sacrificar o animal”.
E segue-se todo o ritual trabalhoso e demorado.
Vem o “desmanchar”…
Saboreia-se o sarrabulho, os rojões, não faltando os pelouros, tudo cozinhado por quem sabe da tradição e do bom gosto.
Faz-se o fumeiro com as apetitosas chouriças, chouriços e preparam-se as carnes para as salgadeiras.
Os bons presuntos merecem uma atenção especial, e serão curados com boa lenha e o frio.
O povo ainda dizia: “criar e matar o porquinho é ter o talho em casa”.
Sabemos que existe uma mudança social nos rituais apontados.
 
Pois que haja alegria que baste com castanhas, vinho e porquinho.
“Ande o sol por onde andar, o verão de São Martinho há-de chegar”.
É sempre uma satisfação recordar a lenda de “São Martinho, a capa e o pobre”.
“No dia de São Martinho mata o teu porquinho, chega-te ao lume, assa as castanhas e bebe o teu vinho”.
“Quatro castanhas assadas, / quatro pingas de aguardente, / quatro beijos de uma moça, / fazem um homem contente.”
Assim regista Gabriel Gonçalves no “Cancioneiro Temático da Ribeira Lima”.




José Rodrigues Lima - 938583275

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Maria Isaura da Silva Vieira


Maria Isaura da Silva Vieira


  Maria Isaura da Silva Vieira, nasceu em 1931, dia 12 de Janeiro, filha de Miguel Abreu Vieira e Ana da Silva, em Guimarães.
Nunca foi à escola, o pouco que sabe ler e escrever aprendeu-o à sua custa. Era irmã de mais 2 irmãos. Um irmão faleceu no ano passado em Guimarães e a irmã morou na Socomina e, agora está em Serreleis.
Ficou órfã de mãe aos 16 anos e o pai era doente. Ajudou-o até aos 56 anos, isto é, até à sua morte e ela tinha 27. Depois da morte do pai, casou-se em Guimarães com Luís António de Araújo que faleceu já há mais de 26 anos e era pai dos seus filhos; o José pai de quatro filhos e vive em França; Jorge pai de um casal e de duas meninas que morreram e eram mais velhas, e tem agora mais três bisnetos.







O marido era sapateiro e trabalhava com o pai dele. O casal com o filho de 5 anos foi para França. Ela regressou, e veio para Viana e foi para a casa da irmã onde arranjou trabalho na casa Laranjeira com a ajuda do Pe. Constantino onde esteve com o filho que já tinha 10 anos. Os seus sogros convenceram-na a ir para a França ter com o marido com quem viveu mais 4 anos e teve mais um filho. Na França esteve até à reforma antecipada e o marido doente, já tinha regressado a Guimarães, onde morreu. 
Passa agora o tempo a rezar. Faz parte da Legião de Maria, tem alguns problemas de saúde em relação à mobilidade. 
Sai à rua, mas com alguma dificuldade e com a ajuda de canadianas.
É uma senhora de bem, generosa e muito crente na Eucaristia e a oração do rosário  pela saúde dos seus filhos e netos e os doentes em geral, não lhe escapa.



Lurdes Faria


Lurdes Faria


Maria de Lurdes Soares Faria, nascida em Ponte de Lima, em 

1934. 

Fez a Escola Primária na sua terra. Foi depois professora regente

 escolar e casou com 22 anos com Rogério Pimenta Agra de 

Lanheses, dos Agras. É cunhada da Fátima Pimenta Agra, do 

Secretariado Diocesano da Pastoral Social, e é tia e madrinha da 

filha que se chama Maria de Fátima Faria Agra que trabalha na

 Europac. Além desta filha, tem mais um filho, José Carlos Faria

 Pimenta Agra, casado em Lanheses e com geração. A Fátima 

também é mãe de um filho de 34 anos. Portanto, a Maria de Lurdes 

é avó de dois netos. Vive com a Maria de Fátima e é utente da 

nossa SAD. Vive na zona da Abelheira num lindo sítio…

O marido, que eu conheci, era comerciante de mobílias e

 electrodomésticos, mas faleceu em 2001, de uma peritonite

 seguida de septicemia.



Não tinha tempos livres para se divertir. O negócio e o Lar

 ocupavam-lhe o tempo todo. Só à noite é que iam até ao café do

 senhor António em frente à Bomba de Gasolina que era do 

falecido sogro.


A Maria de Lurdes é uma senhora muito alegre e cria empatia com

 toda a gente, O maior problema que tem e teve foi perder o marido

 tão repentinamente em 2001, mas já superou, se assim se pode

 dizer, o sofrimento da sua morte.

A casa dos Brasileiros

                                   

                          A casa dos Brasileiros


Naturalmente poderíamos ir muito longe, nos anos, a propósito dos de Mazarefes que emigraram para o Brasil. Em 1693 faleceu Domingos Rodrigues no Brasil, em 1701 faleceu também, no Brasil, João Rodrigues Junqueiro. Pelo menos, 25 Mazarefenses morreram, no Brasil, no século XVIII. Os de Mazarefes emigraram muito para o Brasil, só em 40 anos, de 1861 a 1900, foram 110 os que saíram ou os passaportes pedidos para o Brasil.
Presumo por motivos que encontrei em registos que a Casa de Gavindos seja a casa que actualmente é do "Necas Reis"- Manuel Freitas Reis. Era a primeira Casa de Mazarefes com outra estrutura diferente da actual, sendo as mais pobres duas que ainda conheci, junto dos Muros.
Uma filha dessa casa, a Isabel Rodrigues casou com Gonçalo Rodrigues Souto, em 1661 que entre vários filhos tiveram um chamado Matias que, por sua vez casou com Andreza Rodrigues da casa dos brasileiros. Este casal teve muitos filhos:Manuel(1706),Maria(1707),Matias(1708),António(1710),Francisco(1715),Teresa(1721),Joana(1727). O Matias faleceu em 1744, enquanto a Andreza em 1770. A Teresa casou em 1759 com António Alves Ribeiro, a Andreza casou com Manuel Alves Salgueiro ,em 1762.
A filha Maria casou com João Francisco da Rocha, de Alvarães. Este casal teve 4 filhos: entre eles a Maria Rodrigues da Rocha que casou em 1759 com o António Francisco dos Reis também de Alvarães os quais tiveram 6 filhos e destaco o Manuel Francisco dos Reis, (tetravô) e a Rosa, nascida a 1774 e casada com Manuel Francisco de Carvalho, em 1794 moradores na Broeira (um dos campos da Broeira na zona em frente à escola primária que se encontra abandonada, antes de passar o caminho-de-ferro era no meu tempo de jovem do João Francisco Carvalho (?), ou João Deira.
O António Francisco dos Reis faleceu em 1816. Deixou bens de alma pela mulher Maria Rodrigues, pela sogra Maria Rodrigues, pela cunhada Joana, entre outros.
O terço dos bens ficou para o Manuel que vivia na casa com uma demente.
O Manuel Francisco da Rocha, irmão da mãe, deixou aos sobrinhos todos os seus bens à excepção do José, ausente na Galiza e rebelde, e à mulher de José Af. Fonte 50.000 de esmola;  à Maria de Miranda, mulher de João Ribeiro Gomes, 30.000; à criada Maria Gomes 70.000 e uma leira da "Virinha" no lugar de Ferrais e com a obrigação de dar 1.200 réis à Senhora do Terço da Capela do Espírito Santo, de Barcelos. À criada Senhorinha Rodrigues à conta da soldada, 130.000 réis.
O Manuel Francisco dos Reis, o primogénito deste matrimónio casou com Maria Rodrigues dos Reis filha de João Gonçalves do Rato e Maria Rodrigues dos Reis, prima, filha de uma irmã do pai. Esteve no Brasil e aí arranjou algum dinheiro e abriu novos horizontes à sua vida, pelo que fez algumas compras de terrenos.
A casa do Brasileiro começou com o irmão de Maria Rodrigues da Rocha, Manuel Francisco da Rocha que morreu solteiro e esteve no Brasil a fazer fortuna.
Consta que de lá trouxe um preto escravo chegando até aos nossos dias alguns instrumentos utilizados nessa altura pelo escravo... Terá ido também ao Brasil, mas morreu novo em 1842.
Este casal teve 7 filhos a saber: Manuel, Jerónimo que foi padre e morreu novo, o António que casou a 1º vez com Maria Fernandes. Do 1º casamento foi pai de Teresa e Maria...  Depois de ter enviuvado casou com Maria Parente da Costa Lima de Vila Fria, de quem teve 2 filhos, (o José e a Albina,) a Maria que casou para Vila de Punhe com o José Silva Quintas, o João que casou para Viana com Maria das Dores Araújo, a Rosa que casou com Manuel Francisco de Carvalho e outra Rosa que faleceu criança.
Manuel Francisco dos Reis tinha herdado da sua mãe, Maria Rodrigues, o lugar e casas, torres, terras, lagar, espigueiro do lado norte partindo da Nascente e Sul com outro lugar deste casal no valor de 340.520 reis, uma Cortinha lavradia e vinha do lado Sul da vivenda a partir com um bico que se separou para o co-herdeiro António, uma leira de lavradio dentro da Quinta dos herdeiros, metade dum Campo lavradio com água de rega e um moinho, chamado Muro do Regueiro, que parte do nascente, com a co-herdeira Maria, uma terra de lavradio no sítio do Vermoim, chamada Carreira e uma leira de lavradio no sítio da Morada, tudo no valor de 892.420 reis.  
À morte deixou ainda os filhos, João de 29 anos casado em Viana, a Maria de 28 anos, casada em Vila de Punhe, o Manuel com 24 anos, o António com 19 e o Jerónimo com 17 anos. Ficou tutor do menor, o João. Deixou em role 2 propriedades nas Borras, uma na Ponta da Veiga, 2 nos Boldrões, 1 no Chouso, 1 no Vermoim e 1 no Calvete. Contraiu alguns empréstimos no valor de 72.123 reis que os pagou.
O valor do seu formal no testamento foi de 370.617 réis, à sua parte.
Trouxe uma grande questão com o vizinho Manuel Rodrigues Carvalho que tinha uma oliveira na sua propriedade e esta pendia sobre a Cortinha pelo que depois de dirimida a questão houve uma conciliação e recebeu de indemnização 6.600 reis, em 1838.
Hipotecou algumas propriedades para poder ter crédito em alguns empréstimos, como a Bouça de Lamas e a do Pereiro.
Foram credores Belchior Almeida, Simão Barbosa de Almeida e Manuel Francisco da Rocha. À sua morte era devedores à família o António Rodrigues Vaz, Manuel Pereira Viana, Teresa Pereira e Manuel Rodrigues Barbosa, o que foi tudo pago.
A viúva Maria Rodrigues faleceu a 1863 deixando 4 filhos e o Manuel em sua companhia, a quem fazia o terço. O Pe. Jerónimo, seu filho já tinha morrido. O filho Manuel tinha um filho no Seminário, o Jerónimo e deixou-lhe mais bens para constituição do património do neto ao receber ordens sacras. À criada chamada Ana que era filha de José Rodrigues Barbosa deixou uma cama aparelhada e por não saber ler, nem escrever, assinou a rogo dela o senhor Domingos Rodrigues Vaz, em 20/10/1873.
O Manuel casou com a Rosa Ribeiro da Silva, filha de Manuel Fernandes (dos Carrapatos) e Maria Ribeiro da Silva da qual teve 7 filhos: João, nascido em 1852 e falecido em 1876, o Jerónimo nascido em 1856, casado para Vila Franca com Teresa Ribeiro da Silva e falecido a 1940. Andou no Seminário e a avó paterna deixou em testamento um campo para o património, se ele fosse padre. Ficou órfão de pai aos 17 anos e foi o João, casado em Viana, o seu tutor. O Manuel Júnior nascido a 1856, casado com Rosa Pitta Bezerra, de Darque de quem teve o José Pitta Reis que, por sua vez, casou com Rosa Sá Freitas Lima e teve os seguintes filhos, Maria, António, Maria Luísa, Rosa, José, Manuel e Augusto.
A Ana, nascida em 1866, casou com António Rodrigues de Araújo Coutinho, da Casa dos Cordoeiros, das Boas Novas, de quem teve 4 filhos a Maria, a Ana, a Rosa e a Laura.
O filho que ficou nesta casa Manuel Francisco dos Reis (trisavô) seguiu as pisadas do tio avô e do pai indo ele também ao Brasil recebendo diplomas humanitários que ainda possuímos, o que mostra ter sido pessoa que por lá esteve tempo razoável  para mostrar o que valia e criar relações sociais capazes de arrancar a admiração da população do Rio de Janeiro. Sabemos que teve passaporte para se ausentar para o Brasil passado aos 16 anos e aos 25 anos, pelo menos.




O Manuel fez inúmeras compras, mais de 200 mil reis com dinheiro ganho no Brasil, parece que a sua ideia era comprar Mazarefes inteira e, do formal de partilhas em 1898, constava o seguinte:
VIÚVA:1.Casas, altas e baixas, espigueiro, eira, poço, terra lavradia, árvores de fruto, vinham; 2.Cortinha; 3.Muro; 4.Moínho; 5.Mial; 6.Cabreiras de Sabariz; 7.Estacada da Ponta do Veiga; 8.Estacada na Veiga de S. Simão; 9.Leira na Cachada de Cima; 10. No Prado; 11.Estacada de roço no Veiga; 12. Leira de Mato e Pinheiros em Stº Amaro; 13.Leira lavradia no Meal pequeno; 14.Outra Leira de Mato e Pinheiros em Stº Amaro; 15. Leira de Junco na Veiga de S. Simão; JERÓNIMO:16.Bouça de mato e pinheiros na Espinhosa; 17. Leira de Mato e Pinheiros no Fontão; 18. Um campo de terra lavradia; 19. O campo do Estivada; 20.Terra lavradia na Morada de Cima; 21.outra na morada de Baixo; 22. Campo da Quinta de Melo; 23. Leira de Mato e Pinheiros nos Raindos de Baixo; 24. Leira de Paul e Madeira no sítio da Bordonesa ; 25. Leira de lavradio e Mato na Areia Cega da outra banda da freguesia de Mazarefes; MANUEL:26. Leira no Termo; 27. Leira no Vermoim do Matias; 28. Terreno lavradio e vinha no Vermoim da Carreira; 29. Lugar de Casas dos Vermoins; 30. Casas altas e baixas, poço, árvores de fruto e vinha, terra lavradia; 31. Bouça de Mato e Pinheiros no sítio dos Borras; 32. Leira de mato e Pinheiros no sítio das Corgas; 33. Leira de Mato e Pinheiros no sítio da Sarrobada; JOSÉ: 34. Leira de Mato e Pinheiros na Bouça da (Curta?); 35. Leira  de Mato e Pinheiros em Stº Amaro; 36. Outra de Mato e Pinheiros em Stº Amaro, Bouça da Quinta do Borralho; 37. Leira de lavradia e vinha na Saloa; 38. O Campo do Vermoim da Velha; 39. Leira de Mato, Pinheiros e Carvalhos no sítio do Pelote; 40.Leira de lavradio e algumas videiras no Safrão; 41. Terra de lavradio e vinha na Cachada de Baixo; 42. Estacada Pequena na Ponta do Veiga; 43. Campo de lavradio e vinha no sítio da Fontela; MIGUEL:44. Moinho; 45. Bouça de Mato e Pinheiros na Cabreiras de Baixo; 46. Terra de lavradio no sítio da Junqueirinha; 47. Leira de Paul e Madeira na Junqueirinha; 48. Terra de lavradio e madeira nos Bordones; ANA:49. Bouça de Mato e Pinheiros na Bouça da Terra; 50. Outra Bouça de Mato e Pinheiros na Bouça de Curta; 51. Bouça de Mato e Pinheiros no Monte de Stº Amaro; 52.Leira de Terra lavradia e vinha nos Chousos; 53. Leira lavradia e vinhas nos Raindos; 54. Leira de Mato e Pinheiros no sítio da Conchada do Meio; 55.Leira de terra e lavradia no Meal de Baixo; 56. Paul, Madeira e Carvalhos nos Bordones; 57. Estacada de lavradio e madeira denominada Polaina na Ponta da Veiga; 58. Estacada de Junco no Roncal.
Era um total de 3.095.285 reis que repartido por 5 filhos, pois os outros já tinham morrido foi de 619.057 reis.
À morte do Manuel, o filho Miguel estava solteiro e ficou na Casa. Veio a casar aos 52 anos com Maria Pereira da Cunha, mas por pouco tempo, pois deitou-se a afogar no poço da água do consumo da casa. O Miguel enviuvou e queria agora, não uma mulher, mas um sobrinho em casa. Aí esteve um filho de Manuel Júnior, o José Pitta Reis, ainda solteiro a quem com certeza tudo prometeu para casar com a sobrinha Maria, filha da irmã Ana, casada para a Casa do Cordoeiro. Isso não aconteceu porque o José não aceitava essa hipótese e chegou ao ponto de também ele sair zangado da casa do tio e ir até ao Brasil para casar depois com Rosa Freitas Lima, de Darque.
O Miguel, não conformado com a sua solidão, novas promessas fez à sobrinha e ao António, sobrinho da irmã, filho do Alexandre, eram primos, para ambos casarem e virem para o pé dele. Assim foi. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter nascido o primeiro bis sobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel.
O Miguel, não conformado com a sua solidão, novas promessas fez à sobrinha e ao António, sobrinho da irmã, filho do Alexandre, eram primos, para ambos casarem e virem para o pé dele. Assim foi. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter nascido o primeiro bis sobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel, meu pai.
Um dos filhos do José foi o Avelino é Agostinho, filho sobrinho do meu trisavô, nasceu a 17-07-1945, no Rio, estudou no Rio de Janeiro até ao 2º grau e trabalhou 30 anos em farmácia, estando agora aposentado. Casou com Teresinha Carvalho Reis, que nasceu a 07-06-1948, tem o 2º grau e foi esteticista, cabeleireira e maquilhadora, agora também reformada.
   Agostinho Avelino dos Reis tem dois irmãos: Dalva Reis, domestica, casada e com dois filhos e o Disceu Avelino dos Reis, casado, funcionário publico e com um filho. Todos vivem no Rio de Janeiro.
   Do casamento resultou uma geração de três filhos; o Cláudio Henrique Reis, Casado e com dois filhos e professor catedrático de Geografia; o Alexandre Reis, casado e com um filho, administrador e o Márcio Reis, casado e com um casal de filhos, é gestor.
   Os pais de Avelino e de Teresinha morreram todos naquela cidade encantadora do Rio de Janeiro.
O Avelino Francisco dos Reis, da casa dos brasileiros e casou com uma brasileira Irene da Silva Santos. O Avelino Reis não voltou a Portugal e morreu no Brasil. Era filho de José Francisco dos Reis, irmão do meu trisavô que chegou a viver na casa onde hoje vive o Necas Reis, por favor, pois esta tinha ficado no formal de Manuel Júnior na estrada de Baixo, junto ao Vermoim. Este Avelino para além, do Avelino teve mais filhos: José (conhecido mais tarde pelo Zé Brasileiro), deixou geração, a Maria que casou com o José Araújo (dos Catrinos). A Emília que morreu solteira  ( era doente), o Manuel que casou com Ana Barbosa (do Xico Ferreiro) e Ana que casou com João Gonçalves Barreto e com geração.
O Agostinho sobrinho do meu trisavô, nasceu a 17-07-1945, no Rio, estudou no Rio de Janeiro até ao 2º grau e trabalhou 30 anos em farmácia, estando agora aposentado. Casou com Teresinha Carvalho Reis, que nasceu a 07-06-1948, tem o 2º grau e foi esteticista, cabeleireira e maquilhadora, agora também reformada.
   Agostinho Avelino dos Reis tem dois irmãos: Dalva Reis, domestica, casada e com dois filhos e o Dirceu Avelino dos Reis, casado, funcionário publico e com um filho. Todos vivem no Rio de Janeiro.
   Do casamento resultou uma geração de três filhos; o Cláudio Henrique Reis, Casado e com dois filhos e professor catedrático de Geografia; o Alexandre Reis, casado e com um filho, administrador e o Márcio Reis, casado e com um casal de filhos, é gestor.
   Os pais de Avelino e de Teresinha morreram todos naquela cidade encantadora do Rio de Janeiro.
   Os pais do Agostinho Avelino Reis eram o Avelino Francisco dos Reis, da casa dos brasileiros e casou com uma brasileira Irene da Silva Santos.
As Casa dos brasileiros passaram à mão d quem nunca esteve no Brasil com a morte do Miguel.
O António, filho do Alexandre intervém, deita a mão à Maria e casa com ela. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter nascido o primeiro bis sobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel, que casou em 1946 com Deolinda Rodrigues de Araújo Amorim, filha mais nova de José Rodrigues de Araújo Amorim e Antónia Rodrigues de Araújo, da Casa do Zé do Monte, Lugar do Monte.
Na casa dos Brasileiros nasci eu em 7 de Janeiro de 1947. Pelo que a minha mãe conta, não lhe ofereci uma vida muito fácil.
A gestação foi complicada e...a assistência, nessa altura, também não era fácil. Sobretudo, na altura do parto, a situação complicou-se ainda mais, mas com a ajuda da parteira da terra, a D. Inácia do Franco, vim a este mundo numa Terça-feira, em dia de lua nova, pelas 17h30. Fui bem acolhido. Pelo que também a mãe me diz, eu era chorão.

É pena que ao nascer não tenhamos logo a percepção completa das coisas, porque sentiria hoje outra afeição pela falecida Maria que me viu nascer e que a vi morrer em 1996 e o meu pai, nem imagino, ao sentir-se, pela primeira vez, um homem criador e continuado no mundo. Que teria dito ele à mãe? Ambos enlevados e a rebentar de alegria, à beira duma explosão afirmando a todos que eram mais poderosos...
E os avós? O primeiro neto...Estatutos que permaneceram: o Nel do Lexandre e a Linda do Zé do Monte são pais, o Tone Lexandre e a Maria Grijeta, o Zé do Monte e a Tónia Catrina são avós.
Chega o dia 12 de Janeiro, levaram-me à Pia Baptismal...”fui mouro, vim cristão” e os responsáveis foram o Artur e a Maria, o cunhado dos pais e a irmã da mãe. Era assim. Lá foi a madrinha com o Artur mouro e lá trouxeram o Artur cristão, depois do Pe. António Quesado, Pároco de Vila Franca, ter feito as honras da Igreja Católica, à porta da igreja e depois, na Pia Baptismal de Mazarefes, ter declarado: Artur, eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Os paninhos que me embrulharam ainda existem. Serão?...
Regresso a casa levado pelos padrinhos como cristão.
De brasileiro só tinha do meu trisavô paterno-materno, era o Manuel Francisco dos Reis, pai de Ana do Cordoeiro, avô da minha avó paterna Maria Ribeiro da Silva Coutinho e bisavô de meu pai e trisavô meu e de meus irmãos.
Um dia nesta casa onde vivi alguns meses depois de ter nascido e depois de ter ido para o Seminário, aí pelos 13 anos, descobri todos os documentos que tenho entre mãos. A cabeça de S. Bruno em pau-preto, naturalmente, vindo do Brasil, assim como algumas moedas de prata antigas da monarquia, o Cónego Luciano Afonso dos Santos, Reitor do Seminário de Santiago, Director-Fundador do Museu Pio XII ficou com as referidas peças para enriquecimento do património museológico. Encontrei ainda um livro manuscrito cheio de poesias ricas em sátira, humorismo e temas  religiosos não faltavam.
Esse livro mostrei-o ao meu professor de filosofia, Dr. Raúl Teixeira, e ficou-me com ele até nunca mais o ver. Dele transcrevo estas que ainda possuo. Tinha outras, mas não sei delas neste momento...

Versos de improviso a um sujeito que estava com a boca aberta

       Ao pé de Sta. Teresa
       Trepada numa taboca
       Estava uma muriçoca
       Tocando num realejo
       A contradança francesa
       E juntamente a cantar


       Nisto ia por lá passando
       Um taludo mariola
       Que em lugar d’ir para a escola
       Espantado pôs-se a ver
       A muriçoca tocando
       Que o fazia admirar


       Mas um cagalhão q’andava  
       Naqueles sítios voando
       Foi-lhe pela boca entrando
       E o Tone que sem dar fé
       Mui lampeiro o foi chuchando         
       Mesmo até sem o mastigar


  
       Portanto meu caro amigo
       Evite andar com a boca aberta
                   (.................)


Quem foi o autor?
       Ou eram poemas do Manuel Francisco dos Reis quando ausente no Brasil ou de Jerónimo Francisco dos Reis, seu tio Padre que aqui viveu no princípio do século XIX.
Faltam os que saíram para Vila Franca… Virão depois!



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A Falar de Viana


A Falar de Viana

Viana é a minha terra. Se em Mazarefes nasci, Mazarefes é de Viana e eu sou vianense dos quatro costados.
Gostaria de ser a voz daqueles que não tiveram voz, de ser o nome daqueles que nunca foram nomeados como gente pela qual esta terra, este concelho, esta cidade é o que é hoje. Temos, como por exemplo os Arezes, os Brancos, os Cabanelas, os do Paulo e os do Pedro, os do Maduro e os do Cambão, os do Galo e os do Felgas, os dos Gaivotos e os do Camilo, os Valinhas e os do Balinha, os dos Fornelos e os do Outeiro, os do Vieira e os Tanásios, os Delgados e os Parentes, os do Cunha e os do Correia de Sousa, que provavelmente nunca tiveram nenhuma intervenção pública na vida da cidade, mas fizeram parte da vida da mesma.
Isto já é demais. São muitas famílias, mas temos os do Viana e os do Sousa, os do Puga e os do Pintor, os dos Pereiras e os do Socorro, os Alves e os Castros, os dos Silvas e os do Azevedo, os Valenças e os dos Limas, os Coelhos e os Casanovas.



                                                             Apenas uma parte dos muitos vianenses que estão no coração.


Nem todos estes já apontados fizeram ou deixaram rastos públicos porque ninguém lhes deu importância ou atenção.



Nos Claustros de S. Domingos: Aqui ainda se reconhecem alguns sacerdotes como: Mons. Corucho, Cón. Borlido; Padre Lopes Lima e abade do Castelo do Neiva; Padre Cepa, Dr. Luciano Afonso dos Santos Reis; Padre Domingos Sobreira, Padre José Coutinho (nat.de Mazarefes) e prior de Anha; Padre José Pinto, (nat. de Mazarefes) e reitor de Vila Fria; Padre Quintas Neves; Padre António Matos, (nat. de Vila Franca); Padre António Quesado, prior de Vila Franca, o padre que me batizou; Padre Maciel de Matos, Nat. de Mazarefes e abade da Meadela, Padre Daniel Machado, Padre Constantino Macedo, Padre José Sores Ribeiro, Padre Manuel Quintas(?) e outros que poderão ser reconhecidos…


                                                                
                                                              Mons. Corucho com a Comissão de festas de Santa Filomena.


Nos claustros do Asilo das Meninas Órfãos e Desamparadas, hoje, Lar de Santa Teresa

                    Os da Abelheira e Bandeira na festa de S Simão de Mazarefes


Entre eles ainda há os Passos e os do Rodrigues, os dos Zamiths e os dos Santinhos, os de Castel-Branco e os Dias, os Cavaleiros e os dos Rosas, os Urbanos e os Malheiros, os Loureiros, os do Pinto, os do Coco, os do Gonçalves e os dos Meiras, os do Oliveira e os do Galvão, os do Gomes e os do Carvalho, os do Melo e os do Machado, os Afonsos e os Esteves, os Costas e os Moreiras, os dos Trailas e os dos Araújos, os do Borges e os do Brito, os do Ferreira e os dos Cardonas, os do Botelho, os dos Fernandes e os dos Barbosas, os do Arieira e os dos Carvalhidos, os do Novo e os dos Santos, os da Torre e os do Faria, os Salgados e os Francos, os do Sousa e os do Peixoto, os do Miranda e os do Vila, os do Cerqueira e os do Fraga, os do Felgueiras e os do Lopes, os dos Campainha e os do Noronha, os do Matias e os do Morais, os do Sá e os dos Patos, os de Ferraz e os do Teixeira, os do São João e os do Simões, os do Menezes e os do Pimenta, os do Freitas e os do Rio, os do Barreto e os do Ribeiro, os do Veiga, os do Arantes e os dos Palmas, os do Serafim e os do Marinho, os do Alheira e os do Caldeira, os do Matos e os do Rijo, os do Sales e os do Monteiro, os do Bezerra e os do Sordo, os Mendes e os do Esperança, os do Freire e os do Abreu, os do Barros e os dos Filgueiras e os do Mota, os do Bazenga e os do Braga, os do Lomba, os do Cardoso e os do Cruz, os dos Bravos, os do Gigante e os do Rego, os do Arriscado e os do Soares, os do Dantas e os da Ponte, os do Salgueiro e os do Baptista, os do Amorim e os do Rodrigues, os do Sérvio e os do Pedra, o os Marques e os dos Ramos, os do Tiago e os dos Moreiras, os dos Borjas Serafim e os do Brandão, os Flores e os do Cachadinha os do Coimbra e os do Castelejo, os do Couto e os do Fidalgo os do Caridade e os dos Almeidas, os do Pires e os do Leite, os do Maia e os dos Magalhães, os do Costa e os do Rolo, os do Martins, os do Ribeiro e os do Reis, os do Mesquita e os do Soares, os do Conceição e os do Carneiro…
Estes são os que ainda eu conheço, e conheci, estão à minha volta, ou conviveram comigo e já nos deixaram. É possível que haja algum lapso por falta de alguém, mas todos estão na mente de Quem tudo pode e é omnisciente.
No entanto, desde a minha primeira infância conheci e convivi com a família Teixeira da Rua Major Xavier da Costa, cortada pela Praça Primeiro de Maio; pela família Camelo do Largo de São Domingos; pela família Dantas da Rua de São Sebastião (Manuel Espregueira); pela família Carvalho, ferragista; pela família da Ritinha do Forno; pela família Sousa Pinto da Rua da Piedade (Mateus Barbosa); pela família Meira, também da Rua da Piedade; pelas famílias dos advogados Ribeiro da Silva, Oliveira e Silva e Henrique da Silva; pela família da Padaria da Ponte; pela família do Gandra, pelo Dr. Araújo Cunha e pelo Monsenhor Daniel Machado. De alguns conservo fotografias de mais de 80 anos, feitas no quintal dos meus avós.
Na minha memória ainda está a obra da residência paroquial da Matriz de Santa Maria Maior ou pelos seus arranjos, pois me aproximei algumas vezes dela para ver à beira o que acontecia, próprio da curiosidade de infância. Hoje, a Matriz é a Sé Catedral!...
E segundo me constou era esta construção a residência, pois o Monsenhor Corucho vivia numa casa própria à Rua de Santo António e o Pe. Araújo Cunha, que lhe sucedeu na Paróquia, e vivia também a seguir à Escolar Gráfica, na Rua da Bandeira, bastante distante, mas do mesmo lado, onde depois passou a parte baixa às alcatifas e cortinados do Cruz.


                                                                     Os da Bandeira e Abelheira na festa de S João D`Arga

A maioria dos nomes que nomeei e outros que ficaram esquecidos aqui, de agora e de outros tempos da minha infância ficam esquecidos na história do desenvolvimento da minha cidade. Para mim é uma honra para aquelas famílias que não têm registos, imagens ou reconhecimentos que procuro trazer hoje ao de cima.
Qualquer um deles com mais ou menos disponibilidade, trabalho, habilidade na arte de servir os senhores da fidalguia foram esquecidos ou ficarão enterrados para sempre, ou nas prateleiras de papéis e registos por coisa boa ou má, como por exemplo um nascimento, um prémio ou um crime. No entanto, para mim, nem tudo é tão bom, nem tão mau, e tudo fez e faz parte da nossa história.
Aqui fica este registo a falar de Viana porque a falar de Viana gosto de falar dos que não têm voz, nem rosto para a geração futura, quer a nível fotográfico ou imagiológico para registo na memória do Coração dos Homens. Esta memória do Coração é sempre a maior gratidão que nos levará a todos a um futuro de sucesso da nossa Terra que é Viana!
A falar de Viana e por Viana a lembrar todos os nossos antepassados como as lavadeiras da Abelheira, os agricultores e os lavradores, os carreteiros e os funileiros, os ferradores e os lenhadores, os vendeiros e os ferreiros, os fogueteiros e os sapateiros, os caseiros e os ferreiros, os escravos e os criados, os jornaleiros e os padeiros, os pescadores e os trabalhadores na estiva, os matadores e tosquiadores, os barbeiros, jardineiros e os canteiros, os engraxadores e amoladores, os grandes e os pequenos, os que criaram postos de trabalho, os que exploraram mão-de-obra e os injustiçados, os que aos olhos dos vianenses se salvaram ou condenaram nesta Terra que deve reconhecer, perdoar e saber que o sucesso de hoje foi um esforço do passado conjugado com o presente.
                                                                                                                                 Artur Coutinho