O F E N Ó M E N O
“R E L I G I O S I D A D E
P O P U L A R”
Este fenómeno de Religiosidade Popular,estudado
no Concílio Vaticano II, tem sido, nesta era pós-conciliar, objecto de
investigação. Começou pela II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano
(CELAM), realizada na cidade de Medillin, Colômbia, de 26 de Agosto a 6 de
Setembro de 1968.
Não admira que seja na América, onde a questão
foi posta ao rubro, pois já na década de 40 naquele continente, sobretudo,em
alguns países, começou-se a pensar a fundo na renovação pastoral. Algumas
instituições da Igreja Católica mais em contacto com a Religiosidade Popular,
caíu numa atitude de conformismo e ingenuidade.(1)
Do documento dimanado da referida assembleia da
CELAM se verifica a enorme vantagem e os aspectos positivos da referida
Religiosidade. É um facto para 90% do Povo de Deus, o documento insurge-se
contra uma pastoral litúrgica de elites minoritárias que marginaliza as grandes
massas.
Foi o primeiro grande empurrão para os
pastoralistas reverem iniciais posições a partir do Concílio e interessarem-se
mais a sério pelas manifestações da Religiosidade Popular.
Esta acção nova tem levado também aos extremos
alguns ousados da pastoral, como se verificou na Argentina, com a proclamação
da Igreja Popular,que João Paulo II condenou.
Mas, segundo o Prof. Maldonado, as causas desta
redescoberta, situam-se mais na sensibilidade política, que ultimamente tem
mudado a realidade "povo", na crise cultural duma nova civilização,
caracterizada pelo desenvolvimento técnico-industrial e também na viragem
própria da Teologia que desce mais ao facto, à experiência religiosa concreta e
real da pessoa.
Enquanto o mundo for mundo, o homem há-de
interrogar-se continuamente: Quem é o nosso Deus?
A resposta vai encontrá-la na vida, e, sendo
única para todos os crentes, ela manifesta-se de modo diferente ou pode
expressar-se com tonalidades diversasna pessoa ou no grupo.
Claro que com o desenvolvimento da ciência, ela
explicou, explica e explicará muita coisa que o homem desconhecia. No entanto,
a ciência não é tudo e detém-se às portas do mistério, ficando as grandes
questões que apaixonam e embaraçam o homem, sem resposta. 0 que se diz para
uma sociedade com a sua cultura própria e pobre, diz-se, também a propósito,
para uma sociedade abastada e também com uma cultura mais evoluída. Também para
esta, o seu porquê último ficará por responder. Como diz Mircea Eliade,
"quanto mais o homem é religioso, tanto mais ele é real, pois se liberta
da irrealidade duma existência privada de significação".(1)
(1) Religiosidad Popular y Pastoral, Ed. Cristandad, 1979, pág. 48.
(1) Mircea Eliade, Traté
d'Histoire des Réligions, Paris, Payot, 1953, pág. 392.
0 refúgio do homem na paternidade divina,
é como uma criança que se sente segura junto do pai. Não é irresponsabilizante,
é, antes um motivo para uma responsabilidade maior, individual e colectiva.
Deus não nos substitui, mas, antes pelo contrário, compromete-nos e lança-nos
na aventura e no risco. Exige acção pessoal e não admite a passividade.
A Religiosidade aparece como um esforço do homem
para atingir o seu sentido da vida, sem no entanto, querer ser o único meio,
ser tudo.
A Bíblia mostra-nos como Deus veio ao encontro
do homem, pois não era possível a este chegar à Sua plenitude, sem que Deus
descesse até ele, em Jesus Cristo. A Bíblia, desde Abraão a Jesus Cristo,
mostra-nos uma pedagogia divina progressiva do "tirar o véu" às
coisas mais recônditas do homem.
Transformada esta Religiosidade em fé viva e
actuante, ela purifica-se e perde progressivamente a ambigüidade da
superstição, do medo ou da alienação a que estava sujeita. Esta
Religiosidade não demite a humanidade do esforço, da actividade, da diversidade
e mantém o homem iluminado, esclarecido no contacto com a fé verdadeira no Deus
vivo.
Deste modo, a Teologia crítica, tem de dar lugar
a uma Teologia menos dogmática, menos intelectualista, mais acessível ao povo e
mais encarnada na sua alma e nos seus sentimentos, criando maior interesse na
massa do povo.
Ê preciso notar que este povo a que nos
referimos não é apenas formado por ignorantes e analfabetos, mas é todo o seu
conjunto de pessoas com menos ou mais cultura que é muito pouco dado a "
especulações e raciocínio": Precisa de captar intuitivamente pela clareza
dos conceitos, das palavras e pela sensibilidade,ou então vai desinteressar-se
dos dogmatismos. Liturgicamente, foram suprimidos ritos, símbolos e sinais na liturgiza
que poderiam tornar a palavra, mais sacramental, mais compreensível aos ouvidos
do povo, originando uma Liturgia "de elites minoritárias", seriam
constituídas por comunidades de base, movimentos e grupos especializados de
Liturgia, etc, contra as massas que não entendiam a sua linguagem.
A história mostra-nos que, desde sempre, mais ou
menos conscientemente,o homem se interrogou sobre o sentido do seu viver, a
razão de si mesmo e do universo.
"A história da religião começa com a
história do pensamento". (2)
0 Homem procurou explicar o seu destino e tentou
adivinhar o além-morte, olhando para a regeneração da natureza na Primavera e a
sua destruição no Outono. Isso levou-o a tirar conclusões muitas vezes falsas e
arrojadas, mas tem, todavia, um grande valor - o de procurar descobrir a
explicação do porquê último das coisas, principalmente, da vida.
Deste modo, chega mesmo a pressentir a existência dum Outro, que preside à
aventura humana e sobre ela providencia.
Cada povo tem a sua cultura e
a sua Religiosidade. Daí que a resposta da religião, sendo a mesma para todos,
tem forçosamente de usar linguagem diferente para cada região. É vulgar, mesmo,
verificarem-se as diferenças de cultura (de interpretação e de vivência), numa
só paróquia, numa só comunidade.
Assim, poderei apontar, como caso concreto, a
Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, Viana do Castelo, que está, naturalmente,
dividida em três zonas diferentes pela cultura própria e distinta uma das
outras, sendo necessário descobrir também uma linguagem própria para atingir os
diversos sectores sócio-religiosos, sem fugir dos objectivos da evangelização.
(2) A religiosidade Popular, Cadernos P.
A. P., de Manuel Clemente, Centro de Estudos Pastorais do Patriarcado de.
Lisboa
Trata-se, ao mesmo tempo, de um fenómeno de
carácter cultural e antropológico, como diz Manuel Clemente. (1)
0 homem teve a primeira ideia de salvação, ao
observar a regeneração cíclica da natureza, e as festas cristãs absorveram
datas e colorações dos ritos que, celebravam os movimentos cósmicos, símbolos e
quadros de regeneração da pessoa individual e colectiva.
"A Religiosidade Popular é 'imaginosa', na
medida em que se apega às quatro grandes realidades primordiais - água, fogo,
terra e ar - matrizes de todas as imagens: a água do Baptismo, o fogo dos
círios, a terra das sepulturas, o ar dos espíritos. Quer-se uma profunda
comunhão com a solidez elementar do universo e, por isso, se apega aos reflexos
das imagens fundamentais. Não adoptara símbolos novos, porque os quer densos,
com a perenidade dos grandes símbolos cósmicos. (1)
Por isso, a Religiosidade Popular reage sempre
contra qualquer Liturgia intelectual que pretenda roubar-lhe a relação cósmica.
Ela é mais apreciadora dos sentimentos que as imagens. Os símbolos oferecem
significações pela racionalidade dos detalhes ou das palavras.
Não podemos, portanto, na pedagogia da
evangelização, esquecer a própria riqueza latente da alma do povo que queremos
atingir, ou malograda será a pastoral a que nos propusermos.
Este trabalho pretende descobrir valores que
devem ser salvaguardados e aproveitados na evangelização, pretende descobrir
ritos, expressões, símbolos e sinais da Religiosidade do povo cristão, para que
este melhor entenda e mais se interesse, sem se refugiar mais noutras formas
ausentes de sentido ou com sentido deturpado.
Eis ao que me proponho, muito modestamente, sem
grandes atavios, levar a cabo.
(1)
Cadernos P. A. P., na 8, do
Patriarcado de Lisboa, pág. 5
.
O
CONCEITO
DE
RELIGIOSIDADE POPULAR
Antes de avançar mais, convém, no entanto, definir os termos da
questão para que nos situemos em idêntica perspectiva, evitando confusões ou
interpretações menos correctas.
0 termo Religiosidade
não é de fácil definição, mas traduzimo-lo como algo que há de mais íntimo na
alma do povo em relação a Deus e ao mundo transcendental. (1)
A Religiosidade Popular é a busca de Deus e da
fé, própria de cada cultura e manifesta a particularidade de cada extracto
social; daí a sua variedade. A sua raiz assenta numa fé pouco esclarecida. 0
povo detecta, pressente e busca Deus na cerimónia, no objecto e no ambiente em
que se encontra, que o envolve. Aparece muitas vezes, nas suas manifestações
externas eivado de expressões incorrectas pelo exagero ou pelo desvio. Mesmo
assim, não deixa de demonstrar um alto sentido de Deus e das aspirações
existenciais do espírito que escapam, muitas vezes aos pastoralistas e que,
aproveitadas, como alerta Paulo VI na "Evangelii, Nuntiandi"que poderiam
servir para uma mais eficiente pedagogia da evangelização.
"Se essa Religiosidade Popular for bem
orientada, sobretudo mediante uma pedagogia da evangelização, ela torna-se rica
de imensos valores." Assim, ela traduz em si uma certa sede de Deus, que
somente os pobres e os simples podem experimentar; ela torna as pessoas
capazes de terem rasgos de generosidade e predispõe-nas para o sacrifício até
ao heroísmo, quando se trata de manifestar a fé. Esta religiosidade comporta um
aturado sentido dos atributos profundos de Deus: a paternidade, a providência,
a presença amorosa e constante, etc. Ela suscita, ainda, atitudes interiores
que raramente se absorvem algures no mesmo grau: paciência, sentido da cruz na
vida quotidiana, desapego, aceitação dos outros, dedicação, devoção. Em virtude
destes aspectos, nós chamamos-lhe, de bom grado, "piedade popular" no
sentido de religião do povo, em vez de Religiosidade.
0 termo Popular
comporta o povo no sentido mais amplo da palavra...0 conceito de povo é
reivindicado pelas várias ciências e não vamos explorar nenhum destes
conceitos, porque qualquer deles estaria incompleto e inadequado.
Também não pretendemos identificar este
"povo" com a "Igreja Popular" ou "Igreja de
massas". Hoje, muito em voga, como termo muito usado na Europa Central de
"massas populares", tomando um sentido pejorativo por certas
correntes sócio-políticas. (2)
0 povo a que nos referimos é todo aquele para
quem veio a salvação, todo o povo que foi redimido pela Cruz de Cristo, no
Calvário; todo aquele que, como pessoa, é capaz de se relacionar com Deus,
porque conhece a Sua Voz,acolhe a Sua Palavra e nela se imerge, seguindo-O.
(1) Ora e Labora, nº 4, 1976, pág. 247.
(2) Ora e Labora, nº 4, 1976, pág. 248.
Portanto, no termo "povo" está o
humilde e o orgulhoso, o ignorante e o sábio, o pobre e o rico, o de todas as
raças, línguas, etnias, culturas no seu conjunto, o de todos que aspiram ou
manifestam necessidade de se relacionar com o transcendental - numa palavra,
todo o povo anónimo das diferentes categorias sociais que se reconhece
intuitivamente dependente de Deus, colocando-se numa esfera de permanente
abertura e escuta, percepção e intuição das realidades espirituais. Todo esse
homem que se relaciona com o transcendente para além da sua competência
profissional ou posição social, pode ser povo, seja professor ou aluno, patrão
ou operário, general ou soldado, sacerdote ou leigo.
Assim visto, a Igreja não pode converter-se a
uma elite minoritária de privilegiados, mas tem de erguer-se por uma dinâmica
interna capaz de a todos levar: a mensagem que lhe foi confiada.
Esse foi o mandato que os apóstolos, na
Galileia, receberam de Jesus.
Religiosidade Popular é, portanto, a expressão
anónima da fé popular que existe antes da Religião Oficial. Com o aparecimento
desta, que muitas vezes utilizou conceitos abstractos e dogmáticos,
imperceptíveis pelo povo, originou uma maior acentuação de fórmulas simples,
directas e rendosas, mais perceptíveis e muito do seu gosto.
Para a considerarmos, não nos podemos abstrair
de três factores muito importantes na Religiosidade: os pastoralistas, o povo e
a Religiosidade do povo,como veremos na conclusão deste trabalho.
A R E L I G I O S I D A D E P O P U L A R
E A
L I T U R G I A
Todos sabemos que a
Liturgia deve ser a expressão máxima da vivência religiosa; daí que ela deva
estar em consonância com uma percepção imediata pelo povo.
Por isso, a
Religiosidade Popular, com todos os seus ritos, festas, cerimónias e símbolos,
deve ser aproveitada para uma Liturgia Oficial que satisfaça a aspiração da
alma do povo.
A Liturgia Oficial e a
Liturgia Popular sempre se contrapuseram em duas linhas distintas, mas não
paralelas, ja que frequentemente se entrecruzam e confundem. (l)
Todo o trabalho da
Igreja, ( conhecemos pela história da Liturgia ), que tem sido precisamente,
conjugar o cristianismo com o paganismo das populações rurais e urbanas,
aproveitando o que é positivo e numa linha de bondade e honestidade naturais,
segundo a Palavra de Cristo: "Não vim para destruir, mas para
completar". (Mt. 5,17)
Nos primeiros tempos da
evangelização, como poderemos verificar através do aparecimento dos evangelhos
apócrifos, volta-se hoje a pôr de novo o grande problema das relações do
cristianismo com o neo-paganismo que provém do despertar do sentimento
profundamente religioso e autêntico,à margem das igrejas cristãs e plenamente
eivado de características próprias da época que atravessavam.
Este despertar surge no
mundo da cultura e das grandes cidades. É vulgar aparecerem grupos de jovens de
forte expressão religiosa, embora, muitas vezes, extravagante.
0 homem dos nossos
dias sente-se desiludido, frustrado e esmagado por um
progresso que o escraviza e desumaniza; por isso, para superar esta situação,
tem necessidade de se reencontrar a si mesmo, numa identidade espiritual e
religiosa, relacionando-se com o transcendental e divino. Isto é uma prova de
que, para além de todas as regras sociais e jurídicas de
qualquer religião oficial, Deus está no coração de cada homem,como razão única
e última do seu existir. É,neste campo, que temos de dar conta de como a
Liturgia Católica se apoia num tronco religioso de Religiosidade natural.
Os sacramentos e as
festas são meios que nos poderão servir para a descoberta desta inserção
"sui generis" numa infra-estrutura de paganismo religioso.
Assim, os sacramentos,
segundo vários testemunhos da Patrística, foram vistos como uma assimilação
transformadora da realidade simbólica pagã.
Os pagãos serviam-se de
símbolos. Segundo Clemente de Alexandria,os pagãos conduziam a alma através de
realidades simbólicas que eram manifestação, reflexo, revelação do divino,
mediação e véu que oculta.
"Em Cristo, este
véu torna-se transparente e o mito converte-se em mistério, em
sacramento".
Para
interpretar os novos mistérios cristãos, os Santos Padres lançavam mão de todo
esse mundo de símbolos e muito usados, sobretudo pelo paganismo grego: o sol, a
lua, a árvore, a cruz, a água, o óleo, o dragão, a serpente, a noite, as
núpcias, etc. (segundo Lourenço- Moreira da Silva O.3.B.).
0 povo é sensível na sua
Religiosidade, sobretudo, a quatro sacramentos que correspondem a quatro
grandes acontecimentos da vida: o Baptismo, a Eucaristia (Primeira Comunhão),
o Matrimónio e a Santa Unção (morte-funeral), assim como às festas dos
padroeiros, de Nossa Senhora,do Senhor e às festas principais do cristianismo -
Natal e Páscoa.
São também sensíveis ao
aparecimento da luz do dia e ao entrar na escuridão da noite.
(l) Ora Labora,
pág. 248, n° 4» 1976.
São momentos de
interrogação as grandes calamidades, as doenças, os empreendimentos de grande
monta dos quais requerera o bom sucesso, procurando a todo o custo afastar a
ideia do infortúnio, do malogro, "do agouro".
Em todas estas
situações, o povo tem o seu relacionamento próprio c/o transcendental, com o
divino. Tem, portanto, valores que devem ser aproveitados para uma pedagogia de
fé eficiente, falando-lhes na sua linguagem, na linguagem que está pronto a acolher, a abraçar e a seguir.
Deve ser a preocupação
da Liturgia ir ao encontro desta aspiração, para nos sacramentos,atingir com a
simbologia própria, os vários aspectos da vida humana e tornar-se acessível ao
homem como o homem pretende ser simples e imediato, na sua relação com Deus.
Quanto à fórmula que o
povo descobriu para a sua vida de cada dia que tem sido combatida, quando,
afinal, havia apenas de ser transformada e melhorada. Essas fórmulas que o
povo, por si, descobriu ou que os outros, através dos tempos, lhes ensinaram,
não são valores para enterrar,mas para pôr a descoberto. São as fórmulas
capazes de manter, no entanto, o coração do povo aberto, inclinado e dócil à
acção do divino, à acção do Espírito de Deus.
É o caso da oração do
Terço que hoje, por motivos de vária ordem, está a ser esquecida e, também por
esse motivo, começa a haver mais "ateismos”, mais esquecimento de Deus,
mais dispersão para o coração do homem que, muitas vezes e mais tarde, acaba
por sentir um vazio e a necessidade de se encontrar de novo consigo próprio e
de voltar à Casa do Pai.
A R E L I G I O S I D A D E P O P U L A R E O
S S A C R A M E N T O S
Já referi que o povo é sensível, particularmente
à celebração de quatro sacramentos que correspondem a grandes etapas da sua
vida individual e social.
O sacramento é um sinal que serve ao povo de
suporte, na esfera do seu relacionamento, frente a frente com Deus e com
aqueles que têm a mesma fé.
0 povo tem consciência da sua fé, da sua
Religiosidade, embora nos pareça, muitas vezes, superficial, mas na hora
própria confessa a sua pertença a um povo que acredita no mesmo Deus.
0 nosso povo, segundo a opinião de teólogos e
pastoralistas americanos, encontra-se ainda longe duma fé madura, adulta. Mais
se parece com a fé messiânica do Antigo Testamento.
É prática dos sacramentos um índice forte ou
diluído do cristianismo. Por isso, é
urgente explorar a vida sacramental, a partir da cultura, da vivência própria
que possui.
Isto é um facto e já vem desde a sarça ardente, desde a primeira aliança do
povo escravizado nas terras do Egipto, entre Moisés e Javé (Deus).
0 povo judeu sentiu-se libertado e, no nomadismo
da sua vida a caminho da terra prometida (a terra da promessa), onde não
haveria mais escravidão, viveu momentos de coesão, de unidade, de
personalidade corporativa. Aí nasceu a fé como substrato, devendo ser
amadurecida até chegar à plenitude, em Cristo. Este arranque, como o que se
verificou em Abraão, marca o início do itinerário difícil da fé, caindo muitas
vezes em superstições, mitos, magias, etc..., segundo o processo cultural de
cada grupo humano. Foi o sedentarismo na terra prometida, momento de
desequilíbrio social, confrontando-se com outros povos e dividindo-se
sociologicamente entre eles. Até ali, não havia,entre eles, pobres nem ricos,
mas a ambição humana a que estavam sujeitos e a confrontação com outros povos
sedentários com desigualdades sociais, criou neles um caminho bem diferente,
levando-os ao exílio e ao ressurgir de novos profetas a proclamar uma nova
esperança - a esperança messiânica.
A desvirtualização do culto e do seu
personalismo próprio que se tornou desagradável a Deus foi objecto da denúncia
dos profetas, levando-os a criar uma figura nova do futuro - "o pobre de
Javé".
Era o Jesus esperado, como Messias e Salvador
dos pobres e "no mistério da encarnação sujeitaria toda a salvação ao
mistério sacramental da pobreza".
Desde o início da caminhada, este povo a quem
Deus falou em linguagem simples e acessível, criou também uma linguagem tão
simples como a sua própria cultura, recorrendo aos símbolos para o seu
relacionamento com Deus.
Esta linguagem deu a este povo um sentido de
pertença, não enquanto compromisso numa transformação histórica da sua vida,
mas como um acto de "solidariedade" mútua. É por isso que os
sacramentos se encontram em relação com os momentos importantes da sua vida
para solidarizar, avivar a consciência da comunidade, em volta da mesma crença,
da mesma fé, para criar momentos de encontro com Deus e com os outros, para se
identificar e criar ocasiões festivas, como antídoto contra a tristeza que a
vida, muitas vezes, lhe acarreta.
0 Homem é intrinsecamente corpo e espírito e,
como corpo, os sinais sacramentais eram e são gestos sensíveis; por isso,
recorrem já no Antigo Testamento, a toda uma simbologia corpórea. Foi e é uma
necessidade antropológica, psico-biológica. Faz parte da sua estrutura
religiosa e daí a necessidade de um comportamento sacramental. Esta prática
sacramental misturou-se de elementos religioso-culturais indígenas, civis, políticos
e económicos, como é óbvio.
Por exemplo, receber o Baptismo foi já
significado de gozo de direitos e privilégios, deixar de ser escravo.
É ainda sinal, hoje, de prestígio e de
segurança. Quantas vezes os pais vêm pedir o Baptismo para o bébé que se
encontra enfermo ou para que, mais tarde, possa ser integrado em actos públicos
vedados aos pagãos, deixando, assim, transparecer, às vezes, interesses
deteriorados. É um fenómeno complexo que exige ao sacerdote muito tacto para
descobrir a presença da fé.
Como temos dito já e, se assim cremos, cada
cultura terá o seu contexto simbólico próprio que interessa descobrir para
que, eliminando preciosismos negativos, nos sirvamos dos valores positivos
próprios para,na sua própria linguagem e virtudes, tornarmos acessivel o
Evangelho.
Não podemos esquecer sociologicamente que as
manifestações religiosas, às vezes, desconcertantes ou deformadas, podem, mesmo
assim, esconder vivências íntimas e profundas que importa realçar para trazer
ao de cima Jesus e a Sua mensagem... Quantas devoções, santuários, festas, assim
como, muitas vezes, os sacramentos, são, significado de “comércio”.
Os economicamente abastados podem pôr em
evidência toda a sua vaidade e ostentação e os outros, muitas vezes, não passarão
de meros espectadores, conformando-se pacientemente com injustiças que bradam
aos céus.
Observa-se isso todos os dias, sobretudo, na
sacramentalidade do nascimento, da iniciação, do matrimónio e na morte, já para
não falar dos outros sacramentos menos procurados pelo povo.
Continuando a reflectir sobre os sacramentos,
encontramos neles a raiz de muitas festas familiares.
0 Baptismo, para além de ser um sacramento de fé
e de inserção no Corpo Místico de Cristo que é a Igreja e até a purificação do
pecado original, ele é, na alma do povo, motivo para a grande festa familiar do
nascimento.0 casal sente-se crescer, sente-se coroado e, como tal, celebra o
acontecimento, dando-lhe dimensão social. Acontece o mesmo em todas as
religiões. Entra em jogo o mecanismo social que reconhece o aparecimento duma
nova vida e, assume, perante a família, o compromisso de a defender e fazer
crescer.
E m certos meios
de Religiosidade Popular, aparece também o aspecto da oferta do recém-nascido a
Deus, como o sinal do Seu domínio absoluto sobre a criação. Só é pena que sejam
poucos os pais que, ao virem pedir o Baptismo, tenham consciência de todas as
dimensões do sacramento.Não é adiando o Baptismo para uma fase adulta que
supriremos a ignorância dos pais, porque, de qualquer modo, como vão celebrar
eles a festa do nascimento?... É ir ao mundo do paganismo buscar outras
formas, com certeza.
Não é também atentar contra a liberdade da
criança, porque, nesse sentido, também teriam de ser suspensas as acções dos
pais em ordem à promoção humana,profissional e cultural
dos seus filhos.
A Eucaristia, sacramento da presença de Deus na humanidade de Seu Filho Redentor,
é motivo de outra grande festa familiar correspondente à Primeira Comunhão e
Comunhão Solene. Mas,em todas as religiões, existem ritos que correspondem a
celebrações próprias para assinalar a passagem da infância para a puberdade. De
facto, trata-se, no aspecto humano, de um acontecimento importante na vida da
pessoa.
A Igreja, aproveitando este acontecimento
natural e sem se confundir com ele, chamou a si esta celebração com a Comunhão
Solene ou Profissão de Fé que, intencionalmente, a antecipou para o fim da
infância e início da adolescência, dando, pela tradição cristã, às vestes
brancas um significado de prolongamento das vestes do Baptismo, como símbolo da
inocência. Deste modo, a Comunhão Solene marca um período novo na iniciação
cristã, com a renovação das promessas do Baptismo e Profissão de Fé. É um
momento da vida humana e cristã que não esquece e, quantas vezes, a sua
lembrança é motivo de
regresso àqueles que se afastaram por este ou por aquele motivo, por uma crise
ou perturbação de fé surgida na idade juvenil. Esta festa é uma festa também para toda a
comunidade paroquial; eis, deste modo, a dimensão social do sacramento. É
ocasião de movimentação dos adultos, aproximando-os e unindo profundamente as
pessoas, reconciliando-as, muitas vezes.
Aspectos negativo há-os, com certeza, mas não
será por isso que deixamos de dar oportunidade a estas celebrações. Pelo menos,
não temos nós, Igreja, outra coisa que substitua este rito que é um rito
natural.
Há um outro acontecimento natural na vida do
homem - é a "plenitude" da sua maturidade física e psicológica.
Portanto, todos os povos, pagãos ou não,
celebram esse acontecimento com o casamento.
O Sacramento do Matrimónio, para além da
passagem da condição de solteiros à de casados, significa, para a Religiosidade
Popular, a consagração dos esposos para a missão que Deus lhes confia.
São poucos os noivos que atingem toda a
profundidade do casamento, mas também não podemos ser puritanos neste aspecto,
pois para a maioria só não sabem explicar o que sentem, porque, no mais
profundo da sua alma, muitas vezes se encontra irmamente e intuitivamente
aquilo que gostaríamos de verificar com a clareza da Matemática. Cabe aqui
também o bom senso dos pastores e a prudência que deve ir à frente como um
tocheiro na procissão.
Apesar de tudo, para aqueles que só vão à igreja
nestas ocasiões, continua a ser muito importante "casar pela Igreja".
A finalizar a vida do homem, este depara-se com
o problema da morte. É momento que tem de ser celebrado no universo, seja ele
de que religião for. É o mundo transcendental do além, do misterioso, do
desconhecido,do trágico que entra em jogo. 0 culto dos mortos sempre foi
celebrado como profissão de fé consciente ou inconsciente na vida do Além.
A Igreja celebra-a desde sempre, como não podia
deixar de ser, inserindo o acontecimento no mistério pascal de Cristo. Deste
modo,dá-lhe um dualismo celebrativo de dor e de luto, de esperança e
consolação. É este fenómeno, entre as grandes celebrações da vida humana,
aquele que consegue juntar maior número de pessoas, mesmo que não tenham
prática religiosa evidente.
É o funeral a ocasião propícia para uma pastoral
adequada e, aproveitando o ajuntamento das pessoas crentes ou não crentes, para
as despertar da mornice da vida e as levar a descobrir o sentido do viver e a
esperança do porvir.
Sendo estas grandes festas familiares motivo de
grandes preocupações para os pastoralistas, não deixam de ser
também as grandes festas do povo, como as romarias, as procisões, os sermões, as festas das almas,
da Senhora, dos Padroeiros, dos Santos, do Santíssimo, etc...
Queiramos ou não, em todas elas há três aspectos
muito importantes que nunca poderão deixar de coexistir.
Isto pelo facto da pessoa ser corpo e alma, ela
projecta-se nestas dimensões,e nunca haverá verdadeira festa religiosa, se não
houver a parte recreativa e comercial, embora, muitas vezes, estas sobressaim
sobre aquela e lhe dêem um carácter negativo. E ao exagero que ofusca a parte
religiosa que deveria ser revista, pois continua a prudência a estar em campo, porque não é com preciosismos do
sagrado que vamos acabar com ele para lhe retirarmos a parte negativa.
É inútil lutar pela separação, porque o homem,
depois de entrar em contacto com Deus, quer entranhar,como substância corpórea
que também é, entrando em contacto com os outros homens em diálogo, à
mesa, num ambiente de alegria, de cor e som e até de dança. Lutar contra este
aspecto é desconhecer a festa religiosa do povo do Antigo Testatamento, é
desconhecer, mais do que isso, a inclinação natural e a essência da natureza
humana.
Apenas urge eliminar os abusos, as manifestações de
vaidade que seriam humilhação para outros e não será batendo no bébé que ele
deixará de chorar. Os pastores têm de agir habilmente com persistência
e paciência, descobrindo e esclarecendo, mas sempre aproveitando esses tempos
fortes com uma pastoral renovada para catequizar, para evangelizar, para tornar
o Evangelho vida e verdadeiro anúncio do Reino do Deus próximo.
O B A P T I S M O
No Cancioneiro Popular o povo canta:
1. Foi o São João Baptista, (Mt.3,13)
Filho
de Santa Isabel; (Lc.1,57 e
63)
Baptizou
o primo Cristo, (Mc.1,9; Lc.
1,36)
Pôs-Lhe o nome Emanuel.
(Lc.1,31; 2,21
(Mt.1,21; Is.7,14)
2. Ó que lindo baptizado (Mc. 1,9)
Lá no
Rio Jordão: (Mc. 1,9)
São João a baptizar Cristo, (Mc. 1,8)
Cristo a baptizar João.
3. Minha mãe chama-me Rosa,
Eu
Rosa não quero ser;
Baptizei-me por Maria,
Sou Maria até morrer.
4. São João baptizou Cristo,
Filho
de Santa Isabel;
São João era Baptista,
Pôs-Lhe o nome de Emanuel.
5. Ó meu rico São João,
Ó meu santo marinheiro;
Tu hás-de ser o padrinho
Do meu menino primeiro.
6. São João Evangelista,
Filho de Santa Isabel;
Baptizou a Jesus Cristo,
Pôs-Lhe o nome Emanuel.
7. Quero muito a meus pais,
Que me deram a criação;
Quero mais a meu padrinho
Que de moiro me fez cristão.
Nestas quadras (1 e 2) encontramos valores
cognitivos sobre o Evangelho. A quadra 5 realça a ideia de padrinho, introdução
mais tardia, talvez para demonstrar o carácter social do Sacramento
"Ensinai todos os povos e baptizai-os em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo" (Mt . 28,19) e ser testemunha é garantia no assegurar não
só a educação na fé, mas também a promoção humana do neófito. "E vós, padrinhos,
estais dispostos a ajudar os pais desta criança no cumprimento do seu
dever?" (Ritual do Baptismo) Daí o cuidado na escolha dos padrinhos que
ainda hoje existe na Religiosidade Popular. A escolha recai quase sempre em
pessoas bem colocadas na sociedade, pelo menos em relação aos pais (amigos ou
familiares).
"Quem não tem padrinho, morre moiro",
diz o ditado e a quadra 7.
Está em desuso o facto de se escolher um santo,
a Virgem Nossa Senhora,para padrinho ou madrinha de Baptismo, respectivamente
(8 e 9):
8. S. Bartolomeu do Mar
É
pardinho de Maria,
Eu
também sou afilhada
Da
Senhora da Abadia.
9. Ó Senhora da Abadia!
Da Abadia Senhora minha,
Chamai-me Vossa afilhada
Que eu Vos chamarei madrinha.
Os padrinhos de uma criança ficam sendo
compadres entre si e entre eles e os pais do neófito.
Há regiões onde os pais e os padrinhos fazem
numerosos convites a amigos, vizinhos e familiares e vão de casa para a igreja,
em cortejo, onde não faltam os confeitos para atirar à rapaziada que se lança
em tumulto a apanhar do chão.É dia de festa para a família e para todos.
"É com muita alegria que a comunidade cristã te recebe". (Ritual do
Baptismo)
A importância do nome (3) dado à pessoa aparece
nestas quadras e,de facto, ainda há quem responda, quando, porventura, alguém
lhe troca o nome: "Troque-me a porta, mas não me troque o nome".
0 nome é sagrado (4). "Que nome dais ao
vosso filho?" (Ritual do Baptismo) Dá-se o nome do pai ou da mãe, do avô
ou da avó, de um parente ou parenta, do padrinho ou da madrinha, santo ou Santa
do dia, conforme o uso do local, sujeito à superstição, à fantasia, à moda,
gosto, ou ao acaso, conforme o seguinte rifão: "0 primeiro que vai à pia,
ou Manel ou Maria".
Antigamente não havia Registo Civil e o nome
"nascia" com o Baptismo. Ainda hoje se ouve dizer: "É João, mas
ainda não está baptizado".
É curiosa a quadra 6, pela confusão que mostra
entre S. João Baptista e S. João Evangelista.
Aliás, não é só um problema de cultura popular, uma
vez que a 1a quadra se canta em Viana e a última se canta no Soajo,
mas também uma certa confusão que existe no povo em geral, quando se fala
destes santos.
Existia o costume de ser a madrinha a levar a
criança ao colo com um grande vestido branco para o baptizado.
A mãe entregava o menino à madrinha,
dizendo-lhe: "Entrego-lhe o meu menino pagão,/Para que mo traga
cristão./Pela graça de Deus e do Divino Espírito Santo". "Em verdade,
em verdade te digo: quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus".
(Jo. 3,3)
Depois do Baptismo, esta entregava-o à mãe,
dizendo: "Aqui tem, senhora comadre, o seu menino. Entregou-mo pagão,
entrego-lho cristão. Pela graça de Deus e do Divino Espírito Santo,/Com a ajuda
da água benta e dos padrinhos". Ou só: "Aqui tem, minha comadre.
Entregou-me uma alma pagã, aqui lhe entrego uma alma cristã". "Em
verdade, em verdade te digo: quem não nascer pela água e pelo espírito, não
pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne; e o que nasceu do
espírito é Espírito". (Jo. 3,6)
Neste contexto do ritual popular, podemos
verificar a ideia de mudança:o Baptismo faz com que a alma deixe de ser pagã
para ser cristã(7). Aqui se manifesta a fé e a relação de pertença. "Tu és
o Meu Filho muito amado; ponho em Ti toda a Minha complacência". (Mc.
1,11)
A propósito ainda do Baptismo, poderemos apontar
um costume (pagão?), embora praticado por cristãos e que passo a transcrever:
"Sentidos os primeiros sintomas de
maternidade, ou já no último período dela, a mulher, acompanhada pelo marido, e
outras pessoas de família, dispõem-se a pernoitar debaixo da Ponte da
Misarela,em Trás-os-Montes. A primeira pessoa que por ali passasse, era convidada a apadrinhar a futura criança.
Ninguém se recusa a tal convite, que é considerado como um dever moral. A
cerimónia é simples e breve, embora se realize sempre num ambiente de sincera
Religiosidade. Duma corda comprida suspende-se um púcaro de barro negro que,
baixando à profundidade de abismo, recolherá água bastante para o Baptismo pagão.
A futura mãe recebe, então, no ventre, a linfa do Rabagão e o padrinho recita a
oração do “ritual”: Eu te baptizo, criatura de Deus e da Virgem Maria; se fores
rapaz, serás Gervaz, se fores rapariga, serás Senhorinha. Pai Nosso e Avé Maria
rezados por todos em coro ou em silêncio." (1)
Este apontamento curioso mostra-nos o que há, de
facto, na Religiosidade Popular, a propósito do nascimento, e o que se passava,
em tempos, em Misarela passava-se noutras tantas povoações à volta da ponte, da
fonte ou junto a um local pitoresco de um rio.
É significativo o costume de acender uma candeia, por ocasião do
nascimento, mantendo-se acesa até ao dia do baptizado. Deste modo, é superada
a falta da nova luz da fé que é dada naquele sacramento. "Recebei a luz de
Cristo". (Ritual do Baptismo)
A dimensão social do pecado original é aqui
posta em causa; por isso, enquanto não se realiza o baptizado, as pessoas do
agregado familiar não poderão dar esmolas, pois não fazem sentido, no dizer do
povo da Serra d'Arga. Só depois do Baptismo, de acordo com (Lc. 3,11). No
entanto, se morre sem o Baptismo, não tinha, noutros tempos, a honra de ser
sepultado no cemitério, entre os baptizados, "Vós que fostes baptizados em
Cristo, estais revestidos de Cristo. Aleluia. Aleluia". (Ritual do
Baptismo) Mas, em compensação, seria escolhida a melhor e mais querida
propriedade dos pais. "Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis!
Porque dos que são como elas é o Reino de Deus". (Jo. 10,14)
Também há regiões onde as mães, depois do bébé
ser baptizado, vão à igreja, durante a missa, e colocam o menino no chão em
sinal de oferecimento a Deus e à Virgem.
Este costume está quase em desuso e valeu, para
isso, a mãe levar a criança à igreja para o Baptismo; em vez de a entregar à
madrinha, leva-a ela mesma, o que tem mais sentido. Vai a mãe apresentá-la a
Deus e à Igreja, vai oferecê-la, consagrá-la.É o Baptismo a oportunidade que a
Igreja lhe oferece para isso, por vontade divina (Jo. 3,1-6; Mt. 28,18-20; Mc.
1,9-11 e 10,13-16) é o modo mais santo de celebrar o nascimento na fé de uma
criança.
À volta deste sacramento, muitos outros costumes
foram introduzidos pela alma popular, como por exemplo: o neófito, depois da
cerimónia do Baptismo, deve sair pela mesma porta da igreja pela qual entrou. 0
"Credo", que era antes proclamado pelos padrinhos, tinha de ser muito
bem estudado, para não faltar uma única palavra; caso contrário, o neófito
vinha a ter problemas, não ficava bem baptizado. São aspectos negativos em si
que representam preciosismo em ordem à celebração litúrgica do sacramento. Há
inumeráveis e variados casos destes que geraram ou provêm da superstição do
povo à volta do assunto e que não me interessa, sobremaneira, para este
trabalho.
(1) Etnografia Transmontana, de Antônio Lourenço Fontes, págs. 82 e 83.
S. João, repare nisto,
Teve este grande condão:
Ao baptizar Jesus Cristo
Foi quem fez Cristo cristão.
A. A. (pág. 87)
A quadra apresentada tem muito de filosofia e, embora pareça uma
brincadeira, ela deve referir-se à pessoa de Cristo, enquanto ungido e
Redentor. No Baptismo é o cristão ungido e pela unção recebe o Espírito Santo,
que o vai animar a uma vida trinitária, a uma vida no Pai, no Filho e no
Espírito Santo, fazendo-o ao mesmo
tempo, participante da tríplice missão de Jesus: profética, real e sacerdotal.
Com o Baptismo passavam os Judeus a pertencer ao
cristianismo. Também a ideia do Corpo de Cristo - a Igreja - esteja contida no
4o verso: faz Cristo ser
cristão, Ele que é o Princípio e o Fim, o Alfa e Omega. É o Princípio de um
novo Corpo - 0 Corpo Místico de Cristo - e é o fim para o qual os membros que
estruturam este Corpo, caminham, unificando-os pelo Espírito, enquanto
regenerados pela água e pela unção e pelo próprio Corpo que lhes serve de
alimento, através da Comunhão.
E U C A R I S T I A
1. Deixa-me ir, que levo pressa
Levo
água de regar;
Amanhã é dia santo
Temos tempo de falar.
2. Na sexta-feira, por ti, amor,
No
sábado, por ti, meu bem,
No
domingo, vou à missa,
Porque a Deus quero bem.
3. Domingo, se Deus quiser,
Hei-de ir à missa do dia;
Para
ver o meu amor
À
porta da sacristia.
4. Pecados ficai lá fora
Não
entreis lá para dentro,
Que
eu vou visitar Jesus
No
Sagrado Sacramento. MB127
5. Se ouvires tocar para a missa,
Deixa tudo e vai a ela;
Quando vira a folha a santos,
Desce Deus do Céu à terra. C25
6. Alegra-te minha alma,
Que
te bem podes alegrar;
Vem
o padre revestido
A
Jesus representar. CP189
7. Ao subir a este monte
Temos sede e temos fome:
Vós
sois a água da fonte,
Vós
sois o Pão que se come. C/S235
8. Creio que esta minha carne
Há-de um dia ressurgir
Para com a minha alma
Sempre a meu Deus possuir. C/S232
Act. 20,7-11
"No primeiro dia da semana..."
Act. 20-7
"E assim,todo aquele que comer o Pão ou
beber o Cálice do Senhor indignamente... "
1 Cor. 11,27
"Eu sou o Pão vivo que desceu do
Céu..."
Jo. 6,51
"Isto é o Meu Corpo..."
Lc.22,19-20
"Fazei isto em memória de Mim".
Lc. 22,19; 1 Cor. 11,24-25
"Quem come a Minha Carne e bebe o Meu
Sangue..."
Jo. 6,54-55
Jo. 6,53
9. A Divina Eucaristia
Que é Jesus Deus humanado,
De Maria sempre Virgem
Fruto do ventre sagrado. C/S226
10. Vinde, vinde, ó meu Jesus,
Que eu por Vós estou esperando,
Minha alma se está rindo,
Meu coração está chorando. MB 62
11. Santos e santas da corte do
Céu
Pedi todos ao Senhor,
Que
entre no meu coração
Sangue do vosso amor. MB 62
12. Não temos força, Senhor!
P'ra levar a cruz da vida;
Esse Sacrário é Tabor
Onde esperamos guarida. C/S 235
13. 0 Sacrário é dourado,
Por
fora como por dentro;
Adoremos, adoremos
0
Santíssimo Sacramento. CM 183
14. 0 Sacrário é dourado,
Por dentro como por fora;
Adoremos, adoremos
Nosso Senhor na Glória CM 183
15. De alva farinha de trigo
Já depois de amassada,
Se
faz a Hóstia Divina
Que
é no altar consagrada. S/V/S183
16. A oliveira do adro
Não
lhe ponhas o machado;
Que
dá fruto que alumia
A
Cristo Crucificado. MB 119 , CP 42
17. Não mates a oliveira,
Não
lhe ponhas o machado;
Pois é que dá o azeite
P'ra alumiar ao Sagrado. MB 119
18. Abençoada azeitona
Que tem o azeite dentro,
Que "alumeia" dia e noite
Ao
Santíssimo Sacramento.
19. Vinde, vinde, ó meu Jesus,
Qu'eu por Vós estou esperando.
Minha alma está sorrindo,
Meu coração está chorando.
Ajudai-me Virgem Maria,
Pela Vossa protecção,
Ajudai-me a fazer
Uma boa comunhão. MB 132
20. É nobre e bom quem trabalha
Pelo pão de cada dia,
E
que sobre a terra espalha
A
bondade e alegria. MB 116
21. Ofereço esta
missa
A sagrada morte de N. S. J. C.
Se não servir
P'ra bem da minha vida,
Que sirva p'ra salvação
Da minha alma. Serão l28
"Eu sou o Pão vivo que desceu do
Céu..."
Jo. 6,53; 1 Cor. 11,25
"0 Meu jugo é suave e a Minha carga é
leve"
Lc. 24,31 e 32
Lc. 24,30
1 Cor.
10,16-17
Jo. 17,15
Act. 2,42-46
Lc. 14.12-14
Deixa-me... que amanhã é dia santo/Temos tempo de falar (1). É bem manifesta nesta quadra a ideia de que o Domingo, dia do Senhor,
dia santificado, tem de ser tempo para o diálogo, para o convívio, para a
partilha. Às vezes, o trabalho do dia a dia não nos permite realizar a caridade
evangélica em determinados casos incompatíveis com outros deveres do cristão. 0
Domingo é, por excelência, um tempo forte para a entrega aos outros, para a
doação aos outros no diálogo, no convívio e na partilha, procedentes do amor.
Mas o Domingo é também um tempo forte para a oração, sobretudo para a oração
eucarística. 0 homem não é uma ilha no meio dos outros homens e o que o unifica
é Deus. Daí que se sinta necessitado de se relacionar não só no aspecto
horizontal, mas também no aspecto vertical da vida, isto é, não pode esquecer a
sua relação pessoal e comunitária com Deus: No
Domingo, vou à missa (2), porque se por
ti,amor, por ti, meu bem, sou tudo, também
a Deus quero bem. Devo entrar na Sua intimimidade através da oração pessoal
e comunitária. É, por isso, que faço o meu propósito, se Deus quiser, (3),porque só Ele sabe se assim acontecerá e, ao
mesmo tempo, se puder ser, também encontrar-te-ei a ti, amor, junto à igreja, porque o nosso amor sem Deus não será nada.
0 Domingo é um tempo de santificação pessoal,
não é só um tempo para os outros, (1 e 3) um tempo para Deus (2 e 3), mas é
também um tempo para si mesmo. Há necessidade de purificação para o nosso
encontro com Deus. Deus liberta. Há mudança. Ir à missa implica alma nova; por
isso: Pecados ficai lá fora (4) que
não tendes mais cabimento para que seja digno o meu encontro com o Jesus
Eucarístico. A presença de Deus afasta todo o aspecto pecaminoso.
A Missa é tão importante na vida pessoal que (5)
se ouvires tocar para a missa, deixa tudo
e vai a ela. No momento oportuno, a Missa faz Deus presente no mundo na
pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, e é depois de virar a folha a santos. Se Deus desce à terra para Se encontrar de
novo com o homem, não recuses, deixa
tudo, vai a ela... Manifesta ainda a quadra (5) a ideia do sacrifício
incruento que se dá na Missa. 0 povo exprime esta importância também, quando
diz: "Para a missa e para o moinho não esperes pelo vizinho", pois
trata-se de uma acção de que és pessoalmente responsável. É claro que para isto
há sinais e bem se pode alegrar a minha
alma (6),porque vem o sacerdote a
Jesus representar.
A vida é uma caminhada que nos desgasta física e
moralmente (7). Daí o sentir sede e fome
do corpo e da alma e Jesus Cristo é água
da fonte que vivifica, água que mata a sede duma vez para sempre e é pão que se come como alimento do espírito.
Deste modo, a minha carne (8) prepara-se para a ressurreição com a minha alma e gozar da visão beatífica
eternamente.
A Divina Eucaristia (9) é Deus feito Homem, em
Jesus, nascido da Virgem Maria, fruto do
ventre sagrado.
Deus vem ao homem e este espera-0 (10) contente,
pois minha alma se está rindo; no
entanto, o meu coração está chorando o
pecado que a fragilidade humana cometeu, a indignidade que causou para este
encontro divino. Santos e santas da corte
do Céu intercedei ao Senhor (11)
que o Sangue Redentor entre no meu coração para o redimir. A cruz da vida (12) é pesada e
falta-nos, muitas vezes, força para a levar no entanto, Tu, Senhor! és Sacrário onde nos refugiamos. 0 Sacrário (13 e 14) é parte
fundamental da igreja, porque nele está o Santíssimo
Sacramento, o Jesus Cristo glorioso.
(15) Da farinha
de trigo se faz a hóstia divina
que é consagrada no altar.
Respeita a oliveira
(16, 17 e 18), porque é ela que dá o
fruto que alumia o Santíssimo Sacramento, é sinal de presença eucarística
do Senhor Ressuscitado.
Eucaristia é acção de graças, é memória do
sacrifício de Cristo, é oração comunitária, é comunhão com Deus e com os
irmãos.
Enquanto sacrifício é o cúmulo da doação pelos
outros ao Pai; enquanto acção de graças é oração de louvor pelas maravilhas
que Deus realiza na Terra para os homens; enquanto comunhão é partilha, é
confirmação na unidade e participação plena na vida íntima do Pai, do Filho e
do Espírito Santo.
Esta vivência supõe o reconhecimento humilde,
pela parte do homem, do seu pecado. Só desta forma poderá haver comunhão. A
Virgem Maria é medianeira para alcançar a plenitude desta comunhão (19): Ajudai-me, Virgem Maria, pela Vossa
protecção, ajudai-me a fazer uma boa comunhão.
Só quem realiza este encontro sacramental é
capaz de dar nobreza ao trabalho (20) e sobre a terra espalhar a bondade e
alegria. Porque se trata dum mistério o homem não o compreende na sua plenitude
e daí (21) no meio da dúvida o povo pedir para que esta oração eucarística
sirva ao menos para salvação da alma.
No entanto, a missa é algo que não pode ficar
por ali. Ela tem que ter seguimento na vida, pois "Missa acabada,
partamos a abrada". A partilha tem de continuar na vida concreta de todos
os dias ao ponto de quem "ouve missa
não gasta tempo, assim como dar esmola não empobrece".
É a Eucaristia dominical, nas nossas
comunidades, um momento forte de aproximação de pessoas desavindas, um momento
forte de expressão comunitária através do encontro dessas pessoas na mesma
oração, antes e depois da Missa, no ofertório, nos leilões e nas iniciativas de
promoção humana e regional.
M A T R I M Ó N I O
1. Adeus casa de meus pais,
Adeus janela da eira,
Agora vou-me casar,
Adeus, ó vida solteira. C
2. Por casar bem me eu casava,
0 pior é ó depois;
Tenho medo que ponham
Cornos como os dos bois. C
3. Se te perdes na má vida,
Jamais te vou procurar;
Embora a mulher perdida
Não custe a encontrar. C
4. Não faças, pois, desgraças
Que eu te juro, amor eterno;
A minha vida sem ti
É um perfeito inferno. C
5. 0 teo olhar tem encantos,
Como os encantos da fada;
0 teu amor dá-me a vida,
Sem teu amor não sou nada. C
6. Pouco tempo de namoro,
Também pouco de casados,
Terminam no divórcio
Casamentos apressados. C
7. Ainda depois de morrer,
Mesmo dentro do caixão,
Hei-de levar o teu nome
Gravado no coração. C
8. Dei um nó na fita verde,
Outro na amarelinha;
Espero dar-te outro
Na tua mão e na minha. C
Ev. de S. Mateus.
"Por isso deixará o homem seu pai e sua
mãe..."
Gen. 2,24; Mt. 19,5 e Mc. 10,7-8
"Tende os mesmos sentimentos e vivei como
irmãos".
1ª Ped.
3,8
"...Escrevê-la-ei no seu coração".
Jer. 31,33
9. 0 meu amor é tão lindo
Que parece uma flor;
Tu serás a minha vida,
Eu serei o teu amor. C
10. 0 meu amor é um cravo
Eu sou rosa para ele;
Ele é do meu coração
Eu sou do coração dele. C
11. Eras a luz dos meus olhos,
Eras o ser do meu ser;
Eras a minha alegria,
Eras todo o meu prazer. C
12. Eu fiz um juramento
Que espero não o quebrar;
É conservar-me solteiro,
Enquanto me não casar. C
13. Eu hei-de ir ao Céu em vida
Para ver o que lá vai:
Tantas mulheres sem marido,
Tantos filhinhos sem pai. C
14. Meu amor por Deus te peço,
Por Deus te mando pedir:
Nos braços em que me enrolas
Não deixes outro dormir. MB
15. Impossível, sem ser Deus,
Haver quem de ti me aparte?
Quem tiver esse poder,
Antes venha e, a mim, me mate. MB
16. Vê, amor, se não te lembras
Da palavra que disseste;
Que não amarias outro
Enquanto eu vida tivesse. MB
17. Eu casei-me e cativei-me,
Inda não m'arrependi;
Quanto mais vivo contigo,
Menos posso estar sem ti. MB
"Por isso deixará o homem seu pai e sua
mãe, se unirá a sua esposa..."
Mt. 19,5; Mc. 10,7-8 e Gen. 2,24
"...Serão os dois uma só carne".
Mt. 19,5; Mc. 10,7-8 e Gen. 2,24
"...Não é por mero prazer, mas com
sentimentos de sinceridade".
Tob. 8,7
". . .Edificou sobre a rocha a sua casa”.
Mt. 7,24
"Não separe o homem o que Deus uniu".
Mt. 19,6 e Mc. 10,9
"Põe-me como um elo
sobre o teu coração...
porque o amor é forte como a morte".
Cântico dos cânticos 8,6-7ª
18. Se tu queres e eu quero,
Temos o contrato feito;
Não venha cá pai nem mãe
Desmanchar o que está feito. MB
19. Rapariga, se casares,
Toma bem tento primeiro:
Mais vale um rapaz sem nada
Do que um velho com dinheiro. MB
20. Amanhã
vais à igreja
Ao pé de Deus vais jurar:
Que serás mãe carinhosa
E uma esposa modelar. MB
21. 0 meu coração, do teu,
Quem o pode separar?
É
como a alma do corpo
Quando Deus a quer levar. MB
22. 0 meu coração é teu
Aqui como em toda a parte.
Antes cegar que não ver-te,
Antes morrer, que deixar-te. MB
23. Aqui tens meu coração,
Se
queres matá-lo, podes;
Olha que estás dentro dele,
Se
o matas, também morres. MB
24. 0 meu coração do teu,
É
difícil de apartar;
É
como a alma do corpo,
Quando Deus a quer levar. MB
25. Dar-me o sim e dar-me o não,
Com ambos me contentais:
Deste-me um sim, que me quereis,
Um
não, que me não deixais. MB
26. Do meu coração és dono
A outro não o posso dar;
Fiz o juramento, fiz:
De mais outra não amar. MB
Mt. 19,5:
Mc. 10,7-8
Tob.7,12
Jo. 17,20-26
" 0 Senhor vos una e vos abençoe".
Tob. 7,12
"...Ela pertence-te". Tob. 7,12 e 14.
27. Só tu, meu amor, só tu
Só tu tens a liberdade
De andar neste meu peito
Sem fechadura nem chave. CP
28. A roda duma aliança
Parece muito leveira
Mas Deus sabe quanto cansa
Quem a usa a vida inteira. CSP
29. Não me convides ao folguedo
Ir à roda sem seu par
- Tenho uma roda no dedo
Que não me deixa rodar. CSP
30. Foi na fogueira da vida
(Dessa vida que é fogueira)
Que em chamas fiquei pedida,
CSP Sempre arder a vida inteira. CSP
31. Olhos que choram agora
0 passado relembrado
Foram fogueiras d'outrora
Qu'o tempo vai apagando! CSP
32. Palavra "Mãe" tem raízes,
Fazem-na à do pai unida;
Pai e Mãe só são felizes,
Ambos sendo uma só vida! (Alfena, A terra e o seu
povo)
(1) 0 Matrimónio implica um compromisso e uma vida a dois em que os únicos
responsáveis são os próprios noivos; daí a quadra nº 18 e, então, adeus casa de
meus pais, adeus ó janela donde conheci ou apareci muitas vezes ao meu bem-amado; agora a vida vai mudar,
deixo de pertencer ao gaudio da vida solteira para assumir, com a respectiva
maturidade que alcancei, nova responsabilidade.
A vocação ao Matrimónio é sublinhada pelas
quadras 4 e 5.
(4)
Toma tento e acautela-te,
porque prometo amor eterno e sem ti a
minha vida será uma desgraça. Não me
digas que não, que eu juro amor e amor
com amor se paga.
(5)
A expressão do teu amor por
mim tem encantos mágicos, porque me dá
vida e sem ele sinto não ser nada.
(6)
Este amor encontra-se num
contexto muito amplo e, por isso, não pode ser de modo algum assunto a tratar
de ânimo leve, como sói dizer-se, rebenta como a
semente e tem de crescer com o tempo, não se podendo chegar precipitadamente a
conclusões que podem vir a fracassar. São conselhos práticos da sabedoria
popular assim como: "Primeiro que cases vê o que fazes" ou "Quem
pensa não casa,quem casa não pensa".
0 problema do Matrimónio é tão sério e tão
importante na vida que pode ser cegueira da realidade, como diz António
Aleixo”Com os cegos me confundo,/ amor, desde que te vi,/ nada mais vejo no
mundo,/ quando não te vejo a ti.” Por isso, os adágios referidos
recomendarem, sobretudo, calma e serenidade dum modo geral, às vezes, exagerado
como o último refrão.
(2)
Trata-se de um problema tão
sério que, às vezes, surge medo do futuro, medo da falta de fidelidade no
juramento do amor.
A quadra nº 3 recomenda, a partir da
experiência, que a falta de fidelidade pode levar à dissolubilidade do
Matrimónio, jamais te vou procurar,embora
não fosse difícil encontrar-te, porque a flor perdida destoa e é fácil de
encontrar.
(7)
0 problema da
indissolubilidade matrimonial está na alma popular, até o nome do amor
permanecerá gravado no coração para além da morte, porque(9) um será a vida do
outro, um será o amor do outro, uma perfeita osmose, fazendo assim a unidade,
transpondo para a vida real a unidade da Trindade Santíssima - eras o ser do meu ser (11) e choro a luz, a alegria e o prazer que me
dava o teu amor.
Só Deus, de facto, nos (21) pode separar, pois o
nosso coração é um só como a alma e o
corpo são uma e única realidade. É expressivo o adágio popular a propósito da
indissolubilidade: "Casamento e mortalha no Céu se talha".
(22) Por isso, antes morrer que deixar-te,
quer nos encontremos fisicamente juntos, ou distantes em qualquer parte.
(23) Como uma só coisa que somos, aqui
tens o meu coração, se o matas,também morres, porque estás dentro
dele.
(10) Ele é do meu coração, eu sou
do coração dele.
(8)
Esta unidade foi simbolizada
por um nó que demos na tua mão e na minha.
(25) Ao dares-me o sim que me querias deste ao mesmo tempo um não que me não
deixarias.
(26) Assim te fizeste dono, proprietário do meu coração e não posso repartir o
amor, amando outro, porque já não é meu aquilo que sinto por ti.
(27) Existe entre nós uma comunhão total; por isso, és um proprietário que não
precisa de chave para habitares o meu peito, porque só tu tens essa liberdade devido ao juramento que fizeste, ao
prometimento que não podes falhar, com a ajuda de Deus.
(14) Por
Deus te mando pedir que não quebres o juramento que fizeste,pois (15) é
impossível haver quem de ti me aparte; se houver quem tenha esse poder,a não ser Deus, então é
melhor que me mate.
(16) 0 verdadeiro amor conjugal estende-se e
cresce (17) até à morte, porque a palavra que disseste é sagrada e sinto que me
cative e quanto mais vivo contigo menos
posso estar sem ti.
(20) Este juramento é sagrado, porque: "Ao pé
de Deus, na igreja prometeste ser mãe
carinhosa e esposa modelar. "0 contrato do casamento leva consigo o
testamento" porque tal contrato leva o selo de Deus.
A quadra n° 19 é uma recomendação ou
conselho muito prático onde fica bem manifesta a dificuldade de ajustamento das
diferenças de idade e de riqueza.
Pela respectiva dificuldade deve a rapariga (no
caso) ter cuidado, pois não é o muito dinheiro que faz a felicidade do
Matrimónio, não é o ter, mas o ser do outro que pode mais facilmente ser
ajustado.
No mesmo sentido se encontra o problema da idade
- uma diferença acentuada da idade entre os dois é sempre um risco na
afinidade conjugal, pois, ainda,"moça com velho casada, como velha se
trata".
Outro conselho da sabedoria popular está contido
no rifão: "Duas pedras duras não fazem farinha".
(28) Entre esposo e esposa estabelece-se assim uma aliança, a aliança conjugal
simbolizada na roda à volta do dedo
que, embora seja leve, está sempre a
lembrar o momento do juramento, do contrato, o momento em que os dois se
comprometeram a uma vida de unidade e indissolúvel, comungando ambos das mesmas
alegrias e tristezas que a vida lhes trouxer.
Porque nem sempre a vida lhes sorri, esta roda
da vida que parece leve vai
cansando, vai-se fazendo pesada.
(29) Assim, esta roda do dedo me leva
à prudência, pois sou convidado ao
folguedo que me faz lembrar a vida solteira e logo verifico que não posso trocar de par ou não posso rodar,
porque posso quebrar a unidade.
(30) Na mocidade, na juventude que era uma vida fogueirada e chamejante me senti chamado a viver em fogueira
constante ou arder para a vida inteira.
(31) Na realidade, acontece que nem sempre os sonhos da juventude se realizam e
os olhos disso podem dar sinal, chorando ao lembrar o passado aceso de fulgor e
que o tempo, por vezes, vai apagando.
No entanto, esta dor que vem sempre depois, pode
ser ultrapassada quando os cônjuges vivem o ideal não fechado em si mesmos, mas
aberto à sociedade, aberto aos irmãos e a Deus. Quando esta transcendência
imanente ao homem e ilimitada se encontrar relacionada com os outros e com
Deus. O egoísmo e o individualismo humano ou conjugal será menor e a vida é bem
mais fácil de encarar, ainda com os seus reveses.
(32)
A finalidade do casamento não
é só a doação mútua dos esposos, assim como a unidade, mas é também a
procriação. O casal, quando se sente progenitor e gerador de novas vidas, nem
só por isso será feliz, mas sim quando ambos
se sentem a viver uma só vida, quando
ambos são uma só vida.
M O R T E
1.
Deus, quando estava na cruz,
Quase morto a acabar,
Deu uma palavra ao povo:
Eu morro para vos salvar. C
2.
Quem diz que mata a saudade
Não quer dizer o que sente;
Porque ela, na verdade,
Dá cabo de muita gente. C
3.
Se esperança já não tenho,
Para que hei-de eu viver...
Para andar sempre penando,
Mais vale a pena morrer. C
4.
Esta noite sonhei eu
Que me morreu o meu bem;
Eu sonhei, pedi a Deus
Que me levasse também. PC
5.
Eu queria, se morresse,
Tornar a ressuscitar
Para vir do outro mundo,
Depois a este contar. C
6.
Eu queria ir ao Céu
Para ver o paraíso,
Para ver se lá encontro
Gente nova com juízo. C
7.
Santo António leve António
E o Santo me leve a mim,
Lá para o Reino da Glória
Por muitos séculos sem fim. C
8.
Ó águia que vais voando,
Por esse mundo além,
Leva-me ao Céu, onde eu tenho
A alma da minha mãe. C
Lc. 23,43; Jo. 17,20-24
Rom. 5,5
"Jesus, lembra-Te de mim, quando estiveres
no Teu Reino.
Lc. 23,43
"Em Casa de Meu Pai há muitas
moradas".
Jo. 14,2
Lc. 16,25,26,29 e 31
"Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da
Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos entendidos e as
revelastes aos pequeninos".
Mt. 11,25
"Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem
acredita em Mim não morrerá jamais".
Jo. 11,25
"Possuímos nos Céus uma Casa que é obra de
Deus".
2 Cor. 5,1
9.
Eu pedi a morte a Deus,
Ele disse que ma não dava;
Que pedisse a salvação,
C Que a morte certa estava.
10. Se algum dia ouvires dizer
Que uma bala me deu fim...
Vai a S. João e reza
Um Padre Nosso por mim. C
11. 0 cemitério de Arga
Tem a porta de chumbo,
Onde se vão acabar
As vaidades deste mundo. C
12. Sabe Deus de hoje a um ano
Onde estará este meu corpo;
Ou aqui ou noutro lado,
Ou na sepultura morto. C
13. Fui à ermida dos amores,
Muitas coisinhas fui ver,
Fui ver como se morre
Sem acabar de nascer. CG
14. Quando o cruel sofrimento
Faz nesta vida paragem,
Saibam que neste momento
Nosso sofrer é passagem. CG
15. Tenho uma dívida à terra
E a terra me está devendo;
A terra paga-me em vida
E eu pago à terra morrendo. C
Sal. 117,18
"Santo
salutar pensamento este de orar pelos mortos. Por isso, mandou oferecer
o sacrifício expiatório,para que os mortos fossem absolvidos do pecado".
2 Mac. 12,46
"Desviai os meus olhos das vaidades,
fazei-me viver nos Vossos caminhos".
Sal. 37
Jo. 14,1-6
Sal. 131,12
"Se o grão de trigo morrer, dá muito
fruto". Jo. 12,24
"Não tinha o Messias de sofrer essas coisas
para entrar na Sua Glória".
Lc. 24,26
Jo. 17,24
"Formastes-me de terra, vestistes-me de
carne; Senhor, meu Redentor, ressuscitai-me no último dia".
Sal. 92
(5)
0 homem é um mistério e, como
tal, se descobre a si mesmo. Como não encontra na sua própria pessoa a
satisfação de todos os seus anseios,ele se inclina para valores transcendentais
e encontra-se com o absoluto que é Deus.
Aquilo que mais o atemotiza na vida é o problema da morte, porque "para
tudo há remédio, menos para a morte.”
Ao mesmo tempo, supera os seus problemas mais
cruéis, sobretudo, o problema de se ver perante a morte, acreditando numa vida
para além desta que lhe pode dar a satisfação de todos os seus desejos. No
entanto, é sempre um enigma e todos caminham para essa vida já que "contra
a morte não há coisa forte" e"quem de novo não vai, de velho não
escapa", daí o desejo de tornar a
ressuscitar, isto é, de voltar de novo à vida terrena para desvendar o
mistério do outro mundo.
(2)
Pode-se morrer de doença, de
velhice, de acidente ocasional, mas a morte pode também chegar pela paixão,
pela saudade; a saudade dá cabo de muita gente, por isso, é
preciso matar a saudade, desabafando
ou dizendo o que sente.
A morte arrasta a saudade para os que cá ficam a
viver as maravilhas e as tristezas deste mundo terreno. Para não se ficar a
viver de saudade, deseja-se seguir de imediato o mesmo caminho daquele que Deus
chamou (7), mas porque "é no fim que tudo acaba" e a morte não deve
ser pedida (9) há que dizer o que sente,
há, por exemplo, que adornar a sepultura do ente querido, daquele que nos
deixou saudade e continuar a lutar pela
salvação (9).
Quanto ao chegar esta separação, aliás,
passageira, abrem os olhos para a realidade que andava tão esquecida e quantos,
a partir dum momento de saudade eterna se encontram de novo com Deus. É bem
certo o aforisma: "Os mortos abrem os olhos aos vivos".
(3)
A esperança é um lenitivo para
todos os que anseiam. Se não há esperança não há vida, a vida sem esperança é
uma vida desgraçada, mais vale a pena
morrer.
De facto, é a esperança o cimento das coisas com
que se faz a vida do homem.
A esperança lá vai continuando a ser uma mola
real para a transformação da vida humana à face da Terra, um motor de arranque
para a vida do Além.
(6)
Continuará sempre entranhado
no espírito da curiosidade humana, o descobrir o futuro que, afinal, não é do
homem, mas de Deus, e descobrir o Céu
para ver como ele é um paraíso, era
descobrir o mistério. Para o Céu só vai gente com juízo, isto é, só vão os justos. 0 Céu fica lá nas alturas,
fica além onde não chego e, por isso, recorro à águia (à ave que voa mais alto) para que no seu voo livre me leve
com ela a ver a alma da minha mãe que
lá está e a minha não sei quando para lá irá, pois a "morte é certa, mas a
hora é incerta".
(9)
Só Deus pode "dar" a
morte, isto é, só Deus sabe quando Lhe teremos de prestar contas. Por isso, não
interessa, nem se deve pedir a morte
a Deus, porque Ele não a dá. Deve-se
pedir, sim, a graça da salvação,
porque "a morte não poupa nem o fraco, nem o forte" e "quem de
novo não vai, de velho não escapa" e o que interessa não é a morte, mas a
salvação. Está aqui patente a ideia de passagem. A morte é passagem.
(14)
0 sofrimento faz parar o homem, mas o sofrimento redentor
de Cristo venceu a morte, ressuscitando, e aí o nosso sofrimento, enquanto
participamos pelo Baptismo do acontecimento pascal de Cristo, a Sua Paixão,
Morte e Ressurreição, começou a ter um novo sentido. 0 cruel sofrimento faz paragem nesta vida ao homem, mas esta
paragem, este sofrimento neste momento,
redimidos em Cristo, é passagem. A morte é dos sofrimentos mais cruéis. A morte
é paragem para esta vida terrena, é o fim duma caminhada para o Absoluto e o
princípio, o começo duma vida nova plenamente participada e realizada em Deus.
(11)
A morte é um acontecimento que
não falha para ninguém e apresenta-se como um problema igual para todos, pois
"a morte não poupa nem o fraco, nem o forte" e "à hora da morte
tudo acaba". Até mesmo os ricos em vaidades deste mundo, ficam nus na hora
da morte, de nada lhes valendo os seus tesouros terrenos. Todos estão de igual
modo sujeitos à terra e à justiça misericordiosa de Deus.
(12)
"Feio no corpo, bonito na
alma" é um ditado popular que realça a importância da alma, do interior
das pessoas. Não é a "boniteza" que dá felicidade às pessoas, mas a
grandeza do espírito.
De hoje a um ano sabe Deus onde estará
este corpo que é meu... Pode estar
num ou noutro lado, ou na sepultura morto.
0 corpo morre, mas "quem não morre, não vê Deus"; é preciso morrer para ver aquilo que transcende o homem e é resposta para as angústias da
pessoa.
(13)
Morrer sem nascer, há aqui uma referência à
morte prematura, se assim se pode dizer, à morte de um inocente, de um jovem ou
de pessoa nova. Como foi na ermida dos
amores, Aqui terá uma especial referência a casamentos duvidosos e ainda à
morte espiritual pelo pecado. A morte é consequência do pecado.
(1)
A pessoa de Jesus que era
divina-humana, era Deus. Com o gesto da Morte na cruz revelou ao povo que a Sua Morte na cruz era para
nos salvar.
A grande esperança do cristão deve assentar
nesta realidade, mas esta atitude de Jesus não deixou de ser um mistério à
volta do qual gravita agora toda a vida cristã. A fé na salvação leva o povo a
expressar-se, dizendo que "a quem Deus promete não falta".
(10)
A necessidade da oração pelas
almas, a oração por quem já partiu é expressa nesta quadra. S. João é, na Serra
d'Arga, o centro da religiosidade popular da região; por isso, recomenda: vai a S. João e reza o Padre Nosso por mim.
Se ouvires dizer que cheguei ao fim na caminhada terrena que faço
contigo, só te resta uma coisa, rezar por mim.
Há costumes interessantes dos quais gostaria de
realçar o hábito de "botar as almas", em Vitorino de Piães, Ponte de
Lima:
Alerta, alerta: ...
A vida é curta; a morte é certa...
Ó irmãos meus!...
Filhos de Jesus Cristo...
Rezai um Padre Nosso...
E uma Avé-Maria...
Pelas benditas almas...
Do fogo do purgatório!...
Quem assim fizer...
Será por amor de Deus.
(Serão, pág. 32)
As almas santas podem também interceder por nós
a Deus; por isso, se diz, ao entrar no cemitério, ou ao passar junto dele:
Ó alminhas santas
Dos que aí estão sós,
Vós já fostes como eu,
Eu hei-de ser como vós.
Pedi ao Senhor por mim,
Como eu rogo ao Senhor por vós. MB 129
(4)
, (7) "Mais vale morte
que má sorte". "A morte com honra não desonra"- Santo António,
então, nos leve os dois. Manifestam estas quadras o desejo de unidade para
além desta vida.
(15)
Tenho uma dívida à terra da qual fui formado; no
entanto, a terra me deve o meu
trabalho, a minha acção, o desenvolvimento que lhe dou.
A terra paga-me em vida com as suas belezas naturais,
com o fruto que vai dando ao meu trabalho; por isso, continuo em dívida à terra
e só lhe pagarei tudo quando à terra voltar: E eu pago à terra morrendo.Estará aqui a razão do ritual popular,deitar terra com o pé ou
com a mão sobre o féretro, quando desce na cova?
A morte é passagem para uma vida nova e a
verdade é que o povo a supõe como uma caminhada. São várias as expressões
populares que dão esta ideia, mas a mais interessante encontra-se em Gaviera
(Serão, 96), Arcos de Valdevez, onde os mortos são enterrados com botas novas, fortes,
como efectivamente fossem empreender uma grande viagem ou um grande trabalho na
Serra da Gaviera. Este costume era usado,também noutras localidades do Alto
Minho, embora com algumas variantes.
O pranto feito à saída do
féretro da casa, chega, às vezes, ao extremo.Nesse pranto é bem patenteado o
bem e o mal do defunto. São os amigos e os inimigos a desabafar e a perdoar,
pois não desce à cova sem ser perdoado pelos ofendidos. Uma ou outra vez este
pranto até se torna indiscreto: "0 meu querido home. Tu às vezes
batias-me. Mas eu perdoo-te".
É crença popular que a alma, após a morte, tem
de passar por uma ponte tão estreita como um fio de seda. Se não consegue
passar, cai no inferno ou no purgatório, conforme a gravidade dos pecados. Diz
o Salmo 117,20: "Esta é a porta do Senhor; os justos entrarão por
ela".
Há, em algumas partes, o costume de, durante a
velada do cadáver, espetar um alfinete no forro do caixão para que o morto se
lembre dos vivos diante de Deus.
A propósito do Sacramento da Santa Unção, não se
encontra nada no Cancioneiro Popular, mas há costumes como o seguinte:
Ali vai, Divino Verbo,
Vestido de carne humana
Visitar a um enfermo
Que está mauzinho na cama:
Deus lhe dê memória e entendimento
Para receber o Divino Sacramento. CP, 18
Esta "oração" é dita sempre que uma
pessoa cruze ou aviste um sacerdote que vá com o "Senhor aos
enfermos" e administrar a Unção.
R E C O L H A NO CE M I T É R I O
DA N O S S A
C I D A D E
1. Rosa que chora
Flor querida,
Rosa que ama
Flor perdida.
2. Eu vos plantei
Com todo o carinho,
Eu sempre julguei
Que fôsseis menino.
3. Que saudades eu tenho
Dessas flores perdidas
Que sempre foi em mim
Amor e vida.
4. Alma gentil que partiu
para as regiões divinas,
de ti deixaste saudade inolvidável
a teus extremosos pais.
5. Pedrinho, sorriste para a vida,
A vida não te sorriu;
Agora que nos deixaste
A sorrir estás no Céu.
6. Deus te chamou a viver com Ele
no Seu Reino divino;
ausentaste-te deste mundo,
mas vives com Deus,
até que um dia
Ele nos vá chamando um por um
para a tua doce companhia.
Deixaste-nos saudades,
lágrimas, dor e uma recordação
que sempre perdurará no coração
dos que te amam.
Bem haja a tua alma para sempre.
Jo. 12,24
"...Não tinha o Messias estas coisas,e
assim entrar na Sua glória?"
Lc. 24,26
Jo. 12,24
"Possuímos nos Céus uma Casa que é obra de
Deus".
2 Cor. 5,1
"Alegrei-me quando me disseram..."
Salmo 121,2
"Encheu-se de riso a nossa boca e de júbilo
a nossa língua".
Salmo l2
"Vinde, benditos de Meu Pai,..."
Mt. 25,34
"A nossa pátria encontra-se nos Céus...
"
Fil. 3,20
"Passámos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos".
I
Jo. 3,14
7. Mártir foste na vida,
Do
trabalho nada gozaste;
Deixaste saudade infinda
Daqueles que tanto amaste.
8. Em Ti confiei, Senhor,
até ao último instante
da minha vida sobre a terra.
9. Sacerdote de Cristo foi no
templo,
Entre
nós era um amigo de bondade;
Deixou
na terra a luz do seu exemplo,
Levou
ao Céu a nossa saudade.
10.Repousa e descansa
Que nós velaremos,
Até
que no Céu
Nós a ti nos juntaremos.
11.Cedo partiste, é verdade
Nunca tal imaginamos,
Resta agora a saudade
Com que nós te recordamos.
12.Foi marido e pai exemplar.
Católico sincero,
que todos edificava com o seu exemplo.
13. Faleceste tão cedo, meu filho,
Eu te dei todo o amor;
Agora que estás no Céu
Pede por nós ao Senhor.
14. Razão, irmã do amor e da
justiça...
E é por ti que a virtude
prevalece até um dia!
É sempre dolorosa a
despedida
de
alguém a quem votamos terno amor!
Por isso, te não disse
adeus, querida,
quando parti, sofri a
maior dor!
"...Se o grão de trigo morrer, dá muito
fruto".
Jo. 12,
"Confiei no Senhor,...
Salmo 115,10
"Felizes os mortos..."
Apoc. 14,13
Salmo 117,1
"Muitos dos que dormem no pó da terra,
acordarão".
Dan. 12,2
"Ocultaste estas coisas aos sábios e
prudentes e as revelastes aos pequeninos".
Mt. 11,25
"Felizes..." Salmo 119,1
"...Não haverá mais morte…"
Apoc. 21,4
15. E uma despedida assim... para quê,
Se
é temporário o nosso afastamento;
Se
volta a ver-se o que ora se não vê…
Na
etérea região do firmamento.
16. Até um dia, sim?!
É o
mais sério dia
que poderá estar muito perto
por determinação do Criador!
Tu cumpriste bem já o teu dever,
eu continuo ainda a padecer
até que Deus nos volte a
unir...no amor.
17. Se a virtude é dádiva de Deus,
então, no Céu estás, alma bondosa,
porque a virtude soubeste praticar.
18. De nada vamos para nada.
Faz bem a todos,
tenta a bem com todos.
No Céu nos voltaremos a ver.
19. Morreste? Não.
Foi
um sonho.
Anjos não podem morrer.
20. Vieste ao mundo
Em
sofrimento.
Partiste.
Agora resta-me
Ter-te no pensamento.
21. Quem nesta sepultura parar
um
Pai Nosso há-de rezar.
22. Um nome para quê?
Uma cruz basta
para dizer o que a vida foi.
23. Morreste para o mundo.
No nosso coração tu vives.
"Sou peregrino na terra,..."
"Estai preparados vós,também,porque na hora
em que menos se pensa: é que o Filho do Homem chega".
Luc. 12,40
"As Vossas mãos me fizeram e me formaram;
dai-me inteligência para aprender os Vossos Mandamentos".
"Felizes os que seguem o seu caminho
perfeito e andam na Lei do Senhor"
Salmo 119,1 e 73
"Não haverá mais morte".
Apoc. 21,4
"Confiarei no Senhor, mesmo quando me
disse:
Sou um homem de todo infeliz!"
Salmo 115,1
"...pedirei a paz para ti".
Salmo 121,8
"Elevarei o Cálice da Salvação, invocando o
nome do Senhor".
Salmos 115,4 e 119,75
"Não adormece nem dorme o guardião de
Israel".
Salmo 120,4
24. Senhor,
lembrai-vos daquele
que tão piedoso foi para Convosco,
tão afectuoso e meigo para os seus
e tão bom para todos os que o conheciam.
25. A morte foi uma cruz bendita
em que a última prece,
o último olhar foi para Deus.
Orai por ele.
26. 0 sol, o mar,
os caminhos, os campos floridos,
toda a obra do Senhor,
eram o seu enlevo.
Também tu serás sempre
o enlevo e o amor da nossa vida.
27. Recordamos com dor e saudade
quem tanto trabalhou
e terrível doença não o poupou.
28. Querida avozinha...
Deus te guarde no Céu
como eu te guardo no meu coração.
29. Américo, partiste para Deus
Na primavera em flor,
Para que lá do Céu
Peças por nós ao Senhor.
30. 0 mundo deixaste,
Para nós viverás.
Por ti pedimos a Deus
Que a tua alma descanse em paz.
31. Ó vós, que nos conheceis,
Por nossa alma rezai;
Que nós por vós pediremos
Ao nosso eterno Pai.
"Lá assentam os tribunais da
justiça,..."
Salmos 121,5 e 119,1
"Levanto meus olhos para Vós,..."
Salmo 122,1
"Abri os meus olhos para ver as maravilhas
da Vossa Palavra".
Salmo 118,8
"Os que esperam em Vós, Senhor, não serão
confundidos".
Salmo 24,3a
"0 Senhor lembra-se de nós e
abençoa-nos,..."
Salmo 113,20
"Por amor de meus irmãos e amigos, pedirei
a paz para ti".
Salmo 121,8
32. Partiste tão cedo, minha filha,
Nós te demos todo o amor;
Agora que estás no Céu
Pede por nós ao Senhor.
33. E a vós, companheiros meus,
Se eu nunca mais voltar,
Dizei por mim adeus...
Aos campos, à praia e ao mar!
34. A morte coroou-te a vida de glória.
morreste pela Pátria.
Descansa em paz.
35. Para ti, querida amiga,
Dos colegas da escola,
Pelo muito que sofreste
Deus te dê o Céu por esmola.
36. Tu, que para o Céu voaste,
Ainda tão pequenina!
Quanta saudade deixaste,
Querida Cátia Cristina.
37. Combati o bom combate,
terminei a minha carreira,
Guardei a fé.
Por isso, me está reservada a coroa de justiça
que o Senhor, como justo Juiz,
me dará no último dia.
38. Quando eu morrer, não quero
Nem flores, nem cruz erguida;
Das flores só tive os picos,
Cruz, chegou-me a da vida.
39. Deixaste saudade,
Deixaste perdão,
A tua bondade
E nossa devoção.
"Jovem. Eu te digo: Levanta-te... "
Lc. 7,14
"A nossa pátria está nos Céus,..."
Fil. 3,20
"Os que n'Ele confiam, compreenderão a
verdade".
Sab.3,8
"...Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos
salvou".
Is. 25,39a
"A salvação do justo vem do Senhor".
Salmo 36,39a
"As almas dos justos estão na mão de
Deus".
Sab. 3,1
"Felizes os que morrem unidos ao
Senhor,..."
Apoc. 14,13
"Não tinha o Messias de sofrer estas
coisas..."
Lc. 24,26
40. Traçada foi a morte na vitória,
Graças a Deus que nos dá a vitória
Por Nosso Senhor Jesus Cristo. (I Cor. 15,54-57)
41. Ó crente, como vós no íntimo do peito,
Abrigo a mesma crença e guardo o mesmo ideal.
0 horizonte é infinito e o olhar humano é escrito.
Creio que Deus é eterno e a alma é imortal.
Guerra Junqueiro
42. Aqui cinzas escuras,
Sem vida, sem vigor, jazem agora;
Mas esse ardor que as animou outrora
Voou nas asas de imortal aurora
Às regiões mais puras.
43. Não, a chama que o peito ao peito envia
Não morre, a extinta no etéreo gelo;
coração é imenso, a campa fria
É pequena demais para contê-lo.
44. Voltou para Deus com toda a pureza
e simplicidade do seu coração.
Passou a vida como o lírio dos campos.
A sua memória é um perfume.
46. Alfredo, saiste do mundo dos vivos, partiste, mas não te esquecemos.
Como podemos acreditar que morreste,
se tão vivo estás nos nossos corações?!
47. Meu querido filho, que te criei
Com muito carinho e amor;
Morreste, foste p'ró Céu,
Pede por nós ao Senhor.
48. Pouco importa chorar durante a vida, se podemos sorrir na hora extrema.
"A minha alma tem sede de Vós; por Vós
suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água".
Salmo 62,2
"A morte foi absorvida na vitória"
I Cor. 15,54
"…também nós próprios, que já começámos a
receber o Espírito, gememos dentro de nós à espera da filiação adoptiva, da
libertação do nosso corpo".
Rom. 8,23
"É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos
Seus amigos".
Salmo 115
"Como um pai se compadece de seu filho,
assim o Senhor Se compadece dos que 0 temem".
Salmo 102,13
Salmo 125,2
49. Flores brancas da cor da espuma do mar
"Joe" ao Céu, dizei-lhe a ela
0 que eu vos digo a rezar - uma oração,
A saudade que a gente reza a chorar.
50. Já deste mundo não eras
Flor tão cedo colhida
Helena, filhinha querida,
Jamais serás esquecida.
51. Carlos, filho querido,
Que tão cedo a vida deixaste;
Jamais te esqueceremos, filho,
Pois parte de nós levaste.
52. Aqui aguardam as alegrias da ressurreição.
53. Dorme teu sono, coração liberto,
dorme na mão de Deus eternamente.
54. Que a verdade respire livremente,
o sono da criança libertar-se-á no infinito.
55. Teresa Maria nasceu para Jesus.
56. No mundo foste um grande
De trabalho com suor,
Para nos deixares tão cedo
No meio de tanta dor.
57. Rui, que o fruto que de nós ficou
mantenha sempre em mim e em ti, que vives,
o amor que nos uniu e une.
58. Luís, o nosso amor floriu,
As nossas filhas
Manterão vivo em nós
0 amor que nos uniu.
59. Filho, foste um mártir na terra.
Deus te recompense no Céu.
"Nenhum de nós vive para si
mesmo…"
Rom. 14,7
"0 justo gozará de repouso, ainda que morra
prematuramente".
Sab. 4,7
"Por que motivo procurais entre os mortos
Aquele que está vivo?
Não está aqui: ressuscitou".
Lc.24,6a
"Consolai-vos, pois, uns aos outros com
estas palavras".
I Tess. 4,1
"Minha alma tem sede do Deus vivo"
Salmo 41,3a
"...é grande no Céu a Vossa
recompensa"
Mt. 5,12a
60. Tónica querida, em nosso coração
Deixaste saudade, tristeza e dor,
Porque tu na vida foste
nosso maior amor.
61. Eras a nossa alegria,
Eras o nosso amor;
Por isso, pérola preciosa,
Te pomos na mão do Senhor.
62. Partiste... a vida deixaste...
Teu sangue perdeste no nosso além-mar.
Na eterna memória um herói ficaste
E nós cá na terra por ti a chorar.
63. Querida filhinha,
junto ao Trono de Deus,
para onde voaste,
nunca te esqueças dos teus pais.
64. 0 justo é como a árvore
plantada junto de águas correntes,
que a seu tempo dá fruto,
cuja folhagem é sempre verdejante.
65. Homenagem de gratidão dos paroquianos de Monserrate
aos seus zelosos e venerandos párocos,
cujas vidas sacerdotais foram modelos de
humildade e caridade.
66. Querido Zé, deixaste-nos sós,
Quando a vida nos sorria;
Oramos por ti na terra
Para que lá do Céu possas velar por nós.
67. Em vida foste para nós estrada luminosa,
Durante os sete anos por ti vividos.
Foste a conduta da nossa felicidade,
Ternura no ventre e na amizade,
Deixando a dor... aos entes queridos.
"Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o Vosso Nome".
Salmo 115,8
"Vinde a Mim todos vós que vos afadigais e
andais sobrecarregados, que eu vos aliviarei".
Mt. 11,28
"Nós sabemos que passamos da morte para a
vida…"
I Jo. 3,14
"...,o justo completou uma longa
carreira".
Sab. 4,13
"...,e nenhum tormento os há-de
atingir".
Sab. 3,1
"Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me ás águas refrescantes…"
Salmo 22,2-3
"A nossa pátria está nos Céus".
Fil. 3,20
68. 0 cajado, a goiva, a cruz,
0 tríptico dum pastor,
Depois mestre entalhador,
Sempre aluno de Jesus.
69. Querido Jorge,
Ficaste nesse mar;
Os que estão na terra
Por ti rezam a chorar.
70. Saiu da vida, mas não da nossa vida.
Como poderemos acreditar que morreu
quem tão vivo está nos nossos corações?
71. Chamavas-me Teresa Isabel,
Nos sete anos que vivi;
Agora que estás no Céu
A Deus pedirei por ti.
72. Em ti confiei, Senhor,
até ao último instante
da minha vida sobre a terra.
73. Morreste, foste para o Céu
Com sofrimento e grande dor,
Adeus, filha querida,
Nem sequer um adeus te dei
No resto da tua vida.
74. Lembrar-nos-emos sempre de ti
Como tu te hás-de lembrar;
Um adeus até ao dia
Em que nos tornarmos a encontrar.
"0 senhor é meu Pastor: nada me
falta".
Salmo 22,1
"...é um santo e piedoso pensamento"
II Mac. 12,45
Esta recolha no cemitério de Viana, como em
tantos outros cemitérios, dá-nos uma visão teológica sobre a morte. No entanto,
o cemitério é revelador por muitos outros modos: as flores, as visitas, as
velas, as fotos, os símbolos e as sepulturas em si.
Nesta recolha de pensamentos, verificamos que o
povo chama ao Céu as regiões divinas
(4), lugar de sorriso, pois a sorrir
estás no Céu. (5) Para o Céu se vai, porque Deus chama: Deus te chamou a viver com Ele no Seu Reino divino. (6)
,é uma graça que não se sabe quando acontecerá, pois até que um dia Ele nos vá chamando um por um (6, 10, 11). Esta
separação que, aliás, é temporária - se é
temporário o nosso afastamento (15), traz
uma saudade infinda (7). Apesar de haver um afastamento, há sempre algo que
fica a perpetuar a sua memória - Deixou
na terra a luz do seu exemplo (9). No entanto, este chamamento é pessoal e
é feito aos justos: Em ti confiei,
Senhor, até ao último instante da minha vida (8). É tempo de repouso e
descanso - Repousa e descansa que nós
velaremos (10). De Deus viemos e para Ele vamos, se fizermos sobre a terra
o bem - Faz bem a todos, tenta a bem com
todos (18). Não há morte para os que fazem o bem - Anjos não podem morrer (19).
A nossa vida é uma caminhada difícil, viemos e
partimos - Vieste ao mundo em
sofrimento. Partiste. (20) Uma cruz basta para dizer o que a vida foi (22 e
27).
Só deixas o mundo (30), de resto viverás (30) e descansa em paz (30). Para que descanses em paz é preciso a nossa
oração - Por nossa alma rezai (31) e
as almas são, ao mesmo tempo, intercessoras, junto de Deus, por nós - Que nós por vós pediremos ao nosso eterno
Pai (31). Pede por nós ao Senhor
(32), Dizei por mim adeus... (33). A morte é o coroamento da vida em glória
(34) e o Céu é-nos dado por esmola (35) - dom de Deus ao justo. Para o Céu voaste (36). Aqui se exprime
a ideia de espírito. 0 Senhor será o justo
Juiz e só posso esperar a recompensa ao chegar ao fim da caminhada terrena,
se tiver guardado a fé, se combater o bom combate entre o bem e o
mal (37).
A vida é uma cruz (38), mas a saudade, o exemplo do perdão e da bondade, cria nos vivos a devoção.(39).
0 que importa é sorrir na hora extrema (48).
0 crente traz no coração a crença, o ideal, a fé, que é mistério do horizonte infinito e vinca a profissão
em Deus eterno e na alma imortal, confrontando com aquilo de
que o homem é capaz - é escrito
(41).
Reduzidos os corpos que serviram de tabernáculo
a esta crença a cinzas escondidas no gelo da terra, sem vida, voou na imortalidade a alma para as regiões dos anjos e de Deus, porque o
coração é imenso e a campa fria é pequena demais para contê-lo
(42 e 43).
A pureza,
a simplicidade voltaram para Deus e a
sua memória deixa odor (perfume) de
santidade na terra (44). Não pode morrer aquilo que continua vivo nos nossos corações (46).
No juízo final todos voltarão à vida (52). Na
sepultura, o justo dorme o sono da
paz, liberto da guerra do mundo, dorme na mão de Deus (53). Nascemos para Deus (55). A vossa
lembrança há-de manter-nos unidos no amor (57 e 58).
Bem-aventurados sois vós, porque recebereis no
Céu uma recompensa (59).Aquilo que
nos deste, nas Vossas mãos depomos, ó Senhor (61). Se o grão de trigo morrer,
dará muito fruto (64).
A PASTORAL POPULAR
Antes de apontar regras para uma acção pastoral
eficaz, é necessário definir o que entendemos por pastoral: "A praxis da
missão da Igreja que se dirige ao nosso povo como tal povo, com sua cultura e
sua história". (1)
É a praxis dinamizadora da história na sua
marcha para a eternidade orientando-a para uma plenitude humana.
A pastoral não é só uma pedagogia e uma
estratégia dirigida a um indivíduo, mas dirigida ao conjunto de todos os
indivíduos a que chamamos"povo".
"Povo" este que se diversifica pela
cultura própria de uma zona geográfica e se identifica com determinada
sociedade, raça, cultura ou língua.
Eis a pastoral que sempre teve como destinatário
o povo, mas nem sempre se identificou com ele. Por isso, o Concílio Vaticano II
recomenda que a pastoral seja menos pragmática e mais popular, que se tenha em
conta a pedagogia moderna e os problemas psicológicos e sociológicos dos povos,
que se conheça melhor o seu destinatário para que se execute uma pastoral capaz
de atingir o homem na sua globalidade do seu serr e estar num momento concreto
da história e do mundo.
Encontra-se como rescaldo na alma popular a sua
própria Religiosidade e, no capítulo anterior, verificámos expressões populares
que são verdadeira teologia católica.
Evidentemente que assim como há uma
Religiosidade Popular, de amplitude religiosa mais alargada, há um catolicismo
popular que provém da fé católica como religião oficial ou organizada. Ao mesmo
tempo, verificámos que há uma perfeita simbiose entre cultura e catolicismo
popular. É sobre esta cultura diversificada e catolicismo que nos interessa
para este trabalho.
"A Religiosidade Popular é uma realidade
demasiado variada e complexa e é extremamente difícil fixar os seus limites com
certa precisão científica'.(2)
A pastoral tem de partir do conhecimento e das
motivações religiosas do povo, sobretudo, das de carácter devocional, como os
"sacramentos populares"(Baptismo, Eucaristia, Matrimónio e (Santa
Unção) e Morte, como aquela que se prende com o relacionamento do homem com
Deus. Quando Este responde às suas necessidades humanas, como aquela outra que
evidencia o Cristo, que morreu na Cruz, e a necessidade que o homem sente da
protecção, justiça, graças e de experimentar estas vivências nos ritos, nos
símbolos e, ainda, outras devoções particulares.
Há que reconhecer que na sua Religiosidade
o povo tem muitos "Cristos": Senhor dos Aflitos, dos Milagres, do
Socorro, da Prisão, da Saúde, da Boa Lembrança. do Resgate, do Alívio, dos
Mareantes, da Cana Verde, etc...
Ttem muitas "Nossas Senhoras": Senhora
da Agonia, de Fátima, da Cabeça, da Boa Morte, do Crasto ,de Ao Pé da Cruz, das
Neves, das Boas Novas, da Peneda, da Conceição, da Rocha, do Amparo, da
Bonança, da Aparecida, da Ajuda, da Abadia, do Sameiro, do Minho, da Piedade,
etc..., que, às vezes, os santos “têm mais valor” que Cristo e Nossa Senhora:
S.Bento, S. João, S. Silvestre, S.Brás, Santa Justa, Santa Luzia, Santa Marta
,Santo António, Santa Marinha, Santa Bárbara, S. Sebastião, S. Vicente, Santo
Ouvidio, etc ...
Cada uma destas devoções, com a sua motivação,
com a sua história às vezes a redondar em lenda que, nem por isso, deixa de
ter o seu interesse e um fundo de verdade no mais recôndito da alma popular.
Na maioria dos casos as pessoas vêem mais nestas
motivações: 0 poder de Cristo, esquecendo a Sua humanidade e a Sua mensagem
como algo que deve ser encarnado agora na vida de todos os dias; o poder de
Nossa Senhora e dos santos, em vez da necessidade de os imitar nas realidades
do mundo de hoje.
A pastoral tem de antever as diversas culturas
dos povos - a nacional, a regional, a particular e a doméstica. É forçoso à boa
pastoral ser acção extensiva a todas as diversas culturas. Não pode fechar-se
com as elites, com as comunidades de base, sob o perigo de se circunscrever
aos cultivados na sua fé, aos convertidos e nada mais. Ela tem de ser
missionária, por vontade de Cristo, que ordenou: "Ide, pois, ensinai todas
as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
(Mt. 28,19)
Tem, forçosamente, de ir ao encontro dos outros,
das maiorias e das massas, também.
"A evangelização supõe, evidentemente, uma
sabedoria prudencial e uma mística missionária, e a percepção da Religiosidade
Popular em toda a sua globalidade". (3)
Cristo não veio para destruir, mas para
completar e salvar o que estava perdido.
A pastoral tem de ser extensiva a uns e a
outros, às pequenas comunidades e às grandes massas. As comunidades de base a
pastoral tem de as informar e preparar concomitantemente para serem fermentos
na massa dos alheios, dos indiferentes, dos marginais da fé. A pastoral tem de
preparar as pequenas comunidades para uma melhor inserção no povo anónimo,
pois só assim serão capazes de ser evangelizadoras e de cumprir e participar na
missão profética de Cristo libertador dos pobres e dos oprimidos, dando-lhes a
novidade de uma face nova da Igreja que tem as suas exigências, a partir dos
pobres e abandonados.
Não pode a pastoral de hoje esquecer que a
Religiosidade tem muito de carácter afectivo, intuitivo, concreto e não se rege
pela lógica do raciocínio. A Religiosidade recebe um forte influxo feminino,
pois são, sobretudo, as mulheres que mais praticam, as que têm de algum modo
nas suas mãos a primeira transmissão da fé às criancinhas.
A pastoral tem de ter em conta o valor que a
Religiosidade Popular dá às coisas benzidas, às imagens, às estampas, aos
lugares sagrados, às velas, à água benta e às bênçãos. Ela é itinerante e vai
aos templos, aos santuários, aos lugares religiosos, muitas vezes, para
cumprimento de promessas que fez com interesse por benefícios divinos
recebidos.
Ela é orante e aceita a vida, desdobrando-se em
sacrifícios, em solidariedade com os problemas dos outros. Dá um sentido novo
ao pobre, ao enfermo, à criança, ao velhinho, e à morte dedica-lhe um culto
especial, convicta do "mais além."
Tem de reconhecer ainda o valor que a
Religiosidade dá às festas, mesmo, estando este valor escondido sob expressões
folclóricas que são, todavia, muito do seu gosto popular e "uma
Religiosidade não se conhece só pelas suas manifestações, mas, sobretudo, pelas
atitudes, motivos e valores envolvidos nestas manifestações".
0 pastoralista tem que descobrir esses motivos e
valores, antes de se lançar em renovações pastorais carregadas de extremismo,
condenando, à priori, sem tratar primeiramente de salvar o que está perdido ou
acabar com a chama que fumega...
A pastoral deve ter em conta as culturas populares:
a do urbano, do rural e do operário.
Na aldeia, a relação com Deus é mais ligada à
subsistência, enquanto na cidade o homem tem a percepção de Deus, nas
realidades da sua vida social: sistema de produção, legislação vigente,
Estado, emprego, sindicato, etc…
Enquanto que na aldeia a Religiosidade é mais
ritual e, por isso,mais rica em simbologia, na cidade manifesta-se, sobretudo,
nas atitudes de valor cristão, menos ritualista e mais pobre em significações
perante a vida, a morte, o futuro, o trabalho, a família, a insegurança, a
injustiça, a libertação. É menos sistemática, reduzindo-se a "momentos da
vida", como: nascimento, festa, doença, tragédia e morte.
Na cidade, perde-se a simbologia bíblica do
Reino de Deus. Onde está o fogo da lareira? Onde está a água do poço ou da
fonte? Onde está a igreja-templo? Onde está o caminho tortuoso e difícil de
escarpar? Onde está a vinha com os sarmentos? Onde está a mesa onde come toda
a família? Onde estão as parábolas?
A água entra entubada dentro de casa, como o
fogo. A igreja-templo é ofuscada, tantas vezes, no meio-ambiente pela
urbanização local. 0 caminho transformado em planos e direitos arruamentos. A
vinha não existe. A mesa modifica-se pela refeição ligeira e dispersa por
"snackbares", "selfservices" e restaurantes ou pensões. As
histórias, as lendas e os contos desapareceram, pois tudo entra em casa feito
não pela iniciativa de todos, mas apenas de alguns, despersonalizando as
relações humanas entre uns e outros. Os encontros são menos abundantes. Quando
existem, são anónimos,de gente que se cruza na rua a correr ou se acotovela
inconscientemente nas casas comerciais, nos edifícios públicos, nas gares,
todos com pressa de estar em casa ou noutro lado apenas com os "seus"
- amigos e/ou familiares.
Não há vida de testemunho cristão. Vive-se no
prédio com muitas famílias, mas a conversa é sempre a mesma e mensal, senão
anual: - luz das escadas, ascensor, limpeza da entrada e renda. Nem para isto
há diálogo, há contacto pessoal. Não há identificação suficiente para um
verdadeiro testemunho evangelizador.
Há indivíduos que se encontram todos os dias, às
mesmas horas, nos mesmos locais, mas apenas se olham como seres indiferentes,
no transporte público, na rua, no jardim, no prédio, no trabalho, na casa
comercial, "fazenda pública" e, quantas vezes, até no remplo ou a
caminho dos actos de culto.
Sendo assim, onde está o fermento que deve
existir numa comunidade de base, como deve ser um cristão autêntico no meio da
vida social?
A massa existe, está à vista
de todos, mesmo o mais cego do corpo pode encontrar a massa, o que não
encontrará, será o espírito, fruto do calor humano iluminado pela fé e pelo
amor. Esta situação é sinal duma crise na Religiosidade Popular, que traz
novos problemas aos pastoralistas.
A pastoral tem de contar com
estas diferenças de culturas e de motivações sob o perigo de fracassar à
partida. Não poderá haver uma pastoral para a cidade, esquecendo que nesta há
diferentes tipos de comunidade: - os que fazem comunidade a partir do desporto,
do cinema, do trabalho, da habitação... Que as motivações dos operários não são
as mesmas das profissões livres, dos que vivem na cidade ou dos que vivem no
mundo rural, uns e outros, por vontade própria ou contrariados no meio-ambiente
em que se encontrem.
A pastoral deve empenhar-se em
recolher os valores existentes, desenvolvê-los e encarnando-os na vida
quotidiana.
(1) Religiosidade Popular,Equipo Seladoc,Ed. Sígueme - Salamanca 1976, pág. 94.
(2) Religiosidade Popular y Pastoral, Ed. Cristandade, 1979, pág. 20.
(3) Religiosidade Popular y Pastoral, Ed. Cristandade, 1979, pág. 16
PARA A PASTORAL DUMA PARÓQUIA
Vou referir a Paróquia de Nossa Senhora de
Fátima, que se encontra a meu cargo, mas não se trata de excluir aqui quaisquer
outras paróquias, pois tenho consciência
de que ela se insere num grupo de paróquias da cidade de Viana do Castelo, do
mesmo arciprestado e diocese, do Minho e do País.
São mais os aspectos que as une do que aquilo
que as divide. No entanto, refira-se que a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
tem quinze anos de existência como comunidade paroquial e, por isso, se vai-se
vivendo numa esfera nova de Religiosidade Popular da sua gente, pois até ali
encontrava-se afastada do centro da paróquia-mãe e naturalmente dividida pelo
caminho de ferro, perfeita “guilhotina”, sobretudo, dos mais incautos, no meio
da cidade.
Tem, hoje, esta nova comunidade paroquial
consciência de comunidade, consciência de ser um povo com a sua própria
identidade paroquial - citadina. Para ganhar este corpo sócio-religioso não se
pode esquecer, em primeiro lugar, a sua alma religiosa e, em segundo lugar, a
acção do seu lider religioso, Padre Dr. António da Costa Neiva, na qual
trabalhou quase quatro anos. Sucedeu-lhe o Padre Rogério Fernandes da Cruz, na
qual trabalhou sete anos. A acção pastoral destes líderes ficou marcada,
sobretudo, pela descoberta do sentir, do pensar e do viver desta comunidade
para a tornar consciente da sua própria identidade à qual eu agora procurei
depois dar o melhor que pude para que se fizesse corpo paroquial inserido na
vida eclesial.
Sobre as acções que desencadeei, não me
interessa falar delas aqui, nem como exemplo, pois cada comunidade tem as suas
próprias características.
Contudo, quero frisar a dificuldade da
"cura de almas" nesta nova comunidade constituída, em grande parte,
por bairros bem distintos na sua etnografia.
Assim, temos: o Bairro da Bandeira, que abrange
a Papanata e Quelhas anexas, cujo burgo é antiquíssimo, em Viana, onde vivem os
que aqui tiveram as suas raízes familiares noutra eras, assim como a Rua José
Espregueira. Aqui habitam os trabalhadores da pesca artesanal, do comércio e da
indústria, na maioria, e de serviços.
0 Bairro do Liceu, que abrange as ruas Manuel
Fiúza Júnior, S. João de Deus, Dr. João da Rocha Páris e parte da Avenida
Capitão Gaspar de Castro,onde habitam os trabalhadores de serviços (profissões
liberais), trabalhadores da função pública, na maioria, e bancários que vieram das
aldeias e doutros pontos da cidade. São mais recentes.
0 Bairro Jardim, na maioria, habitado por
trabalhadores da indústria e do comércio, e que abrange também a Rua Caminha, a
Estrada da Abelheira até à Capela do Senhor do Alívio e a Rua Padre Américo e
outras.
0 Bairro da Cruz das Barras, habitado,
sobretudo, por trabalhadores de serviços, de indústria e de comércio.
0 Bairro da Abelheira é um lugar bastante
fechado, com características culturais muito distintas do resto da Paróquia e
da cidade, onde habitam, na maioria, trabalhadores rurais, por conta própria e
doutrem, de comércio e de indústria.
É o povo da Abelheira o mais antigo de toda a
cidade. Nasceu ao mesmo tempo que os habitantes do casco histórico. Daí o seu
etnos muito característico e, além disso, proveniente de mistura com uma raça
talvez germânica. São pessoas muito alentadas, fortes, com um pé grande e
"mulheres com cara de homem", como já ouvi classificar.
0 Bairro da Socomina, onde predominam as
profissões livres (serviços) e os que, contrariados, ou não, vieram da aldeia
para a cidade.
0 Bairro dos Capitães do 25 de Abril, onde se
encontra quase a mesma situação do anterior, embora se encontre a uma
distância não relativamente perto.
A zona da
Bandeira é uma zona completamente tradicionalista-intriguista, supersticiosa e
indiferente a qualquer inovação. Difícil de se integrar na vida paroquial,
talvez, devido às inovações introduzidas na sua vida noutros tempos e ao
acabamento com as marchas de S. João e
com a festa que faziam questão de se igualar às da Senhora da Agonia: as
de "Santa Filomena", venerada na igreja do antigo convento das monjas
de clausura, Carmelitas Descalças. 0 centro da Religiosidade Popular gravita à
volta,da "Igreja das Carmelitas", hoje a paroquial de Nossa Senhora
de Fátima e à volta da igreja do Seminário Carmelita aqui também instalado e
mais antigo. Não deixa, no entanto, de ser sensível à fé. Mais ou menos
conhecem-se bem uns aos outros. ,
A zona do Liceu é completamente fria perante o
problema religioso. A sua prática religiosa é dispersa pela cidade. Os seus
habitantes conhecem-se pouco entre si.
A zona do Bairro Jardim é tradicionalista, mas à
espera e atenta às inovações; admiram-nas, mas têm dificuldades em se
comprometerem. É gente unida e colaboradora. Pode considerar-se uma zona pobre.
É sensível ao mistério. Conhecem-se muito bem mutuamente.
A zona da Abelheira é tradicionalista,
"rude" na sua cultura. Fechada e desconfiada. 0 centro da sua
Religiosidade Popular anda à volta da Capela de Nossa Senhora das
Necessidades, com missa dominical. Conhecem-se todos muito bem e formam como
que uma tribo.
As outras zonas são religiosamente frias e os
seus habitantes não se conhecem, à excepção do Bloco da Celnorte, onde habitam
trabalhadores de uma empresa fabril, mas que se conhecem apenas a nível do
trabalho onde se encontram.
Nesta Paróquia assim tão diversificada na sua
cultura, na sua situação sócio-religiosa, etnográfica, na sua forma de luta pela vida de
cada dia... como actuar, qual a acção pastoral eficiente que possa responder e
reavivar o rescaldo da Religiosidade Popular existente na alma deste povo que,
apesar de tão diverso,mesmo perante o mistério do sagrado, se apresenta ainda
como uma comunidade paroquial?
É, sem dúvida, difícil a resposta. Creio,
todavia, que ela, sendo difícil, não é impossível.
No capítulo anterior apontei algumas directrizes
que uma boa acção pastoral deve ter e todas elas devem ser tidas em conta para
a renovação pastoral desta paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
Há, à volta desta comunidade paroquial, os
convertidos à fé, os que vivem uma fé esclarecida verdadeiramente
comprometidos na Paróquia e provenientes de todos os bairros. 0 número destes
não é satisfatório em relação à população local(cerca de 7000 habitantes).Há os
indiferentes, os que praticam o mínimo, alimentando uma Religiosidade primária
e que não aceitam compromissos paroquiais,porque se sentem vacilantes e
indiferentes, às vezes, perante as actividades dos outros. Isso talvez não lhes
diga nada, até porque têm a sua fé pouco cultivada e demasiado ritualista,
confrontada com a fé dos outros mais liberta de ritos e convertida a novas
atitudes de vida, sobretudo, em ordem à fé. Estes são os que aparecem,
sobretudo, às festas que os outros organizam.
Há ainda no contexto dos indiferentes aqueles
que a sua prática se reduz simplesmente à presença em funerais, em baptizados,
em casamentos e comunhões.
À margem existem os alheios, os que não querem
saber da Igreja e o que sabem dela é, às vezes, correspondente a aspectos
"negativos" que algum dia ouviram dizer ou, por acaso, até
observaram pessoalmente, ou vivências antigas de contra testemunho.
Devem ser os alheios, os não crentes, os ateus,
os professos de outras religiões, os pagãos, o principal objectivo da nossa
preocupação evangelizadora, ao mesmo tempo, que para lá chegar, devemos passar
pelos indiferentes.
Não podem, sob qualquer pretexto, os
comprometidos na vida paroquial fugir a esta preocupação; antes pelo
contrário, terão de ser fermento e, para tal , precisam duma inserção na massa
dos indiferentes e alheios, capazes de manter com eles um contacto pessoal,
evangelizador e testemunhante.. Só assim serão verdadeira Igreja missionária
de Cristo cumprindo a sua missão baptismal..
É, sobretudo, neste aspecto que nesta comunidade
paroquial se tem falhado; talvez se caia demasiado no elitismo do grupo sem se
ir ao encontro dos outros. Poder-se-ia chegar mais longe, se acontecesse o
contrário.
É possível que falte o testemunho dos comprometidos
na vida de todos os dias, mas... isso é prova e faz parte de um povo peregrino
que ainda não chegou à plenitude da sua caminhada terrena. Todos os que estão
integrados compreenderão o fracasso das forças humanas que escandalizará,
quantas vezes, farisaicamente, os de fora. Nunca é demais recomendar, todavia,
o testemunho de vida aos que mais dão de si,à comunidade em geral. A vida de
grupo deve ser vida motora da alma paroquial e, por isso, tem que ser
testemunhante da vida de Cristo e geradora de novos grupos, de novos cristãos.
Nunca poderá ser o grupo um quisto na comunidade, anquilosante em si mesmo, sob
o perigo de destruir em vez de construir o Reino que deve anunciar.
UM PLANO DE PASTORAL
Conforme se tem vindo a descrever, determinar
qual vai ser o programa pastoral duma comunidade é assunto que compete, nas
suas linhas gerais, à Igreja. Ela é, por vontade de Cristo, a detentora do
depósito da fé e, como tal, é a primeira a estar atenta às transformações
culturais para melhor esclarecer os pontos fundamentais da fé, purificando-os
das más interpretações dos indivíduos ou dando-lhes uma linguagem diferente e
apropriada a uma nova cultura.
É ela que tem, em primeiro lugar, a palavra
sobre as inovações, os carismas, não para os destruir, pura e simplesmente,
condenando, por exemplo, mas para investigar e apontar as bases fundamentais,
as linhas mestras para uma pastoral eficaz.
Deve haver um plano universal, um plano nacional
e um plano regional. A comunidade paroquial, seguindo as bases traçadas pela
hierarquia da Igreja, deve ela mesma, com o seu pároco, descobrir as linhas de
acção mais apropriadas à cultura, ao etno(s), com o qual se identifica.
Só a partir daqui, o pároco pode ter elementos
que o ajudem a determinar com os paroquianos a programação pastoral.
No entanto, quando ao pároco se apresenta uma
comunidade com zonas distintas nas suas motivações perante o mistério, uma
comunidade verdadeiramente diversificada na cultura, o caso é mais complicado.
Isto acontece, sobretudo, nas paróquias citadinas, como o caso concreto que
apresentei, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
Seria vantajoso recorrer a grupos de zonas
constituídos por indivíduos verdadeiramente comprometidos na vida da Igreja
paroquial e os preparar com uma pastoral adequada para uma transcendente
evangelização dos indiferentes e dos alheios da sua zona, inserindo-se
evangelicamente entre estes, de uma forma verdadeiramente identificada com a
respectiva cultura zonal.
Portanto, teria de recorrer a meios técnicos ao
alcance e pessoas devidamente preparadas para execução de um plano de pastoral
que, ano a ano, teria os seus objectivos principais.
Servir-se-ia da imprensa privada da paróquia, da
imprensa regional e até da nacional, dos meios audio-visuais, etc, etc...
Recorreria às expressões populares próprias de
cada zona, como, por exemplo, às marchas populares, ao folclore, aos concursos
disto ou daquilo, a actividades desportivas, aos encontros informais, aos
convívios, etc... Porque não, por exemplo, neste Ano Santo da Redenção, que
deve pautar a acção pastoral nas nossa comunidades levar a efeito, em ordem à
catequese, concursos de quadras populares, subordinadas ao mote "Abri as
portas ao Redentor" ou a apresentação de trabalhos sobre a Redenção, concursos
de fotografia, subordinado ao tema "Redenção", exposições com os
respectivos resultados, a feitura de calendários de bolso com uma frase a
propósito, assim como autocolantes que todos os dias vão às mãos e aos olhos
dos indivíduos, à feitura de dísticos e painéis sobre a "Redenção"
para os expor nas ruas da cidade, na igreja, em todo o lado.
Se a pastoral esquecer que tem de sair à rua e
entrar nas casas e limitar-se apenas a uma catequese da sala ou do templo,
nunca mais poderá chegar às celebrações litúrgicas em plenitude. Não
interessarão os esquemas litúrgicos preparados por mãos tão sábias, se não
houver uma catequese que chegue ao coração das pessoas tais quais elas são.
Se continuar dentro das salas de catequese e da
igreja, continuará a manter os convertidos ou os meios-convertidos e aqueles a
converter estes, ficará mais longe, mais difícil e tardia a sua missionação, se
é que ela exista deste modo. E não podemos ser cristãos de baptismo, do
baptismo dos nossos pais
0 que se diz a propósito da catequese sobre a
"Redenção", dir-se-ia, sobretudo, em ordem à vivência do que este
assunto "Redenção" implica na vida das pessoas. Por exemplo, a
celebração especial do dia de Ramos, da Semana Santa e do dia de Páscoa.
Depois de uma catequese bem feita e animadora (e
teria de ser inovadora para alguns), não seria difícil a transformação do ritmo
normal "ordinário" dos anos anteriores, um ritmo diferente e
"extraordinário" nas celebrações da Penitência e, consequentemente,
do tríduo pascal, neste Ano Santo.
Em ordem, ainda, à catequese, que será o motor
de tudo o resto, porque não valer-se o pároco de um festival de folclore ou de
música rock, se a fé, a religião tem de estar na vida dos indivíduos e eles
estão no folclore ou na música rock também?... Se formos apenas cristão de
baptismo, não estará lá com evidência e com eficácia.
Não compreendo como muitos pastoralistas se
empenham, sobretudo, em procurar celebrações exclusivamente de carácter
religioso, se o povo precisa do profano para entender o religioso. Como vamos
nós falar de "Redenção" e fazer-lhes crer que a "Redenção"
do Homem compromete a vida, se quisermos retirar o Homem da vida?
Aliás, não seria necessária a
"Redenção", se não fosse o profano. 0 que é preciso é que, depois da
"Redenção", não ande nas trevas, mas na luz, ou como Jesus disse:
"Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto Eu vou para
junto de Ti". (Jo. 17,11)
A "Redenção" deve levar o homem ao
pleno conhecimento de Deus, como único Deus verdadeiro, de Jesus Cristo enviado
por Deus à plenitude da alegria e a libertação do mal que o mundo oferece.
Tenho entre mãos preciosos esquemas de
celebrações de culto a propósito da "Redenção", mas faltam esquemas
populares, pelos quais o povo até é capaz de ir, de se animar e chegar às
mesmas celebrações de culto.
Deixando ficar o Ano Santo da Redenção, vamos a
um esquema geral de pastoral paroquial para uma paróquia dividida em várias
etnias.
PROGRAMAÇÃO PASTORAL
OBJECTIVOO |
CATEQUESE |
MEIOS |
PESSOAS |
VIVÊNCIA |
MEIOS |
PESSOAS |
ANO
SANTO DA REDENÇÃO |
REDENÇÃOO |
Conferências Filmes Concursos Exposições Imprensa Meios audiovisuais Calendários Horários escolares Video Festivais Restauração de marchas populares Autocolantes Peregrinações |
Indivíduos
de fé esclarecida, preparados, comprometidos na vida paroquial, das diversas
zonas, numa comissão paroquial coordenadora. Orientados por um esquema geral
da paróquia, executariam um plano de zona, em ordem à catequese sobre a
Redenção, podendo multiplicar-se noutras comissões de zona, mesmo com
indiferentes ou alheios. Deste modo, apareceriam novidades e dar-se-ia
possibilidades ao povo de deixar manifestar a sua sabedoria popular a
propósito da Redenção e, ao mesmo tempo, se fariam receptivos a uma catequese
preparada. |
Expressão,
em celebrações litúrgicas e em testemunho de vida do problema Redenção. |
Preparação
de esquemas litúrgicos apropriados e sua celebração. Celebração da Palavra.
Celebração do Sacramento da Penitência. Celebração da Eucaristia. Peregrinações |
Indivíduos
da Comissão Coordenadora e outros com formação doutrinal e preparação
litúrgica. |
B=I=B=L=I=0=G=R=A=F=I=A===C=0=N=S=U=L=T=A=D=A
1. Nossa Alma I Nossa Tierra, de Padre António Maria Mourinho, Ed. Imprensa
Nacional de Lisboa, 1961.
2. Santiago de Vila Seca, de Padre Areias da Costa, Ed. do Autor, 1983.
3. Cancioneiro dos Santos Populares no Alto Minho, de J. Gonçalves, 1977.
4. Este livro que vos deixo, de António Aleixo, 5a Edição
corrigida, Ed. de Vitalino Martins Aleixo, Loulé, 1979.
5. Cancioneiro da Serra d'Arga, de Artur Coutinho, Ed. do Autor, 1982.
6. Cancioneiro de Viana do Castelo, de M. Afonso do Paço, Ed. de Livraria Cruz
& C.ª , 1928.
7. Alfena, A Terra e o seu Povo, de Domingos A. Moreira e Nuno A. M.
Cardoso,Cucujães, 1973.
8. Serão, de José Rosa Araújo, "Notícias de Viana", 1966-1977.
9. Rumo Certo, de Dr. António Borges e Castro, Ed. do Autor, Porto, 1977.
10. Rifoneiro Português, de Pedro Chaves, Ed. Domingos Barreira, Porto - 2a
edição .
11. Cantigueiro Popular, de Xoaquin Lorenzo Fernandez, Ed. Galaxia, 1973.
12. Cancioneiro Popular Galego, de Ramón Cabanillas, Ed. Galaxia, 1973.
13. Etnografia Transmontana, de A. Lourenço Fontes, 2a edição
corrigida e aumentada, Montalegre, 1979.
14. Cancioneiro Minhoto, de Gonçalo Sampaio, 2a edição, Ed. Livraria
Educação Nacional, 1944.
15. Jubilate, Antologia de Cânticos Religiosos, compilados pelo Padre Manuel de
Faria Borda, 2a edição, União Gráfica, 1957.
16. Cantai ao Senhor, 4a edição, dos Missionários do Espírito Santo,
Braga, 1951.
17. Religiosidad Popular, Equipo Seladoc, Ed. Materiales Sígueme, Salamanca,
1976.
18. Le Catholicisme Populaire, de Robert Pannet, Ed. du Centurion, 1974.
19. La Religión del Pueblo, de Rosendo Alvarez Gaston, Ed. Bac Popular,
Madrid,1976.
20. Festas e Celebrações Cristãs, por uma Equipa de Teólogos, Ed. Paulistas,
1979, Tradução do Francês.
21. Psycho-Sociologie de 1'Appartenance Réligieuses, de Hervé Carrier S. J.,Ed.da
Universidade Gregoriana, Roma, 1960.
22. Perspectivas Pastorais e Contexto Sócio-Político, de Padre J. Cardoso
Saúde, Diocese de Coimbra, 1974.
23. 0 Problema da Salvação no Catolicismo do Povo, de J. B. Libânio, Ed. Vozes
L.a 1977.
24.
Ora et Labora, Revista
Portuguesa de Liturgia e Pastoral, publicada pelos Monges Beneditinos de
Singeverga, Ano XXII, Nº4 - 1976.
25. El Catolicismo Popular en el sur de España, dos Bispos do Sul de Espanha,
Documento de Trabalho, 1975.
26.
Religiosidad Popular y
Pastoral, Ed. Cristandad, 1979.
27. Foi Populaire - Foi Savante, Revista de Teologia, Ed. du Cerf.
28.
Les Chemins d'Emaús, de Jean
Vinatier, Ed. du Centurion."De la Réligion Populaire à la Foi du Peuple
de Dieu"!
29. La Séduction de l'Esprit, de Harvey Cox, Ed. Le Seuil.
30. La Rèligión al Alcance del Pueblo, de Lamuel Vila, 1981.
31. Le Renouveau de la Réligion Populaire, de Jean Vinatier, Paris, 1981.
32.
Cenáculo, Revista dos Alunos
do Instituto Superior de Teologia de Braga,n° 63, pág. 7; n° 65, pág. 23. Da 2a
série, 1977-78
33.
0 Culto a Maria Hoje, Edições
Paulistas, Autores diversos, 1980.
34.
Religiosidade Popular:
Evangelização e Vida Religiosa, de Padre Edénio Valle,S.V.D., Ed. Vozes, 1975.
35.
Religiosidad Popular, de Luis
Maldonado, Ed. Cristandad, 1975.
36. Arraial: Festa de um Povo, de Pierre Sanchis, Publicações D. Quixote,
Lisboa,1983.
37.
Cantares d'Além-Mar, de
Eduardo Mayone Dias, Secretaria de Estado da Emigração e Comunidades
Portuguesas, Coimbra, 1982.
38.
Romanceiro para o Povo e para
as Escolas, de Augusto C. Pires de Lima e Alexandre L. Carneiro, Ed. Domingos
Barreira, Porto.
39.
Ritos y Creencias Gallegas, de
Xesus Taboada Chivite, 2a Edição aumentada,Ed. Salvora, 1982.
40.
Etnografia Portuguesa, do Dr.
J. Leite de Vasconcellos, 6 volumes,Imprensa Nacional.
SIGLAS
C. |
- CANCIONEIRO DA SERRA DA ARGA
SERRA DE ARGA |
|
|
A.
A. |
|
-
ANTÔNIO ALEIXO |
|
C.
P. |
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-
CANTIGUEIRO POPULAR |
|
M.
B. |
|
-
MONDIM DE BASTO |
|
C/S |
|
-
CANTAI AO SENHOR |
|
C.
S. P. |
-
CANCIONEIRO DOS SANTOS |
POPULARES |
|
C.
G. |
|
-
CANCIONEIRO GALEGO |
|
S.
V. S. |
-
SANTIAGO DE VILA SECA |
. |
ARTUR COUTINHO, Ano de 1982-1983
“Somos
Igreja que acolhe”
Este
é o tema da carta pastoral do nosso Bispo que se encontra à venda e também
temos nos nossos serviços. Custa uma ninharia…
Depois
de Evangelizar e agradecer, vem o Acolher…
Não
sei se deveríamos ter começado ao contrário porque nada na nossa vida deve
começar sem um acolhimento adequado a cada ser humano. Depois de bem acolhido,
mais facilmente acredita na evangelização e sente-se obrigado a agradecer.
Antes
de tudo, o que é mais importante é acolher; precisamos de saber acolher. O
acolhimento significa dar colo, colinho, isto é, colar e não dividir ou
encolher. É activo e não passivo. É o regaço da mãe é o colo da Virgem Maria
com seu filho descido da Cruz morto e o colo de Deus Pai sempre activo,
positivo, querido e amado. É difícil dar colo ou regaço a um adulto, à primeira
vista, mas se fizermos uns aos outros aquilo que Deus quer, isto é, ver o Outro
com os olhos de Deus, já arranjamos um regaço quando fizer falta, seja criança
ou adulto ou qualquer que precise e sem preconceitos.
Abrigar
alguém, recolher, agasalhar, proteger, amparar é acolher. Acolher é um abraço
forte que confirma paz, confiança, amor, carinho e segurança. É mais forte que
o dar a mão, qualquer palavra ou gesto, mas o conjunto é possível ser sinal de
um bom acolhimento.
Acolher
é dar. “Há mais felicidade em dar que em receber (Act 20,35)”
Ao
longo da vida todos precisamos de colo, porque o contrário, pode criar rotura e
pode não dar, mas também nunca receber. Todos estamos preparados para acolher?
“Somos Igreja que acolhe” porque dar colo é fortalecer as relações entre os
familiares e entre os humanos, entre qualquer um da Comunidade diocesana e
abertos aos que chegam de fora, sejam de que raça for, política ou credo, pobre
ou rico. Se alguém precisa, cada um de nós é chamado a Acolher… “Alegrai-vos com os que estão
alegres, chorai com os que choram (Rm 12,15)”
Dar
colo é ajudar a dormir a criança, o idoso ou o doente, a minimizar a solidão e
a aflição dos que sofrem.
Todos
nós somos dependentes e precisamos de estímulos, ou então, as pessoas serão
resignadas e infelizes. Deus não quer ninguém infeliz.
A
vida começa para todos assim no colo, no regaço, entre os joelhos e a cintura,
no colo, entre a cintura e o peito e pode acabar do mesmo modo…
Aqui
na Paróquia existe o Berço, onde se dá colo…Ele existe para dar colo uma vez
que bebés e crianças não têm colo da mãe natural. Nós temos de tomar o lugar da
mãe, de pai para o seu crescimento normal, mesmo de qualquer ser humano, filho
de Deus.
O
Refeitório Social, onde se come e se faz higiene, como pessoas nossas irmãs, em
aposentos normais. Não é a sopa dos pobres, mas o pão, a sopa, o prato normal,
a sobremesa, quantas vezes um afago, um conselho ou um dar a mão sem olhar a
quem. “Não pagueis o mal com o mal, mas preocupai-vos em praticar o bem para
com todos os homens se for possível, quanto de vós dependa. “Vivei em paz com
todos”. (Rm 12,14)
Agradeçamos
a Deus esta dádiva de Amor de muitos dado a estas crianças abandonadas,
maltratadas, de famílias desestruturadas, vítimas de violência de todas as
espécies. Este louvor é “acção de graças. Irradia da «visão espiritual, da fé
profunda, que reconhece aquilo que o próprio Deus faz» pela evangelização «e
simultaneamente, (…) que brota de um coração solícito pelos outros.”
Sentimo-nos
gratíssimos pelas oportunidades que Deus nos vai dando para amar derramando
sacrifício, oração, ascese, esforço, cansaço, renúncia e até a própria vida
porque a felicidade e autenticidade da vida dá-nos alegria e o prazer do dever
cumprido e a leveza de consciência para dormirmos melhor e alcançarmos o bem
pelo qual lutamos. Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em
vós, pedi o que quiserdes e acontecer-se-vos-á.
S.
Paulo recomendou: “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação,
perseverantes na oração (Rm 12,12)”.
Um pouco da minha história pessoal
O
meu nome é Artur, em homenagem ao nome do meu padrinho de Baptismo, tio por
afinidade, pois era marido da irmã de minha mãe. Nasci, em Mazarefes, concelho
de Viana do Castelo, no dia 7 de Janeiro de 1947, uma terça-feira, pelas
17,30H, em dia de S. Raimundo de Penhafort, cujo corpo se encontra sepultado na
Catedral de Barcelona. Sempre fui uma criança muito hiperactiva, segundo reza a
história da família. Lembra-me de algumas birras passadas sobretudo com a
Dolores ou com a Maria que eram as criadas da casa do meu avô. A Maria já lá
estava quando eu nasci. Em 1994 fez cinquenta anos de casa, pelo que a família
lhe promoveu uma festa para a qual ela convidou quem quis. Era para nós uma
pessoa de família. Faleceu na minha casa, em Viana, em Maio de 1996. Poucos
meses depois, em Outubro, faleceu também o meu pai. A Dolores, depois de
dezoito anos em casa de meu avô, foi para a casa da minha tia Maria de Jesus,
em Barroselas, única irmã de meu pai.
Algumas
dessas birras estavam relacionadas com a “Peregrinação a Santa Luzia”, com a
passagem pela casa do tenente Teixeira, onde a minha avó passava geralmente um
mês, em Agosto, para frequentar os banhos quentes da Praia Norte.
No
baptizado do minha irmã disse que queria ser padre. No baptizado da minha irmã
já não queria porque já havia um padre - o Padre José Ribeiro, o abade de
Mazarefes, coisas da infância.
Gostava
muito da minha tia e madrinha, a tia Maria, esposa do Artur Matos. Também do meu tio Abel, marido da tia Maria,
irmã única de meu pai, e padrinho do meu irmão. Gostava muito da minha tia
Conceição, esposa do tio José, irmão da minha mãe, residentes em Vila Fria.
Eram pais de 5 filhos, únicos primos, todos rapazes. De resto não havia mais
família. Com os primos pouco convivia porque viviam em Vila Fria. O tio José
ficou viúvo. Casou novamente e teve duas filhas, a Sandra que baptizei, como
diácono, e a Renata. Com estas duas primas, os relacionamentos são ocasionais
dadas as diferenças de idades entre nós.
Como
hiperactivo, recordo que quando eu era pequeno, já na escola, punha tudo em
alvoroço. Sempre fui um líder de um “Bando” de rapazes e algumas raparigas da
escola e fazia os projectos de descobertas, entrando
nas minas de água à frente. Em Santo Amaro, onde os de Sabariz tinham medo de
entrar, à procura da sala das feiticeiras, numa mina coberta de mato, com
pinhas a arder nas pontas duns paus, como se fossem uns archotes. Entramos não
havia nada a não ser uma sala com uma espécie de banco à volta podendo sentar.
Acontece que uma das coisas a que me habituei mal desde criança, foi a comer
muito depressa, menos as batatas porque não gostava delas e, por isso, até
alguma porrada apanhei. Os colegas falam da minha capacidade de iniciativa e de
solidariedade já no tempo da escola. Era muito criativo. Defendia-me. Não podia
ver ninguém com fome, segundo me lembram de vez enquanto alguns amigos. Aos
colegas mais pobres levava-os para casa e dava-lhes do que havia na ocasião,
sobretudo do forno da broa. Alguns até gostavam de pão milho molhado em azeite.
Do toucinho ao presunto da adega, da fruta em madureiro quer fosse das árvores
do quintal ou dos campos dos vizinhos, conforme as necessidades, tudo era material para consumir
e distribuir no recreio da Escola ou no fim das aulas. Também era amigo
de festas e metia toda a rapaziada ao barulho ao ponto de um dia a GNR andar à
minha procura, tendo os meus pais respondido...por mim, embora em casa.
Os
meus pais saíam para o trabalho com os jornaleiros e eu ficava em casa e
cozinhava por minha iniciativa... e cozinhava bem!... Lavava a louça, esfregava
o soalho todos os sábados para ter a casa limpa, tirando trabalho à minha mãe
ou à criada que trabalhavam os campos, sobretudo em vésperas de festas. Caiava,
limpava os vidros das janelas, passava a ferro, jardinava, ia com “as criadas”
cortar erva, pendão ou o milho, apanhava feijão desde as 4 horas da manhã até
as 10, quando começava o calor a apertar, ajudava a cavar os cabedulhos,
etc...Cuidava dos meus irmãos e gostava de mostrar trabalho realizado aos meus
pais. Pela manhã, de madrugada, já eles tinham saído para o campo, eu, com o
carro das vacas, e com o meu irmão íamos carregar um carro de mato que tinha
sido cortado no dia anterior. Era uma alegria às 8 horas da manhã, antes da
escola, estar a chegar com um carro bem feito, para pegar na sacola e ir para a
escola que ficava a cem metros da minha casa.
Recordo que na noite de uma
serenata quando o Américo Tomás veio inaugurar o Navio Funchal e o Palácio da
Justiça, salvo erro em 1958. Os meus pais foram para a festa. Havia uma
serenata. Entretanto, em casa desenhei e pintei a lápis de cor em papel grande
de embrulho, talvez 100mm x 80mm, um par de dançarinos regionais que levei para
a Escola para mostrar à professora e à rapaziada.
No
Seminário, durante as férias, organizava com colegas e amigos uma série de
coisas para todos, desde o jogo, festas, convívios, teatro, passeios,
concursos…
Quando
jogava futebol, no Seminário ou nas férias, jogava sempre à defesa.
Na
Escola e no Seminário até ao 2º ano nunca fui um aluno muito seguro, não
trabalhava muito. Só repeti a 3ªclasse da Escola Primária. Gostava de sonhar e
apresentar trabalhos. De noite era muito sonâmbulo até ao 3º ano do Seminário
(14 anos!!!!! ). No Seminário sujeitei-me
à disciplina e até levei em comportamento um “Bom?”, mas ocupava-me sempre do
que mais podia e nas férias os colegas da terra falam por mim...No 4º ano (hoje
8º) do Seminário aluguei uma camioneta para juntar os seminaristas todos de
Viana e virmos de férias logo à primeira hora de toque de saída, ou abertura da
porta. Chegávamos mais cedo a casa e alimentava-se o bairrismo pela nossa
terra... Viana, que devia ser Diocese!...
Nas férias
organizava uma série de coisas para todos, desde a praia, ao jogo, ao teatro
(como encenador, apresentador e pintor de cenários), passeios, concursos, com
rapazes e raparigas, tanto com os jovens da terra, como com os jovens de outras
freguesias vizinhas, sobretudo de Darque…O Cónego Luciano, que Deus haja, disse
aos seminaristas de Filosofia que se tivesse sabido o que eu fazia em férias,
não me teria deixado ir para Teologia, tinha-me mandado embora do Seminário
(hoje 12 º ano)...
No curso de
Filosofia, fiz-me, membro da Legião de Maria a quem devo o meu rumo no
ministério sacerdotal. Continuei em Teologia. Fiz extensão deste movimento com
o João Lima, colega teólogo, e outro estudante da engenharia, de Sacavém, em
Portalegre, Abrantes e Castelo Branco, numas férias de Verão.
No
último ano de Teologia, fui o “bispo” da Colónia Vianense e levei ao rubro
esta “associação” a favor da criação da
diocese pelo que fui ameaçado por D. Francisco Maria da Silva de expulsão,
embora já fosse diácono, e quem me “salvou” da situação foi Monsenhor Daniel
Machado.
Ordenei-me em 1972, depois de um ano
de estágio, como diácono, em Balazar. Fui director interino na Casa dos Rapazes
e depois de cantar Missa Nova fui para a serra de Arga (Dem e as três Argas)
onde estive seis anos. Desenvolvi um trabalho de restauro das 3 Igrejas
Paroquiais e 4 Capelas, para além de frequentar a Faculdade de História, no
Porto e de fazer 3 exames “ad hoc” em Coimbra e no Porto. Dediquei-me também à
investigação e levei a Serra d’Arga a ser conhecida por jornalistas e
arqueólogos. Em 1973, fundei dois postos de Telescola, onde fui professor a
tempo inteiro. Colaborei com as Juntas de Freguesia (4), para assuntos de
acessos, comunicações, energia elétrica e venda do leite, o mais rico da região
em gordura, nas três Argas, organizei teatro, festas, convívios, debates,
etc...Tenho a consciência de que não estive, de facto, parado. Nunca me senti
só, mas sempre bem acompanhado por paroquianos responsáveis e atentos à sua
missão. Reunia as Comissões Fabriqueiras regularmente, tive Conselhos
Paroquiais de Pastoral nas 4 freguesias, Ministros Extraordinários da Comunhão
e organizei as catequeses que não existiam em nenhuma delas.
Sempre
gostei de corresponsabilizar os paroquianos. Talvez, por isso, na Serra d’Arga
toda a gente ainda se lembra de mim com saudade, segundo dizem a amigos que
passam por lá, mas já saí de lá há 42 anos..
Sempre fui destemido, nunca me faltou
coragem e força para andar sozinho, até no estrangeiro e em qualquer lado.
Ingenuamente, talvez, tive já ocasiões em que demonstrei essa coragem. Desde
pequeno tenho lembranças dessas. De noite, aos seis anos, muitas vezes saía, à
meia-noite na hora das “Procissões de defuntos”, “Lobisomens” de que falavam os
velhinhos, e passava em todos os cruzamentos onde diziam aparecer as
feiticeiras, ou a coisa má (talvez o diabo ou as almas do outro Mundo). Nunca
vi nada, nem uma vez que fui ao cemitério às 4.00H da manhã, por uma aposta.
Nada sucedeu no ir e vir até à parede do fundo.
Uma vez,
por engano, tinha talvez 15 anos fui às três horas para a Igreja, abrir a
igreja e tocar o sino para a missa. Na Sacristia, comecei a ter dúvidas pois o
relógio da mesma só marcava 3 horas da manhã e estava a trabalhar, enquanto o
sino da Capela das Boas Novas badalava 3 horas. Fiquei ali na sacristia a
dormir até às 6 horas.
Um dia fui agarrado por um polícia húngaro
e entregue no Cais dos Caminhos de Ferro a dois polícias e me expliquei que
precisava de visto para regressar a Budapeste, onde tinha voo. Isto ocorreu-me
quando no comboio a polícia da fronteira da Hungria pegou no “visum” e o meteu
no saco de couro. Então desisti e depois de me devolverem o “visum” trincado
pelo carimbo de ferro, fiz viagem de retorno parando em Gyor onde jantei e,
pela noite, regressar de Gyior para a Budapeste.
No dia
seguinte aluguei uma bicicleta e fui passear para a ilha da Margarita, no
Danúbio, entre a Buda e a Peste.
Acolher
é um dos frutos da espiritualidade
Acolher é amor. Só o humilde é capaz de
acolher quem chega, seja quem for, pois pode ser aquela pessoa que precisa mais
de mim, e sem saber que um dia ela poderá dar mais do que eu lhe dei. Seja quem
for ainda que por mal, pois já nós, e não só, sentimos a dor de uma arma
caçadeira apontada a 5 metros, de uma pistola pousada sobre uma secretária, ou
de uma arma dentro de um saco, ameaçadora, do tudo ou nada, à nossa frente.
Só pode acolher bem quem for humilde. Só o
humilde é capaz de amansar o violento, o degradado, o esfomeado de sede e
justiça, sem quebrar o diálogo. São muitas experiências pela qual o gesto pode
passar na vida, mas acabamos por sentir felicidade .Descobrimos uma
espiritualidade grande. Despertamos. A vida só tem sentido dentro da
fraternidade, como filhos do nosso Pai, ou de algo absoluto, transcendente,
oculto que não vemos, mas acreditamos. Esta espiritualidade leva-nos a aliviar
o sofrimento e a compreender que as nossas dores não são só nossas, são de
todos, da humanidade.
Eis o grande desafio à espiritualidade, e
apesar de tudo, continuar a acreditar.
Esta é a espiritualidade alicerçada na fé sem
deixarmos cair os braços ou pôr de lado o resto e esperar pelo fim. Deus dá-nos
sempre com as duas mãos e com o seu amor o que precisamos para conseguir os
objetivos que pretendemos e a crença de que não estamos aqui para sempre, mas,
de passagem para um além muito melhor e superior desde que, nos momentos das
horas do dia-a-dia, de mês a mês, de ano a ano queiramos voar. Deus facilmente
esquece as nossas fraquezas. Se ficarmos envolvidos nos nossos rancores, aí
está o pecado.
A espiritualidade é ter consciência que somos
a parte de um todo que é Amor! Que somos Obra de Deus!...
O mundo em que vivemos nos últimos tempos é
um mundo de materialismo, da técnicociência maravilhosa de que dispomos mas,
com inteligência, com a crença de que só haverá tragédia se formos orgulhosos e
não investirmos na oração e no uso justo da liberdade.
Caso contrário, vasta olhar para os
noticiários que nos deixam tristes e podem-nos levar á tentação depensar que
estamos num mundo de loucos.
Com a espiritualidade procuramos compreender e
encher o nosso peito, não para o desânimo, mas para a nobreza, de uma alma com
dignidade, próxima do divino. É infeliz a autoridade que recusa ser discípulo e
o discípulo que recusa ser autoridade.
Amigo, a verdadeira grandeza deriva do
espírito, cuja simplicidade encontra virilidade na nobreza que cresce por meio
da interrogação Não poderemos ter uma alegria espiritual em pleno se não formos
justos e fizermos crescer a virtude da humanidade na nossa vida.
É verdade, porque quanto mais nós nos
despirmos do nosso orgulho, da nossa vaidade, mais resplandece a luz do nosso
espírito. É na nossa pequenez que podemos trazer o céu a todas as almas.
Com o nosso orgulho, rancor e vaidade
repelimos os outros, até o próprio céu. Estes sentimentos são gestos do diabo
que devemos lutar para o afastar para longe de nós.
A grandeza de uma alma não está na grandeza
intelectual, mas na grandeza espiritual, sem esperar um prémio porque a sua
recompensa virá depois com a alegria própria de um justo.
O “Caminho” de Mons. Escrivão, já canonizado,
é muito rico de princípios para uma vida espiritual.
A alegria espiritual só pode vir não da
fisiologia, mas do sobrenatural, aquela que procede do abandono de nós mesmos
nos braços do nosso Pai comum.
Quando a dor te abate é porque a recebes com
cobardia.
Não podemos distinguir “pelo tamanho das
sementes as que darão ervas normais das que vão produzir árvores centenárias”.
O “Caminho” de S. José Maria Escrivã pode ser
um grande livro de cabeceira ao lado da Bíblia.
A espiritualidade conduz-nos ao acolhimento,
à tolerância, à liberdade, ao respeito, à solidariedade, ao compromisso.
Natal dos Sós e sem abrigo
D. Anacleto sentiu-se muito feliz por ter convivido com pessoas de vários
níveis de carências. Entre os presentes uma senhora disse para todos: “Se não
fosse esta iniciativa, a esta hora estava na rua”.
Uma outra pessoa, um homem, disse que “nunca pensou comer à mesa com um
Bispo pelo que estou muito abrigo, em Viana.
A alegria era tanta que se estampava nos rostos de todos, um contágio de que se
tratava de uma ceia de irmãos, acolhidos pelo Bispo da Diocese. Não foi preciso
convite para se associar ao Natal com os outros, sobretutdo e
preferencialmente os pobres...e ter descido para que todos os convivas carentes
pudessem ter subido.
.
O Senhor D. Anacleto falou pessoalmente
com cada um, a quem confortou como um bom pastor aconselhando como se de um
irmão se tratasse.
Fez-me lembrar a Parábola do Bom Pastor!
A Igreja está a dar testemunho de
fraternidade, solidariedade ou caridade cristã, deixando muitos bispos os seus
pequenos palácios para vir a rua criando uma relação de proximidade de
que Jesus Cristo foi Mestre.
Foi sempre
um desejo de pequeno que foi acalentado pela família e à hora de ir para o
Seminário, “empurrado” pelo pároco da minha terra lá fui.O exame de admissão,
em Braga, de uma semana, foi muito traumatizante para mim pela falta da
família. Embora a vontade última do meu pai fosse pôr-me a estudar e, por isso,
levou-me a fazer exame de admissão na Frei e no Liceu. Passei em todos. Podia
ir para qualquer lado, conforme a vontade do meu pai.
Não foi fácil no fim da Escola Primária separar-me da
família. Foi duro e os dois primeiros anos foram maus sem prejuizo para o meu
desenvolvimento suficiente na aprendizagem. Após os dois anos já me tinha
adaptado a este afastamento do calor da família, deu-me outra força e melhorei
consideravelmente os meus estudos.
Entretanto, apareceram dúvidas e dificuldades que fui
ultrapassando através do aconselhamento espiritual. Só aos 18 anos, já muito
bem integrado na vida social 45fora do Seminário, no campo da cultura, do
desporto, da relação com a juventude da minha terra e de outras, da missão,
como membro da Legião de Maria activo e dedicado à extensão do respectivo
movimento pela região de Viana, Abrantes, Portalegre e Guarda.
A decisão tomei-a com consciência do que fazia. Fui
muito livre e com ardor suficiente acalentado pelo trabalho e pelo espírito da
Legião de Maria, que me levou até ao diaconado estagiando em Balazar e na Casa
dos Rapazes de Viana.
Já tinha alguma experiência pastoral como membro da
Legião de Maria, pois dediquei 4 anos ao serviço dos ciganos, organizando para
eles uma peregrinação ao Sameiro, em Braga, trabalhando com os presos da Cadeia
de Braga e os doentes do Hospital de S. Marcos, também em Braga, onde dei
muitas horas de trabalho. Criei actividades inovadoras entre os ciganos como
catequese na Capela de S. João do Souto em Braga; festas na Cadeia e
acompanhando actividades pastorais com o capelão e os legionários do Hospital
de S. Marcos. Balazar foi outra experiência diferente e a Casa dos Rapazes como
director interino foram os melhores momentos que tive na minha maturação para a
missão do presbiterado.
Não sou padre por direito próprio, aliás ninguém tem
direito a ser padre.
A Igreja, assembleia de convocados a começar pelo
baptismo, é um espaço de vocação, experiência pessoal em liberdade e diálogo
com Deus e com os outros. Todos somos chamados à missão da palavra, do
sacramento e da caridade. Eu sou padre da Igreja, na Igreja e para a Igreja.
Mesmo assim, considero-me um padre da rua, embora as
minhas limitações não me ajudem a esta missão de andar pelas ruas e pelos
cafés, onde a igreja tem necessidade de entrar e estar...
Não sou o melhor padre, bem queria que fosse bom, mas
tenho muitos defeitos. Esta assembleia de convocados, composta de homens e
mulheres, em que todos somos pecadores e só Deus sabe quem é mais ou menos
Santo, mais ou menos perfeito, quem faz mais trabalho, quem reza mais, quem
mais fala de Deus com a palavra e com as atitudes, comportamentos e gestos,
quem sente com o coração e quem sente com o coração e a cabeça.
Esta é a maravilha de ser Igreja, comunidade onde
todos os leigos e sacerdotes são missionários da Palavra, celebrantes da fé
desta Palavra e testemunhos nas tarefas de cada dia através da caridade.
Sou padre porque assim Deus o quis, eu o quero e vós o
quereis. Preciso da vossa ajuda para ser um bom padre.
Não sou perfeito, sou pecador, mas continuo a ser
padre ao serviço de todos e creio que “o Espírito do Senhor está sobre mim”,
segundo S. Lucas em 4, 18.
Ser padre é ser pai ao jeito de Deus. É ser para todos
aquilo que Deus quer... Se sou Padre sou pai, por isso, me alegra quando estou
com os outros que procuram o Pai, o rosto de Cristo.
Esta Igreja é um mistério e tu que me lês se quiseres
ser padre, o Senhor te dirá: “Vem e vê”, se te sentes chamado anda daí e vê
esta comunhão, esta vida de serviço à procura do bem, seu último objectivo. Se
gostares, consagra-te com a unção do Bispo e ele te enviará como pastor.
Sou Padre!...e sou feliz
A propósito, se alguém me
perguntasse se me sentia feliz por ser sacerdote eu diria imediatamente e sem
receio de errar que sim.
Se a cruz é leve como padre,
devo-o dizer que é pesada, tem sabor amargo por vezes, mas a comunhão com Deus,
e por Ele, com os irmãos na fé, fazem desta cruz um caminho com felicidade e
para a Felicidade.
O padre em primeiro lugar é
um homem de oração. Há muitos caminhos de oração, de encontro e de diálogo com
Deus e só na intimidade com Deus se arranja força e coragem para levar a cruz
do sacerdócio ao Calvário.
Em segundo lugar o padre tem
de ser um homem de trabalho, isto é, atento sobretudo às dificuldades dos
outros, tem de ter uma actividade pastoral como consequência do Amor de Deus e
dos Homens. Amar não é um sentimento, mas uma Obra que não tem fim, nem limite,
fica sempre por acabar e só alcançará a plenitude no Além.
Em terceiro lugar o padre
tem de ser testemunho da alegria porque se com o que reza ou o que faz, mostrar
tristeza há algo que não bate certo. Não é compreensível, nem eficaz, o seu
esforço.
Quarto sofrer as
incompreenções de quem não tem fé, ou de quem vive uma vida racionalista,
materialista, farisaísta, fundamentalista e nada tolerante, ou infantil.
Compreender a diferença porque nela está a nossa riqueza.
Depois vem em quinto lugar o
silêncio, calar. E em sexto lugar sofrer fazendo com alegria porque mais se
aproximamos de Jesus Cristo.
Portanto, o padre tem de
rezar, trabalhar, sorrir, calar e sofrer, como alguém me dizia isto no meu
escritório mais ou menos isto.
José Abreu - Bandeira- Carmelitas
do Carmelo
Nasceu em 11 de Março de 1920. Fez a 4.ªclasse e foi alfaiate. Depois foi para
o E.N.V.C. como guarda de onde se reformou aos 65 anos. Casou com Maria Sousa
Gonçalves da Papanata que vivia junto a um ferrador Cândido e o ferreiro
conhecido pelo “Arturinho dos Montes”
Foi sacristão em S. Bento e depois na Igreja das Carmelitas. Foi um dos que
esteve no princípio de abertura desta igreja ao público com outros homens da
Bandeira, alguns deles ainda vivos.
A esposa Maria Gonçalves aos 18 anos, falecida com 84 anos em 2007.
Viveu junto ao Paínhas e Arieira e depois foi viver
para a rua da Bandeira, na zona do Taco (a rua do Taco) talvez uma rua coberta
a tacos de madeira e como hoje é conhecida também pela rua das Tabuínhas porque
é a zona das enchentes de água pelas casas dentro e as pessoas, há anos atrás,
tinham de pôr umas tábuas de contra-águas.
À frente da porta e entre as suas ombreiras. Apesar de não ser agora necessário
ainda estes dias entrei numa casa onde à entrada tive de levantar as pernas
para poder ultrapassar o obstáculo agora não de madeira, mas de alumínio. Madalena
de anjinho na Procissão de Santa Filomena.
No tempo dele era a “Maria dos Caracóis” que zelava o altar de Sta. Filomena e
havia outras zeladoras, como a Josefina Soares.
Para além disso o Zé Abreu, com os seus colegas,
procurava comprar alfaias que ele próprio dizia terem desaparecido como uma
Custódia muito rica comprada em Braga.
Jogava futebol. Participando em torneios de casados e
solteiros.
Grupo da Bandeira na Festa de Santa Filomena
A “Mariazinha Nevinhas” era a zeladora do altar do Senhor dos Pássos. Esta
senhora teve um acidente foi queimada com uma máquina de petróleo e vivia onde
hoje vive a viúva do Zé da Quelha, assim conhecido, pai de José Galvão e onde
vive hoje a filha a Maria José Galvão.
O Zé Abreu era um dos que nunca tínhamos aludido à sua
acção, mas foi sempre, assim o conheci enquanto não morreu em 1993, mas homem
muito afecto a esta igreja e sempre pronto a ajudar e a colaborar com alma.
Madalena Abreu à lavradeira com talvez 4-5 anos
Fez falta no nosso Centro de Dia e era um animador natural. Gostava muito de
música e tinha uma colecção enorme de músicas populares, religiosas e clássicas
algumas das quais ofereceu ao Centro de Dia para animação.
Recordação da festa de Santa Filomena,em 1953. A letra
é do José Abreu
Acolhimento
BENVINDOS A
ESTA IGREJA PAROQUIAL
DE NOSSA
SENHORA DE FÁTIMA
Esta igreja fez parte de um antigo
CONVENTO DAS CARMELITAS, conforme facilmente se depreende dos muitos sinais
carmelitanos aqui existentes.
Foi
em 1778 que a pedido do Dr. Correia Seixas, D. Maria I concedeu licença para se
construir uma nova casa de Carmelitas Descalças, o Convento do Desterro de
Jesus Maria José. A mesma autorização foi dada pelo Arcebispo de Braga, D.
Gaspar, e pelo Frei João de S. Joaquim (N.M.R.V. Geral).
Em
1779, o Padre Frei Manuel de S. João Evangelista deslocou-se de Coimbra a Viana
e, depois de vencidas inúmeras dificuldades, adquiriu um terreno, à Rua da
Bandeira, local solitário, não distante da igreja do Carmo, apressando-se a
construir o novo Carmelo.
Foi
arquitecto o irmão Frei Luís de Santa Teresa, tendo os trabalhos principais
acabado em 1785.
A
19 de Julho desse ano fixava-se a primeira comunidade, mesmo sem a obra se
encontrar totalmente concluída.
A
igreja, de notável beleza e gosto arquitectónico, foi benzida a 18 de Dezembro
de 1792, ainda por acabar. O seu estilo é uma mistura de barroco e neoclássico,
próprio da época de D. Maria.
«A porta de entrada é encimada por
um frontão triangular, sobre o qual se rasga uma graciosa janela de múltiplos
caixilhos, resguardada por forte gradeamento. O centro do grande frontão que
remata a fachada, ostentam-se, em saliente brasão, as armas da Ordem: o Monte
Carmelo, a cruz e as três estrelas simbólicas do Carmelo.
O
interior do templo, formado por uma só nave abobadada, produz no seu conjunto
uma agradável sensação de elegância, com as esbeltas colunas e dourados do
altar-mor, os seus valiosos retábulos e imagens de talha.
O
contraste entre o corpo do edifício destinado às religiosas, de construção
sólida, austera e pesada, e o esplêndido lavrado da igreja, corresponde ao
desejo tantas vezes manifestado por Santa Teresa: «para as suas carmelitas a
pobreza e a simplicidade para o seu Deus todo o lustre e riqueza que lhes fosse
dado conseguir.»
As
primeiras religiosas vieram de Coimbra, Aveiro e Porto. Eram oito entre
professas e noviças. O fundador,
Cónego Correia Seixas, faleceu um ano depois, a 14 de Novembro de 1786.
A
comunidade aqui instalada foi exemplar e bem querida pela população, mas a 19
de Março de 1804, por causa das Invasões Francesas, receberam ordens para
abandonar Viana o que fizeram de imediato, embora com muita dificuldade, pois a
população quis opôr-se . Passaram muito maus bocados pela viagem até Lisboa,
onde foram recebidas no Convento da Estrela.
A
19 de Julho, regressaram a Viana, tendo chegado a 27 do mesmo mês, depois de
derrotadas as tropas francesas. As lágrimas da população na despedida
converteram-se em alegres orações. Foi festa rija.
Um
facto digno de registo é que os franceses, tendo permanecido em Viana durante
uns meses, nunca entraram no Convento, pelo que foi considerado um «milagre».
Pelo
falecimento da última freira, segundo o Padre José Luís Zamith, foi extinta aquela
comunidade e foi concedido o edifício ao Asilo de Orfãs e Desamparadas que até
essa altura se encontrava instalado na mesma Rua da Bandeira, onde depois foi a
Associação Nun’Alvares e hoje o Centro
de Cultura da Diocese de Viana.
Com
a permissão de benfeitores do Asilo, ainda se conservaram, por muito tempo,
algumas pupilas (meninas do coro, professas numa dependência isolada do resto
do pessoal entregue ao Asilo. Com a expulsão das religiosas em 1910, a igreja
foi fechada ao público, embora a Irmã Maria José conseguisse manter a chama,
permanecendo até à morte, com 92 anos de idade, por 1934, o que foi considerado
um milagre da Madre da Conceição, segundo o Padre Zamith.
Esteve
muitos anos abandonada, fechada ao público e em completa degradação, desde a
expoliação dos bens à igreja. No entanto, habitantes da Bandeira não podiam
esquecer que tinham nascido à sombra da espiritualidade carmelita e à volta
daquela igreja de portas trancadas. Movidos pela fé e pela saudade, abriram a
igreja e trataram dela, levando a efeito alguns actos de culto, festas e, mais
tarde, passaram a fazer dela um centro de catequese, a Ter missa ao Domingo até
à criação da Paróquia.
Era
a “Comissão da igreja das Carmelitas” que tinha livro de actas, que faziam as
suas celebrações de primeiras comunhões, festas e à sombra desta igreja
animavam a fé e a vida, sobretudo a partir de 1949.
Em
1967, o Arcebispo Primaz de Braga cria uma Paróquia sob a invocação da NOSSA
SENHORA DE FÁTIMA devido ao crescimento do aglomerado populacional desta zona
leste da cidade de Viana. Nomeou para o efeito o Pároco, o Padre Dr. António da
Costa Neiva. Esta nova Paróquia celebrou condignamente os seus 25 anos de
existência com grandes celebrações e foi confirmada pela provisão de D. Armindo
Lopes Coelho em 18 de Outubro de 1985. Num simples olhar pela frontaria
deparamos com neoclássicos. No grande tímpano do frontão que remata todo o
enquadramento exterior da fachada encontra-se o brasão da Ordem e do lado
poente, vêem-se as grandes janelas à maneira jesuítica.
No
entanto depois de entrarmos a porta principal verificámos que será um exagero
classificá-la de neoclássica; seria mais exacto dizer que se trata de uma
mistura de barroco e neoclássico. Há linhas rectas, elementos rocailles muito
simplificados (D.Maria), algumas grinaldas neoclássicas muito pobres, mísulas e
remates com características D. João V e D. José e ainda elementos barrocos.
Nos
retábulos encontram-se decorações neoclássicas, mas com remates tipicamente
rocailles. Tem três altares laterais: ao entrar, do lado direito, aparece-nos o
altar de Senhora do Carmo cuja imagem se encontra ao centro sobre um mausoléu
de Santa Filomena; dos lados estão as imagens de Nª Senhora da Incarnação e de
S. João da Cruz; depois do arco do cruzeiro, aparece-nos, do lado esquerdo o
altar de Nª. Senhora das Dores, sentada junto ao crucifixo e a ladeá-la Santo
Antão e S. Braz; ainda do lado direito, há o altar da Sagrada Família com as
imagens de Jesus, Maria e José, S, Joaquim, Santa Ana, Santa Rita de Cássia,
Santa Luzia e Santa Teresinha.
No
retábulo principal, encontram-se duas valiosas imagens, de grande vulto, de
Santa Teresa e S. José. Aliás todas as imagens são do século XVIII-XIX à
excepção da padroeira, Senhora de Fátima, que também se ergue em local de
destaque sobre um plinto. A fechar a tribuna, encontra-se um reposteiro em tela
pintada por um pintor popular, representando a fuga para o Egipto.
Na
capela-mor, do lado direito, existe um grandioso parlatório e, junto deste um
comungatório. Tem três arcos torais e um outro brasão, o do padroeiro, Cónego
da Sé de Coimbra, Domingos Monteiro Albergaria, na chave do arco do cruzeiro.
Do brasão constam o Monte Carmelo, a Cruz e três estrelas, como já foi dito.
Há
dois púlpitos, perfeitamente enquadrados no estilo do resto da talha, que,
apesar de não ser bem definida, toda ela é harmoniosa, o que dá certa beleza à
igreja. Para os púlpitos entra-se pelo interior.
Há
dois púlpitos, perfeitamente enquadrados no estilo do resto da talha, que,
apesar de não ser bem definida, toda ela é harmoniosa, o que dá certa beleza à
igreja. Para os púlpitos entra-se pelo interior das bases do arco do meio.
Hoje,
a igreja encontra-se assoalhada, porque é mais cómoda, pois aquilo que a
prejudica é ser fria. No seu traço original, o chão era, como tantas outras, em
lagedo, com algumas pedras tumulares e um gradeamento em forma de braços
abertos separavam a capela-mor até ao fim dos altares laterais.
O
coro, com ligação paro o Lar de Santa Teresa, antigo convento das Carmelitas,
contém na sua abertura um arco em cantaria com motivos Joaninos e de D. José.No
seu interior, ainda existe um rodapé em azulejos de origem.
Uma
torre bastante pequena em relação à altura da igreja ergue-se do lado nascente,
sensivelmente a meio, um pouco mais alta que o templo, com cinco sineiras,
embora existam só dois sinos. Assim temos descrita, muito sumariamente, esta
igreja sede da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, uma igreja sem cantos nem
esquinas, airosa e oferecendo ao culto uma sensação de grandeza na
verticalidade e horizontalidade.
Podemos
afirmar, pelos documentos que encontramos que o terreno para o convento e
Quinta anexa custaram dois milhões e seiscentos e quarenta e nove mil e noventa
reis e que o risco de tribuna foi pago em 1784, A planta custou só vinte e
cinco mil e novecentos e dez reis e o total da obra do convento e da igreja
importou em quarenta mil trezentos e doze mil setecentos e trinta reis
(40.312.730 reis)
Assim, tendo uma pessoa visitado o
Santíssimo Sacramento nesta igreja, ligeiramente também observou a casa que
serve de acolhimento a esta família paroquial que aqui reúne e celebra a sua
fé.
Sempre que o desejar, pode reunir-se
connosco.
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“A Paróquia vista pela Criança”
No âmbito
das comemorações jubilares da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, foi levado a
efeito, nas Escolas do Ensino Básico da área da Paróquia, um concurso
subordinado ao tema: “A Paróquia vista pela Criança”. Depois de apurados os
trabalhos, dos cerca de 200 concorrentes, o júri, Henriqueta Santos e Dr.
Albino Ramalho, atribuiu prémios aos trabalhos dos seguintes alunos:
1ª Fase – 1. Prémio – António Pedro Andrade, da Escola
do Carmo.
2. Prémio – Pedro Miguel Guerreiro, da Escola da Abelheira.
3. Prémio – Diana Torres, da Escola da Abelheira.
2ª Fase – 1. Prémio – Ana Patrícia Gonçalves, da
Escola da Abelheira.
2. Prémio – Ana Cristina Rocha, da
Escola da Abelheira.
3. Prémio – Susana Ribeiro, da Escola do Carmo.
No dia 1 do Junho de 1992, DIA MUNDIAL DA CRIANÇA, os
trabalhos dos concorrentes foram expostos na biblioteca do OZANAN – 2, sendo a
exposição aberta pelo Director Escolar e pelo Monsenhor Reis Ribeiro, Vigário
Episcopal para a Cultura e Educação na Fé,às 15.30H. com a Presença de muitas
crianças, alguns professores e familiares.
A Exposição do certame estará aberta ao público no horário
normal do OZANAN, até ao dia 8 de às 17H.
Na continuação das comemorações, a Comissão executiva
está agora a trabalhar para o teatro-revista dos vinte e cinco anos, a realizar
no Sá de Miranda, a 10 de Outubro, assim como na organização da exposição
etnográfica, em Setembro, integrada nas festas de Nossa Senhora das
Necessidades, na Abelheira.
Fórum “Ambiente e Civismo”
De casa para a escola, os miúdos observam a Natureza
Como estratégia de
catequese e sensibilidade para os problemas de “Ambiente e Civismo”,
tema do que a Paróquia levou a efeito por ocasião das celebrações da Padroeira,
foram os alunos das escolas do 1º ciclo da cidade convidados a reflectir essa
temática. De concreto foi-lhes sugerida a participação num concurso em que fixariam
num desenho e suporte escrito a sua visão do ambiente no percurso que
diariamente fazem de casa para a escola. Daí que o tema do concurso “De casa
para8 a escola, eu observo a Natureza” reflectir precisamente esse
objectivo.
Responderam ao convite as escola da Meadela, Darque,
Carmo e Abelheira, num total de cerca 350 trabalhos que estiveram expostos no
Humanitus Forum, onde puderam ser vistos até ao transacto dia 12.
Todos os trabalhos foram apreciados por um júri
composto pelo fotógrafo profissional, senhor Camilo Arezes, e os Drs. Júlio
Capela da Cruz e Dorinda Fernandes, professores de Artes Visuais e de
Português, respectivamente. Congratularam-se pelo elevado número de
participantes e felicitaram as escolas participantes pela quantidade e qualidade
de trabalhos apresentados. Sublinharam a qualidade plástica dos trabalhos da
escola da Meadela , embora a falta de texto, componente obrigatória, os tivesse
afastado do grupo de premiados.
Da análise e avaliação dos trabalhos sujeitos a
concurso, e de acordo com o previsto no regulamento, o júri premiou os
seguintes alunos:
1º Prémio Joana Catarina
Martins Peixe – 3º Ano, Escola do Carmo
2º Prémio Teresa Maria
Alexandra Ramos Alves Costa – 3º Ano, Escola do Carmo
3º Prémio Jorge dos
Santos Costa – 2º Ano, Escolada Abelheira
Menções
Honrosas
-
Pedro Miguel
Conceição Marques Silva – 3º Ano, Escola do Carmo
-
Ana
Margarida Pinto Mascarenhas – 2º Ano, Escola da Abelheira
-
Rosa Isaura
Rodrigues Pires – 3º Ano, Escola do Carmo
-
Helena
Andreia Martinho dos Santos – 4º Ano, Escola do Carmo
-
Margarida
Paula Santos Morais Costa – 3º Ano, Escola do Carmo
A Comissão
organizadora do fórum mais uma vez felicitaram todas escolas e alunos que
participaram neste concurso, que certamente terá constituído uma ocasião de reflexão e alerta
para os problemas que afectam o ambiente.
Dirigiu uma
palavra de muito apreço aos professores que dinamizaram os seus alunos para
este trabalho, apesar do incómodo que esse esforço representa, pois as
solicitações, sabemos, são mais do que muitas. A Organização compreende,
valoriza e agradece tais gestos.
Fórum
“Ambiente e Civismo” – Conclusões
-
A Natureza
está a esgotar-se progressivamente. Os recursos naturais pareciam inesgotáveis
ainda nos princípios deste século, mas hoje estão a mostrar os seus limites.
Particularmente se afigura como uma necessidade imperiosa o repovoamento
florestal das zonas ardidas ou destruídas, dado considerar-se já terem sido
ultrapassados os limites dos recursos mínimos à vida do planeta.
-
Como em
tudo, também em Ecologia, os extremismos são perniciosos: é no meio termo que
se joga o necessário equilíbrio que conduzirá o homem a um uso racional e
ponderado da Natureza, devendo nortear-se para com ela por uma atitude de
condómino e não de domínio despótico.
-
Uma visão
sacralizada da natureza tem conduzido, da parte de certos movimentos, a uma
visão unilateral da mesma. É na sua condição de recurso ao serviço do homem que
adquire todo o seu significado. Os princípios de equilíbrio, harmonia e
desenvolvimento sustentado devem estar na base da exploração e utilização dos
seus recursos.
-
É preciso
estarmos atentos às relações de interdependência existentes na Natureza. A
destruição de um elemento numa cadeia trófica pode implicar a extinção em
bloco, pois na Natureza “tudo se relaciona com tudo e em todos os tempos”.
-
Os motivos
económicos e a moral ecológica quotidiana são quase sempre minimalistas e
inibidores de maior audácia no aspecto de políticas e comportamentos
ambientais. Quando a protecção do
ambiente colide com os interesses de política económica ou individuais,
não abdicamos facilmente do nosso egoísmo e comodismo imediatos, pelo que se
faz sentir a necessidade de uma verdadeira educação e responsabilidade
ambiental a todos os níveis.
-
No caso
concreto de Viana do Castelo, é preciso estarmos atentos aos valores ambientais
de que ainda disfrutamos para melhor os defender e preservar.
-
A defesa e a
preservação do meio ambiente é hoje uma questão essencial para uma vida com o
mínimo de qualidade e de dignidade. Exige da parte do ser humano uma nova
consciência dos valores ambientais que assentam numa educação permanente e em
todas as fases do desenvolvimento do homem.
-
Como
instâncias da educação ambiental ressalta pelo alcance da sua acção e pela
possibilidade de induzir comportamentos, o papel da família, da escola, da
Igreja e dos movimentos associativo.
-
Os problemas
do ambiente traduzem uma errada relação do homem com a natureza e dos homens
entre si: implicam respeito do homem pelos outros elementos entre si:
consciência dos direitos e deveres de uns e de outros. Daí que a alteração
deste estado de coisas remeta sempre para o domínio da educação e do civismo o
que implica alteração de comportamentos e de atitudes.
-
A melhoria
da qualidade do ambiente exige o empenhamento político e social dos diferentes
órgãos do poder e a assunção da responsabilidade individual dos cidadãos –
condição essencial para o sucesso de qualquer medida de política ambiental.
-
A informação
desempenha um papel imprescindível na criação de uma nova consciência e atitude
ambientais. É obrigação dos órgãos do poder informar de forma clara, precisa e
oportuna sobre tudo quanto tenha incidência na qualidade do ambiente.
-
Se todo o
homem deve ser solidário com a natureza e com o seu semelhante, por maioria de
razão o cristão, iluminado pela fé, deve empenhar-se e não só evitar agressões
à Natureza, mas considerar como imperativo moral a melhoria do ambiente,
dignificando-o com a sua presença e valorizando-o com a sua acção
-
É possível
conciliar consumo e qualidade de vida. Contudo, o conceito de qualidade de vida
deve centrar-se mais no ser do que no ter, e manifestar preferência por bens e
produtos não agressores do ambiente.
ESTATUTOS DA FAMÍLIA KOLPING
DA PARÓQUIA
DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Artº 1º - A
Associação “Família Kolping da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima” tem por
fim: - Preparar os seus associados a serem cristãos autênticos no mundo e,
deste modo, afirmarem-se na profissão,
no matrimónio e na família, na Igreja, na Sociedade e no Estado; - Prestar
ajuda na vida aos seus associados e à comunidade; - Promover o bem estar comum
no espírito cristão através das actividades dos seus associados e agrupamentos
e colaborar na contínua renovação e humanização da sociedade.
Artº 2º - A
associação tem a sua sede na rua da Bandeira, na freguesia de Sta. Maria Maior,
no concelho de Viana do Castelo e durará por tempo indeterminado a contar de
hoje.
Artº 3º - Os
direitos e obrigações dos associados, as condições da sua admissão e exclusão,
bem como os termos da extinção da associação e consequente devolução do seu
património serão constantes do Regulamento Interno aprovado em Assembleia
Geral.
Artº 4º -
Constituem receita da associação as quotas mensais dos associados, os subsídios
e donativos, os rendimentos da actividade promovidas e quaisquer outros
rendimentos.
Artº 5º - Os
orgãos da associação são: a Assembleia Geral, a Direcção e o Conselho Fiscal.
Artº 6º - A
competência e forma de funcionamento da Assembleia Geral são as previstas no Regulamento
Interno
Artº 7º - A
mesa da Assembleia Geral será composto por um Presidente e dois Secretários;
Artº 8º - A
Direcção compõe-se de 5 elementos, competindo-lhe a gerência social,
administrativa, financeira e disciplinar nos termos do Regulamento Interno;
Artº 9º - O
Conselho Fiscal é constituído por um Presidente, um Secretário e um
Relator, competindo-lhe fiscalizar os
actos administrativos e financeiros da Direcção, conforme o Regulamento
Interno.
Artº 10º -
No que estes estatutos sejam omissos, rege-se esta associação pelo Regulamento
Interno e pelas Disposições legais aplicáveis.
Pólo Juvenil
Capítulo
Primeiro
Denominação,
Natureza, Âmbito de Acção e Fins
ART. 1º § 1
– “Pólo Juvenil” é um
associação católica constituída essencialmente por jovens e, por eles,
apresentada ao Bispo da Diocese para
fundação e aprovação canónica dos estatutos. Terá a sua sede em Viana do
Castelo, na Rua da Bandeira, nº591, tendo como base:
- A pessoa e mensagem de Jesus Cristo.
- A doutrina social da Igreja
Católica.
ART. 2º
“Pólo Juvenil” propõe-se:
a) Organização de acções de índole
socio-caritativa junto de jovens carênciados e marginalizados, com angariação
de fundos para distribuição aos materialmente mais carênciados.
b) Preparar encontros com Deus através
de celebrações.
c) Organização de acções de formação e
o estudo das Encíclicas Sociais.
d) Organizar actividades desportivas,
festas e convívios, espectáculos e animação cultural.
ART. 3º
Serão membros da associação aqueles
que, por proposta, forem admitidas pela Direcção e que obedeçam aos seguintes
aspectos:
§ 1 – Ser crismado com idade igual
ou superior a 14 anos e inferior a 25 anos.
§
2 – Ser jovem baptizado que pretende fazer uma caminhada e estudar o
problema da sua vocação à fé e se compromete a observar os estatutos.
§
3 – Ser jovem não baptizado que se compromete a observar o regulamento e
os estatutos.
a) Os jovens dos parágrafos 2 e 3 podem
participar de todos os actos, mas sem voto no Conselho Geral e não são
passíveis de serem eleitos para órgãos directivos.
b) São elegíveis para a Direcção apenas
jovens de maior de idade e abrangidos pelo número 1 deste artigo.
ART. 4º O seu âmbito de acção será preferencialmente na cidade
de Viana do Castelo.
Capítulo Segundo
- Órgãos Directivos –
ART. 5º São órgãos de gestão do “Pólo Juvenil”
a) Direcção
b) Conselho Geral
ART. 6º § 1 – Aos membros dos corpos
gerentes não é permitido o desempenho de mais de um cargo na associação.
§ 2 – O exercício de qualquer cargo
nos corpos gerentes é gratuito, mas pode justificar o pagamento de despesas
dele derivados.
ART. 7º O mandato
dos corpos directivos é de 2 anos, podendo cada membro ser eleito por segundo
mandato.
ART. 8º § 1 – Em caso de maioria dos lugares
de cada órgão, deverá proceder-se ao preenchimento das vagas verificadas no
prazo de um mês.
§ 2 – Os membros designados para
preencher as vagas nos termos do parágrafo anterior, apenas completarão o
mandato.
ART. 9º § 1 – Os corpos gerentes são
convocados pelos respectivos presidentes, e só podem deliberar com a presença
da maioria dos teus titulares.
§
2 – As deliberações são tomadas por maioria dos titulares presentes, tendo
o presidente, além do seu voto, direito a voto de desempate.
ART. 10º Os membros dos corpos gerentes não
poderão votar em assuntos que directamente lhe digam respeito ou nos quais
interessados os respectivos cônjuges, ascendentes, descendentes e equiparados.
ART. 11º Serão sempre lavradas actas das
reuniões de qualquer órgão da associação que serão obrigatoriamente assinadas
por todos os membros presentes.
- Direcção –
ART. 12º § 1 – A
Direcção será constituída por 7 membros: PRESIDENTE, VICE – PRESIDENTE,
SECRETÁRIO, TESOUREIRO, 3 VOGAIS.
Nossa Senhora peregrina
na Abelheira
Prezado Amigo:
A população da Abelheira acedeu
alegremente à sugestão do Pe. Coutinho, de assinalas os 25 ANOS da Paróquia, fazendo
com que a sua Padroeira – que é NOSSA SENHORA DE FÁTIMA – peregrine desde o dia
8 até ao dia 12 de Maio, de acordo com o programa em divulgação.
No dia 9, o Andor da Virgem sai da
“Urbanização Capitães de Abril”, pelas 21,30 horas. Vem para a Abelheira. Aqui
será acolhida na Cave do Lote 14 da “Urbanização da Bela Vista”.
Reina em todos um grande entusiasmo
e satisfação com esta iniciativa. É grande o propósito de um empenho sério para
que aquela seja um êxito e se traduza numa grande jornada de louvor a Nossa
Senhora, de cujas aparições em Fátima ocorre este ano o 75º Aniversário e que
temos a graça de louvar como Patrona principal desta paróquia.
Sugerimos a participação de todos
nesta manifestação de Fé, ainda que tal signifique e exija algum sacrifício
que, estamos certos ninguém deixará de oferecer. Esse sacrifício será gratidão
pela existência desta paróquia e súplica para que nunca nos falte a protecção e
a benção maternal da Senhora que vamos homenagear publicamente.
Em Igreja, e numa perspectiva de
salvação, Nossa Senhora é Mãe. É assim que a sentimos e chamamos.
À Mãe nunca se diz “Não!”, ou seja:
a Mãe é sempre a última pessoa cuja vontade deixamos de fazer ( se é que alguma
vez somos capazes de contrariar a vontade da nossa Mãe).
Em momentos difíceis, a Mãe é a
primeira por quem chamamos e a última a esquecer no mundo das nossas
recordações.
É sempre com muito amor e carinho
que participamos na festa da Mãe. Da Mãe da terra. Vamos fazer o mesmo com a
nossa Mãe do Céu. A Mãe das nossas Mães.
Mês de Maio é Mês de
Maria.
Mês da Mãe. Mês da
Festa.
Vamos dizer SIM.
Vamos participar com alegria num dia de festa para a
Mãe.
Presentes, vamos rezar, cantar e
aclamar um esforço solidário de testemunhar o grande amor da nossa vida de Cristãos
Católicos (mesmo que não ou pouco praticantes).
Momentos principais do programa em
que contamos consigo e com todos os da sua casa:
DIA 09 – 21,30 horas. Procissão de
velas dos Capitães de Abril para a Abelheira e respectivo acolhimento na Bela
Vista.
DIA 10 – 10,30 horas. Celebração da
Eucaristia na Bela Vista.
18,30 horas. Mês de Maria para toda a
paróquia, na Bela Vista.
20,30 horas. Oração Solene do Terço e
Consagração.
21,30 horas. Levar Nossa Senhora, pela
Socomina, para a Capela do Senhor do Alívio.
* Ao longo
do percurso, se acendam velas nas janelas e se enfeitem as varandas e sacadas
com colchas e flores.
*
Convidam-se todas as crianças e adolescentes para se juntarem em alas para a
chegada do Andor à Bela Vista, a fim de, sobre ele, lançarem pétalas de flores,
que devem trazer em cestos e sacos.
* Para a
Missa das 10,30 horas, solicita-se a comparência antes uns minutos para se
fazer um ensaio dos cânticos.
* Pensou-se
fazer no interior da Urbanização, um tapete com flores no dia da chegada à Bela
Vista. O Andor entra na Urbanização da Bela Vista e, segue pela direita para o
Lote 14. À saída, acabará de dar a volta ao Bairro, saindo do Lote 14 pela
direita.
* Para
ornamentação e para o tapete, pede-se a colaboração de quem puder comparecer na
tarde de Sábado, entregando verdes e flores no Lote 14.
* Se puder e
quiser (tendo para isso boa vontade), inscreva-se para participar em turnos de
oração, para que Nossa Senhora nunca esteja só, sobretudo durante a noite,
fechada numa cave. É um acto de coragem e de sacrifício.
*
Inscreva-se, também, para ajudar a transportar o Andor de Nossa Senhora de
Fátima entre os Capitães de Abril e a Abelheira.
* No dia da
saída, convidam-se novamente todas as crianças para formarem alas à saída de
Nossa Senhora e atirarem sobre o Andor pétalas de flores.
* Para
qualquer informação, contactar a Paróquia.
Prezados
Amigos:
Venham.
Venham todos. Vamos fazer uma festa.
Venham à desta da MÃE.
Vamos festejar Nossa Senhora de
Fátima e confiar-nos n’Ela, sob a protecção, ao amor misericordioso do nosso
Pai do Céu de quem imploramos benção nestes 25 ANOS da nossa Paróquia.
Muito obrigado a todos.
Pela
Comissão,
92.05.06
( António
P. de Carvalho )
25 ANOS DE PARÓQUIA
As Comemorações Jubilares dos 25 ANOS de Paróquia de
Nossa Senhora de Fátima estão a meio do seu programa e atingiram o seu ponto
alto, como era de esperar, na festa da Padroeira.
Conforme foi largamente difundido
pela imprensa, a Imagem de Nossa Senhora de Fátima peregrina percorreu os
bairros novos de maior densidade populacional e, no dia 12, terminou com uma
procissão de velas que saiu da Capela da Senhora das Necessidades para a Igreja
Paroquial.
Esta acção levou os moradores das
ruas, largos e praças a fazerem tapetes de flores, grandes obras de arte que há
muitos anos se faziam na Abelheira, aquando da visita do Senhor aos enfermos.
Desta vez a iniciativa começou pela Urbanização Capitães de Abril estendendo-se
a todo o lugar da Abelheira, Urbanização Bela Vista, Senhor do Alívio, Senhora
das Necessidades, Largo do Bairro do Jardim e Bandeira.
Em todos os actos, foram inúmeros os
participantes, de um modo especial, o do
dia 12 com um acompanhamento nunca visto numa procissão do género.
Foram vários os oradores como o Pe.
António Gonçalves (Carmelita), Pe. José Ribeiro, Pe. Dr. Barbosa Moreira e Pe.
Dr. Alípio Lima.
Houve muitos foguetes e fogo de
artifício, principalmente no dia 12.
No dia 13,
às 19,15 horas, houve uma celebração com vários sacerdotes, colaboradores na
Paróquia e, no final, a partilha de um gigantesco bolo, com música e iluminação
(muito original), dos 75 ANOS do aparecimento de Nossa Senhora, em Fátima,
confeccionado, para o efeito, por uma jovem catequista, Fátima Cambão, aluna de
Turismo no Instituto Politécnico de Gestão e Turismo, em Viana do Castelo. Após
a partilha, seguiu-se, pela noite dentro, um convívio paroquial no Centro
Social desta paróquia.
Encerrou também no dia 13, a
exposição retrospectiva dos 25 ANOS de Paróquia, a qual mereceu o maior
interesse por parte de muitas centenas de pessoas, inclusive, do Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Entretanto, no âmbito destas
comemorações, estão a realizar-se as antigas marchas populares do Bairro da
Bandeira e do Jardim, assim como o concurso, a nível do Ensino Básico,
subordinado ao tema “ A PARÓQUIA VISTA PELAS CRIANÇAS”.
92 / 05 / 13
GÉLITA
Paroquianos:
Conforme
é do conhecimento geral, no próximo dia 8, às 15,30 horas, será a festa do
Encerramento das Comemorações dos 25 anos de Paróquia.
A
vós, que aqui viveis e sempre vivestes há mais de 25 anos, há alguns anos ou
mesmo há alguns dias, gostaria de vos comunicar que seria para mim um motivo de
grande alegria ver a comunidade paroquial toda reunida, em comunhão, a
participar neste acto de encerramento das comemorações.
Aliás,
espero que ele seja mais que encerramento, o início de uma nova era na pastoral
desta comunidade, Á qual me entreguei em 2/9/1978 para fazer comunhão convosco
na comunidade diocesana presidida pelo nosso Bispo, D. Armando. Todos temos
procurado realizar aquilo que é possível no culto, na catequese e na acção
social, quer sob o aspecto cultural,
quer sob o aspecto da caridade e da solidariedade.
Venho,
por isso, convidá-lo(a) a que, de algum modo,
participe nesta celebração, pela qual muito nos prezamos.
Esperando
a melhor atenção de cada um de vós, se subscreve desde já o vosso pároco e
amigo
92.11.15, Pe. Artur Coutinho
CONVÍVIO PAROQUIAL
No dia 30 de
Agosto de 1992
25 ANOS DE PARÓQUIA
NO QUINTAL
DA CASA NATAL DO VOSSO PÁROCO – Pe. Coutinho
10,00 horas
– Acolhimento e preparação para a Eucaristia
11,00 horas
– Eucaristia
12,00 horas
– Almoço típico – AMBIENTE MUSICAL PARA ANIMAR O CONVÍVIO até às 15,00 h.
* Aparece!
* É o
primeiro que se faz, no género, a nível Paroquial!
* Há meio de
transporte gratuito a partir da Igreja, às 9,30 h.
* Os que
queiram, a partir das 15,00 horas podem ir preparados para fazer praia no rio Lima. Na veiga de S. Simão.
PODE FAZER EQUITAÇÃO.
OBS: Este
convívio destina-se a todos que têm compromissos paroquiais em movimentos,
obras ou comissões. No entanto, requer inscrições no Cartório ou entregar ao
Sr. Simões, da Legião de Maria. Precisamos de saber até 20 de Agosto quantos os
interessados, como é óbvio, para preparação do almoço. É gratuito. Oferta do
Pároco e familiares.
Exposição Mariana
Abriu no dia
2 do corrente, pelas 19h. Com a presença do senhor Vigário Geral da Diocese e
do Dr. Rui Viana, representando o Sr. Presidente da Câmara Municipal, uma
valiosa exposição de Postais e Selos Marianos nos anexos à Igreja Paroquial de
Nª Sª de Fátima. De parabéns está a Paróquia e os paroquianos Sr. Crispim da
Silva, Filatelista e Joaquim Gomes, coleccionador de Postais Marianos que, para
além dos postais , tem uma valiosa recolha em fotografia das imagens de Nª
Senhora à veneração dos fiéis na nossa região.
Deste modo a Paróquia prepara-se para celebrar o dia
da Imaculada Conceição que corresponde à data da sua criação, em 1967, por isso
este ano com o encerramento das Comemorações Jubilares iniciadas em 7 de
Dezembro do ano passado.
Entretanto realizou no Domingo uma comunhão solene de
Profissão de Fé para 60 adolescentes e, no dia 8, está programada depois duma
sessão solene de Boas Vindas ás autoridades a Eucaristia na qual serão crismados
mais de 60 jovens.
Ao fim da tarde e a terminar as comemorações haverá um
convívio no adro da Igreja e um brinde popular comunidade. 1992
Ano Santo da Redenção
O melhor texto para falar do
jubileu, (Is. 61,1-2).é a passagem de S.
Lucas, onde Cristo, na sinagoga de Cafarnaum, toma o texto do profeta Isaías.
Ele vem transcrito no roteiro que
vos foi distribuído.
Todo o jubileu se encontra lá com
asa suas características.
Um ano de bençãos e de libertações
anunciadas pelo profeta se cumpriram no tempo de Cristo, o tempo da Sua missão
de salvação, cuja hora da Sua Morte e da Sua Ressurreição seria o cume, o
momento mais importante e, ao mesmo tempo, o momento que se repetiria pelos
séculos fora... duma vez por todas, era o momento alto da história da salvação
do homem.
Em Cristo, se celebra um ano
particular o ano sabático ou do grande Jubileu celebrado todos os 50 anos,
segundo o Levítico 25.
Ao dizer que este Jubileu se cumpriu
n’Ele, Cristo proclama que todo o tempo
é tempo de libertação e de Graça. Todos os anos são anos de bençãos. O
acontecimento de Cristo tornou permanente esta possibilidade de Graça.
No entanto, como acontece nos grupos
sociais e religiosos em que há sempre uma celebração, uma “jornada”, põe em
evidência uma realidade vazia no
quotidiano para aí manifestar o sentido,
permitir aos membros do grupo o restabelecimento da unidade e o
“relançamento” para de novo viver um dia a dia, o futuro,
O Santo Padre diz na Bula isso
mesmo:
“È evidente que o Jubileu da
Redenção não deve ser outra coisa que um ano ordinário celebrado de um modo
extraordinário: a Graça da Redenção, que é nossa e que é vivida ordinariamente
na e pela estrutura mesma da Igreja, descobrindo um dom extraordinário através
do carácter particular desta celebração”.
Um segundo aspecto que ressalta no
texto de S. Lucas é lido com um sentido eclesial: “O Espírito do Senhor
repousa sobre mim, porque o Senhor me consagrou pela unção”. Esta frase que se
aplica de maneira eminente e única a Cristo, aplica-se também, doravante, a Seu
Corpo, a Igreja, e a cada um dos baptizados,
Neste sentido, a Igreja, pelo poder
e pela verdade do Espírito, tem poder e missão de significar as libertações
anunciadas pela profecia.
Ela também tem o poder e a missão de
anunciar um ano de bençãos.
E cada cristão, pela sua vida,
deve anunciar igualmente o Ano Santo.
Pertence a cada cristão anunciar os
sacramentos como sinais do seu esforço pela libertação, pela conversão, pelo
testemunho da Graça de Deus Salvador.
Cada cristão é responsável pelo
sinal jubilar e responsável pelo sinal que tem a dar deste ano de bençãos, pelo
sinal que ele mesmo, por proposta do Santo Padre, decide celebrar,
Este sinal que compete a cada um
dar, deve fundar-se na consciência que cada um deve ter, de que Deus é Salvador
e donatário de todos os bens, de que posse dos bens materiais não é absoluta,
mas apenas uma gerência, devido a esta gratuidade de Deus, de que a libertação
das dívidas e dos bens adquiridos se realiza nas relações sociais.
A celebração do Ano Santo tem de ser
um acontecimento revolucionário para celebrar de um modo autêntico o Senhor Soberano e a gratuidade seus dons, fazendo cada um por se voltar para
seus irmãos e lhes faça justiça.
Celebrar o Jubileu neste Ano Santo é
essencialmente celebrar o Deus das maravilhas, o Deus que faz Graças: celebrar
Deus como origem de tudo em que tudo aparece e se reconhece como Graça;
celebrar Deus que faz Graça a toda a Humanidade e que cada homem, homem pecador
– a quem lhe perdoa – pelo dom de Jesus Cristo, Seu Filho, na liberdade do Seu
Amor; celebrar Deus que renova o Seu perdão e a sua aliança num tempo de Graça,
tempo reconhecido como privilegiado pela comunidade dos que têm fé.
Celebrar o Jubileu é viver num tempo
em que se abstrai do trabalho quotidiano e marcado pela rentabilidade, em que
se reconhece o que há de bom numa pessoa, um acontecimento, um dom; se elogie e
se dê louvores por esta pessoa, por este acontecimento; se descubra e exprima o
que há de bom e o que de bom possa trazer ao grupo ou aos seus membros, para o
futuro.
Ganhar o Jubileu que celebramos é
entrar, pela Graça, no mistério de Cristo, passar na sua Páscoa, receber d’Ele
uma vida nova.
É, enfim, receber a Graça da
conversão e significar o dom dessa Graça, por mudanças de atitudes da vida
livre, renovada e fraternal.
É necessário o nosso esforço para
ganhar esta Graça, mas temos que reconhecer que não basta, é preciso contar com
a Graça merecida por Cristo, mas o esforço da nossa humanidade é já ele mesmo
uma Graça.
A celebração do Ano Santo tem de
representar para cada um de nós uma conversão. Dar as mãos uns aos outros em
sinal de unidade, dar os corações uns aos outros no perdão em sinal de
caridade; conviver uns com os outros na partilha em sinal de comunhão; festejar Jesus Cristo Redentor
na unidade e no Amor é partilhar e comungar do mesmo ideal, é realizar a
Salvação.
Que ninguém fique insensível à Graça
do Ano Santo e que todos numa só voz anunciem as maravilhas de Deus, levando a
todos os homens de boa vontade a Graça da Redenção.
Abri as portas ao Redentor,
Absolvendo-me com o meu amigo,
Não quis aceitar o meu amor,
Jesus, eu tanto sofro contigo.
JOTACÊPÊ Ano Santo da
Redenção!
Eis
o que comemoramos.
Torna
o homem mais são,
Pois
para isso oramos.
ANTÓNIO
ALEIXO
Abri as portas
Ao Redentor,
Pois estão abertas
As estradas do Senhor.
ANTÓNIO
ALEIXO Ano Santo da
Redenção
Nem
sei bem o que isso é
Vou
procurar vir a saber
Para
aumentar a minha fé.
MICAS
PICUÍNHAS
“Abri as portas ao Redentor”
Propõe a Igreja no Ano Santo
Podemos transformar nossa dor
Em jubiloso e doce canto.
MANUEL
LIMA Ano Santo da
Redenção
Segundo
o mundo cristão
Para
todos que têm devoção
E
chamam ao próximo seu irmão.
FERNANDO
PESSOA
Abri as portas ao Redentor
Se apressa; Sua Santidade
Com tanta falta d’amor
Que será da humanidade?
MARLUSA Ano Santo
“Redenção”,
Ano
Santo de amor.
Que
do Céu desça a benção
De
Jesus Nosso Senhor.
FAROL
Acorda! Sê um jardim,
Onde plantes Conversão;
Só depois dirás: Em mim
Vai florir a Redenção.
MARVEDO Ao ver-se tanta
maldade
Entre
a humana criação,
Que
a pobre da humanidade
Veja
em Deus a Redenção!
ANTO
A gente da ribeira
Vai ao Senhor da Prisão,
Passando a vida inteira
A pedir a Redenção.
REIMA A Redenção
de uma vida
Está
sempre nas mãos de Deus:
Jesus
sofreu, alma ferida
E
por nós todos morreu.
MADALENA
Alma que vais meditando,
No Ano da “Redenção”.
Vai depressa e vai buscando
Jesus p’ró teu coração.
SIZÉ A
Redenção merecerei
Com
meu grande amor a Deus?
Todo
o bem que pratiquei
Remirão
pecados meus?
JOÃO
VIANA
A Redenção quer dizer redimir
Os pecados da humanidade
Dá-nos esperança o porvir
Para a vida da Eternidade.
OSB Cada
homem foi liberto
Do
pecado e escravidão
Porque
Cristo abriu a todos
As
portas da Redenção.
QUELHA
A Redenção tem raízes
Até num coração de réu...
Ela é uma árvore
Com frutos colhidos do Céu!...
INSULINDIA Caminha, vê no que
passa
A
imagem do Redentor;
E
o ódio que nos grassa
Dará
lugar ao amor.
MARVEDO
As algemas do pecado
São doloroso grilhão.
Delas fomos libertados
Através da Redenção.
CURTO Cansada da
ingratidão
Deste
mundo, eu olho os céus
E
encontro a Redenção
No
meu grande amor a Deus!
MARIA
DA FÉ
As mãos sangrando na Cruz,
Nos olhos paz e perdão
- Eis como morreu Jesus
E nasceu a REDENÇÃO!...
MADALENA Certo dia em meu
redor
Vi
uma criança a gritar
Abri
as portas ao Redentor
P’rá
Humanidade se salvar.
MARLUSA
A Terra é Céu para alguns,
Que dizem só terem sorte...
Mas rezam ao REDENTOR
Ao verem chegar a morte...
MILAU Chegou o
Ano Santo da Redenção!
Pai,
Tu farás o homem reflectir,
E
logo implorará o seu perdão,
A
Ti, Senhor, que o estás a ouvir.
JOTACÊPÊ
Barcos de vinho, saudade,
Redenção num sol-posto...
Lê-se dor, felicidade,
Na geografia dum rosto!
ALTAMIRA Clamo por
Redenção
Em
prol do meu pecado
Peço
humildemente perdão
A
Jesus Cristo muito amado.
FERNANDO
PESSOA
Búzio nas dobras do vento...
Sopro de vida na vaga...
Redenção é, cá por dentro,
Chama que não se apaga!...
IBIZA Com
humildade Vos peço Senhor
O
favor do Vosso perdão
Senão
jamais encontrarei
O
caminho da Redenção.
LUMAAN
Depende somente de nós
Viver a alegria, esquecer a dor
Ouçamos da Igreja a voz
E abramos as portas ao Redentor.
MANUEL
LIMA Em Jesus está
a Redenção,
O
amor, o caminho e a paz,
Tudo
o que o mundo, irmão,
De
nos dar não é capaz!
ÁLIA
Depois do pecado a Redenção
A caminho do verdadeiro
Seria o pensamento cristão
E como tal Mandamento primeiro.
FERNANDO
PESSOA Enquanto houver neste
mundo
Falta
de vida, de fé e amor...
Pela
Vossa Redenção
Muito
obrigada, Senhor!
CATARINA
VIANA
De tudo foste capaz
Ó grande
Redentor,
Sofreste morte na cruz;
Tu foste o Salvador.
CURROS É
o som dum sino, a repicar
Redenção,
Redenção, Redenção?...
Anuncia-nos
o Ano Jubilar
E
traz-nos a paz ao coração.
IR
Do Paraíso ao pecado,
Do pecado à escravidão,
Do amor até à cruz 1º PRÉMIO
E na cruz, a Redenção.
ZILITA É pôr
nossa alma e coração
Ver
o sacrifício da Cruz
A
nossa sublime Redenção
Veio
pelo sangue de Jesus.
OSB
É difícil compreender,
Mas de fácil aceitação,
Que a liberdade do homem
Nos veio pela Redenção.
CURTO É puro
resgate, a Redenção
Mudou
nossa infeliz sorte
Ela
nos trouxe a Salvação
Por
Jesus Cristo, sua Morte.
OSB
Ele morreu para nos dar a vida
E a paz no espírito do amor
De nós fez deuses, pela Sua dor querida
Nos libertou e O fez Redentor.
GAIVOTA Escreve-se
esperança
Com
amor e redenção,
Quando
sangue é a tinta
E
tinteiro o coração.
CRAVO
DO RIO
Embarca imensidade...
Descobre o horizonte...
Redenção é a verdade
Cristalina é a fonte...
LI
– TUAN Espelho
de Redenção: a alma...
Espelho
do Céu: o mar...
Nascem
sonhos, morrem sonhos,
Vida
é constante sonhar!
NANUK
Esperei com paciência,
O Ano da Redenção,
Perdi a minha ciência,
Agora faço oração.
JOTACÊPÊ Ficou sem o bater
certo
Quando
ela por lá passou...
Se
há ordem no coração
Nela
REDENÇÂO não entrou!...
XU
– VU
Esta fé que nos assiste
E nos faz crer no perdão,
É a prova que Deus existe
Na obra da Redenção!...
EDIAL Foi amor
verdadeiro
Que
na Redenção ficou...
Quem
“ama” só o dinheiro
Certamente
nunca amou!...
UALIBEL
Esta palavra Redenção
Tem tal encanto e magia,
Que, quem a descreve em prosa,
Sem querer faz poesia!...
AL
– FAY Jesus
nasceu em Belém,
Lhe
devemos oração,
Uma
luz que do céu vem,
Dai
ao mundo Redenção.
ZEZA
Este ano estamos em festa
Nós, todos os cristãos
Pois o nosso SANTO PADRE
Proclamou-o da Redenção.
MICAS
PICUÍNHAS Jesus: Ouve as
minhas preces
Que
são mais do que palavras...
E
redime as criancinhas
Que
ainda vivem como escravas!
ALESIC
Este mundo é um roteiro,
Ó Deus tende compaixão,
Abençoa o mundo inteiro,
No Ano da Redenção.
ZEZA Jesus
tende piedade,
Abençoais
a nação,
Dai-nos
a paz de verdade,
No
Ano da Redenção.
MADALENA
Estrelas nos meus olhos
Ainda estou a vê-las...
Redenção: cama de luar
Com cobertor de estrelas...
AUÁ Juntos...
nesta vida
Caminhemos
de mão na mão
Para
assim dia a dia
Celebrarmos
a Redenção.
JOMAR
Eu bem queria ser santa
Neste Ano da Redenção
S’a Virgem não me ajudar
Vou pecar por tentação.
MICAS
PICUÍNHAS Mais do que o
brilho profundo
Que há na cor das loiras tranças...
Jesus
redimiu o mundo
Pelos
olhos das crianças!
ALESIC
Mais de que te redimisses
Na fé que juras manter,
Para que tu existisses
Foi que Jesus quis morrer!
ANTO Não me
chamem muito rico
Por
ter farta casa e pão,
Mas
por ter esta palavra
Dentro
do meu coração!...
ROSEMAR
Minha alma chora
Em busca de perdão,
Perdoai-me Senhor!
Mostrai-me o caminho da Redenção.
LUMAAN Não percas o
sentido do viver
Nem faltes
ao dever da caridade
Carrega
a cruz porque é razão de ser
Da
Redenção, do amor e da verdade.
ÁRIA
Morrer e nascer de novo
Como Cristo Redentor
Comungar com este povo
Natal e Páscoa de amor.
ÁRIA Não sei
que sina fatal
Anda
o mundo a conquistar;
Deus
redimindo-o do mal
E
o homem sempre a pecar!
D.
FLOR
Morrer e voltar à vida
É renascer. Atenção
Alma nova renascida
É sinal de salvação.
GAIVOTA Não te faças
“doutor da lei”
Mas
vive sempre em comunhão
Sê
pelo menos humilde
No
Ano Santo da Redenção.
JOMAR
Muito obrigada Deus nosso
Pela vida, a fé, o amor...
E a santa Redenção...
Muito obrigada Senhor!
ZITA
MEIRA Não te
lembres de esquecer
Não
te esqueças de lembrar
No
Ano Santo da Redenção
A
partilha deve aumentar.
JOMAR
Na encruzilhada da vida
Para o crente só existe uma razão
É a procura de um estilo de vida
Que nos conduza à Redenção.
LUMAAN Na palavra da
verdade
Redimir
é noite em luz;
Cristo
a olhar a humanidade
Tombando
a fronte na cruz!
ANTO
Não fiques sozinho chorando,
Festeja em amor Redenção.
Só Deus te poderá ajudar,
A “Ele” abre o coração!
OUTORGA Na pobreza me
ocultei
Crendo
em Deus, e foi então
Que
muito rica fiquei
Na
esperança da Redenção!
GENY
Na Redenção há alegria...
Também lágrimas da vida...
Azeitona dá azeite
Só depois de espremida!
CHIMITU No leito da
minha existência,
Lateja
o meu coração,
É
o palpitar de Deus,
No mundo da
“Redenção”.
SIZÉ
Neste Ano da Redenção
Perdoai seja a quem for
Abramos o coração
E as portas ao Redentor.
PARADISE
GREEN No mar da vida se
chora...
Choro
é Redenção ao vento...
A
chorar se ri por fora,
A
rir se chora por dentro!
SIMPLÓRIO
Neste Ano da Redenção,
Uma pergunta vou pôr:
Porquê tanta ingratidão
Em troca de um grande Amor?...
MARVEDO Nos braços largos
da cruz
A
Redenção é presença,
Porque
à cruz deu-Se Jesus
Pela
multidão imensa!
PEDRA
VERDE
Neste Ano da Redenção,
Vamos todos ser irmãos.
Com amor no coração.
Vamos todos dar as mãos.
PARADISE
GREEN Nosso Senhor, Pai
Divino,
Eu
digo do coração,
Nós
andamos neste mundo
Por
tema da Redenção.
LALÉ
Neste mundo conspurcado e egoísta
Pela guerra, injustiça e paixão,
Resta no homem crente a esperança
Naquele que foi a nossa Redenção.
ZILITA No tempo
sê luz para alumiar
Sê
o fermento a levedar o pão
Sê
terra fértil para semear
A semente do bem, a Redenção.
ÁRIA
Neste mundo egoísta,
Que o Ano Santo da Redenção
Seja por todos lembrado,
Mesmo que na provação.
CURROS Ó Cristo, que
és o nosso Redentor,
E
que por nós foste crucificado!
Mostra,
mais uma vez, Teu amor
Para
que os homens deixem o pecado.
ANTÓNIO
ALEIXO
No Ano da Redenção
Todos devem amar,
Entoando uma canção
Para a guerra acabar!
REIMA O homem que
deixe o crime
E
em Deus veja o que é bem feito;
Um
peito não se redime
Se
não couber noutro peito!
NAZARENO
O mundo para ser belo,
Redenção e esperança,
Bastava ser caramelo
Na boca duma criança!...
UPSÁLIA Para sermos
redimidos,
Morreu
Cristo numa cruz.
E
tão mal agradecidos
Nós
temos sido a Jesus!
CONFIANTE
O pecado foi ofuscado
Pelo brilho da Redenção.
Através dela pôde o homem
Confiar na libertação.
CURTO Passo a vida a rezar
Por
uma certa razão;
Não
tendo mais que pensar
No
Ano da Redenção.
VILAS
O que significa Redenção?...
- É o chamamento à Santidade
P’la penitência e oração
O Resgate da Humanidade.
IR Passos
dados por alguém
Que
precisa de perdão,
São
passos dados por bem,
São
passos de Redenção.
PEDRA
VERDE
O tema da Redenção
Eu digo e não tremia,
Foi Deus Nosso Senhor
Que nos deu a luz do dia.
LALÉ Pela
Humanidade, Jesus
Padeceu
em REDENÇÃO:
Subiu
aos Céus numa Cruz,
Veio
dos Céus a Salvação!...
MILAU
Para este mundo tão falho
A Deus pedi Redenção.
Dai-nos SAÚDE e TRABALHO,
Mas, NUCLEAR... ISSO NÃO!
OLEGNA P’la luxúria e
ambição
Está
cego o mundo e perdido!...
P’ra
esses... a Redenção
É
o ouro conseguido!
MARIA
JOÃO
Para ganhar o meu pão
Passei a vida a trabalhar,
No Ano da Redenção
Passei-o sempre a rezar.
VILAS Perdera a
Terra o seu brilho,
Porque
imperava a maldade,
Mas
Deus mandou-lhe o Seu Filho,
Redimindo
a Humanidade!...
EDIAL
Mal me livrar do Mal
Redenção a Deus pedi.
Sabes qual foi o final?
DEUS, libertou-me de ti!...
OLEGNA Perdoa em vez
de ferir
A
asa que te roçou...
Perdoar
é redimir 3º PRÉMIO
O
teu irmão que pecou!
NAZARENO
Poderá o homem ignorar
O nascimento do Redentor?
Por que mantém então as algemas?
Não confia no Libertador?
CURROS Que este Ano
Santo da Redenção
Pelo
povo de Deus seja assumido,
Para
qu’este cresça e se multiplique
Já
que todo o homem foi redimido.
ZILITA
Põe os olhos em JESUS.
Homem que fazes a guerra,
Subiu ao Céu numa Cruz
Em REDENÇÃO pela terra...
MILAU Que Jesus
Nosso Senhor
Nest’Ano
da Redenção,
Nos
traga paz e amor...
Seu
infinito perdão.
BUGIO
Por favor parem as guerras!
No Ano da Redenção
E todos os dias será
Uma verdadeira oração.
ESTRELA
DO NORTE Quem pecou uma só
vez
Pede
ao Senhor perdão:
Porque
não soube o que fez
No
Ano da Redenção!
VILAS
Porque é que a Redenção
Nos foi dada por Jesus?
Porque S’entregou por nós
Sofrendo morte na Cruz.
MOCA Quem pelos
outros padeceu,
Dando
aos outros tanto amor,
Foi
uma estrela do Céu,
Foi
Jesus, o REDENTOR!
PECADOR
Porque fujo e me escondo,
Tendo medo de Ti, Senhor?
Se vozes gritam ao mundo
Abri as portas ao Redentor!
MANUEL
LIMA Queres ser
feliz e alegre,
Faz
com teus irmãos união.
Só
assim poderás celebrar,
O
Ano Santo da Redenção!
OUTORGA
Quando é Natal há uma pausa
Para o mal retroceder;
Apenas por nossa causa
Jesus voltou a nascer!
D.
FLOR Querer
uma vida ao “SOL”
E
boa Redenção não ter,
É
como existir farol
Sem
o mar sequer haver!
ASTROZINA
Qu’a conversão de cada homem
Seja pura realidade
Nest’Ano Santo confirmada
Nos homens de boa vontade.
QUELHA Quer João
Paulo II
Com
este Ano da Redenção,
Que
só haja paz no mundo
E
amor no coração.
PARADISE
GREEN
Quero que saibas, irmão,
Que todos fomos redimidos,
Que nos foi dado o perdão
P’ra todos sermos amigos!
ÁLIA Remir os
próprios pecados
Já
é difícil, Jesus ...
Mas
Tu remiste os pecados
De
todo o mundo, na Cruz ...
PECADOR
Rainha de sonho sem peias ...
Embarca a vida na mão ...
Redenção é sal nas veias,
Pingo de lua e coração! ...
SUKY
– AUÁ Salvar a
alma da gente
Foi
obra de um grande Amigo;
Redenção,
eis a semente 2º PRÉMIO
Que
há dois mil anos dá trigo! ...
D.
FLOR
Redenção bem acolhida
É alma bem recheada ...
A maior tristeza da vida
É a alma cheia de ... nada ...
SRI
– LANCA Santa
Maria Mãe do Senhor
Foste
escolhida ó Santidade
De
Ti nasceu o Redentor
Para
salvar a Humanidade.
MARLUSA
Redenção, é mais que amor,
É toda uma doação
Que nos fez Nosso Senhor
A ti, a mim, meu irmão!
ÁLIA Se a
inteligência me desse,
Vos
digo do coração,
Se
com poemas pudesse,
Dar ao mundo Redenção.
ZEZA
Redenção foi-nos dada por Cristo
Ele é o nosso Redentor
Redimiu o mal o imprevisto
Tão sublime é, o Seu amor.
IR Se a
voz bela da razão
Fosse
sempre bem ouvida,
A
palavra Redenção
Nunca
era proferida.
PEDRA
VERDE
Redenção: o mais profundo
De tudo o que se sente ...
Não há em todo o mundo
Palavra mais convincente!
LURERITZ Segue em frente,
não aprisionado
Nessas
paixões, e toma com coragem
A
tua cruz, escuta a mensagem
Do
Redentor, e deixa o pecado.
GAIVOTA
Redenção que nos foi dada
Pelo madeiro da cruz,
Nem sempre por nós lembrada,
Perdão, querido Jesus.
MOCA Senhor! Eu
não me esqueci
Do
Ano da Redenção
Tudo
darei para Ti
Como
dei o coração.
ESTRELA
DO NORTE
Senhor, Senhor, peço perdão
De todos os meus pecados;
No Ano da Redenção
Devem ser perdoados.
REIMA Ter ou não
ter, pouco importa...
Na
vida tudo é ilusão...
Mas
ter Redenção morta
É
ter morto o coração! ...
HIKARI
Se o pavor do inferno,
Obriga a ser cristão,
A sementeira p’ró Céu,
Floresce a “Redenção”.
SIZÉ Tira de
ti a maldade
Dá
aos pobres do teu pão
Ama
a Deus, com lealdade
E
terás... a Redenção!
RIBATEJANA
Se toda a humanidade
Visse o Irmão em cada irmão,
Reinaria a amizade,
Viver-se-ia a Redenção.
DEOMAR Todo
aquele que ama,
Consegue
fazer oração.
Leva
contigo amigos
No
caminho da Redenção!
OUTORGA
Sinfonia de beleza
Em serpentinas de vento ...
Só a palavra Redenção
É veludo cá por dentro ...
TREVO
– AXEL Todo
o cristão consciente
Não
deverá esquecer
Que
o Ano da Redenção
Será
sempre até morrer!
ESTRELA
DO NORTE
Só amor o coração lavra
Quando a ambição é esquecida;
REDENÇÃO, eis a palavra
Que foi a origem da vida!
NAZARENO Uma cruz p’ra os Céus
erguida
E
um mundo sem comoção;
Eis
o retrato da vida
Onde
Cristo é a Redenção.
EDIAL
Tecendo sonho real,
Tecendo paz e pureza,
Tecendo imagem grandal,
Redenção tece beleza! ...
FUSIAMA Veio uma
estrela e fulgiu
Simbolizando
uma cruz;
Cristo
também redimiu
A
noite que se fez luz!
ALESIC
Tempo para meditar,
Tempo para reflectir,
É tempo de Redenção,
É tempo de decidir.
QUELHA
Conclusões
das Jornadas da Família
24/04 a
01/05/1994 – Paróquia de STª. M.ª Maior e Nª Sª de Fátima
Terminadas
as “Jornadas da Família” promovidas
pelas Paróquias de Santa Maria Maior e Nossa Senhora de Fátima, realizadas de
24 de Abril a 1 de Maio no Auditório do Centro Social de Santa Maria Maior,
chegou-se, após analisadas as intervenções e debates por estas motivados, às
seguintes conclusões:
-
A celebração do
Ano Internacional da Família valerá pelos seus resultados práticos a nível de
sensibilização das famílias para a sua importância na humanização da sociedade,
e pelas medidas políticas e legislativas que a mesma possa ter motivado.
-
Os valores humanos só serão respeitados na sociedade
ma medida em que os mesmos forem vividos no seio das famílias.
-
O amor vivido em diálogo, doação, partilha e
comunicação é a contribuição fundamental para a felicidade e para a alegria.
-
A felicidade depende da aceitação de nós próprios tal
como somos, e, consequentemente, da aceitação dos outros para o diálogo numa
perspectiva de paz e amor.
-
A crise espiritual e cultural dos nossos tempos
caracteriza-se pela subversão da ordem dos valores estáveis e pelo materialismo
e secularismo.
-
A vida em casal implica um amor plenamente humano,
total, fiel, exclusivo e fecundo, aberto à transmissão da vida.
-
Um casamento estável exige maturidade intelectual,
afectiva, social e ética, bem como um conhecimento recíproco aprofundado e a
aceitação clara da respectiva identidade do outro.
-
O trabalho familiar não tem preço. No entanto, é
incontestável e oficialmente reconhecida a sua importância como valor económico.
É urgente, por isso, que o trabalho doméstico, em regime de exclusividade, seja
conveniente remunerado.
-
A família deve ser naturalmente uma escola
administrativa onde o consumo nunca se sobreponha à produção. Sempre que ocorre
a inversão desta situação a Família enfraquece e é abalada na sua estrutura.
-
A Família para além de “berço” e espaço privilegiado
de educação, socializa, desenvolve, transmite valores e é garantida da coesão
do tecido social.
-
O aumento da delinquência juvenil está grandemente
relacionada com o mau uso do aumento das liberdades individuais. É necessário,
por isso, que a autoridade paternal seja exercida com firmeza, embora sem
prepotência mas também sem demasiada benevolência, isto é, sem demissão do
direito de educar.
-
É necessário pensar-se na desmarquetização para que o
homem seja menos robot, mais responsável pelos seus actos e, consequentemente,
menos dependente de influências exteriores.
-
A Paróquia é um espaço generoso de acolhimento. É o
centro convergente das famílias, onde, em comunhão com elas, são vividos os
grande momentos de festa de fé na Família.
-
A Oração comprometida leva o orante a descobrir que é
necessário fazer da vida oração pessoal e familiar, geradora de esperança e de
paz pela abertura à “boa nova” do encontro com DEUS.
-
O Voluntariado implica espontaneidade e gratuitidade,
e exige disponibilidade para estar pronto e apto a substituir o familiar que
não existe ou está ausente. É urgente desenvolver a consciência de Voluntariado
na sociedade de hoje.
-
A consolidação da Família passa pela Eucaristia. Na
Família, igreja doméstica, não pode faltar o Altar, o Ambão e o Sacrário. Na
Família há sacrifício e comunhão, palavra e diálogo, coração e amor, tudo o que
existe numa Eucaristia em plenitude.
“Natal e Família”
A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em colaboração
com as Escolas do 1º Ciclo da área levou a efeito um concurso subordinado ao
tema “Natal e Família” de muito interesse para estímulo à muito querido para os
cristãos.
Concorreram cerca de 400 crianças e foram atribuídos
prémios a: 1º - Marco Rocha (Carmo), 2º - Isabel Rod. Ferreira
(Abelheira), 3º - Cátia Andreia Sousa (Abelheira) ; 1º - Carolina F. Viana (Carmo), 2º
- Mariana Lopes Caló (Carmo) e 3º - Maria Filomena Cunha (Carmo) da 1ª
e 2ª fase, respectivamente.
Fizeram parte do júri: Dr.ª Maria Augusta Manso
(Psicóloga), Arquitecto Faro Viana, Pe. Dr. António Belo, Prof. Ilda Carvalho e
Irmã Adela Morante.
Os trabalhos encontram-se expostos ao público no
Ozanan - Centro de Juventude até 27 de
Dezembro.
CENTRO
COMUNITÁRIO DE APOIO AO NECESSITADO
CECAN/RD
(Recolha e Distribuição)
A Paróquia
de Nossa Senhora de Fátima abriu um Centro Comunitário de Apoio ao Necessitado
– Recolha e Distribuição, à Rua Campos Monteiro, Lote 1, Cave – Direito, propriedade
da C. Fabriqueira. Esta fundação resulta da cooperação de serviços entre
diversas instituições e movimentos da Paróquia de índole sócio-caritativa:
Centro Social Paroquial, Ozanan – Centro de Juventude, Conferência Vicentina,
Pólo Juvenil, Clube de Jovens – Ozanan, designado pela sigla CECAN/ RD.
O CECAN/RD
tem por fim recolher bens úteis ou usados (em bom estado), como roupas,
mobílias, electrodomésticos, alfaias, brinquedos, aparelhos audiovisuais,
etc... para distribuição aos pobres.
Encontra-se
aberto diariamente das 14.30H às 16.30H por voluntários da Conferência de S.
Vicente de Paulo e Jovens Ozanan, aguardando-se a oferta de Jovens do Pólo
Juvenil.
À
inauguração estiveram presentes, para além dos corpos socais que tomaram posse
, o Senhor Director da Sub-Região da Segurança Social de Viana, o Presidente da
Junta da Freguesia de Santa Maria Maior, elementos do Conselho Pastoral
Paroquial, Vicentinos e outros paroquianos.
Os corpos
sociais são constituídos por: Dra. Maria Augusta Durães Fernandes, presidente;
Crispim da Silva, secretário; Fernando Pereira, Tesoureiro; Dra. Piedade
Gonçalves, Rosa Amado, Agostinho de Castro, presidente; Dr. Carlos Loureiro e
Henrique Balinha, vogais do Conselho Fiscal, respectivamente.
No horário
de abertura, tanto se aceitam os referidos bens, como se distribuem.
Temos, que procurar sempre melhorar o nosso bem-estar, os nossos conhecimentos,
as nossas actualizações. Os nossos “hábitates”, os meios de alimentação, os
meios ambientais ecológicos. Sempre temos que crescer em tudo: na cultura e na
educação, não só no ter, como, e sobretudo, no ser. Isto é cristão. O evangelho
a boa nova cristã o que quer é o beim das pessoas e de todos pobres e ricos,
pecadores e justos e que todos tenham o direito à felicidade se o quiserem.
Esse certificado de qualidade ser-nos-á entregue na vida do Além.
Um certificado de qualidade, pode ser um papel que
pode significar algo, mas não é tudo! Quantas coisas ficam no papel? ...
Algumas representam rescritos de que são doutores de muitas coisas, mas não
passam do papel, na prática os seus certificados ou diplomas valem menos que
uma pessoa com menos papéis, menos cursos, ou sem nada disso. À pessoa de bom
senso, de conhecimentos empíricos de vida não se passava certificados de
qualidade.
Com este certificado de qualidade pode dizer alguma
coisa e não dizer nada, ou até o contrário. A exigência de certificado de qualidade
a Instituições de Solidariedade sem fins lucrativos, ou outras, é às vezes,
como pedir a um pobre que tenha qualidade quando não tem trabalho, comida,
água, saneamento, abrigo, roupa, dinheiro para tratar da saúde ou viver
envergonhado porque não tem coragem de sair à rua. É como exigir a um cego que
participe numa corrida para que tenha um certificado de qualidade.
Não se pode passar certificados de qualidade a quem é
pobre, mas vive feliz. Uma casa pode não ter os requisitos de um quarto de 16
metros quadrados para dois utentes, por outro lado temos um quarto bastante
mais pequeno, mas a casa oferece amor, respira-se serenidade, paz, harmonia,
fraternidade e igualdade e os utentes sentem-se felizes, alias, é o importante.
Caso contrário só os ricos se safam, mas nem esses porque têm alguma qualidade,
mas não a têm todo porque lhes falta o sempre algo, a paz interior, aquilo que
o faz feliz.
Brasão no Arco do Cruzeiro(?) nesta igreja, hoje paroquial de Nª Sª de
Fátima, Viana do Castelo, do Fundador do 1º Carmelo de Viana
do Castelo, inaugurado em 1982, Cónego Doutorado e jubilado, da
Universidade de Coimbra,António Correia Seixas. O Brasão tem um metro
e oitenta centímetros de Alto e um metro e vinte centímetros de largo.
Inquérito
No tempo do Padre Rogério foi lançado este inquérito sobre os proventos do pároco. Fica aqui um registo.
Um caso ou outro respondeu “Não” argumentando que a Paróquia é
pequena e pobre. Os que disseram “Sim” dizem que “… a população cresceu e o
número de habitações e o pároco tem de dar muita assistência espiritual a esta
zona da cidade.”. A Paróquia era uma vontade generalizada e o exercício do
pároco como professor teve várias respostas das quais se destacam: O Pároco não
deve viver das esmolas dos paroquianos. Deve ter um digno sustento. Alguns
declararam não ter possibilidades de pagar a Côngrua entre os que não
declararam valores. Entre os que declararam valores da Côngrua alguns disseram
que a Paróquia ocupa extensiva e intensamente no dia-a-dia, por isso não podem
disponibilizar-se a dar aulas. A
Paróquia é uma necessidade para poder sentir e viver com o pároco em comunidade
serem assistidos, ensinados e olhar pelos mais pobres.
No entanto, em 1976 prometeram um vencimento
paroquial ao pároco no valor anual de 64.415$00, o que daria em 12 meses
5.368$00, de 14 meses (férias e 13º mês) 4.601$00.
Nos anos anteriores, em 1973 o pároco
recolheu no ano 34.435$00; em 1974 foi de 37.060$00 e em 1975 então atingiu
45.680$00.
Em 18/06/1971 foi prometida uma anuidade de
64.415$00. Em 1976. 670 respostas
entradas.
O Padre Caldas
O padre José Fernando Caldas, sacerdote desta diocese, esteve ao serviço da
Igreja em Roma já tinha sido nomeado Monsenhor – Capelão de Sua Santidade, pelo
Papa Francisco há quatro anos.
O padre Caldas além de Reitor do Pontifício Colégio Português, estrutura
que acolhe os padres portugueses, e não só, que estão a estudar em Roma.
Trabalhou na Congregação para a Educação Católica, dicastério que trata das
questões relacionadas com o mundo do ensino católico, das escolas às
universidades, em todas as latitudes do globo.
Tratou-se de um reconhecimento dos serviços prestado por este sacerdote
incardinado em Viana do Castelo e natural de Melgaço, freguesia de Gave.
O padre José Caldas, nascido em Paris, filho de emigrantes, ingressou no
seminário diocesano em Monção, em 1984, tendo posteriormente frequentado o
Seminário e a Faculdade de Teologia de Braga, antes de ser ordenado em 1988 por
D. José Augusto Pedreira.
O seu múnus pastoral iniciou-se no arciprestado de Arcos de Valdevez, nas
comunidades paroquiais de Soajo, Gavieira e Ermelo. Posteriormente, foi
formador do Seminário Diocesano, desta feita na cidade de Viana do Castelo,
além de responsável pelo Secretariado da Pastoral Juvenil.
Em 2003 foi enviado pelo Prelado para Roma a fim de estudar ciências da
educação. A partir de 2006 estava ao serviço da Conferência Episcopal e da
Cúria Romana. Tendo, por sua vontade, regressado à Diocese, D. Anacleto
enviou-o agora para colaborar na Paróquia de Nª Sª de Fátima. O Pároco
responsabilizou-o pela Pastoral da Família e da Catequese, entre outros.
Entretanto já presidiu a um debate original na
cidade, anunciado sobre "vivências do Amor" e ocorrido no
Auditório da Escola Secundária de Santa Maria Maior e foi muito interessante.
Alguns casais em situação de: divorciados e recasados,
um com mulher já com geração, viúvo e com filhos e em situação de comunhão com
uma ex-freira, outro com a situação regularizada, mas à custa de muito
sofrimento, mas muita fé, conseguiram vencer e ainda outro com todas os
parâmetros normais em relação ao que é costume, deram testemunhos bastante
diversificados e muito edificantes para toda a assembleia.
Um casal que aqui viveu e veio de longe a este
encontro, casados há 52 anos, também, no final se congratulou com a iniciativa
e achou conveniente repetir este encontro para mais aprofundamento, bem como
dar mais oportunidades a casais que se encontram em situações similares, ou
diferentes destas.
Uma conclusão que facilmente se tirou é que o Amor é
belo e Deus assim o quer belo e alegre.
Parabéns às palavras fundamentadas na encíclica do
Papa Francisco que o Monsenhor Caldas as agarrou para esperança de todos. Os
participantes estão à espera de continuar…
A Escola de
Música
A Escola de Música da Paróquia de Nª Senhora de Fátima
levou a efeito uma festa de Natal para a qual convidou o Camilo Correia, Dra.
Helena Vieira e o Pároco, Pe, Artur Coutinho. Havia exposição, decoração da
Escola com harmonia e interpelava. Viveram-se momentos de alegria à volta de
uma mesa. O João Sá falou para todos desta escola que nasceu em 1979. Vários
professores passaram por aqui e já houve 160 elementos da Escola de Música.
João Sá pediu à direccão alargamento de espaços para poder receber
mais alunos. Por fim falou o Presidente da Direcção do Centro Social, Padre
Artur Coutinho, que falou também da história e como não estando presente muitas
vezes onde a Escola do Centro Social está a entusiasmar o povo, as pessoas em
espaços fechados ou ao ar livre encantando os ouvintes, os foliões, os amigos
da música ao ponto de terem feito gravações várias e ainda há pouco estiveram a
animar no Casino Afifense e sempre com o selo do Centro Paroquial de Nª Sª de
Fátima. Deu os parabéns e agradeceu o esforço dos professores e a todos os que
com eles trabalham. Obrigado. Foi ainda prometido que iríamos fazer tudo ao
nosso alcance para aumentar ao espaço e embelezar a entrada.
VETERINÁRIO TEODÓSIO ANTUNES
Teodósio Marques Antunes, falecido em 18.12.1993,
deixando viúva a Idalina Trindade de Almeida Antunes, de Portalegre. Não deixou
família e nasceu a 11.02.1910 em Alter do Chão e baptizado em Chança. Foi um
famoso veterinário em Viana do Castelo e veio a suceder ao Dr. Lisboa. Um
cristão dos quatro costados, cursilhista, fervoroso e trabalhou pela criação da
Paróquia de Nª Sª de Fátima. Através dele realizaram-se alguns baptizados, um
deles, o último com 64 anos depois de 7 anos de preparações, conforme e a seu
pedido. .
A Casa: Espaço e Fronteira
A casa representa o nosso espaço, onde nos sentimos a
nós próprios com consciência ou sem ela, com tranquilidade, com serenidade, com
segurança e a presença dos nossos que nos são mais queridos. Este modo de estar
em casa e, em própria casa, dá-nos felicidade, nos tranquiliza, fornece-nos
energias positivas com o calor ou os afectos de quem mais amamos. Na casa que
habitamos somos mais livres, mais personalizados, mais comunidade e sentimos
uma privacidade sem igual.
Tudo nasce e tudo morre, mas a memória da família não
esquece toda a história que se vive nas gerações.
Quando se sai de casa, sempre se pensa em voltar,
porque é o nosso ninho, assim como os animais têm o seu ninho, onde se criam e
recriam. Aí, cada um de nós armazena na memória a nossa história pessoal,
familiar e social. É o espaço doméstico onde sentimos a sensação de conforto,
de diálogo, de protecção, relaxamento e reconhecimento que contribui para a
nossa estabilidade emocional.
Fora de casa, o espaço é outro, são ambientes
públicos, despersonalizados, sobretudo quando falta no nosso coração o amor
àquilo que é comunitário, público porque é de todos, seja espaço urbano ou
rural. A casa dos outros já não é a nossa casa ainda que sejam familiares: há
disciplina, respeito, privacidade, há limites e fronteiras.
É em casa que manifestamos a nossa fé, a vivemos com
simplicidade e a transmitimos a todos através dos sentimentos, pensamentos,
sensações, emoções e diálogo aberto em família, como, no ninho, as aves
alimentam os filhotes.
Diz-se muitas vezes que os olhos são as janelas da
nossa alma. Também as janelas são os olhos da nossa casa quando queremos ter
vistas mais longas, infinitas, e por elas podemos repetir o mesmo, pois umas
janelas que nunca se abrem, umas janelas mal asseadas, mais sujas ou mais
limpas, também podem mostrar aos outros que a alma daquela casa, isto é,
daquela família, daquele lar, está sem gosto. Parece que não há vida, não há
alma. A alma de uma casa, é a alma dos seus moradores que querem transmitir ao
universo das pessoas que é bela ou feia, como os outros a devem ver.
A própria arquitectura da casa pode influenciar muito
a nossa capacidade de estar e de viver, ajuda-nos a ter o desejo por nela estar
para sonhar, relaxar, sofrer e viver as alegrias e as tristezas que se
arrastam, muitas vezes na vida.
Cuidar dela é um dever, como desejamos, nela estar e
viver a felicidade no Lar. Também o caracol só se sente bem na sua concha e
quando algo adverso lhe possa parecer logo se encolhe e se refugia na sua
própria casa, como acontece aos humanos que amam o seu espaço que consideram
sagrado.
Para amar a casa, Angelina Correia Sacadura sugere “10
Mandamentos” fundamentados e que resumo na seguinte numeração: 1. Os meus
hábitos; 2. A memória da Família; 3. Espaço; 4. Ambiente físico; 5. Ambiente
acolhedor; 6. As origens; 7. Renovações; 8. Diferente do espaço de trabalho; 9.
Muita luz natural; 10. Artes decorativas.
A casa é uma fronteira de relações sociais; abre a
porta para visitas ou fecha-a; é local privado ou público, reservado à família
ou aos amigos…
Se a casa é fundamento da alegria de viver…ela é mais
que alegria e protecção, é o espaço legitimado para os nossos sentimentos mais
profundos, é o lar onde se vive em verdade e na verdade, se vive o AMOR e se
enraízam as razões do AMOR e do VIVER.
O espaço é uma extensão indefinida que tudo engloba
nas suas três dimensões. Há espaços infinitos, finitos grandes e pequenos;
áreas de mais ou menos dimensões; de maior ou menor duração, extensão ou
superfície, delimitados por fronteiras imaginárias ou físicas. O espaço é
sempre uma parcela universal se tivermos como o objectivo algo que tenha corpo
e que seja geograficamente explicável. Neste caso falamos do nosso espaço
térreo onde há água e terra seca ou terra verde. Cada uma destas coisas tem o
seu espaço no planeta terra e tem o seu limite e sua fronteira.
A fronteira é uma linha divisória de espaços maiores
ou menores. Todos os espaços para além de estarem separados ou marcados por
pontos, ou por paredes (como aconteceu com o muro de Berlim) para não haver
contactos entre um espaço e outro espaço. Quando se fala de espaço, poderá este
ser público ou privado. Na sua divisória há então uma fronteira e um espaço
que, sem um lugar por onde se possa entrar e sair, não tem razão de ser. No
princípio não houve necessidade de portas, como por exemplo, nas habitações
lacustres, no sentido que à frente darei no significado de uma porta.
A porta é um lugar de passagem que permite a entrada,
o ingresso, o acesso para entrar, ligação entre dois espaços, o interior e o
exterior, onde também se pode sair, acesso para sair, libertar-se, passar,
emigrar. Esta é, normalmente, a abertura em parede ao nível do chão de um
pavimento e que pode ser feita de madeira, de vidro e pode ser de uma folha, de
duas, de três, ou tipo concertina de correr. Quando de madeira e de uma folha, ou
até mais, normalmente, o povo dá-lhe o nome de porta no interior da casa; se
for de uma só folha, no exterior. Há na nossa zona quem lhe chame, a portinha;
se for de duas folhas ou mais, de madeira, chamam-lhe portal; se for de metal e
de duas folhas, chamam-lhe portão. Se esta entrada delimita um espaço que não
se destina a uma casa, mas a um terreno e se for feito de réguas de madeira ou
ferro como um espaço de uma folha, chamam-lhe cancelo e, de duas folhas ou mais
é conhecida por cancela. De qualquer forma, porta, portal, portão, cancelo ou
cancela é sempre uma solução para entrar ou sair. Se se trata de porta de um
armário que se abre para meter a mão para guardar ou servir-se, ou de cofre,
também é para ver e meter algo que se esconde, que se guardou ou que se procura
para utilizar…
No entanto, a porta é sempre utilizada para muitos
espaços: as portas da cidade, as fronteiras policiadas antes da União Europeia,
embora ainda existam, mas não pode ter polícia… as portas dos edifícios
públicos e privados. Há as portas das catedrais, que são sempre portadas muito
ricas em decoração arquitectónica, assim como nos templos.
Uma porta, normalmente, tem as aprumadas e as
travessas que fazem a sua estrutura. O resto dos espaços são quadros, espelhos
ou almofadas e o seu conjunto é a folha. Para além desta estrutura, a porta tem
o local para uma fechadura, um batente, se a aldrava na fechadura não servir de
batente ou de puxador. Antigamente, o buraco por onde saía ou entrava o gato,
era gateira. Algumas têm visores e respiros, mas modernamente os visores são
reduzidos e já passaram a via vídeo, assim como as chaves com a evolução dos
tempos, hoje, podem ser um código, um cartão, uma chave computadorizada que
marca a hora, o dia em que se entra e sai e, até a imagem de quem saiu ou
entrou. No entanto, a segurança de uma porta está nas dobradiças e nas
fechaduras antigas, também trancas ou tranquetas.
À porta pública fazem-se manifestações e há portas que
só se abrem com a chave do Amor.
NOMES PREFERIDOS DE
2006 a 2015
nos registos de baptismos da Paróquia de Nª Sª de Fátima
O Lions
Clube foi a organização humanitária que este ano mais colaborou com o Berço até
esta data. O “Médico à Força” de Molière levado a efeito no Teatro Sá de
Miranda foi uma iniciativa muito útil porque cultural e, ao mesmo tempo,
solidária para com uma obra, como a do Berço.
A Direcção do Centro Social agradece a iniciativa que aliás já não é a primeira
vez. Já são várias; mais uma razão para sentirmos que são de facto uns amigos
das crianças abandonadas.
Para além disso têm aparecido também escolas a fazerem ofertas para o Berço, de
dentro e de fora do Concelho de Viana, como Externato das Neves, Escola das
Neves, Empresa Marrocos, Escola nº 2 do Barreiro (Lisboa). Colaboraram também
os Vicentinos e a hoje Omni. Todas as ajudas são incentivo para o nosso
trabalho.
Um casal do Canadá, Antónia Cambão e João Martins entregaram uma oferta
generosa para a Obra nova uma vez que souberam, pelo “Aurora do Lima”. Prometem
repetir.
Diagrama da
Paróquia
P = Pároco, CPP = ConselhoParoquial
de Pastoral, CP = Conselho Permanente
Projecto de
intervenção social na Paróquia, em 1979
Sempre foi um apanágio do Padre Coutinho não olhar
para trás quando sente e vive a miséria dos outros, por vezes, esquecendo-se
dele mesmo.
A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, uma das
paróquias da cidade de Viana do Castelo – a maior demograficamente, com quase
12.000 habitantes espalhados por mais de 3500 fogos,está a preparar a
remodelação de todas as suas valências sociais, congregando serviços dispersos
por toda a área a leste da cidade.
No Jantar de Convívio de mais de 600 pessoas pelos 25 anos de pastoreio do Pe
Coutinho, foi o apelo lançado pelo pároco para começar em Março a obra se até
31 de Dezembro arranjasse ofertas no valor de 500.000 euros, pois contando com
o apoio do Estado ainda será preciso juntar mais 1.000.000 euros à conta da
Paróquia.
"O desaparecimento de um mundo tipicamente rural da zona da Abelheira
gerou uma expansão urbana sem precedentes, onde surgem muitas carências
materiais e sociais a que a Paróquia, através da sua Obra Social, procura pôr
termo", explica o Pe. Artur Coutinho, pároco local. Já previa isto logo
que deu entrada em 1978 nesta Comunidade, segundo nos disse.
"Estamos a lidar com uma dispersão muito grande,
em toda a área da paróquia, ainda para mais porque a igreja fica longe do maior
aglomerado populacional. Agora vamos tentar aglomerá-las num grande
centro", explica o pároco.
O novo projecto inclui uma igreja paroquial com espaços polivalentes, tendo em
vista também acontecimentos litúrgicos, culturais e recreativos. "Contamos
para isto com o apoio do FEDER e do IPAAR, porque temos uma área social e uma
área comum, além de um espaço estritamente paroquial", revela. Para o Pe.
Artur Coutinho, "a Igreja está a dar respostas com infra-estruturas algo
desadequadas e agora pretendemos melhorar esse aspecto, porque a reacção das
pessoas é positiva".
A paróquia criou há 25 anos o Centro Social
"Nossa Senhora de Fátima", que gerou outras valências como o centro
de dia, um jardim-de-infância, um centro de acolhimento para crianças e bebés
abandonados, a assistência ao domicílio integrada e um serviço de apoio ao
domicílio, a deficientes e a cegos, além de um balcão de voluntariado que todos
os dias distribui apoio material aos mais necessitados.
A população local foi desafiada a colaborar e a
reagir, mesmo antes do arranque efectivo das obras. O pároco lançou já a
campanha dos "mil amigos", "quinhentos amigos" e "cem
amigos" em função do montante que as pessoas são chamadas a oferecer para
este novo projecto.
Não atingiu os objectivos quanto aos 100.000 contos,
mas entre o recebido e o prometido não vai longe, até porque, segundo ele,
pouco mais de duas centenas de amigos correspoderam. Outros ainda virão e a
outros terá de estender a mão, como qualquer pobre e sério...o que não fará falta,
pois ao Padre Artur Coutinho, em Viana, ninguém tem a coragem de dizer que não,
não só porque era de Mazarefes com a sua família sempre envolvida em Viana,
contando com muitos amigos, já desde a infância onde fazia um mês de praia
todos os anos, ainda os dentes lhe estavam a crescer já aqui tinha morada com
sua avó paterna.
Desde a Casa dos Rapazes onde trabalhou como preceptor
até à Serra d’Arga, e mais 25 anos nesta paróquia onde grangeou cada vez mais
simpatia e amigos, creio que não será difícil a conclusão dum projecto tão
necessário como é aquele que a Câmara Municipal viabilizou para o coração da
nova Abelheira. “2004”
VIDA
PAROQUIAL – DINAMISMO
A renovação da Igreja no aprofundamento da fé e do
diálogo incentiva as estruturas sociais, assim como a vida paroquial pastoral.
Através dessas estruturas a Igreja mexe e torna-se
viva num Sacramento ou sinal para o mundo de hoje. São essas estruturas que
permitem realizar o mistério da Salvação de Deus para com o homem. É um
processo de renovação constante e de contínua evangelização, diria mesmo de
catequese continuada.
A participação activa na missa dominical e em outras
actividades da paróquia, são um indicador da grande fonte da vida cristã. A
paróquia tenta apetrechar-se de todos os meios ao seu alcance para se adaptar
ao mundo moderno e á evolução dos tempos, na renovação constante da liturgia,
na catequese, na participação activa dos leigos, etc.
Uma paróquia viva, atenta e dinâmica, evita que se cometam certos exageros que
poderão dar origem a críticas, tais como elitismos e clubismos, que os leva a
fecharem-se sobre si próprios e a fecharem-se para o mundo que os rodeia.
Uma paróquia dinâmica dirige-se a todos e a não apenas a alguns grupos mais
activos e mais esclarecidos, realizando uma missão global da Igreja na formação
cristã a todos os membros do Povo Eleito por Deus. Promove a caridade e a
solidariedade onde todos são convidados a contribuir e também a receber,
lidando por perto com a família – pedra fulcral da sociedade.
Assim, esta intensiva vida paroquial consegue atingir
os cristãos ocasionais e até mesmo o mais afastados, que em momentos decisivos
das suas vidas se dirigem à paróquia para celebrar acontecimentos tais como
Baptismos, Comunhões, Casamentos, Funerais, festas, etc., que nestas alturas se
tornam mais sensíveis ao mistério de Deus.
Toda esta vitalidade e dinamismo tem uma grande capacidade de evangelização e
renovação sendo o sal, o pólo de referência para o povo cristão praticante e
não praticante.
Por outro lado a paróquia, não se confina somente a um
espaço geográfico, mas como caminho de missão. No entanto, a comunidade precisa
dela como lugar de comunhão, como fermento de evangelização. Para isso
necessário é que haja uma fraterna partilha da comunidade para com a vida
paroquial e para com o seu pároco, pois como nos dizem os textos sagrados na
vinha do Senhor há sempre lugar para novos trabalhadores.João
Dias/jornadas/2004
Retrato do Padre Coutinho pela mão
de Hermes de Barroselas
Hermes
Gonçalves
Retrato à mão do Pe. Coutinho
O octogenário Hermes Pimenta Gonçalves viu-me no retrato que pintou,
perfeitamente inspirado, porque não me poupou a dor, a dor da fibriomialgia,
mas por outro lado poupou-me os cabelos brancos.
Com isto, ele quer dizer que sou jovem e que apesar de
debilitado pela saúde, conseguirei vencer as dificuldades. Mas quem é este
Hermes que só conheci após a festa?
Nasceu em Vila Praia de Âncora em 1916. Veio depois
viver para Darque aos quinze anos. Frequentou a Escola Primária até ao 2º grau
e o caderno de trabalhos ficou, por vontade do professor, em Arquivo da Escola,
pela arte manifestada no desenho. Seguiu o seu pai na vida profissional. Foi
barbeiro e em 1930 estabeleceu-se em Barroselas, junto à estação dos
caminhos-de-ferro. Em 1955, abre um negócio de bicicletas, mais tarde um
café-restaurante e em 1970 encerrou tudo isto para abrir uma papelaria que
ainda hoje existe.
O Hermes é um artista nato, pinta a pastel, a
aguarela, a seco. É caricaturista e pintor. Tanto retrata a natureza viva como
a natureza morta. A paisagem é caracterizada por pormenores que bem demonstra a
capacidade de memória vocacional, génio, persistência, vontade e gosto
estético. O Hermes não é artista porque se fez artista ou alguém lhe deu
doutrina ou teorias sobre regras.
Intuitivamente pinta com mestria o postal a óleo, ou
sanguíneo, ou a aguarela, ou o pastel seco, crayon a preto e branco.
Sobre ele muitos têm escrito e não faltam retratos de pessoas das letras e das
artes, dos políticas, dos historiadores ou dos poetas, da família ou de padres,
médicos, professores e investigadores...
Para mim o Senhor Hermes foi uma novidade. Agradeço de
coração e creio que Deus o inspirou para eu ver a minha realidade. Revendo-me
naquele quadro não posso esquecer o seu autor. Foi por isso que o visitei e
passei uns momentos muito agradáveis porque ele tem arte, até no receber as
visitas. Tem quadros expostos em número suficiente para não ser esquecido,
sendo merecedor de muita honra e mérito.
Instalados no hotel Doña Carmela, após um valente
duche bem merecido e o jantar servido, o grupo na sua grande maioria ainda
encontrou forças para ir ao " El Palácio Andaluz", assistir a um show
de danças e cantares sevilhanos, enquanto os restantes optaram por dar uma
volta nocturna de autocarro.
Depois de uma noite de descanso e um pequeno-almoço
tomado nas calmas, o grupo deu início a um passeio turístico pela cidade de
Sevilha conduzido por um guia local, mostrando-nos a Ilha da Cartuxa, onde
ainda se pode admirar aquilo que foi a Expo de 1992, com os diversos Pavilhões
dos vários Países expositores, Isla Magica, Palácio de S.Telmo,Torre del Oro,
Parque de M.ª Luisa, Jardins Murillo, Muralhas de Alcazar, Teatro Maestranza,
Praça de Touros, Mosteiro de la Cartuxa, Igreja de La Macarena, Bairro de
Triana e muitos outros locais, terminando a visita à Catedral de Sevilha e à
Giralda, que deixou todos os participantes maravilhados com as riquezas de tão
belos monumentos, mas cansados aqueles que subiram à Giralda.
Após o almoço e dum merecido descanso no Hotel, o grupo
foi fazer um passeio turístico de barco no Rio Guadalquivir, tendo a
oportunidade de ver a cidade de outro angulo, atravessar as pontes de S. Telmo,
Generalíssimo,Triana, Del Cachorro, La Cartuxa, Barqueta, e de Alamillo, que
atravessam o rio ao longo da cidade.
Com o merecido descanso duma noite bem dormida e após o pequeno-almoço, com
armas e bagagens o grupo rumou até Cadiz com uma pequena paragem, pois a
distância não era grande e a rapaziada estava de boa disposição para a visita à
cidade com contornos da sua antiguidade e modernidade, onde prevalecem em
qualquer local por onde passámos, os vestígios da grande industria de
construção naval com os seus Estaleiros, a bela zona de praias, área comercial
e a belíssima Catedral de Cadiz em todo o seu esplendor de religiosidade e
riqueza dos seus altares e das 13 capelas, mandada construir pelo Rei D.
Alfonso X, o Sábio, em 1260, tendo sido incendiada em 1596.
Em 1722, começou o projecto de recuperação da Catedral, tendo terminado em
1838, depois de vários arquitectos e com diferentes estilos e gostos terem
participado nas obras de acabamento da "Santa y Apostólica Iglesia de
Cadiz" durante 116 anos, para venerar os Santos Patronos , San German e
San Servando.
Com os estômagos a pedirem reforço, fomos obsequiados
com mais uma espécie de Paella, que alguns viajantes recusaram, mas que
imediatamente lhes foi fornecida outra refeição mais a contento e todo o
pessoal ficou satisfeito, e com um breve passeio pela zona de praia, após o
almoço para digerir o "lauto almoço", seguimos viagem até Algeciras
Com paragens ao longo do percurso para matar a sede, "verter águas"e
desentorpecer as pernas, chegámos ao grande porto de mar que é na realidade
esta cidade .
No Hotel Al-Mar, mesmo em frente da grande marina que
é o porto de mar e onde todos os Ferryboats com destinos de e para os portos de
Marrocos atracam, o grupo ficou instalado, tendo aproveitado o tempo disponível
para dar um passeio pela cidade e zonas comerciais e visitar a Igreja da
Imaculada, na calle com o mesmo nome.
O jantar chamou a rapaziada ao hotel e porque o dia seguinte iria ser longo, o
descanso foi a opção dos turistas.
Bem cedo e com um frugal pequeno-almoço no estômago, sem bagagem mas
bem-dispostos, a rapaziada chegou ao cais de embarque de Algeciras que, após as
formalidades alfandegárias, embarcou no bonito e moderno ferry de nome "Al
Boram", para fazer a viagem até Ceuta.
Em Ceuta tivemos a oportunidade de visitar o
monumental conjunto de "Las Murallas Reales", com os seus fossos, o
maravilhoso Parque Marítimo do Mediterrâneo, Catedral de Santa Maria de
Assunção com os seus riquíssimos altares, Banhos árabes e Passeio de La Marina
Espanhola, assim como um bom almoço servido no Restaurante "La Pena"
dentro do Parque e com toda a simpatia do pessoal e proprietário.
Pela tarde e depois dumas ligeiras compras e algum
calor à mistura deixamos Ceuta que já foi portuguesa por conquista em 1415,
conforme se vê pelos inúmeros emblemas com o escudo português em muitos
edifícios da cidade e que é um exemplo de convivência de culturas desde a mais
remota antiguidade.
Com mais uma noite de descanso e o pequeno-almoço
servido, em Algeciras, bagagens prontas para o embarque no autocarro que nos
iria transportar até Málaga, com passagem por Puerto Banus, Marbelha,
Torremolinos, Fuengirola entre outras e pequenas paragens em alguns lados para
desentorpecer as pernas.
Em Málaga, após um circuito pela cidade , fomos
visitar o Santuário de La Virgem da Victória, patrona da cidade com o Pateón do
Conde de Buenavista, o Camarim de La Virgem , a Fundação Picasso, a Catedral de
La Encarnação, começada a construir em 1538 , o retábulo de Santa Bárbara, a
capela de Al Virgem de Los Reyes, oferecida por Isabel, a Católica, entre
outros pontos de interesse, como alguns Pátios de Andaluzia dignos de
admiração.
M. Meira
Dia do 25º
Aniversário da Conferência Vicentina
Ocorreu o dia Nacional Vicentino, despercebido na Paróquia, e é este mês que a
Paróquia celebra os seus 25 anos de Vicentinismo.
As Conferências Vicentinas recordam-nos a nossa
vocação de manifestar o amor preferencial de Cristo pelos pobres. Esta
afirmação é de João Paulo II quando, em 14 de Fevereiro de 2001, o Papa recebeu
em audiência a Comissão Internacional da Sociedade de S. Vicente de Paulo.
Grande elogio este à "Caridade Vicentina".
São 25 anos de Conferência Vicentina Mista de N.ª Sr.ª
de Fátima, nascida por iniciativa minha porque senti e vivi alguns dramas de
pobreza e miséria ao chegar a esta Paróquia. A mim aderiram um grupo de leigos,
alguns ainda se mantêm desde a primeira hora que, naturalmente, movidos pelo
serviço dos pobres, como serviço a Cristo. Ainda hoje se mantêm, embora fosse
necessário ornamentar o grupo com a força e a generosidade de mais juventude.
Ou então, surja uma Conferência Vicentina de jovens para que esta caridade
inventiva seja mais expressa e interpelativa na comunidade, onde vivemos e onde
temos obras concretas de serviço às obras de Misericórdia. Os Vicentinos devem
e podem chegar, sempre, seja às crianças, seja aos jovens, seja aos idosos, aos
doentes, aos que passam fome, aos sem-abrigo, aos passantes, aos pedintes, aos
marginais... O que se vai fazendo?...
Como associação internacional de fiéis leigos, busca a santidade na Igreja de
Cristo, servindo os pobres.
O Vicentinismo é um desafio actual e o Beato Frederico Ozanan era jovem
estudante e a sua iniciativa foi altamente compensatória porque os seus
seguidores facilitam na Igreja, nesta Paróquia, um acolhimento diferente, um
atendimento singular, através do Cecan/RD em colaboração com o Centro Social,
do Ozanan e da Comissão Fabriqueira, por exemplo.
"O Vicentino autêntico é aquele que se faz Apóstolo
ao serviço permanente de Deus, vivido na relação com o próximo", seguindo
um texto distribuído para celebrar os 150 anos da morte de Frederico Ozanan,
hoje Beato.
Aos paroquianos de N.ª Sr.ª de Fátima queria apenas lembrar mais uma expressão
de S. Vicente de Paulo: "Os pobres abrem-nos as portas para a
eternidade."
Pois onde está o "cem por um" e "o
reino do céu"? Segundo Frederico Ozanan, a propósito da visita
domiciliária ao pobre, sempre aprendemos, "que ganhamos mais com esta, do
que ele. Porque a presença da sua miséria servirá para nos tornar
melhores".
Se a visita domiciliária ao pobre é o tipicismo deste
momento,como já afirmara, hoje abrem-se novas perspectivas mesmo aqui na
Paróquia, com as instituições e valências que a Comunidade dirige,sem nunca
dispensar o serviço domiciliário.
Parabéns!
Notas sobre o Passal de Mazarefes e Lanheses
O Passal de Mazarefes foi arrematado em hasta pública
na administração do concelho de Viana, por 23$000 reis, no dia 5 de Maio de
1912 por Francisco Fernandes Facha, sendo fiador Boaventura de Lima Fernandes.
A arrematação tinha sido anunciada por edital, datado
de 23 de Abril de 1912, assinado por João Loureiro da Rocha Barbosa e
Vasconcelos, presidente da comissão concelhia de administração dos Bens
Eclesiásticos, em Viana. O secretário era Alberto Meira.
Nesta arrematação dos passais entravam também as casas
de despejos, as cortes de gado e os terrenos contíguos, mas não entravam as
residências (excepto a de Lanheses).
Francisco Fernandes Facha arrematou, na mesma data, o
passal de Lanheses e a residência, e foi fiador da compra dos passais de
Freixieiro de Soutelo e de S. Pedro de Soutelo.
Boaventura de Lima Fernandes, que foi também fiador da
compra do passal de Lanheses foi um dos que acompanhou, em 25 de Março de 1916,
um Sábado, o Administrador do Concelho Adriano Peixoto, para proceder ao
arrombamento da porta da igreja de Monserrate e iniciar sua demolição.
(Notas coligidas por José Luís Branco da “Folha de
Viana” de Maio de 1912, h-3, e de 29 de Março de 1916, h-3).
Quanto a este Passal de Mazarefes, na minha opinião,
seria uma propriedade do lugar do rio,(entrada na Veiga) art.nº1199 e o mato e
pinheiros com uma área de 11.088 metros quadrados ,um outro artigo junto à
cancela artº 1.195, outra no lugar de Baixo e Boça de grande área. Se assim for
é o primeiro passal e que ainda hoje entre os mais velhos é conhecido com o
topónimo Passal. O lugar da Cancela, recordo vagamente do meu tempo de criança
haver uma cancela no fundo do dito passal, na entrada para o caminho enlameado
e com um passei de pedras soltas do lado poente e que levava as pessoas até à
Capela de S. Simão, a primeira igreja paroquial da freguesia de S. Simão da
Junqueira de Mazarefes…
O passal, ou passais, é ou são propriedades agrícolas
anexas ou longe à igreja ou residência Paroquial para rendimento do pároco.
No Século XIX estiveram os Jesuítas na Rua da Bandeira, instalados onde hoje
estão instalados Serviços do Estado. Foi nessa altura que nasceu o Apostolado
de Oração aqui em Viana e a sopa dos pobres aqui na zona da Bandeira.
Só que eu agora não queria falar dos “filhos” de Stº
Inácio de Loyola ou de S. Francisco Xavier.
Stº Inácio de Loyola foi seu fundador no século
dezasseis, nascido no Norte de Espanha, em Loyola, uma cidade muito bonita.
Fundou a companhia de Jesus com a bênção do Papa Paulo III e se expandiu por
todo o Mundo.
Aqui em Viana era uma casa dependente de Braga e em
casa emprestada, onde tinham a capela de S.João Baptista da senhoria. Pouco
tempo estiveram por aqui.
Resta-nos agora à Rua da Bandeira uns Jesuítas “os
melhores do Mundo”, mas isso nada tem a ver com a fé, mas com a Pastelaria. São
triangulares ou trapezoidais de farinha, manteiga, água, sal, gemas de ovo,
açúcar, claras de ovo e canela. São folhados camada sobre camada, cortados e
levados ao forno. São uma delícia. Por ouvir dizer que eram os melhores do
Mundo, já os provei e de facto não tenho a dizer nada em contrário. Nunca comi
coisa assim!
Sempre seria melhor, ter por cá os outros porque estes
fazem mal aos diabetes e a outros doentes, mas ao menos, fica-nos na Bandeira
esta lembrança a 100 metros de casa dos Jesuítas, na Leitaria do Carmo, com os
Jesuítas docinhos ao lado dos Senhores Padres Carmelitas, os donos das patentes
de tortas doces...2006
Porta aberta
- Igreja aberta- Isto já é feito desde 1988 - graças aos
Ostiários
Uma porta aberta é sinal de confiança.
Não há muito tempo que nas aldeias interiores não se
fechavam à chave as portas das casas. A porta podia ficar fechada, mas a chave
lá metida na fechadura. Havia muito mais respeito, mais confiança, mais
família. Hoje, isso é muito raro, ou acabou. Fecham-se as portas a "sete
chaves", isto é, bem seguras não vá o "diabo" tecê-las.
Onde há fé, há caridade e tem de haver lugar para a
esperança.
Ora a porta duma igreja paroquial aberta é sinal de
que, de facto, é casa de Deus, é casa para todos. Pode-o ser para os crentes e
não crentes, pois todos ali poderão entrar.
Uns entrarão para admirar a arte, outros para, quem
sabe, de joelhos ou de pé, se encontrar com Aquele que está, no sacrário, como
o Deus na pessoa de seu filho encarnado, ali presente e "tão real e
perfeitamente como está no alto dos Céus".
Ali pode num simples e pequeno gesto o "peregrino", o
"passante", o "caminhante", levar consigo uma esperança
nova, uma mudança de coração, uma nova fé, uma graça, e sempre levará uma
benção do Divino.
A porta que nós queremos aberta como abertas temos tantas portas de bem fazer
em relação à Infância, à Terceira Idade, aos dependentes, aos deficientes, aos
passantes, ou aos indiferentes... portas que nada valem diante de um Bom Jesus
se por acaso nos esquecermos D’Aquele a que tudo preside e nos enleva no amor
aos outros.
Obrigado aos ostiários porque se deve a eles esta possibilidade de não
falharmos neste pormenor, e darmos oportunidade a que muitas vezes uma lágrima
seja transformada numa nova vida, numa nova esperança.
Leitores
Leitores desde 1992 a 2009 - Paróquia de Fátima- Viana
Leitores em 1992
Álvaro Alpuim, Alzira Rito, Anália Lucas, Irmã ;
António Vila, Conceição , Conceição Fernandes, Conceição Miranda, Conceição
Rodrigues, Crispim da Silva, Donzília Eira, Etelvina Campaínha, Felisberto
Eira, Fernanda Gomes, Fernandes,Major, Fernando Amado, Graça Meira, Irmã Adela,
Irmã Dolores, Joaquim Gomes, José Machado, José Martins, José Simões, Laura
Costa, Lurdes Moreira, Maria dos Anjos Silva, Marques Oliveira, Natália
Castelejo, Joaquim Noronha, Paula Noronha, Piedade Gonçalves, Raquel Eira, Rosa
Amado, Rosa Amélia, Rosa Martins, Rui Castelejo, Saúl Carvalho, Soares
Rodrigues, Teodósio Antunes...
Leitores em 2000
Alzira Rito, Amilcar Veiga, Cândida Araújo, Carina
Novo, Cesário Lima, Cesário Lima,Cidalina dos Anjos, Conceição Miranda, Emílio
Ramos, Fernanda Gomes, Fernando Amado, Fernando Amado, Goreti Pereira,Graça
Meira, João Freitas, José Gonçalves, Lurdes Moreira, Manuel Rego, Manuel Sousa
, Manuel Sousa, Manuel Vila, Maria de Lurdes, Maria dos Anjos, Maria José
Valença, Maria Madalena Carvalhido, Marques de Oliveira , Miguel Vila, Natália
Castelejo ,Piedade Gonçalves, Piedade Gonçalves, Ricardo Torres, Rita
Guerreiro, Rosa Amado, Rosa Amélia, Rosa Martins, Rosa Prozil, Rui Castelejo,
Saúl Carvalho...
Leitores do ano 2009
Albino Ramalho, Ana Gorete Amorim, António Farinha,
Carismáticos, Conceição Carvalho, Conceição Fernandes, Conceição Meira,
Conceição Miranda, Conceição Rodrigues, Conceição Silva, Dolores
Oliveira,Donzília Eira, Emílio Jorge Rodrigues, Emílio Pequeno, Etelvina
Campaínha, Fabíola Eira, Fátima Pinto, Fátima Pinto, Felisberto Eira, Fernanda
Gomes, Filomena Cunha, Glória Oliveira, Helena Pinto, Isolinda Pequeno, Joaquim
Gomes, José Felgueiras, José Martins, José Silva, Laura Costa, Laura Farinha,
Lurdes Cruz, Lurdes Moreira, Manuel Moreira, Maria da Luz Costa, Maria do Céu
Ferdandes, Maria do Livramento, Maria dos Anjos, Nuno Eira, Paula Cambão,
Piedade Gonçalves, Ricardo Igreja, Rosa Amélia
Rosa Borges, Rosa Martins, Rosa Prozil, Saul Carvalho,
Saul Carvalho...
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Registos de entradas na Igreja Paroquial
e nos serviços administrativos do Centro e no
cartório
Entradas na Igreja Paroquial durante o mês de
Setembro 2014, média diária é de160; em Maio de 2015 a média diária 250. Média
em Outubro de 2015, - 303 entradas na Igreja
Em
Outubro de 2015 as entradas nos serrviços foi de 170. Entradas nos serviços
para atendimento nos serviços administrativos na Igreja Paroquial durante o mês
de setembro 2014,em média diária 92; em maio de 2015 média diária de 97. Na
Igreja Nova não é possível a contagem, mas nas duas missas de catequese a
Igreja está cheia.
Sendo assim as pessoas recepcionadas nestes
serviços é muito para 8 horas de porta aberta. A somar a estas recepções de
pessoas registadas, temos a acrescentar via telefone ou via móvel que entre as
recepcionadas e as realizadas para fora foram em setembro de 2014, cinquenta e
quatro, e em maio de 2015, cinquenta e dois.
Contando entradas e saídas com o registo do
Correio electónico só em Maio deste ano há 57 dáriamente em média; não existem
registos do mês de Setembro de 2014. Todas estas médias são arredondadas pelo
número inteiro inferior, segundo os nossos registos e apuramentos.
Registo dos CTT de correspondência, sem
publicidade, nem jornais, nem revistas em Setembro de 2014 seis por dia e em
Maio de 2015 sete por dia. Não há registo de corresponência expedida a não ser
a oficial, a que segue com R e R/A. Do restante, há só os recibos dos custos.
Totais de Maio de 2015 em recepção de correio e expedição: 213 diárias (8
horas),Isto é 26,625 por hora. Representa um grande esforço para quem trabalha
nestes serviços desde a recepção à chefia.
À semana uma missa pela manhã, às 9.30H todos os
dias. Missa à terça e sexta às 19Hna igreja da Sagrada Família
Ao Sábado, às 16H missa de catequese. Ao
Domingo, às 11H missa de catequese e às 19H também há missa na Sagrada Família.
Na Cadeia, Capelas, Igreja da Sagrada Família,
Igreja Paroquial e doentes houve uma distribuição de mais de 60.000 comunhões,
pois este foi o número de partículas que se gastaram e às vezes terá acontecido
de se ter repartido por mais comungantes.
Registou-se um decréscimo nos baptismos e um
aumento de óbitos tendo-se verificado, ainda, um crescimento de casamentos
para fora da Comunidade.
Aumentaram as crianças no Jardim de Infância.
No Berço foi pouco notório. No Refeitório Social rondou pelas 150 refeições
diárias (durante todos os dias do ano, sábados, domingos, feriados e festas de
Natal e Páscoa). Os Centros de Dia têm mantido o seu número, 20 e 40, o Centro
de Convívio igual. O SAD com mais de 40. Baixou o número de crianças na
catequese e o número de catequistas, assim como o interesse pela catequese de
adultos.
A edição da “ Luz Dominical” manteve-se e o
“Paróquia Nova” passou a sair de dois em dois meses.
No entanto, o site e facebook aumentaram muito a
procura, por milhares distribuídos um pouco por todo o mundo.
Quanto às contas apresentadas e aprovadas em
devido tempo e lugar verificaram-se resultados negativos no Centro e na
Paróquia pela diminuição de donativos. Aproveita-se a ocasião para fazer apelo
à generosidade e solidariedade dos membros da Comunidade.
Centro de
Formação Paroquial - CFP/ / 2008
Centro Paroquial de Formação - C.P.F.
O Centro Paroquial de Formação todos os anos, impelementado
em 1992 tem por objectivo esboçar um programa de formação e cultura religiosa
para jovens e adultos, comprometidos ou não.
Acções: As orientações pastorais da Igreja que
requerem actualização permanente, como aliás em qualquer situação da vida humana.
Não se compreende que um médico ou professor se fique com o que aprendeu na
escola ou na universidade. Temos também a nível da fé e da religião, que,
embora sendo sempre a mesma, tem modos de interpretação e de vivência
diferentes: continuar os nossos desenvolvimentos cognitivos.
Não queremos ficar com a "sabedoria" dos
bancos da catequese, da catequese da nossa infância.
Vamos, pois, continuar a nossa tarefa, que iniciámos no ano de 1988 e abandonar
os esquemas dos anos anteriores de trabalho, para quebrar a rotina na formação
sobre os grandes temas da Igreja para este ano, como: Ano Paulino. Sobre a
"Palavra de Deus feita amor entre nós e tema da Diocese para três anos.
PLANO ANUAL DO C. P. F. 2008/2009
Dezembro - 21h00 - A vida um valor absoluto, na prespectiva de S. Paulo.
Janeiro - 21h00 - A Palavra de Deus em S. Paulo.
Fevereiro - 21h00 - Os casados em segundas núpcias, e
mancebia.
Março - 21h00 - O Sacerdócio ministerial e o
Sacerdócio laical.
Abril - 21h00 - O fundamentalismo contra o Amor.
Maio - 21h00 - Desafios à Igreja de Bento XVI
Junho - 21h00 - Fátima, altar do mundo
Viagens e
Peregrinações - Converções
*Complementar à formação que é ministrada a nível
Paroquial no CPF e noutros espaços criados para debate, a formação consciência
crítica sobre a problemática doutrinal e tecnológica do mundo actual.
*Promover a
cultura dos paroquianos em geral e dos amigos.
*Criar espaços de relação e inter-relação entre as
pessoas, de descontracção e de elevação ao transcendente, que conduzam ao diálogo
e à paz entre culturas e civilizações diferentes.
*As viagens têm sempre como objectivo a promoção da
perspectiva cristã do nosso trabalho, para além do enriquecimento cultural.
Também visam fomentar a aproximação de pessoas, levando-as a relacionarem-se
fraternalmente e ao enraizamento de amizades, ponto que tem sido muito
valorizado a nível pastoral.
Tem havido conversões públicas e eventos que nunca mais esquecem aos
participantes. de mais de 42.000 amigos.
Quanto às peregrinações S. Paulo dizia:
"Desejo partir para estar com Cristo" (Fil.
" 23) - Esta ansiedade de S. Paulo, convertido à fé, deve ser agora a
nossa ansiedade. O nosso coração crente é um coração sereno e inquieto porque
embora seja Cristo que vive em nós, é preciso partir para o encontro pleno de
nós com Ele, é...
Esse encontro devia realizar-se num santuário. Claro
que não em nenhum santuário deste mundo, mas no santuário celeste, o da
"Jerusalém Celeste". Só esse Santuário é o fim, o verdadeiro ómega de
todos os santuários.
Nesse sentido, todos temos que partir e, ao mesmo tempo, deixar que Cristo
"permaneça na carne", para que nesta caminhada de peregrinos de
Cristo, Cristo apareça pelo testemunho da nossa vida.
Somos, por natureza, um povo peregrino e é rico
peregrinar... Por isso, em todas as religiões se fizeram e fazem peregrinações.
Desde Abraão a Jesus Cristo, desde Jesus Cristo até à parusia, peregrinamos com
a virgem Etéria.
Como oportunidades fortes de espírito peregrino, organizamos viagens aos
Santuários deste mundo, mas não como meta final, pois caso contrário estaríamos
a negar o que Cristo disse à Samaritana:
...vai chegar a hora em que, nem neste monte, nem em
Jerusalém, adorareis o Pai... Os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em
espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja" (Jo
4-19s).
Nesta experiência de peregrinação organizada aos santuários deste mundo, à
procura de serenidade, de paz e de um encontro cada vez mais íntimo e forte com
Cristo, temos ido a vários lados : Fátima, Lourdes, Covadonga, Macarena, Sta.
Teresa de Ávila, Lisieux, Roma, Assis, Terra Santa, Sinai, Grécia, etc,
repetindo a maior parte delas, sobretudo Fátima, Covadonga, Lourdes e Roma,
onde temos ido vários anos.
Nelas procura-se dar ao Homem o sentido do seu próprio
viver, o porquê da sua caminhada, a descoberta do sentido genuíno de todos os
valores humanos sobrenaturais, a descoberta do carácter passageiro de tudo
quanto é terreno, sobrepondo o espiritual ao material, dando vida àquilo que
parece sufocar o espírito da alegria, da paz, da esperança, do profundo sentido
de caminhar.
É assim que muitos conseguem em peregrinações,
encontrar-se com o homem novo, nascido do baptismo, através da oração
individual e comunitária,de recolhimento, da audição e meditação da Palavra de
Jesus, na celebração verdadeiramente digna da Eucaristia, na recepção pessoal
do Sacramento da Penitência e nas relações fraternais com outros povos, outras
gentes mais ricas ou mais pobres de outras dioceses ou paróquias, nas
oportunidades que se oferecem de inter-ajuda.
É claro que, como diz S. Gregório de Nissa por
experiência própria, as peregrinações não são necessárias para a Salvação, nem
foram perceituadas por Jesus Cristo, mas uma coisa é certa : podem ajudar nesta
descoberta total de Jesus Cristo. Quantas pessoas vivem desagregadas de si
mesmas e através de um encontro num lugar diferente, sereno e calmo, onde tudo
inspira ao alto, desaparece a desagregação pelo encontro feliz consigo mesmas e
com Deus.
Alguma gente não acredita em milagres, e pelo sentido que lhes dão, também eu
não. Mas milagres há-os todos os dias. Para vê-los é preciso abrir os olhos de
fé e o coração do amor.
Nas nossas peregrinações têm sido notórios alguns
"milagres".
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Paróquia em
festa
«nunca
estive só...»
Não posso esconder a minha alegria e satisfação pela festa que a Comunidade
Paroquial levou a efeito por estes 25 anos de Serviço, de Aliança, com este
povo que o Bispo me entregou, em 2 de Setembro de 1978.
Queria através do Jornal dizer a todos os amigos que colaboraram, a começar
pela Comissão Organizadora liderada pelo Dr. Albino Ramalho e por todos os
amigos, pobres ou ricos, que participaram de uma forma ou de outra na festa,
gestos e lembranças, a presença de autoridades religiosas, civis e militares,
por mensagens que enviaram pelo correio, mail, telemóvel; por telefonemas que
fizeram; por telegramas; por todos os que entregaram donativos à Comissão;
assim como aos órgãos da imprensa que fizeram eco da efeméride.
Por um lado
encontro-me satisfeito e reconhecido, embora tudo o que foi feito, foi para
além daquilo que eu merecia. Nunca estive só, e a Paróquia, no fim de contas, é
que está de Parabéns porque tem feito o que pode na formação integral para a
vida, na celebração da mesma e na partilha de bens, pela caridade ou
solidariedade cristã e humana.
Por outro lado, sinto um certo vazio! A minha vida talvez não tenha sido o
verdadeiro e autêntico testemunho de sacerdote porque, sendo esta Paróquia uma
comunidade a mim confiada que até possui um Seminário no seu território, não
sei como não tem havido vocações ao sacerdócio. Nestes 25 anos, lembro-me
apenas de duas vocações, uma no Seminário Diocesano e outra no Seminário
Carmelitano que não vingaram. Recordo que esta Comunidade, antes de o ser, deu
um sacerdote, já falecido, que todos conhecemos muito bem, o P. e Manuel
Miranda.
Que esta festa tenha sido expressão de alegria para todos, mas não podemos
deixar de reflectir neste pormenor, porque isso me dói. Neste momento, já era
tempo de sentir que alguém muito próximo de mim , seguiria os meus passos...
Sou padre há mais de 31 anos. Não me sinto tão humilde que aceite com
facilidade que os frutos da semente lançada possam vir a ser colhidos mais
tarde. Deus me perdoe!... Tantas vezes peço às pessoas para darem testemunho da
sua vocação nas missas das crianças e vejo os pais tão longe de ajudar a
encaminhar para o trabalho duma seara tão grande, quanto é a seara do Reino de
Deus. (2003)
Sobrenomes mais conhecidos: 1º lugar com 205 (8%) estão os Silvas; 2º com
194 (7,6%) os Gonçalves; 3º com 192 (7,5%) os Rodrigues; 4º com 161
(6,3%) os Sá; 5º com 148 (5,8%) os Martins; 6º com 138 (5,4%) os Pereira; 7º
com 136 (5,3%) os Fernandes; 8º com 104 (4,1%)\ Os Ferreira; 9º com 103 (4%) os
Lima; 10º com 99 (3,9%) os Sousa; 11º com 92 (3,6%) os Costa; 12º com 91 (3,5%)
os Passos; 13º com 86 (3,4%) os Alves; 14º com 83 (3,3%) os Correia; 15º com 77
(3%) os Oliveira; 16º com 72 (2,8%) os Carvalho; 17º com 69 (2,7%) os Araújo;
18º com 67 (2,6%)os Cunha; 19º com 65 ( 2,5%) os Viana; 20 com 63 (2,4%) os
Ribeiro; 21º com 58 (2,3%) os Lopes; 22º com 57 ( 2,2 %)os Santos e gomes; 23º
com 50 (2%) os Rocha; 24º com 48 (1,9%) os Matos e Pinto; 25º com 44 (1,7%) os
Moreira; 26º com 42 (1,6%) os Vieira; 27º com 40 (1,5%) os Barbosa e Castro:
28º com 39 (1,5%) os Amorim; 29º com 38 (1,5%) os Barros; 30º com 35 (1,4%) os
Cruz e Ramos; 31º com 34 (1,3%) os Marques; 32º com 31(1,2%) os Almeida,
Machado e Pires; 33º com 30 (1,2%) os Azevedo; 34º com 28 (1,1%) os Miranda;
35º com 26 (1%) os Carvalhido; 36º com 24 ( 0,9%) os Monteiro; 37º com 23
(0,9%) os Jesus; 38º com 22 (0.8%) os Cambão, Cardosos, Esteves, Faria, Brito e
Baptista; 39º com 20 (0,8%) os Morais, Felgueiras e Magalhães; 40º com 19
(0,7%) os Novo; 41º com 18 (0,7%) os Cerqueira, Teixeira e Pinheiro; 42º com 17
(0,6%) os Abreu; 43º com 16 (0,6%) os Freitas; 44º com 15 (0,6%)
os Franco e Meira; 45º com 14(0,5%) os Balinha, Arezes e Carneiros;
46º com 13 (0,5%) os Neves; 47º com 12 (0,5%) os Reis e Mendes; 48º com 10
(0,4%) os Bastos, Coelho, Duarte, Malheiro e Valença; 49º com 9 (0,4%) os
Cabanelas, Fiúza, Brandão e Nogueira; 50º com 8 (0, 3%) os Campainha; 51º com 7
(0,3%) os Torres, Pinto e Mota; 52º com 6 (0, 2%) os Leite, Valente, Maduro e
Coutinho; 53º com 5 (0,2%) os Arieira, Sobreiros, Gaivoto, Tavares e Moura; 54º
com 3 (0,1%) Os Palma, Vasconcelos e Amado, os Fonseca; e por fim com
58º com 1 (0,4%) os Espregueira.
Em relação ao lugar da Abelheira verifiquei e organizei os nomes mais
antigos e conhecidos (num universo de 70 famílias) desse lugare com ordem
seguinte.
1 º lugar com 22 (31.3%) os Cambão; 2º com 14 (20%) os Arezes e Balinha; 3º
com 9 (13%) os Cabanelas; 4º com 6 ( 8,6%) os Maduro e em 5º com 5 (7,1%) os
Gaivoto.
Prenomes mais usuais: em 1º com 333(13%) Maria, 2º com 305 (12%) Manuel; 3º
com 218 (8,6%) o José; 4º com 151 ( 6%) João; 5º com 115 (4,5%)
António; 6 com 102 (4%) Carlos;7 com 88 (3,5%) Fernando; 8º com 60 (2,4%)
Joaquim; 9º com 58 (2,3%) Alberto; 10º com 52 (2%) Afonso; 11º com 45 (1,8%)
Rosa; 12º com 43 (1, 7%) Conceição; 13º com 42 (1,6%) Jorge; 14º com 40 ( 1,6%)
Augusto; 15º com 39 (1,5%) Francisco; 16º com 35 (1,4%) Rui; 17º com 34 (1,3%)
Domingos; 18º com 31 (1,2%) Ana e Armando; 19º com 21 ( 0,8%) Pedro; 20º com 19
(0,7%) Miguel; 21º com 18 (0,7%) Carmo; 22º com 9 ( 0,4%) Fátima e Artur e por
fim 23º com 6 (0,2%) Luísa.
A titulo de informação, gostaria de mencionar que a contagem de nomes nesta
análise tanto foi utilizado o sobrenome proveniente da Mãe com o do pai; assim
como nos prenomes o primeiro e o segundo nomes. Fátima Cambão
Dia do Pai –
Dia do Padre
Celebrar o dia
do Pai em dia de S. José é uma efeméride que convém realçar, pois o pai é uma
figura tão importante que é preciso, nesta sociedade de consumo e materialista,
valorizar. Torna-se necessário um dia mais intenso de reflexão e atenções aos
valores para convencimento não só dos pais que o são de facto, como daqueles
que não o sendo, são filhos como todos os outros...
O que se diz a
propósito do pai, diz-se a propósito do padre. Etimologicamente padre significa
pai, vem da palavra latina pater. O Padre está para a comunidade que preside,
como o pai está para a família. Ser Padre é também ser pai e, se deixar de
manifestar este sinal, deixa de ser o padre que Jesus Cristo quer: O homem da
Palavra de Deus, o homem da Eucaristia, do perdão e da bênção, o animador da
caridade cristã, o profeta da justiça, o educador da fé, o despertador e
formador dos cristãos conscientes da sua militância.
Como tal, todos
esperam dele uma palavra inspirada no Evangelho e na fé comprometida, humilde e
cheia de amor sobre situações concretas e acontecimentos da vida humana do
dia-a-dia. O Padre deve por isso ser um bom e dócil pai para a comunidade, de
tal modo que esta o reconheça e o procure como aquele que está sempre pronto e
disponível para se entregar a causas justas na luta pelo bem, pela justiça,
pela paz e pelo amor para se entregar a quem, por este ou aquele motivo,
precisa de uma palavra, de um gesto ou de um conselho...
O Padre é um
pai solidário com a Comunidade que precisa, seja em questões de saúde, de
bem-estar, de trabalho, de lazer, de segurança, de educação, seja em questões
de fé e de religião... Precisa o Padre de estar sempre ao lado do mais fraco,
do mais pobre, do mais solitário, do marginal... e, só nesta medida, ganhará
autoridade paternal para poder abençoar perdoando em nome do Mestre, presidir à
celebração da Eucaristia como Jesus o fez na última ceia. Como pai comunica
vida e com a sua presença sacramental é capaz de santificar, comunicar com a
própria vida e com a palavra a mensagem de verdade, de amor e de alegria que
Deus quer para todos os homens de boa vontade.
O Padre é pai
que exerce um sacerdócio diferente do pai de família. Enquanto este é sacerdote
na igreja doméstica presidindo, em comunhão com a Mãe, aos mistérios do amor
vivido no seio da família, aquele é sacerdote que vive os mistérios do amor de
Deus intensamente, em comunhão com a Igreja, isto é, numa família mais alargada
a que chamamos comunidade e formada por todos os que lutam por uma vivência
cristã mais perfeita.
O Concílio
Vaticano II diz-nos que este pai da comunidade, tem funções e tarefas
diferentes do pai de família que pode e deve ser líder social e político. O
Padre recebeu a ordem para o exercício principal e directo do sagrado
ministério, por razões da sua vocação particular (Lumen Gentium, nº31). Ele é o
representante visível e oficial do transcendente e não tem que ser líder social
ou político, mas religioso. Nada impedirá, no entanto, que paternalmente exerça
a sua influência mesmo no aspecto social e político quando for necessário.
Nessa altura, não como missão ou tarefa principal da sua actividade, mas como
um pai que ama e acompanha os filhos em horas difíceis.
Como pai da
comunidade tem pois uma postura de serviço. É um sacerdote acessível, amigo,
irmão, pai dócil, sempre muito preocupado com tudo o que é humano e sempre
muito perto de todas as pessoas. Cheio de muito respeito por todos e animador
da comunidade cristã. Sabe escutar, dialogar e dar testemunho da esperança.
Procura construir com atitudes singelas, mas sempre incansável, sem grandes
pretensões, pouco a pouco, como a formiga. Procura não cansar, nem destruir
ainda que fique pelas pequenas coisas, mas sempre com muita constância vai
servindo com palavras de alento e de esperança, atento às mudanças da
sociedade, da Igreja, atento aos sinais de contradição, aos juízos dos ricos e
dos pobres, à necessidade de dar sentido à vida e de promover a libertação
cristã como profeta de Jesus, não como profeta do Antigo Testamento, mas do
Novo, isto é, com visão ampla do mundo de hoje.
Cristo afirmou
de si mesmo que era Caminho, Verdade e Vida e o padre que é pai, encarnou isto
mesmo no seu sacerdócio duma forma mais sublime. Por isso, é pai porque está
pronto a dar a vida pelos amigos, pela Comunidade. A sua conduta é Caminho,
porque é servidor duma comunidade e, como Pastor, vai à frente do rebanho que o
segue, abrindo caminho para todos. É Verdade que seduz e prende. É Vida porque
anima e comunica uma vida nova de fé, de esperança e de amor.
Aproveitar o
Dia do Pai para reflectir sobre esta realidade em relação ao padre que só tem
razão de ser quando dado à Comunidade por mandato do Bispo, é algo que nos
apraz registar. O Padre é também um Pai.
Aos
meus paroquianos:
Meus
queridos paroquianos: a minha doença com as limitações a que me conduz, agora o
período do Coronavírus cada vez nos distancia mais. Queria dizer-vos algo que
me vai na alma.
Nunca
pensei que chegássemos a esta situação.
Na
Páscoa, pregávamos e fazíamos todos mais oração, penitência, sacrifício,
partilha e vivíamos de outro modo a paixão e ressurreição de Jesus Cristo.
Agora
chegou a ocasião de uma quaresma muito mais exigente, não por causa do nosso
Pai de misericórdia, mas do orgulho e da ânsia dos humanos. Esta Páscoa
diferente vai vivê-la dentro de casa, ou fora, com outro sabor a Páscoa,
passagem da morte à vida.
O
vírus pode ser a morte e a vida. Essa é sempre vida pela Ressurreição de Cristo
que é fonte de água viva.
A
vida está também nas nossas mãos, se para além disso, fizermos tudo o que nos
indicam as instruções de Saúde, do governo e do chefe do Estado, depois de
ouvida a Assembleia da República.
A
nossa cozinha tem-se mantido aberta e está a servir mais no Refeitório Social.
Agora são mais de 85 a alimentar, ao meio dia e à noite. Para além disso, temos
ainda os utentes do S.A.D., Berço e Centro de Dia.
Daqui
vão votos de louvor a todos os colaboradores da cozinha e a todos aqueles que
tem assistido aos idosos do Centro de Dia e SAD em sua casa, e às crianças e
jovens do Berço.
Sinto
muito com o que se passa, mas não está nas minhas mãos fazer mais nada senão
rezar para que esta amargura passe.
Esta
quaresma é de facto um tempo bem duro, uma quaresma a doer que nos leva a
refletir, a pensar o que somos, como somos e para o que somos…
Deste
modo a nossa Páscoa pode ser a melhor que vivemos na nossa vida…
Por
isso não cruzemos os braços, não deixemos de dar a mão a quem precisa.
As
orações da comunidade Paroquial não devem ser só pelas vítimas do Covid 19, mas
também por todos aqueles que trabalham em zonas de risco com irmãos nossos que
precisam do nosso apoio, conforto e reconhecimento.
A
todos estamos muito agradecidos.
Com
um abraço digital, não há contágio, para ti que me lês e de quem tenho saudade.
2020/03/19,
Dia do pai, é dia do Padre e sou, Padre, por isso imploro a Bênção de Deus Pai
para ti que me lês, com a esperança que atrás da tempestade vem a bonança.
O
Amigo,
Padre
Artur Coutinho
Sobre a necessidade de uma Igreja Nova na cidade...
Tome, o leitor, estas linhas como uma reflexão aberta.
Nelas não pretendo esgotar os argumentos e as ideias, mas partilhar o produto
de alguma meditação sobre este assunto. Escrevo como um envolvido – espero que
esse facto não me tolde o horizonte e o discernimento –, e sabendo que muito do
que aqui registo é compartilhado por outros paroquianos.
1. Um projecto
na linha de uma tradição milenar.
A arquitectura dos espaços de reunião dos Cristãos foi marcada
indelevelmente com a decisão tomada por Constantino de conceder liberdade de
culto, através da publicação do Édito de Milão (313). A partir desse momento, a
Igreja ganha a visibilidade arquitectural e artística que a clandestinidade
obrigara a encerrar nas catacumbas, onde as primeiras comunidades (sujeitas a
perseguição) desenvolveram uma iconografia rica de simbolismo, expressão de uma
visão sustentada na esperança de uma vida para além da terrena. É correcto
lembrar que os primeiros cristãos reuniram-se nas casas de alguns deles, como
registam os testemunhos bíblicos (veja-se, Actos dos Apóstolos 1,12-14
ou 12, 12-17), mas a construção de edifícios próprios para acolher as
assembleias terá sido adiada até ao século IV. Desde então, à semelhança de
outras crenças e religiões (e, convém recordar, de outros poderes, instituições
e agremiações civis), os cristãos foram levantando edifícios e patrocinando
obras de arte, utilizando-os como veículo de expressão dos seus sentimentos
mais profundos.
Olhando para o passado, é possível afirmar que erguer uma igreja
implicou, amiudadamente, o esforço de muitos homens e gerações. Mesmo quando
patrocinadas pelos poderes locais ou nacionais, a história conserva relatos dos
inúmeros e significativos esforços desenvolvidos para a construção de igrejas.
As cidades europeias na fase final da Idade Média, superadas algumas das peias
sociais e económicas que as tolhiam, parecem ter concorrido entre si na
construção e reconstrução das igrejas. Hoje deixamo-nos extasiar com as belezas
dessas catedrais que exauriram os recursos de comunidades inteiras e que foram
(e continuam a ser) motivo de orgulho dos seus habitantes. Conta-se, por
exemplo, que a população de Chartres se ofereceu para acarretar lajes desde a
pedreira que se situava a 8 km do local onde se (re)construiu a Catedral depois
de um incêndio. Esforços hercúleos “escondidos” pelas fachadas imponentes,
fenestradas e marcadas por agulhas rasgando o ceú, ou pela serenidade dos seus
interiores, onde se derrama uma “poética da luz” (Georges Duby). Para estes
homens, estas construções eram uma celebração não das riquezas do mundo mas da
Eucaristia e de Cristo. Dizia-se: “Quem quer que sejas, se queres prestar
homenagem a estas portas não admires o ouro, nem a despesa, mas o trabalho e a
arte”. Noutros momentos do devir humano, os templos foram encomenda
de monarcas, de ordens religiosas e de famílias. Não raras vezes nasceram da
vontade das comunidades locais e resultaram em soluções simples mas eivadas de leituras
e olhares sobre o divino tão ricas como as de outras procedências. Deste
longo percurso resultaram obras com características diversas, mas todas parecem
procurar, à sua medida, o Belo e a glorificação de Deus. Podemos afirmar que
todas as épocas encontraram os meios e os instrumentos necessários à sua
construção. Não houve (e creio que ainda hoje não há) um único caminho, uma
fórmula legítima de as promover e as materializar. Será fácil, no presente,
lançar acusações sobre algumas das modalidades adoptadas no pretérito para as
construir, mas esse é um exercício extemporâneo. A construção de igrejas é um sinal
dos tempos e nela se fundem o sentimento com a razão. Com efeito, enquanto
construções humanas, as igrejas nascem da junção dos desejos, da imaginação,
dos saberes e do suor de gerações. A construção da Igreja Nova, na Paróquia de
Nossa Senhora de Fátima, dá continuidade a essa tradição milenar inscrita na
história da Igreja e do Homem.
2. Precisará
a cidade de Viana do Castelo de mais uma igreja?
Creio que não há necessidade de recorrer a dados quantitativos para
demonstrar que a zona onde está erigida a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
tem sido, nos últimos anos, a área urbana que patenteia maior crescimento no
número de novas construções e habitantes (a par, das freguesias da Meadela e
Areosa). Denota este dinamismo, a crescente fixação de comércio e de serviços
(algum preterindo o centro urbano), o aumento da circulação automóvel e da
mobilidade de pessoas. A Abelheira deixou de ser um espaço peri-urbano, com
traços de ruralidade notórios, para incorporar a área edificada da cidade. Para
além da quantidade, este fenómeno traz questões de qualidade, que desafiam
qualquer acção social e pastoral: os novos residentes não têm ligações
familiares (e religiosas) com os habitantes tradicionais desta área, revelam
franca mobilidade e adoptam estilos de vida diversos. Esta tendência
demográfica e social não estancará; caberá a esta área albergar as próximas gerações
de vianenses, por nascimento ou adopção.
Para além de dar resposta a esta pressão demográfica (presente e
futura), a Paróquia tem necessidade de encontrar um espaço para celebrar capaz
de responder à comodidade que hoje é vulgar na maior parte dos edifícios e
espaços públicos e privados. Sendo certo que o culto não está ligado a um lugar
exclusivo – “o que tem primazia” é o encontro dos fiéis e a “edificação dum
edifício espiritual” (Catecismo da Igreja Católica) –, a verdade é que,
no exercício da liberdade religiosa, as comunidades cristãs têm erigido espaços
próprios para as suas assembleias. Esta realidade histórica, como vimos,
continua a ter toda a legitimidade. Ora a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
para responder as estas novas realidades tem um edifício do século XVIII (com
esta afirmação não pretendemos colocar em causa a dignidade do espaço nem a sua
relevância histórica e artística). Consideramos que, hodiernamente, não é
suficiente, em determinados contextos, depender das edificações históricas, da
mesma forma que não se pode construir como noutras épocas. Uma Igreja que pensa
no Futuro, não pode ficar “agarrada” ao Passado, também neste âmbito.
O crescimento da cidade de Viana do Castelo não pode apenas ocorrer no
âmbito dos equipamentos públicos (escolares, desportivos, culturais…), dos
espaços de lazer ou comerciais mas, de igual forma, tem de pensar e investir na
concretização de locais para a expressão e exercício da prática religiosa
capazes de responder aos anseios das suas populações. Num país que pugna pela
liberdade religiosa e pelo respeito dos Direitos Humanos é tão válida a
afectação de espaços à construção de um centro comercial ou de um estádio como
à de um templo (de qualquer religião, notamos). Acrescentaríamos que o investimento
da cidade na construção de uma igreja é tão legítimo como, por exemplo, o
levantamento de um monumento ou de um parque de estacionamento. Parece-nos,
portanto, que este é um momento limiar: antes que se sintam todos os efeitos da
sua falta, a cidade (particularmente, a área paroquial) deve conservar os
templos existentes e construir um novo templo. Esse foi (é) a audácia dos
actuais paroquianos e vianenses.
3. Haverá
uma forma de igreja arquitectónica e artisticamente legítima?
Sabemos que a história da arquitectura e da arte manteve uma relação
estreita com a história da Igreja, e vice-versa. Houve períodos onde essa
ligação foi mais íntima – exemplificamos com o caso do Barroco (pelo menos de
uma parte das suas expressões) e a doutrina do Concílio de Trento – e momentos
de mútuo questionamento e superação. No entanto, como se escreve no Sacrosanctum
Concilium, “a Igreja nunca considerou um estilo como próprio seu, mas
aceitou os estilos de todas as épocas, segundo a índole e condição dos povos e
as exigências dos vários ritos”.
Os documentos da Igreja fazem notar a relevância que alguns elementos
estruturantes da sua configuração: o altar (um só altar no centro), o sacrário,
a cadeira, o ambão, a pia baptismal e um espaço para acolher os penitentes. Enquanto
espaço de reunião, o interior da igreja deve conservar uma área para a
permanência dos fiéis. Assumido este rol de elementos estruturadores do espaço,
a igreja pode ter, como sempre teve, os desenhos mais diversos. Esta
diversidade de soluções, nem sempre bem aceite, tem sido portadora de uma
enorme riqueza artística e cultural, de que somos herdeiros e continuadores.
Nesse sentido, parece-nos que não há uma imagem exclusiva de Igreja, não
obstante o nosso imaginário lhe associar um aspecto muito definido.
O projecto que a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima está a engenho do
arquitecto e das restantes equipas técnicas criou em resposta a um programa
conhecido de todos. Trata-se de uma estrutura centrada no espaço para a
assembleia, sobre o qual erguer é mais uma solução que o se curvam as paredes
exteriores, criando um ambiente uterino (cujo simbolismo nos escusamos
descrever). Esta dimensão só ganhará plenitude uma vez concluída a obra.
Contudo, ela é uma mensagem aos homens de hoje que em processo de desafectação
da Igreja reencontram naquele espaço a possibilidade de concretizar uma
verdadeira assembleia, aquela que assegura a partilha da Palavra e do Pão, in
praesentia. Ora, estamos convencidos que é preciso reencontrar o prazer de
partilhar o momento da reunião que, como notou Régis Debray, não é possível,
por exemplo, diante do televisor. Este, nas suas palavras, “ao afastar-me do
meu próximo (…) contribui para pulverizar um pouco mais o povo de Deus”,
pois o assistente “já não é actor, mas um receptor, tentado pela passividade
estética (…) e privado da alegria do estar em conjunto com todos, num mesmo
palco”. A expectativa das gerações que agora investem na nova Igreja é que
o futuro permita a partilha do espaço e do tempo entre próximos.
4. Que sentido
tem construir uma igreja nos dias de hoje?
Tentar uma resposta, ainda que incompleta, a esta questão, é um
exercício difícil. Quiçá arrogante, se a incluirmos numa inquirição mais vasta.
Como pode o autor revelar o sentido que muitos cristãos (e de forma
ampla, muitos homens) parecem ter perdido?
Ensaiarei apenas uma ideia, que não sendo de todo original pode
constituir um interessante mote para a reflexão: construir uma igreja hoje é
“rodar os ponteiros do relógio em sentido contrário”. Não se trata de voltar ao
Passado, de um regresso nostálgico a outro tempo e modo. Seria uma resposta
débil, muitas vezes ensaiada e infrutífera, por ser equívoca. Mas, num mundo
que parece ter perdido o sentido de assembleia, que acentua a
fragmentação e o pior do individualismo, que reivindica a liberdade mas sujeita
o indivíduo a novas opressões, que sob a capa da civilização
instituiu um eu solitário e egoísta, não será tempo de voltar a pensar e
agir em comunhão? Numa época que afirma a globalidade, o live
e a comunicação virtual não será necessário reconquistar o toque e a
presença? Não falo em recusar estes mecanismos de mediação tão fascinantes e
portadores de novas possibilidades de encontro, mas na necessidade de enjeitar
a limitação ao diferido.
Não sabemos como será o Cristianismo de amanhã, mas temos a
responsabilidade de o construir hoje, sem medo de errar mas com uma humildade
sempre actuante. Podemos sonhar e idealizar, mas a mudança passará sempre pela
tradição. Não inventamos, reinventamos. A construção de uma igreja é a
reinvenção de uma tradição; é a edificação de um espaço para se (re)construir
em comunidade, olhos nos olhos, como Ele fez.
José Carlos de Magalhães Loureiro
Janeiro 2010
No
Natal, a luz acendeu
Ele
nasceu no Natal que brilha através da minha vida, mesmo que eu encontre trevas
nela,
Eu
quero segurá-lo, nesta vida, sob a sua luz e
janela
As
cores brilham e muitos verão a luz ".
Todos
os anos celebramos a chegada de Deus ao mundo no Natal, isso é certo e bom,
porque ele sempre quer chegar a este mundo. Em mim, em você e em todas as
pessoas. Em nossas igrejas, em nossas cidades e vilas e em nossas comunidades.
Podemos sentir essa presença e realmente experimentá-la em encontros com
pessoas, independentemente de gênero, orientação, origem e crença. É por isso
que celebramos o Natal porque ele quebrou padrões antigos e familiares de
pensamento. Como na nossa nova janela da catedral de Colônia, ela brilha em
nossa vida cotidiana e não permanece fechada uma sala bem cuidada.A luz deve ser
transportada para o mundo - por jovens e idosos, voluntários e funcionários em
período integral, por pessoas saudáveis e doentes. De pessoas que são mais
fortes na vida ou que têm que viver com muitas quebras na vida.
Hoje
em dia, podemos e devemo-nos deixar ser examinados repetidamente pela Luz que o
profeta já conhece Isaías quando escreve:
"As
pessoas que vivem nas trevas vêem uma grande luz; ela brilha intensamente sobre
os que estão sem esperança" (Is 9,1)
tem.
Como em nossa nova janela da catedral de Colônia, ela brilha em nossa vida
cotidiana e não permanece fechada em uma sala bem cuidada. Sua luz deve ser
transportada em nosso mundo - por jovens e idosos, voluntários e funcionários
em período integral, por pessoas saudáveis e doentes. De pessoas que são mais
fortes na vida ou que têm que viver com muitas quebras na vida.
Hoje
em dia, podemos e devemos nos deixar ser examinados repetidamente pela luz que
o profeta já conhece. Isaías escreve:
"As
pessoas que vivem nas trevas vêem uma grande luz; ela brilha intensamente sobre
os que estão sem esperança" (Is 9,1)
Nova Igreja da Abelheira: do sonho a realidade
Um
sonho com mais de 30 anos está prestes a concretizar-se: A "Nova Igreja da
Abelheira - Igreja da Sagrada Família", que a Paróquia de Nossa Senhora de
Fátima tem em curso, encontra-se na sua última fase de execução. Será o maior
edifício religioso fechado da nossa cidade e vai oferecer mais espaço e
conforto aos paroquianos e cristãos que nesta nova centralidade de Viana -
Abelheira - não possuem qualquer estrutura com capacidade que permita a
realização de eventos religiosos para os que lá vivem, e muito menos para os
que nos visitam em momentos de cerimónias mais festivas. É um dever de todos
nós contribuir paraa construção desta estrutura, não só para nós, mas como um
agradecimento aos nossos antepassados que com menos meios nos deixaram um vasto
e valioso legado a nível deste tipo de infra-estruturas.
Pelo
empenho que o nosso Pároco, desde a primeira hora, acompanhado e apoiado pelo Conselho
Paroquial de Pastoral de 1978 e mais tarde pela Comissão Fabriqueira, sempre
demonstrou por esta nova igreja, não será difícil concluir que esta será
"uma" obra da sua vida. Não digo "a obra" mas, "uma
obra". Quem acompanha o seu trabalho como Pároco desta comunidade, e quem
o ajuda poderá facilmente verificar que, foi sobretudo devido ao seu dinamismo,
à sua dedicação, empenho e sacrifício pessoal que a Paróquia de Nossa Senhora
de Fátima se transformou. Sempre teve a seu lado bons colaboradores. A
Paróquia, com a ajuda de todos, colaborou e colabora. Daí que nos 25 anos de
sacerdócio mais do que uma vez tenha afirmado: "nunca estive
sozinho". A Nova Igreja é apenas uma delas, possivelmente a mais
importante no aspecto visível. Claro que, sem os donativos e a colaboração de
muita gente solidária, isso não seria possível. Para além do aspecto de gestão
de recursos de toda a ordem, o Padre Artur Coutinho teve sempre uma
preocupação: procurar consensos na Comissão Fabriqueira, por forma a gerir e
transformar esses recursos ao serviço do apostolado, da comunidade e dos que
mais precisam. Foi essa a linha que pautou a sua conduta no sentido de servir,
preservar, defender e alargar o património da Paróquia em termos de serviços,
espaços e condições, permitindo que hoje existam condições e um ambiente
propício à acção social, à oração e elevação para Deus.
Esta
Nova Igreja terá apelos a uma mística contemplativa: é um local muito amplo, de
grande acústica e de boa visibilidade, e tem uma arquitectura de grande
simbolismo espiritual. Debaixo da Igreja existe uma capela, e alguns espaços
onde os vários grupos da comunidade irão exercer as suas actividades.
As
igrejas representam um tipo muito particular de edifício com requisitos
arquitectónicos e acústicos específicos e com importantes variações e
adaptações ao seu uso com o passar dos anos e da História. Será o maior recinto
religioso fechado da Diocese, com cerca de 800 lugares sentados, configurada
para duas capacidades diferentes: um primeiro espaço para o culto e utilização
de áreas menos nobres para as
actividades e serviços complementares que a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
assegura (Escutismo, catequese, movimentos, grupos, etc.), fermentos activos e
dinâmicos numa comunidade. Desenhado pelo arquitecto Faro Viana, o projecto
combina harmoniosamente arquitectura, espaço, luz, som e tecnologia. De grande
simplicidade arquitectónica, mas com alguma complexidade na engenharia civil, é
uma obra singular pela sua grandiosidade e, ao mesmo tempo, pela atenção aos
pormenores. O interior da igreja é iluminado, através de janelas/vitrais, que à
primeira vista passam despercebidas mas que permitem dar prioridade à luz
natural. É uma estrutura polivalente que além das cerimónias religiosas, está
concebida para ter uma utilização de caris mais cultural, dadas as suas
características acústicas. Pode-se dizer que é uma estrutura ao serviço da
comunidade.
Esta
é a obra terrena, material e visível que pretendemos concluir. Mas de que nos
serve se nos falta a fé? É com base nessa fé que vos faço mais um apelo
sustentado em alguns excertos da Bíblia: "Em união com Cristo, também vós
sois integrados na construção para vos tornardes, no Espírito Santo, morada de
Deus" (Ef 2, 22). Estas palavras da Carta aos Efésios, falam duma
construção em acto e indicam claramente a sua finalidade: é a morada de Deus.
Eu fui enviado, e aqui estou, para vos confirmar no vosso glorioso destino:
Todos somos chamados a participar nesta construção "cujo arquitecto e
construtor é Deus" (Heb 11, 10). Se porventura tudo isto aparecesse aos
nossos olhos meramente como uma promessa, e não uma obra em acto. Ou então, se
todo o mundo se levantasse para nos chamar à razão, dizendo: Resignai-vos,
pobres iludidos; não se encontra rasto nem vestígios de um Deus à procura de
casa por estes lados! Eis o que tenho a dizer-vos: Não o perscruteis com os
olhos porque ainda não enxergam, nem vos resigneis à voz das sereias do mundo
porque recusam o canto novo do amor de Deus a nós manifestado. Apoiai-vos,
antes, "sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, que têm Cristo como
pedra angular" (Ef 2, 20). Ora, um dia alguém perguntou a Jesus Cristo
como era possível Deus manifestar-Se a nós e não ao mundo? Ele explicou:
"Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele
e faremos nele a nossa morada" (Jo 14, 23). Sobre este alicerce, assenta a
consoladora certeza: Deus escolheu-nos para sua morada. Cabe a cada um de nós
acreditar, ter fé e contribuir para a construção do templo que servirá acima de
tudo como local de culto a Esse que é o nosso Deus.Armando Sobreiro, 2010
Uma casa de família
Um
espaço físico para congregar múltiplas actividades pastorais e apoios da
Paróquia.
Ter
casa própria parece ser um desejo partilhado por uma multidão de pessoas. Entre
outras coisas, a casa é o palco onde podemos montar o cenário da vida feliz que
sonhamos, que os nossos pais sonharam para nós; o sonho que a nossa sociedade
nos prometeu.
A
casa é o símbolo de maioridade, autonomia e legitimidade. Mais do que a
continuidade do passado, a casa é o espaço do nosso futuro, da validade do
nosso projecto de vida e da solidez de que necessitamos para o levar a cabo. A
casa tem o peso de uma vida. Não da vida que já se viveu e cujo peso
conhecemos, mas daquela que falta viver. A casa é um peso que não se limita ao
dinheiro investido e os seus juros, é muito mais o peso dos seus sonhos. Para a
maior parte dos jovens pôr de lado esse sonho é completamente irrazoável.
Alguns adiam-no à espera de um tempo mais favorável, mas a maioria pensa não
valer a pena esperar e, se pode, arrisca quase tudo para consegui-lo. Nesta
viagem entram a família, os amigos, os conhecidos…todos parecem partilhar do
mesmo sonho. Todos concordam que é legítimo e pertinente.
Era
de tudo isto que estava a falar com uns amigos outro dia, quando demos por nós
a olhar para a igreja nova, que finalmente parece ter ar de casa. Ao vê-la,
assim, ainda em cimento e sem os ornamentos próprios de uma igreja, aquilo que
vimos no escuro da noite foi uma casa. O lar de alguém que ainda não o habita.
É claro que a forma e o tamanho não enganam e perturbam o devaneio; aquilo que
estava à nossa frente era a casa de uma família enorme. Concretizar o sonho de
uma casa assim era uma tarefa para muitas pessoas, de várias gerações e não
apenas para uma pessoa ou um pequeno grupo. Noutra altura, com outras pessoas,
podia ter-se gerado ali uma grande discussão: vale a pena construir mais uma
igreja? A igreja que temos já não serve? E era preciso a nova ser tão grande?
Sim, podíamos ter ido por aí. Mas talvez por sermos todos católicos, talvez por
termos todos a mesma idade, talvez por termos sido todos educados aqui na
paróquia, talvez porque já todos percebemos que não sabemos o rumo das coisas,
que às vezes as pessoas parecem mudar todas de ideias ao mesmo tempo, e que o
que hoje nos parece muito, no futuro pode parecer pouco …, por tanta coisa…mas
principalmente porque no silêncio da noite, aquilo que víamos era apenas uma
casa. A enorme casa, que com a pequena casa do Berço ao lado, parecia estar a
preparar-se para ser o lar da grande família.
Os
argumentos concretos da necessidade de construir um espaço físico para
congregar actividades da nossa Paróquia já são por si mesmo conhecidos e
permanecem. Ter um espaço nosso, adequado ao tempo e à dimensão da paróquia,
capaz de servir às necessidades das gerações presentes e futuras, não é no caso
de uma paróquia como a nossa, em que a função religiosa da igreja passa muito
pela ajuda à comunidade, um luxo: é uma necessidade.
A validade de construir uma igreja nova, (espaço mais emblemático do novo Centro
Paroquial) adequada ao nosso tempo e à nossa forma de vida pode parecer-se com
a validade de um jovem aspirar a ter a sua própria casa. A realidade de ter um
espaço próprio é um sonho partilhado quer por uma pessoa, quer por um grupo ou
movimento desde o Escutismo à Catequese, movimentos e grupos activos pedras
vivas da família paroquial como uma igreja nova. Em ambos os casos esse espaço
é o símbolo e a garantia da sua independência e legitimidade, da sua
possibilidade de subsistir, aplicar-se e reproduzir-se. Laura Juliana. Abril 2010
Bispo recebido na Nova Igreja
“É com profundo júbilo que, em nome desta comunidade,
dos seus vários organismos, e do seu Pároco, dou as "boas-vindas" ao
nosso Bispo - D. Anacleto, no início desta visita simples, mas plena de
significado para nós.
Esta comunidade tem
por tradição receber com hospitalidade todos quantos nos visitam. No
caso de Vossa Excelência Revma., a essa hospitalidade vem juntar-se a profunda
alegria e o intenso fervor de todos nós pela forma simples, rápida e alegre,
com que aceitastes o convite do nosso Pároco, Padre Artur Coutinho.
Comungamos convosco esse espírito de proximidade e de
interacção que a igreja deve ter para com os seus fieis, pois acreditamos ser
uma marca profunda da herança cristã presente na cultura, no património e,
acima de tudo, nos valores humanistas que determinam o nosso modo de ser e de
estar. Acreditai que estes Fieis que Vos acolhem, fazem parte de uma comunidade
livre e plural, cuja identidade se deve a múltiplos contributos, e que se rege
pelos princípios da fé, da promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e
da paz. Somos uma comunidade que desde a sua génese apostou fortemente numa
"missão social" e que apesar de vários constrangimentos, dificuldades
logísticas e materiais, tem estado sempre pronta a ajudar. Por pensarmos ser este
o caminho a seguir, em 2000, lançamos mão a este projecto que designamos
"Pólo de Actividades na Abelheira", onde a comunidade espera
centralizar as várias valências de caris social e religioso ( Igreja com 800
lugares sentados, 20 salas de Catequese, Escutismo, vários movimentos, etc …).
Temos este desafio pela frente, e a verdade é que até á data já investimos
1.500.000,00€. Não temos tido apoios por parte de entidades oficiais, mas
felizmente tem sido muitos os que generosamente tem contribuído para este
projecto.
Sr. D. Anacleto, face a estes desafios que esta
comunidade enfrenta, e apesar do momento de crise económica e social de
dimensões globais que vivemos, esperamos que nos traga uma mensagem de
esperança e de fé para continuar, e que dentro do possível se solidarize com
esta comunidade por forma a que todos juntos possamos concluir este
projecto. Nesse sentido, é com profundo
regozijo e sentida emoção que, também em nome desta comunidade Vos digo:
Sede bem-vindo!”.
Dr. Armando Sobreiro. Novembro
2010
Surpresa
Foi
uma surpresa para a maioria das pessoas que se
deslocaram à obra para verem mais de perto aquilo que pouco a pouco se
vai realizando.
Graças
ao dinamismo do sr. Pe. Artur Coutinho e de um grupo de pessoas que o
acompanham nesta tarefa de realizar um sonho, que a alguns descrentes era
irrealizável, foi possível constatar que o sonho se vai concretizando.
Alguns afirmavam: - Quem vê de fora não
imagina o espaço enorme que está aqui dentro!
Dizia
um , enquanto outra, atónita com o que via: - Isto dá pano para mangas, tantas
salas para catequese, para actividades das crianças...
E
outro completava: - Tudo é preciso e não chega a nada. Não vê que a comunidade
está em crescimento! Vai ver que quando tudo estiver pronto ainda vai faltar
espaço.
Era
desta forma que as pessoas comentavam o que viam, tão admiradas estavam do
estado avançado em que se encontrava a obra da Nova Igreja.
- Qualquer dia está pronta, não está sr. F...?
-
Ainda falta muito sra. D. C...! Quem dera que já tivessemos o dinheiro para
acabar, mas até lá é preciso que as pessoas contribuam. Isto é de todos e para
todos.
Dizia
uma pessoa entendida e conhecedora das
dificuldades por que passa a Comissão Fabriqueira para cumprir com os
compromissos assumidos.
E com esta e outras conversas do mesmo teor lá
se foi fazendo a visita, ciceronada pelo sr. Arquitecto Meireles e Eng.º
Torres, percorrendo os espaços já quase prontos do R/chão, cave e subcave, com as entidades convidadas, Sr.
Presidente da Câmara, Eng. José Maria Costa, deputados Dr. Defensor Moura, Dr.
Abel Baptista, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Sr.
Amadeu Bizarro, Chefe Laura em representação do Comando da P.S.P., Sr. Pe. Coutinho e um grande número
de pessoas que quiseram inteirar- se do progresso da Obra tão necessária para a
Paróquia.
Por fim, o sr. Pe. Coutinho agradeceu a presença
de todos e apelou à boa vontade e generosidade daqueles que se revêem na fé
cristã para ajudarem a acabar este espaço que é de todos e para todos.
Bibliofatima - Junho 2010
"A construção de uma Igreja Nova é um repto à comunidade
cristã"
Os desafios
sociais e espirituais que a igreja actualmente enfrenta, nem sempre são
compatíveis com a exiguidade e austeridade dos espaços que no passado a
serviram. No actual contexto, a igreja assume um papel de crescente
responsabilidade social que, a par da perseverança nos seus princípios
doutrinários, exige uma constante adaptação às realidades humanas que enfrenta.
O espaço e o tempo são indissociáveis, e para compreendermos as limitações que
certos espaços presentemente nos impõem, temos necessariamente de conhecer as
circunstâncias em que estes foram concebidos e avaliar a sua resposta às
exigências actuais.
A actual Igreja
Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, concluída no final do século XVIII e
benzida a 18-12-1792, foi edificada como parte integrante do antigo convento
das Carmelitas, com a finalidade responder às necessidades das irmãs
contemplativas do Carmelo de Viana do Castelo.
Arquitectonicamente,
a igreja de Nossa Senhora de Fátima exibe essencialmente influências
Neoclássicas que lhe conferem um ar sólido, frio e austero, propício à entrega
espiritual que caracteriza as irmãs Carmelitas. Foi projectada com uma única
nave central, sem pilares, sem vãos acessíveis ao olhar, sem capelas laterais e
sem arestas que pudessem contribuir para o alheamento do indivíduo na sua
relação espiritual com o Divino. Com o falecimento da última irmã extinguiu-se
a comunidade carmelita, tendo o edifício do antigo convento sido reconvertido
em orfanato.
No ano de 1967 é
criada a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, correspondendo ao anseio da
comunidade cristã que se aglomerou na parte oriental do histórico burgo
Vianense. O cariz eminentemente urbano e periférico, que actualmente
caracteriza a freguesia de Santa Maria Maior e o lugar da Abelheira em
particular, contribuiu para um certo enfraquecimento do espírito comunitário e
do sentimento de pertença dos paroquianos. A promoção/construção da nova Igreja
Paroquial de Nossa Senhora de Fátima resultou da conjugação de dois factores
essenciais: a concessão de espaço por parte do poder local (Câmara Municipal de
Viana do Castelo) e o espírito de iniciativa e de abertura às novas exigências
da doutrina social da Igreja por parte do Padre Artur Coutinho, que idealizou o
novo Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima.
A construção
desta nova igreja é um repto à comunidade cristã da paróquia e serve de
barómetro ao grau de envolvimento dos paroquianos nos projectos de acção
social, cívica e espiritual. Como parece evidente para qualquer pessoa bem
formada do ponto de vista religioso, não está em causa, com esta iniciativa, a
avaliação da dignidade do templo onde actualmente se celebram as cerimónias
religiosas da paróquia, bem pelo contrário, importa até assegurar que com a
conclusão das obras da nova igreja seja acautelada a preservação deste espaço
em condições de solenidade idênticas às que presentemente são asseguradas.
Essencialmente,
importa avaliar a importância da construção da nova igreja na perspectiva dos
benefícios que a mesma, do ponto de vista da sua localização, dimensão,
disposição arquitectónica, proximidade às pessoas e às instituições da
paróquia, conforto térmico, conforto acústico e adequação às novas tecnologias
poderá trazer a uma comunidade em permanente expansão. Certamente que uma
avaliação tão exigente, quanto aquela que anteriormente referi, implica
necessariamente, por parte do apreciador, um determinado grau de participação
nas actividades da paróquia. Para as pessoas que se enquadram nas denominações
correntes de "cristão não praticante" e até mesmo para aqueles que
limitam a sua participação religiosa à presença na eucaristia dominical (ou
vespertina) a maior valia inerente a este importante projecto paroquial
assomar-se-á como diminuta. Poucas limitações físicas e participativas poderão
ser sentidas por parte de quem reduz a sua intervenção a uma presença ocasional
numa cerimónia previamente preparada por um conjunto de clérigos e leigos
dedicados. Mas mesmo esses não poderão, do meu ponto de vista, ser indiferentes
a quem clama por uma maior proximidade entre as instituições da paróquia e a
igreja (ex. Instituição do Berço à qual estão associadas diversas crianças com
necessidades especiais de integração na comunidade), por melhores condições
para a realização da catequese, por espaço para a celebração das festas e
celebrações religiosas (Celebração do Acolhimento, Celebração da Palavra,
Eucaristia do Natal, Celebração da Comunhão, Celebração da Fé, Preparações para
o Crisma, Festa do Pai, Missa de Ramos, Celebração Pascal, Celebração da
Comunhão Solene, Celebração do Credo, Dia da Mãe, Festa da Padroeira,
Celebração do Perdão, Celebração do Compromisso e Celebração do Pai Nosso,
entre outras que envolvem e cativam um conjunto alargado de pessoas e sensibilidades), por condições para a
preparação da Liturgia, por áreas reservadas destinadas ao treino do coral e
por condições adequadas à implementação de novas tecnologias de som, imagem e
conforto higrotérmico.
Meus caros, o
poeta Português Fernando Pessoa (n. 1888 e f.1936), apesar de agnóstico
referiu, numa célebre exortação ao poder dos sonhos, que "Deus quer, o
Homem sonha, a Obra nasce.", reconhecendo que as duas primeiras premissas
são inerentes à condição divina e humana, respectivamente, e a terceira depende
essencialmente do talento e força de vontade de cada um de nós. Não há memória
de uma igreja que tenha ficado inacabada por falta de empenho de uma comunidade
cristã, com excepção de algumas que pela sua exacerbação artística se prolongam
indefinidamente no tempo, transformando essa característica numa marca de
singularidade (ex. Igreja da Sagrada Família em Barcelona). André Lousinha -
Março 2010
Nova Igreja da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima - Uma Obra de
Fé
A noção de que a crise económica, social e política pode afectar o
espírito e a alma dos cristãos, não encontra fundamento nos Evangelhos ou na
História da Igreja. A confiança e a fé, como princípios basilares da aliança
estabelecida entre Deus e o Homem, não são por definição, susceptíveis ao
conjunto de circunstâncias que envolvem a realidade humana, por mais favoráveis
ou desfavoráveis que elas sejam. As singulares circunstâncias que envolveram as
primeiras comunidades cristãs do Oriente e Ocidente (cuja perseguição se
prolongou até 313 DC, tendo esta sido banida sob a égide do Imperador
Constantino que posteriormente procedeu à promulgação do Concílio de Niceia, em
325 DC), as que atingiram as comunidades cristãs que ao longo de décadas
viveram sufocadas pelos regimes totalitaristas do bloco de Leste (até ao ano de
1989, com a queda do muro de Berlim) e as que actualmente envolvem inúmeras
comunidades cristãs espalhadas por países do Médio Oriente (Síria, Iraque,
Jordânia, Egipto entre outras nações Árabes onde a religião muçulmana
é claramente dominante), provam que a aliança entre Deus e o Homem se baseia
fundamentalmente na fé. O contexto socioeconómico não abalou a fé das
comunidades cristãs anteriormente referidas, dessa fé que vem do Latim
"fides", de fidelidade e firme convicção na mensagem de Jesus Cristo.
Vejamos
a título de exemplo o que representa, do ponto de vista socioeconómico, ser
cristão num país como o Egipto. Nas palavras do Patriarca Copto-Católico
Antonios Naguib, em entrevista dada à Agencia Noticiosa ZENIT, as dificuldades
criadas à sua comunidade vão da obstaculização à construção de novas igrejas
(decorrente de regime legal estabelecido no Séc. XVIII, durante a ocupação por
parte do Império Otomano, a coberto de uma suposta intenção de protecção dos
cristãos contra tentativas de agressão), a impossibilidade de acesso a postos
de representação política relevante, obrigatoriedade de apresentação de cartão
de identidade com afiliação religiosa, entre outras. O próprio mercado de
trabalho enferma de uma notória discriminação religiosa exercida contra os
cristãos. Na Índia, os cristãos são vítimas da violência perpetrada pelos
Nacionalistas Hindus, com a cobertura política do Partido Bharatiya Janata
(Partido do Povo Indiano).
Desse
ponto de vista, ser cristão no Ocidente já não constitui um desafio à
sobrevivência ou à subsistência económica. Qualquer tentativa de equiparação
entre estas duas realidades não passará de mero exercício de retórica. O
conforto inerente à liberdade religiosa de que usufruímos permite o
estabelecimento de práticas religiosas difusas, onde se integram as dos
denominados "cristãos não praticantes", cuja proximidade aos locais
de culto cristão se restringe, episodicamente, a iniciativas relacionadas com o
que podemos designar, numa acepção mais pagã, "convenções sociais"
(Baptizados, Casamentos, Funerais), que do carácter sacramental original pouco
preservam. O exemplo de perseverança das comunidades cristãs do Médio Oriente,
na senda dos seus precursores (Ananias e Estêvão) deveria inspirar os cristãos
de hoje na busca interior de desafios à própria fé.
À
Comunidade Cristã da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima são apontados vários
desafios, cuja concretização depende essencialmente da disponibilidade
individual para a partilha e solidariedade. A acção social junto dos mais
desfavorecidos (ajuda alimentar e voluntariado social), o apoio às instituições
da paróquia ("Berço", "Vicentinas", entre outras), a
participação activa nas celebrações eucarísticas e, naturalmente, o apoio à
construção da nova igreja. Os cristãos têm de tomar a Igreja em suas mãos,
contribuindo pessoalmente para a transmissão dos valores fundadores essenciais
e para a perenidade do legado deixado às gerações seguintes.
Como
referia Santo Agostinho, uma das figuras mais importantes do desenvolvimento do
Cristianismo no Ocidente; Filósofo e Teólogo conhecido pelos seus sermões e
cartas acerca do pensamento da Igreja; "Aquele que tem caridade no
coração, tem sempre qualquer coisa para dar". Para robustecer a
importância da generosidade no ser humano pedia ainda, "Nas coisas
necessárias, a unidade; nas duvidosas, a liberdade; e em todas, a
caridade". Evocando Santo Agostinho, com toda a contemporaneidade,
atrevo-me a dizer que a nova igreja da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima,
como obra necessária que é, justifica a unidade de toda a comunidade cristã.
Quanto à caridade, essa deve prevalecer sempre no íntimo de cada um de nós. André
Lousinha, Fevereiro 2011
44º Aniversário da Paróquia Nª. Sª Fátima
Foi
a efeméride festejada no passado dia 7 (data do decreto episcopal -
7/12/1967-que criou, a título experimental, a Paróquia de Nossa Senhora de
Fátima, desmembrada da de Santa Maria Maior) e no dia 8, festa da Imaculada
Conceição (data em que teve lugar o primeiro ato oficial da nova comunidade com
a celebração da primeira missa paroquial). Dezoito anos depois, já na vigência
da nova diocese de Viana do Castelo, D. Armindo Lopes Coelho, por decreto
exarado em 15 de Outubro de 1985, transforma em definitiva a paróquia
experimental, conferindo-lhe ereção canónica.
Em
cada ano, o aniversário da fundação da paróquia tem vindo a constituir momento
de convocação da comunidade para o aprofundamento dos princípios e ideais
inerentes à espiritualidade cristã: a vivência da mensagem evangélica em todas
a suas implicações, numa dinâmica de exigência individual e de compromisso com
os outros. Particularmente marcantes foram os 25.º e 40.ºaniversários com
programas comemorativos de maior fôlego e envolvência colectivos que
constituíram marcos importantes na dinamização das estruturas e movimentos da
paróquia bem como contributos decisivos para a sua coesão como comunidade
humana e espiritual.
Lançamento
de CD do Grupo de Cavaquinhos da Escola de Música
No
presente ano, as celebrações decorreram em dois dias. O primeiro, dia 7, teve
como prato forte a realização de um espetáculo musical, no auditório do Centro
Social e Paroquial da Meadela, gentilmente cedido pela sua direcção, para
apresentação e lançamento de um “CD”, produto do trabalho de lazer e
aprendizagem do Grupo de Cavaquinhos da Escola de Música desta paróquia e que
contou ainda com a luzidia e agradável participação da Banda de Gaitas de Santiago
de Cardielos e com números de boa disposição pela Tuna de Veteranos de Viana do
Castelo. Além de um vasto e animado público proveniente sobretudo das
freguesias de Santa Maria Maior e da Meadela, marcaram também presença no
evento o bispo da diocese, D. Anacleto Oliveira, os párocos da Meadela e de
Nossa Senhora de Fátima, bem como os presidentes de junta das duas freguesias.
O
“CD” apresentado ao público e integralmente executado pelo Grupo de Cavaquinhos
consta de 11 composições de música tradicional portuguesa de diferentes regiões
do país, com destaque para as modas minhotas: Santa Luzia, Farol de Montedor,
Minha Saia Velhinha, Marinheiro, e onde não foram esquecidos o Vira
de Coimbra, as alentejanas Não quero que vás à monda, Roseira
enxertada e o popular Alecrim. Sob a orientação de João Sá, grande
animador deste evento e responsável pela Escola de Música. As execuções
resultaram de completo agrado do auditório que sublinhou com fortes aplausos os
números executados.
O
produto dos ingressos no espetáculo e da venda dos “CD”, que podem ser
adquiridos ao preço unitário de 10 euros, reverteram integralmente a favor da
igreja nova, em fase avançada de construção na Estrada de Entre-Santos, na
Abelheira, junto à rotunda da Bela Vista.
Além
da Escola de Música e do seu Grupo de Cavaquinhos, toda a dinâmica organizativa
do evento esteve a cargo do grupo de Amigos da Obra da Nova Igreja, a cuja
capacidade empreendedora e dedicação à causa se devem numerosas iniciativas já
concretizadas em ordem à angariação de fundos.
Festa
da Imaculada Conceição: primeiro ato comunitário da nova Paróquia
O
dia 8 constitui por si só uma data emblemática na história desta comunidade,
não só pela devoção que a Imaculada Conceição inspira nos cristãos, como ainda
por ter sido nesse dia que a comunidade como tal por primeira vez se reuniu em
Eucaristia Dominical. Tal como em 1967, também agora a comunidade se congregou,
de forma mais vasta e participada, honrando a sua padroeira, na festividade
litúrgica deste dia e agradecendo as mercês recebidas ao longo do seu período
de vida.
Seguiu-se
um almoço de convívio no Centro Social e Paroquial, com sarrabulho e doçaria
tradicional, pretexto para encontro de amigos e colaboradores da Paróquia e uma
forma ainda de contribuir para as obras da nova igreja, visto o seu custo do
repasto reverter integralmente para esse fim.
A
construção de uma comunidade paroquial
Quarenta
e quatro anos de vida de uma paróquia. Tempo de construção, crescimento e
maturidade, graças à dedicação e desvelo dos párocos que lhe ensinaram os
primeiros passos (António da Costa Neiva e Rogério Fernandes da Cruz) e à
generosidade e dinamismo do atual, Pe. Artur Coutinho, que ao longo de 34 anos
vem desenvolvendo uma obra nos campos pastoral, social e cultural, considerados
uma referência tanto na diocese como a nível do país.
Porém,
tal construção não seria possível sem o contributo de uma “verdadeira plêiade
de PESSOAS”, sim, esta a expressão correta, (de homens e mulheres de diferentes
idades e condições sociais, livres e comprometidas), que de forma mais ou menos
anónima, generosa e afincada foram no passado, no presente e sê-lo-ão no futuro
as pedras vivas do edifício de uma Igreja ao serviço da dignificação e
realização plena de todo o ser humano. Albino Ramalho
, Janeiro 2012
Paróquia
de Nossa Senhora de Fátima inaugura Nova Igreja a 8 de Setembro
No
passado dia 27, o Conselho Paroquial Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora de
Fátima, aprovou o dia 8 de Setembro para inaugurar a sua nova igreja, situada
na Abelheira. A escolha desta data prende-se precisamente com o facto de nesse
dia se festejar a Senhora das Necessidades, que é precisamente a Padroeira
deste lugar, da freguesia de Santa Maria Maior.
De
acordo com o Padre Artur Coutinho, “O sonho começou a crescer em 1983, pela
necessidade que já os mais velhos sentiam. Em 2000, foi assinada a doação dos
terrenos e, em 2004, arrancou a obra, que em Julho deverá estar finalmente
concluída. A 8 de Setembro, é realizada a inauguração deste Templo, com
capacidade para 800 lugares sentados, que será dedicado à Sagrada Família”,
explicou o pároco.
A
celebração que marca a abertura deste espaço ao culto será presidida pelo Bispo
da Diocese de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira. No próximo dia 12 de
Maio, nas comemorações da Padroeira, os fiéis vão ter oportunidade de visitar o
novo templo, uma vez que faz parte do percurso da Procissão de Velas que se
realiza nessa data, e este ano contará com a participação de 10 andores, que
irão convergir de vários pontos da cidade para este Templo.
Refira-se
que, até ao momento, foram investidos 2 milhões de euros nesta obra que,
presentemente, fica apenas com o piso térreo, totalmente concluído, destinado
às celebrações. A conclusão dos pisos inferiores, orçada em mais meio milhão de
euros, terá de ficar para mais tarde, tendo em conta as dificuldades
financeiras do país e às quais a Igreja também não é imune. A
abertura/conclusão deste novo espaço é tido como indispensável no apoio à
extensa “Obra Social” desta comunidade. Todavia, a inauguração da Nova Igreja
era o grande sonho de todos os paroquianos, que há muito ansiavam ver
concretizado, sendo agora uma realidade. Armando
Sobreiro,2012
A Igreja da
Sagrada Família
Com a Igreja Nova da Sagrada Família, a Paróquia de
Nossa Senhora de Fátima, passa a ter duas igrejas: a paroquial da Senhora de
Fátima sedeada na Igreja atual e a Igreja da Sagrada Família. Os espaços são
diferentes porque em lugares, em material e arquitetura diferentes, mas um e
outro devem ser espaços vitais de uma comunidade.
Este espaço novo pode servir de interpelação às
pessoas…à mudança. Às vezes falámos, todos os anos, nas épocas de grandes
festas litúrgicas ou todos os Domingos, que precisamos de mudanças ao sermos
interpelados por Deus, mas parece que continua tudo na mesma repetido.
Não será que muitos são os tais “sepulcros caiados de
branco” que só estão bem quando querem ou quando lhes dá a real vontade de se
protagonizar, em vez de se eucaristizarem, em vez de mudar interiormente o seu
modo de estar em Igreja no meio do mundo?
Toda a gente se admirou por eu ter deixado crescer a
barba, mas ninguém se admira por tanto se pedir para sermos diferentes na fé e
continuamos agarrados a uma fé de ritos, de horários, de padres, de igrejas e
não de comunidade. Zango-me com o padre, vou para aquele que me exige menos… um
bom exemplo de seguir Cristo no irmão!...
A nova Igreja vai ser uma nova interpelação na fé, a
começar pela catequese da Comunidade, pelos pais e pelos filhos, por todos os
que começam a ganhar raízes nesta área geográfica que tem espaços mais
apelativos, acolhedores para dar vida à Comunidade feita de pedras vivas e não
de pirilampos que falam em nome de Deus porque lhes fica mal falar em nome de
Diabo.
É que o templo de Deus, na Igreja, seja templo velho
ou novo, como edifício físico, é sempre um lugar onde se está e onde se vai e
vem. Onde se recebe e se leva. É missão. Recebe a Palavra de Deus e é este
testemunho que se dá na vida do dia-a-dia. Portanto, é um desafio a toda a Comunidade
que eu próprio desde o princípio de cada ano ando a lutar pela mudança, mais
oração, mais ação social, mais celebração de fé colocando até os fieis leigos a
presidir às horas litúrgicas no mês de Junho e vamos continuar nas igrejas e
nas capelas. Todos repartidos por espaços diferentes e horas diferentes
poderemos fazer uma Comunidade maior e mais viva.
A Igreja que vamos inaugurar é para nos servirmos dela
para a celebração mais cómoda e mais a condizer com espaços de hoje, para nos
conduzir à missão, ao serviço na Comunidade Paroquial tendo em vista a Igreja
Universal e atingirmos uma só meta, a de Deus e não outra.
A Igreja que queremos viva porque feita de pedras
vivas, que é cada um de nós, é casa comum, onde cada um se sentirá bem acolhido
porque se sentirá bem em sua casa, onde ouve, (escuta piedosamente) dialoga,
não está a olhar para o relógio, celebrará com alegria e comungará com Deus e
com os irmãos para se fazer e refazer na e para a Comunidade, domingo a
domingo, gerando certa disponibilidade a dar tudo e a ser sinal do Corpo de
Cristo porque apontado pelos outros como irmãos de Cristo.
É um desafio novo para mim, para ti e para todos os
outros que não me chegarão a ouvir ou a ler.
Esta é mensagem cristã que não se impõe a ninguém, mas
se propõe para que todos possamos ser queridos, respeitados, porque queremos e
respeitamos aqueles que, porventura, nunca contribuem nem com serviço, nem com
a presença para o bem da Comunidade.
Todos poderão ter um
dia um lugar mais sagrado do que o da Terra, que é o Céu. Agosto 2012
Inauguração da Igreja da Sagrada Família na
Abelheira
Foi
com profundo júbilo que, no passado dia 8 de Setembro, a Paróquia de Nª Srª de
Fátima inaugurou um novo Templo na Abelheira e que foi dedicado pelo Bispo D.
Anacleto Oliveira, à Sagrada Família… “The joy of the Lord is your strength”
(Neh 8:9-11).
Esta
cerimónia foi o ponto alto para todos nós que, como Cristãos, comungamos o
espírito de proximidade e de interacção, que, a Igreja deve ter para com os
seus fieis, pois acreditamos ser uma marca profunda da herança cristã presente
na cultura, no património e, acima de tudo, nos valores humanistas que
determinam o nosso modo de ser e de estar. Acredito que, todos os Fieis que ali
se encontravam, faziam parte de uma comunidade livre e plural, cuja identidade
se deve a múltiplos contributos, e que se rege pelos princípios da fé, da
promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz. Na Paróquia de Nª
Srª De Fátima, existe uma comunidade que desde a sua génese apostou fortemente
numa “missão social”, e que apesar de vários constran-gimentos,
dificuldades logísticas e materiais, tem estado sempre pronta a ajudar. Por
pensar ser este o caminho a seguir, em 2000, lançou mão a este projecto que
designou “Pólo de Actividades na Abelheira”, onde a comu-nidade espera
centralizar as várias valências de caris social e religioso (Igreja da
Sagrada Família com 840 lugares sentados, 20 salas de Catequese/Formação,
Escutismo, vários movimentos, etc.).
Nos
últimos anos, este foi o projecto mais emblemático desta Paróquia. Projecto
que só não passou mais cedo do sonho à realidade, devido a contratempos
imponderáveis: uns de natureza técnica que se prenderam com formalismos do
projecto; outros de natureza processual; outros ainda de natureza mais
financeira.
O
sonho teve a sua génese em 1983, mas é em 2000 que a ideia ganha realmente
consistência quando se elabora a escritura de doação deste terreno com vista à
construção deste Pólo de Actividades. Deu-se ao projecto mais tempo que à própria
obra, no entanto, lançado o concurso em 2004, as primeiras fundações começam de
imediato. Do papel, a igreja ganhou vida e foi finalmente inaugurada. Com uma
área de construção com cerca de 2.900 m2, a empreitada ficou a cargo das
empresas Aurélio Martins Sobreiro & Fº SA. (1ª Fase) e da Habitilima, Lda.
(2ª e 3ª Fase). Teve como mentores o Arq. Faro Viana numa 1ª Fase – que
apostou numa dimensão de interioridade e união promovida pelo formato côncavo
do edifício - e o Arq. Sebastião Meireles numa 2ª fase até ao final da obra
– que redefiniu materiais e acabamentos por forma a dotar este espaço da
nobreza e conforto que o espaço exigia e que todos podemos constatar. Os
projectos de especialidade foram da responsabilidade da empresa PORMIM e a
Fiscalização foi assegurada pela empresa J. Torres. A todos estes, aos
trabalhadores, e a muitos outros que directa ou indirectamente participaram
nesta obra, o nosso muito obrigado.
Num
mundo em permanente mutação, essencialmente estimulada pelas inovações tecnológicas,
poucos são os espaços, públicos ou privados, que não procuram adaptar-se aos
novos tempos. Os lugares de culto não escapam a esta tendência e apostam cada
vez mais em novas infra-estruturas, sistemas e soluções, agregando
investi-mentos avultados. A Igreja da Sagrada Família da Paróquia de Nª Sª de
Fátima, na Abelheira, a maior da Diocese de Viana do Castelo, é mais um dos
bons exemplos portugueses desta corrente de inovação. Com 840 lugares sentados,
o projecto combina harmoniosamente arquitectura, espaço, luz, som, tecnologia,
conforto, beleza sem ostentação, arte, e fé. De grande simplicidade
arquitectónica, mas com alguma complexidade na engenharia civil, é uma obra
singular pela sua grandiosidade e, ao mesmo tempo, pela atenção aos pormenores.
O interior da igreja é iluminado, através de janelas/vitrais, que à primeira
vista passam despercebidas mas que permitem dar prioridade à luz natural. É uma
estrutura polivalente que além das cerimónias religiosas, está concebida para
ter uma utilização de caris mais cultural, dadas as suas características
acústicas. Pode-se dizer que “… é uma estrutura ao serviço da comunidade”.
Com um investimento já realizado de 2,5 milhões de euros, este espaço
agora inaugurado ainda não fica totalmente concluído, dado que nos pisos
inferiores faltam acabamentos e equipamentos na ordem de meio milhão de
euros. Pisos considerados essenciais, tendo em vista as valências que se
pretende instalar: catequese, escutismo, movimentos, serviços de apoio, etc.
Com
a inauguração/dedicação desta igreja, dotamos a Paróquia de uma infra-estrutura
que melhorará muitíssimo as condições de participação na liturgia e permitirá o
desenvolvimento de muitas outras actividades, para além de constituir um marco
na arquitectura religiosa do nosso tempo.
Não
foi fácil, os desafios que nos foram colocados foram grandes e diferenciados,
mas a vontade de os vencer também foi enorme. Penso que unidos em torno deste
projecto, fomos “Todos” construtores da história. Neste caso, uma
história linda que ficará como legado para as gerações vindouras. Afinal, “em
Cristo, toda a construção, bem ajustada cresce para formar um templo santo do
Senhor... Ef.”. Como membros desta grande família de Deus, todos fomos
chamados a participar na construção deste templo. Que a graça do Espírito Santo
faça de cada um de nós um “Templo Vivo” para que Deus também possa habitar em
nós.
Mais
uma vez, um muito obrigado a “Todos” que participaram neste projecto com as
suas ideias, trabalho, donativos, etc., e que dessa forma também foram “Construtores
desta História…”. Armando Sobreiro, 2012
Das coisas pequenas
nascem as grandes obras e também de esmolas
e de muito amor nascem templos e pólos de actividades paroquiais mais
eficazes.
Sede do escutismo,15
salas de catequese, escritórios, sacristia, capela de confissões, salas de
reuniões, ecomuseu da Abelheira, Igreja Nova sob a invocação da Sagrada
Família. Oitocentos lugares sentados. Precisamos de acabar e precisamos de
amigos que nos ajudem. Inscreva-se na liga dos amigos que contribuam mês a
mês...
Dê um pouco de si por esta obra que testemunhará a
nossa fé aos vindouros. Passam-se recibos de donativos um a um, ou no fim do
ano.
Aqui estão nomes dos que já participaram
para o Centro Paroquial Novo, onde está a ser construida a igreja, a sede do
escutismo e dezenas de salas de catequese, formação, cultura e ainda espaços de
apoio social. Participe!..Precisamos do apoio de todos...Se houver algum erro
era favor falar no cartório. Alguns já partiram!...Outros também já contribuiram
participando nos sorteios, espectáculos, festivais,leilões, almoços, feirões e
outros eventos, assim como em trabalho. Seja um deles. Precisamos que todos
pudessem ajudar como até aqui.
Glehn e Viana
Celebrando o
Jubileu
O encontro jubilar entere as duas
paróquias geminadas, Nossa Senhora de Fátima e Nª Sª de Glehn, realizou-se com
pompa merecida. Desta vez a comunidade portuguesa de Neuss deixou-se mostrar,
mas ainda muito timidamente. Os jornais locais deixaram transparecer duma forma
elegante e digna deste encontro, inédito nesta região. Duas paroquias que
mantêm estes câmbios humanos e que se deixam livremente entrelaçar e interpelar
pela palavra de deus, espaço comum, e pela vivência da mesma fé, é, segundo a
nossa experiência, invulgar nestas paragens.
Amizade dos povos em foco
traduzida em cores vivas e alegres.
Foi a alegria do reencontro para
muitos dos que no passado testemunharam esta experiência. Foi o mergulhar num
mundo cultural parcialmente conhecido pelas notícias esporádicas dos nossos
meios de comunicação social.
As molas insubstituíveis deste movimento foram
os respectivos párocos com caracteres e interesses tão diversos, mas que
possuem ambos a clareza necessária da importância da complementaridade e da
beleza da diversidade. São eles o Pe. Istel de Glehn e Pe. Artur Coutinho de
Viana do Castelo.
Estratos Sociais diversos pela
única vivência.
Foram operários fabris, advogados,
professores, donas de casa, reformados que se sentiram membros duma única
família e que durante uma semana conviveram, partilharam o mesmo estilo de
vida. Os jovens vieram em grande número emprestando, esperando sem retorno, ao
grupo um colorido agradável. O escutismo mostrou-se nas cerimónias religiosas,
dando um brilho especial às celebrações Eucarísticas e Marianas.
Venerando em conjunto Maria, a
Mãe carinhosa de todos.
Nossa Senhora de Glehn, outrora
venerada por uma vasta região, sentiu-se devidamente honrada. As ruas
envolventes à bela igreja de Glehn foram testemunho da fé à Mãe que os dois
povos publicamente manifestaram. Há muito que não se realizavam as procissões
em homenagem à Nossa Senhora, tendo em consideração os habitantes doutras
denominações cristãs, mas estas foram reavivadas. Os irmãos alemães acorreram
em grande número. Os cânticos assim como o terço foi em português e alemão em
alternância. A festa de assunção cobriu-se de solenidade. Além dos cânticos e
da homilia nas duas línguas, o Sr. Pe. Coutinho não deixou de depor aos pés da
Virgem a amizade que une as duas comunidades, implorando a benção para todos os
presentes.
Neuss, cidade do distrito mereceu
um contacto e visita.
O convento de S. Sebastião, com a
sua secular igreja, mereceu dos romeiros vianenses uma visita. Esta Igreja é
por muitos apelidada como pulmão da cidade, já que situando-se no coração de
Neuss, com todo o ruído que implica, respira-se no seu interior a tranquilidade
e a harmonia, tão ansiada pelo mundo de grandes velocidades. Pelo seu valor foi
escolhida pelo bispado como igreja jubilar para a região. Houve ocasião para um
encontro ameno e pessoal com o senhor. Ao Frei Daniel Sembowlki, assistente
religioso da comunidade desta cidade e região, deu-se-lhe a oportunidade de
tecer uma analise social, humana e religiosa da emigração portuguesa aqui
radicada. Através dum diálogo disponibilizou-se para responder às perguntas
saídas da Assembleia presente.
A Igreja Matriz de S. Quirino, foi
outro março importante desta visita. Puderam apreciar os diversos estilos de
construção ao longo dos anos e um pouco da sua história.
Apoio das autoridades civis foi
insubstituível e meritório.
Além dos promotores locais, sendo de
destacar o casal Draht e o conselho paroquial, que sempre, se mantivera atentos
aos pormenores, a solidariedade do governo civil não faltou. O Sr. Klose, um
nome já muito familiar na esfera política nacional, fez questão em esperar presente
na festa da despedida, encurtando as suas férias. O presidente da Câmara de
Korschenbroich, depois de ter recebido o grupo com as pompas devidas e do Sr.
director da Caixa Económica, após ter oferecido um almoço a toda a comitiva,
partilharam com as suas esposas no jantar de despedida oferecido pela
comunidade de Glehn.
Uma Oliveira...
Por ser o “ano internacional para
uma cultura de Paz” e o ano do “Jubileu da Paz” a nível paroquial, o grupo
levou uma oliveira, símbolo da Paz, que foi entregue no ofertório da missa
celebrada em Steinford para que, amanhada ou tratada pelos nossos amigos, na
Alemanha, possa tornar-se mais facilmente de símbolo em realidade...
Lá ficou mais este elo de união na
ajuda mútua para o enriquecimento cultural dos dois povos, das duas comunidades
tão distantes e tão díspares...
Arranjo floral.
As lembranças não ficaram pela
oliveira, mas pela gravação dum prato em bilingue com os distintivos das duas
cidades: Viana do Castelo e Korchenbroich e, como era de esperar, o grupo
presenteou Nª Sra. de Glehn com um belo arranjo floral após a oração formulada,
em duas línguas, com a ajuda das intérpretes, pelo Pe. Artur Coutinho.
Foi um gesto que muito sensibilizou
até à emoção, portugueses e alemães.
O grupo que
em 2000 foram de visita a esta paróquia na Alemanha
No ano da Expo 2000, Exposição Universal realizada em Hanover e que decorreu de 1 de
Junho a 31 de Outubro de 2000 no recinto de exposições da cidade, (Messegelände
Hannover), sob o lema "Humanidade, natureza e tecnologia - origem
de um novo mundo" onde estive com os meus sobrinhos e, depois, fomos
para nos juntamos ao grupo que foi de visita de intercâmbio com a paróquia de
Glehn, em Bruxelas. Nesse ano o grupo levou uma oliveira para plantar junto da
Capela de Steinford.
Albino Nunes
Ramalho
Rosa
Prazeres Carvalho A. Ramalho
Maria do
Carmo Lopes Santos
Maria de
Lourdes Sá Lopes Caló
José Franco
de Castro
Maria
Margarida Pereira de Brito
Manuel
Alcides André Rocha
José Silva
Galvão
Ana Maria
Meneses Passos
Maria Amália
Guedes Alpuim André Rocha
Manuel José
Rodrigues Ribeiro&
Idalina de
Jesus Sobreiro Machado
Felisberto
Rodrigues da Eira
Maria
Donzília Ferreira da Rocha
Ligia Paula
de Barros Magalhães
Maria
Benilde Barros Magalhães
Ana Maria
Pereira Oliveira Valença
Magda do
Carmo Conceição Mendes Marques
Carmen Maria
Abreu Lima Cerqueira
Margarida
Maria Ribeiro Fernandes
Maria Isabel
Ribeiro Fernandes Borja Serafim
António José
Fontaínha de Borja Serafim&
Maria de
Passos Cambão
João Manuel
Passos Campainha
Guilhermina
Martins Balinha
Angelino Perira
Bastos
Maria
Henriqueta Sá Lopes Santos
Hugo Manuel
Silva Alves Santos
Joaquim
Manuel Ramos Flores
Maria Ângela
Barros Vieira Flores
Óscar São
João
Maria
Lucília Morgado da Cunha
Joaquim
Daniel Correia de Sousa,Dr
Rosália
Martins Afonso Correia de Sousa
Daniel
Filipe Martins Afonso Correia de Sousa
Maria
Manuela Miranda de Melo
Maria
Vitória Pereira Oliveira Valença
Maria da
Conceição Matos Araújo
Soraia de
Jesus Barbosa Alpoim
Ana Isabel
Gonçalves Bazenga
Tiago
Alexandre Salgueiro Barroso
Carla Alexandra
Salgueiro Barroso
Juliana
Maria Ferreira de Sá
Tiago Manuel
Vieira Flores
Marta
Fernandes Castelejo
João Vieira
Flores
Mariana Caló
Patrícia São
João
Ricardo São
João
Sílvia
Liquito
Alexandra L.
Coutinho
José Jorge
Coutinho Barreto
Duarte
Coutinho Barreto
Padre Artur
Coutinho
As três
Avé-Marias
Santa Matilde, religiosa beneditina do século XIII,
consta que pediu a Nossa Senhora lhe valesse na hora da morte. A Virgem
Santíssima ter-lhe-á respondido:
«Sim, farei seguramente o que pedes minha filha,
peço-te, porém, que todos os dias rezes três Ave-Marias em minha honra.
A primeira seja para honrar Deus Pai que, pela
grandeza da sua Omnipotência, exaltou com tanta honra a minha alma, de forma a
tornar-se, depois d'Ele, omnipotente no Céu e na terra.
A segunda seja para honrar o Filho de Deus que, na
grandeza da sua imensa sabedoria, me adornou de tais dons de ciência e
inteligência, que eu gozo de uma visão da Trindade Santíssima maior que a de
todos os santos, e vestiu- me de tanto esplendor que eu ilumino como um sol
radioso, todo o Céu...
A terceira seja para honrar o Espírito Santo que
infundiu em mim a plenitude da suavidade do seu amor e me faz tão boa e benigna
que, depois de Deus, eu sou a alma mais doce e suave.
Na hora da morte, eu assistir-te-ei com o meu conforto
e afastarei de ti qualquer força diabólica».
Não foi, portanto, por vontade e obra humana que esta devoção surgiu, mas por
uma expressa revelação de Maria, com promessas consoladoras.
Por isso Santo Afonso de Ligório recomendou com
insistência a devoção das Três Ave-Marias; S. Leonardo de Porto Maurício
pregou-a com fervor, dizendo: «Oh! Que santa prática de piedade! É este um meio
eficaz para assegurar a vossa salvação».
Como pôr em prática
1.Rezar todos os dias, sobretudo à noite, ao deitar,
três Ave-Marias.
2.Será mais agradável a Nossa Senhora se forem rezadas
com estas súplicas:
- Maria, minha boa Mãe, livrai-me de todo o pecado
mortal (durante este dia ou durante esta noite), pelo Poder que vos concedeu o
Eterno Pai..Avé-Maria:
- Maria, minha boa Mãe, livrai-me de todo o pecado
mortal (durante este dia ou durante esta noite), pela Sabedoria que vos
concedeu o Filho.
Avé-Maria...
- Maria, minha boa Mãe, livrai-me de todo o pecado mortal (durante este dia ou
durante esta noite), pelo Amor que vos concedeu o Espírito Santo.
Avé-Maria...
Batalha de La Lys
Celebrou-se o centenário da Batalha de La Lys e gostava de lembrar que
conheci um militar que sobreviveu e que foi meu paroquiano durante 6 anos na
Serra de Arga. Trata-se de Vitorino Afonso.
Uma das grandes Batalhas de Portugal foi essa ocorrida a 9 de Abril de
1918, na primeira grande guerra travada entre as forças da Alemanha e do
Império Austro-Húngaro, por um lado, e a coligação de países em que se
destacavam a Inglaterra, a França e Portugal, por outro.
Esta batalha decorreu numa planície pantanosa banhada pelo Rio Lys e
seus afluentes na região da Flandres, na Bélgica na fronteira desta com a
França. Foi um dos mais sangrentos confrontos em que os nossos
militares estiveram envolvidos e aqui teve as seguintes baixas: 1341
mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e 7440 prisioneiros.
Nunca os militares portugueses tinham entrado numa batalha tão desastrosa.
No entanto, o militar corajoso Aníbal Augusto Milhais, natural de Valongo, em Murça disparou
contra as tropas contrárias. Pelo facto, ficou com a alcunha “Milhões”. A
batalha maior foi a de Alcácer-Quibir no século XVIII, sem tais proporções.
Entre os prisioneiros havia um homem do lugar de Castanheira da freguesia
de Arga de Baixo, concelho de Caminha chamado Vitorino Afonso. Chegou a constar
que tinha sido morto. O Vitorino foi preso pelos franceses e depois pelos
alemães. Recorda-me de me dizer que ficou muito debilitado e não se queria
recordar do que sofreu com tudo. Estava na cama na última visita que lhe fiz
antes de 1979. Dizia ainda que foi difícil o regresso, mesmo de Caminha para a
Serra.
Povos
antigos desta Terra que geograficamente corresponde a Portugal
Os Estrimínios são conhecidos como os
primeiros povos da geografia de Portugal com centro em Chaves e os Gróvios no
Minho, bem como os Cáporos, os Límicos.
Os
Sefes que entraram pelo Algarve e Alentejo e acabaram com Estrimínios. Eram
mais guerreiros. O cromoleque de Almendra são do seu tempo bem como todos os
topónimos terminados em “ipo”, ou vindos de palavras antigas terminadas em
“ipo”, como Olissipo, referente a Lisboa.
Os
Cempsos, ou cinetos, eram tribos que tiveram talvez muita influência dos Lígures
ou dos célticos. Teriam dado origem os cónicos a Sesimbra.
Terão
deixado o cromoleque de Xerez.
Houve
escravos negros que foram usados para povoar na zona do Sado e os franceses que
vieram povoar algumas partes do Alentejo.
Povos
estes que dormiam no chão, alimentavam-se de carne de bode e faziam pão de
farinha de bolota e praticavam sacrifícios em seres humanos. Eram os senhores
dos Castros.
Os
fenícios povo de navegadores e comerciantes
exploraram a pesca, usando a salga e também a procura de metais, como
prata, cobre e estanho. Criaram o primeiro alfabeto com 22 consoantes. Temos
vestígios em Portugal e arquitectonicamente no subsolo da Sé de Lisboa.
Vieram
a seguir os gregos a concorrer com os fenícios e fundaram várias colónias.
Criaram a noção de moeda e começou-se a cunhar…
Os
Lusitanos entre o Douro e o Tejo, e entre o Tejo e Guadalquivir. Enfrentaram os
romanos com Viriato à frente.
Os
Romanos entraram na península para correr com os gregos, os cartagineses.Não
foi pera doce, não foi fácil quase na passagem do século III para o segundo
séc. a. C. levou de 70 a 100 anos?
Os
Lusitanos não foram fáceis de vencer, e os celtas. Depois da ocupação da
Península não foi fácil aos romanos porque tiveram muita resistência com tribos
nativas que foram quase até ao séc. I a. C., a que alguns lhe chamaram guerra
lusitana. Os romanos conseguiram que os castrejos abandonassem e deixassem os
montes e viessem para os vales cultivar a terra.
Ao
abandonar a Península deixaram a grande cultura latina e artística com estradas
romanas que ligavam a Roma.
No séc. VII entraram
os Árabes, deixaram ainda alguns exemplos monumentais, linguísticos e
artifícios da agricultura.
Castros
Cromeleque dos Almendres
.
OS PORTUGUESES NA INDONÉSIA
Francisco Serrão e António de Abreu,
navegadores portugueses , em 1511 chegaram às ilhas Molucas. O poder militar
dos holandeses que, desistindo de Timor, vieram no século XVII a dominar os
nativos. O pouco tempo que os portugueses tentaram comercializar, foi o
suficiente para deixar na língua Indonésia a sua influência em mais de um cento
de palavras, sobretudo em Aceh e em Lamno, algumas palavras como: Kemeja
(camisa), noda (nódoa), bendera (bandeira), jendela (janela), garpu (garfo),
keju (queijo), meja (mesa), boneka (boneca); bem como vistos pelo Embaixador em Portugal Mulya
... que rezam ainda num crioulo português. lelang (leilão), sepatu (sapato), mentega
(manteiga), Natal (Natal), tinta (tinta), pita (fita ), sabtu (sábado). Quanto
ao sábado pode ter tido outra origem do árebe
sabt. Eles também tiveram lá muita infflência.
Estas são algumas de entre muitas outras. Dá-me muita
satisfação ver que os portugueses por onde passaram deixaram marcas. Aqui na
Indonésia constituíram família e dando origem aos indonésios de olhos azuis em
Lamno e Aceh onde havia uma população de 500 descendentes de portugueses, assim
se mantendo casando sempre dentro do mesmo bairro. Com o Tsumani, ficou
reduzida a uma população de menos de 1/5.
Os portugueses foram os primeiros europeus a
chegarem às ilhas indonésias de Maluku (Ilhas Molucas e Banda). Durante
este período conquistaram um grande espaço entre reinados locais, construíram
fortes e iniciaram missões cristãs. Ainda que essa tentativa de colonização
tenha durado menos de um século (pois em seguida os holandeses chegam para
“dominar a área” e o rentável comércio das especiarias), o legado português é
forte e presente até os dias de hoje, principalmente no que se refere ao idioma.
Tugu é uma aldeia da Indonésia
onde a alma portuguesa não morreu
Na longínqua Indonésia fica
uma aldeia onde a alma portuguesa não morreu e perpetuou-se na língua, na
música e nas tradições.
A aldeia de Tugu fica a poucos
quilómetros da antiga Batávia, actual Jacarta, na Indonésia, mais precisamente
na ilha de Java. Apesar de muito distante, existe algo que une os habitantes de
Tugu a todos os portugueses: o idioma. Mas afinal de contas, como é que esta
pequena comunidade resistiu ao longo dos séculos e conseguiu preservar o
crioulo de origem portuguesa.
Tugu ou Touge é uma aldeia da Indonésia onde a
alma portuguesa não morreu, desde o sec. XVII. Quando os holandeses chegaram a
Malaca, Cochim, Ceilão, e outras terras já ali estavam os portugueses que
apesar de algumas destas zonas não terem sido colonizadas por portugueses estas
populações foram levadas para aquela região pelos holandeses, como escravos
para trabalhar nas suas plantações, ou ainda, mais frequentemente como escravos
para trabalhar no mar, em casa ou nos campos. “foram feitos escravos e
transportados em grande número para outras possessões holandesas, como a
Indonésia e até para a África do sul.”
Os casamentos com mulheres
portuguesas, os holandeses viram-se forçados a ter que aprender o chamado
português corrupto, tanto para a vida doméstica como nas relações com os povos
locais.
Foi na Batávia, como em Tranquebar de posses são dinamarquesa na costa oriental
indiana, a língua portuguesa não
corrupta foi utilizada como língua litúrgica e foi até ensinada nas escolas.
Existiram inúmeras publicações, tais como textos litúrgicos, dicionários…
A grande particularidade desta comunidade era o seu
português. Segundo dados recentes, o último falante de um crioulo
indo-português do tipo próximo dos crioulos de Ceilão e do (sino-malaio) morreu
em 1978, no entanto a comunidade continua a manter vivas muitas
particularidades típicas da indo-portugalidade: gastronomia, religião
(catolicismo), música do dia-a-dia.
Em Tugu muitas músicas são ainda cantadas, apesar de
já não serem entendidas. Como a Bastiana (Sebastina ?) ou a Moresco a “Morena
?”, entre outras. A Contribuição de Tugu para a música indonésia foi muito
grande. “A música nacional da Indonésia, o Krontjong ou keroncong, derivou das
cantigas sonolentas e saudosas da aldeia de Tugu.”
O crioulo português sobreviveu durante mais de três séculos em Tugu, mas
neste milénio "morreu naturalmente", por terem morrido todos aqueles
que o falavam fluentemente, explicou Arif Budiman, da Universidade Indonésia de
Jacarta, na primeira conferência das c Os crioulos malaio-portugueses são as várias línguas
crioulas oriundas nos atuais territórios da Malásia, Indonésia e Timor-Leste que tiveram
uma substancial influência da língua portuguesa na gramática ou léxico. Na grande
maioria elas se originaram nas antigas colônias de Portugal nessa
região.[1][2] Atualmente
só o cristã sobrevive e é falado principalmente em Malaca, na Malásia, e em Singapura.[2][3][4][5]
omunidades luso-asiáticas, que decorreu em Malaca, na Malásia.
Em Malaca e os
portugueses
Na Malásia ainda existe um bairro de descendentes portugueses
onde almocei, com um grande grupo, uma punheta de bacalhau que deve
corresponder à origem dos portugueses quando lá chegaram.
Para além disso, nas poucas igrejas cristãs encontrei
nomes de portugueses e de origem portuguesa conforme verifiquei em epitáfios.
O casamento entre raças poderia ter provocado
mudanças na língua. Os inter-casamentos foram iniciados por Alfonso
D'Albuquerque por ordem do rei de Portugal. Como incentivo, cavalos, uma casa,
gado e terra eram dados aos casais. Para fomentar maiores laços entre Lisboa e
Malaca, as fêmeas (plebeus e nobres) foram trazidas de Portugal para Malaca. Os
filhos destes inter-matrimoniais receberam os mesmos privilégios que os
portugueses em Portugal. O tempo vai mudar, mas o próprio tempo não mudará a
religião, os costumes e a língua. Assim, a influência da nossa língua na língua
da Malásia, eis algumas palavras:
Acar - Achar
Almari
- Almario
Ançsa/Gançsa
- Ganso
Ban tal - Avental
Baronbu - Barranco
Bendera
- Bandeira
Biola -
Viola
Beranda
- Veranda
Bola -
Bola
Bolu - Bolo
Cinela/Cherela
- Canela
Cita -
Cita
Capeo -
Chapeu
Cerutu
- Charutu
Coclat
- Chocolate
Dadu - Dados
Dançsa
- Dancar
Pesta
dangsa - Festa de dancar
Gagu - Gaço
Gardu - Guardo
Gelodjo
- Guloso
Gereja/Içreja
-Igreja
Gitar - Guitarra
Goyoba
- Gorabeira
Kadera
- Cadeira
Kaldu - Caldo
Kantar
- Cantar
Kantin - Cantina
Kapitan - Capitao
Kartu -
Carta
Keju -
Quejo (Queijo)
Kemeja - Camisa
Kepinç - Chapa
Kereta - Caretta
Kintal -
Quintal
Mancado
- Machado
Meja -
Mesa
Mester
- Mestre
Dominço
- Misa
Nanas -
Ananas
Natal - Natal
Nona - Anona
Padri -
Padre
Pai -
Pai
Palsu -
Falso
Panu -
Pano
Papa - Papa
Papaya
- Papaia
Papainyu
- Pepino
Pardidu
- Perdido
Peçarç
- Peçar
Peluru
- Pelouro
Pepa -
Pena
Permisi
- Permissão
Pesboda
- Pescado
Pita -
Fita
Pombo -
Pombo
Portuçis
- Portuçis
Renda -
Renda
Rima -
Rim
Roda -
Roda
Rompah
- Roupa
Ronda -
Ronda
Sabtu -
Sabado
Sabun -
Sabao
Sabu -
Saco
Seba -
Secar
Sebolah
- Escola
Sepatu
- Sapato
Sebola
- Cebola
Soldado
- Solddo
Sombae
- Sombra
Kadera
- Cadeira
Kaldu -
Caldo
Kantar
- Cantar
Kartu -
Carta
Kolor -
Calo
Komi -
Comer
Labu -
Nabo
Lemon -
Limao
Lenso -
Lenco
Mai -
Mai
Menteça
- Menteiça
Pardidu
- Perdido
Renda -
Renda
Palavras
comuns da língua turca
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yo – banho Biftek – o bife Fatura – a fatura Ispanak – o espinafre Kablo – o cabo Karakter – o carácter Kek – o bolo Kim? – quem? Kim? – Quem? - O Joaquim? O QUIM? kodu – o código Limon – o limão Mesaj – a mensagem Politika – a política Portakal – a laranja Ritũel – o ritual Tabu – o tabu telefonu – o celular Telefonu numarasi – o número de telefone Zeytin – a azeitona |
Verniz – Esmalte |
Vulgar - Coisa que é usual X-acto – Estilete |
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Oia deve ter a ver com oiça, opia, opio, pia, ia,
opa, piano, Omã, guardiã, guardai, guarida, orago, orado, trago, ui, iança
(hebraico), árvore frondosa, oiro, ouro, ohio, oito, móis, mo-ia, mia, mói,
sabia, nona, nora, noiva, no-ia, alhado, oleado, olhado, afiado, foliado,
caifira, friá, fiá, boiá, cantora, canto-ar, cantor, cantar, obvio, oiadê,
ieu, erô, segundo oyá uma deusa do rio Níger, o maior rio africano (in que
tem um delta com 9 braços), eró, oiré, boa, boar, e mais esta expressão
indígena brasileira “oia preu sôooo...” |
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Hoje este património material e imaterial
está desacautelado, muitos estão abandonados, cobertos de silvas, destruídos
por vandalismo, o que representa o deixar de ter significado o passado o
vivermos uma cultura vandalizada por um novo tipo de paganismo, de uma vida sem
Deus e de desprezo por todo o passado que fez a história do que hoje somos…
Difrença de léxico entre a mesma língua em dois Países, como
Portugal e Brasil
Andas - Perna de pau
(usado em circo)
Pachorra - Paciência ("Sem pachorra nenhuma para estudar..")
Pirar - Gíria,sentido de ir embora ("Pira-te de casa já que estou a
caminho")
Apetecer - Ter vontade, querer
Se calhar - Se acontecer, se der para (Se calhar, vou à festa e
vejo o filme depois)
Meter - Colocar
À beira de - Ao lado, encostado ou muito próximo (O cão tá à beira da cerca)
Ao pé de - Próximo à (O café fica ao pé da loja)
Treta - Enrolação
(Essa é uma conversa de tretas)
Pequeno almoço -Café
da Manhã
Autocarro - Ônibus
Goma - Jujuba
Rebuçado - Bala
(doce)
Prenda - Presente
Carcaça - Tipo de pão
Cacetinho - Tipo de
pão
Bola - Tipo de pão
Bicha - Fila
Paneleiro – Gay
Significações diferentes
e próximas entre a língua em
Portugual e o Brasil
À beira de-Ao lado, encostado ou muito próximo (O cão tá à beira da cerca)-
À borla-De graça
Afia-Apontador
Agrafador-Grampeador
Água fresca-Água fria
Água natural-Água em temperatura normal
Alcunha-Apelido
Aldrabão-Mentiroso/trapaceiro
Alfacinha-Quem nasce em Lisboa
Alforreca-Água viva/medusa
Alguidar-Bacia
Algures-Em algum lugar
Altifalante-Auto-falante
Andar com (fulano-Ficar (com fulano)
Andas-Perna de pau (usado em circo)
Ao pé de-Próximo à (O café fica ao
pé da loja)
Apelido-Sobrenome
Apetecer-Ter vontade, querer
Apontar-Anotar
Assoalhada-Divisões de uma casa
Atacador-Cadarço (de sapatos)
Auscultador-Fone de ouvido
Autocarro-Ônibus
Autoclismo-Descarga
Balneário-Vestiário
Baloiço-Balança (para crianças)
Banda desenhada-Desenho em quadrinhos
Betinha-Patricinha
Betinho-Mauricinho
Biberão-Mamadeira
Bica-Café
Bicha-Fila
Bifana-Pão com carne de porco
Bola-Tipo de pão
Boléia-Carona
Bolo-rei-Panetonne
Borrego-Bezerro
Bué-Gíria para "muito". ("Bué caro"..)
Cabrão-Homem mau
Cacetinho-Tipo de pão
Cachorro-Cachorro quente
Cachorro-Filhote do cão
Calhau-Pedra solta
Camioneta(e)-Ônibus que vai pra fora da cidade
Camisola-Blusa
Cancro-Câncer
Carcaça-Tipo de pão
Carraça-Carrapato
Carrinha-Carro grande acima do "normal"
Carta de condução-CNH
Casa de banho-Banheiro
Cena-"Coisa" ("Pega essa cena pra mim", "Ela fez
aquela cena do trabalho")
Centro comercial-Shopping
Centro de saúde-Posto de saúde
Chávena-Xícara
Chouriço-Tipo de linguiça
Comando-Controle remoto
Comboio-Trem
Comichão-Coceira
Concerto-Show (de bandas)
Cota-Velha (Mulher cota)
Coxear-Mancar
Cromo--CDF
Cueca-Calcinha
Cusco-Curioso
Desporto-Esporte
Diospiro-Caqui
Discoteca-Boate
Dobragem-Dublagem
Durex.-Marca de preservativo
Ement-Cardápio
Encarnado-Vermelho
Equipa-Equipe
Esquadra-Delegacia (de polícia)
Esquad
Estendal-Varal
Estremadura-Fronteira
Fato de banho-Biquini, Maiô, sunga, etc
Fato de treino-Roupa para fazer exercícios
Fato-Terno (masculino)
Fiambre-Presunto
Fiável-Confiável
Ficha-Tomada
Fino-Copo de cerveja
Fio-Colar
Fita-cola-Durex
Fixe-Legal, bacana
Freguesia-Bairro
Frigorífico-Geladeira
Frutaria-Loja que vende frutas
Fufa-Lésbica
Fumo-Fumaça
Gaiato(a)-Criança pequena
Gajo(a)-Cara (pejorativamente)
Galão-Café com leite
Ganga-Jeans
Ganza-Maconha misturado com tabaco
Gasóleo-Diesel
Gelado-Sorvete
Ginásio-Academia
Giro(a)-Bonito(a)
Goma-Jujuba
Guarda redes-Goleiro
Guarda-fato/Roupeiro-Guarda-roupa
Guito-Dinheiro
Hospedeira-Comissária de bordo
Imperia-Cerveja tirada à pressão (em tulipa)
Infantário-Creche
IRS-Imposto de Renda
IVA-ICMS
Jogo do galo-Jogo da velha
Levantar (dinheiro)-Tirar dinheiro em caixa-rápido
Liceu-Escola secundária
Limão-Lima
Lixívia-Água sanitária
Lume-Fogo
Maçante-Coisa chata
Magoar-Machucar
Mala-Bolsa feminina
Malta-Grupo de amigos
Matulão-Rapaz forte
Melga-(Pessoa) chata, mala
Meter-Colocar
Mimo-Carinho (Fazer carinho, mimar)
Miúdo(a)-Criança
Moca-Drogado
Molas para roupa - Pregador
Montra-Vitrine
Mota-Moto
Música pimba-Tipo de música brega
Nadador Salvador-Salva-vidas
Natas-Creme de leite
Nenhures--Em lugar nenhum
Népia-Nada, coisa nenhuma
Notário-Cartório
ou ("A pessoa é uma seca") = pessoa chata
Ovo estalado - Ovo frito
Pachorra-Paciência ("Sem pachorra nenhuma para estudar..")
Pai Natal-Papai Noel
Palhinha-Canudinho (de refrigerante)
Paneleiro_Gay
Papaia-Mamão
Parvo-Idiota
Passadeira-Faixa de pedestre
Pastilha-Chiclete
Peão-Pedestre
Penso higiênico-Absorvente íntimo
Penso-Band-aid
Pequeno almoço-Café da Manhã
Perceber-Entender ("Tu percebes isso?")
Pestanas-Cílios
Peúgas-Meias finas
Pica-Fiscal dos transportes públicos
Pica-Injeção
Pila/Pilinha-Órgão sexual masculino
Pirar-Gíria, sentido de ir embora ("Pira-te de casa já que estou a
caminho")
Piri-piri-Pimenta vermelha
Porreiro-Gíria: bom, ótimo, lega, excelente, lindo
Prego-Pão com carne
Prenda-Presente
Presunto-Carne da perna do porco defumada
Propina-Pagamento na faculdade
Putedo-Puteiro
Puto-Menino pequeno
Puzzle-Quebra-cabeça
Quinta-Sítio , Fazenda
Rameira-Prostituta, cortesã
Ranho-Catarro
Rapariga--Mulher nova, menina
Rata, cona-Órgão sexual feminino (pejorativo)
Rebuçado-Bala (doce)
Reformado(a)-Aposentado(a)
Relva-Gramado
Renda-Aluguel
Rés de Chão (R/C)-Andar térreo
Ressonar-Roncar
Restauração-Praça de alimentação
Roto-Rasgado, gasto (tecido usado)
Rotunda-Rotatória
Rotunda-Rotatória
Saber a-Ter gosto de ("O arroz sabe a queimado")
Sacar (com relação à internet)-Fazer downloads
Sandes - Sanduíche
Sanita - Vaso sanitário
Sapatilha - Tênis
Se calhar - Se acontecer, se der para (Se calhar, vou à festa e
vejo o filme depois)
Sebenta - Apostila
Seca (Séca) - Tédio de algo ou alguém ("Apanhei uma seca à espera do
fulano) ou ("A pessoa é uma seca") = pessoa chata
Sítio - Lugar
Sumo - Suco
Tabaco - Cigarro
Talho - Açougue
Tareia - Bater (em algo ou alguém), sova
Telemóvel - Celular
Treta - Enrolação (Essa é uma conversa de tretas)
Treta - Mentira
Tripeiro - Quem nasceu no Porto
T-shirt - Camiseta
Verniz - Esmalte
Vulgar - Coisa que é usual
X-acto - Estilete
Saudades de Goa PATRIOTISMO
Quando
ouço falar de Goa surge em mim um sentimento muito forte de saudade...queria lá
voltar, pois outra melhora não pode acontecer a quem lá foi comigo.
Parecia
que estávamos em Portugal. Era notória uma civilização diferente e bem marcada
pela presença portuguesa.
Goa
foi conhecida pela “Roma do Oriente”. De facto, monumentos, igrejas, em todo o
lado fazia lembrar Portugal, até mesmo os nomes das ruas.
Cheguei
lá com um grupo de 70 pessoas depois de termos visitado Bombaim, em 14 de
Agosto de 1995. Ficamos todos instalados no Hotel do Forte da Aguada, (um
antigo Forte transformado em Hotel) um excelente Hotel de Pousada, de praia,
num local muito romântico.
Pela
manhã do dia 15, recordo o içar da Bandeira Nacional à qual assistimos com
respeito.
Este
içar da Bandeira devia-se a um dia especial para os indianos e no final foi-nos
oferecida uma bebida e um doce próprio que não me lembra o nome.
Foi
um gesto muito simpático da parte dos indianos goeses para connosco.
Orientados
pelo guia local, o jovem Bento Rodrigues a falar português com alguma
dificuldade, mas fez bom serviço, lá fomos para visitar a capital do antigo
império português no Oriente, onde agora não passa de uma grande aldeia cheia
de conventos, igrejas e casas de estilo português e muitos testemunhos do
cristianismo. Destaco a Igreja e o Convento de São Francisco de Assis, a
Basílica do Bom Jesus que contém os restos mortais de S. Francisco Xavier, a
Igreja de S. Caetano, de Santa Catarina e a antiga catedral da cidade onde nos
encontramos com o cónego Viegas, já velhote, que falava o português e dos
portugueses com muita saudade. Ele ainda tinha saudades do Salazar porque se
vivia melhor em Goa. “Agora é uma miséria”, dizia ele.
Ao
fim da tarde desse dia, fizemos um cruzeiro no Rio Mandovi com folclore
português e jantar no próprio barco.
No
dia 16, depois de visitar várias praias como Marmagão, Pilar e Colva, saímos
para regresso e por causa do uso de alguns condimentos de alguns, corremos o
risco, na escala que fizemos em Bombaim, alguns colegas, terem de ficar por lá
internados. Não aconteceu, felizmente, e todos chegamos ao Porto muito bem,
mesmo aqueles que tiveram problemas, com a ajuda dos médicos que acompanhavam o
grupo, também já estavam rarefeitos dos seus males... E do susto.
Este
território foi conquistado em 1510 por Afonso Albuquerque e foi português até
1961.
Na
Costa Ocidental da Índia, com uma área de 3702 Kms2 e com cerca
de 1.500.000 mil habitantes, onde se fala o konkani, hindo, o inglês e o
português.
A
religião predominante é o Hinduísmo com cerca de 60%, catolicismo com 35%,
Islão com 3,5% e outros com 0,5%.
É
um dos mais ricos estados da Índia. O rendimento per capita é 2,5 mais que o da
média nacional. Vive, sobretudo, do turismo. Talvez entre 30.000 a 50.000 falam
o português. Em 1980, extinguiu-se o último jornal publicado em português e
muito durou. Desde 1961 que a Índia tomou posse administrativa, reconhecida após
o 25 de Abril e integrado como um novo estado da Índia, em 1987.
Ainda
hoje há cartazes em português na capital Panagi e nomes de ruas...
Quem
vai a Goa sempre pensa lá voltar!...
Todas as que se apontam referem-se a rio,
ribeiro e água. Ou topónimos que designam
hidróminos, topónimos, antropónimos, locais de fontes, ou de onde se avista
água...
Aquilo que tenho vindo a descrever como a primeira letra homossilábica do
Homem, o “Ah!!”, se assim a podemos escrever na palavra mãe, pai, mar e água,
tem sempre a ver com água que nasce e é fonte, que se junta na lagoa, que corre
pelos ribeiros, conduzindo-se para os rios ou para o mar.
Na maioria, as palavras começadas por “a” ou acentuadas na segunda sílaba
por “á” têm todas a ver com a língua mais fundamental da humanidade, são aquilo
a que se dá o nome de hidróminos e, destes, nasceram topónimos e nasceram os
antroponímicos.
Acrescento algumas das palavras que encontrei no livro “Povos Antigos em
Portugal”, de João e Augusto Ferreira do Amaral, da Quetzal Editores-2000),
Palavras e suas etimologias (e seu género).
Este livro, para quem gosta destas coisas, é muito importante adquiri-lo.
Bem hajam os seus autores que nos dão milhares de respostas etimológicas de
topónimos e não só.
Este livro já vai na segunda edição.
Palavras e suas etimologias (e seu género)
(do livro “Povos Antigos em Portugal”, de João e Augusto Ferreira do Amaral, da
Quetzal Editores-2000
Abambres - ribeiro
Abreu (ave(r)) - ribeiro
Abrilongo ou Abrilonga (< abr) - ribeiro
Açafal lt, aç – çaffah - ribeiro
Adrão - rio
Água de Lupe (lup; leip) - ribeiro
Água de Alcáçovas - ribeiro
Saldones - ribeiro
Aguadela (aquatela) - ribeiro
Águeda (Agada; Agata) - rio
Aguilhão ( Aguilhão ( Aiana (ali; Alia Allia; ana) - ribeiro
Alandroeira (landro) - ribeiro
Albardão (Albara) - ribeiro
Albernoa (al = artigo árabe) -ribeiro
Alcabrichel - rioAlcalate (al-qala’at) -
ribeiro
Alcalva lt; al-qarba) - ribeiro
Alcambar lt; cambo = curvo - ribeiro
Alcaraviça - ribeiro
Alcaria lt; al-qaria) - ribeiro
Alcarias lt; al-qaria) - ribeiro
Alcarrache, Alkaraki, al-qarraq - ribeiro
Alcoa,al-qoa, Cuda - rio
Alcobertas, cubetas lt, cubas - ribeiro
Alcofra, al-qufra - rio
Alcube, al + qubba - ribeiro
Aldrogos, aldroga, lt; andorga, pandorga
- ribeiro
Alfamar, al-hamma- ribeiro
Alfambras, al-hamra - ribeiro
Alfebre, al + fobar; upa+bhero, Alfeizerão, Alfaysarã, al - kheizeran -
rio
Alferreira, ferreira - ribeiro
Algalé, al-qalá - ribeiro
Algalé, al-qalá - ribeiro
Alge; ols - ribeiro
Algibre; al-jubb - ribeiro
Algodeia, al-qutaia - ribeiro
Algós ou Algoz, al-gozz - ribeiro
Alimonde, Alimundi - ribeiro
Alizo, ols - ribeiro
Aljezur, al-jazira - ribeiro
Almadafe, al-madfa - ribeiro
Almádena, al-mádene - ribeiro
Almagrebe, al Magreb - praia
Almansor, Al- Mansur - rio
Almendinha, Almezendinha ou Amezendinha, Almesinda - ribeiro
Almo, olm - ribeiro
Almofada, almofada, al-mokhaddâ
- ribeiro
Almoganda,olm - ribeiro
Almojanda ou Almojonda,lm - ribeiro
Almonda, olm - rio
Almoster, al monasterii - ribeiro
Almuro, olm + muir - ribeiro
Almuro,; olm + muir - ribeiro
Alpedrede, Alpredreira ou Alpedreiras,al + pedra - ribeiro
Alpedriz, Alpertizim, Alpetriz - rio
Alpertuche, al-pertusium - praia
Alpilhão, al + Piliandro - ribeiro
Alpreade, Alpreada - ribeiro
Alueira, olv - ribeiro
Alva, olv - rio
Alvacar, al-baqar - ribeiro
Alvega, al + wegs ou wigs - ribeiro
Alverca - fonte
Alvercas - Alviela - Alvisquer - Alvites –Alvites- Alvoco
- Alvor - Ana Loura - Ancão –Âncora,âncora - rio
Anços - Andreu - Antuã - Arade - Arades - Arão
- Aravil - Arcão - Arcês - Archino - Arda –
Ardena - Ardila - Arez - Arga - fonte
Ariana (er) - ribeiro
Arnal ( Arnes (er) - ribeiro
Arnóia (er) - rio
Arões ( Arrão (er) - ribeiro
Arrentela (er) - ribeiro
Arunca (er + unca) - rio
Às Avessas, às avessas; Asseca - Asseca - Asseca - Atouguia
- Ave - Aviasca (ligur) - ribeiro
Aviul - Axá - fonte
Azevel ou Azaval - Azibo - Azoia – Baça - Baceiro - Bainis
- rio
Balancho - Balsa - Balsemão - Balsemão ( Baralha)- ribeiro
Barcarena - Bárrio) - rio
Cacavaio - Cacela - Cadeira
- Cai - Caia - Caima – Cal - Calabor - Calacú
- Calastão -Camalhão -Camba - Cambedo - Cameijo - Canha
- Canharda -- Cantelães - Caravela -Caravelas - Carazona -
ribeiro
Carba - Carcava - Carenque - Carês - Caria - ribeiro
Carnide - Carona - Carrão - Carregado - Casegas
- Cávado - Cavaluno - Caxarias
Dão - rio
Fanzira - ribeiro
Gafa- Gaia - ribeiro
Gaia - ribeiro
Gaia - rio
Gandum - Garção - ribeiro
Ima (imã) - ribeiro
Jaleca - Jamor - Janas
Labruja – Lavre - Lávar;
Mac Abraão - Machede - Magos - Mangas - ribeiro
Manhucelos - Marateca - Marialva - Mau
Nabão
Ocaya -ribeiro
Pai Anes - Pai Joanes - Pai Mouro - Paião - Paiva
Rabagão - rio
Sabor - Sabores - Sabugosa - rio
Sado - rio
Salmanha - Salsa - Salsas - Sardoura - Sátão - Saus
Tabarelas
, Tamanhos, Tamarmá, Tâmega, Tamolha, Tanha, Távora
- rio
Dicionário Lusitano / Brasileiro
A pedidos de
várias pessoas que têm curiosidade em saber qual a diferença de léxico entre
esses países.. Aí estão novos vocábulos. Enjoy it!
PORTUGAL BRASIL
Dicionário Lusitano / Brasileiro |
ESPIGUEIROS
DA SERRA DE ARGA
As características dos espigueiros da Serra de Arga
são peculiares, mas não podemos definir um modelo de "ESPIGUEIRO DA SERRA
DE ARGA".
Se reparamos nesta foto feita de trás, o que observamos?
É um espigueiro assente em 6 esteios de pedra. A base
está no ar e pelo que parece é toda de pedra assente na estrutura fornecida
pelos 6 esteios (Digo que são seis porque se vêem as 3 bases redondas do lado
esquerdo. As colunas que aguentam o tecto estão trabalhadas sobre outro esteio
deitado. As colunas apoiadas na base ficavam prontas para aguentar com o tecto
de pedra que nelas encaixava.
Enquanto encontramos espigueiros com fundo em madeira,
este é de pedra e sem grandes ranhuras ou brechas para entrar ar. Não vemos as
partes laterais.
Mas o que admira é que estes esteios ,alguns com
centenas de anos resistem aos temporais, às intempéries climáticas e nestas
pedras não há um chumbadouro. Pura e
simplesmente enquadradas e pousadas quer na vertical, quer na horizontal,
fugindo às regras da arquitectura moderna.
Vê-se que tem duas empenas e um cume. Tudo em pedra.
Do lado esquerdo observa-se um palheiro ou uma meda de
palha.
Um pormenor das brechas ou ranhuras entre as lajes
laterais que em muitos lados são substituídos por ripado de madeira. É que as
espigas precisam de circulação de ar.
Estas ranhuras e também pelas próprias bases entram
ratos que fazem ninhos e se alimentavam das espigas ou do milho.
Aqui está uma estrutura de um espigueiro solapado numa
base totalmente preenchida.
Este não está suportado por esteios, mas a sua base
nasce sobre a terra endireitada. Com uma base um pouco irregular com porta
redonda do lado e enquanto nos topos é fechado com lajes de pedra, nas laterais
é fechado com tábuas encaixadas e presas com um troncos de madeira no sentido
horizontal entaladas entre os esteios.
Do lado
direito existem uns degraus sinal que em relação ao quintal ou à eira
encontra-se numa parte mais alta.
Dois espigueiros juntos é vulgar e estarem junto aos
caminhos era normal. Parece que não havia medo de roubos. As etrutas destes são
iguais, embora tudo mais alinhado, com arte. Um cancelo entre eles dá acesso ao
terreno.
Este mostra
o ripado em madeira de um grande espigueiro. As patelas sobre os esteios de
suporte tinham a configuração de calote esférica com a base para baixo
precisamente para evitar que os ratos tivessem tanta facilidade de subir, e
entrar.
Tenho mais registos de espigueiros, mas que não
diferem, como aqueles que já se viram, muito uns dos outros. Há um espigueiro
que devo ter o negativo como o do espigueiro deste grupo, mas ainda não
encontrei. Esse era original e talvez mais antigo, mas já não existe, nem
ruínas. Quem sabe se não foi vendido... É que os esteios eram redondos,
cilíndricos o que o tornava muito interessante...
Por acaso
este não é da Serra de Arga e do género, é o único que registei e em Mazarefes,
na casa dos meus bisavós, cordoeiros. O espigueiro era um espaço que servia de
sequeiro de feijão, espigas...Era um local ventilado onde o lavrador secava
muitos dos cereais. Até se dizia que casa de lavrador sem espigueiro, era de
lavrador cabaneiro.
Neste
espigueiro tem entrada preparada para os gatos. Em todos eles os gatos
arranjavam sempre por onde entrar porque , às vezes, se tornava o espigueiro
uma fonte de ratos e até cheirava a ratos quando eram muitos.
Outro
espigueiro junto a um cabanel. Mais ou menos tudo igual à excepção da porta de
entrada em redondo, acompanhada, a padieira da porta que suporta as empenas em
pedra e o cume.
POALHO / A
Puã e Pu em línguas indígenas quer dizer redondo ou
resto Poalho (polha) pó, nevoeiro, chuva miudinha, nos dicionários aparece com
esta significação.
Em brasileiro é também entendido como esturrinho,
amostrinha, caco, tigela.
Alguns idosos de hoje disseram-me que era o que ficava
no fundo da chávena do café, o que fica no prato de pois de compreendido como
esturrinho, amostrinha, caco, tigela.
Alguns idosos de hoje disseram-me que era o que ficava
no fundo da chávena do café, o que fica no prato depois de comer e outros, mas
melhor, o ficava no fundo da na malga do caldo, na tigela, era o restinho. No
entanto, gente mais nova também chama a isto ao que fica no fundo da chávena do
café.
Recordo que no meu tempo de criança e de jovem ouvia
os mais velhos chamar poalho ao que ficava no fundo da “malga do caldo”.Era um
resto cremoso como “moinha” que restava das favas, do feijão, da abóbora, da
batata, do toucinho que adubava o caldo. Era como uma “moinha” (resto do caldo)
aureolada, arredondada, pois era a forma das malgas, tigelas. Esse poalho era
dado pelas mães aos filhos quando começavam a meter-lhes comida na boca.
Os homens, entretanto, com esse poalho lavavam as
malgas deitando vinho tinto rodando a tigela até passar por toda a superfície
da mesma e depois bebiam aquele vinho “adubado” pelo resto do caldo, pelo dito
poalho.
Procurei em dicionários de português do século XIX e não
encontrei este vocábulo “poalho” ou “poalha”. É possível que já existisse.
Será uma palavra com esta significação na zona do
Lima?
Então procurei no dicionário do vianense Artur
Fontinha que apresenta alguns vocábulos limianos e que ninguém mais regista,
mas não regista este, nem com um nem com outro significado. Faltou-me procurar
no “Serão” do Rosa Araújo Polv que deu poeira mais alha, deu polvo, pó!… E o
que é pulverizar? Aparece em vários dicionários…
Uma pessoa amiga encontrou esta indicação: “m. Náut.
Nevoeiro pouco denso, que cerra o horizonte. Chuva miúda e passageira. (Cp.
poalha)” Também a encontrei num dos meus dicionários.
Pu e Pua também aparece entre indígenas com o
significado de casa.
Mens sana in
Corpore sano
“Alma sã em
Corpo são”. É um dito antigo.
É um dever nosso tratar da saúde. No tratar da saúde
do corpo, em consequência, tratar da alma. Queremos saúde para o corpo e para a
alma. Queremos um corpo belo, mas ao mesmo tempo devemos querer a beleza da
nossa alma.
Um corpo belo e sem alma é como um cadáver ambulante
que repele e faz parte dos mortos e não dos vivos. Há quem pense o contrário.
Eles vivos ainda não chegam à vida, aquela que para nós está preparada
pelo nosso Deus, ser absoluto e transcendente que será eternamente feliz.
Para ser assim, é necessário tratar do corpo e do
espírito que anima o corpo e lhe dá mais beleza, como parte de um todo. “Sou
eu”.
Sou nobre se tratar com nobreza as duas coisas como se
fosse uma só. Em todas as religiões é assim. Para mim, Cristo veio dar-nos essa
alegria e, por isso S Paulo aconselha a Timóteo: não bebas vinho que te faz mal
ao estômago; pois Timóteo era sofredor do estômago”.
Aí está uma máxima que valeu na altura e vale agora.
Quando éramos pequenos eram os nossos pais responsáveis
pela saúde e beleza do nosso corpo, como também cedo nos ensinavam falando-nos
de pudor, de Jesus, de Deus. Agora que somos crescidos somos nós que temos de
cuida da nossa vida e da nossa integridade.
Hoje aparecem casais inférteis e somos nós os responsáveis
por essa infertilidade.
Porquê?
Não irei dar lições da razão por que acontece assim, mas não há nada como saber
para se acautelar.
Nestas coisas a culpa não é só dos mais novos, a culpa
é, sobretudo, do sistema, que os mais velhos lhes oferecem.
Mais… também
da imoralidade da sociedade materialista em que vive, do ambiente poluído, não
só do clima, mas também da tecnologia mal aproveitada, de uma vida sem ética e
sem moral, levianísmos, sem princípios, sem regras, indisciplina que cada um de
nós, vive. Tudo é permitido porque estamos em liberdade, quando há um princípio
que devemos ter sempre em mente. A nossa liberdade acaba onde começa a do
outro. O respeito ético e moral pelo outro, seja quem for, são princípios
inabaláveis.
Só nisto está implicitamente dito muita coisa.
Normalmente, os princípios que os pais ditam em casa
aos filhos, são sempre bons. Quando são! Já vi pais a deseducar, a educar a seu
modo; porque há pais que têm princípios, mas outros para quem não há nada…
Portanto há muita gente nova que em casa não recebe
nada e os pais julgam que a escola é que tem o dever de fazer o trabalho dos
pais. Se alguma coisa vai mal no aspeto disciplinar a culpa é do professor, é
dos profissionais ou… da falta deles. Antes de fazer afirmações dessas deviam
perguntar a si mesmos… o que é que eu fiz do meu filho? O que fiz da minha
filha? O que faço de mim mesmo?
Alguma vez lhes falei do corpo e da alma e de tudo que
daí pode advir?
Então, ponto final.
O CABAZ PARA
OS POBRES, seja nesta,
seja noutra Paróquia.
Alguns presentes da solidariedade para com os pobres
colocados no cabaz de Natal com amor e não em sacos pretos como se fosse para
deixar lixo. Os pobres merecem muito respeito, carinho, muita caridade quando
esta é Amor e não por rotina, sem criação, sem gosto, sem alma. Os pobres não
precisam de coisas, mas de dignidade que o nosso Amor lhes dá da forma que os
tratamos como os mais queridos de Deus.
As ovelhas morrem de fome
Em tempos, ouvi um bispo dizer que tinha padres a
mais; depois outro a dizer o mesmo. Antigamente havia muitos padres que por
qualquer galinha, alqueire ou almude havia um padre junto das ovelhas que
“conhecia e as conhecia”, pelo nome e pelo seu odor a cada uma delas.
Hoje este esquema não é possível devido à evolução das
coisas e à diminuição da população. Nas aldeias do interior ficam os idosos.
Não há crianças, nem jovens, mas há os mais velhos: idosos, sós, em Paróquias
de um pároco para 6 paróquias e missa de 15 em 15 dias. Passam dias iguais uns
aos outros, como sempre, como mais frágeis na idade avançada que sempre esperam
a voz dum padre. Vivem sedentos de ouvir palavras que saiam da boca de um
padre, “boca sagrada”. Entre muitas experiências minha vão duas: Numa dessas
freguesias que só tinha missa de 15 em 15 dias, ou de mês, eu era lá conhecido
porque já lá tinha realizado três serviços que muito tinham agradado aquelas
pessoas, filhas de Deus.
Eu passava no centro da aldeia devagarinho e uma das
senhoras reconheceu-me e disse: “olha o senhor padre de Viana”, e chama:-
“Senhor padre, posso falar consigo?” Respondi que sim e não custou parar o
carro porque ia a mostrar o ambiente aos amigos que me acompanhavam.
Aproxima-se do carro e chegou-se à minha janela para
me dizer: - “Senhor Padre, eu precisava de me confessar. O Senhor Padre nem
aqui vem e quando vem é só e sempre com pressa, rezar a missa, vai-se embora,
mas eu precisava de me confessar”. Pode ser, eu saio do carro e ali no caminho
atendi a pessoa e os olhos dela brilharam com alegria e da sua boca ouço a
pergunta: -Quanto custava? Ora essa, não pense nisso. Estas coisas não são para
pagar. Mandei sair o pessoal do carro e ali estivemos na conversa uns 20
minutos. Então apareceram cinco mulheres e um homem mais para entrar na
conversa. Quando íamos a entrar para o carro, pois o tempo fazia-se pouco, vem
o homem atrás e diz-me: - Posso confessar-me também? Claro. Voltei a sair e no
fim diz ele: “Que alívio, isto andava-me cá dentro e a fazer mal à saúde”
Todos nós observamos que se tratava de ovelhas sem
pastor. Estavam sedentas de ouvir a voz do Pastor que não era eu.
Não vai há muito tempo numa vilazinha interior, ia
sozinho por uma rua fora que não recordo o nome, mas, salvo erro, era a rua da
igreja. Estava uma senhora idosa sentada e interpelei-a. -Então sozinha a ver
quem passa? Responde ela: -“Que hei-de eu fazer, nesta rua só vivo eu e a
vizinha ali da frente!...”
Se eu fosse um malfeitor eu já ficava a saber muito.
Para ela ficar mais à-vontade e meter conversa comigo, apresentei-me. Sou padre
e sou de Viana do Castelo. – De Viana? É de muito longe. Perguntei eu quantos
padres há aqui nesta vila? - Há um que vem da Graça e tem muitas paróquias, tem
muito trabalho, não tem tempo para ouvir ninguém. Às vezes só o vemos nos
funerais. Nas festas, dá-nos mais alguma atenção, está por aqui mais tempo e
conversa, de resto é missa e funerais.
Mais uma vez verifiquei que há ovelhas a morrerem à
fome de uma palavra do padre porque, por princípio, deve ser mais credível é
como se fosse palavra “vinda de Deus”.
Há ovelhas a morrer à fome e sedentas de justiça, nos
vales, nas montanhas, nas aldeias, nas vilas e nas cidades.
-Senhor Jesus Cristo, envia os sacerdotes para serem missionários
com o seu Bispo.
Por isso todos os anos celebramos as semanas das
vocações. Se cada comunidade pensasse que o pastor de quem precisam devia
nascer da sua comunidade à ordem do Bispo, cada comunidade tinha a necessidade
de ser correspondida com pastores de proximidade.
E a missão nunca acaba. Devem ser missionários para os
idosos, para as crianças, para os jovens, para os adultos, isto é, para as
famílias e aonde houver uma ovelha, um rebanho tem de chegar a missão de Jesus
Cristo que foi e é sacerdote, profeta e rei.
Como sacerdote tem de celebrar a vida com os outros,
com sabedoria, convicção e alma. Como profeta evangelizando, ensinando, falando
da Palavra de Deus, de Bíblia na mão, levando a libertação aos cativos.
Como rei, só o será se servir, matando a fome,
acompanhando os doentes, os idosos e acolhendo as crianças; abrindo caminho e
portas para que todos possam passar para os prados verdejantes.
Podemos dar uma volta por essas terras onde às vezes
havia um pároco, um ou dois capelães e agora se dermos essa volta dói-nos a
alma ao ver irmãos que queriam alguma coisa que nem sequer era de pão para
comer e matar a fome do corpo, mas de algo que lhes refrescasse o espírito e
lhes vivificasse a alma, ouvir, escutar, saborear uma palavra de misericórdia,
de paz e de esperança.
No entanto nem precisamos de sair de casa, basta ler
os jornais, ver ou ouvir os comentários, os comentários dos comentários, a
discussão pública dos jornalistas do papel, da rádio ou da televisão relatando
tragédias em todas as partes do mundo, e vermos que são pessoas como nós,
filhos e filhas de Deus; que no lugar delas bem poderíamos estar nós. O
sofrimento alheio, nos dias de hoje, parece tornar-se algo banal, tão banal,
que o contrário, parece ser mentira. Para nós cristãos, não deve e nem pode ser
assim. Cristãos: leigos, padres ou bispos não podem alhear-se e todos temos de
nos fazer mais próximos, mais pastores com os olhos em Cristo e o coração na
cruz. Não basta ter compaixão de boca, preocuparmo-nos muito, ou rezar muito,
de modo que todos ouçam, mas com obras e obras de verdade ao jeito da missão de
Jesus que acima referi.
Padre Francisco Bata
O Padre Francisco António Bata foi missionário no
Oriente e chegou a exercer as funções de Vice-Cônsul de Singapura e
ainda administrador de todos os bens das missões portuguesas
no Oriente. Foi um grande animador da dependência de Macau o que lhe custou
muito a vida pela parte política chinesa. O padre Bata nasceu a 16/12/1923 e
faleceu a 22/6/1988. Regressou a Portugal para se tratar da saúde, mas acabou
por definhar pela doença e pelos maus tratos da clandestinidade a que se
sujeitou.
O testemunho que se segue é suficiente para
compreender como era estimado no Oriente.
"Nosso querido Pai Francisco Antonio Bata,
Antes de sair de Cingapura, você me convidou para
visitá-lo em Portugal.
Infelizmente nosso Senhor levou-o até sua
Casa logo depois que você chegou Ponte de Lima. Agora, 20 anos depois, estou
cumprindo o seu convite, embora um pouco tarde.
Em nome dos coroinhas da Igreja de São José (Missão
Português) em Cingapura, onde você era o nosso pároco
1962-1981, eu finalmente venho a seu túmulo para rezar
para você e para orar por você. Que o Senhor
mantê-lo
abençoado sempre no Céu. Por favor, ore por todos nós.
Our dear Father Francisco Antonio Bata,
Before leaving Singapore, you invited me to visit you
in Portugal. Unfortunately our Lord took you up to His House soon after you
arrived Ponte de Lima. Now, 20 years later, I am fulfilling your invitation,
althougli a bit late.
On behalf of the altar servers from Saint Joseph's
Church (Portuguese Mission) in Singapore where you were our parish priest from
1962 to 1981, I finally come to your tomb to pray to you and to pray for you.
May the Lord keep you blessed always in heaven. Please pray for ali of us.
Paul Rodrigues, Cingapura, 02 de Maio de 2015"
UMA CARTA DE UMA NAMORADA DE 1964
"Vila Fria 15/04/1964
Manuel
Que esta te encontre de perfeita saúde na agradável companhia de todos aqueles
que são queridos, são os meus mais sinceros desejos pois eu sinto-me bem de
saúde graças a Deus.
Manuel, começo por dizer que recebi uma carta à dias.
Hoje resolvo responder dizendo o que sinto no meu coração, pois li a carta de
tudo compreendi e fiquei satisfeita à maneira que me escreveu. Pede me desculpa
por não ter respondido sim quando o trabalho é muito calha assim, bem havendo
saudinha tudo correndo bem é quando se pode. Agora já sei a idade que tem, pois
eu tenho menos des. Realmente este na hora de casar nem por muitos novos nem
com muita idade isto o casamento por vezes não é quando se pensa e quando calha
ainda não é certo. Poder vir cá este ano eu para o ano que bem sim bem quando
poder ou pensa em resolver o casamento por uma procuração. Manuel não me fale
nisso eu não concordo eu vou lhe dizer a razão porque julgo que já deve-o saber
escrevi seis anos para um rapaz que foi para a África que é da Velheira que o
deve conhecer filho mais velho do Sr. José Domingos Viana então alfim desse
tempo de nos escrevermos resolveu fazer o casamento por uma procuração cá que
não podia vir aprezentou-me todas as dificuldades e desculpas não era da minha
vontade mas enfim resolveu-se assim ele que era. Joaquim muito satisfeito pos o
casamento em andamento e de momento resolveu desestir por isso não penso mais
resolver casar por uma procuração por isso digolhe que não meresse apenas estar
a escrever como tem muito trabalho dale muito massada e a mim também porque eu
de dia não tenho tempo só de noite assim como hoje escrever a passar parte da
noite por isso digo que não me escreva mais que nos se tivermos ser um para o
outro somos quando cá e bem ter comigo conversarmos e se quizer então
resolvemos casar eu e como lhe disse não tenho paciensia para escrever nem
estou com essa disposição.
Com isto vou terminar enviando-lhe muitas felicidades
um aperto de mão até quando poder vir cá desculpe se em alguma fraze
ofendi."
A.M.C.
Famílias da Abelheira em 1947 distribuidas
em 87 casas, da Estrada da Abelheira, pela Capela do Senhor do Alívio e Senhora
das Necessidades:Os Abrunhosas; os Alves; os Arezes; os Balinhas; os Cabanelas;
os Cambões; os Camilos; os Carvalhidos; os (Galos); Carvalhidos; os (Felgas);
os Cerqueiras; os Correias; os Coruchos; os Delgados; os Durães; os
Espregueiras; os Felgueiras; os Fernandes; os Francos; os Gaivotas; os
Gaivotos; os Gonçalves; os Limas; os Lopes; os Maduros; os Mendes; os Mirandas;
os Moreiras; os Palmas; os Parentes; os Passos; os Pereiras; os Pugas; os
Queirós; os Reguengos; os Rodrigues; os Silvas; os; Tinocos; os Trailas; os
Valinhas; os Vianas. Em 1984 havia no mesmo local 280 fogos, hoje não há
registo a não ser que a Paróquia tem 4.256 caixas de correio e a maior
densidade populacional é nessa zona.Estas famílias de 47 perdem-se e diluem-se
por toda a "amálgama" de prédios e de pessoas que aqui vêm só para
trabalho ou para ficar.
O Polo Juvenil - Em
1994, este grupo de jovens movimentou em receita corresponente a 6.626,37
escudos e de despesa 5.933,94 escudos.
Sagrada Família—1978 - Todos
se recordam dos dois oratórios da Sagrada Família que andavam de casa em asa.
Eis um a das listas. Fátima Costa, Marta Barros; Helena Costa, Otelinda Sá,
Maria Amorim, Conceição Sá, Lígia Cavaleiro, Parcília Simões, Lucília Lima,
Constança Martins, Francelina Vaz; Georgina Machado, Maria Côco, Cândida
Lima,João Lima, Margarida Coutinho, Rita de Castro, Ana Pereira, Zulmira
Ferreira, Alberto Varajão, Armando Gonçalves, Maria Helena Almeida, Adelina
Cunha, Maria José Sordo, Maria Augusta Miranda, Maria salete Alves, Maria
Teresa R. Fernandes, Julieta Passos, Casimira Queirós. Havia outra listagem que
se encontra perdida
Primeiro grupo de liturgia-1979 - Alfredo Soares, Ana Maria
Fernandes, Fernando Barbosa, Dr.,Ildefonso Augusto Pereira, José Crispim Araúlo
da Silva, José Pimenta Simões, Josefina Soares, Júlia Queiroz, Madalena
Carvalhido, Manuel Bastos, Maria Augusto Basto, Maria do Carmo Costa, Maria
Helena Pinto, Victor Manuel Passos do Rosário.
Leitores 1984 –Alvaro Alpuim, José Rodrigues, Maria José
Rodrigues,Henriqueta Sá Lopes, Hugo Santos, Alberto Loureiro, Maria de Lurdes
Vieira, António Maciel, António Vila, Manuel Marques, Luísa Pereira, José
Simões, José Crispim, Natália Castelejo, José A. Branco, Paulo machado, José
Machado, Graça Meira, Lurdes Moreira, Armando Costa, Maria do Carmo Costa, Rosa
Borges, Armando Sobreiro, José Carlos Crispim, Teresa Cambão, Joaquim Gomes,
Piedade Gonçalves, Fernanda Gomes, Rosa Martins, José Martins, Helena Pinto,
Fernando Amado, Saúl Carvalho, Luísa Martins, Paula Cambão, Maria José Meira,
Agostinho Carvalhido, Ilda Alpuim.
Leitores 1985 - Albertina Basto, Álvaro
Alpuim, António Vila, Berta Antunes, Helena Pinto, Paulo Machado, Isabel
Moreira, Lurdes Moreira, José Agostinho Gonçalves, Paula Sofia Cachadinha,
Luisa Martins,Crispim da Silva, Drª Natália Castelejo, Drª Piedade Gonçalves,
Fernando Amado, Fátima Pinto, Fernanda Gomes, Graça Meira, Joaquim Gomes, José
Machado,José Martins, José Rodrigues, José Simões, Lurdes Moreira, Maria José
F. da Silva, Rosa Amado, Rosa Amélia, Rosa Borges, Rosa Martins, Rosa Martins,
Rui Castelejo, Saúl Carvalho...
Leitores em 1992-Álvaro Alpuim, Alzira Rito, Anália
Lucas, Irmã ; António Vila, Conceição , Conceição Fernandes, Conceição Miranda,
Conceição Rodrigues, Crispim da Silva, Donzília Eira, Etelvina Campaínha,
Felisberto Eira, Fernanda Gomes, Fernandes,Major, Fernando Amado, Graça Meira,
Irmã Adela, Irmã Dolores, Joaquim Gomes, José Machado, José Martins, José
Simões, Laura Costa, Lurdes Moreira, Maria dos Anjos Silva, Marques Oliveira,
Natália Castelejo, Joaquim Noronha, Paula Noronha, Piedade Gonçalves, Raquel
Eira, Rosa Amado, Rosa Amélia, Rosa Martins, Rui Castelejo, Saúl Carvalho,
Soares Rodrigues, Teodósio Antunes...
Leitores em 2000 . Alzira Rito, Amilcar Veiga, Cândida
Araújo, Carina Novo, Cesário Lima, Cesário Lima,Cidalina dos Anjos, Conceição
Miranda, Emílio Ramos, Fernanda Gomes, Fernando Amado, Fernando Amado, Goreti
Pereira,Graça Meira, João Freitas, José Gonçalves, Lurdes Moreira, Manuel Rego,
Manuel Sousa , Manuel Sousa, Manuel Vila, Maria de Lurdes, Maria dos Anjos,
Maria José Valença, Maria Madalena Carvalhido, Marques de Oliveira , Miguel
Vila, Natália Castelejo ,Piedade Gonçalves, Piedade Gonçalves, Ricardo Torres,
Rita Guerreiro, Rosa Amado, Rosa Amélia, Rosa Martins, Rosa Prozil, Rui
Castelejo, Saúl Carvalho...
Leitores do
ano 2009 - Albino Ramalho, Ana Gorete Amorim, António Farinha,
Carismáticos, Conceição Carvalho, Conceição Fernandes, Conceição Meira,
Conceição Miranda, Conceição Rodrigues, Conceição Silva, Dolores
Oliveira,Donzília Eira, Emílio Jorge Rodrigues, Emílio Pequeno, Etelvina
Campaínha, Fabíola Eira, Fátima Pinto, Fátima Pinto, Felisberto Eira, Fernanda
Gomes, Filomena Cunha, Glória Oliveira, Helena Pinto, Isolinda Pequeno, Joaquim
Gomes, José Felgueiras, José Martins, José Silva, Laura Costa, Laura Farinha,
Lurdes Cruz, Lurdes Moreira, Manuel Moreira, Maria da Luz Costa, Maria do Céu
Ferdandes, Maria do Livramento, Maria dos Anjos, Nuno Eira, Paula Cambão,
Piedade Gonçalves, Ricardo Igreja, Rosa Amélia,Rosa Borges, Rosa Martins, Rosa
Prozil, Saul Carvalho…
Rir e
Chorar…
Rir é arte de descontrair os músculos e as linhas da
face à volta, de um modo especial, da boca por motivos de alegria ou
nervosismo. Expressão alegremente assumida com uma grande gargalhada, por
exemplo.
É o riso e o efeito de rir. Chorar relaxa os músculos
é um acto de derramar lágrimas, ou com este choro lamentar-se; mas também as
árvores choram quando derramam seiva, ou as maltratam. Pode-se chorar por
arrependimento, e este é dor de alma. O choro é o pranto, ou uma cantilena e
dança que se chama choro e os chorões também são aqueles que participam na
dança.
Rir e chorar são antagónicos, mas tanto se chora de
riso como se ri de tanto choro. Rir faz bem à saúde, é o melhor remédio contra
as depressões. O choro é depressão e o rir é descontração.
Se na festa da Senhora das Candeias rir está o inverno
para vir, ou se, em Fevereiro, vires o trigo luzir põe-te a rir, se o vires
verdejar, põe-te a chorar. São ditados antigos carregados de sabedoria popular.
Há quem não chore apesar de sofrer grande dor. Há
muitos modos de chorar e o choro do coração, onde as lágrimas são internas
quando os olhos tristes lacrimejam apenas para o interior. Não chora só aquele
que deixa deslizar lágrimas pelo rosto, não só chora quem copiosamente
lacrimeja. “Há lágrimas de crocodilo” o que quer dizer que são falsas, são
lágrimas de prazer, de alegria! Rir muito até chorar de tanto rir, juntam-se os
antagonismos. Também as duas “ idiotas fizeram rir e chorar Camilo” e há quem
diga que “ a mulher ri quando pode e chora quando quer”.
Rir e chorar, sobretudo, chorar tudo depende de cada
pessoa. Nem todos somos iguais. Há quem ria com facilidade e daí o ditado:
“muito riso, pouco siso”. Às vezes é tão bom, tão bom que é de comer e chorar
por mais” e há quem diga verdades a rir aos que mentem a sério, segundo António
Aleixo e “viúva com um olho chora e com o outro ri como um sino quando repica”.
Ai! – é um grito de dor e não é verdade que o “choro
da viúva é água de chuva”.
Aquele tem cara de chumbo e um riso metálico. É
diferente do da cara alegre como quem dá sinal de boa disposição, preparado
para rir.
A vida é motivo para rir e rir é alegria. Muitos se
riem para os outros, é melhor porque, o pior é quando alguém se ri dos outros.
Rir é sinal de bom humor, rir-se-ão os ricos quando
lhes dizem que têm de passar pelo fundo de uma agulha, mas um dia chorarão
porque não compreenderam a lição. Riem-se os pobres porque se sentem felizes
com o pouco que têm...
Há muita necessidade de rir, pois faz bem à saúde, ao
coração. Uma gargalhada ao ver uma comédia, ao ouvir uma anedota, faz bem à
saúde e “aumenta a esperança média de vida”… não há nada tão mau como os males
para nós mesmos, de sobrancelhas carregadas, de olhos frios e de rosto de
chumbo, cor metálica, faz a pessoa depressiva ou chorosa para dentro.
Não vivemos sozinhos, Deus deu-nos outros humanos para
convivermos. Cristo ordenou aos apóstolos que ouvissem e perdoassem.
Chorar é lindo! É a outra face do outro que
desconhecíamos e nos leva à compreensão e à esperança que depois da tempestade
vem a bonança, a felicidade. As lágrimas são salgadas porque são frutos da dor.
O meu rosto é lindo quando me rio ou choro. Todos devíamos pensar assim. Faz
parte da vida. Não há alegria sem tristeza.Choram os animais. Choram as plantas
e as flores. Há chorões e tenho muitos no meu quintal. Chorar é verter lágrimas
também, quando se chora pela morte de alguém. Há o chorar de dor e de alegria.
Há o rir até doer a barriga e há gemidos, soluços, acompanhados de lágrimas
para de olhos protegidos, com a lubrificação das gotas que deles saem podermos
continuar a guardar respeito, apreço, histórias divertidas, humor e boa
disposição e fugirmos à depressão.
Não podemos esquecer que o “sorriso” é a medida mais
curta entre duas pessoas. Deixemos chorar porque “quando a alma chora é porque
vão as lágrimas embora”.
Vários autores compuseram músicas diferentes para este
Réquiem, como, Mozart, Verdi, “Lacrimosa dies illa, / Qua ressurget ex faville,
/ Judicandus homo reus, / Huic ergo parce Deus: “Puer” Jesu Dominé, Dora eis
requiem. Amen”.
Eu choro sem lágrimas, não sei se uma vez na vida
chorei com lágrimas. Muitas vezes me emocionei, mas sempre para dentro. Se
acharmos que o choro só são lágrimas que poderemos dizer do homem sem cor, sem
amor, sem sentido que é homem capaz de chorar sem lágrimas? É natural porque há
outros que não só os meus, que só choram, quando se petam as cebolas, então,
todos eles brotam lágrimas, mesmo sem querer.
Não considero que aquele que chora sem lágrimas não
sinta a fragilidade da sua alma, mas para outros pode ser o único conforto. Há
dor profunda que não se vê, que se esconde mesmo quando ela é enorme. Passei
muitos anos que chorava muitas vezes o meu coração. Cheguei a pensar que não
poderia continuar a participar em funerais ou sofrer dores “infernais”. Mas a
minha vida deu um pulo no sentido de qualidade. Foi a fé que me salvou, é Deus
que está comigo e eu com Ele nos irmãos que se cruzam no meu caminho. Nessa
altura sinto que nunca temos razão para chorar com lágrimas copiosas porque
qualquer dor moral ou física é sempre uma dor inferior ao sofrimento do Amor de
Jesus que, por nós, morreu na Cruz.
António Aleixo tem uma quadra muita linda: “! Após um
dia tristonho, de mágoas e agonias, vem outro alegre e risonho, são assim todos
os dias” e outro ditado com a sabedoria popular se relaciona com o choro de uma
candeia:Há um ditado que nos dá uma lição:” se a candeia chora está o Inverno
fora”.
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O Vaticano II veio dar uma certa liberdade no
ritualismo da Igreja. Antigamente a falha de uma palavra na missa, ou um gesto
mais ao lado, era tido quase como um pecado. Agora há grande diversidade
litúrgica, sem fugir ao fundamental das regras. Respeitam-se, por vezes,
culturas de regiões e de nações, mais, visivelmente, na África e na Ásia, ou na
América , uns mais tradicionalistas outros mais inovadores utilizando meios
modernos. Há liturgias para todos os gostos. Liturgias tradicionais, renovadas,
carismáticas, com cânticos, com hinos, com elevação do corpo e da alma.
Fala-se pouco da liturgia da vida, na Igreja, em casa,
na rua, numa sala ou num escritório, algo tão fundamental como a liturgia do
culto. A liturgia da vida está ligada ao trabalho pessoal e colectivo como
testemunho que passa aos outros. A liturgia do culto tem uma organização a
começar no Vaticano, depois em cada país, Comissões episcopais, Secretariados
nacionais, diocesanos e paroquiais.
A palavra liturgia é derivada de uma palavra grega que
significa “serviço público”, serviços divinos e serviços culturais eram um
serviço público, a ordem e as cerimónias do ritual eclesiástico. Os cristãos
passaram a usá-la apenas dentro do contexto religioso para assinalar as
actividades do culto e os ritos religiosos.
Este serviço público (ao Estado) começou a separar-se
do que é serviço de culto e adoração a Deus no templo daquilo que se faz no
restante da vida. Isto significa que aquilo que deve acontecer no nosso culto a
Deus, a saber: a adoração, o louvor, a contrição, a intercessão, a edificação e
a consagração, são coisas que se fazem ao Domingo em local, momento e hora
reservado para isso.
Limitamo-nos àqueles momentos cuja preferência é o
“momento de louvor”, à liturgia dos cânticos e o restante do culto, na vida,
torna-se um peso difícil de arrastar sem contar com cireneus.
Estabelece-se assim uma divisão entre o que se faz no
culto e aquilo que se vive no dia-a-dia. Quando a liturgia se limita apenas
àquilo que acontece dentro do templo, tem a tendência de se limitar apenas
dentro das paredes daquele espaço sagrado e a vida diária passa a não ter nada
a ver com o que se faz no culto. Vale a pena lembrarmos o que Deus diz em
Isaías 29:13 - “...este povo aproxima-se de mim com a sua boca e com os seus
lábios honram-me, mas o seu coração está bem longe de mim...”.
A liturgia do culto deve ser a continuação da liturgia
da vida, e vice-versa, pois o discípulo de Cristo que não vive de forma
contrita e num constante espírito de serviço na presença de Deus em todo o
tempo, não se quebrantará por causa da formalidade do culto. Aquele que não tem
uma vida pessoal de louvor e adoração, no dia-a-dia, também não a terá na
celebração colectiva.
Jesus disse: “ não é aqui em Garizim, nem em
Jerusalém, que se adora a Deus em verdade. A Deus adora-se em qualquer lugar.”A
liturgia é a penas o programa do culto ou é tudo aquilo que se procura fazer na
vida como cosequência da liturgia do culto? Aquilo que se faz no dia-a-dia é
feito como “serviço a Deus”? A Palavra de Deus ensina-nos: “E tudo o que
fizerdes, seja em palavra, seja em obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus,
dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17).
A liturgia da vida celebrada na liturgia do culto é
uma liturgia eficaz que é a primeira e indispensável fonte do espírito cristão
mais ou menos, usando palavras de Pio X.Não é só a palavra, doutrina, nem
sequer isso , ela é mistagogia da fé.
Celebrar a liturgia eucarística é “Fonte donde dimana
toda a sua força para aqueles que participem no sacrifício e comam a ceia do
Senhor, segundo o Vat. II.
É preciso celebrar a liturgia da vida e assim
honraremos ao Senhor da vida, em todos os seus aspectos, sentidos,
circunstâncias ou momentos!
Os bispos
franceses, que eu conheça, foram até aqui os mais ousados no meio desta crise
pela qual o mundo está a passar. Tiveram a coragem de pedir que cada sacerdote
prescindisse do salário de um mês ( 900 € mais ou menos) para os pobres.
O papa tem
feito apelos à solidariedade, à capacidade e aos abusos da exploração dos
preços dos bens alimentares, nos bens essenciais.
Todos os
Bispos apelam à solidariedade e todos temos a consciência de que os cristãos
devem dar um testemunho muito grande na protecção dos mais desfavorecidos na
sociedade que nos envolve ao perto e ao longe.
Esta crise
exige muito de todos: dos governantes cristãos descerem patamares dos seus
salários; dos comprometidos nas pequenas ou médias empresas; dos que recebem
salários públicos elevados; dos padres e dos presidentes de Junta que não estão
reformados e têm muitos proveitos profissionais….
Quanto mais solidário, mais exigente no salário … porque não são as médias e
pequenas empresas que estão em jogo, mas é o povo, é o país…
São
necessárias iniciativas inovadoras e estimulantes para esta sociedade
sofredora! Uns têm tudo à custa de meios injustos e outros não têm nada.
Reuniões do
Clero
Todos os leitores sabem que a Diocese está dividida em
10 Arciprestados, correspondentes aos 10 concelhos do Distrito que corresponde
à nossa Diocese. Cada Arciprestado faz uma reunião mensal do Clero. Todos os
meses isso aconteceu e acontece. Para além disso, só há uns anos, começaram a
reunir os párocos da cidade também todos os meses. Agora vem a propósito a
última reunião do Arciprestado de Viana.
O Pe. Fernandes Moreno, Pároco de S. Romão do Neiva,
Arcipreste do Concelho de Viana do Castelo, tem vindo já, desde o primeiro
mandato, a imprimir uma nova dinâmica às reuniões de Arciprestado, fazendo-as
mais atraentes e mais úteis.
Na última reunião, por lapso de memória, não cheguei
ao princípio, mas quase à parte final e mereceu-me ainda para perceber e fazer
justiça àquilo que ouvi do nosso Vigário Geral sobre o Estatuto Económico do
Clero. Verifiquei que fez um rico trabalho, merecedor de ser aplaudido por
todos, como foi, e suponho que já o apresentou noutras dioceses. É um trabalho
jurídico fundamentado na doutrina conciliar e no novo código do Direito
Canónico e, ainda, bem conciliado com a história jurídica da Igreja, da
Arquidiocese de Braga e das nossas Paróquias, hoje, a fazer parte da Diocese de
Viana.
A terminologia do “ Benefício Eclasiástico”, benefício
anexo nas paróquias aos párocos constituídos por bens materiais como
propriedades de que são os usufrutuários, prestações como “ côngruas” entregues
pelas famílias e os direitos de estola e de pé de altar determinados pelas
taxas diocesanas ou pelos costumes da terra...
Desde o Concílio Vaticano II até agora já se andou
muito e pouco se fez, sobretudo, no que diz respeito à corresponsabilidade
laical.
O Directório Pastoral dos Bispos( 1973- IE), aponta a
necessidade dos clérigos se prepararem no seminário para mais tarde, à imagem
da Igreja primitiva, mostrarem ser sua vocação a pobreza e a caridade mútua;
deu-se mais um passo ao dizer: “ Sem deixar de observar a pobreza evangélica,
na parte conveniente dos rendimentos dos benefícios e de todas as ofertas dos
fiéis, deve ser destinada a côngrua à sustentação dos ministros, bem como a sua
previdência e assistência sanitária, de harmonia com as leis da Igreja e do
Estado: quer exerçam ainda algum ministério, quer não, por motivo de doença,
invalidez ou idade avançada “( IE,137).
Existe já projecto de Estatutos que me parece justo.
No entanto, gostaria apenas de voltar à
corresponsabilidade laical. Isto mexe com as paróquias e os paroquianos. Tudo
está a ser feito à revelia dos fiéis. Já foi discutido no Conselho Presbiteral
de Pastoral e muito bem, mas impressiona-me que este assunto não seja debatido
nas Paróquias através dos Conselhos Paroquiais de Pastoral e se a maioria não o
têm deviam tê-lo, pois D. Armindo Lopes Coelho queria que em cada Paróquia
houvesse um CPP. Antes de chegar ao C. Presbiteral parece-me que há toda uma
mentalidade a mudar e até em muitos responsáveis das Paróquias.
As coisas nunca serão claras se as bases, (porque os
padres sem leigos não têm razão para existir), não entram na discussão para
sugerir e depois o Conselho Diocesano Pastoral de Leigos, nascido dos Conselhos
Paroquiais de Pastoral, ir até ao Conselho Presbiteral para que os Bispos
decidam com clarividência e a contar que não vão fazer uma lei para o cesto dos
papeis, mas uma lei justa e tão justa que padres e leigos a vão cumprir de
coração.
O exemplo já devia vir de cima e não sei se todos os
Conselhos Económicos Diocesanos também usam da mesma clareza para com os fiéis.
É esta corresponsabilidade que falta?!... Há muito caminho para andar e mudar
mentalidades não é de um dia para o outro. O Concílio já passou há muito tempo
e só agora alguns estão a acordar porque os padres mais novos a isso exigem,
pois “estudam por outra cartilha” , mais de acordo com o Papa e com o Concílio.
Ao proclamar o próximo ano, o ano da Eucaristia, o Papa apela a que temos de
voltar às origens do cristianismo. E como eram?...Leiam os Actos dos
Apóstolos...
Isto não tem como finalidade uma crítica negativa, mas
apenas uma reflexão que fiz, como queria lá chegar... quando, no final, apesar
do pouco que ouvi, ter chamado a atenção para os Conselhos Paroquiais de
Pastoral. (2007)
Famílias
Monoparentais-Divorciados... Recasados...
Conforme as nossas Jornadas, “Fé e Coesão Social”,
entendemos que as famílias monoparentais, os recasados e os divorciados merecem
um papel mais activo da Igreja. São estas pessoas as mais frágeis da
comunidade, frágeis porque se não houver problemas materiais há, pelo menos,
problemas morais, problemas de relação familiar, com os filhos, com os
ex-cônjuges ou novos cônjuges. A Igreja, e não quero dizer a Igreja Universal,
mas os padres e até os cristãos comprometidos parecem ter pudor a mais quando
se trata de falar de afectos, de sexo ou sexualidade, de namoro e de castidade
e virgindade. Esta não pode ser mais a Igreja de Cristo que perdoou à mulher
adúltera, que sempre teve uma palavra atenciosa e respeitosa para com as
mulheres, ao contrário de uma linguagem dura em relação aos homens quando lhes
chamou “hipócritas”, “sepúlcros caiados de branco”. O Papa pede para darmos
atenção à Eucaristia e voltar às origens do Cristianismo. Talvez nos
encontremos agarrados a um “modelo tradicional e desgastado” que já não tem
nada a ver com a sociedade de hoje.
Se Cristo viesse hoje, usaria o avião, o TLM, a TV e
todos os meios ao Seu alcance para levar a
mensagem de Amor, de Paz, de Harmonia e de Perdão.
O que falta à sociedade de hoje são os valores do Amor
que conduzem à felicidade que não é encontrada em bens materiais, mas sobretudo
em bens espirituais. Há que dizer ao homem de hoje: de onde vem, onde está e
para onde vai. Caso contrário, tudo será tão efémero que os valores que antes
tínhamos como absolutos, serão relativizados ao ponto de serem postos
completamente de lado, arrastando o homem para a infelicidade, para o
materialismo e consumismo até acabar em nada. Reduzir tudo a prazer, a sexo e a
dinheiro.,poderá por fim, até perder a auto estima e, quando não for capaz de
mais, pôr termo à vida porque ela deixa de ter sentido. Aqui reside a
necessidade do aborto e da eutanásia porque só isto “faz feliz” um homem ou uma
mulher assim.
Henrique Medina
O Mestre Henrique Medina nasceu no Porto em 1901. Aos 10 anos
fez o retrato da sua avó materna. Isso valeu-lhe ser admitido na Escola das
Belas Artes, levado pela avó materna, orgulhosa do retrato que o neto lhe tinha
feito. Aceite pelo Mestre Marques de Oliveira, frequentou o Curso de Desenho,
de Anatomia e Perspectiva para o mês de Desenho e outra para Abril e o Curso de
Pintura de Perspectiva.
Era filho de mãe portuguesa e pai espanhol.
Não casou, ou melhor casou-se com a “arte” e os quadros eram
os seus “filhos”. Quem admira os seus quadros não tem dificuldade em concluir
que se trata dum artista singular, o melhor pintor português. Deu vida à
pintura, desde as cores, os olhos, às mãos, com ternura, com enlevo e
dinamismo, com realismo, numa harmonia expressiva com vida. Qual retrato!...
Não admira que tenha apostado nos nus porque as minuciosidades do nu são sempre
as mais difíceis de expressar, mas como o “artista se aproxima mais do mistério”...de
Deus, também é capaz de exprimir na pintura a beleza próxima do ideal humano
como imagem e semelhança de Deus.
Henrique Medina percorreu Mundo: Argentina, Brasil, Estados
Unidos, Suécia, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, França e Itália. Foi condecorado
várias vezes em Portugal. Recebeu uma condecoração francesa. Teve várias
distinções entre as quais uma em Espanha e outra no Brasil.
Deixou colecções em Museus e Bibliotecas de cidades por onde
passou, nacionais e estrangeiras. Realizou exposições várias, em conjunto e
individualmente.
Viana do Castelo é uma das cidades que o tem presente em
edifício público e como em casa particular, aqui mesmo na Paróquia.
A religião, a política, a vida do campo e todos os quadrantes
da vida social não escaparam aos pincéis que mãos de artista manejaram sempre
com o timbre de um coração cheio de vida e de sentimentos nobres transmitidos à
tela.
Adoptou Esposende como sua terra, construindo a sua casa e o
seu atelier na freguesia de Goios.
O seu sobrinho e afilhado Henrique Medina Martins, casado com
D. Maria do Céu Cardoso Medina Martins, tem duas filhas, ambas muito
habilidosas para o desenho, mas nenhuma seguiu a arte da pintura do tio-avô.
Em Lisboa, foi dado o nome de Henrique Medina a uma rua. Em
Esposende, uma praceta com o seu nome e uma estátua preparada pelo escultor
Leopoldo de Almeida perpetuam este artista bem como a Escola de Medina.
Próximo na amizade de Henrique Medina foi a família Sobral
Torres, de Esposende, avós e pais do Dr. Alexandre Sobral Torres que nesta
Paróquia tem uma casa, onde passa férias e fins-de-semana, herdada de seus
sogros.
Das relações de Henrique Medina também era a Drª. Maria
Olinda Pinto da Silva Martins, poetisa “Linda Martins” que agora viveu também
aqui na Paróquia e foi uma benemérita do Berço.
PADRES DISPENSADOS DO ESTADO
CLERICAL
Já que viemos a lume com temas dos Recasados que corrigimos para “casados em
segundas núpcias”. Agora o nosso ponto de vista vai para outro lado. Vai para
os “Padres que pediram dispensa do estado clerical”. Antigamente eram os
despadrados, os apóstatas, os excomungados “latae sententiae”, os ex-padres que
o novo direito canónico considera um erro. O Padre pode pedir dispensa do
ministério e perde o estatuto clerical, mas, nem por isso, a Igreja o pode
abandonar. O sacramento da ordem não é, segundo o Direito Canónico, reiterável
, nem renunciável. Os seus efeitos perduram inalteravelmente.
Nenhum sacerdote pode deitar fora o Dom que Deus lhe
deu. Pode não o pôr a render, mas está nele. O carisma pode-o não desenvolver,
mas está latente e, por vários motivos, inclusivamente, a opção celibatária na
actual disciplina da Igreja, pode haver Carismas escondidos. Esta opção é
também uma questão apenas disciplinar. Não foi uma imposição de Cristo no tempo
dos Apóstolos, mas só pelo séc. IV. surgiu esta regra que pode continuar, ou,
se o Espírito achar que deve ser livre, poderá ser liberalizado à maneira
Oriental.
O padre que pede dispensa do estado clerical pode
perder direitos e deveres, o estatuto, mas há cânones que ele nunca perde.
Inclusive, os que caem na indigência, a própria Igreja tem obrigação de estar
atenta às suas dificuldades, isto é, com obrigação da comunhão cristã, da
corresponsabilidade que vem da Bíblia, confirmada pelo concílio Vaticano II,
pela tradição da Igreja e pela Encíclica “Deus Caritas Est” de Bento XVI, isto
é, pela teologia ou doutrina Cristã.
Para além disso, a nova Evangelização, exige à Igreja
de hoje uma nova linguagem a que muitos ainda não se habituaram desde o
Concílio, Bispos e Padres.
Essa linguagem ultrapassada é frequente, não só quando
se fala de problemas teológicos, como até se fala em momentos eventuais e de
circunstância.
Nunca podemos afirmar que este ou aquele padre, por
exemplo, abandonou o sacerdócio, esta palavra é mais grave do que dizer que
aquele recasou.
Abandonar é uma palavra traiçoeira, segregadora,
própria de uma linguagem que pretende afastar, pôr de lado, de desprezo. Isto
não deve fazer parte, nem para leigos nem para sacerdotes, do dicionário
cristão.
Afinal o padre até não abandona a Santa Igreja. No
rescrito que vem da Santa Sé, normalmente, concede para casos de emergência
alguns exercícios das ordens sagradas, normalmente, os Cânones 976 e 986, o
ouvir de confissão alguém, mesmo na presença de um sacerdote em serviço, mas se
o doente pedir ao que pediu dispensa, é ele que o ouve e que o absolve. Isto é
um exemplo, entre outros.
Claro que há aqueles que pedem dispensa porque até
perderam a fé, e viram as costas à Igreja. No entanto o que é normal é
continuar a ser praticantes, e bons praticantes, conscientes, responsáveis, e
muito zelosos com a sua vida de Fé e em Família, em Comunidade. Ora dizer que
este “Abandonou” é gravíssimo e, sobretudo, ouvir isto da boca de um Padre com
responsabilidades acrescidas à frente da Comunidade significa exclusão...os
cristãos não podem excluir ninguém só por ser diferente, ou por ter outra cor
política ou religiosa. Como pode excluir um baptizado. O caso é triste!... Não
estamos a fazer nova Evangelização, mas catequese de antanho que não interessa
agora a ninguém e até é anti-cristão, lembra fundamentalismo, lembra qualquer
coisa muito próxima e não muito longe de lançar alguma torre abaixo... Em vez
de fazer catequese ou nova Evangelização, afasta!...Isto não é a Igreja de
Cristo!...
Tenho graças
a Deus, dois olhos no meu rosto e, como é natural, um par de olhos castanhos
que a natureza me deu. Há animais que não têm olhos e todos conhecem. Um deles
é a toupeira. Portanto ninguém me pode chamar toupeira por falta de olhos. Deus
seja louvado.
Na mitologia existem animais só com um olho. Também há
animais que têm olhos que só podem ver no escuro da noite, como o morcego. De
noite não consigo ver como qualquer um da minha espécie, portanto, também não
me podem chamar morcego, nem gato.
Também não sou vesgo, nem tenho o vício de fazer como
a víbora em lamber o fogo. Esta linguagem parece de pedra, mas há insectos que
têm olhos multifacetados.
A palavra olho, em Lusitano ocl, em Ibérico oculu, em
Latim oculus,em Espanhol ojo, em Inglês eyes,em Alemão auge, em Italiano occhio
, ziua em Moldavo, em Árabe é ain, otchi em Ucraniano.
Tenho tido contacto com cegos. Não sei bem o que cada
cego pode sentir em relação à vida, mas os que conheço sempre os conheci muito
felizes e cheios de talento, eloquentes a falar, a escrever e sociabilizam-se
com facilidade. Têm um tacto e um olfacto bem apurado. Cegos são os que não
vêem ou porque nasceram assim, ou porque alguma doença os levou até aí. No
entanto, compreendo que, no coração há um olho que descobre saberes e
perspectivas novas: espirituais e humanas. Acredito piamente nisto. O cego é e
pode ser mais feliz que eu. Para mim é triste, mas Camões deu nome a Portugal e
só com um olho.
Esta nossa língua é muito dinâmica e assim há olho
para tudo: o olho do moinho (que é a perfuração da mó), o “pai Paulino tem
olho”, uma vista d´olhos, (ver rapidamente), ter olho vivo (ser perspicaz), é
de olho fino e pé ligeiro, ter os olhos bem abertos (estar atento ou
prevenido), mirar (olhar), mirolho (se só tem um olho) ou se há estrabismo. O
caçador tem dois olhos, mas só usa um. É como que se tratasse do casamento do
olho com a arma (quando cola um dos olhos à arma para matar e fecha o outro
olho para que possa “mirar” com mais objectividade, pois com os dois olhos
dispersa o ângulo de visão. Só nos encontramos verdadeiramente, quando estamos
frente a frente, olhos nos olhos abertos. Os olhos também falam e manifestam
graça, alegria, raiva, ódio, nervosismo, assim como contrário, amizade e... no
extremo Amor...
Olhar nos olhos (é frente a frente em diálogo franco,
aberto, sem esconder nada). Os olhos dão outro espírito e alma, às palavras que
proferimos. “A Lâmpada do corpo são os olhos. Se os teus olhos estiverem sãos,
todo o teu corpo andará iluminado...”(Cf.a Bíblia) É por isso que não quero ser
olho de couve, nem de alface. Nos olhos lê-se o cansaço, a sedução, até os
olhos do outro se rirem de prazer ou se abrirem de espanto.
Não gosto de olhos vidrados que me lembram os mortos,
nem dos olhos avinagrados (sinal de febre, choro ou álcool). Há quem pisque os
olhos. Até a Coruja.Cuidado com o levar um tapa-olhos...Bem alguém se calava,
mas os olhos piscavam para o lado dizendo um “sim” disfarçado. Deu-lhe uma
piscadela d´olho, parece que lhe quer alguma coisa. É muito vulgar dizer-se que
os olhos são as janelas da alma, isto é, espelho do carácter. Noutras ocasiões
“o jogo de olhos”, e o empregado está com o olho no patrão, mas o patrão também
estará com o olho no empregado. É d’ olho arisco,isto é, difícil de ser
apanhado,esperto. Percorrendo os nossos autores, Camões, Eça de Queirós, João
de Barros, nacionais e estrangeiros, encontramos muitas lições; “seus olhos vi
o mal claro (...) pois cara sem olhos viu”.As “Pupilas do Senhor Reitor”, a
menina-do-olho, a pupila, olho branco... cuidado que pode ir para o olho da rua
ou para o olho do... da toupeira,por exemplo.
Os olhos de água são fontes, nascentes... e levamos em
olho de conta muito do que se faz... Se tem olho de gato vê de noite como os
morcegos. Há olhos esverdeados ou amarelados. Os olhos castanhos são os mais
comuns; os pretos são mais usuais na África, Ásia e nativos-americanos; os cor
de mel, na Rússia, Ucrânia, sul e centro da Polónia; os azuis de origem
norte-europeia e leste-europeia, cor de cinza (estes mudam de cor conforme as cores
que os cercam; olhos verdes de origem celta, germânica e eslava;
azuis-esverdeados; violeta e vermelhos. O olho marinho é terreno de tanta água
que tem ligação com o mar e o olho mau é o do mau olhado.
Também se mede ou pesa a olho, isto é, aproximadamente,
tudo acontece a olhos vistos e ninguém tem a coragem de pôr os olhos nisto,
levou uma molhadela até aos olhos e, pelos lindos olhos, alguém se deixou
seduzir, mas o importante não são os olhos, são os valores e as virtudes
humanas e cristãs.
Também muitos correm os olhos por uma assembleia, mas
não vêem nada. No entanto, cravar os olhos é fixar, assim como o dar nas
vistas, piscar o olho ou deitar areia nos olhos a alguém é coisa que não se
faz. Entra-lhe pelos olhos dentro, mas não vê aquilo que é evidente. Não pregar
olho pela noite dentro (não se dormir,) são “os seus olhos que são generosos”
quando dizem que tenho uns olhos bonitos ou fiz uma boa acção porque só cumpri
o meu dever.
Quem tem gatos, tem um olho no prato e outro no gato.
Olhar de soslaio é mau. Os olhos só não vêem se o coração não sente.
Meus olhos, são muito meus!... O que seria eu sem
eles? É por isso que esfregar ou coçá-los, só com os cotovelos. São frágeis,
não podemos brincar com eles. Deus deu-me a luz do dia para apreciar bem as
coisas e as formas, mas a córnea, a iris, a pupila, o cristalino, a retina, a
esclera e o nervo óptico são peças muito sensíveis que tenho de proteger com as
sobrancelhas do suor que é salgado e que cai da testa, com as pestanas, nas
pálpebras, para mos proteger da poeira.
Os meus olhos, ajudam-me a ver o irmão que apoio de
ajuda e a ver aquele que me quer enganar.
Já sofri de diplopia. Não eram propriamente os meus
olhos que estavam mal, mas os músculos oculares que me faziam mal com uma crise
de fibromialgia. Não sou olho de santo, também não gosto de olho por olho, nem
do olho turco (mitológico) do género do Minotauro ou do Ciclopes.
Poupe os seus olhos, dando-lhes alegria, paisagem para
ver, admirar e desfrutar das águas, dos ares do mar e do descanso nocturno,
porque os olhos se queixam do seu cansaço. E só para terminar não se esqueça
que segundo a Bíblia os olhos podem ser formosos como os das pombas (Cf.
Cântico dos Cânticos) é uma característica peculiar das pombas focalizar só uma
coisa de cada vez e não várias. Que eu possa, Senhor, focalizar com os meus
olhos só o Salvador. E como diz S. Paulo, eu tenho medo que seja enganado como
Eva. Nessa hora, que seja então corrompida a minha mente e, se a partir daí,
tenha simplicidade e pureza devidas a Cristo. Que os meus olhos se mantenham
fixos, em Jesus; fácil de escrever, mas difícil na prática de o fazer...Eu sei,
ó Senhor, que são doces as tuas misericórdias e és fiel na minha fraqueza,
apesar do meu orgulho e da minha vergonha, mas, por isso preciso de ti para me
guardares os meus olhos que tu próprio me deste.“Uma pessoa irada não faz o qu
é justo aos olhos de Deus...” (Seg. a Bíblia)-2006
Tenho escrito sobre os “recasados” e reuni já com
alguns. Esta palavra “recasados” não cai bem aos ouvidos sobretudo dos que se
encontram casados em segunda união, embora esta segunda não seja pela igreja.
Não gostam da palavra que utilizo ou utilizada porque, pensando melhor, ela
traz com “re” uma carga que pode ser mal interpretada, como retornados,
reconvertidos, repatriados, ... enfim uma série de casos que nos pode levar a
uma interpretação que também não é aquela que desejamos.
Pois aqueles que se casam em segundas núpcias, mesmo
sem ser pela igreja porque não recorreram à nulidade do 1º matrimónio, não
podem deixar de ser irmãos nossos e não por caridade, mas por justiça, lhes é
devida uma solicitude pastoral não só dos padres, dos bispos, mas de todos os
leigos em geral. Eles devem ter consciência que a Igreja os Ama porque são
membros da Igreja pelo baptismo e conservam a fé, embora para João Paulo II não
pudessem ser admitidos à comunhão eucarística, mas só isto e mais nada. Não
disse que não podiam ser padrinhos, nem podiam participar na comunhão da
palavra da eucaristia, nem da comunhão espiritual, querem saber(?), às vezes,
mais verdadeira e autêntica que a comunhão sacramental depois de muitas
confissões bem feitas, talvez por muitos dos outros.
“Crer na palavra divina é optar entre duas sabedorias:
ter confiança em Deus e renunciar a fiar-se de parecer próprio”. É expressão e
atitude própria de esperança em Deus, radicada na fé e na humildade, de
maturidade e de confiança .
“Javé, nosso coração não é ambicioso/ nem nossos olhos
altaneiros/ Não andamos atrás de grandezas/ nem de maravilhas que nos
ultrapassam/ Não! Nós fizemos calar e repousar nossos desejos/ como criança
desmamada no colo de sua mãe.” Cf. o salmo.
E o senhor os convida a “abrir-se ao dom de Deus como
crianças”(Mc 10,15), a orar e esperar, pois “quem ora ao Pai celeste fica então
seguro de tudo obter”(Lc 11,9-13). Essa confiança proporciona a segurança e a
alegria da possibilidade do acesso ao trono da graça, pois “nada os separará do
Amor de Deus”(Rom 8,38ss.).
Diante da confiança e alegre segurança dos casais, a
resposta de Deus e da Igreja não se faz tardia: colocam a atitude da obediência
à não recepção do pão eucarístico como um valor, no sentido de se tornarem
instrumentos de defesa, afirmação e valorização desse sacramento, e oferecem
para eles um caminho e um meio concreto de sua participação no sacrifício de
Jesus: a comunhão espiritual. Mais ainda: convidam os casais a fazerem da
piedade eucarística não só “pontos de apoio” com que possam contar e “de
refúgio” onde se possam abrigar, como, também, o apostolado de seu incremento e
renovação na vida de toda a Igreja.
Desse modo, a comunhão Espiritual se constitui em um
meio eficaz de recebimento do Cristo, não em um contacto físico e real como o
pão eucarístico, mas em uma proximidade concreta, gerada pela confiança e
segurança de que a graça completa a sua obra.
A Comunhão Espiritual realiza a recepção de Cristo “em
espírito e em verdade”!
O dia não era daqueles de se lhe tirar o chapéu!...Uma nevoazinha andava no ar
e nada me puxava a sair de casa e fui parar a uma porta, ficando de imediato
com o nariz colado na vidraça. Estava fria! Ali estive a observar “os corvos”
do tempo ( metáfora para os seminaristas vestidos de preto) a passar de três a
três, ou dois a dois, em todo o comprimento do recreio, ( às voltas, como que
tirando água). Alguns já me tinham topado.
Alguns minutos após, uma chuva miudinha começou a
molhar mesmo e os colegas a correr para os corredores do rez do chão, enquanto
eu, no mesmo local, continuava com o nariz colado à vidraça e a magicar em
muitas coisas sobre o tempo, os colegas e sentia alguma tranquilidade entre o
vidro e o nariz.
Já a vidraça escorria água, mais pareciam beijinhos na
ponta do meu nariz. Teimei em não retirar, como se colado estivesse ali,
enquanto ia dando volta às minhas cogitações, desde as mais doces às mais
estúpidas. Ora sorrindo-me sozinho dos outros, ora ferrando os lábios de raiva
pelo Reitor não deixar ir consultar um Neurologista ao Porto com o meu Pai, mas
só com o barbeiro lá da casa que, por acaso, era de Alvarães.
A vidraça já se embaciava no inteior. Havia que
levantar o nariz como que para marcar um compasso e, com as mãos, marcar um ritmo
sujo, como que desviando uma cortina velha. Depois uma alma fresca em paredes
finas e um minucioso sorriso traçado lado a lado como quem tivesse encontrado
um novo dia, uma nova chuva, “novos corvos”, no vai-vém do recreio.
Alguém me chama!...Até que enfim!...Era o Reitor que
sempre resolveu mandar-me a neurologia, conforme a vontade do meu médico, a
vontade dos meus pais, mas a esses foi-lhes vedada a autorização para me
acompanhar. Diz ele: “Quem vai contigo é o Sr. Domingos, o Barbeiro”. Valeram a
pena os pedidos, caso contrário nem com o pai, nem com o barbeiro!
Este nariz parece ter-se descolado da vidraça para
sempre. (2006)
Um dia, era
Quinta-feira Santa, no salão da Paróquia, celebrámos o “Ágape” antes da missa
da Instituição da
Eucaristia.
A ordem foi dada sem ninguém contar:” Todos tirem os
sapatos e descalços vamos rezar vésperas”. Aparece o pão ázimo, o cordeiro
assado no forno, as ervas amargas e o vinho doce.
Não havia talheres. Era tudo à mão.
O que mais me surpreendeu é que jovens e menos jovens
cumpriram ordens à risca e se alguém tinha meias rotas, ninguém teria estado a
olhar para isso. Suponho eu!
O importante foi a celebração em si que caiu
espiritualmente da melhor maneira. Foi surpreendente a ocasião de convívio
sério e convincente de uma amizade como devia ser própria para catequistas e
para todos os cristãos.
As meias rotas às vezes são engulho, são vergonha, são
fada do lar... nunca ninguém pensa que ao vestir umas meias rotas e ao chegar à
rua, ou na roda dos amigos, pode partir um pé, ter um entorse e arranjam-se
desculpas, as mais esfarrapadas possíveis, para justificar tudo.
A meia rota é muitas vezes sinal de descuido, de
falsidade, de falta de verdade. É como quem vai à casa de banho e só vê se tem
papel higiénico no fim.
Isto de pontear as meias também está a passar de moda.
Deita-se fora. Compram-se outras. É mais fácil.
Ainda me recorda a minha avôzinha ter um ovo de madeira muito bem feito, e
grande, para o meter por dentro da meia e dar-lhe o jeitinho para a agulha
andar a pontear, as meias voltavam a durar muito mais tempo.
Acautele-se e aproveite que pontear as meias não é
nenhum erro; agora andar com elas cheias de buracos, isso já não é civilidade.
( 2006)
Nasci em 7 de Janeiro do Ano de1947, às 17:50. Era
Inverno. Daí que o meu jantar fosse feito da melhor forma possível, com o maior
carinho possível, deitado, ou meio sentado no colo da minha mãe, junto dos seus
seios, donde suguei o melhor alimento que uma criança pode ter para começar a
alimentar-se e a crescer. Coisas que não lembram, mas que se deduzem com amor.
Não vi nada. Talvez algumas vozes que não entendi.
Vozes também de carinho, mas que não deram ainda para perceber.
Dei muita felicidade à minha mãe, e não menos ao meu
pai, mas segundo me informaram embora ouvisse palavras muito carinhosas, eu era
um grande chorão.
Desse peito abundante me alimentei, me recostei e
“respeitei” filialmente a sua nudez, embora as mãos fossem lá para dar jeito ao
suga-suga.
Assim foi amamentado aos seios de minha mãe que, como
diz o Cântico dos Cânticos, são como dois cachos de uvas.
Quem me dera que todos tivessem mamado, como eu, dos seios da sua mãe... Sentir-me-ia mais
irmão de todos os outros.Disse Stª Isabel: bem aventurado o ventre que vos
trouxe e os seios que vos amamentaram.
O Cântico dos Cânticos pode ser usado para ilustrar o
Amor entre Jesus e a Igreja...O cabelo, os dentes, os lábios, o pescoço, e os
seios dela são venerados por ele.
Gostava de morar sempre entre os seios de minha mãe.
Aí ficava protegida toda a minha inocência, nunca seria cantada a sensualidade,
nem a erótica qualquer passagem se passaria entre o homem e a mulher. O homem e
a mulher são sempre mirra, tanto um como outro, um bem amado que não deixa de
ser humano que precisa de salvação prestes a vir como dizia Isaías, para que
Deus se manifeste, o Deus Salvador e todos mameis e vos farteis dos peitos das
suas consolações.
Uma mãe pode deixar que a criança caia de vez em
quando e sofra diversas dificuldades, e isso para seu bem, mas não pode
permitir, pelo seu Amor que tem por ela que seja vítima de qualquer perigo.
Hoje, cinquenta e nove anos de vida pública não posso
deixar achincalhar a personalidade que minha mãe e meu pai me ajudaram a
formar, nem abandondonar quem tanto me deu na vida desde a minha
concepção.(2006)
Oriundo da casa dos Brasileiros o Jerónimo Francisco
dos Reis, conhecido pelo da torre, casado em Vila Franca nasceram os seguintes
filhos: O António da Rocha Reis casado com Cristina e com filhos; o José que
esteve dos 7 anos na casa dos Brasileiros com os primos até aos 19 anos, 12
anos, depois do casamento da tia de Barroselas, foi para Barroselas, passou
pelo Seminário Passionista e foi para Lisboa. Em 24/03/1932, casou com Angela
Ferros de Darque, mas não teve geração; o José viveu na casa dos Brasileiros
pela comida e pela roupa e conserva recordações que lhe fazem saudade,
recordações boas e más. Aqui, na altura conheceu a criada Rosa, já velhinha,
era a que ia à feira, a Marcelina de Balugães e a Maria de Piães;. o Manuel
casou com Deolinda Machado de Vila Franca e teve 3 filhos todos casados e com
filhos e viveu em Vila Franca: O Felício, a Deolinda e o Paulo todos casados e
com filhos a viver junto à Cruz de Pau; e o Augusto teve dois filhos o José
Avelino e o Vidal ambos casados em Vila Franca e com filhos; a Maria e a
Deolinda ambas solteiras.
O seu avó Jerónimo teve três filhos : o José casado em
Vila Franca; o Manuel Lima Reis casado e com rapazes e uma rapariga todos
casados e todos falecidos, tendo deixado geração que vive em Mazarefes no lugar
do Monte.
O que vive em V.N. de Anha era filho do irmão do pai
do José Francisco dos Reis, portanto neto do José Francisco Reis.(2006)
Hic est Domus Domini, isto é, Aqui
é a Casa do Senhor
Encontramos muitas vezes em capelas ou igrejas estas palavras latinas que
querem dizer “Aqui é a casa do Senhor”.
Muitos que não sabem latim já sabem traduzir esta
frase, pois não é difícil deduzir que Domum deu domicílio e Dominum deu
domínio...É, por isso, fácil chegar a casa e a senhorio,dono,...senhor...
Isto quer dizer que aqui é a verdadeira e autêntica
mansão, que no latim quer dizer residência, lugar, sítio, morada, embora Cícero
lhe desse também o significado de paragem, demora em algum estar. Suetónio
deu-lhe o significado de estalagem e Plínium empregou-a como viagem demorada.
Também foi atribuída a sua origem aos francos da
palavra maçon (pedreiro) porque este se fixava em algum povoado. Maison é casa
em francês.
Na base está a palavra maçã, donde, mausoléu, mazza,
magi, masse; em Italiano: magione, magi, magione, magistério, magistrale,
magistrato; em Espanhol: mansione, manso, manzo.
O Mausoléu pode ser um monumento, um obelisco, uma
tumba grandiosa, normalmente construída com a figura do líder ou de figura
importante que morrera. Ricos mauloléus vêem-se nos cemitérios de Génova, na
Itália, Recife no Brasil e em Buenos Aires, na Argentina. Há porém, outra
origem desta palavra, provindo do rei Mansoléus, da Pérsia.
Algo, que está isolado como uma mansão, numa casa onde
se habita e se é lá senhor e dono.
A mansão dos mortos é o cemitério. Onde os mortos
dormem o sono dos justos (e um dia ressuscitarão para a vida eterna).
A nossa casa é uma mansão. Se não o é, devia ser,
ainda que um apartamento.
Se sou cristão, a minha casa deve ter algum sinal da
minha fé, ainda que seja apenas um crucifixo num dos quartos, em todos os
quartos, ou apenas numa sala de visitas ou de estar, ou à entrada.
Antigamente havia um oratório e, hoje, nem sequer um
crucifixo, em muitas das casas!
Com um sinal destes uma casa bem podia ter também à
porta da entrada “Hic est domus domini” e os que lá moram ser testemunhas desta
presença permanente do Senhor como quando se vai orar comunitariamente à
Igreja.
A família é a Igreja doméstica. A mansão, isto é, a
casa é um espaço sagrado porque o dono tem o domínio, é o senhor, é a
autoridade, princípio sagrado onde deve estar a origem da sociedade que é, por
isso, uma fonte de poder. O que se diz a propósito da casa, diz-se a propósito
do quintal, da quinta ou duma terra, onde antigamente os anciões é que formavam
o senado, como entre os ciganos existe o patriarca que é o mais velho a quem
toda a gente obedece e é o encarregado de resolver os problemas.
É por isso que Dominus (Senhor, dono) provém de Domus
(casa), é o dono da casa e de tudo quanto ela tem.
Assim o que se diz da casa ,diz-se de uma terra, duma
aldeia, duma vila, ou cidade, ou nação ou conjunto de nações. Por isso todos
gostam mais da sua terra, a terra natal, da sua sede de concelho, da cidade do
seu distrito ,da sua região, da sua Pátria porque em todos estes items se
revêem na cultura, na arte, nas suas tradições e costumes; embora isto não seja
tudo porque “Deus super est”. (2006)
Um Papa Médico e Amigo dos Pobres
Todos os Papas, Bispos e Sacerdotes são sempre “médicos” da alma, do espírito,
mas neste caso, o Papa era mesmo médico. E era português, Pedro Hispano.
O filósofo e médico, nascido em Lisboa, talvez em
1205, fez estudos em Lisboa e depois em Paris. Há pelo meio do seu curriculum
algumas dúvidas, mas o que é certo é que Portugal está orgulhoso do seu Papa em
plena Idade Média, o Pedro Hispano, que tomou o nome papal de João XXI.
Foi um vulto da medicina portuguesa, professor de
medicina em Itália e deixou uma obra “Thesaurus Pauperum” – o “Tesouro dos
Pobres”, a arte de curar pensada para os pobres e consta que uma das suas terapêuticas
curou uma doença ocular a Miguel Ângelo. Foi pioneiro no seu Tratado de
Oftalmologia. Escreveu sobre “De Diaetis Universalibus” e de “De Urínis”.
Também foi famoso o seu Tratado que nos deixou de
Psicologia “De anima” sobre a alma como substância espiritual, definida pela
sua relação com Deus, que cria e conserva, alma na sua relação com o corpo que
por ela é dirigida e conservada, pela relação com a sua própria essência e
ainda a alma definida em comparação com as demais coisas vistas sobre o prisma
de privação.
A sua acção como filósofo e médico foi notória em
Portugal e no mundo da época.
“Thesaurus Pauperum” foi o mais discutido ao longo dos
séculos e motivo de muito estudo e reflexão para especialistas e
investigadores.
A sua subida ao sacerdócio, à dignidade cardinalícia e
ao papado é para nós portugueses motivo de orgulho. Antes de ser Papa já tinha
sido escolhido para médico do Papa Gregório X. Foi mais tarde eleito Papa em
1276, com o nome de João XXI. Por acidente na casa onde morava, um apartamento
anexo ao Palácio de Viterbo, morreu em 20 de Maio de 1277. (2006)
Sou
Lusitano!...
Os
Portugueses na sua maioria são descendentes de Lusitanos. Os Lusitanos eram um
povo da mistura de celtas e iberos que viveu na parte ocidental da Península Ibérica
que correspondia hoje a Portugal e a Espanha.
Sobretudo este povo fixou-se entre o Douro e o Tejo
limitados a norte pelo galaico e alturas de província romana da galicia, ao
norte eram os Béticos e a oeste os Celtiberos.
Viriato foi um dos principais líderes que resistiu às
invasões romanas. Os romanos tiveram muitas dificuldades porque os lusitanos
com o seu chefe Viriato não foram fáceis de ser vencidos, antes pelo contrário
causaram baixas aos romanos e resistiram durante o tempo necessário para os
romanos se sentirem bem humilhados.
Segundo autores mais modernos defendem a tese que os
lusitanos eram um povo pré-celta como o provam documentos escritos, encontrados
no território português escritos em língua lusitana, embora só existam três
inscritos lusitanos mais tardios e todos já em alfabeto latino.
Apesar de ser um povo hábil na luta da guerrilha
usando o punhal, a espada e o dardo, tudo em ferro e a lança em bronze, soube
vencer e humilhar os exércitos poderosos de Roma.
Já era um povo evoluído, usavam os banhos de vapor,
comiam uma vez por dia, praticavam sacrifícios humanos, sacrificando a Ares,
deus da guerra, não só prisioneiros, como cavalos e bodes. Comiam pão de
bolota, bebiam água e leite de cabra. O vinho era só para as festas familiares,
uma espécie de cerveja, usavam a manteiga em vez do azeite e comiam sentados em
bancos encostados às paredes. Usavam cabelos compridos e flutuantes, embora em
combates os prendessem.
Dedicavam-se à ginástica, faziam equitação (daí o
cavalo lusitano) e bailavam em danças de roda, de mãos dadas, ao som de flautas
e cornetas ou trombetas e dormiam no chão sobre feno. Usavam barcos feitos em
couro ou troncos de árvores.
As lutas com os romanos só acabaram depois de, à
traição, terem morto Viriato, mas, mesmo assim, ainda levou algum tempo a
Décimo Júnio Bruto chegar de Roma e só depois é que conseguiram marchar sobre o
norte até ao nosso Rio Lima. Tudo foi difícil e só nos anos 60 a.c. Júlio dá o
golpe de misericórdia ao fim de 150 anos de brava luta.
A última resistência teria sido no monte Medúlio, que
há quem afirme ter sido a serra d´Arga, sobranceiro ao rio Minho, depois os
defensores se suicidarem preferindo a morte à escravidão romana.
Estravão escreveu que os lusitanos eram “a mais
poderosa das nações ibéricas e que, entre todos foi aquele que mais tempo
deteve as armas romanas”.
Camões deu à sua epopeia nacional o nome de “Lusíadas”
em sua honra.
A vestimenta do homem era preta e de lã grosseira ou
pelo de cabra. Usavam a condenação à morte. Esses eram lançados em precipícios.
O primeiro passeio que der, será fazer uma visita à
terra de Lorica que os visigodos deram o nome de Loriga, terra de Viriato, a
sudoeste da Serra da Estrela, actualmente, no concelho de Seia, em honra não só
de Viriato, mas também dos nossos antepassados lusitanos de quem descendemos.
Em 1511, nasceu João Rodrigues Castelo Branco que foi
um médico insígne. O seu “mal era ser judeu” e foi dar o melhor de si como
grande cientista com o pseudónimo Amado Lusitano, em Antuérpia...2006.
O amor é “divino” porque provém de Deus e a Deus nos
une. Mediante este processo unificado, nos transforma em nós que supera as nossas
divisões e nos convertem numa só coisa até que no fim Deus seja “Tudo para
todos” (Cap. 1 cor15,28.
O Papa Bento XVI preocupa-se que o amor vivido na
igreja seja “divino” e inspira o seu pensamento na carta de S. Paulo aos
Corintios.
Esta pode ser uma chamada de atenção a todos os
cristãos a começar pela própria hierarquia. Entre os cristãos não deve haver
divisões, nem exclusões, nem tanto egoísmo. Ao ponto de que cada um olhar só
para si e esqueça os outros. “Os crentes viviam todos unidos e tinham tudo em
comum; vendiam as suas propriedades e bens repartiam entre todos, segundo a
necessidade de cada um (cap. Acto dos Apistolo 2,44-45) contínua a primeira
Encíclica do Papa.
Voltar às origens é a nova evangelização, é o serviço
de caridade, isto é a partilha, é a comunhão eucarística que não é plena
enquanto não houver a outra comunhão material. Este apelo do Papa interpela
qualquer um de nós, deve interpelar os Bispos, os padres e os leigos.
A eficácia da nossa acção não está só na acção
sociocaritativa, mas na celebração da fé e no gosto de escutar e saborear a
Palavra de Deus. Bento XVI, na encíclica “Deus Caritas est” chama a atenção
para que os nossos actos vão para além da filantropia, de puro humanismo. É um
fenómeno importante do nosso tempo, o nascimento de um novo tipo de
voluntariado.
Segundo o modelo da parábola do bom Samaritano, a
caridade cristã é, antes de mais e apenas, uma simples resposta a uma
necessidade imediata, numa determinada situação que exige disponibilidade,
generosidade, competência, dinamismo, humanismo e mais que uma competência
técnica, um acto de amor, de caridade cristã, de coração aberto, isto é, um
coração que vê. Os olhos quando vêem com o coração, vêem as coisas de outra
forma.
Há muitas formas de ver. Estas formas de ver trazem ao
mundo de hoje verdadeiros milagres e só não acreditam os que não têm fé, quem
não é capaz de ver com o coração e ver só com os olhos do corpo. É por isso que
há cegos que vêem, coxos que andam, surdos que ouvem, mudos que falam e doentes
que são curados.
Não pode haver igreja de compadrios, nem de exclusão.
Somos todos chamados leigos, padres e Bispos a descobrir a oportunidade de
fazer bem a todos, a começar pelos irmãos na fé e a chegar aos outros.
Qualquer cristão tem esta obrigação. Não é só para o
padre ou para os bispos.
Assim como a ordem justa da sociedade e do Estado é
uma tarefa política, assim essa mesma tarefa deve ser vivida na família
doméstica, na paróquia, na diocese e na igreja universal.
A nossa vida cristã tem de ser uma vida eficaz para o
sal não perder o sabor, ou os nossos actos serem transparentes ao ponto de
outros nos apontarem como discípulos de Cristo.
É que na Igreja não há justiça sem caridade, nem
caridade sem justiça. Enquanto os políticos podem ficar apenas pela justiça. A
igreja não se pode ficar por aí, tem de dar vida à justiça e essa provém da
caridade que é mais que solidariedade e subsidiariedade. É amor. E “Deus é
amor”.
No meio de tanta miséria e de tanta fome, doença,
morte de inocentes, ódios e vinganças em nós, nesta Páscoa poderá ter nascido
uma nova Primavera da nossa vida.
É Cristo que nos apontou o caminho. Aliás, foi Ele que
o disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
“Quem me seguir não morrerá, vencerá a morte e viverá para sempre”. (2006)
Ser cristão hoje é fazer a experiência do dom de Deus
que se autocomunica a cada um de nós em Jesus e pelo seu Espírito, chamando-nos
à existência e oferecendo-nos um sentido, uma esperança e uma proposta da vida
de acordo com a dignidade de um filho de Deus.
Isto traz-nos a responsabilidade de não ter medo do
que somos e termos uma vivência de fé como resposta a Deus. Talvez tenha sido
um erro o Edito de Milão, naturalmente, feito cheio de boa-fé com a conversão
do Imperador Constantino. A vida dos cristãos tornou-se mais fácil e a Igreja
deve ter começado a corromper o verdadeiro espírito inicial, e assim como
através dos tempos, dos mais variados modos. O espírito das primeiras
comunidades esvaiu-se de sentido. Foi por isso que nasceram, nessa altura, os
eremitas, os anacoretas, o monacato, para não fugirem às regras do amor que
vinham vivendo os primeiros cristãos. Não é fácil ser cristão, e se alguém sente
que isso é muito fácil é porque não é nada. Hoje, para ser cristão tem de se
“hipotecar a vida, a começar pelos bispos, pelos padres e pelos leigos” (de
Gerardo Ramos, S.C.I., in Histórias e Preparativos de las ideias teológicas).
Todos temos esta responsabilidade. Não se trata de fundamentalismo ou exagero.
Ao ler a encíclica do nosso Papa Bento XVI sobre o Amor, verificamos que o
Concílio Vaticano II tinha um objectivo de voltarmos às origens, mas tanto
leigos, como padres, como bispos continuamos a trabalhar numa pastoral
ultrapassada, aquela pastoral em que o padre ou o Bispo faz tudo e os leigos
são chamados à comunhão e à responsabilidade, mas como um dia ouvi dizer “ a
corresponsabilidade e a comunhão dos leigos consiste apenas em ir à missa, a chegar
à igreja e ajoelhar-se, sentar-se, ouvir e meter a mão no bolso para dar uma
esmola no ofertório da missa”.
Um dia, um bispo disse “que o capital e a igreja não
se davam bem”. É verdade que o Amor, “Deus é amor”, como o Papa Bento XVII nos
fala, baseando-se em palavras de S. João, é mais importante na Igreja do que o
material.
Ser pastor na igreja, isto é, ser membro da Igreja,
seja qual for a sua situação, o seu ministério, não é preocupar-se tanto com o
capital. A igreja é a igreja dos pobres, é a igreja da comunhão, a igreja de
partilha, da solidariedade, da corresponsabilidade que o Concílio Vaticano II
tanto vincou.
Não nos admiremos, por isso, que os jovens nos fujam
porque eles são mais generosos e vêem a igreja de Cristo, mas não vêem a igreja
dos homens cheios de fragilidades próprias da sua natureza. E o testemunho vem
de cima, dos pais, dos padres, dos bispos e de todos os que se apresentam como
leigos responsáveis de Cristo.
É por isso que quando um cristão tem o coração cheio
de Amor de Cristo, só quer dizer que tem todas as ferramentas necessárias para
se poder salvar e viver numa Igreja Nova e renovada; uma nova evangelização sem
uma mudança interior em relação à materialidade da vida, pode ser a contradição
do afastamento de muitos e a procura de grupos onde a experiência vivencial do
Espírito os faça mais felizes...
Voltando à encíclica que nos leva a tirar a conclusão
que a justiça não se faz sem amor e o amor não existe sem caridade, como a
caridade sem amor não é nada, faz-nos olhar para dentro de nós e observarmos
que, sem fundamentalismos, temos de ir andando, que já devíamos ter andado mais
depressa com o espírito dos documentos do Vaticano II. Temos que olhar para a
igreja que somos e temos. Há que começar a dar o exemplo a partir de nós, a
partir de dentro. Onde vai a caridade ou o amor para com os recasados, os
divorciados, os padres que deixaram o exercício das suas ordens,etc?...
Qual é o amor que testemunhamos aos de fora, em
relação àqueles que professam religiões diferentes?...”Deus é Amor”, onde está
o Amor escrito com letra maiúscula?...
A primeira encíclica do Papa é uma esperança muito
grande, uma porta aberta, mas a caridade e a justiça dentro da própria Igreja é
algo importante que falta. Precisamos de voltar às origens e alguns nada querem
fazer por isso.
Difícil será ir mais longe, de facto, se não “teremos
de pôr as barbas de molho”. Hipotecar a vida pela fé é o que nos espera...
(2006)
É mais fácil dizer “confessei-me a
Deus”. O que é mais fácil não é o melhor!
Sempre tive a impressão de que os atalhos, às vezes
não são os melhores caminhos para chegar onde queremos. Neste caso, dou como
certo que atalhos destes falham!
Muita gente interroga-se hoje, talvez por influência
do protestantismo, do agnosticismo ou do ateísmo, que o homem não tem que se
confessar a ninguém.
Nosso Senhor bem sabia das necessidades do Homem em
todos os tempos. Por isso ordenou que a confissão fosse um sacramento pelo qual
se recebia o perdão ou não dos pecados.
Hoje há menos pessoas a praticar a confissão ou o
sacramento da Penitência, mas há mais gente a procurar o psicólogo, o
psiquiatra, a bruxa ou o bruxo, a procurar refúgio em alguma religião ou em
algum deus que lhe dê resposta subjectiva aos seus inconscientes problemas que
lhe vêm do mais fundo da alma e que os atrapalha, às vezes, fazendo que tais
problemas arrastem consigo outros relacionados com a saúde.
O homem é corpo e alma, é matéria e espírito. O corpo
precisa da alma, assim como a matéria precisa do espírito para o equilíbrio,
para a harmonia. Se não houver esta harmonia entre o que é o homem no plano
horizontal e no plano vertical, há desequilíbrios que trazem consigo as suas
consequências. Nem o homem pode estar só agarrado à terra, nem andar só pelas
alturas, assim como não pode considerar-se uma ilha no meio da humanidade e da
natureza.
O desabafo, o falar do que lhe vai na alma ou no
espírito com alguém de carne e osso igual a si mesmo, apenas com uma coisa
diferente... o padre foi chamado a exercer um ministério sagrado em nome de
Deus e não em seu próprio nome e este encontro traz paz de espírito, bastante
tranquilidade.
O homem fala com Deus e deve-o fazer, mas precisa de
sinais e esses aparecem como mais sensíveis se eu ouvir a voz de um padre, a
voz de alguém que, em nome de Deus, em que acredito, me dá alento, aconselha,
me abre caminho, aponta uma luz ainda que seja no fundo do túnel e manifesta o
sinal do perdão, fico com mais coragem para continuar a falar com o Deus que me
ama e sempre está disposto a perdoar.
O Padre pode ser um pecador porque é um homem, por
isso, também ele se confessa, assim como os Bispos e os Papas. Ninguém pode ter
dúvidas desta necessidade comum a todos os homens de boa vontade que procuram o
bem, a perfeição...
Confessar-se ao Padre é um bem que só traz saúde e uma
vida espiritualmente bem equilibrada e tranquila em relação a si mesmo, e em
relação aos outros. (2006)
Catequese
sem Eucaristia?
Antigamente a catequese cingia-se ao conteúdo do
catecismo Pio X e à sua memorização.
Esse tempo passou e não queremos recuar, mas há
pessoas que influenciadas por essa catequese infantil já não conseguiram
transmitir aos mais novos uma vida de fé esclarecida, autêntica e comprometida.
Ainda hoje muitas pessoas não compreendem como agora a
catequese da infância e da adolescência está prevista para dez anos. Cada ano
com conteúdos diferentes, catecismos diferentes.
Hoje na Igreja, os Bispos, os responsáveis e
comprometidos, com a fé não se pode pensar de outro modo. Parecem que as
crianças e os adolescentes não estudam mais anos também na escola. Têm de
acompanhar o que estudam nas escolas com o ensino religioso adequado que possa
dar resposta ao estudo das ciências e das ciências modernas. Até já não
basta...apela-se à catequese de adultos para melhor acompanhar os problemas da
actualidade numa perspectiva de fé.
Mas, não é isso, onde queria chegar, pois conhecer a
vida de Cristo, a sua Mensagem é importante, mas mais importante é vivê-la na
vida em cada dia. É por isso que catequese sem missa que é a oração mais
sublime da Igreja, da vivência cristã, não pode dar resultado porque a palavra
é proclamada e conhece-se o Mestre; a palavra é vivida na vida do dia-a-dia.
Esta palavra tem de ser celebrada, em festa de Amor que é a Eucaristia, onde
Cristo se dá em comunhão, se manifesta como alimento para o qual a todos convida
em banquete de núpcias eternas que começam neste mundo. (2006)
João Baptista estava preso nas masmorras de Herodes e,
chegando-lhe o eco da polémica à volta da missão e da pregação de Jesus, mandou
que alguns dos seus discípulos fossem ter com o Divino Mestre e lhe fizessem a
seguinte pergunta: “És tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?” E
Jesus respondeu aos enviados do Baptista: “Ide contar a João o que vedes e
ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos
ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres” (Mateus,
11-2,6).
Com esta resposta, transcrita do Ev. de S. Mateus cap.
11, versículos 2-6, Jesus indicou os sinais que identificam o verdadeiro
enviado do Senhor: dar luz aos que vivem na cegueira da escuridão espiritual e
nas trevas da descrença (os cegos vêem); fazer andar pelos caminhos do Bem
aqueles cuja paralisia interior lhes travava os movimentos nas sendas da
salvação (os coxos andam); limpar os que estavam manchados pelas impurezas do
pecado (os leprosos ficam limpos); fazer ouvir a voz do Senhor e as inspirações
da Graça àqueles que lhes fechavam os ouvidos (os surdos ouvem); fazer
ressurgir para vida da Graça os que para ela estavam mortos (os mortos
ressuscitam); anunciar o Evangelho, pela palavra e pelo exemplo, a toda a
gente, mas, com um carinho especial, nomeadamente aos pobres, marginalizados e
desprotegidos (a Boa Nova é anunciada ao pobres). Estes são sinais que
identificam o verdadeiro enviado do Senhor.
Pois se alguém tivesse dúvidas que o Pe. Coutinho
cumpre abundantemente todos estes sinais carismáticos identificadores do
verdadeiro Enviado do Senhor, o livro “Fragmentos de 25 anos de um Pároco”, da
autoria de Sílvia Barreto, que me encarregaram de apresentar, comprová-lo-ia à
sociedade.
Pois nesta obra se encontra organizadamente documentada
toda a actividade com que o Pe. Coutinho e os seus colaboradores comprovaram
que, nesta paróquia, estava um verdadeiro enviado do Senhor.
De facto: A organização catequética, insistente,
metódica, clara, atraente; as homilias coloquiais, singelas e com palavras
ungidas por uma forte convicção interior; a doutrinação, nos jornais, nos
livros escritos e editados, nas revistas, nos textos para a liturgia; as
conferências, as jornadas (como esta que hoje se encerra), os seminários, os
cursos, os colóquios, as cartas públicas e particulares – tudo isto esparziram
jorros de luz que fizeram ver a muita gente da paróquia e fora dela a riqueza
da mensagem evangélica. Portanto, os cegos vêem.
A revitalização e atractividade dos actos litúrgicos,
a dignificação da prática sacramental, fundamentando-a em doutrinação sugestiva
e enquadrando-a em ritos atraentes; a concretização de projectos que permitiram
a muitos descobrir capacidades para trilhar os caminhos da actividade pastoral,
apostólica e da partilha – estimularam muitos paroquianos a sair do torpor e da
tibieza para conhecerem que podiam trilhar os caminhos da santidade. Portanto
os “coxos” andam!
Com toda esta doutrinação, actividade de culto,
prática sacramental, a Graça de Deus actuou nas almas, lavou-as, purificou-as,
pela palavra e pelo exemplo. Por isso “os leprosos, entre aspas, ficam limpos!”
Desta actividade resultou que muitos que não ouviam,
que não se deixavam tomar pela mensagem profética da Palavra, passaram a ouvir,
a atender, pelo que se foram curando da sua surdez e hoje são muitos mais os
que ouvem. Os surdos ouvem.
Daqui se conclui que foi grande a ressurreição, a
revitalização espiritual desta comunidade que acordou da letargia para uma vida
actuante de fé e de obras. “Os mortos ressuscitam!”
E tamanha catequização, tão insistente doutrinação,
tão activa vivência da Fé, só podia ter o seu aval de verdade, se frutificasse
em obras de amor e entrega aos outros, de modo a que se pudesse dizer que os
pobres, os marginalizados, os aflitos, os desprezados pela sociedade, também
eles, e sobretudo eles, são evangelizados.
Este livro de Sílvia Barreto documenta
superlativamente que a vivência católica desta paróquia deu abundantes frutos
demonstradores da profundidade e autenticidade da vivência evangélica.
Como lemos nesta obra, desde os bébés mais tenros
abandonados à sorte; das crianças mais carecidas e desamparadas; dos jovens
necessitados de amparo e acompanhamento; dos adultos caídos na pobreza, na
miséria e na solidão; dos idosos precisados de companhia, de ocupação, de
tarefas dignificantes, de vestuário, de alimento, de medicação, de apoio
domiciliário; desde todos estes até às famílias vivendo em condições de miséria
– para todos esta paróquia, unida à volta do seu pároco, criou obras de acolhimento,
de amparo, protecção e socorro, obras que são tantas e tão diversificadas, que
seria longo e prolixo enumerá-las todas, pelo que me dispenso de o fazer. Mas
também não o faço, para não deixarem de ler o livro, onde vem tudo tintim, por
tintim. Porque a Fé sem obras é morta, porque a vivência do catolicismo sem
frutificar em serviço do próximo e em partilha com os irmãos, não tem a marca
da autencidade, é por isso que o anúncio da Boa Nova aos pobres com palavras e
obras é a credencial máxima dos enviados do senhor. Portanto, nesta paróquia
coordenada pelo Pe. Coutinho, essa credencial exibe-se em abundância: “A Boa
Nova é anunciada aos pobres”.
Para que assim fosse – diz este livro – o Pe.
Coutinho, recorreu à sua imaginação, à sua criatividade, ao seu espírito de
iniciativa, à sua convicção evangélica de que a Fé pode mover montanhas,
montanhas que são a resistência dos tíbios, o fel dos críticos, as reticências
desencorajadoras dos colegas e até dos superiores e a falta dos recursos
materiais para satisfazer o mar de necessidades a que é preciso atender.
Festas, sorteios, aproveitamento avaro e insistente
das oportunidades oferecidas pelas entidades oficiais nacionais e
internacionais, o relacionamento com paróquias estrangeiras, organização de peregrinações
e viagens internacionais por todo o mundo, a cativação de corações generosos
para as necessidades da paróquia – a tudo isto recorreu o Pe. Coutinho com tal
habilidade, insistência e esforço que resultou numa obra de apostolado,
solidariedade social, de caridade e bem-fazer, difícil de igualar. A esta obra
o Pe. Coutinho deu tudo, até a sua saúde, uma cruz com que o Senhor quis pôr o
sinal mais na sua generosa actividade.
De tudo isto este livro é um testemunho abundante e
convincente.
De facto, a obra de Sílvia Barreto, em linguagem,
correntia, directa e clara, demostra que, nos 25 anos de paroquialidade de que
se ocupa, o Pe. Artur Coutinho foi o verdadeiro Enviado do Senhor. E
demonstra-o, não com raciocínios habilidosos, nem com floreados literários
redundantes e barrocos nem com hipérboles laudatórias. Mas demonstra-o com
documentação abundante, devidamente sectorizada, apropriadamente ilustrada, com
sequência lógica. E tudo isto sem deduzir louvores, nem induzir encómios, mas
antes deixando aos leitores, perante a soberba carga de testemunhos,
documentos, factos e realizações, a oportunidade de tirar conclusões e de se
espantar com a variedade, qualidade e profundidade da obra levada a cabo
durante um quarto de século nesta paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
Por dizer tão bem, está de parabéns a autora Silvia
Barreto.
Por fazer tanto e tão bem, está de parabéns o
protagonista, Pe. Coutinho!
Apresentador
Idade de
Batismo
Boa noite.
Gostaria que me informassem sobre a melhor idade para
batizar uma criança. Normalmente ainda pequenas, mas gostaria de saber se há
alguma idade padrão de acordo com as leis cristãs.
Isto nunca foi uma grande dúvida para mim, mas tenho
uma sobrinha com 2 meses e a minha mão teima em afirmar que deve ser batizada o
quanto antes porque é assim que a Igreja recomenda, contudo durante a minha
educação cristã não me lembro de ter discutido uma idade específica para o
batismo.
Agradecia que me esclarecessem este assunto, pois está
a causar discordia na minha família.
Obrigado
Com os melhores cumprimentos
Luís
Bom dia, senhor Luís
Antigamente as crianças tinham de ser baptizadas até
aos 15 dias. Caso contrário havia uma taxa a pagar. Acreditava-se nessa altura
de outro modo que gostava pessoalmente de falar consigo, pois para escrever
levaria muito tempo e talvez não chegasse a compreender.
Agora quando os pais têm fé e praticam têm o direito e
o dever de baptizar as crianças. Quando há dúvidas podem deixar crescer até à
data DA CATEQUESE sem problemas.
Mas isto requeria um diálogo entre nós. É mais
complicado escrever, sempre pode haver algo que se tenha de explicar melhor.
Não sei se tirará alguma conclusão sobre algo que eu
escrevi parta o jornal deste mês e que não estava a pensar nesta pergunta.
Apesar de não ter saído ainda , mando-lhe já o texto,
mas, mesmo ele, pode ser discutível, isto é, falado ou dialogado entre os dois.
Padre Artur Coutinho
P.S.
Lugares de Serviço na Comunidade
Na continuação do editorial de Outubro a Igreja é
sempre comunidade, pois quando um cristão se isola, não é cristão ainda que
seja baptizado; não pode dizer que é da Igreja.
Como assembleia de convocados a Igreja só se
compreende em colectividade, em comunidade, interligada com outras comunidades
até ao reconchecimento da comunidade Diocesana, Nacional e Universal.
Devido ao baptismo, em idade de infância, no qual os
pais têm o direito de o pedir, mas não têm o direito de ignorar os compromissos
que vão assumir. Não estando dispostos a cumpri-los, os pais estão, moralmente
impedidos de fazer encenações baptismais para fazer uma festa de família. Ao
padre ou à Igreja, enquanto humana, podem enganar, mas a Deus não. A
ignorância, às vezes, é tanta que pensam que baptizar é ir comprar um sabonete
ao hipermercado.
Antes da marcação do dia do baptismo na Igreja e da hora marcam primeiro no
restaurante e fazem os convites, sem terem pesado a sério a razão de só depois
irem pedir à Igreja o primeiro dos sacramentos, sem perceberem porque não se
podem baptizar em qualquer lugar e porque há-de ter de haver licenças,
atestados de idoneidade para os padrinhos, enfim, as regras usadas em
Comunidade, na Igreja, da qual, só fazem parte pelo baptismo, mas que nunca
dele fizeram uma opção adulta e madura.
Onde estão aqui os lugares na comunidade?
1º A Igreja é lugar para o perdão consciente,
responsável e livre.
2º É preciso cada vez mais que haja formação,
actualização cristã dos adultos, a Catequese dos Adultos que existe em muitas
paróquias.
3º É preciso lembrar que a Diocese de Viana tem na
cidade um Instituto Católico com horas de formação pós-laboral e os moradores
nos domínios da antiga cidade, freguesia de Santa Maria Maior ou Monserrate que
até a pé se podem deslocar ao centro da cidade para enriquecimento cultural
religioso e actualização.
4º Todos os que precisam ou queiram baptizar os filhos
devem fazer, por isso, nas paróquias há encontros de formação específica para o
sacramento do baptismo, também para pais como para padrinhos; o que já existe
há muitos anos na nossa paróquia, desde 1984
5º O dia de baptismo deverá ser escolhido em dia
próprio a ser feito em comunidade, em assembleia eucarística, na hora da missa
para existir uma partilha mútua de satisfação para todos, isto é, da comunidade
celebrativa ali presente. O que não impede o contrário, mas é mais assinalável
e comunitário.
6º A prática religiosa dos pais é o primeiro
testemunho para a comunidade paroquial e razão suficiente para que os pais
baptizem os bebés, as crianças antes do uso da razão.
7ºContinua a haver lugar de serviço na comunidade para
a esperança quando por coerência dos pais, estes deixam para a idade da
catequese o baptismo.
8ºA comunidade deve promover sempre esforços de
encontro abertos a todos para a vivência na justiça com verdade a viver em
comunidade cristã nos mais variados aspectos da vida humana, reconhecendo que
Deus é Amor.
9º A comunidade é sempre um lugar de comunhão nas alegrias e nas tristezas, nas
vitórias e nos fracassos, nos teres e nos haveres. A comunidade plena está na
santíssima trindade: no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
10º A comunidade é família que, fraternamente, vive a fé celebrando-a na vida
com comportamentos e atitudes cristãs atentos à evangelização, à celebração e
às obras de caridade. (2004)
Os Nichos das Alminhas
Em quase todas as Igrejas existe o altar das almas e,
para além dos altares, vêem-se os nichos das alminhas nos caminhos de qualquer aldeia
ou nas ruas da cidade.
Já abordei sobre o culto das almas.
A ideia da morte e a preocupação pelo além esteve sempre presente no ser humano não
tanto por causa do inferno, mas por causa da esperança que é inspirada pela
purgatória. É que este intermédio entre o Céu dá esperança, aconchego aos vivos
quando pensam na morte, porque é apenas uma passagem para chegar ao Céu.
O Inferno é algo arrepiante e
terrível e o homem, segundo teólogos, para merecer o Inferno tem de ser
exactamente consciente, responsável e plenamente livre para fazer o mal porque
é só o seu desejo – o mal. É difícil o homem
chegar aí, mas é possível, sobretudo, para quem vive a vida obstinado no
mal com toda a vontade , liberdade e conhecimento. Caso contrário, quem não tem
pecado, quem é tão perfeito como o Amor puro de que possa ir “direitinho para o
Céu?”.
Daí o culto às almas manifestado nas
mais variadas formas. São as aparições destes aos vivos, a crença antiga de
aparecerem nos caminhos, nas procissões de defuntos carregadas com todas as
suas penas a procurar ajuda para poderem entrar no Céu, para o que pediam
orações. Às vezes, apareciam em formas de animais...pediam para restituírem o
que tinham roubado e por aí adiante...Há lendas e lendas sobre o seu
aparecimento tanto para pedir como para ajudar.
Contam-se histórias antigas que,
falar delas, agora era quase como dizer que há 60 anos toda a gente andava
descalça e que para entrar na cidade e para mudar há pouco mais de 60 anos era
necessário calçar-se. Quem não o fizesse pagava uma multa de 2$50 (dois escudos
e cinquenta centavos), ou dizer aos mais novos que se ia a Ponte de Lima a pé
ou aos Arcos, ou a Barcelos...Os jovens hoje não compreendem uma vida assim...
Estes nichos eram sobretudo mais
caracterizados pela devoção à Virgem N. Sra. do Carmo ou a S. Francisco. Em
cada uma havia um peteiro para dar esmolas para com elas mandar celebrar missas
pelas almas.
Em Dem, freguesia do Concelho de
Caminha, cada carro de milho que viesse do campo deixava em cada nicho uma ou
várias espigas. Delas era tirado o milho, vendido e mandavam celebrar missas.
O Dr. Barrote fez um levantamento de
todos os nichos do Concelho de Viana. Rico trabalho para a posteridade. Esta
devoção apareceu aí pelo século XVI, depois do Concílio de Trento como
afirmação da doutrina do Purgatório, mas já desde o século XIV que esta devoção
existia através de cruzes ou cruzeiros nos cruzamentos dos caminhos, e que, ao
passar um funeral, havia que parar e rezar um responso.
Para além do seu interesse religioso,
tinha ao mesmo tempo um interesse comunitário e alguns têm até interesse
arquitectónico, artístico, são autênticos monumentos. Há-os em pedra, em
madeira, em pintura, verdadeiros retábulos artísticos que marcaram uma época e
que devemos conservar talvez não com o significado que naquele tempo os nossos
antepassados dariam, mas como respeito pelo passado, respeito por todos os que
nos antecederam se encontram agora no Céu.
Hoje está tudo abandonado. O meu
colega de ensino fez um rico trabalho de recolha. Prometeu-me que me daria um
exemplar, mas, por lapso de memória, ainda não o fez.
Os peteiros ainda lá estão, sem
nada...Alguns ainda conservam as cores que deixam vislumbrar papas, reis,
imperadores, bispos, frades, padres, lavradores pedintes envoltos em chamas que
nos metem medo encimados por uma virgem, por uma cruz com o crucificado e por
fim uma cruz de pedra. Dificilmente se encontram “alminhas” iguais. São uma
parcela muito importante do nosso povo e de uma religiosidade que vem de longe,
anterior ao cristianismo, só que de outro modo...Há que valorizar e dar
significado àquilo que hoje poucos dizem...
Recorda-me da minha avó mandar
comprar velas para pôr a arder às benditas alminhas do Purgatório. Dava-me a
impressão e mantenho que isto é muito íntimo e familiar, elas têm o seu nome e
na oração do terço na família sempre se rezava pelas alminhas que Deus lá tem.
Era uma forma de recordar os nossos familiares e amigos para que junto de Deus
intercedam por nós. Continuamos hoje a fazer o mesmo. Não é verdade que na
missa depois de rezarmos pelos vivos, rezamos pelos mortos? Não os podemos
esquecer. O Purgatório pode ser breve, tão breve como o arrefecimento do
cadáver, mas eles continuam vivos junto de Deus todo misericórdia como herdeiros
do Paraíso e intercessores nossos.
Hoje, doutrinalmente, mantem-se tudo
certo, como anteriormente. Mas enquanto antigamente se pregava um Deus
castigador, hoje, prega-se mais um Deus-Amor, cheio de Misericórdia e Bondade.
Temos de contar com este modo de viver e que o nosso fim terráqueo será sempre
uma passagem para as mãos Deus.
Viver com
valores
E, a propósito, interroga-se: que relação tem este
assunto com o grande tema das JORNADAS que irão realizar-se sobre "FÉ E
COESÃO SOCIAL"?
De grosso modo não é necessária muita reflexão para se
concluir que a ligação se estabelece logo que as palavras viver e valores
surgem no frontispício do texto.
Viver com valores, só por si, é uma realidade
experiencial do quotidiano da humanidade. Mas é uma realidade que tem de ser
assumida no dia a dia, para que a vida com valores possa garantir uma sociedade
mais fraterna.
Viver com valores não é um bem adquirido nem um bem que se possa comprar. É uma
exigência, que torna a experiência de vida grata e gratificante, capaz de ser
motor de unidade e coesão. É enriquecer o mundo, torná-lo mais justo, mais
verdadeiro, mais humano. É fazer com que cada um seja ele mesmo, uma realidade
pessoal mas solidária com todos. É perdoar para tornar presente o perdão, é ser
sinal de amor e presença de Deus, já que Ele se tornou dádiva de amor por cada
um de nós. É fazer o bem mesmo sem olhar a quem, pois se deixarmos de o fazer,
o mundo fica mais empobrecido, porque ninguém pode fazer por nós o que só a nós
pertence fazer, nem tão pouco podemos adiar fazê-lo, porque o tempo que passou
não tem retorno.
Mas não será isto o que todos pensam?
Como concretizar o que, em teoria, é tão perceptível?
Que valores viver nos dias de hoje, em que toda a
dinâmica da vida parece não compadecer-se com momentos de paragem, com tempo e
espaço para reflexão?
Que valores defender para a família hoje?
Que valores para as famílias divorciadas, separadas,
recasadas...?
Vida e Valores são duas realidades que não se podem
separar, pois não há valores sem vida e não há vida em plenitude sem valores.
A vida de cada um é, em si mesma, um valor exigente,
frágil e dependente. No entanto, foi por esta "vida" que Cristo
aceitou o sacrifício da cruz. Por isso, vale a pena "perder" tempo na
reflexão desta vida que queremos melhor.
Que vale ao homem a riqueza se está vazio de valores e
estes não são passíveis de compra?
Que vale ao homem saber muito, ser muito importante,
se não for capaz de entender que o maior valor é a riqueza da humildade?
Contribua com a sua presença nesta oportunidade de reflexão e analise, sobre
estas questões que a todos dizem respeito.
(Donzília Eira, da Comissão)
Jornadas Paroquiais, para quê?
Nos dias 15, 16 e 17 de Abril, vão efectuar-se as Jornadas Paroquiais
subordinadas ao tema geral "Fé e Coesão Social". Jornadas organizadas
por uma comissão eleita reunindo pessoas com diferentes níveis etários e
diferentes estados civis e culturais.
Escrever um artigo sobre "Jornadas", obriga
interpelar o Padre Artur Coutinho, principal dinamizador, e o mentor desta
iniciativa paroquial, que se concretiza desde 1982.
As Jornadas/Forum têm sido efectuadas sob tutela da Comissão
Fabriqueira, com comissões autónomas eleitas, ou organizadas pelo Centro Social
e Paroquial, realizadas individualmente ou em cooperação ou parceria com outras
Instituições, como são exemplo as Jornadas da Família concretizadas
conjuntamente com a Paróquia de Santa Maria Maior, ou as Jornadas "A
Família e a Cultura da Paz" ,em 2000, organizadas em conjunto com o GAF
(Gabinete Apoio Família).
Desta vez surgiu da Comissão das Bodas de Prata do Pároco e nessa efeméride se
integram.
O objectivo sempre presente e actual nas
Jornadas/Forum ao longo destes 20 anos, como diz o pároco Artur Coutinho, é
formar os cristãos desta comunidade paroquial, para que em cada momento possam
responder com uma visão crítica e cristã aos problemas reais que afectam a sociedade
actual e, na qual, nós cristãos nos encontramos envolvidos. As respostas
cristãs têm que ser práticas, fundamentadas, iluminadas pela fé.
Segundo a opinião do Padre Artur Coutinho, as jornadas
constituem um complemento ao trabalho desenvolvido pelo Centro Paroquial de
Formação, no qual as temáticas são estudadas/analisadas numa perspectiva e
fundamentação teológica e com um programa mais abrangente.
O facto das jornadas se realizarem todos os anos, não
desvaloriza o seu impacto, já que as pessoas envolvidas são sempre diferentes,
motivadas por razões diferentes, estimulam diferentes pessoas, procuram sempre
temas novos, provocando sempre a novidade na temática, analisada com
perspectivas diversas, o que proporciona aos paroquianos viver uma fé mais optativa,
em que os conhecimentos teórico/práticos da temática permite formar e expressar
a nossa opinião.
A dificuldade na organização das Jornadas/Forum é sempre as
instalações.Recorre-se ao Lar de Sta. Teresa, ao Centro Social Paroquial de
Sta. Maria Maior, Fórum, ao Centro de Dia, ao Carmo, etc...
Em relação à temática proposta pela Comissão para as
Jornadas de 2004, o Padre Artur Coutinho expressou que o tema "Fé e Coesão
Social" escolhido pela comissão o satisfaz plenamente, enquadra-se em 1.º
lugar na temática do Sínodo Diocesano e na dinâmica que a Paróquia pretende
alcançar com a Missão Popular ou "Santa Missão". A Fé é fundamental
para o testemunho que os cristãos desta comunidade prestam, em que a
responsabilidade de assumirmos como verdadeiros cristãos tem que estar
devidamente fundamentada na fé para não existir hesitações, dúvidas, no caminho
da vida. A Coesão Social, assim se entende uma comunidade paroquial quando se
busca a comunhão que faz a comunidade.
O Padre Artur Coutinho aproveita para relembrar que as
Jornadas 2004 conjuntamente com a Missão Popular, têm que sacudir a mentalidade
de todos os paroquianos, em que surja o movimento SIM, capaz de levar a cabo a
obra que a Paróquia tem em mãos e que diz respeito a todos nós, aos avós, pais,
filhos; esta é uma obra para todos e em que todos se devem empenhar com fé
solidária.
Os subtemas que constituem as Jornadas de 2004, vão
ser oportunamente divulgadas neste Jornal, vem como outras notícias de
encontros. Conceição
Silva (Cuca)
" Milagre?"... Não!... mas uma graça!
Alexandrina de Balazar
Conheci a Alexandrina na minha infância. Os meus pais resolveram ir lá porque a
minha irmã tinha as pernas arqueadas e andava com as plantas dos pés voltadas
para dentro, pousando o corpo na parte exterior lateral da planta. Ao chegar
lá, vi tanta gente que levou tempo a romper e ir até ao pé dela. Lembro-me que
falava de Jesus. Estive sentado na cama dela.
A Alexandrina perguntou à minha mãe o que queria.
Muito naturalmente disse que queria ver a filha com as pernas direitas, ao que
a Alexandrina respondeu: "reze a Deus que eu vou também rezar".
Viemos embora e no dia seguinte a minha irmã andava normalmente como hoje.
Aconteceu que em 1970, em extensão de Legião de Maria
na Região de Abrantes e Castelo Branco, encontrei um jovem enfermeiro "Dominique"
com uma espiritualidade que me impressionava, a mim, Legionário de Maria e
Seminarista a frequentar teologia
Em 1971 recebo deste jovem, com quem me fiquei a
corresponder, um convite para frequentar um Curso Dominique, o primeiro na
Arquidiocese, e no Minho, em Balazar. Fui fazer esse curso. Não me seduziu o
método, mas, o entusiasmo da juventude que me acompanhava gerou em mim uma
certa vontade de continuar e ver a obra crescer, trazendo-a depois para Viana.
Em Setembro, depois do Curso Dominique em Balazar,
terra da Alexandrina, sou nomeado, como diácono, ao serviço da Paróquia de
Balazar, onde estive até Fevereiro de 1972.
Aí fiz trabalho com os doentes e ajudei o pároco
naquilo que podia. Ao mesmo tempo realizavam-se cursos "Dominiques"
(Cursos de Orientação para a Vida), aos quais eu assistia e cada vez me
impressionava mais a fé, o sacrifício, o entusiasmo, quase o êxtase de tanta
juventude masculina e feminina à volta do mistério do Santíssimo.
Alguns pareciam ter mais fé do que eu. Mal sabia eu que, tendo conhecido a
Alexandrina na infância, sabendo da sua morte, iria parar lá para um
"Curso de Orientação para a Vida", já diácono, voltando depois para
trabalhar e conviver com a irmã da Alexandrina, a Deolinda, e poder contemplar
a sua casa, o seu quarto, o seu sepulcro na igreja, a capela no cemitério e os
peregrinos que de todo o lado chegavam pela semana, mas, sobretudo, ao Sábado e
ao Domingo.
Quem era a Alexandrina?
Uma menina como outra qualquer e que aos 14 anos
saltou duma janela ,de uma altura de 4 metros (?) para fugir a ser molestada
por um homem, provocandolhe uma mielite que lhe causava, por vezes, grandes
dores. Deixou de comer e o seu alimento era só a eucaristia. O seu médico, Dr.
Dias Azevedo, a partir de certa altura, só para as dores lhe receitava, e
ficava crente na Alexandrina, enquanto outros, descrentes, chamavam-lhe falsa,
impostora. Alexandria ouvia calúnias vindas de todos os lados, mesmo do lado de
clérigos e cristãos, da imprensa, causando-lhe um pré-calvário, castigada ainda
pela hierarquia da Igreja que a impediu de ouvir conselheiros espirituais.
Mas a
verdade provou-se numa Casa de Saúde da Foz do Douro, onde ela esteve 40 dias
sob vigilância total, diurna e nocturna, por vigias ateias, tendo o médico
responsável, neurologista, chegado à conclusão que se encontrava perante um
fenómeno que contrariava todas as leis da medicina científica, não podendo
acreditar em milagre por ser ateu. Assim viveu dez anos sem comer e com anúria.
Isto levou muita gente a crer nesta mulher que, na
simplicidade, na humildade e na intimidade com Jesus na Eucaristia que era
alimento suficiente durante tantos anos, poderia concluir-se como alguém dizia
"a personalidade está para o ser humano como o perfume está para a flor, e
esta deixa de ter aroma quando perde cor".
Morreu com fama de santidade e só agora se reuniram condições para que o Papa a
beatifique em 25 de Abril.
O Dízimo...
Tanta gente fala do Dízimo porque há muitos cristãos, que não estando
esclarecidos na fé, nem aproveitam o que a Igreja lhes oferece para formação
religiosa, através de catequese de adultos nas paróquias, ou através de cursos
intensivos, ou cursos bílbcos, ou ainda, em horas pós-laborais, no Instituto
Superior Católico, procuram a verdade fora da Religião Católica. Em algumas
seitas, onde se metem "são obrigados" a pagar o Dízimo, isto é, 10%
de cada cem. É bíblico. Significa a entrega de 10% dos 100% que Deus nos dá. O
Dízimo é a devolução, contribuição, ou melhor, correspondência ( "amor com
amor se paga" ), acto de amor e gesto de partilha. Nós não pagámos o
dízimo, nós devolvemos o dízimo. Pela fé tudo o que somos e temos pertence a
Deus.
O Dízimo é uma íntima e profunda relação entre a
criatura e o criador, pois Deus é o criador de tudo e, se produzimos, é porque
ele nos permite, ou nos dá as condições necessárias.
Por isso quando se fala do Dízimo não pode ser tido
como uma contribuição, um imposto e dinheiro, devemos entender como a
participação do cristão na comunidade. A oferta do Dízimo será decorrente da
nossa comunhão relacional com os outros, e com eles participamos na acção
comunitária.
O Dízimo não pode ser o que sobra, mas sim, a primeira
coisa a ser dada, pois para Deus não podemos dar o resto e sim as primícias,
como diz a Bíblia no Génesis, na cena entre Caim e Abel.
Nunca o Dízimo tem o sentido de comprar Deus porque
Ele não se deixa comprar, mas aceita o coração onde Ele faz morada; e os
cálculos... são para os homens e não para Deus! Deus recompensa sempre. A
medida que cada um usa para si, Deus a utilizará na sua infinita justiça.
(Conf. Ml.3, 10-12: "Pagai integralmente os
Dízimos..." e fundamenta-se com o livro dos Pr. 3, 9-10: "Paga ao
Senhor com teus bens..."; Dt. 14, 28-29: "A cada três anos tomarás o
dízimo da tua colheita..."; Dt. 14, 22: "Todos os anos separarás o
dízimo..."; Lv. 27-30: "Todos os dízimos da terra...são coisas
consagradas ao Senhor"; Ml. 3,8-9: "A Deus não se engana...";
Ml. 3-10: "É um desafio..."; "Que te parece Simão? De quem os
reis da terra cobram os impostos ou tributos..." Mt. 17, 24-27.
O Dízimo não foi inventado, ele nasceu como resposta
da humanidade à bondade e misericórdia de Deus, S. Paulo aos Coríntios (2 Cor
9,7) "...conforme as suas posses e de acordo com o seu coração".
O dízimo é o grande sinal de amor, compromisso cristão
que ama a Igreja e os irmãos, acto de fé, de confiança, dom extraordinário de
Deus, é um acto de obediência, é um compromisso individual e livre, não é um
imposto, nem taxa ; não é oferta, nem esmola; é justiça, partilha, generosidade,
expressão consciente da vida em comunidade, um gesto livre de gratidão para com
Deus, Criador, na pessoa, na família, na comunidade que o recebe; é semente, é
fruto de consciência e compromisso; Deus não precisa das nossas coisas e do
nosso dinheiro, mas quer que saibamos ser generosos e disponíveis para a
partilha com o outro.
O Dízimo é para a comunidade, para os irmãos que se
amam e que precisam de ajuda, o Dízimo é sinal de amor, partilha, benção e
prosperidade.
Quem já faz esta experiência certamente que vive uma
experiência cheia de alegria.
Esta pastoral falta nos serviços organizados ao nível
das nossas comunidades ou paróquias. É uma questão de educação e, sobretudo, de
vivência cristã com objectivos próprios como o dinheiro de ofertas, festas e promoções
que se poderia destinar em geral, para manter as despesas ordinárias das
Paróquias, ou das Comunidades com as despesas normais e fixas como
funcionários, secretaria, serviço doméstico, côngrua, material de escritório,
didáctico, equipamentos de catequese e promoção, carro, como de serviço
combustível, trabalho com ou para os pobres, festas;
ou extraordinários como obras novas, reformas,
manutenções, imprevistas ajudas a outras comunidades pobres, etc., etc...
Temos de voltar às origens. Se o fizéssemos nós também, poderia haver um fundo
paroquial e diocesano para tudo, para pagar a quem trabalha nas comunidades,
para manutenção dos bens, para obras novas e, sobretudo, menos pobres
existiriam entre nós porque cada comunidade era capaz de se bastar a si
própria.
Deixávamos de ser comunidade onde se vive da esmola
para isto ou para aquilo...
As comunidades que não estabelecem metas na sua
organização financeira-comunitária de forma sólida, terão sempre dificuldades e
estarão sujeitas aos peditórios.
Para chegar lá, havia necessidade em primeiro lugar de
uma vivência diferente dos cristãos, dum conhecimento mais profundo das
Escrituras Sagradas; e em segundo lugar de uma equipa paroquial ou da
comunidade para a organização e orientação clara e comum sobre a forma de
organização. Equipas pastorais do dízimo para dar a conhecer o sentido bíblico,
dar o exemplo, atender os dizimistas; trabalho de conjunto usando a mesma
linguagem e com a mesma orientação e experiência administrativa. A equipa
paroquial deve assessorar, orientar e ensinar cada comunidade, ajudar a
organizar com o Conselho Paroquial, o orçamento de forma participativa e
solidária, orientar as comunidades, respeitar a prestação de contas, oferecer
subsídios sobre o dízimo e encaminhar todos os meses a contribuição para a
Diocese.
A Comunidade tem de ter consciência permanente sobre o
Dízimo, em lugar acolhedor, de fácil acesso, para atendimento dos dizimistas e
o recebimento do dízimo, especialmente antes e depois de cada celebração e
encontro comunitário, incluir periodicamente o acto do dízimo nas celebrações,
celebrar as datas importantes do dizimista, prestar contas, ir ao encontro dos
que se atrasam no pagamento ou se afastam, preparar pequenos folhetos de
informação, rezar e divulgar a Oração Dizimista oportuna e inoportunamente.
O Dízimo aparece na Bíblia, no livro do Gen. 14, 18 a
20, no Romanos 4, e Gálates 3, 6 a 9; João 8, 30; Heb. 7, 1 a 10, Gen. 28,
20-22; Malaquias 3, 10 a 12; Mt. 23, 23; II Coríntios 9, 7; I Cor. 16, 2; Actos
4, 34 e 35; Génesis 28, 20 a 22; Malaquias 3, 10; II Cor. 9, 1 a 15; Ageu 1, 5
a 6; Heb. 7, 9 e 10; Num. 18, 25 a 29; Deut. 14, 22 a 29; Num. 18, 25 a 29; Mt.
25, 34-40; Act. 2, 44-45; Deut. 8, 17-18; II Cor. 9, 6-7; Ml. 3; Mt. 22, 21;
Mt. 23, 23; Deut. 14, 28-29; Num. 18, 26; Mt. 23, 23; Deut. 16; Mt. 10, 8; João
10, 11; Jo 14, 6. A.C.
Promessas, Ex-votos, e...
Sempre, desde o paganismo, vem este acto de fazer
promessas, votos e cumprir-los aos deuses. Essa iniciativa continuou presente
no judaísmo, no cristianismo e também no islamismo.O voto vem de Votum, de
vovere igual a prometer é uma promessa livremente a Deus pelo que o homem se
obriga a cumprir em certo aspecto um bem (valor) moral, segundo S. Tomás de
Aquino.
Há o "Votum personale" ou "votum
Mixtum". O voto distingue-se do mero propósito (vontade de fazer ou emitir
algo, sem criar obrigação sobre o que já por acaso existia. O que o fez querer
ligar-se novamente por uma manifestação especial da sua vontade a realizar
valores morais - O Amor.
Por esta intenção, o voto, o mesmo que o seu
cumprimento, se converte em actos de religião.
Os votos religiosos vão mais longe. O voto que fazem
os padres, as freiras ou os frades: os votos de castidade, de pobreza e de
obediência, conforme os casos.
Promessa, de promissa, o facto de prometer algo,
conscientemente, livremente e com conhecimento de algo moral ou material. A
promessa, ou o voto, exige conversão em primeiro lugar à divindade. Exige
esperança, isto é, aguardar com paciência algo de bom, de bens futuros.
A esperança capacita o que promete para suportar até
sofrimento e, por sua vez, o sofrimento pode ajudar a purificar a fé. Ninguém
nos poderá separar do Amor de Deus, diz S. Paulo.
As promessas de Deus porque Ele pode, quer e cumpre
pela sua omnipotência, misericórdia e fidelidade são provas da sua fidelidade e
exigência para nós. A promessa de salvação foi a maior promessa cumprida em
Jesus Cristo, pela qual os cristãos têm respeito no N.T., por isso S. Paulo diz
a Timóteo" Cristo é a nossa esperança".
Daí a esperança ser a atitude essencial ao cristão…
não foge do Mundo. Assim como Deus é fiel, assim a fidelidade do homem consiste
na sua disposição para ajustar os seus actos aos seus problemas. A fidelidade é
uma acção boa, é uma virtude. " O amigo fiel é um tesouro poderoso".
Não se pode comparar um amigo fiel, nem ao ouro, nem à prata que seja digno de
se pôr na balança. Com a sinceridade da sua fé… (cf.Elc)
"Servo bom e fiel porque foste fiel no pouco….
Entra no gozo do teu Senhor" (Mt. 25).
Cada um prometa por voto e cumpra o que possa. Não
façais votos sem cumpri-los, dizia S. Agostinho.
O voto só obriga a quem o emite. Ninguém pode contrair
uma obrigação para outrem.
Se o voto é feito sob condição ou feito para um
determinado tempo a obrigação pode cessar. A força da obrigação está na sua
origem, na intenção de quem o emite; esta é a primeira norma da interpretação.
Só um voto válido, isto é, tem primeiramente de ser um
acto humano. Um acto humano só é valido se o seu objecto é possível, é
normalmente bom e não impede algo melhor, é livre, é do conhecimento e parte da
vontade. Pode cessar o voto pelo tempo prescrito, se houve mudança do essencial,
se é ilícito, se impede um bem maior. Desaparece ainda com a condição ou o fim
único, ou principal.
Sempre, desde o paganismo, vem este acto de fazer
promessas e as cumprir aos deuses. Sempre essa iniciativa esteve presente no
judaísmo e no cristianismo.
Por exemplo, a magia da vela acesa a lembrar o fogo
com significados positivos e negativos, conforme o uso, a intenção com que são
usados. Vou-me referir às velas acesas, aos santos, à Virgem e ao Santíssimo
como sinal de boa sorte, ou então, em cumprimento de promessas feitas e que,
obtidos os bens desejados, são colocadas nos altares das igrejas. Às vezes até
com perigo para incêndio, para poluir o ar e a arte da igreja, ou dos altares.
Acontece, por vezes, que até há "guerrinhas" porque a vela não ardeu toda,
ou no lugar da sua, puseram outra.
Este ritual muda segundo a cultura e a idiossincrasia dos povos através dos
tempos, durante os séculos, e mesmo hoje. Em todas as igrejas há o altar das
velas, o altar da maior devoção. A vela é a mais sedutora da religiosidade
popular, não é por acaso, que as pessoas aderem com maior facilidade a uma
Procissão de Velas do que a uma Missa.
É que a vela parece dar força para regeneração e protecção, expressão de luz,
de generosidade que quebra as trevas e as sombras, sempre causas de medo. A
vela ilumina e dá-se, derrete-se para se dar, em luz, em aquecimento e em
conhecimento, aos outros.
No entanto, muitas vezes, o problema das velas é o de
maior dor de cabeça para os párocos que desejam menos poluição, menos estragos
na arte e maior coerência. A promessa fica cumprida desde que entregue a quem
administra os ex-votos.
Deixemos as velas e vejamos que há outros votos que
são feitos, como por exemplo: Azeite, cera, cravos, flores, frangas pretas ou
frangas brancas, sal, milho, ovos, cebolas, telha, mortalhas, romeiros, ir em
peregrinação...andar de joelhos,dar três voltas, ir à romaria sem fala;
dinheiro, ouro, jóias, cabelo, fotos, corpos de cera, órgãos de cera,como:
gargantas, pernas, mãos, braços, pés, barrigas, peitos; papelinhos com pedidos
à divindade que se colocam sob as imagens dos santos ou nos buracos das
paredes, como por exemplo, acontecem no Muro das Lamentações em Jerusalém, ou
do antigo Templo...
Depende, como já dizia acima da cultura e dos costumes
dum povo...
Qualquer um deles tem o seu significado. Normalmente
nos grandes centros de romarias fazem exposição dos ex-votos, à excepção do
dinheiro, das jóias ou dos alimentos que se estragam...ou podem ser roubados.
Há sempre uma Comissão Administrativa, normalmente a Comissão Fabriqueira ou a
Confraria que administra os referidos bens.No entanto há sempre que respeitar a
intenção do doador, dentro do possível. Só uma causa justa, e bem fundamentada,
pode muitas vezes obter a aprovação da Santa Sé para dar outro destino ao bem
doado, a não ser que esse bem seja facilmente perecível ou biodegradável que
não precisa de tal autorização, como seja um uma peça de cera, ou sal, ou
flores, etc...assim como uma pequena peça de ouro a C. Fabriqueitra ou a
Confraria pode decidir de comum acordo com o doador se ele estiver interesado
na peça. Nesse caso tem de ser avaliada e o doador pode-a retomar, em seguida,
pelo referido valor. De resto, nem o Bispo tem essa autoridade de mudar a
intenção do doador do "ex-voto".
Tudo o resto precisa de autorização da Santa Sé.
Para além das promessas individuais há as promessas
colectivas, como em Viana, na pneumónica, fizeram um voto ao Sagrado Coração de
Jesus de erguer um templo no Monte de Sta. Luzia.
Noutros tempos também se faziam promessas para os
outros cumprirem, mas esse tipo de iniciativa não é válido. Ninguém é obrigado
a cumprir, mas pode-o fazer...também não é proibido. O que não é lícito é que
alguém prometa ir o amigo a Fátima a pé se for curado da sua doença.
As promessas, noutros tempos, causavam problemas aos
familiares, se morressem e não fossem cumpridas. Claro que as últimas vontades
são para cumprir, mas promessas que se desconheçam e que, por ventura, alguém
venha dizer que o seu familiar é uma das "almas penadas" que não têm
entrada no Céu e vagueiam pelo mundo, enquanto não puserem as contas em dia,
não é verdade…
As promessas deixam transparecer, por vezes, uma
transação e se mantém quase como um mercantilismo, material de troca ou
negócio. Esta estrita responsabilidade, como uma relação de mercado é uma fé
supersticiosa. Tu dás-me isto e eu dou-te aquilo. Nestas ocasiões as promessas
não são cumpridas porque então já não se acredita no divino.
Este tipo de transações que existem em muitos dos crentes e em todas as
religiões, é um mau testemunho duma fé coerente, de opção séria, honesta e
clarividente.
Esta situação acontece nos maiores santuários, sejam
cristãos ou não, ou pagãos...
No entanto, isto não admira porque apesar do incenso
que usamos em muitas das nossas cerimónias traz um odor ao ambiente que ao
mesmo tempo se presta culto a Deus, dá à assembleia litúrgica a ideia de uma
família pela qual se reconhece nesse odor. No entanto, nem esta maneira de agir
como família dá lugar a uma relação de troca, a não ser de Amor. Onde a relação
é familiar, é um dos nossos...a quem se ama, não se vende, nem se compra um bem
moral, como a vida, mesmo sofrendo. (2004)
Dizíamos a propósito da Santa Missão e do Ano da Eucaristia: "Aguardo que
os movimentos tenham em conta nos seus programas do próximo ano, esta
temática" para responder ao apelo do Papa.
Evidentemente que em breve vamos realizar uma reunião
do CPP, mas ela virá depois de uma outra reunião diocesana com os responsáveis
da Pastoral com o Bispo, onde vai anunciar os objectivos diocesanos.
Creio que a propósito do Dízimo nada está proibido pela igreja nesse sentido. É
doutrina bíblica e negá-la seria um erro.
Quando o Papa chama a atenção para o voltar às origens do cristianismo a
propósito do Ano da Eucaristia, isto não se referirá estritamente à Eucaristia,
mas ao "modus vivendi" da Eucaristia no princípio da cristandade,
isto é, a toda a Vivência dos cristãos. Por isso, entre eles, havia uma
fraternidade invejada pelos alheios, ou pelos não crentes.
Tem sido pouco desenvolvido este tema do dízimo, até parece que há medo de
falar nestas coisas, parece um tabu como são as coisas difíceis nas realidades
do mundo de hoje.
Já escrevi sobre a fuga de cristãos para seitas que
são dizimistas e parece sentirem-se bem nelas. Não acredito, nem vou muito
naquilo que me dizem, nem dou muito ouvidos a coisas que não compreendo, não
experimento ou não observa discretamente com os meus sentidos...A igreja tem
movimentos criados com esse espírito dizimista. Não é preciso recorrer às
seitas, mas quem quiser ir mais longe, quem quiser converter-se ao Senhor, a
sério, naturalmente, a sua conversão exigirá uma intervenção maior, um
compromisso ao ponto de, espontaneamente, querer aderir e fazer partilha
dizimista. Quem nos pode reprovar de tal atitude? É bíblico!...
A doutrina social da Igreja já nos vai apontando para
isso implicitamente, mas o debate vai ficando pelos gabinetes e não desce à
comunidade, aos fiéis, porque até parece que corresponsabilidade só se fala
quando nos interessa.
Quando se fala dos movimentos aprovados pela igreja, poderíamos ir mais
além...às comunidades criadas pela igreja numa diocese...Como? Quando vamos lá
chegar? E nas Paróquias?
A pedagogia divina foi sempre gradual. Não podemos, de
um dia para o outro, passar de 8 a 80, mas é bom falarmos disto. O futuro da
igreja cristã e católica vai chegar aí. Aguardemos e vamos ver?!...
Se não formos nós serão os outros. Uma nova Igreja, um
novo rosto de Cristo há-de surgir iluminado pelo Espírito Santo. É assim que
Cristo estará sempre connosco até à consumação dos séculos.
Dizia o profeta Amós: "Eu detesto e desprezo as
vossas festas, desgostam-Me as vossas reuniões sagradas...Mas fazei que o
direito corra como as águas e a justiça como o rio inesgotável".
É que a oração e os sacrifícios sem obras de nada
valem. A "realeza" de Cristo, estava centrada no serviço aos irmãos.
A conversão interior ao Cristo vivo naqueles que caminham connosco se não tiver
o sabor às vezes "amargo"
na boca e "adocicado" do coração pelo muito
amor a Deus, nada valem.
O homem precisa de se encontrar através de gestos como
vemos aqui e ali a pagar uns aos outros um copo ou qualquer coisa, uma prenda,
por exemplo, por este ou aquele motivo, mas por trás disto esconde-se uma
amizade, uma procura profunda de uma satisfação humana e legítima, isto é, o
homem precisa de Deus e tem sede de uma água que refresque a sério o seu
coração e para sempre.
Essa não tem preço porque é "água viva". A
água desta fonte não jorrará enquanto o homem pensar só em si, no dinheiro da
sua carteira e nos bens materiais que o rodeiam, fazendo deles, mesmo
inconscientemente, os seus ídolos. (2004)
A Senhora das
Neves nos valha!...
Esta invocação, ou semelhantes, era vulgar, noutros tempos, ouvir-se em
qualquer relação social entre uns e outros, às vezes, mesmo entre aqueles que
não tinham fé...
Chamou-me a atenção o facto de ter lido uns artigos
num dos jornais da imprensa regional, de nível concelhio e de cariz laico, e a
terminarem sempre do mesmo modo "Que Nª Sra. das Neves olhe por Dem".
De facto, os de Dem têm como padroeiro S. Gonçalo, mas
quem manda lá é a Senhora das Neves, é à Virgem Maria a quem recorrem todos os
deenses nas aflições e dela obtêm as graças, as curas, os
"milagres"... que esperavam...
por isso o articulista, que conheço muito bem, de
formação cristã e, cristão por convicção, lá termina os seus artigos: Valha-nos
a Senhora das Neves!...
Já que ninguém mais o pode fazer melhor para nós...
A fé, vivida no dia a dia, leva-nos a uma atitude que
manifesta as nossas próprias convicções. É ao mesmo tempo testemunho e luz para
os outros. "Até amanhã, se Deus quiser"; "Deus nos dê boa
noite"; "Graças a Deus"; "Deus nos ajude"; "Deus
nos dê boa viagem". Com saúde e graça de Deus já se não é pobre.
Esqueçemo-nos das nossas verdadeiras raízes e isso
está manifesto na constituição da Europa.
Parece que o Cristianismo nada marcou a civilização europeia
e da Europa foi levado a todo o mundo. É um sinal dos tempos. É o homem sem
Deus, é o valor do efémero, do superficial, é a negação de vida como dom.
Sendo assim não é difícil perder-se o respeito pelos outros, não ver o outro
como parceiro com dignidade igual ,da mesma humanidade, filhos do mesmo Deus
que passam por este mundo peregrinando até à parusia final. Esta é uma das
razões por que se fala tanto na eutanásia e o aborto, ou no homem como senhor
absoluto, dono de si e dos outros. Valha-nos Deus e a Virgem Maria, a
"Senhora das Neves", se isto continua assim!...(2004)
Sebastian Coroiu - Romeno no
Bairro da Bandeira
Sebastian Coroiu nasceu no dia de Nª Sra de Fátima, 13
de Julho de 1978 em Ecaterna Teodoroiu, na freguesia de Petrosara, Humedoara,
Roménia. É filho de Aurel Coroiu e de Judovica Coroiu.
Tem o 12º Ano Romeno feito em 2001. Arranjou trabalho
no Hotel Melo de 5 estrelas. Foi cozinheiro, gostava muito, mas procurou ganhar
mais em Hotel de Valência, em Espanha, onde se encontra. Agora está de baixa e
vai fazer férias, também nesse Hotel é cozinheiro e continuará depois do
acidente de trabalho.
Veio para Portugal com uma irmã que voltou para a Roménia
por não arranjar trabalho.
No mercado municipal encontrou a fazer a compras a
mulher com quem namorou pouco tempo, casando com ela, Maria Lucinda Lopes
Gonçalves, só pelo civil.
Ele é pentecostal e ela é católica. Não sabiam que
podiam casar religiosamente na nossa Igreja, com dispensa de disparidade de
culto. Os Pentecostais sobre o matrimónio defendem a mesma doutrina da Igreja
Católica. O praticante a sério não pode beber álcool, tomar café, fumar e usar
drogas.
Gosta muito de Portugal. Gostava de ir à sua terra
mais vezes, mas as viagens não são baratas.Tem uma família muito grande. São 13
irmãos, o mais novo tem 18 anos e o mais velho 37.
Estão todos bem na vida e com saúde. Só quatro é que
não se encontram no mundo do trabalho. A sua mãe é doméstica e o seu pai
serralheiro e conseguiram vencer "a batalha" para os criar e colocar
bem na vida.
A sua esposa, aqui nossa paroquiana, já lhe deu uma filha, a Beatriz Gonçalves
Coroia com 4 anos e meio.
É intérprete no Tribunal, Polícia de Fronteira e Polícia Judiciária, segundo
ele afirmou.
A doutrina da igreja é inquestionável a propósito da
indissolubilidade do matrimónio. São bem fundamentados os seus argumentos na
mensagem de Boa Nova do Evangelho e na doutrina de S. Paulo, como por exemplo,
em relação aos documentos processuais da nulidade dum casamento.
Algumas “seitas” cristãs são ainda bem mais exigentes
na sua interpretação, baseadas nos textos sagrados.
No entanto, o que se pode questionar é a formação que muitos jovens levam para
a vida. Na maioria, são educados para uma vida vazia, sem sentido, sem valores,
ou melhor, com valores invertidos onde o materialismo, consumismo da vida, o
descartável, o “deita fora” que já não interessa, é o importante!...São assim
conduzidos para um vazio igualmente inquestionável, para aceitar que o Amor não
é sexo, a eutanásia não é amor, abortar não é amor. Uma vida apenas de prazer
e, fora disso, acabe-se com ela, ainda que se recorra ao suicídio!
Parece que hoje ninguém quer o sofrimento ainda que
seja por amor; sem masoquismo.
Quantas mães, para dar à luz um filho, com medo do
sofrimento, preferem recorrer a cesariana? É melhor assim quando uma mãe não é
capaz de aceitar, à partida, qualquer sofrimento por um filho...Que apesar de
tudo já não é como noutros tempos... e ainda bem...
Isto talvez faça os jovens, nesse aspecto, menos
generosos no dom dos filhos...
Educar para os valores não é meter na mão da criança
um telemóvel, uma moto ou um carro daqueles que não precisam de carta de
condução... Alguns pais dão tudo...e dão semanadas ou mesadas abundantes e os
meninos podem e devem fazer o que quiserem. Às vezes, os pais nem se apercebem do
que se passa com os filhos e com o dinheiro que lhes dão...serve para tudo,
menos para comerem o que devem na cantina da escola, etc...
Tudo isto traz um modo de ser e estar no mundo muito diferente do que aquilo
que era há uns anos. Isto não é motivo para trazer uma nova doutrina, mas pode
ser motivo para novas disciplinas.Não uma nova interpretação das leis, mas uma
mais rápida ou célere, menos burocrática e economicamente mais leve para a
declaração da nulidade do matrimónio.
Na minha opinião a maioria dos casamentos religiosos que hoje se fazem, não
fazem sentido nenhum. Os casamentos fazem-se na igreja, ou noutro local, apenas
por tradição da família, da fotografia, do vestido e por aí fora... daquilo que
é essencial é apenas uma seca, algo que não interessa e ,por isso, até se
marcam os casamentos com antecedência no restaurante e fazem-se os convites,
enquanto a questão religiosa processual é algo que aborrece, que não tem
interesse e “o padre é um chato, exigente, fora do mundo...vejam lá que até temos
um Curso de Preparação para o Matrimónio. Que história é essa?”
Um lenço da cabeça no dia do
Casamento Mãe de Antónia Rodrigues Araújo,
de Mazarefes
Este é um lenço de seda que Maria Rodrigues, casada em 1863, utilizou no
casamento e, guardadinho, também o utilizou no dia de casamento a filha,
nascida em 1877, Antónia Rodrigues Araújo.
Era o estilo da época. O “lenço da cabeça” assim
chamado porque não havia mulher que não andasse de cabeça coberta sobretudo
quando entrava numa igreja. O homem tirava o chapéu da cabeça ao entrar na Casa
de Deus e a mulher, essa, também por uma questão de respeito, tinha de cobrir a
cabeça.
O “lenço da cabeça” era utilizado todo o dia, no
trabalho, nas feiras, nas festas. Havia lenços melhores e piores; uns para o
trabalho e outros para as festas, para “andar nos trinques”, eram lenços da
“chieira” (vaidade) e acompanhavam a moda, só que a moda não andava tão
depressa como agora. Os lenços eram apertados de várias formas, dobrados em
forma triangular apertado sob os queixos, por trás do pescoço, ou sobre a
cabeça, enfim, dependia das regiões e do tempo, dos sentimentos no seu uso. Os
lenços eram usados à semana, “os cóchinés” (cachenês) usados ao Domingo e
festas, os véus usados para as missas. Normalmente eram transparentes, mas na
aldeia, chamavam véu (velado, escondido, mistério) a um lenço de pano ou
tecido, mais pequeno para o mesmo efeito.
Também, normalmente as mulheres não cortavam os cabelos. Isso já é moderno do
século passado.
Mulher que cortasse o cabelo era a “senhora”, considerada com superioridade às
outras, nobres ou ricas, e estas utilizavam normalmente os véus, de rede aos
quadros mais ou menos grandes e um véu que deixava antever o que estava velado.
Outra peça semelhante ao lenço, era o “turbe” ou a charpe ou banda de tecido
que lançavam sobre os ombros com as pontas a cair pelos lados ou pela frente,
como à moda de um cachecol mais estreito que o cachenê e o echarpe, normalmente
de lã que se enrolava à volta do pescoço. Esta terminologia vem do Francês
cacher, igual a esconder. Mais tarde deu origem a colarinho, para sair à rua ou
entrar na Igreja. Entrar no templo sem a cabeça coberta era “pecado”.
Também os cabelos tinham os seus arranjos. Normalmente
as que não cortavam os cabelos, faziam uma trança, ou duas, enrolavam e faziam
um “picho” ou “toco do cabelo”, outras usavam o “rabo de cavalo”, junto às orelhas
do lado da frente deixavam cair umas madeixas ou marrafas (cortavam o cabelo à
frente e deixavam cair sobre a testa) ou, conforme as regiões, como, na Serra
d’Arga, faziam caracóis, com garfos quentes e azeite, a cair pela testa e sobre
as orelhas.
Utilizavam ainda a brilhantina, um produto pastoso com
cheiro e que dava brilho ao cabelo e evitava despentear o “recacho”.
Não é de estranhar um lenço de casamento da mãe servir para o da filha, pois,
às vezes, os sapatos e a roupa dos pais eram mais tarde para os filhos; a roupa
comprada para as crianças de 6 ou 7 anos era a mesma que vestia aos 10 ou 12
anos; descia a baínha das perneiras das calças, das saias, das mangas dos
casacos, das camisas ou das blusas.
Havia a roupa do trabalho, da semana, a do Domingo e a da festa.
Assim a roupa era usada por alguns anos. Conheci casos
em que faziam da mesma roupa outro fato novo, virado do avesso, ou para o
mesmo, ou para os mais novos.
O
lenço da avó e coisas do avô daquele tempo
Esta
palavra lenço vem do latim “linteum” (pano de linho), pode ter a ver com lençol
tecido que cobre, tapa e pode ser manta do grego μαντήλι.
No entanto, aqui prefiro reduzi-lo ao mais comum em uso para uma peça de tecido
quadrada que é o lenço que limpa
o suor das mãos, do rosto, e o nariz.
Há
vários tipos de lenço: o lenço do rosto, lenço de luto, bolsinho do casaco, o
lenço de bolso, lenço da cabeça, das calças ou de bolsos interiores do casaco,
lenço dos ombros maiores que os outros, os chamados “cochiné” de origem
francesa da palavra cachiné para cobrir a cabeça ou resguardar o pescoço. Mais
tarde deu origem ao xale do ombro ou o “charpe” mais usado como meio decorativo
(mais fino) do ombro, ainda o lenço de casamento, dos namorados, o lenço de
trabalho, da festa, do luto, o lenço de Domingo o lenço de festa.
Lenço
de bolsinho era o utilizado para fazer chieira e muito fino para não enchumaçar
o bolso, liso ou dobrado em duas pontas ou dobrado em três ou em forma de leque
normalmente. Também podia ser dobrado com 4 pontas e em forma de uma
flor-de-lis…O lenço dos ombros ou da cabeça era usado muitas vezes à volta da
cinta…
Depois,
o lenço de assoar, 40cm x 40cm mais ou menos, que dobrado em três partes do
lado esquerdo e do lado direito sobre uma parte central e depois a parte
inferior para cima e a de cima sobre a parte inferior ficando assim um
quadrado. Esse lenço era o lenço de assoar, de deitar ao nariz para receber um
espirro, ou lançamento de uma ranheta ou ranhos. Que novamente se dobrava e guardava
no bolso.
Os
que melhor podiam tinham dois lenços, e um deles no bolso traseiro das calças
para emprestar a algum companheiro que não tivesse.
Às vezes o lenço amarrotado o que não ficava
bem pegar num lenço amarrotado para o levar ao nariz ou à boca para tapar os
espartilhos de uma tossidela. Não era bonito. Ninguém gosta de ver um lenço
sujo ou amarrotado.
O
lenço da cabeça era já um grande lenço a que vieram chamar de “cochiné”. Lenço
que cobria a cabeça e era atado à volta da cabeça e enrolado no pescoço com
laço, ou sem ele.
O
lenço da cabeça podia ser do trabalho, de domingo, de festa, de casamento e de
luto. A dobragem e o modo de o utilizar na cabeça em qualquer caso dependia da
região para região. O dos ombros era utilizado o mesmo, ora outro mais fino
como um “xalezinho” ou mais pesado e era um que era deitado pelas costas a
cobrir e cair pela frente dos ombros e com as pontas pendentes e segurados
pelos braços. Era um “charpe”…
Havia
pessoas que gostavam de usar lenços de mão com o seu nome, algun símbolo,
brasão, eu próprio tive a oferta de umacaixa de lenços bons e cada um com o meu
nome “Padre Coutinho”, “Pe. Artur Coutinho”…conforme imagens que mostro neste
espaço.
Os
lenços podem ser de algodão, de linho, de veludo e de seda. Os lenços de luto
eram pretos, a não ser os de bolso que levavam em toda volta um faixa de 1 a
1,5 cm de cor preta.
Lembro-me
que as senhoras do campo, da aldeia, as nossas avós havia o costume de usar uma
saquinha de mais ou menos 12 a 15cm de altura que na parte superior corria numa
bainha um fio que a fechava depois de meter o dinheiro e a guardavam na
algibeira do avental, mas havia também, porque, normalmente, era pouco e havia
que poupar, usavam um lenço de bolso para na ponta, num canto, guardar lá umas
moedas até para dar aos netos, no caso das avós, ou para dar a um pobre…
Era
a saca, o porta-moedas daquele tempo. Era o canto dum lenço de tecido dobrado
com um laço feito pelo tecido do canto onde guardavam algumas moedinhas para
dispor, guardando muitas outras na saca de pano, bem como as notas...
Havia
outra chieira como o vincar das perneiras das calças, o engomar os colarinhos
da camisa, dos punhos e dos botões dos punhos, desde algo simples a algo mais
complicado, desde a madeira, osso, prata ou ouro e até pedras preciosas
integradas.
Hoje,
o lenço de bolso passou ou vai passar definitivamente a ser de papel. As calças
e os sapatos bem limpos e lavados, bem como as camisas lavadas.
No
entanto é vontade de Deus que não andemos a parecer mal e ajudarmos quem não se
pode apresentar vestido em condições ou mal cheiroso por falta de banho, com
cara de fome. Interpela qualquer pessoa e em vez de chamar a estes “óh é
drogado”, é preguiçoso, não quer trabalhar, é alcoólico! O primeiro dever de
qualquer humano e, sobretudo, de um cristão é arrastá-lo da sua situação e,
pouco a pouco, conseguirmos ter como pessoa normal. Não é só dar de comer é
preciso ensinar a sobreviver por si com gosto pela vida e uma vida com Alma,
alegre. Deus não quer a morte, o sofrimento, a tristeza, a fome. Quer a Vida.
José Martins de Passos Fernandes
José Martins de Passos Fernandes, é um abelheirense,
conhecido por Maduro. A avó, Maria Gonçalves Balinha, casou a primeira vez com
Manuel Rodrigues Maduro e depois de ter ficado viúva, casou novamente com
António João Fernandes, natural de Ponte de Lima. Era o “criado” da casa. Esta
avó era a mãe de seu pai, Manuel de Passos Fernandes, carreteiro, na Abelheira
que casou com Rosa Martins Cabanelas, do antigo caminho do Barronco, ou largo
dos Arezes, hoje, rua da Bela Vista
O José frequentou a Escola do Carmo com a professora
D.Maria da Glória, esposa do professor João da Silva Agra que também lhe tocou
como mestre para o preparar para o exame do 2º grau.
Aos 12 anos foi para aprendiz de carpinteiro do Manuel
Fernandes de Sá. Aos 19 anos foi para a Empresa de Pesca de Viana, onde
trabalhou 24 anos e chegou a encarregado geral das obras da empresa.
Aos 64 anos foi para o Porto fiscalizar a Torre das
Antas para o patrão António Gonçalves Gomes, onde trabalhou também com a
família até Junho de 2004, ano em que se reformou.
Casou aos 33 anos com Maria da Conceição Gonçalves
Carvalhido, da Casa do Pintor, filha de Laura Domingues Gonçalves da Balinha e
de João Afonso Carvalhido. A sua esposa deu-lhe um casal de filhos: o José,
serralheiro especializado nos ENVC, casado com Olívia Lourenço e com outro
casal de filhos (um neto e uma neta) e a Maria da Conceição, solteira,
empregada administrativa no Trinca-Peixe
O “Zé Maduro”, assim tratado pelos amigos, é uma
pessoa muito característica da Abelheira, a viver no lugar do Rubins, já com a
casa na freguesia da Meadela.
Se houvesse tempo, o nosso amigo tinha muitas
histórias da Abelheira antiga para contar. Tem uma memória prodigiosa. Posto a
falar... Nunca mais se cala!..É preciso sempre pôr um ponto final!...
Tem um carácter firme, uma personalidade fortemente
vincada, tipo da Abelheira antiga, mas de coração aberto e muito generoso, em
serviço aos outros. Compreende a vida de hoje e a juventude de agora, mas tem
sugestões e é criativo até para que a juventude não deixe de ser o que é, mas
consiga arranjar valores da vida de família e da vida profissional, princípios
que ele sempre defendeu e defende.
É normalmente o leiloeiro da festa da Senhora das
Necessidades, embora agora se tenha retirado um pouco porque diz ele que a sua
“voz também requer descanso”.
No entanto, nos tempos livres, deu muito de si a esta
Paróquia, na Capela da Senhora das Necessidade e na Igreja Paroquial. Foi ele
que desmontou o altar-mor da capela de Nª Senhora das Necessidades e o recuou 2
metros, deslocando a mesa do altar para a nova liturgia e o autor das cornijas
interiores de cimento na capela que enganam os que lá entram imitando bem a
pedra, a cantaria.
Fez os bancos da capela por ordem do João Delgado
Cerqueira, assim como os bancos da Igreja Paroquial e os bancos da Igreja do
Carmo. O desenho dos bancos desta Igreja do Carmo foi copiado para a Igreja da
Misericórdia. Todas as imagens da Igreja paroquial foram arranjadas com um
produto natural que levava gema de ovo.
Na fundação da Paróquia colaborou com o primeiro pároco, Pe. António Costa
Neiva, arranjando o primeiro escritório e o soalho da Igreja por ordem do Dr.
João do Carmo Correia Botelho, paroquiano e cuja a esposa era catequista, a D.
Elvira Botelho.
Veio o Pe. Rogério e continuou a ajudar. Em 1978 com a
entrada do Pe. Coutinho, continuou, ora faz ou desfaz escritórios, ou assoalha
de novo a Igreja, participa no “Mc. 9,37”, AIC (Ano Internacional da Criança),
espectáculo levado a efeito em colaboração com o coral de Darque, Mazarefes e o
da Paróquia, assim como jovens da Paróquia, ensaiado pelo Pe. Dr. José Lima. Esse
espectáculo foi apresentado 11 vezes a partir da Semana da Paixão e passou pela
TV, foi representado em Darque, Mazarefes, Ponte de Lima, Matriz (Sé Catedral),
Areosa. A decoração do cenário passava pela mão também do “Zé Maduro” e do
Mário Covinha.
Fez parte do coral uns anos. Depois, por motivos, que
não interessam para aqui, deixou..., mas sempre trabalhou “por amor à Igreja”
como ele declarou à Rádio Alto Minho.
É um homem cheio de brio e um amigo. Quando se
convence que a causa é justa, é capaz de dar a camisa.
Gosta de jogar a bisca, seu passatempo preferido, aos Domingos pela tarde, como
várias vezes o encontrei no Café do Eduardo Lopes.
Para “Zé Maduro” segundo declarações à Rádio
Alto-Minho é muito importante a obra caritativa da Paróquia e é importantíssimo
o restauro da antiga Capela Jesus Maria José, de Manuel Oliveira Espregueira e
até da casa para o Berço e a construção da Igreja para 800 pessoas sentadas,
com salas de catequese, sede de Escutismo e Centro de Idosos. Faltam ainda espaços para ensinar a
juventude a trabalhar. Nesta obra toda a gente da cidade devia colaborar, pois
afinal é uma obra para todos e ninguém sabe do que precisará. Foi por isso que
a Câmara Municipal foi a primeira a dar a mão, a abrir caminho para a Paróquia
avançar...
Uma vez mais a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima
apresentou a todos os paroquianos as contas do exercício de 1995. Um gesto cujo
simbolismo e relevo são de realçar. Depositários da confiança do Pároco e dos
paroquianos, administradores e zeladores dos bens e serviços que a paróquia põe
ao serviço dos seus utentes, cumprem os seus responsáveis a obrigação de darem
contas dos resultados do seu trabalho e de informarem a Comunidade do andamento
das suas obras e bens. Em época em que tanto se apregoa transparência, apraz
registar esta postura dos organismos paroquiais, de há muito integrada no seu
percurso vivencial: postura responsável e responsabilizadora.
Não nos vamos deter na análise dos números, do deve e haver, eles aí estão na
clareza fria e objectiva suficiente para serem entendidos e interpretados e
para deles poderem ser extraídas conclusões. Reforce-se o esforço enorme que a
Comunidade Paroquial de Nossa Senhora de Fátima tem vindo a fazer para erguer e
pôr de pé uma obra que se traduza em respostas criativas e diversificadas aos
problemas concretos do dia-a-dia duma comunidade - os problemas do homem de
hoje, com quem a Igreja deve estar em sintonia e procurar resolver: as
crianças, os jovens os deficientes, a terceira idade, os tempos livres, o
culto, a catequese, a cultura e a formação e educação permanente, as diversas
formas de exclusão como a pobreza, o desemprego, a tóxico-dependência. São
estas as preocupações para que se tem procurado resposta, nem sempre cabal e
satisfatória, através dos variados serviços dispersos por diferentes
instalações e locais da Paróquia.
É uma obra fruto das inquietações e da capacidade de
iniciativa do seu Pároco, Rev. Padre Artur Coutinho, mas que tem implicado o
esforço e a colaboração activa de muitos paroquianos. E é a uma sempre maior
participação, colaboração que aqui gostaríamos de apelar: colaboração e
envolvimento pessoal nas obras e instituições, quando solicitados; colaboração
através de donativos ou outras ajudas materiais, na medida das possibilidades
de cada um. A Paróquia tem vindo a dispor de alguma ajuda oficial, sobretudo
para determinadas obras de carácter social. Tal ajuda revela-se muitas vezes
insuficiente, face às necessidades cada dia sempre crescentes. Em termos de
catequese, primeira comunhão e profissão de fé, culto, animação de festas e
datas litúrgicas, a Paróquia tem procurado melhorar a qualidade dos seus
serviços, o que exige despesas acrescidas, nem sempre correspondidas pelas
comparticipações dos beneficiados.
Na medida em
que cada paroquiano sinta as obras da sua Paróquia como suas e nelas colabore e
se envolva, estará a contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento. Na
medida em que cada um for solidário e activamente receptivo aos problemas dos
outros, melhores condições reunirá para realizar a sua missão de homem e de
cristão.
ALBINO
RAMALHO
TEMA, EM
MAIO,
DO FORUM
1996
No vasto e variado leque de realizações sócio-pastorais e culturais, constantes
do respectivo plano de actividades para 1995/96, aprovado pelo Conselho
Paroquial de Pastoral (PP) em Setembro de 1995, a Paróquia de Nª Sª de Fátima
vai dedicar uma especial atenção à Abelheira. Tal como em anos anteriores se
organizaram Jornadas de estudo, de reflexão e de debate sobre outros temas
específicos, este ano os trabalhos vão incidir sobre aquele lugar. Parte-se do
facto de a “ inculturação e o desprezo dos valores culturais a que é votado “ o
terem descaracterizado profundamente e feito perder a identidade própria com
que se inseriu, ao longo dos tempos, na história da cidade. Mais recentemente,
pela forte religiosidade das suas gentes, marcou de forma decisiva o processo
que culminaria na criação desta Paróquia.
O Forum de 1996, a ocorrer entre 8, 9, 10 e 11 de
Maio, terá exactamente como tema geral “ A identidade do Lugar da Abelheira “.
Enquanto se esboça o programa definitivo sabe-se que são inúmeras as ideias a
explorar. Para ajudar a compreender “ A convergência do lugar da Abelheira na
geografia e memória da cidade “, será feito o seu enquadramento cultural,
económico, toponímico e antropológico. Estudar-se-ão os “ sinais de
comunitarismo “ que vigoraram no passado e ainda hoje sobrevivem em ligeiras
reminiscências e o fenómeno da religiosidade popular dos seus habitantes. A
Capela de Nª Sª das Necessidades será apenas um elemento, em apreciação, do
valioso património cultural e religioso que os moradores preservam e com que
honram o passado. Finalmente analisar-se-á o efeito do fenómeno “ migrações “ e
a sua influência na transformação daquela área.
Constituem a Comissão Executiva do Forum os Drs.
Albino Ramalho, Isabel Lopes, José Cambão, Carlos Loureiro, Francisco Carneiro
Fernandes e Olinda Ferraz Gigante.
Pouco resta daquilo que foi a Abelheira de há anos. A
ruralidade predominante, as artes e mesmo alguma indústria depressa sucumbiram
ao avanço da cidade que continua a crescer, a ritmo acelarado e nem sempre
respeitando os valores, a cultura, a história e as tradições de outrora O
venerando Convento de S. Francisco, importante centro de cultura, de trabalho e
de oração, quase já não chega para manter acesa a chama dum passado que tanto
honrou Viana do Castelo e o lugar em que se situa. Contudo ele, sendo um
eloquente símbolo, apesar de derrubado pela incúria destruidora do vandalismo,
nunca deixará de ser uma referência obrigatória no estudo e na apreciação do “
modus vivendi “ da população que o rodeava.
Hoje a Abelheira é uma floresta de novos bairros. Os
campos de cultivo de então convertem-se em jardins incaracterísticos, onde
crescem as construções de betão e tijolo. Muitos são os que baloiçam entre o
passado que recordam com saudade e o futuro que dificilmente compreendem e
aceitam. Não é nada fácil adaptar-se aos novos tempos e aos problemas novos que
sempre existem nas zonas novas das cidades. São muitos os problemas sociais que
por aqui se instalam e evidenciam, fonte crescente de preocupação, e que
requerem alguma cuidada atenção da sociedade. Eles são o maior atentado contra
a dignidade do lugar, contra a história, a cultura, as tradições, a
religiosidade e fé do seu povo. Oxalá não contribuam para limpar da memória dos
vianenses o passado de que muitos ainda se orgulham. A droga e a prostituição
que por aí proliferam, a sensação de insegurança e de medo que se apodera das
pessoas, ofendem a memória do passado e ofuscam a confiança no futuro.
Quem chega traz novos hábitos de vida, busca formas
novas de convivência social... enquanto quem cá está sente muita dificuldade em
adaptar-se a costumes e atitudes diferentes das suas. Tudo isto faz com que
seja preciso realizar um imenso trabalho social e pastoral de aproximação dos
homens.
Aguarda-se, com natural ansiedade, a realização do
Forum sobre a Abelheira. Ele será um acontecimento de particular importância
para fazer o confronto entre o passado e o presente. Simultaneamente delineará
estratégias de acção social e religiosa que ajudam a construir o futuro sem
negar ou ofender o passado. O Forum vai fazer história.
Espera-se grande partici-pação no conjunto de actividades que se vão realizar.
Certamente haverá conferências, debates, exposições, visitas... será que tudo
isto não tem interesse para conhecer aspectos particulares e certamente muito
ricos na história de Viana do Castelo ? Não terão os antigos e actuais
moradores da Abelheira interesse em conhecer a história da sua terra, a
história da sua própria vida ? Onde está o bairrismo das gentes da Abelheira ?
É preciso que quem cá vive não se deixe colonizar por quem vem de fora. Por sua
vez é de primordial importância que quem chega respeite a identidade do lugar e
das gentes que os acolhem... a favor de sá convivência e desenvolvimento do
sentido e espírito comunitário.
O Forum sobre a Abelheira faz-nos sugerir a recolha de
imenso espólio que certamente existe, os instrumentos de trabalho, os trajes e
todos os outros, mesmo os que ligados às suas tradições religiosas... por aí
dispersos e susceptíveis de se perderem, numa espécie de museu etnográfico
local que sirva e preserve a memória da zona.
Deixaríamos essa incumbência à Paróquia de Nª Sª de Fátima, enquanto entidade
profundamente empenhada na preservação dos valores culturais e religiosos,
muitos e de elevado significado, do lugar da Abelheira. Seria a melhor maneira
de continuar o trabalho do presente Forum e garantir a representação “ ao vivo
“ da verdadeira identidade do lugar para poder ser vista e apreciada (
interiorizada ) pelas gerações que chegam e hão-de fazer desta terra sua terra
de eleição e de residência. Todos ganhariam com isso e o património cultural
colectivo seria preservado e enriquecido.
Nestas coisas é fundamental o apoio das entidades oficiais. Ele, por certo, não
faltará... como estamos certos que as entidades oficiais não deixarão de marcar
presença numa actividade que se reputa de oportuna e digna de todo o apoio. -
1996 Paróquia de Nª Sª de Fátima.
Mazarefes - Origem árabe+outras
Maza em árabe pode signifícar casa,mansidão e manzana,
manzaneda, maçã,maca. Aparecem como topónimos em muitos e variados sítios por
toda a Espanha,desde a Cantábria ao Sul, tudo depende do povo de origem, com
base na língua árabe. Em Portugal, com a mesma origem temos Mazagão e Mazedo,
ambos topónimos e antroponímicos. No norte de África existe a cidade de Mazagão
e foi obra dos portugueses. Existe ainda a ilha de Mazagão (Maza-
Mazagão-Mazag-Mazar)em Marrocos. Em Portugal temos a vila de Mazagão Velho onde
se celebram as grandes festas de S. Tiago. Existe Mazzè em França.Não aparece
apenas como topónimo na Espanha, mas em muitos outros lugares do Globo
Terrestre, desde o Oriente ao Ocidente. Este topónimo aparece quase sempre
junto a locais de águas: lagos e rios, regos como Mazariegos, em Espanha. Todos
se relacionam com Mazar e Mazarefes. Mas quem não nos diz que Mazarefes vem de
Valtzmh Azhari >Mhazhari ?... “Caráter” no filho do deus das águas do esquecimento
ou das águas brilhantes Oceânicas É esta uma palavra que vai conhecendo alguma
circulação em meios geralmente restritos, mas suficientemente relevantes para
lhe conferirem a necessária notoriedade,
ou do Lethes que beijava estas terras na sua corrida para a foz ou no seu
retrocesso do mar.
É, naturalmente, uma palavra pré-romana e significa
também para os galegos uma arma que utilizavam para combater os inimigos ou os
povos invasores. Essa arma era em forma redonda (algumas tipo cebola) e de
pedra, normalmente. Aparecem por aí. Encontradas na Serra D‘Arga (quem sabe se
no monte Medúlio a que Paulo Osório se refere?) Possuo duas espécies.
Para além de Maza apareceu também o Mazo, Mazzo, Mazanno, Mazzola, Mazara,
Mazzarrone na Itália Central e Maso com “s”. Também Mazariegos foi
topónimo.Mazo significa vegetação. Como Maçot e Maça (maza) uma pequena
elevação de terrenos, como Montezelo e que, em Mazarefes, também existe como
topónimo. Mazar queria dizer gigante na Kauplanês. Mazar+I+Shariff seria a
mansão ou o pântano mais o “i”, que, em língua indígena, significaria água e
Shariff talvez o chefe. Neste caso seria a mansão de água do chefe. Esta
palavra mazar-i-shari,é uma cidade que em 1990 estava nas mãos dos Talibans.
No entanto, Mazarefes , é um topónimo de Viana que não
faltam interpretações poéticas para dizer que é uma palavra de origem árabe e
significa terras lindas, mas não quero argumentar e desdizer nada do que tem
sido dito a propósito da origem desta palavra.
De topónimo, a palavra Maza e Mazar deu antroponímicos
implantados, sobretudo na Espanha.Assim houve a família Maza. Era a família de
Maza e este Maza entrou no sobrenome e deu origem a fidalgos, a nobres que
utilizavam como símbolo a Maza em prata, espécie de maçaroca (como a espiga do
Milho) em Vila Marini, os nobres Mazas PEDRO de BARRIÉ de la Maza ou TERESA de
Romero Refes Dinora.
A Maza podemos acrescentar refes, sobrenome árabe,que
deu nome a empresas, a um Banco. Sempre ligado a este refes há proximidade de
águas como Reggad (i)=(água), (ia=água). Significavam água em língua indígena.
Refes é topónimo, nome de empresa, povo de boa Jaez na República do Burundi.
Refes também foi uma espingarda no Brasil.(refis=refes).Crick Refes de Sousa
aparece como nome na Palestina. Topónimo e antroponímico Refes no Irão, no
Iraque ,no Afeganistão,na Turquia, no Paquistão, na China, na Arábia. Refes
aparece também como número de amigos que se reúnem para guiar nas cidades os
turistas.
Ainda tem a ver como topónimo que é frequente em
Espanha, na Itália, de origem Fenícia. Mazar-i-Scharrif, uma região, uma
cidade. Mazar significou também macear, golpear o leite dentro de um odre para
separar a manteiga. Mazar é igual a Mazo na Corunha. Mazarete é um topónimo
semelhante a Almáchar, em Málagar, Málaga, mostrando-se de origem árabe.
Al-Mazar e Mazarete, o seu plural, são topónimos.
Pode ter o significado de miradouro de pedra e também
a extensa e fértil planície como topónimo de terras de Pedro Mazar de Ugas, de
mazar, maçar o linho…Existe o Rio Mazar na cordilheira dos Andes, no Paraná com
barragem.A arqueologia Elat Mazar do ano 5 da nossa era oferece dúvidas para os
hebreus. “Os Migrantes afegãos começam a voltar a casa nas montanhas”, tomando
um significado de casa e não até da cidade.
No Afegão existe o topónimo Mazar e Mazar-i-Sharif
mesmo assim sendo uma cidade é a casa de qualquer Afeganistão. Mazar junto de
água, de rio, existe mesmo o rio Mazar, junto de mansão,quase se identificam,
assim como Mausoléu no Paquistão. Pântano traiçoeiro no Afeganistão e no
Paquistão (Mazar+Shareef).
Para além disso também podemos acrescentar a Mazar sem
prejuízo dos seus anteriores significados o sufixo ÉFES que é uma palavra
oriental toponímica e antroponímica . Éfes é uma cidade formosa antiquíssima
que os romanos ocuparam por muito tempo e ali existem muitos monumentos. Efes,
em hebraico, quer dizer zero, e como sabem o zero,por si, nada vale e só zeros
nada valem, a não ser à direita de um número, ou à esquerda acompanhados de uma
vírgula. Efes, o cromo e o ferro são metais com alta ou baixa de Effes,
respectivamente. Também o túmulo do Máusolo em Efes é obra para admirar. De
Maza devia ter vindo Samoza “alto da Mossa” como topónimo. Efes é o nome de uma
cerveja turca.Um autor Francês coloca o topónimo Efes na montanha.
Henrique de Oliveira diz que é o símbolo químico de
alumínio,artigo antigo de origem árabe. Na Turquia não é só cerveja, é apelido
e também uma cidade.Erite Mazo topónimo na Espanha, assim como, El Mazo,
Mazariegos, Mazarete, em Gualadajara, e chamou-se Mazaref e Masdarete, de
origem árabe, Mazagatos, Magalinos, ou el-Mazon ( o forte) Manzana, mas
Marariegos chamaou-se no séc. X “Osorno de Mazarefes” e depois Vila de
Mazarefes e Mazar a significar também Moinho. Segundo Pancracio Celdran, no seu
dicionário de toponimia. Em León, no Município de Valderas há o topónimo castro
Mazaref, do tempo dos Visigodos junto do Rio Cea. Há ainda o filme Mazaref e é
um nome muito utilizado na Itália, em África com o significado de operação.
Assim como o termo Mazaraf. Portanto falar da origem de topónimo Mazarefes não
é fácil sem documentos na mão. Foram os fenícios ou os árabes que nos legaram
este topónimo? Seria dado o nome de Rio Mazar nesta zona ao rio Lima que
passava nesta terra que até poderia ter outro nome? Ou do linho, de água, do
Montezelo ou da Regadia ou da Conchada? Dark, Cabedelo, Conchada também estão
ligados a proximidades de água.Teria vindo assim mesmo do reino de Leão, ou
será composta? Não seria difícil inventar uma lenda agradável para nos
sugestionar bem sobre a origem do nome da nossa terra que amamos profundamente,
mas inventar não se pode. O que significa isto, são mais umas hipóteses que só
servem de reflexão. Uma coisa é certa, há um documento do século IX, anterior à
nacionalidade, que fala das terras de Mazarefes,mas não se refere à origem do
topónimo.
Quero ver o
rosto de CRISTO
Mistério da Igreja
Todos queremos ver o Rosto de Cristo mas para a sua
visibilidade do mistério, há que entrar primeiramente no coração, chegar ao mistério
da Igreja-Comunhão, pois só aí o encontraremos.
A realidade da Igreja só é perceptível plenamente a
quem entra dentro deste mistério, desce ao mais profundo que há no coração da
Igreja.
De facto só quem entra é capaz de ver os sinais de
Cristo sacerdote, profeta e rei.
Tambem só vemos bem um vitral, a beleza das suas
cores, a sua beleza ou até defeito se o olharmos de dentro para fora, mas seja
como for “ o essencial é invisível aos olhos; só se vê bem com o coração”,
segundo diz o Principezinho de Saint Escupéry. O defeito que poderemos
encontrar é só o facto de não chegarmos nesta vida a descobrir esse mistério
que tanto ansiamos alcançar.
A Igreja apresenta um corpo formado por membros
diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; a Igreja tem
coração, um coração ardente de amor e só esse amor é capaz de fazer actuar os
membros do Corpo Místico, segundo S. Paulo, e se alguma vez esse Amor viesse a
ser extinguido, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires
a derramarem o seu sangue porque o Amor encerra em si todas as vocações. O Amor
é tudo e abrange todos os lugares e tempos, numa palavra: o Amor é eterno. Foi
este o pensamento de Santa Teresa da Menino Jesus quando chegou à conclusão que
tinha encontrado o seu lugar na Igreja que Deus lhe tinha dado, no coração da
Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será
realizado o meu sonho”.
A nossa Igreja é a Igreja do amor. “ Sem ele, Ela seria um corpo sem alma, um
esqueleto sem carne, uma instituição burocrática”, diz D. António Marto, Bispo
de Leiria-Fátima.
É esse Amor que vem do Alto que nos une porque habita
em nós e faz com que a nossa vida seja um constante palpitar desse coração do
Rosto de Cristo, divina-humano que de crucificado passou a ressuscitado, pois
como humano passou pela morte para nos garantir que, se com Ele vivermos,
também com Ele viveremos eternamente glorificados.
Caem os
sinos
Ontem eram as torres das Catedrais ou das Igrejas, sinais de referência, tanto
nas cidades, como nas aldeias, locais de encontro dos cidadãos. Às vezes no
adro da Igreja se resolviam muitos negócios e se decidiam sobre ajudas sociais
e organizações de festas, de arranjos de caminhos da terra, de limpezas de
lugares públicos, caminhos, ribeiros, problemas de águas, de ordenamentos do
território local, através de acordos, etc… Ainda em algumas freguesias era o
adro da igreja o sítio dos acordos e aparece noutras grndes e distantes da
igreja o lugar do Acordo,vezes significando problemas da população resolvidos.
Na povoação, os sinos tocavam a reunir. Picavam de
festa, repicavam, para anunciar festas de baptizados ou casamentos, ou davam
sinal da morte de alguém e tocavam, como que chorando com a dor e luto de quem
sofria… na separação. Chamavam para os actos do culto e tocavam pela manhã, ao
meio dia e à noite para a oração. Era tal o respeito que mesmo quem não
acreditasse ou rezasse, pelo menos, descobria-se, levantava-se . Hoje não são
os sinos, mas é a rádio e a televisão. São os meios informáticos, são os
jornais, as revistas e mesmo a Igreja tem de recorrer hoje a estes meios, caso
contrário, fica ultrapassada na sua missão.
Portanto o Papa Bento XVI tem razão quando apela ao uso destes meios na vida da
pastoral da Igreja.
A sociedade deve à religião muito da sua educação, do seu civismo, dos nossos
antepassados que agora com uma falsa ilusão de construir torres de Babel “ para
chegar ao céu” do materialismo, da ilusão, do prazer imediato, do lucro fácil,
de falsas felicidades ao ponto de acabarem em violências, faltas de respeito
pela própria vida, pela vida dos outros, muito longe da dignidade que os nossos
antepassados viveram e agora os desonramos a título que a nova tecnologia e a
ciência é tudo na vida do Homem, pondo de lado o sentido religioso do mesmo.
Temos que estar conscientes de que a vida tem de tomar outro rumo, caso
contrário é o homem que se destruirá a si mesmo, onde, só para esses, a morte é
o grande objectivo, seja de que modo for. Questiona-se por outro lado a falta
de respeito. No campo da cultura, o Professor e o Padre eram pessoas de
referência, depois o presidente da Junta e o Regedor. O campanário da Igreja é
substituído pela construção de Torres de habitação e outros são os interesses dos
que detêm o poder…
Hoje não existem pontos de referência o Presidente da
Junta é um funcionário do povo que é pago com os seus impostos, é o homem dos
favores com quem não interessa ter problemas e os regedores já acabaram. Aqui
está uma perigosa proximidade…
Quando há algum desacato é a GNR que se chama e chega
quando pode. Quanto ao professor, os alunos é que mandam dentro da Escola, em
muitas delas, depois os pais e o professor é a pessoa vítima de maus tratos por
palavras e obras.
O Padre pretende-se que seja silenciado, porque “não
há Deus” não há espaço para o religioso e os sinos que se calem para não
incomodar o ambiente porque basta o barulho dos que gostam de máquinas
aceleradas, dos foguetes… e companhia.
No entanto, há uma lei, mas que se aplica aqui ou
acolá conforme os gostos e as influências sociais.
Eu sou um diocesano que agradece
Quarenta anos de Diocese é motivo de gratidão. Aliás é
o nosso Bispo que quer que este ano seja vivido sob o Tema “Somos igreja que
agradece”.
Tenho de agradecer ao nosso bom Deus a vida que me deu
até hoje.
Na qualidade de cidadão deste mundo eu quero agradecer
primeiramente aos meus pais, aos meus irmãos, à minha família, aos meus
conterrâneos, à minha professora, aos meus párocos por me ajudarem a crescer, a
fazer-me homem, assim como a acalentar uma vontade, desde o baptismo da minha
irmã, em ser padre.
Na qualidade de Sacerdote agradeço ainda aos
seminários, aos professores e prefeitos, a todos os amigos que me ajudaram no
princípio a esquecer a família, para viver trimestre a trimestre, no Seminário
longe do contacto com a família que tanto me custou.
Aproveitava-me das férias para estar com a família e
com os amigos do tempo da Escola, contemporâneos, viver sempre com alegria e
criar actividades de férias ao agrado dos jovens da minha terra, embora às
vezes, contra regras importantes e superiores…
Agradeço agora ao Pe. Francisco Azevedo, pároco de
Balazar e a todos os fiéis quando me aceitaram como diácono, bem como ao Cónego
Constantino e aos utentes da Casa dos Rapazes de Viana, onde fui preceptor.
Depois de passar por aí, a todos, os que já faleceram
e foram muitos, aos habitantes das três Paróquias da Serra d’Arga, contando com
os de Dem, por lá me terem ajudado a realizar-me na vida pastoral. Terras onde
procurei arranjarem Ministros Extraordinários da Comunhão, dar formação mínima
e que faziam a celebração da Palavra no mês de Maria. Constituí as Comissões
Fabriqueiras com quem reuni, mês a mês, e em Dem, até um Conselho Paroquial da
Pastoral. Todos me ajudaram a crescer e a todos peço desculpa por alguma
rebeldia própria da minha idade, personalidade e caracter.
Por fim aos paroquianos da Nossa Senhora de Fátima
para onde vim, sem querer, contra vontade. Peço desculpa. Mas afinal
enfatizamos tanto por projecto de vida comunitária, que ainda aqui estou a
viver como uma família.
Fui sempre muito exigente e fizemos o trabalho que
está à vista, não só no aspecto social, como no Litúrgico, Catequético e
Evangelização.
A todos eu peço perdão por faltas próprias de quem é
homem a tentar ser um bom padre, um bom pai espiritual, um bom sacerdote nas
mãos de Deus. Afinal, sempre muito indigno! Disso peço desculpa e agradeço o
vosso perdão.
A Deus peço por todos os que ajudei e a quem não pude
dar as mãos e a quem estendi a mão e me aceitou.
Agradeço a Deus ainda, e a terminar, o dom do meu
sacerdócio e a minha ordenação em Julho de 1972, na Apúlia por D. Francisco
Maria da Silva e a todos os Bispos desta diocese de Viana, a todos os leigos da
Paróquia, ou não, com quem convivo e convivi, ou me ajudaram a chegar ao dia de
hoje, como padre, muito feliz apesar das dificuldades da minha saúde e da
Comunidade.
Agradeço, por fim, aos Bispos a começar por D.
Francisco Maria da Silva que me ordenou; ao D. Júlio Tavares Rebimbas que foi
num Domingo celebrar as missas das 4 paróquias na Serra e depois me retirou de
lá e me trouxe para onde eu não queria; ao D. Armindo Lopes Coelho que me
manifestou amizade concreta em actos e obras e senti-o mais numa hora má em que,sofendo,
muito forte o vi com lágrimas nos olhos em terra alemã, e fiquei muito preocupado, sem saber o que
fazer para o consolar, ou aliviar a dor, sentado num murete, até aliviar a sua
dor emotiva. Só houve uma coisa que não gostei: vou da aldeia para a cidade…;
ao D. José Augusto Pedreira que nem sempre estivemos de acordo, mas o
respeitei; ao D. Anacleto Cordeiro Oliveira que sempre me deu a mão na igreja
nova, como D. Armindo. Admiro que em ocasiões de festa não abandona o seu
rebanho e a sua missão de Crismar. A todos agradeço. Agradeço a compreensão
como pastores desta igreja de Viana e peço perdão pelas minhas rebeldias e
pelas minhas fragilidades.
Eu sou também igreja que agradece e mais uma vez
agradeço a todos que, ao longe ou perto, com mais ou menos intensidade, me
ajudaram a caminhar, em Comunidade, com as outras Comunidades na Igreja
Diocese, pela qual também dei muito trabalho pela sua criação, tendo sido
ameaçado por D. Francisco que mesmo sendo diácono não me ordenaria..
As Lírias do
Vinho
A flor da vinha não tem nome, como me
disseram que também se chamava chora. A videira dá flor e sem ela não há fruto,
as uvas das quais nos alimentamos e fazemos o vinho.
Ora o vinho, também, dá flor e tem nome,
isto é, quando o vinho começa a oxidar, a azedar, a envinagrar, à tona do
liquido de Baco aparece a flor a que chamam “Lírias”.
O vinho tem álcool e há-os de várias
qualidades e de vários níveis de graduações. Há álcool natural que é de vinho,
o vinícola, faz-se álcool por destilação e fermentação, com graduações mais
elevadas e fazem-se aguardentes de vinho, de frutas, de cereais, de vegetais
(cana de açúcar),”A cachaça não é água não” era vinho fraco feito no séc. XIX
com borra de vinho e a prova era sempre feito pelo espicho. As de graduação
mais elevada eram melhoradas em velhicidade em toneis...
Em cada terra havia um ou mais alambiques,
onde se faziam as destilações e as fermentações.
A aguardente envelhecida em cascos de
carvalho...
O vinho deixa a borra e o sarro.
Antigamente, da borra fazia-se aguardente e esta é um coalho em pó que fica no
fundo do recipiente, tonel, pipa (igual a 500 litros) ou pipo com menos de 500
litros e garrafões ou garrafas, ou recipientes mais usados há mais de 50 anos.
Hoje há outros recipientes também.
O sarro era o depósito que ficava agarrado
às aduelas dos toneis ou as leivas das pipas ou pipos e que, mais ou menos de
quatro em quatro anos, era retirado. Havia gente que andava de porta em porta a
comprar sarro.
O sarro era bom para o vinho novo, mas
quando fosse de muito tempo podia prejudicar o mesmo. O sarro era “ouro” e era
custoso tira-lo. O lavrador vendia-o bem vendido, servia para fazer álcool
etílico!...
Normalmente a aguardente era feita do
bagaço, isto é, da casca da uva. Daí lhe chamarem ainda nas aldeias “bagaço”
(do bago prensado) ou também “cachaça” ( talvez do cacho das uvas).
“Disseste que cachaça é agua,
Mas cachaça não é água não,
A cachaça vem do alambique,
E a água vem do ribeirão.”
As qualidades e o grau de álcool do vinho
são derivados da qualidade das uvas e do álcool onde eram colhidas, dos
terrenos, dos climas, etc... e do tratamento da videira ou químico como
leveduras mesmo depois de guardado nos respectivos recipientes na altura da sua
efervescência no lagar e incubação.
Quanto às espécies de vinho podemos dizer
que em Portugal, assim como há o alvarinho, único, há o vinho do Douro, o vinho
Maduro e o vinho Verde de todo o Minho e cada região tem a sua marca, precisamente,
devido ao tipo de castas, como ao local.
Já foi cultivado o morango tinto e branco.
Hoje acabou. Era o “vinho americano” que até era prejudicial à saúde segundo
alguns estudos há cerca de 45 anos atrás, quando se descobriu que era rico em
tanino e este é muito ofensivo ao cérebro.
Celebrar
o Natal
As
luzes, as músicas, o “pai natal”, fazer lista de amigos a presentear, procurar
melhores preços não é o fundamental para celebrar cristãmente o Natal.
Todos
os cristãos celebram o Natal. Antes do Natal temos o tempo do Advento:
liturgias próprias que ajudam a fazer uma preparação espiritual, uma elevação
de Alma para que o Natal não seja uma festa pagã, mas uma festa cristã.
Qualquer festa cristã exige mudança, sobretudo o Natal, a Páscoa, e o Pentecostes,
para não lembrar as festas em honra de Nª Srª, Mãe de Deus.
Preparar
o Natal deve ser todos os dias da nossa vida. Viver como se fosse Natal,
momentos de alegria, luz, paz, fraternidade e de família.
Hoje
o Natal está a ser muito pagão. É o abandono dos pais, dos avós sozinhos em
casa, para trocar por um outro natal de música, mesa de restaurante, por vezes,
a comer comida e bebidas pré-fabricadas até altas horas da noite. Há
concorrência, competição para ver qual a melhor cidade, isto é, a mais bonita
em músicas e iluminações inquestionavelmente belas e interpelativas que têm o
seu lugar. Depois os média com anúncios de toda a espécie para induzir as
pessoas ao consumismo, desprezando por completo o que o dia 25 de Dezembro
levou a celebrar o nascimento de um Menino que apareceria misteriosamente para
convidar à Paz, ao Amor, à Fraternidade, a viverem todos numa Felicidade, com
base na Vida do Amor, em que possamos viver num Paraíso (valores positivos,
fruto da Comunhão, da coesão e da paz e não no Inferno dos valores negativos e
obscuros, da guerra pela luta da materialidade para a qual todos somos
empurrados, pondo de lado o espiritual).
Aquele
que decide viver o Natal em oração, com a certeza de que o vive de um modo mais
santo, renovado e feliz, esse é cristão.
É
este o motivo da novena do menino que se faz nas Paróquias e a tradição que se
faz na Abelheira. São os jovens a organizar e em que os mais velhos
correspondem porque aproveitam para si e dão exemplo aos mais novos. É urgente
fomentar, neste Tempo do Advento, mais oração na família até para melhor
discernimento entre o material e o espiritual. Esta oração em família extravasa
as paredes de uma casa que deixará transparecer uma luz que começa a iluminar
para além das ditas paredes.
Por
fim os preparativos de presentear os pais, os filhos, o marido, a esposa, os
sobrinhos, os irmãos e avós; os preparativos até na decoração apropriada para a
ceia em família vêm completar a alegria que nasce de uma mudança porque no
coração há interpelação para que o mundo seja melhor.
Deste
modo a participação na missa do galo, ou nas missas do dia 25, para louvar a
Deus o Dom que nos dá e que faz com que haja melhoria espiritual na família e
esta a ser mais família e fazer com a família mais coexistência de uma família
global porque todos podem cantar “Nasceu-vos hoje o Salvador”.
Se
o Natal não nos convida à Comunhão, à atenção aos mais necessitados, a melhorar
as nossas relações com os outros, a ter um olhar próprio para os doentes é
porque não foi Natal, foi um dia de festa como os outros.
Missa do
Galo
A partir do
ano 330, a Igreja, em Roma começou a celebrar o nascimento de Jesus a 25 de
Dezembro. Era o dia do Solstício do Inverno romano.
Os pagãos
celebravam a festa do “Deus-Sol-Natalis Invictus”. Após a conversão de
Constantino ao cristianismo começou a substituir esta festa pagã de culto ao
Sol e ao Imperador, de acordo com a Igreja, a celebrar a Festa de Natal do Sol
da Justiça e de Luz do Mundo, Jesus Cristo.
A festa pagã
começava a 17 de Dezembro, as Saturnais e esta preparação começou a traduzir-se
pelo Tempo do Advento para preparar a Festa do Natal de Cristo.
A comunidade
de Jerusalém ia a Belém em Peregrinação para celebrar a Missa de Natal na
primeira vigília da noite dos Judeus, na hora do primeiro canto do galo.
Começou a ser celebrada em Roma no século V, na Basílica de Santa Maria Maior.
O galo anuncia o nascer do sol. Com o seu canto e, por isso, este animal passou
a simbolizar a vigilância, fidelidade e testemunho cristão.
É por esse
motivo que no século IX começou o galo a ser colocado no alto das Torres das
Igrejas.
Ainda hoje
encontramos torres de igrejas com o galo que, ao mesmo tempo, faz de
cata-vento.
A Missa do
Galo, hoje, celebra-se à meia-noite, depois da Ceia de Natal.
Natal no adro -- Natal na vida ! . . .
Muitos se acomodam a ver o Menino Jesus no berço e
ficam por aí... como fosse tão natural como hoje muitas crianças nascem nas
valetas das estradas, nos sanitários públicos e abandonadas.
Jesus não estava abandonado!... e percorreu uma vida
normal até à sua vida pública. Anunciou a Boa Nova e deu testemunho do Pai.
Mostrou-nos o verdadeiro mandamento do Pai, que era Servir a humanidade
dando-lhe a salvação.
Não basta, por isso, ficarmos a contemplar o Jesus no
Presépio, se o esquecemos depois na nossa vida particular e comunitária!...
“Natal no Adro” levado a efeito pelo grupo do nono ano
da actequese e pelos escuteiros, na Igreja de Nª Senhora de Fátima, deve
levar-nos a recusar uma vida egoísta a pensar só em nós, mas nos outros,
colocando-nos ao seu serviço. Jesus veio para servir e não para ser servido.
Temos que recusar tudo o que é obstáculo a este serviço aos outros, à nossa
comodidade, à Igreja se, de facto, somos de Cristo. Contemplemos a Cristo
glorificado que para tal, foi concebido como qualquer um de nós, nasceu e
morreu, e da morte de Jesus, como grão de trigo lançado à terra, chegou a
Salvação à Humanidade.
Peçamos a Jesus, nascido por amor, que nos faça sentir
como é desumano fazer mal aos outros, passar à frente deles, usá-los,
explorá-los e deixá-los morrer à fome, ao frio ou, na guerra, e desesperados...
Que o Senhor Jesus nos ensine e nos ilumine para estarmos
vigilantes, que o nosso coração se abra ao amor... e não às injustiças, à
exploração, exclusão...etc.
Desinstála-nos no Senhor, meu Deus. Desperta-nos para
um Natal diferente - o teu Natal.
Dar voz aos
pobres
A comissão Nacional “Justiça e Paz” convida
as comunidades cristãs, neste tempo de Quaresma, a escutar o clamor dos pobres.
Esta escuta implica Uma Mudança de
preconceitos e conceitos sobre a verdadeira realidade da pobreza de hoje. São
vários, os rostos da pobreza. Aquela que é contabilizada é a possível, porque
há números que não entram nessa estatística dos 20% da população pobre. Falta
acrescentar a pobreza envergonhada, a escondida e não declarada em relação às
crianças, aos jovens, aos idosos...
Este problema da pobreza em Portugal, não é
um problema de hoje, já é velho, mas tende a aumentar e esta comissão nacional
de Justiça e Paz alerta para a
corresponsabilidade social. Já não cabe
só aos políticos encontrar soluções para a sua erradicação, mas de sociedade em
geral. É necessário mobilizar as consciências no sentido de verem a pobreza
como uma situação intolerável à luz dos critérios éticos e dos direitos
fundamentais que pode trazer uma ameaça à democracia.
Gerar pois, uma solidariedade com a redução
da pobreza no mundo é urgente. Encobrir
ou não enfrentar este problema é uma violação dos direitos humanos e que
vai contra todos os princípios éticos cristãos, da doutrina, da tradição e do
património da Igreja, que sempre esteve atenta às necessidades dos outros.
Ninguém é pobre por querer, ninguém cria
vícios sem causas. A pobreza também gera pobreza e todos somos responsáveis por
essas causas. Bento XVI, na carta “Deus caritas est” diz que Jesus unifica –
fazendo deles um único preceito – o mandamento do amor a Deus como o do amor ao
próximo.
Toda a pessoa, desde a sua concepção até à
sua morte, tem direito à dignidade humana. Sendo assim é altura, é de aceitar e
anunciar que os pobres têm em comum a sua dignidade ofendida” humilhada,
insegura quanto ao futuro, perdida a autonomia na sua realização pessoal” e a
sensação sofrida de vitimas de exclusão ou injustiças sociais.
O Vaticano II, na gaudium et Spes, diz que
todos “têm obrigação de auxiliar os pobres e não apenas com os bens
supérfluos.”
Há critérios que teremos que abandonar como
a ideia de ter, de ter amais, de mudar esta sociedade de consumo para uma
sociedade com um estilo de vida mais sóbrio e solidário.
Bento XVI, na mesma carta “Deus caritas Est”
diz claramente “no seio das comunidades de crentes não deve haver uma forma de
pobreza tal que sejam negados a alguns os bens necessários para uma vida digna”
e já na encíclica, Spe Salvi, continua o Papa actual a afirmar que “a vida não
é um simples produto das leis e da casualidade da matéria, mas em tudo e,
contemporaneamente, acima de tudo há uma vontade pessoal, há um espirito que em
Jesus se revelou como Amor”.
A comissão Nacional “Justiça e Paz”
pretendeu nesta Quaresma trazer ao
decima a necessidade de abrir uma porta para a justiça e erradicação dos pobres. Não há “Páscoa sem Quaresma”, não
há Aleluia sem Sexta-feira Santa.
Dia das Petas
Há algumas explicações para o significado do dia 1 de
Abril, ser o dia das mentiras, das patranhas, das pulhas, das petas, o dia dos
loucos, “o peixe de Abril” (em Itália e em França), conforme os locais e as
regiões.
Há quem insista que a Igreja e a França têm muito a
ver com a sua origem.
Os Franceses celebravam, uma festa ao começar a
Primavera, de 22 de Março a terminar no dia 1 de Abril (o culminar da festa)
com o princípio do ano novo, no seu calendário antigo.
Era o primeiro dia do Ano para os franceses, o dia 1
de Abril.
Em 1564, depois da adopção do calendário gregoriano, o
rei de França (D. Carlos II ), determinou que o primeiro dia do ano seria o
primeiro de Janeiro.
Houve muita resistência em França e contra os
resistentes. os outros, no gozo, no dia 1 de Abril enviavam presentes
“envenenados”, brincadeiras, faziam convites ao engano. Era tudo falso. Eram
brincadeiras e o que acontecia pelo Carnaval, também ninguém levava a mal.
Foi assim que em quase todo o mundo se celebra este
dia, embora agora esteja a cair em desuso.
As “Favelas
Portuguesas”
Sou contra os Profetas da Desgraça. Sempre
fui optimista e cheio da esperança que salva, mas não é preciso ter grande
cabeça, ou sabedoria, para imaginar o que serão as nossas aldeias do interior e
até algumas vilas, num futuro não muito remoto.
Quando a
natalidade desce, a assistência à maternidade fica a 50Kms ou mais; o
desemprego aumenta, os salários não acompanham o custo de vida, as escolas
primárias fecham, os padres são escassos..., as aldeias tendem à desagregação.
Começa-lhes a faltar a identidade cultural e tudo é globalização. Quando
chegarmos aí, muitas aldeias estarão abandonadas, todos fugiram para a cidade
ou para o litoral, para mais perto do Oceano. Na última desgraça para se
atirarem ao mar.
Nas aldeias refugiar-se-ão os
criminosos.Escondidos por selvas aí manterão a sua favela onde ninguém entra
para não ser chumbado logo à primeira.
Não sei se a
política segue os melhores caminhos com a abertura dos “Centros Abortivos”, a
relativização da vida, com educação publica ao longe logo para os pequeninos, a
presença religiosa muito escassa por falta de padres, nenhum casal jovem na
idade fértil da vida poderá sentir-se animado a ter filhos que, segundo as
contas de um casal amigo, são precisos hoje 500€ por mês para cada filho e não
chega...
O estímulo oferecido pelo governo à
procriação não é incentivo capaz de responder socialmente às carências que
começam a sentir-se.
No meio de tudo isto salvar-nos-ão os
estrangeiros, sobretudo os africanos que tomarão lugar na selva onde por vias
de boas comunicações, boas estradas ou auto-estradas alguns mais capazes ainda
poderão apresentar a aldeia para casas de fins de semanas.
Mas até quando?
Não quero que me chamem profeta da desgraça,
mas não vejo com clareza à minha frente outra coisa. Não posso ter casa na
aldeia, filhos não os devo ter...tudo bem agora, mas o futuro como será?
Teremos duas classes, os poderosos, os
capitalistas, os políticos, os fiscais do poder e os miseráveis que morrerão de
fome ou se lançarão no crime à procura de sobrevivência e se esconderão na
selva, em aldeias que se riscaram do mapa ou se transformaram em autênticas
“favelas”.
É sofredor ver os mais pequenos afastados da
saúde, do trabalho, da educação e da religião. Num Estado dum país democrático
e livre devia dar-se para toda igualdade de oportunidades, mas verifica-se o
contrário.
Cada vez são maiores os impostos e maior o
número dos pobres, ao mesmo tempo que cresce a vida dos ricos e a divida do
Estado!...Quanto aos pobres cada vez mais pobres.
Os ricos vão
fazer mansões perto das praias, ou em lugares serenos, silenciosos…
“ Não se
mede o (Burro) pelas suas grandes orelhas!...”
Quando estás
doente dos ouvidos vais ao Otorrino. A palavra começa pelo radical “Oto” que,
em grego, quer dizer ouvido.. Para te observar os ouvidos o médico começa pelas
orelhas, a não ser que as tuas sejam mysotis, isto é, orelhas de rato. De facto
há orelhas pequenas, grandes e normais. Esta palavra orelha faz parte do
ouvido. É um pavilhão e vem de aus que quer dizer “percepção”. No latim deu
“auris” e no diminuitivo “auricula” e “oricla”
dando origem à nossa orelha; onde se colocam os fones. chamamos auriculares
aos aparelhos do som.
As orelhas
pequenas tanto podem existir em cabeças grandes, como em cabeças pequenas,
assim como o contrário.
As orelhas
são pavilhões, espécie de conchas que têm uma finalidade muito própria de
captar a localização da fonte da missão dos sons, o que facilita tanto a caça,
como a fuga, o poder de se relacionar com os outros com palavras.
Orelha vem
do latim “auris”, auricular orelha e o brinco que as Senhoras trazem na orelha
vem do latim também da palavra “vinculum”, vínculo por ser um objecto unido,
ligado, pendente da orelha da mulher. Ula é também o diminutivo de orelha
(orelha pequena).
Não é a
parte fundamental dos ouvidos, mas um acessório que, sem ele, a pessoa não pode
ouvir bem e ficar confuso com os sons. O ouvido médio e o interno são onde os
sons se tornam perceptíveis e o cérebro os analisa.
Há também
aquele que pode ter as orelhas grandes (ca. ba. no.) conhecidos por cabanos,
isto é, orelha de abano, que abana… Há a orelha pontiaguda. A orelha grande é
sinal de longevidade, orelha pequena é sinal de anão; mas orelha pequena em
cabeça grande pode ser corrigida. A Girafa com a língua limpa as orelhas!...
A posição
das orelhas também tem a sua graça. Há os que têm o pavilhão do ouvido quase
encostado aos ossos temporais do crânio, há os que os têm mais afastados e há
os que têm fortemente voltadas para a frente, normalmente são os tais abanos.
A
arquitectura da orelha, como o pavilhão externo é muito importante, é a orelha
chamariz, isto é, a orelha perfeita no sítio perfeito. De um modo geral, a
orelha é composta pelo lóbulo externo e interno seguindo-se o canal auditivo
até ao tímpano.
A orelha
maior é a telefónica porque é a orelha pública.
Há orelhas
até 12cm de altura e 7cm de largura.
Dobre a
orelha e forme um boneco. Normalmente as orelhas são simétricas, mas há as que
não são de nascença ou por acidente. É bom que, por vezes, nos riamos até às
orelhas, isto é, de orelha a orelha. Isto é, “ bom rir” que dizem que faz bem à
saúde.
Defeitos de
nascença podem ser corrigidos.
Já o leitor
está a pensar nas suas orelhas e é bom lembrar-se das orelhas das capas dos
livros, do aro das orelhas, do pêlo e da penugem que temos dentro do ouvido
externo que fica para cá do tímpano, assim como perto do tímpano há a cera ou
cerume (tatu), isto para evitar que bichinhos entrem e cheguem ao tímpano que o
podem ferir ou furar. Como quando há cerume que em excesso, é preciso retirá-lo
com cuidado porque ao tocar no tímpano que pode perfurar e perder o ouvido.
Este trabalho deve ser feito por enfermeiro ou médico.
O polvo tem
orelhas? Há várias espécies de orelhas não só nos animais, como nos humanos. Já
observaram as orelhas dos morcegos? Há orelhas voltadas para trás para fugir
aos perseguidores.
Puxar as
orelhas às crianças ou levar alguém pelas orelhas é selvejaria...Às crianças,
umas palmadas suaves, onde as costas têm outro nome, na hora certa, é talvez
muito acertado pelo pai ou pela mãe.
As orelhas,
nos humanos, não se mexem, mas tal como nos outros animais há pessoas que
conseguem mexer de forma perceptível as orelhas.
Também há
olheiras a que, alguns sítios chamam orelheias, por baixo dos olhos, às vezes,
como sinal de algo e há outras que sabem muito bem na culinária e sobretudo no
nosso “cozido à portuguesa”...
Bom, já fica
com a pulga atrás da orelha ou fica com a orelha em pé. Uma coisa boa é “de
trás da orelha.”
Nas
ordenações Afonsinas, aos ladrões eram-lhes cortadas a orelha ou as orelhas.
O pé da
orelha está nos temporais do crânio. Baixar a orelha é muito bonito quando o superior
bem mandou ou bem justificou… O perfume é de raiz latina “per” e “fumar”. Na
época clássica colocava-se perfume por trás das orelhas.
Ler, pensar,
entender e fazer é aprender.
Então
continue a ler.
Andam para
aí alguns a dizer que o nosso corpo está todo ele referenciado nas orelhas.
Olhe bem para uma orelha e para um feto humano. Que viu?
A nossa
orelha, ao contrário, tem a forma do feto humano e procuram tratar doenças
através das orelhas.
Em latim, já
disse de onde veio o nome, mas aqui há muita confusão e origens obscuras porque
nem sempre se chamou orelha ao pavilhão externo, mas ouvido. Em francês é
oreille; em italiano é orecchio; em espanhol é oreja; em inglês ear; orh em
alemão; oor é holandês...
Tenha
cuidado que as paredes têm ouvidos…, mas não dê ouvidos a bonecos e procure ter sempre um ouvido bem apurado e
eduque-o para a música.
Os Arciprestes de Viana do Castelo
Alguns dados que se registam para o historial deste
arciprestado de Viana do Castelo desde o século XIX. Quem quiser e pedir
autorização pode fazer história do arciprestes de Viana também nestes 750 anos
da cidade.
Existem
7 livros de actas do Arciprestado de Viana desde 15 de Fevereiro de 1878: de 15
de Fevereiro de 1878 a 1/Julho de 1902; de 1/Agosto de 1902 a 10/Maio de 1940;
de 15/Junho de 1916 a 30/Julho de 1929;de 13/Novembro de 1951 a 9/Março de
1961; de 20/Abril de 1961 a 14/Fevereiro de 1966; de 20 de Janeiro de 1967 a
20/Março de 1979; de 25/Abril de 1979 a 21/Dezembro de 1982 e os actuais.
ARCIPRESTES de Viana do Castelo: P.e
Manuel da Silva Viana, 15 de Fevereiro de 1878; P.e António José Quesado
Júnior, 16 de Fevereiro de 1906; Mons. José Gonçalves Corucho, 29 de Abril de
1952; Cónego Manuel Martins Cepa, 26 de Janeiro de 1961; Mons. Daniel José
Machado, 20 de Janeiro de 1967; P.e Sebastião Pires Ferreira,19 de Dezembro de
1978; P.e Artur Rodrigues Coutinho,16 de Fevereiro de 1980; P.e José Vaz
Saleiro de Abreu, 16 de Fevereiro de 1985; P.e José Fernandes Moreno do
Couto,13 de Janeiro de 1991; P.e Dr.Armando Rodrigues Dias, 30 de Dezembro de
2005 até Fevereiro se 2017; Padre Nuno Maria Martins dos Reis Santos em
exercício.
Secretários:
P.e Francisco Pereira de Castro e Silva , 15 de Fevereiro de 1878; P.e José António
Pereira de Carvalho, 1 de Maio de 1880; P.e António Lopes de Faria 1 de Fevereiro de 1883; P.e José Gomes da
Costa, 1 de Julho de 1889; P.e Matias da Costa Branco, 16 de Fevereiro de 1906;
P.e José Gonçalves Corucho, 31 de
Dezembro de 1928; P.e Daniel José Machado, 13 de Novembro de 1951; P.e Manuel
Correia Quintas,20 de Janeiro de 1967; P.e António Eugénio Fernandes Dias, 16
de Janeiro de 1979; P.e José Gonçalves Rodrigues, 16 de Março de 1982; P.e
Dr.António Jorge da Torre; Mons. Manuel José da Costa Azevedo Vilar e P.e Dr.
Domingos Loureço Vieira e outros já passaram até ao actual. Fevereiro 2009
Tratar
do corpo e tratar da alma
Tratar
do corpo para se apresentar. Quem acolhe está longe com a alegria, está longe
de acolher com amor. É que corpo sem alma é morto. Um morto a falar e a rir e a
dizer palavras bonitas. Se não dermos alma ao nosso falar, ao nosso rir e às
nossas palavras, o acolhimento está longe de ser um bom saber acolher.
Depressa
o acolhimento descobre que não pode acreditar.
Ouve-se
dizer que os olhos são o espelho da alma e é verdade porque nós falamos mais
com os olhos do que com a boca, mesmo quando as palavras que dizemos venham do
coração, mas de um coração de carne e não de um coração com espírito, com alma.
Os psicólogos gostam muito de observar o nosso olhar quando falamos. Por isso,
se diz que os olhos são o espelho da verdade, da ternura, da bondade, do bem e
da compaixão.
É
claro que não há regra sem excepção, mas necessitamos de fazer passar a nossa
espiritualidade pelo nosso todo, sobretudo, pelos olhos. Se alguém nos acolheu
nessa cidade, diz Mateus, palavras que ouvi-a a Jesus: Sacudi a poeira dos
próprios pés. A primeira reacção para um desconhecido pode não ser sempre a
melhor como Lucas no
evangelho
se refere, mas pela nossa perseverança acabará por responder ao vosso apelo.
Acolhei-os no vosso coração recomenda S. Paulo.
Se
alguém não vos acolher, não fique, contudo, no vosso coração rancor. Procurai
que o diálogo não se apague. Se assim o fizermos, fazemo-lo porque todos somos
filhos de Deus e “Deus é Amor” e “Acolher bem é Amor de Deus”.
Quando
começamos a tratar da saúde, começamos a tratar da alma.
Ao
mesmo tempo, isso ajudar-nos-á ajudar alguém, a pegar na mala, a dar a mão a
uma criança ou um idoso que atravessa a rua.
Dê
a alguém que precise de comida. Faça
conexões rápidas com os outros. Peça ajuda. Seja grande ou seja pequena. Não se
esqueça de elogiar e de ver os elogios que outros fazem a seu respeito. Daí
poderá tirar algumas medições do seu Amor, alterne a emoção com a razão.
Vai ver que consegue Amar.
O Nariz
Uma palavra
ancestral “NE” (Kauplanês) deu a linda palavra de Le nez (Francês), nas/nás
(língua antiga do Nepal ou da India que teria dado nasus (Latim), nase
(Alemão), nose (Inglês), naise (Dinamarquês), tin (ancestral Sul da América)
rakin (de Maput), naso (Italiano), neus (Holandês), nos (Eslovénio), nhe
(ancestral América) ombo, talvez porque
o primeiro murro para outro se defender é no nariz do inimigo em Maiano, nariso
(Moldavo), nas (Romeno), nic
(Ucraniano), nas diversas línguas,ETC…
Por princípio
parece um apêndice, algo que está a mais no rosto, mas se tirarmos o nariz lá
se vai a beleza um dos sinais mais característicos da nossa identidade, que só
nos lembramos dele quando estamos constipados, engripados porque temos de
assoar, muitas vezes, o monco, o ranho, ou limpar o muco nasal quando é mais
fluído.
Para alguns,
o que mais chama a atenção no rosto de alguém é o nariz. Daí que os
caricaturistas explorem muito as feições deste “apêndice”. Claro que há narizes
mais belos e menos belos. Ele é sempre a parte central do nosso rosto. Uma
ocasião vi uma pessoa desnarigada, e não disse nada, mas fiquei tão triste
porque o rosto ficou tão feio. Bem precisava de um nariz de cera ou de
selicone.
O nariz tem
muita importância, não só como enfeite do nosso rosto, como também como peça
importante na nossa autonomia com objectivos bem definidos como o cheiro, ou
olfacto, como também para descarregar o ranho ou o monco. Recorda-me de nas
Aldeias antigamente não havia lenço para assoar o nariz e então tapavam uma
narina e descarregavam a outra e vice – versa para o chão. Quando se espirrava
isso era só amparado pelos dedos das mãos, enquanto deixavam fugir
estrondosamente a bomba de muco também para o chão.
Quanto ao
nariz muito há que dizer: há-o caprichado, há-o arrebitado ou empinado, ponte -
agudo, travesso, doce e frágil e por aí fora...
Há quem
chame a algumas pessoas o narigueta, o nariganga, o narizudo ou narigudo.
Os da raça
negra normalmente têm-no esborrachado.
Há o que
está com os “ narizes” isto é, não de mau humor.
Quando a
nossa mãe nos apresentou um acessório tão branco, um lenço para aí embrulharmos
o nariz e aí pudéssemos limpar o pingo é que descobrimos que tínhamos colado, a
dividir a nossa face, entre os olhos tão bonitos, o nariz. Só quando chegamos à
escola a professora procurou mostrar que tinha uma função muito importante,
para além daquilo que já disse. Ele tem pêlos e servem para filtrar a poeira
para que esta não vá prejudicar os pulmões. Já dizia Bocage: “Nariz, nariz que
Milton não quis/ descrever a diagonal/ nariz de nossa infernal/ que, se
colocado entre o Sol e a Terra/ daria eclipse total!”.
Dentro do
nariz há a ranheta ou a “caca” que escorre quando se toma banho. O ranho,
monco, meleca (hptps//super:Abril.com.br) tem nutrientes que se podem colar nos
dentes e líquido salgado. Se é um nariz arrebitado, retardado, ranhoso,
nojento, muito cabeludo por dentro com os pelos a saírem pelas narinas a fazer
de bigodeira a cheirar a vinho, machucado, mostra às vezes que tiras a “caca” à
unha, ou fazes bolinhas se não tiveres nariz de palhaço. Cada um é senhor do
seu nariz, mas cuidado, é melhor não meter o nariz onde não é chamado, isto é,
no trabalho ou na vida dos outros.
O nariz é
incómodo, ás vezes, pode-nos deixar ficar mal, com lenço ou sem lenço, e outras
vezes também é inconveniente porque há odores cujo olfacto dum nariz apurado
logo fica rezingão e mal humorado. É por isso que, às vezes, sabe bem ter nariz
e apesar de ser pessoa com nariz com todas as suas funções activas e eficientes,
apetecia não o ter, embora, como já vimos, enfeita o nosso visual. Cada um é
singular no seu nariz e senhor dele, mas não está livre de levar um murro como
se de um bombo se tratasse. Também o levar nas fuças quer dizer levar na cara,
nas ventas ou no nariz. Não sei se fuças terão a ver com as fossas nasais. No
tecto das fossas existem células onde está a antecâmera do olfacto que levam as
pessoas a terem o poder do odor. Das narinas até à faringe há uma corrente de
vasos sanguíneos que fazem aquecer o ar que vai, para os pulmões e humedece as
fossas nasais asssim como os pêlos têm o mesmo efeito. Não há coisa tão
querida, nem tão apetecida como o nariz. Não é também aborrecido acordar de
noite, sobretudo, numa noite de frio a respirar pela boca? É que só ele é que
fica descoberto da roupa que usamos na cama. É sempre o desgraçado, seja
Inverno seja Verão.
Segundo o
autor Frederico Agustóni, nas ventas está o nariz, onde todos podemos “levar
nas ventas” por isso ele se agarra ao dicionário de Aurélio que diz: nariz vem
do Latim naricae ”(Naricae naricae!, rogai por nós!).” O mundo nem sempre é
inodoro, por isso tape o nariz e quando tiver de o tapar deixe o dedo de lado
não o ponha dentro do nariz.
Use o lenço
mas não puxe demais porque se “trata de um apêndice” não vá ele ficar agarrado
ao lenço no meio dos moncos. Cuide do seu nariz para não andar com ele á banda
e não o deixar ficar mal.
Um conselho:
não enfie o nariz na vida alheia para se tornar uma pessoa engraçada porque se
lhe forem às fuças podem-lhe partir o nariz que na base tem osso, e depois tem
cartilagens e pode ficar desengraçado, ou de nariz ao lado…
Para Curioso
A língua
teve uma origem comum.”A Torre de Babel”, segundo o relato bíblico, em que os
homens pensavam chegar a Deus, deu origem a várias línguas.
A propósito, anote como curiosidade, que a
noite está nos oito e o oito está na noite. Não tem nada a ver com a magia do
nº 8 para Viana do Castelo, ao que se referia no “Aurora do Lima o meu amigo
António Carvalho. Um artigo muito interessante e que gostei da investigação
curiosa. No entanto, veja que nas línguas mais próximas e das mais faladas no
mundo o que acontece a propósito do oito e da noite.
Os oitos arabes que utilizamos escrevem-se
com duas circunferências, uma sobre a outra, dando a ideia de perfeição,
equilíbrio. A noite é procurada pelos artistas, pelos poetas por causa do
silêncio, da concentração. (O sono traz uma concentração inconsciente e um
arrumar de coisas do dia. A noite é para isso, descanso das vivências do dia e
arrumo da consciência à boite..
Foi numa
ocasião
Que ouvi o
telefone a chamar.
Logo fui ver
então
Quem me
queria falar.
Era um meu
amigo
De há muito
tempo passado,
Que algo
tinha consigo
No coração
atrancado.
Era uma
novidade
Do tempo da
sua infância,
Formada pela
saudade
De quando
era criança.
Algo me
queria dizer:
Ainda tinha
esperança,
De poder
voltar a ver
Companheiros
da sua infância.
-
Para já não estás enganado
Porque um já o encontraste.
Sou eu um deles por acaso,
Desses que agora falaste.
Agora vamos procurar
Que algum mais vai aparecer.
Nós temos de o encontrar
Esteja ele onde estiver.
O telefone é
para se usar
Porque é a
sua função.
E ninguém
vai estranhar
Se lhe pedir
uma informação.
E já temos
uma prova
De mais um
amigo encontrar.
Mora em S.
Pedro da Cova,
No concelho
de Gondomar.
É o Senhor
António Dias,
Do tempo da
nossa escola
Qu’a bem das
suas economias
Foi ter a S.
Pedro da Cova.
É um grande
nosso amigo,
Merece um
grande abraço.
Nasceu no
Lugar de Lourido
Freguesia de
Godinhaços.
Tudo nos
pode acontecer
No mundo,
não importa a quem.
Mas o nosso
prazer,
É que tudo
lhe corra bem;
E aos filhos
dos seus filhos,
E aos seus bisnetos também
Capela de S. Simão
S. Simão da Junqueira de Mazarefes era inicialmente o
nome cristão desta terra implantada na margem esquerda do Lima, confrontado do
poente com Darque, do sul com Vila Fria e do nascente com Vila Franca. Assim se
chamava no século.X. Esta designação lembra-nos, como aliás é tradicional
dizer-se na terra que a população desta freguesia era ribeirinha, condensava-se
na veiga do mesmo nome, Veiga de S. Simão, pela existência da Igreja paroquial
no centro da mesma.
A seis quilómetros aproximadamente da capela de S.
Lourenço, no Cais Novo, em frente à Vila de Viana e não muito longe da Capela
da Senhora das Oliveiras, na Areia, e mais próxima da Capela de S. Brás, em
Darque fica a referida Capela..
Esta igreja paroquial, também pela tradição que chegou
até nós, de que o abade António de Matos escreveu, não seria um grande templo,
mas o suficiente para servir a população local. O local onde a Capela se situa
hoje, construída em meados do século XIX, seria ali sobre os escombros da
implantação da igreja paroquial sob a
invocação de S. Simão, padroeiro da terra. No entanto, como já referi noutro
apontamento, a população, devido ao assoreamento do rio Lima, foi-se mudando
para a parte mais alta, a partir do lugar de Gavindos, e ter-se-á estendido
pelo lugar da Regadia, de Ferrais, da Conchada e do Monte.
Por esse motivo a Igreja foi ficando isolada,
solitária e ao abandono porque ficava longe. Os cristãos teriam outras
alternativas como a capela da Senhora dos Prazeres, hoje Capela de Nª. Srª. das
Boas Novas e a Igreja do convento beneditino existente no lugar de Ferrais.
Não é difícil antever o desmoronamento completo da
referida igreja, embora no século XIX ainda fossem evidentes as suas ruínas.
Pelo que, pela acção de o padre natural da terra, José Rodrigues Coutinho foi
construída
sobre essas
ruínas a capela que ainda hoje podemos admirar.
Lá permanece a manter a memória colectiva de um povo nómada porque
deixou de viver onde primitivamente se estabeleceu para fugir mais para sul e
para o alto...
Ao fazermos uma visita a esta capela observamos que se
encontra de facto construída numa curta e abrupta elevação de terreno, junto a
um afluente do rio Lima a que vulgarmente lhe chamam “o esteiro de S. Simão” e
que lhe passa no sentido de noroeste para nordeste. É notório para um espírito
um pouco observador que, na base das muralhas construídas como suporte do
referido terreno, se vêem com clara evidência, pedras e pedaços de pedra
trabalhadas, pedaços de colunas, tranqueiro, lagedo que facilmente nos ajudam a
perceber que esta espalhados pela veiga que a população chegou a ser bem civilizada..
Também consta na tradição que na capela da Senhora das
Boas Novas foi aplicada muita pedra que veio dessa igreja, assim como pedra
para esta capela, quando foi construída, veio da Casa dos Melos de Vila Franca,
junto ao...., um pouco mais para nordeste... Por esse motivo, sobre a pedra do
entravamento cimeiro da porta e pelo lado de dentro, lê-se algo que também já
referi: “Esta sala a mandou fazer (...) e sua mulher...).
Continua esta capela branquinha, de pequenas
dimensões, muito simples, quase sem arte, a ser memória de uma fé que já não é
muito vivida na devoção a S. Simão, embora a 15 de Agosto se realizam aqui
grandes festejos. Grande acção desenvolvida para manter este documento
preservado, quase como símbolo da união de Mazarefes da antiguidade, com
Mazarefes da modernidade. São os mais novos, os jovens que, naturalmente com o
apoio de toda a freguesia, fazem os festejos com grande animação. Nesta acção
podemos recordar do nosso tempo os “galhopas” que durante muito tempo
conduziram as operações. Mais tarde, um homem natural de Vila Franca, e casado
com Emília Coutinho, irmã de Monsenhor Vaz Coutinho, muitos que estava va há
muitos anos ausente em Moçambique. Quando que regressou a Portugal com a
família, estabelecendo-se em Lisboa, mais concretamente em Almada. Procurou dar
novo empurrão para que esta capela não entrasse, de novo, em ruínas. Foi
Casimiro Araújo, pai de duas meninas...
Apesar da pobreza desta Capela, agora não brilha tanto
no meio da veiga porque os olmos lhe fazem um pouco de sombra e a escondem, os
de Mazarefes, quando pensam no passado, na história, na sua origem, ainda olham
com saudade para a Capela de S. Simão e todos apontam: “a nossa terra nasceu
ali, isto é, a nossa comunidade, este povo, nasceu junto ao rio e teve S. Simão
como seu patrono”.
Alminhas
É
vulgar aparecer uma cruz com flores ou sem elas aparecer em todo o mundo, em
locais onde houve mortes, acidentes ou crimes…tragédias…
Em
Portugal e não só, a partir do século XVIII, aparecem as alminhas, especialmente
junto de cruzamentos ou entroncamentos de estradas ou caminhos, nas aldeias ou
nas cidades.
Uns
mais elaborados do que outros.
Parece
que esta cultural popular é única no Mundo, e só existe em Portugal, segundo o
historiador António Matias Coelho. Não é bem assim. Já vi e tenho registos do
sul de Itália onde é muito frequente, na Alemanha, Bélgica, Espanha e em outros
países de raiz católica ou não, agora não me lembra. Estar à procura desses
meus registos é complicado. Houve talvez os que se varreram da memória digital
ou engolidos por algum vírus repelente. Os que encontrei publico-os…
Esta
é uma manifestação de religiosidade popular à volta da morte.
Às vezes aparece este
pedido:
“Ó
VÓS QUE IDES PASSANDO
LEMBRAI-VOS DE NÓS,
QUE ESTAMOS PENANDO.”
Ora
algumas “Alminhas” são verdadeiros monumentos arquitectónicos populares,
fazendo parte do nosso património.
Há
capelas, nichos, padrões isolados ou em paredes junto de casas ou muros de
quintais e, sobretudo, junto de cruzamentos de atalhos, caminhos, ou mesmo
ruas.
Em
Dem, assim se traduzia que qualquer lavrador que passasse com um carro de milho
para desfolhar em casa, deixava em cada nicho ou numa capelinha da Casa da
Cerejeira de Cima, por exemplo, umas espigas. Outros deitavam esmolas em dinheiro
e o proprietário das “Alminhas” colhia e entregava o dinheiro para mandar
celebrar missas pelas Almas do Purgatório.
Também
era vulgar deixar flores, ou acender velinhas, ou deixar lamparinas de azeite,
ou ao passar à sua frente os homens tiravam o chapéu e as senhoras benziam-se e
rezavam. Nos funerais, o cortejo fúnebre parava e o sacerdote era obrigado a
rezar um responso pela alminha do cadáver que ia no féretro. Este último
pormenor era obrigação popular determinante para a salvação do falecido que
tinha de percorrer o caminho que sempre fazia de casa para a Igreja. Em algumas
aldeias era necessário carregar às costas o féretro, ou usar uma padiola ou
utilizar o carro de bois, mas este era menos usual.
Segundo
um historiador da Chamusca citado atrás, ninguém pode ignorar este património e
por mais laico que seja o Estado, devia fazer um registo de todas as alminhas,
algum historial de localização deste património.
Esta
tendência, segundo o mesmo autor, vem já dos gregos e dos romanos, eu diria mesmo
que vem já dos Celtas, pois a um canto dos cruzamentos os celtas punham
fogueirinhas, luzeiros, para as “almas penadas” (que andavam de noite) não se
perderem.
No
entanto, a civilização grega e romana também colocava em locais de catástrofes,
ou mortes acidentais ou criminosas um símbolo pagão que os cristãos
substituíram por cruzes, cruzeiros ou outros símbolos que marcavam o lugar com
reverência e respeito cristão.
No
nascer e no morrer todos somos iguais. Nascemos nus e morremos como nus
ficássemos de todo o bem material, até da roupa pode acontecer.
Em
algumas religiões, o corpo cadáver é envolvido num lençol e enterrado.
Quando
nascemos alguém nos aconchega, mas na morte, todos, pobres e ricos fogem de nós
porque entramos em putrefacção e começamos a cheirar mal podemos ser um perigo
para a saúde público. Há que enterrar ou queimar. Já não se levam para o monte
para alimentar os abutres. Aqui, também tanto vale ser pobre como rico, todos
somos iguais e nem os ricos levam bolsos nas mortalhas, ou se levam fato os
bolsos vão vazios a menos que, por engano, levem algum tesouro.
Nas
alminhas que vemos pintadas ou esculpidas nos caminhos, ou nos altares de
igrejas, figuras curvadas ou de pé com mãos erguidas ao Pai eterno, a nossa
senhora e no meio das almas aparecem bispos, frades, famílias poderosas que vem
corroborar aquilo que ficou dito: na morte não há rico nem pobre, somos iguais.
Segundo
o dicionário, alminha é uma alma pequena. Alminhas no plural, referimo-nos,
sobretudo, aos monumentos que encontramos nos caminhos ou nos altares das
igrejas e capelas com um recipiente para esmolas. No entanto, alma é ar, sopro,
respiração, princípio vital e religiosamente é a parte mortal do ser humano, é
pessoa, indivíduo, índole, vida consciência, espírito, essência, fundamento,
centro de gravitação.
Hoje
este património material e imaterial está desacautelado, muitos estão
abandonados, cobertos de silvas, destruídos por vandalismo, o que representa o
deixar de ter significado o passado o vivermos uma cultura vandalizada por um
novo tipo de paganismo, de uma vida sem Deus e de desprezo por todo o passado
que fez a história do que hoje somos…
Celebrar
o Natal
INQUÉRITO
Nota
final:
Um
caso ou outro que respondeu “Não” disse que a Paróquia é pequena e pobre. Os
que disseram “Sim” dizem que “… a população cresceu e o número de habitações
também. O pároco tem de dar muita assistência espiritual a esta zona da
cidade.”. A Paróquia era uma vontade generalizada e o exercício do pároco como
professor teve várias respostas das quais se destacam: O Pároco não deve viver
das esmolas dos paroquianos. Deve ter um digno sustento. Alguns declaram não
ter possibilidades de pagar a Côngrua entre os que não declararam valores.
Entre os
que
declararam valores da Côngrua alguns disseram que a Paróquia o ocupa extensiva
e intensamente no dia-a-dia, por isso não se podem disponibilizar a dar aulas.
A Paróquia é uma necessidade para poder sentir e viver com o pároco em
comunidade serem assistidos, ensinados e olhar pelos mais pobres.
No
entanto, em 1976 prometeram um vencimento paroquial ao pároco no valor anual de
64.415$00, o que daria em 12 meses 5.368$00 e de 14 meses (férias e 13º mês)
4.601$00.
Nos
anos anteriores, em 1973 o pároco recolheu no ano 34.435$00; em 1974 foi de
37.060$00 e em 1975 então atingiu 45.680$00.
Em
18/06/1971 a promessa foi uma anuidade de 64.415$00. Em 1976 com 670 respostas
Casa dos Claras
Foi conhecida pela Casa da Clara, a única mulher de
nome Clara residente no seu tempo na terra e, por esse motivo ter dado o nome à
Casa. Depois, tendo casado e sido mãe de dois filhos varões com uma filha pelo
meio, veio o nome no plural “A Casa dos Claras” porque hoje é conhecida.
Esta casa situa-se junto à Rua Manuel Vaz Coutinho, um
antigo caminho que unia a Conchada, o Montzelo, a Repeidade, à igreja
paroquial, à Regadia e também a Vila Franca. A primitiva casa ficava mais
dentro do terreno e deveria ter surgido nos finais do séc. XVIII. Era
inicialmente muito pequena e térrea, mas no tempo de infância da Clara, nascida
em 1882, foi feita no actual local................................
A Clara casou com António Pereira de Vila Fria,
agricultor e construtor de vinhas com arame. Este casal teve 5 filhos: o José
que foi o primeiro e morreu criança; depois outro José que veio para o lugar do
primeiro, solteiro, e morreu entrado numa idade avançada; o António que casou
com Maria Vaz Coutinho, conhecida pela “Russa” , alcunha que herdou da mãe, e
pais de uma filha chamada Rosa que por sua vez casou com Vasco Bandeira e deram
ao mundo dois filhos, o António Alberto e o José Rui; a Maria que casou com o
José da Cunha Forte e foi mãe da Deolinda casada com um jovem chamado José (de
Alvarães); e o Manuel que casou com Maria Barreto e não tem filhos.
”O Sãa Miguel” – O São Miguel
Celebra-se o
dia do Arcanjo Miguel, Rafael e Gabriel, liturgicamente, no dia 29,
terça-feira. Escrevendo à moda do povo, este é o mês São Miguel (“Saamiguel”),
como o mês das colheitas e pelo S. Miguel supõe-se que estão feitas. É o caso
de pagar aos senhorios as rendas, as rasas de milho, os canecos do vinho,
acordados com o senhorio dos campos, das quintas, das propriedades e os
direitos de continuar ou não com os trabalhadores acordados nos campos
arrendados…
Era a
ocasião de levar vinho, feijão, milho, etc… ao pároco da terra, nas aldeias.
E até à
“lavagem dos cestos” as vindimas continuam. No fim tudo se lavava até ao
próximo ano, em relação ao vinho, ao lagar, as dornas, os cestos, as prensas,
etc…Junto ao lagar não faltava a tigela vidrada para ir vendo o gosto, a
qualidade e a cor do vinho…
Os terrenos
arrendados, os arrendatários eram avisados um mês antes que o arrendatário
precisava dele.
Por palavra
era o suficiente para, pelo S. Miguel, pagar e entregar a terra ao dono.
“Palavra de rei não volta atrás”.
O dia de
festa do Anjo S. Miguel era um bom dia para celebrar a festa das colheitas e
dar assim uma ocasião para reflexão sobre a santificação através do
trabalho no campo.
Nota:
Oia deve ter a ver com oiça, opia, opio, pia, ia, opa,
piano, Omã, guardiã, guardai, guarida, orago, orado, trago, ui, iança
(hebraico), árvore frondosa, oiro, ouro, ohio, oito, móis, moia, mia, mói,
sabia, nona, nora, noiva, no-ia, alhado, oleado, olhado, afiado, foliado,
caifira, friá, fiá, boiá, cantora, canto-ar, cantor, cantar, obvio, oiadê, ieu,
erô, segundo oyá uma deusa do rio Níger, o maior rio africano (in que tem um
delta com 9 braços), eró, oiré, boa, boar, e mais esta expressão indígena
brasileira “oia preu sôooo...”
Somos muito
mais do que Lusitanos e são muitos os povos que estão na origem dos
portugueses. Descubra os 17 povos que são os antepassados de Portugal.
Carta do
Pároco aos paroquianos
"Reine em
vossos corações a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um só
corpo.
E sede agradecidos" (Cl 3,15)
Meus
queridos paroquianos, paroquianas, amigos e amigas que connosco partilham e
celebram a mesma fé, graça e paz!
Há muitos séculos a Igreja, comunidade dos discípulos
de Jesus Cristo, se reúne no último dia do ano (31 de dezembro) para elevar
numa única voz um hino de agradecimento a Deus, por todas as graças recebidas
durante o ano.
Nós, paróquia do Menino Deus e Santo Antonio, temos
muito para agradecer. Entre as muitas graças, gostaria de destacar a
generosidade vivida como resposta aos vários apelos apresentados durante o ano:
construção do muro de arrimo da capela Santo Antonio; colaboração na
assistência aos mais necessitados; arrecadação de brinquedos para crianças mais
carentes; participação e colaboração ativas nas nossas festas patronais;
organização e participação das ações missionárias junto às famílias, nos
exercícios espirituais e na Novena de Natal; a fidelidade de cada movimento e
pastoral que alimentam o dinamismo da comunidade. Em 2014 celebramos os 45 anos
de criação da nossa paróquia - aniversário marcado pelas novas peças do
presbitério (altar, ambão, fonte batismal), pelo jantar italiano e pelo
lançamento do livro de receitas.
Por indicação do Papa Paulo VI, desde 1968, a Igreja
celebra o dia 10 de janeiro, como a Jornada da Paz, com o desejo e a prece de
que seja "a paz, com seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar a história
que está por desenvolver-se". No ano de 2015, a Igreja no Brasil rezará,
refletirá e buscará incrementar suas ações concretas para promover a paz como
um projeto amplo para superar as diferenças sociais em nosso país. E a nossa
comunidade se une a essa oração e empenho vividos como testemunho concreto do
evangelho, lembrando que a paz fundamental, que sustenta e promove a paz tão
desejada por todos, é aquela que Deus, em Jesus Cristo, por meio do Espírito
Santo, nos doa, irrigando nossos corações e mentes, dando sentido às nossas
vidas.
Maria, celebrada no dia 1º de janeiro como a Mãe do
Filho de Deus, nosso Salvador, é aquela presença amorosa e viva que, com seu
exemplo de fé, nos acompanha na corrida da vida.
A todos o meu agradecimento sincero pela colaboração.
Rezo ao Menino Deus que nos confirme na fé que recebemos e juntos professámos.
Peço também que em 2020 as graças de Deus sejam abundantes na vida de cada um.
De modo especial, intercedo pelos idosos, doentes, crianças e jovens.
As Quadras Populares
Está no sangue
deste nosso povo exprimir-se cantando. É o sangue celta que lhe corre nas
veias. Não vai longe o tempo em que os namorados faziam as suas declarações de
amor em quadras normalmente cantadas. Ouvia-se aos velhinhos contar coisas
destas e passavam a vida a cantar.
Não era só o
amor à moça ou ao moço, mas cantavam espontaneamente em quadras improvisadas as
paixões e os desencantos, a terra e o mar, as fontes e as águas, o trabalho e o
lazer e por aí fora sem esquecer o desafio e o conflito...
Pelas quadras
descobrimos a história dum povo, os sentimentos das suas gentes; sentimos
também os desejos e preferências emolduradas em versos próprios para serem
cantados ao som da concertina... Umas mais dolentes, outras mais vivais e
saltitantes, mas todas elas a denunciar alegria na terra e alegria no Céu.
Aqui se
encontram quadras feitas ou ditas pelos nossos utentes, talvez algumas sejam
roladas nas bocas do mundo pelos séculos fora e, se não o são na totalidade dos
versos, às vezes o mote foi conservado na memória que já vem dum povo amigo da
flauta, da gaita e do canto... e fielmente vamos com alguma dificuldade
arrastando essa memória...
Elas aí estão e
parecem foguetes a estrelejar, a prender-nos a atenção para ver qual estrela é
a mais bonita ou qual "buquer" na noite escura brilha mais e tem melhor côr.
Aqui não nos
detivemos no rigor da métrica ou da cadência porque, de facto, elas não saíram
da boca de professores, mas sem ambições e atavios da boca de gente simples que
viveu ainda a sua juventude numa época onde se apreciava este folclore.
Provérbios
"Cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso"
quer dizer que cada terra também tem os seus ditados. Como "Migalhas são
Pão" aqui se apresentam as "migalhas" do chão recolhidas no
Centro.
Serão estes
ditados, adágios, rifãos, ou provérbios iguais a muitos outros recolhidos em
outras paragens. O povo normalmente não é diferente, "Vox populi, vox
Dei", mas, de região para região, de terra para terra, há certamente
diferenças nas expressões, no modo de dizer a mesma coisa. "grão a grão
enche a galinha o papo" e também, ditado a ditado fica o indivíduo cheio
de sabedoria popular, desta sabedoria que não tem origem nos livros, mas apenas
na experiência traduzida em máximas que
correm mundo com mais ou menos "um ponto" porque "quem conta um
conto, aumenta-lhe um ponto".
Devido ao
avanço tecnológico estas mudanças, este percorrer mundo dos adágios, tende a
desaparecer juntamente com outros valores que também já não passam de geração
em geração, de terra para terra.
Este registo
pretende suprir essa falta.
Fruto do Amor entre um homem e uma mulher
O Amor faz-se com vocação, humildade
íntima e mútua, criatividade e entrega no Amor…
Quando os meus pais casaram em 15 de
Agosto de 1945 com promessa mútua de amor eterno, em frente ao Altar, pensaram,
naturalmente, em serem pais e nesse amor conjugal eu e mais os meus dois irmãos
fomos concebidos a compasso. O primeiro a ser concebido fui eu e e nasci de
facto em 7 de janeiro de 1947, às 17.30H de terça-feira, dia nublado, em casa
no meio de pais contentes e avós contentes a contagiar festa em toda a
família.É, ainda hoje, motivo de festa no coração dos familiares e amigos.
Naquela altura em quinze dias deviam ser
baptizados os bebés. Assim aconteceu, sem esgotar o tempo dos 15 dias, fui
baptizado no dia 12 de janeiro, foi logo no Domingo seguinte, dia de festa
litúrgica do baptismo do Senhor.
Foi assim que Cristocomeçou a viver em
mim e eu n’Ele. No baptismo fui imergido n’Ele. “ O verbo grego «batizar»
significa «imergir». O banho com a água é um rito comum em várias crenças para
exprimir a passagem de uma condição para outra, sinal de purificação para um
novo começo.
Mas para nós, cristãos, não deve passar
despercebido que, se é o corpo a ser imergido na água, é a alma que é imersa em
Cristo para receber o perdão do pecado e resplandecer de luz divina”. Papa
Francisco, in Audiência Geral, em 11 de abril de 2018.
A fé não se compra como disse o Papa
Francisco, em 18 de Abril de 2018. Cada dia é necessário pedir “Senhor,
concede-me o dom da fé” , obrigado pela fé que me deste. “Que eu tenha fé, é
uma bela oração disse, no mesmo dia, o Papa Francisco. Senhor, aumenta a minha
fé. Não será também uma boa oração.
Quando somos baptizados o que os pais
pedem é o dom da fé, que é dom de Deus imediato para o bebé, como um adulto que
hoje se baptiza, mas são os pais que têm de alimentar este dom até à idade
adulta. Depois somos nós que assumindo a fé, temos de dar testemunho da mesma.
Vejo muitas vezes pessoas que foram baptizadas, dizem que ter fé, mas não dão
nada por ela.
Este nascimento para a fé no dia do
Baptismo é o aniversário que é celebrado em muitos países. Bem como ainda há
quem celebre o dia do Santo do seu nome. Não se celebra festivamente o dia do
nascimento para o mundo.
O meu nome é Artur para dar continuidade
ao nome do padrinho.
Embora esta preocupação tenha acabado é
pré-anúncio da degradação da família. A família ser valor relativo e pouco
importante.
Ora eu celebro com a família este ano o
aniversário do meu nascimento do baptismo. Também foi no dia do baptismo da
minha irmã, quando eu ia a caminho dos 6 anos que disse: “Eu quero ser padre”
E, entre muitos percalços, quando
adulto, o meu discernimento verificou que era chamado a ser padre para servir
os outros entregando-me à Igreja e mais nada.
Esta foto recorda os meus padrinhos com
um dos meus sobrinhos, o josé Jorge.
Mazarefes nas inquirições
Esta freguesia é designada nas inquirições de D. Afonso II e D. Afonso
III por S. Simão da Junqueira de Mazarefes.
Estas terras não eram do
Rei como podemos verificar nas inquirições de D. Afonso II. Não eram terras do
padroado real e, por isso, não era o Rei que nomeava o abade pois eram terras
da Igreja. Tinham carta de couto cedida em 1063, na Vila dos Arcos, por D.
Fernando. Uma vez que era couto, tinha os privilégios especialmente inerentes a
este título.
Eram proibidos os funcionários do Rei entrarem nestas terras e os
foradores estavam libertos de alguns encargos para com a coroa. O senhorio
tinha o poder de administrar a justiça, de exigir serviços e lançar impostos
aos moradores das referidas terras. Todavia, quer os das terras reais, quer os
das terras do domínio senhorial, eram obrigados a pagar o foro ao rei.
No tempo de D. Afonso
II, os de Mazarefes davam ao Rei, de foro, 10 morabitinos; se traduzíssemos em
dinheiro actual (1944), dar-lhe-íamos o valor de 247$98 segundo os estudos
monetários de J. Preto. Davam também dois carneiros que, segundo o Pe.
Oliveira corresponderiam a 0,5 morabitino (ou maravedi velho) no tempo de D.
Afonso III correspondia 421$20, e consequentemente, a metade era de 210$60.
Todavia, o valor do meio morabitino de D. Afonso II era menor e traduzindo em
dinheiro actual (1944), equivaleria a 12$39.
Para além disso iam ao castelo para defesa em caso ataque, para
reparar ou guarnecer. Refere-se ao Castelo do Neiva. Além desses foros ainda
tinham mais uma dádiva para a defesa de Gonduffi (couto de Gondufe, em Ponte de
Lima), a qual constava de 1 modio de milho alvo, (parecido com painço) por
medida de Ponte. Isto para se libertarem de serem chamados a defender o
referido castelo. Diz-se «por medida de Ponte», pois as medidas deferiam de
terra para terra ou de região para região, como ainda hoje acontece com
algumas. Em Mazarefes as medidas usadas para pagamento dos foros seriam,
portanto, as de Ponte de Lima.
Pagavam todos estes
foros além das quatro penas referentes aos principais crimes: furto, rapto,
incesto e homicídio.
Eram terras da igreja 6
«searas» e meio casal, isto é, 6 propriedades e metade de uma casa pertenciam à
igreja. Ainda hoje existe na freguesia o topónimo «senras» que veio
precisamente destas «searas».
Eram propriedades de S.
Paio de Antealtares, nesta freguesia: 12 casais (12 casas) e uma Quinta, além
da igreja.
Nas Inquirições de D.
Afonso III também encontramos quais os foros que davam os de Mazarefes ao Rei.
Davam todos os anos ao
Rei 9 maravedis. Podiam ser novos ou velhos: Os novos eram aqueles que os Rei
quiseram cunhar; mas como não tivesse chegado a isso, usou o maravedi de seu
irmão e antecessor a que chamou maravedi velho. Este corresponderia 412$20,
segundo o estudo monetário do Pe. Oliveira (1964-66). Pagariam,
então, cerca de 3.790$80 cada ano. Davam dois carneiros (210$60) e 1 módio de milho
por medida de Ponte para a fossadeira de Gonduffi e vão ao Castelo. A
fossadeira era a multa aplicada àqueles que não participavam nas expedições
militares quando a isso estivessem obrigados.
O Pe. Carvalho da Costa na sua «Corografia Portuguesa» - vol.
1.º, págs. 307 (1.ª ed., 1706) diz o seguinte de Mazarefes:
«S. Nicolao de Mazarefes
he Abbadia que antigamente foy do mosteiro de Ante-Altares em Galliza de Monges
Bentos; assi este Padroado & Couto, como o de Paradella & S. João da
Ribeira em Ponte de Lima, comprou Diogo Pereira, que alguns dizem foy
Alcaydemór de Villa-Nova de Cerveira, & pela mesma via he senhor de ambos,
& de sua grande Casa, que aqui tem, seu descendente Gaspar Pereira,
Cavalleiro da Ordem de Cristo, & fidalgo da Casa de Sua Majestade, que leva
os quartos de todos os frutos; rende a Abbadia quatrocentos mil réis, tem
duzentos e sessenta e quatro vizinhos».
Li algures, não sei se do Padre Avelino de Jesus Costa, professor na
Universidade de Coimbra que os de Mazarefes pagavam também nesta altura umas
medidas de sal, o que pode significar que as salinas junto ao poço tranquinho,
onde conheci umas salinas que já seriamde Darque, podem estar outros tancos
subterrados e seriam de Mazarefes. Como iam pagar com sal se não o produziam? É
caso para estudo no local.
José
Alves Ferreira
O José Alves Ferreira sob a
mestria do Mestre Lima começou a sua arte de pedreiro, fazendo-se depressa um
hábil canteiro. Foi, por isso, um dos trabalhadores do Templo de Sta. Luzia,
onde gostou muito de trabalhar e durante muitos anos (46 anos).
Naquela obra só morreu um homem, em 1940. Era um canteiro
de Vila de Punhe; no momento que fechava a Abóboda caiu, tendo morrido de imediato.
Recorda o Pe. António Carneiro que foi o principal
obreiro, impulsionador e entusiasta...
Há uma pia baptismal que foi feita por este canteiro para
a igreja de Dem-Caminha, em 1974. O José Ferreira e a Rosa tiveram 7 filhos, a
saber: o Joaquim, a Luzia, a Laura, a Carmo, o José Maria, o Manuel e o
Fernando. O
Joaquim,
operário fabril e depois padeiro, casou com Maria das Dores Amorim, natural de
Vitorino das Donas e é pai do João Paulo, casado e pasteleiro no Senhor do
Alívio e da Isabel Maria (casada e em França). A Luzia, doméstica, casou
com José “espanhol” com 2 filhos: Carlos e Mari Carmen, solteiros. A Laura,
casada com o Mário Viana, operário fabril, tem 2 filhos: o Vitor Manuel e o
Eng. Rui Avelino, ENVC. A Maria do Carmo casou com António Vicente, da
Meadela, separados, com 5 filhos: o António (professor), o Paulo (empregado
fabril), a Anabela
(professora), a Luzia
(professora) e o Pedro (estudante). O José Maria, trabalha na fábrica
Citroen, em França, casou com Maria Pinto (do Adolfo da Pinta) e tem 3 filhos:
a Maria Augusta, o Armando e o Carlos. O Manuel é soldador, casado com
Lídia Mendes (Ferreira), no Cais Velho, em Darque, com 2 filhos: o Vitor Manuel
e a Carla Sofia (estudante). O Fernando, solteiro, empregado nos
Estaleiros Navais de Viana do Castelo e vive com o pai.
O seu sogro era casado com Joana Martins de Matos e
trabalhava com o sogro, o irmão Joaquim Ferreira Torres e já eram filhos de
fogueteiros.
Sua mulher era sobrinha pelo lado do pai de: José
Ferreira Torres, morreu na guerra, solteiro; Manuel casou com a Rosa
Tamanqueira, da Galinheira, ele ferroviário, com 3 filhos; Francisco casou
com a Adelina Bezerra, fogueteiro e serrador,
com 3 filhos; António (6 filhos entre rapazes e raparigas), casou com a Lurdes
da Pinheira, era calceteiro; João (3 filhos), casado em Anha com Deolinda
Brecas, emigrante em França, morreu com a silicose, Foi trabalhador das minas
na Panasqueira e na Serra da Estrela; Joaquim casou com a Maria Areias que
morreu com 2 filhos, um casal. O Adriano que casou com Virgínia Carvalho em
Vila de Punhe, o único vivo de homens, ferroviário, com 7 filhos; Gracinda,
solteira; Rosa que casou com o José A. Ferreira; Maria, com 7 filhos, casou
para Tamel com José Leiras; Ana que casou pela 2ª vez com o José Canela, na
Regadia e pela 1ª vez foi esposa de Adão Saldanha.
Um dia o Joaquim, irmão do sogro e o sobrinho Joaquim,
filho do José e da Rosa foram às enguias para a Veiga de S. Simão, (era o peixe
mais barato e mais fácil para comer em casa) e ouviram uma explosão, concluindo
imediatamente que teria sido a oficina deles e regressaram, no mesmo instante,
para socorrer e constatar que era, de facto, verdade. Não houve feridos, apesar
do Manuel ter ficado a trabalhar. A oficina sempre se localizou no alto da Bouça
dos Catrinos, quem vai para a Bouça da Terra.
Fabricavam ali foguetes, fogo de artifício, do ar,
aquático e preso, bombas de Carnaval, foguetes de S. João. A matéria prima
vinha de Oleiros - Ponte da Barca. Era material proibido por causa do clorato,
aliás como era proibido no tempo da guerra ir a Ponte de Lima comprar uma rasa
de milho. Morria-se à fome! Portugal não entrou na guerra, mas passou-se muita
fome aqui, que foi talvez pior que a guerra e depois a afronta de “vermos, em
Mazarefes, passar os comboios de mercadorias com painéis escritos “sobras de
Portugal” a caminho da Espanha, para os aliados”.
O salitre normalmente iam buscá-lo para a feitura dos
foguetes a Lanhelas ou aos Silvas, a Viana e, às vezes, sob o título de salitre
vinham outras matérias usadas na pirotecnia.
Na Conchada morreu muita gente nova com doença pulmonar
arranjada nas minas da Panasqueira e outras. Havia muita pobreza e o Manuel
“Mira” muitas vezes não aceitava encomendas porque não tinha dinheiro para
comprar a matéria prima, às vezes pedia dinheiro aos netos para comprar
material para poder trabalhar...
Vendia para várias terras até Esposende, Lanhelas, S.
Lourenço da Montaria, S. João d’Arga e S. Silvestre, para o Senhor do Alívio de
Chafé, etc.
Quando casou havia muito poucas casas na Conchada e, se a
memória não falha, elas seriam apenas:
A casa onde vive agora o Joaquim sacristão, no Calvário e
que era a casa da sogra do Ângelo, a D. Luísa, a casa do avô fogueteiro, a casa
do Caxinas, o Manuel Gonçalves Pires, que se dedicava ao contrabando, a casa de
António Miranda, o cantoneiro, a casa de Maria Viúva, a casa do Cruz onde hoje
vive o Reis de Vila Franca, a casa do António Bandeira, a casa da Fragôsa
(feirante), a casa do Américo Dias, matador de porcos, a casa da Clara, a
casa do Marosca, a casa do
“Barriguinha” (Mesquita), a casa do António da Quinta, a casa da “Bortinha” (Zé
Bortinha), a casa da Quinta da Malafaia, a Casa do Manuel Rolo, tamanqueiro, a
casa do Beduíno, a casa de “António Bortinha”, a casa da “Tia Bortinha” (a
mãe), a casa Tia Maria da Mata, 2 casas da padaria de Manuel Ferraz Miranda, a
casa do Catena, a casa da Glorinha, do falecido Ângelo, do Zé da Mata, do
Alvarães, dos Liquitos de Anha, a casa onde está agora o Tone da Clara, a Ana
Teima, do Ferrador (José Rego), o Chança, o “Fome-negra” e a Pinheira, o Manuel
“Estriconica”.
Segundo Pedro Cunha Serra , temos Penedones ou Penedono, pena de donas
(freiras), pena do dono.
Diz o citado autor aparecer em 960 pena do dono, pennadodono em 1169 Pena
de donoi em 1195. De origem celta.
Pedra do Dono, o poder do dono ou a sua fortaleza, dureza, rigidez .
Outra história diz que Penedono era um Couto e
era uma terra pequena e daí vieram os
“Coutinhos”
Este radical pen em língua celta significa
pedra. Por isso em todas as freguesias há u lugar das Penas, Peninhas,ou como o
terrade Penalva e outros topónimos não só em Portugal,como em Espanha.
Lembras-te do avental da tua avó?
O primeiro propósito do avental da avó era proteger as roupas
abaixo,
Mas, além disso:
Servia de luva para retirar a frigideira ardente
do forno;
Era maravilhoso para secar as lágrimas das crianças e, em certas ocasiões, para
limpar as carinhas sujas;
Do Galinheiro, o avental servia para transportar os ovos e, por vezes, os
pintos!;
Quando os visitantes chegavam, o avental servia para proteger as crianças
tímidas;
Quando estava frio, a avó enrrolava os braços.
Este bom velho avental fazia de fole, agitado por cima do fogo a lenha;
Era Ele que transportava as batatas e a madeira seca na cozinha;
Da Horta, ele servia de cesta para muitos produtos hortícolas depois que as
ervilhas tinham sido recolhidas era a vez das couves;
No final da temporada, era utilizado para colher as maçãs caídas da árvore;
Quando os visitantes chegavam de forma repentina, era surpreendente ver a
rapidez com que este velho avental podia dar para baixo o pó;
Na hora de servir as refeições a vovó ia na escada a agitar seu avental
E os homens nos campos sabiam instantaneamente que tinham de ir à mesa;
A avó também o usava para pousar o bolo de maçã acabado de sair do forno no
parapeito para esfriar;
Nos nossos dias, não se usa mais o avental.
Vai demorar uns anos até que alguma invenção ou objeto possa substituir este
bom avental.
Em lembrança das nossas avós, enviem esta história para aqueles que poderão
apreciar a "História do avental da avó"
Albino Ramalho
O
lenço da avó e coisas do avô daquele tempo
Esta
palavra lenço vem do latim “linteum” (pano de linho), pode ter a ver com lençol
tecido que cobre, tapa e pode ser manta do grego μαντήλι.
No entanto, aqui prefiro reduzi-lo ao mais comum em uso para uma peça
de tecido quadrada que é o lenço que limpa
o suor das mãos, do rosto, e o nariz.
Há
vários tipos de lenço: o lenço do rosto, lenço de luto, bolsinho do casaco, o
lenço de bolso, lenço da cabeça, das calças ou de bolsos interiores do casaco,
lenço dos ombros maiores que os outros, os chamados “cochiné” de origem
francesa da palavra cachiné para cobrir a cabeça ou resguardar o pescoço. Mais
tarde deu origem ao xale do ombro ou o “charpe” mais usado como meio decorativo
(mais fino) do ombro, ainda o lenço de casamento, dos namorados, o lenço de
trabalho, da festa, do luto, o lenço de Domingo o lenço de festa.
Lenço
de bolsinho era o utilizado para fazer chieira e muito fino para não enchumaçar
o bolso, liso ou dobrado em duas pontas ou dobrado em três ou em forma de leque
normalmente. Também podia ser dobrado com 4 pontas e em forma de uma
flor-de-lis…O lenço dos ombros ou da cabeça era usado muitas vezes à volta da
cinta…
Depois,
o lenço de assoar, 40cm x 40cm mais ou menos, que dobrado em três partes do
lado esquerdo e do lado direito sobre uma parte central e depois a parte
inferior para cima e a de cima sobre a parte inferior ficando assim um
quadrado. Esse lenço era o lenço de assoar, de deitar ao nariz para receber um
espirro, ou lançamento de uma ranheta ou ranhos. Que novamente se dobrava e
guardava no bolso.
Os
que melhor podiam tinham dois lenços, e um deles no bolso traseiro das calças
para emprestar a algum companheiro que não tivesse.
Às vezes o lenço amarrotado o que não ficava
bem pegar num lenço amarrotado para o levar ao nariz ou à boca para tapar os
espartilhos de uma tossidela. Não era bonito. Ninguém gosta de ver um lenço
sujo ou amarrotado.
O
lenço da cabeça era já um grande lenço a que vieram chamar de “cochiné”. Lenço
que cobria a cabeça e era atado à volta da cabeça e enrolado no pescoço com
laço, ou sem ele.
O
lenço da cabeça podia ser do trabalho, de domingo, de festa, de casamento e de
luto. A dobragem e o modo de o utilizar na cabeça em qualquer caso dependia da
região para região. O dos ombros era utilizado o mesmo, ora outro mais fino
como um “xalezinho” ou mais pesado e era um que era deitado pelas costas a
cobrir e cair pela frente dos ombros e com as pontas pendentes e segurados
pelos braços. Era um “charpe”…
Havia
pessoas que gostavam de usar lenços de mão com o seu nome, algum símbolo,
brasão, eu próprio tive a oferta de uma caixa de lenços bons e cada um com o
meu nome “Padre Coutinho”, “Pe. Artur Coutinho”…
Os lenços podem ser de algodão, de linho, de
veludo e de seda. Os lenços de luto eram pretos, a não ser os de bolso que
levavam em toda volta um faixa de 1 a 1,5 cm de cor preta.
Lembro-me
que as senhoras do campo, na aldeia, as nossas avós havia o costume de usar uma
saquinha de mais ou menos 12 a 15cm de altura. Na parte superior corria numa
baínha com um fio que a fechava depois de meter o dinheiro e a guardavam na
algibeira do avental. Normalmente era pouco e havia que poupar, usavam um lenço
de bolso para, num canto, guardar lá
umas moedas até para dar aos netos, no caso das avós, ou para dar a um pobre…
A
saca era o porta-moedas daquele tempo. Era o canto dum lenço de tecido dobrado
com um laço feito pelo tecido do canto onde guardavam algumas moedinhas para
dispor, guardando muitas outras na saca de pano, bem como as notas...
Havia
outra chieira como o vincar das perneiras das calças, o engomar os colarinhos
da camisa, dos punhos e dos botões do punho, desde algo simples a algo mais
complicado, desde a madeira, osso, prata ou ouro e até pedras preciosas
integradas.
Hoje,
o lenço de bolso passou ou vai passar definitivamente a ser de papel. As calças
e os sapatos bem limpos e lavados, bem como as camisas lavadas. Os homens ricos
usavama a carteira de couro e também o lencinho de no bolsinho de casaco do
lado esquerdo tamém por chiera.
No
entanto é vontade de Deus que não andemos a parecer mal e ajudarmos quem não se
pode apresentar vestido em condições ou mal cheiroso por falta de banho, com
cara de fome. Interpela qualquer pessoa e em vez de chamar a estes “óh é
drogado”, é preguiçoso, não quer trabalhar, é alcoólico! O primeiro dever de
qualquer humano e, sobretudo, de um cristão é arrastá-lo da sua situação e,
pouco a pouco, conseguirmos tê-lo como pessoa normal. Não é só dar de comer é
preciso ensinar a sobreviver por si com gosto pela vida e uma vida com Alma,
alegre. Deus não quer a morte, o sofrimento, a tristeza, a fome. Quer a Vida.
Ajuda da Luneta
Na janela um namorado
Pode-se usar de luneta,
Conversa como bem-amado
Em linguagem bem discretas
Se a ajeitar pelo cordão,
Como circular movimento,
Quer dizer: ao coração
Tu me dás contentamento.
Limpar-lhe os vidros é: penso
Que o teu amor será puro;
Fechá-la diz: gozo imenso,
Abri-la traduz-se: juro.
Olhar para o céu de luneta
Significa desconfiança,
Que me faz andar pateta
Em contínua contradança.
Suspendê-la diz: desejo
Dizer-te à noite um segredo,
Levá-la à boca: um beijo,
Pô-la no peito é mais cedo.
Muitas vezes repetidas
Pô-la e tirá-la é tormento,
Passo horas esquecidas
Contigo no pensamento.
Oscilante suspentida
Pelo cordão é: suspeita,
A tremer é triste: vida,
Se teu amor me rejeita.
Deus nos livres de maus vizinhos ao
pé da porta
A origem etimológica latina de vizinho é
de vicinus (vicus o mesmo que bairro). Relação de proximidade, de vizinhança.
É o que está ao lado, em cima ou em baixo.
O vizinho agora está mais próximo que antigamente por causa das casas geminadas
e os prédios em altura. Há mais vizinhos em proximidade física, mas não me
parece que haja mais vizinhança fraterna.
Os vizinhos hoje precisam mais do que em
outros tempos serem bons amigos, pois estão mais próximos. Usam por vezes a
mesma porta e o mesmo elevador e, às vezes, não conhecem sequer o nome, muito
pior não se cumprimentam e, se se cruzam na rua não se reconhecem, isto é, algo
que brada aos céus nas relações humanas e relações de vizinhança. Diz-se
popularmente "mais vale de mal com a família do que com o vizinho"
ainda "Deus me livre de maus vizinhos ao pé da porta".
O vizinho é sempre aquele de quem um dia
podemos ter a necessidade de dar a mão ou o inverso: alguém que nos pode valer
e defender. Vê a casa do vizinho que está a arder e é capaz de ficar de braços
caídos? Então é um vizinho de mau carácter.
Darmo-nos bem com o vizinho é bom até
porque um grito, até um gemido pode ser suficiente para que o vizinho vá em
socorro, deitar a mão, sem ir constrangido.Às vezes um vizinho vê o mal do
lado, mas não vê os grandes males do seu espaço. Pronto a criticar e a chamar a
atenção do vizinho e não vê que ele faz o mesmo.
Há vizinhos sem qualquer civismo, pessoas
sem carácter que perturbam os que o rodeiam com música em alto volume pela
noite dentro, ou trabalham de noite, no lar, fazendo barulho contra as regras
do Condomínio, perturbando os do lado e os de baixo e os de cima e quem sabe,
se alguém doente…
O vizinho invejoso adoece quando o outro passa bem. O vizinho bom é aquele que
se alegra com o bem do outro.
Nem o homem mais bondoso é capaz, por
vezes, de fazer aquilo que sabe não aguardar o seu vizinho.
Antes pelo contrário, até procura gostar de fazer tudo para ganhar o vizinho
como um amigo em quem pode confiar e até deixar-lhe a chave de casa para alguma
emergência, de que ninguém está livre de precisar.
Há quem faça festas de família que podem estreitar laços familiares importantes
e que devem ser estimuladas.
Também o mesmo se devia fazer na primeira reunião de Condomínio do ano: uma
festazinha ou um convívio com todos os do prédio, porventura num espaço comum,
ao mesmo tempo se diz de um bairro, lugar ou rua.Nem todos têm capacidades
iguais, mas um chá e uns biscoitos já é um pequeno e barato alvitre para os
vizinhos, assim como coisas simples, onde os pobres não tenham que faltar pela
sua própria condição de fragilidade económica, se poderia fazer em qualquer
bairro ou rua.Um dia, na Alemanha, encontrava-me com uma sobrinha à procura da
casa de um amigo alemão e alguém que viu... saiu à rua para ver o que nós
queríamos, pois os amigos não estavam em casa e eu estava a fazer uma
fotografia!... Interpelou-nos sobre o por quê da foto, quem nós éramos e o que
queríamos, era apenas uma vizinha.É bom o reconhecimento mútuo nas nossas
relações também de vizinhança.
OS
Arciprestes de Viana do Castelo
Alguns dados que se registam para o historial deste
arciprestes de Viana do Castelo desde o século XIX. Quem quiser e pedir
autorização pode fazer história do arciprestes de Viana também nestes 750 anos
da cidade.
Dados
encontrados em 7 livros de actas do Arciprestado de Viana desde 15 de Fevereiro
de 1878: de 15 de Fevereiro de 1878 a 1/Julho de 1902; de 1/Agosto de 1902 a
10/Maio de 1940; de 15/Junho de 1916 a 30/Julho de 1929;de 13/Novembro de 1951
a 9/Março de 1961; de 20/Abril de 1961 a 14/Fevereiro de 1966; de 20 de Janeiro
de 1967 a 20/Março de 1979; de 25/Abril de 1979 a 21/Dezembro de 1982 e os
actuais.
ARCIPRESTES
de Viana do Castelo: Pe. Manuel
da Silva Viana,
Rodrigues Dias,
SECRETÁRIOS: Pe. Francisco Pereira de Castro e Silva,
Fevereiro 2009
Primeiro casamento feito pelo
primeiro Pároco
Capela de Santo António em Arga de S. João
-Serra d'Arga-Caminha
No lugar de Felgueiras.
Levantamento da topografia da Capela feito sobre uma
foto minha de 1975 e um apontamento de
medidas que
eu tirei.
que se
encontra este belo exemplar
Os velhos desse tempo diziam
tratar-se de restos da capela de Santo António. Ficava a sudoeste da igreja
paroquial costruida no século XVIII.
A orientação é a porta principal virada a poente e aberta a um caminho de
Outeiro de Mós.
Quantos anos terá esta oliveira?
É em Outeiro de Mós, na Serra de Arga
Cruzeiro de 1684
Primeiro encontro em Mazarefes-1982
Primeiro encontro em Mazarefes-1982
Somos diocese que agradece
Memórias da gratidão
No dia 8 de Janeiro de 1978 D. Júlio Tavares Rebimbas, nomeado pelo Beato
Paul VI que criou esta comunidade de Viana do Castelo, assumiu a Diocese de
Viana do Castelo. Nesse dia de sol veio da igreja da Caridade acompanhado do
Núncio, do Cardeal, bispos e sacerdotes, com uma multidão que se apenhava na
passagem até engrossar junto à Sé Catedral. Foi o primeiro Bispo que pôs a
Diocese a andar! “Dizia ele: Isto vai!...”
A repartição de bens materiais entre Braga e Viana do Castelo e os seus
respectivos registos e também vieram para Viana. Pastoralmente começou a tomar
iniciativas e a acompanhar o clero e os fiéis da Igreja de Viana, o que já foi
um trabalho merecedor de que todos nós necessitávamos. A gratidão do povo deste
distrito, que na celebração dos 40 anos o Bispo atual e os responsáveis da
Diocese quiseram recebê-lo, já cadáver desde 1987 na nossa Sé Catedral como
homenagem de gratidão. Foi o primeiro Bispo largamente experimentado como
pastor do Algarve, e auxiliar de Lisboa de onde veio.
Sempre o admirei. Num dos Domingos seguintes à sua entrada em 15 ou 22 de
janeiro, não posso precisar, em conversa com ele lhe fiz uma proposta; sem
pensar em qualquer outra coisa, a não ser a celebrar as minhas missas na Serra
D`Arga. Aceitou imediatamente. Lá foi ele com o Pe. Vergílio, estando em Dem às
7.30h para celebrar a missa das 8h e às 9.00h estava em Arga de S. João a
celebrar para a Paróquia mais pequena da serra, assim continuou para celebrar
às 10h em Arga de Baixo e acabar em Arga de cima às 11h. No final exclamou:
“Isto é pesado!...”
O povo não estava preparado, mas foi calorosamente acolhido dentro da
igreja por todos…É nosso dever, é nossa salvação dar graças a Deus Pai.
D. Júlio tinha uma a particularidade singular: ser mais próximo dos fiéis
em gestos e linguagem.
Dêmos graças ao senhor, nosso Deus, por tão grande dom que nos concedeu, a
Diocese e um primeiro Bispo.
Em 1982 entra D Armindo Lopes Coelho, por o nosso Bispo, o Arcebispo-bispo
de Mitilene ter sido enviado para a Diocese do Porto, como que não bastando as
3 diversas experiência de Bispo.
D. Armindo Lopes Coelho também era próximo dos seus fiéis e dos seus
padres, mas poucos se aperceberam da sua proximidade muito clara, sobretudo,
fora do templo e em convívio com as pessoas. Usava até uma, fina e perspicaz
piada e todos se riam, a bom rir, com ele.
Também com ele tive uma outra experiência que não mais a
esquecerei. Estava ao seu serviço de carro e a pé num dia do ano 1986 e em
determinada ocasião senti a sua dor de alma, quando o vi emocionado e com
lágrimas nos olhos. Pedi para se sentar e aí estivemos a descontrair até que
começasse, de novo, a rir.
Embora na linguagem na liturgia fosse muito intelectual, extenso e menos
acessível à maioria dos fiéis, mais dogmático e fiel ao evangelho, mas o que
queria era que todos venerássemos os frutos da redenção divina e que todos
sentissem a gratidão para com o nosso Deus.
Em 1997 faleceu D Júlio no Porto. E de Viana para o Porto foi, D. Armindo
Lopes Coelho.
Sendo este substituído com o regresso de D. José Augusto Fernandes Pedreira
que tinha sido nomeado Bispo auxiliar do Porto, regressou à sua diocese natal
para assumir as funções de bispo titular.
Foi ele o terceiro Bispo de Viana. Talvez tivesse julgado que Viana não
tinha mudado nada, durante a sua ausência no Porto e isso talvez não o tenha
ajudado a começar uma pastoral como quando era o “Pe. Pedreira”, zeloso, hábil
e dinâmico. Foi um Bispo muito voltado sobre si mesmo, na sua fidelidade ao
poder episcopal, mas procurava e lutou pela unidade e pela paz vivida à volta
da eucaristia e testemunhada no dia-a-dia. Graças te damos, ó Senhor, pelo
padre que tendo sido consagrado Bispo e natural desta diocese foi auxiliar do
Porto, regressando à sua terra. Em Viana as pessoas, muitas vezes, lhe chamavam
Padre Pedreira, não por abuso de confiança, mas pelas memórias de relações
sociais anteriores. Quando chegou à idade de resignação e, depois de concedida,
esperava-se a nomeação do 4º Bispo de Viana. E veio.
Em 2007 veio D Anacleto Cordeiro de Oliveira, que de auxiliar de Lisboa foi
nomeado para titular de Viana do Castelo. Desde a primeira hora se manifestou
um Bispo muito trabalhador no pastoreio, nas suas funções, sempre atento e
ativo sem nada recusar às necessidades do clero e dos fiéis, às vezes dá tudo.
Ao celebrar os quarenta anos de Diocese fez uma carta pastoral, onde
explorou e inspirou os seus diocesanos à gratidão.
SOMOS IGREJA QUE AGRADECE - “É NOSSO DEVER”
“Com as palavras em epígrafe, iniciamos a resposta ao convite “Demos graças
ao Senhor nosso Deus”, que introduz a grande acção de graças, dominante na
segunda parte da Santa Missa. É tal o domínio, que deu origem ao nome por que
talvez seja mais conhecida — não só esta parte, mas toda a celebração:
“Eucaristia”, uma transliteração da palavra grega significativa de “acção de
graças”.
Agradecer a Deus é, pois, um dever, tanto na Eucaristia como no resto da
nossa vida.
Dai graças em todas circunstâncias — pede-nos S. Paulo — pois é esta a
vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo (1 Ts 5, 18). E ainda: Vivei
em acção de graças. (...)
E tudo o que fizerdes por palavras e obras, seja tudo em nome do
Senhor Jesus Cristo, dando graças, por Ele, a Deus Pai. (Col 3, 15.17)”.
Foi muito sentida a sua morte inesperada. Era um Bispo
próximo e amigo da convivência social, os leigos admiravam-no e procuravam-no.
Se assim era com os leigos, era com os sacerdotes. Era um Bispo muito
compreensivo, humano, bondoso e misericordioso. Algum problema que teve foi
apenas por mal entendidos entre ele e os que o acompanham em decisões mal
fundamentadas.(Acrescentado mais tarde.)
Cruzeiro marco
do limite de Orbacem, Gondar, Argela e Venade
Jamais (Jamé em
francês)
Esta
palavra é um advérvio, como nunca e que é sinifica nunca. É composta de “já e mais” que utilizadas em
frases com composição diferente, mostra que este advérbio “Jamais” é muito rico
na linguagem.
Assim
poderemos construir outras frases, como: “Já não irei nunca ao Brasil”; Negativo “a mamoa é mais antiga do que o
templo monoteísta”; Temporal “o
António é mais rico do que o Manuel”; “ a Maria é menos elegante que a
Joaquina” lá ; já irei lá”; Tempo “Já irei de volta”; Tempo “Já não
vou” Tempo. Ora temos a partir deste
advérbio jamais uma ralação de comparabilidade e de temporalidade, bem como de
inferioridade e superioridade… Temos para Jamais o tempo e a comparação.
“Esta pintura está jamais acima do que a
outra”; ou “aquele quadro está Já no
lugar dele”, o Manuel jamais passa mais por aqui do que por acolá”. Jamais
gostarei da Joana para para namorar com ela.
Superficialidade, espaço,
Distanciamento, perspetiva e sentimento.
“o meu amigo nunca comprou tantos carros como
agora”; aquele tem mais dum um relógio”.
Quantidade e Temporalidade
Esta
palavra “Jamais” significa nunca, mas pode ser usada no sentido positivo, por
exemplo nesta frase: “ Quem fizer por estar sempre com Deus jamais fará nada contra
a Sua vontade.”
Quem
nunca teve amigos bons jamais poderá descobrir o melhor caminho para ser feliz.
TEMPO
Quem
acreditar num Deus como um melhor amigo, jamais se sentirá só…Positiva
Quem
se põe a julgar os outros sem os ouvir, jamais compreenderá o julgamento de
Deus… e como “os últimos são os primeiros e os primeiros são os últimos”, aos
olhos do divino.
Mas
o que mais estranho é que esta palavra existe em francês lendo-se com os mesmos
significados composta de Ja (maintenant)
e plus (mais) e lê-se Jamè.
Em
albanês existe a palavra jamais, em italiano é mai. Fico sem saber se posso fazer como em português em relação à
temporalidade, comparabilidade e superioridade e inferioridade.
Canto
de quadras soltas ao menino
Aqui
vimos meus senhores
Quatro
aos cinco passar.
Se os senhores nos dão licença
Já podemos começar.
Aqui
vimos, aqui vimos
Aqui
vimos bem sabeis.
Cimos cantar as janeiras
E também catar os reis
Ainda
agora aqui cheguei
Já
pus o pé na estrada
Logo o meu coração disse
Aqui mora gente honrada.
Esta
casa é bem alta
Forrada
de papelão
Aos senhores que estão lá dentro
Deus lhe dê salvação.
Os
senhores que estão lá dentro
com
seu rosário na mão.
Ponham-se daí a pé
Os santos reis nos darão.
As
janeiras são cantadas
Do
Natal até aos reis
Olhai para lá vossa casa
Se há coisas que nos dês.
Ó
Reis Santos e c`roados
Vinde
ver quem vos c`rou.
Foi a Virgem mãe Sagrada
Quando por aqui passou!
Entra
pastores entrai
Por
este jardim sagrado
Vinde adorar o menino
Numas palhinhas deitado.
O Jardim
era sagrado
Desde
a entrada ao sol-pôr.
Trazemos o nascimento
De jesus Nosso Senhor.
Vamos
dar a despedida
Despedida
mais além
A Deus meus senhores todos
Até ao ano que vem
Vamos
dar despedida
Despedida
vamos dar
Adeus aos senhores todos
Até quando cá voltar.
O
fogo e a fuga
Ainda
cheira a queimado!...
Estivemos
em Pedrógão Velho, em Castanheira de Pera, e naquelas zonas em que o fogo não
poupou sofrimento à humanidade, varrendo a queimar a natureza verde e as casas
dos que conseguiram fugir e a ceifar com braveza vidas humanas de quem já não
havia outra solução, se não fugir à fúria dos violentos estalos, do barulho e
da velocidade em que o fantasma gerava tragédia vivida não só pelos da região,
como por todos os portugueses e todo o mundo…
Ouvimos
uma pessoa vítima do incêndio: A mulher lhe terá dito: Vamos fugir e ele
respondeu: Mulher, fechamo-nos aqui em casa e se tivermos de morrer, morremos
os dois. É tudo o que Deus quiser. Ficaram em casa e pela noite o fogo chegou
ao seu galinheiro e a um cabanel, suportado por madeira e os dois conseguiram
que o fogo fosse apagado sem arder o cabanel e entrar, de novo, em sua casa.
Meteram-se em casa novamente e assim conseguiram escapar e defender a casa.
Muitos
tomaram a iniciativa de fugir, dizia. Morreram na estrada por onde fugiam e
noutras estradas um carro aqui e outro acolá, mais outro, famílias inteiras.
Há
muita gente a precisar de ajuda. Eu só vejo uma casa a reconstruir-se pelos
sobrinhos de um velhote que está num Lar.
Tudo
isto foi um inferno, o fogo fazia um barulho enorme ao longe, e ficávamos todos
sem saber o que fazer.
Um
casal já de idade fugiu de casa levava o ouro todo consigo e esqueceu uma bolsa
com dinheiro. Os familiares descobriram o dinheiro esquecido e ao qual o fogo
não chegou e eles morreram os dois acompanhados de todo o ouro que tinham,
tendo ficado derretido e as peças maiores completamente estragadas.
Apenas
uma coisa nova é que aprendemos: o eucalipto queimado depressa rebenta junto à
raiz, mais nada.
Tudo
de luto. A natureza de luto e a cheirar ainda a queimado e ainda muita dor,
silêncio manifestado nas pessoas de rostos depressivos que ouvíamos e víamos.
Só vimos rostos a espelhar memórias de dor, de sofrimento, de cansaço e de
desilusão.
“Uma vida inteira a
trabalhar para acabar tudo deste modo.”
Isto
via-se ainda nas pessoas até que iam a caminho da igreja, ou que numa igreja já
estava à espera de missa.
O Mês das Almas
A alma é a essência imaterial
da vida humana. É imortal. Bem ou mal
formada ela não tem mais fim. Mais ou menos isto, é comum a todas as religiões.
A Alma é Espírito. Diz-se: aquele ri
com alma, canta com alma, tem alma de português, “alma lusa”, uma alma grande,
alma de poeta, alma perdida, alma danada, “dor de alma”. Aquele já deu a alma,
isto é, já deu a alma a Deus, já morreu para o mundo, mas o espírito continua.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Há
tanta coisa e há tantas formas na vida de cada um...para melhor ou para pior,
que no dia a dia, vão conduzindo às mudanças.
A alma recupera as lembranças porque
as lembranças memorizam as almas dos nossos antepassados.
Alma minha... de Luís de Camões:
Alma minha gentil, que te partiste,/Tão cedo, desta vida, descontente,/ Repoisa
lá no céu eternamente,/E viva eu cá na terra sempre triste.*Se lá no assento
etéreo onde subiste,/Memória desta vida se consente,/ Não te esqueças daquele
amor ardente/Que já nos olhos meus tão puro viste. *E se vires que pode
merecer-te/Alguma coisa a dor que me ficou/Da mágoa sem remédio de perder-te,
*Roga a Deus, que teus anos encurtou,/Que tão cedo de cá me leve a ver-te/Quão
cedo de meus olhos te levou.
“O amor é a asa veloz que Deus deu à
alma para que ela voe para o céu”, e a
“Alma Mater”, apenas um dito feliz ?
Muita gente tem dificuldade em
compreender o conceito de alma. Parece uma ilusão para o que não crê, que este
conceito de alma seja concebível. Vejamos o Pe. António Vieira: A alma - “Quereis ver
o que é
uma alma? Olhai
(diz S. Agostinho) para um corpo sem alma. Se aquele corpo era de um
sábio, onde estão as ciências? Foram-se com a alma, porque eram suas. A
retórica, a poesia, a filosofia, as matemáticas, a teologia, a jurisprudência,
aquelas
razões tão fortes, aqueles discursos
tão deduzidos, aquelas sentenças tão vivas, aqueles pensamentos tão sublimes,
aqueles escritos humanos e divinos que admiramos, e excedem a admiração: tudo
isso era a alma.
Se o corpo é de um artífice, quem
fazia viver as tábuas e os mármores? Quem amolecia o ferro, quem derretia os
bronzes, quem dava nova forma e novo ser
à mesma natureza? Quem ensinou naquele corpo regras ao fogo, fecundidade à
terra, caminhos ao mar, obediência aos ventos, e a unir as distâncias do
universo, e meter todo o mundo venal em uma praça? A alma.
Se o corpo é de um santo, a
humildade, a paciência, a temperança, a caridade, o zelo, a contemplação
altíssima das coisas divinas, os êxtases, os raptos, subido o mesmo peso do
corpo, e suspenso no ar – que maravilha! Mas isto é a alma”.
A dor dilacera-me, não o corpo, mas
a alma, pois esta dor não é visível, mas também dizemos que os olhos são as
janelas da alma. O canto da minha alma é não te odiar pelas ofensas que me
fizeste...
Diz S. Paulo: “Se não há
ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; e, se Cristo não
ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que tendes” (I Cor
15, 12-14).
“Estamos no Mês das Almas. Contudo,
mês das almas não é apenas o dia 1 ou o dia 2. Nem só o mês de Novembro. Todos
os meses são «mês das almas», pois, “se somos cristãos, a elas devemos
estar permanentemente unidos – pela
Comunicação (comunhão) dos santos, que professamos no Credo; unidos pela fé,
pelas boas obras, pela esmola, pela oração – e oração suprema é o Santo
Sacríficio da Missa, memorial e actualização dos Sagrados Mistérios da Paixão e
Morte do Senhor da Vida e da Sua Gloriosa Ressurreição.” (. . .)
“Uma flor, pelos nossos mortos, murcha;
uma lágrima, pelos nossos mortos, seca; a oração pelos nossos mortos, Deus
recebe-a em Suas mãos!”, diz Victor Sierra.
Antigamente na segunda-feira, primeiro dia
da semana, a seguir ao domingo, celebrava-se o dia das almas e há ainda uma
devoção extraordinária às almas, sobretudo, no mês das almas e de um modo
particular no dia 1 e 2 de Novembro.
É sempre com grande saudade e emoção
que vêm ao nosso pensamento os últimos momentos, mais recentes ou mais remotos,
de alguém a quem assistimos perante o facto da morte e, sobretudo, a impotência
que sentimos perante tão doloroso momento.
No dia dos Fiéis Defuntos parece que
o silêncio falaria mais alto porque, já mais calmos e serenos, fomos todos
chamados a celebrar este dia como que para dar luz a tudo o que significa para
nós a passagem desta vida.
Reviver recordações de todos os
fiéis defuntos, é querermos mostrar a nossa esperança e rezar por todos eles.
Nós somos cidadãos do Céu e viemos
de Deus e para Deus vamos. A morte é um facto real e tão doloroso, mas sabemos
que não é a última palavra, nem um ponto final.
A nossa esperança está no Senhor! O
Senhor transformará o nosso pobre corpo humilde, segundo o modelo do seu corpo
glorioso. Daí que a fé na Ressurreição dos mortos é para nós a certeza que os
nossos defuntos vivem no Senhor.
Se rezamos pelos mortos é porque
temos a certeza que estão vivos; mortos para o mundo, mas vivos para Deus.
A nossa fé constrói a cultura da
vida e quando celebramos a Eucaristia, celebramos uma verdadeira aposta no Amor
à vida, ao trabalho, aos outros… ao próximo.
No dia a dia da nossa vida há
situações de morte que encontramos a desafiar a nossa fé, mas não vacilaremos,
não desanimaremos porque da Eucaristia recebemos também força, alento, coragem
para ir em frente. O melhor que podemos oferecer aos nossos mortos no mês das
almas, mês de Novembro, é viver a nossa vida com a intensidade possível em
todas as situações porque, na missa,
para além de saborearmos a palavra das Escrituras Sagradas, reconhecemos que
com quem Deus vive, morre e é, só uma coisa o espera, o prémio da vida eterna.
Todas as segundas-feiras aqui na
Paróquia há uma missa pelas almas, às 8.30H.
Ainda recordo o meu tempo de criança
como, pela manhã, antes da missa era rezado o terço pelas almas e com a
ladaínha pelas almas. Isto na igreja, porque em casa era sempre rezado à noite
o terço em família e nunca eram esquecidas as almas deste e daquele e, de um
modo geral, as almas do Purgatório.
Bem aventurados os que morrem no
Senhor que repousem em paz dos seus trabalhos porque as suas obras os
acompanham (Ap.14,13). Assim a minha saudosa memória me leva a outros
tempos!...
10 de Novembro de 2005
As Flores e o Luto
Associar o luto com a flor é chamado para
aqui porque tendo já abordado o assunto do luto não chamei a atenção para o uso
de flores para minorar a dor dos enlutados e como homenagem aos cadáveres
daqueles que foram nossos amigos.
A saudade é uma dor que sufoca o
coração que torna presente o ausente no pensamento, na lembrança do bem-querer,
em doce convívio.
A cultura da flor que normalmente se
dá na Primavera, mas que existe durante todo o ano é uma das mais preciosas
actividades em qualquer civilização. Há flores que resistem ao frio, mas são
poucas, a não ser as de estufa. É por isso que a Primavera é a melhor altura.
A flor procede do latim picare,
plica. Plica é a dobra, a prega, a face. Dobrar uma folha de papel é duplicar,
triplicar, quadruplicar… ou complicar. Quem diz uma folha diz outra coisa
qualquer.
Do mesmo modo tirar para fora em
latim é explicar. Em português também a palavra “cúmplice”, “explícito”, como
sine, igual a sem, isto é, sem plicar, sem dobras sem pregas. Daí a saia plissada das senhoras usada há
anos atrás.
Mas quem não se encanta com uma flor
quanto às suas formas, suas cores, seus aromas ou perfumes?...
Cada flor e cada arranjo tem de ser
próprio para o seu tempo, tem de ser aplicado oportunamente.
Existe um estudo grande sobre o
significado das cores das flores e das suas formas e perfumes.
Há flores grandes e pequenas e há as
que alegram os enfeites dos altares numa igreja, numa mesa, numa casa, ou num
salão, numa festa através da sua utilização, numa linguagem própria em relação
ao homem e em relação à arte de um andor florido, como acontece em Alvarães ou,
num cesto florido como em Vila Franca, ou num belo arco em Vila Mou, e por aí
fora…
Chegou a escrever-se cartas com
flores, assim aconteceu na Inglaterra e em França, na época romântica. Cada
flor tinha o seu significado, não só em relação ao aroma, como em relação à
cor, em relação à forma e à sua localização ou colocação.
As flores falavam por si. É sempre
uma lembrança bonita para uma senhora e também para um cavalheiro... É sinal de
festa, de convívio, de alegria...A flor de liz tem uma história mais antiga.
Era símbolo de paz e de pureza para Baden-Powell, daí ser utilizada pelos
escuteiros. Ela remonta a muitos séculos atrás, milhares de anos. Na Índia
antiga, simbolizava a vida e a ressurreição, enquanto no Egipto era um atributo
do deus Horus, cerca de 2000 anos antes de Cristo.
Quando estudei botânica, estudei a
anatomia da flor e como muito gostei de apreciar a flor e as diferenças umas
das outras. A sua perplexidade, impunha um estudo mais aprofundado…eu próprio
gostava de ir mais longe....é tema para poetas...
Entregar flores em homenagem, ou em
solidariedade com alguém que morreu ou seus entes queridos é normal, é
perfumar, colorir um ambiente gélido e frio próprios de momentos da vida que
são únicos em cada caso.
No entanto, há agora um exagero.
Oferecem-se flores demais. Há 10 anos num funeral de um familiar calculámos
mais de 800 contos quase 40.000 mil euros, quando este dinheiro, bem governado
por uma Conferência Vicentina dava para pôr de pé uma casa para um pobre. Ora
isto é exagero. Estamos a viver numa época de exageros e, às vezes, nem sempre
correspondem neste aspecto à verdade, nem é preciso tanto para que haja um
funeral digno e sóbrio, pois o essencial está no coração das pessoas.
Também há quem vá deixando de
guardar luto o que é negativo, pois até parece que alguém que devia estar
presente em nós já esqueceu depressa. É claro que o sentimento não se muda só
pelo aparato externo, mas, e sobretudo, pelas acções que vêm de dentro.
Eu creio que quanto ao luto é
necessário respeitá-lo e usar o tempo de
nojo é tão necessário à saúde do corpo, como de comida e bebida, mas o exagero
das flores só é interessante para os produtores de flores, para as floristas e
nada mais. Ao fim de alguns dias é lixo que se tem de deitar fora e a vida
continua para quem cá fica e o que partiu continuará vivo, esperamos que seja no céu. Essa é a esperança e a fé
que nos conforta pela O Luto...
O luto é sempre uma experiência
angustiante, aliás não fosse uma realidade, de algo que morreu dentro de nós
mesmos. As palavras “não chore, seja forte, deixe-se controlar porque é
normal”, naquele momento pouco nos dizem”. O luto, a dor causada pela morte de
alguém ninguém a pode consolar a não ser a esperança que Jesus Cristo nos
ofereceu, e a fé que temos na vida eterna. Mas é sempre uma hora difícil a de
torpor, momento do conhecimento da morte, é um choque e a negação emocional de
uma perda.
Há necessidade de viver esse tempo
de “nojo”, de luto após a perda de alguém a que amávamos, que nos era tão
querido até para que os belos momentos, tudo o que de bom descobrimos no amigo
se possam transformar em memórias doces e suaves para continuarmos a nossa vida
com mais alegria.
Nesses momentos somos chamados a
pormo-nos à disposição sem desrespeitarmos a privacidade, ouvir atentamente os
seus desabafos e deixar que partilhem connosco as suas mágoas.
Também esta vivência depende da
concepção da cultura da morte e também da vida.
Aos olhos dos que não acreditam na
vida para além da morte, ou que as almas dos mortos vagueiam por este mundo, ou
andam a reencarnar, aqui e ali, neste ou naquele ser vivo, em algum gato preto,
ou outro bicho de crendices obscuras, ou em algum calhau são capazes de sentir
certo desagrado, repulsa, angústia, medo, incompreensão ou até raiva perante um
problema que faz parte da vida, ao qual ninguém pode fugir.
Quem crê, por exemplo, como os
cristãos, naturalmente tem uma visão positiva da morte e sentem que ela é
apenas uma passagem, uma porta para a eternidade de Deus e que gostaríamos que
fosse no céu, segundo as obras realizadas neste mundo.
É bom ter consciência, desde
pequenos: quando nascemos, viemos a este mundo para crescer, aprender, amar,
desenvolver e também para morrer porque só morrendo se obtém a vida eterna.
Quando vem a morte cada cultura
reage à sua maneira, no entanto, não nos interessa para aqui a cultura judaica
quanto ao ritual dos enterramentos, com os cadáveres embrulhados num lençol e
enterrados mesmo assim ou dentro de um caixão de madeira sem tratamento, nem
arte, antes apostam na simplicidade e moderação porque, afinal, na morte todos
somos iguais. Não há distinção entre ricos e pobres.
Seja como for, a morte sempre foi
abominada pelo homem que a afasta dos seus pensamentos. Todos sabemos que aí se
chegará, mas ninguém quer pensar nisso.
É assunto adiado, mas para um
cristão não pode ser esquecido porque a morte faz parte da vida terrena, e para
ela ser digna, ao ponto deixamos de ter medo, angústia ou qualquer sofrimento,
é preciso prepará-la porque a santidade conquista-se pela luta constante,
diária, pela perfeição. Não se nasce santo, mas temos de seguir na vida
caminhos de Deus para podermos ir para Deus.
Quando temos consciência disso não
temos medo da morte, antes a esperamos com fé e com amor, embora sempre com
certo temor, como é natural. Mas acreditamos na Bondade, na Infinita
Misericórdia de Deus e na sua Justiça, portanto, se temos consciência da luta
pela perfeição, a morte não nos traz angústia, mas, uma necessidade para
podermos ir ao Encontro de Deus.
A morte é sempre uma ocasião de
separação sensivelmente visível do mundo dos vivos e, para os que ficam, há
sempre uma dor de saudade. São sentimentos indiscutíveis que são vividos
conforme a cultura ou a concepção que se faz da referida morte, da vida.
Há que aceitar a morte, viver o luto
e abraçar a vida. Nascer e morrer faz parte da vida. A vida transforma-se desde
a sua concepção.
Desde o seio materno existem
representações, atitudes e sinais face à morte e à vida, desde que o mundo é
mundo. A morte no tecido social teve sempre uma importância de ressocialização
da dor porque faz parte do ciclo vital. É por isso que a morte é um tempo que,
para quem fica, é de saudade, de dor tão profunda, conforme a proximidade na
amizade ou familiar que arrasta consigo uma fase típica a que chamamos nojo,
mas melhor seria a fase do luto quer a nível pessoal, familiar ou social.
Hoje são os psicólogos chamados para
ajudarem pessoas que, inesperadamente, se enfrentam com uma situação de luto
para aceitar a morte e vivenciar o luto.
Maio 2006
TRADIÇÕES QUE ACABAM
Em tempos
idos da Abelheira eram pessoas altas, fortes e de pés grandes ainda me lembro
do meu pai calçar o 46, mãos grandes e 125kg de peso, as mulheres também eram
altas e fortes, ainda hoje se nota isso nas poucas que existem .
Para se
namorar um rapariga de lá era da Abelheira era uma aventura.
Os rapazes
conheciam a rapariga, mas antes de a irem namorar, tinham de andar por lá, ir
indo pagando uns lanchezinhos aos
rapazes solteiros, e depois de alguma confiança estavam ou não autorizados a
namorar. Nessa época, as raparigas não podiam
sair da porta, tinham de estar num local onde a mãe as pudesse ver de
vez enquanto até ganhar confiança no rapaz.
Por isso,
durante muitas gerações, as raparigas geralmente casavam-se com rapazes da
Abelheira e raramente com os de fora. Poucas casavam com rapazes da cidade, na
maior parte as que casavam para fora era com rapazes de Perre e Outeiro.
Eram pessoas
muito conservadoras, assim se manteve um povo forte que onde estivesse logo era
reconhecido como gente da Abelheira.
Quanto aos homens,
esses casavam-se com quem queriam, não havia ninguém que tentasse fazer frente
a qualquer um, e também não olhavam a esses preconceitos a não ser a gentes da
Ribeira.
Eu não sou
dessa época, mas a minha bisavó Luiza, que era lavadeira no tempo que o rio era
junto à Capela do Senhor dos Aflitos, e onde vinham lavar a roupa contava-me,
assim como dizia que mesmo assim, havia alguns filhos de pais incógnitos que
eram dos patrões ou dos ricaços, nunca se sabia de quem eram.
A minha
bisavó tinha 94 anos quando faleceu e já vai há 60 anos, teria nesta altura 154
anos.
Lembra-me
uma quadra que ela me cantava muitas vezes, que é:
Eu queria-me casar
Mas tenho medo à fome
Meu pai tem uma quinta
Que dá de comer a quem não come
J. Silva
As Quadras Populares
Está no sangue deste nosso povo exprimir-se cantando,
é o sangue celta que lhe corre nas veias. Não vai longe o tempo em que os
namorados faziam as suas declarações de amor em quadras normalmente cantadas.
Ouvia-se aos velhinhos contar coisas destas e passavam a vida a cantar.
Não era só o amor à moça ou ao moço, mas cantavam
espontaneamente em quadras improvisadas as paixões e os desencantos, a terra e
o mar, as fontes e as águas, o trabalho e o lazer e por aí fora sem esquecer o
desafio e o conflito...
Pelas quadras descobrimos por isso a história dum
povo, os sentimentos das suas gentes; sentimos também os desejos e preferendas
emolduradas em versos próprios para serem cantados ao som da concertina... Umas
mais dolentes, outras mais vivas e saltitantes, mas todas elas a denunciar
alegria na terra e alegria no Céu.
Aqui se encontram quadras feitas ou ditas pelos nossos
utentes, talvez algumas sejam roladas nas bocas do mundo pelos séculos fora e,
se não o são na totalidade dos versos, às vezes o mote foi conservado na
memória que já vem dum povo amigo da flauta, da gaita e do canto... e fielmente
vamos com alguma dificuldade arrastando essa memória...
Elas aí estão e parecem foguetes a estrelejar, a
prender-nos a atenção para ver qual estrela é a mais bonita ou qual
"buquer" na noite escura brilha mais e tem melhor côr.
Aqui não nos detivemos no rigor da métrica ou da
cadência porque, de facto, elas não saíram da boca de professores, mas sem
ambições e atavios da boca de gente simples que viveu ainda a sua juventude
numa época onde se apreciava este folclore.
Provérbios
"Cada terra com seu uso e cada roca com seu
fuso" quer dizer que cada terra também tem os seus ditados. Como
"Migalhas são Pão" aqui se apresentam as "migalhas" do chão
recolhidas no Centro.
Serão estes ditados, adágios, rifãos, ou provérbios
iguais a muitos outros recolhidos em outras paragens. O povo normalmente não é
diferente, "Vox populi, vox Dei", mas, de região para região, de
terra para terra, há certamente diferenças nas expressões, no modo de dizer a
mesma coisa. "grão a grão enche a galinha o papo" e também, ditado a
ditado fica o indivíduo cheio de sabedoria popular, desta sabedoria que não tem
origem nos livros, mas apenas na experiência traduzida em máximas que correm mundo com mais ou menos
"um ponto" porque "quem conta um conto, aumenta-lhe um
ponto".
Devido ao avanço tecnológico estas mudanças, este
percorrer mundo dos adágios, tende a desaparecer juntamente com outros valores
que também já não passam de geração em geração, de terra para terra.
Este registo pretende suprir essa falta.
Antologia
O sorriso de
uma criança
Um gesto de
perdão, um sinal de atenção
Uma mão
estendida ao estrangeiro
O olhar que
tira da solidão
Um aceno
muito simples no decorrer dos dias.
É tudo isto
a vida!
Um primeiro
passo, uma decisão tomada
Uma
decisão em prol da justiça
Uma
intervenção corajosa
Um silêncio
interrompido.
É tudo isto
a vida!.
Uma carta
escrita, esforço empreendido,
Uma visita
feita, um telefonema
Um estender
de mão,
Estes são
gestos de vida
Porque
gestos de amor e gestos de eternidade
Um dever
cumprido, um trabalho bem acabado,
A página bem
repleta, felicidade de viver,
Alegria de
amar.
Partilhar o
que se tem, viver com simplicidade,
Fazer a
verdade, reencontrar o essencial,
É viver.
IN "Meme Si")
Outras quadras, lenga-lengas, letras de canções recolhidas
É com dor e amargura
No que aqui vos vou falar,
Para esclarecer um pouco
O que não nos querem dar.
Os idosos é o tema
Desta minha intervenção:
Peço carinho e apoio
Com alguma protecção.
De mim própria quero falar
Com idade bem avançada,
Me encontro como perdida
Simplesmente abandonada.
Procurei apoio no Centro
No senhor padre Coutinho,
Para repousar umas horas
E procurar novo caminho.
Idosos abandonados
Andam por aí ao desdém
Sem ter um aconchego
E para onde ir também.
A todos faço um apelo
Dirigido à 3ª idade,
Carinho e consolação
Vos peço com amizade
Ó que pinheiro tão alto
Só com uma pinha no meio
Ó que menina tão linda
Filha de um homem tão feio
Quem diz que o amor custa
É certo de que nunca amou
Eu amo desde pequenina
Nunca o amor me custou.
O amar e saber amar
O amar e saber a quem
Eu amo o meu amor
E não amo a mais ninguém
Do alto daquela Serra
Todos dizem: o bem o vi
Todos falam e murmuram
Ninguém olha para si.
Debaixo da Ponte nova
Andam trutas a nadar
Debaixo do burro anda
Quem se ri do meu cantar.
Uma meia feita
Outra meia por fazer
Quantas meias vêm a ser?
Boca grande
Um só dente
E chama por muita gente.
O que é
Queres mais?
Vai buscar ao cais.
Quando
fiavam o linho
A roca da fiandeira
Fia. Fia, fia bem
Sentada ao lume à lareira
Fia, fia, fia, bem.
Ó que linda maçaroca
Do linho da minha roca
Fia, fia, fia bem
Fia, fia, fia bem
Lengalengas
Como as
histórias, as lengalengas faziam parte desses passatempos dos nossos
antepassados. Não usavam apenas cantilenas para os tempos lúdicos. Às vezes
faziam também verdadeiras narrativas monótonas e enfadonhas que de tão grandes
faziam adormecer. Conheci algumas dessas grandes narrativas, mas aqui no centro
não as ouvi. Uma ou outra cantilena foi registada que encerra uma máxima como
os adágios ou algo que ninguém percebe e também já não é para perceber. Ou é um
enigma ou uma verdade "la palisse".
Celebração
Como os
acontecimentos, há épocas do ano que trazem oportunidades de festa. São
acontecimentos felizes porque momentos altos de comunhão, de festa, de
partilha, de aproximação... São acontecimentos celebrados com a vida das
pessoas, aos quais as pessoas se entregam de alma e coração, como o Natal, os
Reis, as Janeiras, o Carnaval, a Páscoa, o Maio, o S. João, a Senhora da
Agonia, o S. Miguel ou as Almas em Novembro.
Histórias Antigas
Vai longe o
tempo que a família se juntava normalmente ao Domingo de tarde em casa, em
convívio como que tratando-se uns aos outros, carpindo mágoas, exaltando alguns
êxitos ou confessando alguns fracassos, enfim, falando das coisas da vida.
Criavam-se momentos oportunos para e desabafo, para uma comunhão cada vez maior
entre irmãos, entre pais e filhos e primos.
Isto para não falar dos longos
serões à lareira que reunia a gente da casa ou juntava ainda algum vizinho ou
vizinhos. Para passar o tempo exclusivamente ou para servir de fundo a um
trabalho artesanal lá vinham as histórias, os contos, as anedotas, as cantigas,
a música e a dança... Muitas destas coisas eram criações da hora a par de
outras tantas que andavam de boca em boca.
Algumas
dessa histórias registaram-se no Centro. Aquilo que se ouviu aqui vai como uma
pitada para aguçar o apetite...
Inauguração Loja Social em 2009
A Loja Social do Centro Social e Paroquial de N. S. de
Fátima foi inaugurada com a presença da Dra. Ana Margarida Silva em
representação da Câmara Municipal de Viana do Castelo parceira do Centro Social
e Paroquial de N. S. de Fátima neste projecto.
O objectivo desta loja é conseguir fundos para o
Centro Social, através da cedência a preços acessíveis, de artigos usados e
recuperados, caso de bonecas pelas senhoras voluntárias e outros artigos de
vestuário de crianças a adultos além de brinquedos e outros objectos.
Compareceram neste acto, para além do sr. Pe Coutinho,
promotor e dinamizador deste projecto, alguns membros da direcção e algumas
senhoras voluntárias da Oficina das bonecas que têm dispensado um trabalho
meritório à Instituição e por isso aqui lhe manifestamos o nosso aplauso e
gratidão.
Recomendamos uma visita à lojinha situada na Rua do
Espírito Santo entre a Praça 1.º de Maio e a Rua da Bandeira em frente à
frutaria. Certamente lá encontrarão alguma coisa de utilidade e contribuirão
para a sustentabilidade e manutenção do Centro Social e Paroquial de N.S. de
Fátima,de um modo particular a valência Berço.
O homem e o bezerro de ouro
“ Vendo que Moisés demorava a descer do monte, o
povo reuniu-se em torno de Aarão e disse-lhe: “Vamos Fazer deuses que caminhem
à nossa frente. Pois quanto a um tal de Moisés, o homem que nos tirou do
Egipto, não sabemos o que aconteceu”. Aarão disse lhes-: “Tirai os brincos de
vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas, e trazei-os a
mim”. Todo o povo arrancou os brincos de ouro que usava, e trouxe-os
para Aarão. Recebendo o ouro, ele moldou-o com o cinzel e fez um
bezerro fundido. Então eles disseram: “Aí tens, Israel, os deuses que te fizeram
sair do Egipto!”. Ao ver isto, Aarão construiu um altar diante da
imagem e proclamou: “Amanhã haverá festa em honra do Senhor”. Levantando-se
na manhã seguinte, ofereceram holocaustos e apresentaram sacrifícios pacíficos.
O povo sentou-se para comer e beber, e depois levantou-se para se divertir.
O Senhor falou a Moisés:
“Vamos! desce, pois corrompeu-se o teu povo que tiraste do
Egipto. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi.
Fizeram um bezerro fundido, prostraram-se e ofereceram sacrifícios diante dele,
dizendo: ‘Israel, aí tens os teus deuses, que te fizeram sair do
Egipto’”. O Senhor disse a Moisés: “Já vi que este
povo é um povo de cabeça dura. Deixa que a minha cólera se inflame e
os consuma. Mas de ti farei uma grande nação”.
Moisés aplacou o Senhor seu
Deus e disse: “Por que, ó Senhor , se inflama a tua cólera
contra o teu povo que libertaste do Egipto com grande poder e mão
forte? Por que deveriam os egípcios comentar: ‘Foi com propósitos
sinistros que os libertou do Egipto, para matá-los nas montanhas e
exterminá-los da face da terra? Renuncia ao furor
da tua ira e
desiste de fazer mal a teu povo. Lembra-te de teus servos Abraão,
Isaac e Jacó, com os quais te comprometeste por juramento, prometendo-lhes:
‘Tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu, e toda
esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como posse
perpétua’”. E o Senhor desistiu do mal que havia
ameaçado fazer a seu povo. Moisés desceu de volta do monte, trazendo
as duas tábuas da aliança que estavam escritas de ambos os lados, na frente e
no verso. As tábuas eram obra de Deus e a escrita era escrita de Deus, gravada
sobre as tábuas. Josué ouviu a algazarra do povo que gritava, e disse a Moisés:
“São gritos de guerra no acampamento”. Moisés respondeu: “Não são
gritos de vitória,nem gritos de derrota. O que ouço são danças e canções”.
Quando chegou perto do acampamento, viu o
bezerro e as danças. Moisés ficou indignado e atirou as tábuas e as quebrou ao
pé da montanha. Pegou o bezerro que haviam feito e o queimou no
fogo, esmigalhando até reduzi-lo a pó. Depois misturou com água e deu de beber
aos israelitas.
Moisés disse a Aarão: “Que te fez este povo para
que atraísses sobre ele tão grande culpa?” Aarão respondeu: “Não se inflame de
ira o meu senhor. Tu bem sabes que este povo é inclinado ao mal. Eles me
disseram: ‘Faze-nos deuses que caminhem à nossa frente, pois quanto a um tal de
Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que aconteceu’. Eu disse-lhes:
‘Quem tiver ouro, desfaça-se e o dê a mim’. Lancei o ouro no fogo e saiu este
bezerro”.
(...)
Hoje os bezerros são outros: a bota de ouro, a taça de
ouro, a bola de ouro e tudo mais de ouro. Qualquer dia é o homem de ouro que só
vale ouro; mas o ouro por si não vale nada, não tem espírito, nem alma, nem
vida; nem há a qualquer homem valores mais importantes que o faça neste mundo,
pois todo o ouro do mundo, não é a vida…”
Hoje, em futebol, no desporto, no capitalismo, tudo o
mais que interessa são as coisas. Parece que a matéria se sobrepõe à vida e não
a vida matéria. A matéria por si não anima nada a não ser o homem
que com a sua inteligência a governa, a ordena, a desenvolve, mas sem se
envolver nela…
O mundo está a esquecer Deus e a inventar outros
deuses, ou não é verdade que muitos vivem como que em uma “borracheira”
permanente, dia a dia, à volta do desporto, à volta do dinheiro, do ouro que,
por si só não deixa de ser necessário para o homem, mas que nesta
altura, mundialmente se torna a essencial substância , de tantos, tantos
milhões que vivem obcecados por ela… são os 100 milhões de euros, os 90 milhões
disto e daquilo, e a família envolvida a comprar, pagar, esperar horas e horas
para saudar “venerar” e “adorar” o que não é Deus…
O que nos vale é complacência infinita de Deus.
Ninguém pode ir contra a liberdade do homem, se este escolhe para si a matéria
e a “adora” como fosse o seu deus todo poderoso… este não é rico em
misericórdia para valores mais elevados. Quais valores? Os do material o que é
imediatamente redutível na vida humana.
Não é o dinheiro que compra a felicidade, a saúde, o
bem estar social e pessoal ou familiar e colectivo.
É por isso que cada vez o desporto é mais regional e
menos nacional porque quem pode joga com o que se procura à moda da escravidão
são estes e aqueles que nem sempre têm a ver com a nossa terra.
Letra da marcha do
Bairro Jardim
Vamos
para o Bairro Jardim
Nesta
noite de luar
Que
a festa não terá fim
Se
todos formos cantar
As
nossas canções de amor
2
As
jovens dali são belas
Tem
perfume de encantar
Com
os cravos nas janelas
Vai
para o ar, o cantar delas
São
flores a suspirar
3
Um
foguete estoira
Ao
pé de mim
Ai
que eu nunca tive
Um
susto assim
4
Mas
ninguém me disse
Para
eu lá ir
Eu
fui, foi porque quis
Mas
escapei só por um triz
5
Visto
de Santa Luzia
És
um canteiro em flor
Quer
de noite quer de dia
Suspiram
canções de amor
Repete-se
Vamos para o Bairro Jardim
Cântico para a 1ª Comunhão
I
Vamos
todos ao sacrário
Que
Jesus chorando está
Mas
ao ver tantos meninos
Mais
contente ficará
II
Há
muitas almas ceguinhas
Que
não querem ver a luz
Vimos
nós as criancinhas
Conduzi-las
a Jesus
III
Não
chores Jesus não chores
Faz-me
pena o teu olhar
Os
meninos de Viana
Desejam-te
consolar
Repete-se
Vamos todos ao sacrário
Gracinda
Cerqueira
O oiro e as loiras
O ouro do latim aurum, quer dizer brilhante. É um
elemento químico, cujo o símbolo é “AU” (do Latim aurum).
Mas não é só um metal brilhante, amarelo, pesado,
maleável e que não reage à maioria dos produtos químicos, embora seja sensível
ao cloro e à oxidação. É normal encontrá-lo em estado sólido, à temperatura
normal. É também um dos metais tradicionalmente usado para cunhar moedas.
A sua dureza é enriquecida com uma liga de prata e cobre,
por esse motivo, um bom condutor de energia. Por alguma razão o povo não gosta
de se expor com ouro quando troveja.
Tem o ouro uma aparência amarela metálica e uma
densidade de 19300 Kg/m3 . Sendo o metal mais precioso, ele é aplicado como
investimento doméstico, investimento público, mas não só, pois como bom
condutor energético é aplicado como peças em mecânica de motores de reacção, na
aviação. Usado como símbolo de pureza, valor, realeza, ostentação, como medalha
de ouro, bota de ouro, taça de ouro, ao lado daquilo que é de prata ou cobre do
mesmo grupo de valor decrescente.
Também é usado nos dedos, pescoço caindo sobre o
peito, adorno antigo das mulheres apresentando toda a economia sobre o peito,
nas orelhas das senhoras e objectos decorativos como pulseiras, relógios, etc…
ou usado como grandiosidade e riqueza como o ouro trazido pelos Reis Magos
vindos do Oriente para oferecer ao Menino.
Na medicina é utilizado em algumas doenças e o nosso
organismo tem uma quantidade pequenina de (soluções?) de ouro, prata e cobre…
que a mais é mau e a menos mau é; é preciso um equilíbrio harmonioso do nosso
organismo, como também o níquel e o zinco…
Como sinal de riqueza e descoberto pelos portugueses
no Brasil, como também fizeram os romanos que andaram por Portugal à procura de
ouro, sobretudo, na Serra d´Arga.
O oiro é apenas um sinónimo de ouro, como áureo ou
ourado são adjectivos.
Acontece a mesma coisa no louro, fruto do loureiro e o
louro cor do ouro, amarelo, dourado, que também se diz loiro e a propósito do
homem.
É vulgar o sufixo ouro dar lugar ao oiro, como em:
miradouro ou miradoiro, logradouro ou logradoiro, ancoradouro ou ancoradoiro,
couve e "coiba",couce e coice,,fouce e foice e touro ou toiro, couro
ou coiro… "coirão" (calão), noute e noite, este ‘i’ deste
ditongo “ou”, “oi” manteve-se mais na forma popular ou plebeia. Vou dizer
alguma coisa, quer dizer que não vai dizer tudo, só o que sabe ou o que lhe
lembrar. O significado de coisa ou cousa é muito vago, algo, evento ou até algo
de pouco interesse... e de "coiso", embora se encontre no espanhol
como antroponímico, “ Coiso” no repórter espanhol da Corunha que morreu no
Iraque, o "José Couso Permuí". Em português é calão.
Este “i” em oiro é correcto, mas pouco usado e difere
de região para região.
É uma questão de “AU” igual a ouro ou a oiro.
Também não se usa ou não se utiliza quando o
cozinheiro diz que doirou o peru no forno, mas diz sempre dourar o peru, isto
é, pô-lo amarelo, da cor do ouro, por isso não há regra sem excepção. É como
numas regiões se diz a coisa vai boa ou a cousa vai boa.
O mesmo acontece com o louro e a loura (que
também se diz loira). Eça de Queirós fala das singularidades de uma rapariga
loura que em determinada altura um rosto loiro espreita…
O loiro, loura, louro claro, louro palha, é cor de
oiro, amarelado, ou ruço ou ruça como se diz em algumas regiões do nosso país,
aquilo que tem cor de ouro e castanho claro, um amarelado ou dourado, a puxar à
cor do ouro ou oiro.
Marca esta cor ruça os cabelos castanhos-claros, ou bem
amarelados que vêm dos povos eslavos ou da parte central da Europa como belgas,
germanos, holandeses, russos…
Isto de louros podem querer dizer louvores, honras,
insígnias, méritos, mas só anda atrás deles quem trabalha à espera
das corôas da glória deste mundo. Quem assim trabalha há-de sentir-se
injustiçado muitas vezes porque os homens sempre se enganam e dão os louros a
quem não faz nada e esquecem-se dos que fizeram muito, ou fizeram só o que
podiam. As loiras também podem ser por fantasias da arte, do engenho, das
tintas, dos gostos, do disfarce para parecer aquilo que não se é e, as vezes,
ficar pior. Coitados dos loiros das loiras.
É por isso que dourar o corpo ao sol e bronzear não
tem nada a ver com o ouro, mas, com equilíbrio, pode ajudar o nosso organismo
na saúde, mas perigoso ainda mesmo que usando cosméticos para quebrar os raios
solares, pode ser hoje um grande risco.
Tudo se quer como o sal na comida “nem de mais, nem de
menos”.
Desafios
O Ano Internacional do Idoso acaba
em glória! Os idosos foram objecto de muita reflexão e de muita festa. Até quem
nunca fez nada por eles, este ano sempre fez um carinho e por mais errado que
pareça, não é, de carinhos que eles precisam.
A gente em idade de reforma,
reformada ou a trabalhar por necessidade subsistencial e que vulgarmente se
chama população idosa ou terceira idade, não precisa disto.
No entanto, por incrível que pareça,
geralmente as programações foram feitas nas costas dos idosos para reflectir
sobre o que se lhes há-de fazer ou como
devem estar na sociedade. Pouco se terá falado, ou não lhes foi
perguntado
ou dado a voz para eles dizerem o que pensam, ou o que mais lhes interessaria.
Talvez dissessem por exemplo: que não se lhes fale alto, que não se lhes fale
depressa, que não sejam desprezados ou marginalizados porque já não podem
correr como os mais novos, ver como os outros, ouvir como antes e fazer
esforços com tanta intensidade como quando tinham os seus 40 ou 50 anos...
Eles gostariam, que não fossem
tratados por velhinhos ou coitadinhos, mas como pessoas com dignidade humana
que vivem connosco para se realizarem na vida, como todos os outros seres
humanos, tenham a idade que tiverem.
Como pessoas com integridade física
e espiritual para, a seu modo, conseguirem levar por diante um projecto de vida
pelo qual ainda podem ser felizes...
As pessoas mais velhas ainda podem
sonhar e só se realizarão se assim o fizerem. A esperança de vida será tanto
mais, quanto mais sonharem. E nós só os podemos ajudar a sonhar, se eles precisarem da nossa ajuda...
Há que mudarmos de atitude em
relação aos nossos mais velhos... Eles deviam fazer parte activa do debate
porque ninguém como eles sabe do que precisam, do que querem e do que talvez
não queiram.
Este capítulo apresenta um desafio. É o
desafio do diálogo, do diálogo com os mais novos, e o uso dos meios modernos
que já se encontram nas mãos das crianças e dos jovens, porque estes eventos
não têm que fazer parte de um mundo desconhecido dos velhos. Retirar-lhes essa
possibilidade é marginalizá-los, é dizer que já não servem para nada.
O acesso ao
computador, à Internet, por exemplo, deve ser um dado adquirido e o idoso tem
de ter rendimentos que alimentem uma vida, de acordo com o mundo de hoje para com as crianças e os jovens poderem
dialogar. Deste modo poderão compreender os mais novos e os mais novos se
aproximarão mais dos idosos. Tudo o que sirva para aproximar as gerações será a
melhor prenda deste ano internacional do idoso.
Tentamos, por esse motivo
desenvolver actividades em que existsse um diálogo inter-geracional, em que os
idosos e os adolescentes e crianças possam ocupar tempos livres em comum,
aproximando assim velhos e novos. Esta acção foi iniciada por Natália
Castelejo, envolvendo utentes do Centro de Dia, do Ozanan e, também, jovens da
Paróquia.
Eis o dasafio!
O Centro de Dia nasceu praticamente
por iniciativa de pessoas idosas ou próximas da terceira idade. A Legião de
Maria e os Vicentinos foram mola real.
O Centro Social Paroquial surgiu
depois.
A
primeira Comissão instaladora foi constituída por:
Presidente: Pe. Artur Rodrigues
Coutinho
Vice-Presidente: Dr. Mário Rodrigues
Peixoto Magalhães
Tesoureiro: Abílio Orlando F. Borja
Serafim
Secretário: José de Sousa Carneiro
Martins
Vogal: Henrique F. Marques Dias da
Balinha
Hoje a Direcção é constituída por:
Presidente:Pe.Artur Rodrigues
Coutinho
Vice-Presidente: Dr. José Franco de
Castro
Secretário: Drª Natália Rosa
Fernandes Castelejo
Tesoureiro: Eng. António Valeriano Abreu Mota
Vogais: Mª Augusta Cadilha Xavier
Gomes Manso
Drª Maria Teresa Ribeiro P. Alves Barroso
Edite Baptista Alves Martins
E o conselho Fiscal:
Presidente: Dr. Mário Ribeiro
Peixoto Magalhães
1º Secretário: José de Sousa
Carneiro Martins
2º Secretário: Gaspar Ferreira de
Sousa
Trabalhadores Voluntários entre
outros:
Cristina Gonçalves
Dr.
José Francisco Oliveira
Dr. Manuel Gomes Afonso
Enf. Fernanda Mota
Enf. Isabel Carvalhido da Silva
Enf. Jacinta Correia
Fernando da Costa Pereira
Henrique Balinha
João Carlos Salgado
José Galvão
José Guedes Martins
José Henrique Borja Serafim
Laureano Barbosa
Madalena Barbosa
Maria do Livramento
Pedro Balinha
Lino
Lucas Martins
Maria Felgueiras da Silva
Lídia Correia
Membros da Legião de Maria
Membros da Conferência de S. Vicente
de Paulo
Foram ou são coboradores
assalariados:
Ema Fernandes do Paço
Maria Gorete do Carmo Silva
Irmã Cristina Gonzalez Tristan
Irmã Dolores Riquelme Macia
Irmã Flávia Andrade
Irmã Glória Pacheco de Sousa
Irmã Maria Amália Lucas
Luciana Cristina Afonso Morais
Maria Helena de Oliveira Baptista
Alves
Maria Helena Vaz Lopes Pinto
Maria Josefa Gonçalves Duarte Freire
Rosa Maria da Cruz Barbosa Peixoto
Bispos nascidos no Alto-Minho, hoje diocese de viana (por acabar).
O território correspondente à Diocese de
Viana do Castelo já fez parte da Diocese de Tui, de Ceuta e, por fim, de Braga.
É difícil saber em pormenor porque muitos
foram Bispos mas missionários, ordenados também fora e faltam registo
sobre a naturalidade. Tentei apurar quais os filhos desta região tivessem
sido Bispos, segundo, Salgado Matos, dá conhecimento de 16.
Fiz uma pesquisa e cheguei aqui...mas
prometo continuar, a não ser que alguém com mais tempo e mestria o faça ou
apareça a público, entretanto chego a esta conclusão:
D. António Mendes de Carvalho, Ferreira,
P. Coura - Elvas; D. António José de Sousa Barroso, Viana -
Índia e depois Porto; D. Pedro, Conde de Viana – Évora; D. Bernardo
Ribeiro Seixas, V. N. Cerveira, Bragança; D. Baltazar do Rego, Viana do Castelo
– Angola; D. João Ribeiro Gaio, Viana do Castelo – Malaca; D. Pedro, Viana do Castelo - Faro e depois Porto; D. Frei António do Desterro, Viana do
Castelo - Rio de Janeiro; D. Vasco, Viana do Castelo - Porto depois
Faro; D. Joaquim Rodrigues Lima, da
família “Novo” de Vila Nova de Anha, Bispo de Bombaim (sepultado na catedral de
Bombaim); (Conheci pessoalmente estes); D. Manuel Carvalho, natural de
Subportela e Bispo dos Açores, já falecido; D. Carlos Pinheiro de Vila Praia de
Âncora, já falecido- foi auxiliar de Braga; D. Abílio Ribas. Soajo/ Arcos
- S. Tomé e Príncipe D. Abílio Ribas, natural de Soajo e Bispo emérito de
S. Tomé e Príncipe; D. José Augusto Pedreira, nascido em Valença – Auxiliar no
Porto e Bispo emérito de Viana; D.
Antonino Dias, natural de Monção e Bispo Auxiliar de Braga e agora é Bispo da
Guarda e de Portalegre; e agora D. Pio Alves, natural de Lanheses - Viana do
Castelo e nomeado Bispo Auxiliar do Porto.
25 ANOS DE PARÓQUIA
As Comemorações Jubilares dos 25 ANOS de Paróquia de
Nossa Senhora de Fátima estão a meio do seu programa e atingiram o seu ponto
alto, como era de esperar, na festa da Padroeira.
Conforme foi largamente difundido
pela imprensa, a Imagem de Nossa Senhora de Fátima peregrina percorreu os
bairros novos de maior densidade populacional e, no dia 12, terminou com uma
procissão de velas que saiu da Capela da Senhora das Necessidades para a Igreja
Paroquial.
Esta acção levou os moradores das
ruas, largos e praças a fazerem tapetes de flores, grandes obras de arte que há
muitos anos se faziam na Abelheira, aquando da visita do Senhor aos enfermos.
Desta vez a iniciativa começou pela Urbanização Capitães de Abril estendendo-se
a todo o lugar da Abelheira, Urbanização Bela Vista, Senhor do Alívio, Senhora
das Necessidades, Largo do Bairro do Jardim e Bandeira.
Em todos os actos, foram inúmeros os
participantes, de um modo especial, o do
dia 12 com um acompanhamento nunca visto numa procissão do género.
Foram vários os oradores como o Pe.
António Gonçalves (Carmelita), Pe. José Ribeiro, Pe. Dr. Barbosa Moreira e Pe.
Dr. Alípio Lima.
Houve muitos foguetes e fogo de
artifício, principalmente no dia 12.
No dia 13,
às 19,15 horas, houve uma celebração com vários sacerdotes, colaboradores na
Paróquia e, no final, a partilha de um gigantesco bolo, com música e iluminação
(muito original), dos 75 ANOS do aparecimento de Nossa Senhora, em Fátima,
confeccionado, para o efeito, por uma jovem catequista, Fátima Cambão, aluna de
Turismo no Instituto Politécnico de Gestão e Turismo, em Viana do Castelo. Após
a partilha, seguiu-se, pela noite dentro, um convívio paroquial no Centro
Social desta paróquia.
Encerrou também no dia 13, a
exposição retrospectiva dos 25 ANOS de Paróquia, a qual mereceu o maior
interesse por parte de muitas centenas de pessoas, inclusive, do Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Entretanto, no âmbito destas
comemorações, estão a realizar-se as antigas marchas populares do Bairro da
Bandeira e do Jardim, assim como o concurso, a nível do Ensino Básico,
subordinado ao tema “ A PARÓQUIA VISTA PELAS CRIANÇAS”.
92 / 05 / 13
GÉLITA
E em 1750 foi
pedido para ser constituído o Couto da Senhora das Boas Novas e, em 1751, foi
criado o Morgado de Nossa Senhora das Bas Novas. Em 1790, os coutos instituídos
por D. Fernando Magno acabaram.
Aos
meus paroquianos:
Meus
queridos paroquianos: a minha doença com as limitações a que me conduz, agora o
período do Coronavírus cada vez nos distancia mais. Queria dizer-vos algo que
me vai na alma.
Nunca
pensei que chegássemos a esta situação.
Na
Páscoa, pregávamos e fazíamos todos mais oração, penitência, sacrifício,
partilha e vivíamos de outro modo a paixão e ressurreição de Jesus Cristo.
Agora
chegou a ocasião de uma quaresma muito mais exigente, não por causa do nosso
Pai de misericórdia, mas do orgulho e da ânsia dos humanos. Esta Páscoa
diferente vamos vivê-la dentro de casa, ou fora, com outro sabor a Páscoa,
passagem da morte à vida.
O
vírus pode ser a morte e a vida. Essa é sempre vida pela ressurreição de Cristo
que é fonte de água viva.
A
vida está também nas nossas mãos, se para além disso, fizermos tudo o que nos
indicam as instruções de Saúde, do governo e do chefe do Estado, depois de
ouvida a Assembleia da República.
A
nossa cozinha tem-se mantido aberta e está a servir mais no Refeitório Social.
Agora são mais de 85 a alimentar, ao meio dia e à noite. Para além disso, temos
ainda os utentes do S.A.D., Berço e Centro de Dia.
Daqui
vão votos de louvor a todos os colaboradores da cozinha e a todos aqueles que
tem assistido aos idosos do Centro de Dia e SAD em suas casa, e às crianças e
jovens do Berço.
Sinto
muito com o que se passa, mas não está nas minhas mãos fazer mais nada senão
rezar para que esta amargura passe.
Esta
quaresma é de facto um tempo bem duro, uma quaresma a doer que nos leva a refletir,
a pensar o que somos, como somos e para que somos…
Deste
modo a nossa Páscoa pode ser a melhor que vivemos na nossa vida…
Por
isso não cruzemos os braços, não deixemos de dar a mão a quem precisa.
As
orações da comunidade Paroquial não devem ser só pelas vítimas do Covid 19, mas
também por todos aqueles que trabalham em zonas de risco com irmãos nossos que
precisam do nosso apoio, conforto e reconhecimento.
A
todos estamos muito agradecidos.
Com
um abraço digital, não há contágio, para ti que me lês e de quem tenho saudade.
2020/03/19,
Dia do pai, é dia do Padre e sou padre por isso imploro a Bênção de Deus Pai
para ti que me lês, com a esperança que atrás da tempestade vem a bonança.
Poemas da Henriqueta
Santos em festas minhas
Tantos doutores me rodeiam
todos dando sua sentença!
Eu, cá por mim, tomo tudo!
Ou vou da cura ou vou da doença.
Já nas boticas se esgotaram
as mesinhas de que me valho!
Eis o que me receitaram
para quebrar o cascalho.
O nosso amor é contido
E resistir mais a dor
Por ser mais puro e sentido
Tem ainda mais valor
Contêm mais as emoções
Em qualquer situação
Mas multiplicas as acções
Para a sua resolução
Se vê um pai a sofrer
Seporta sempre isolado
Para não deixar perceber
A ninguém o seu estado
Quem tem filhos tem tanto amor
E é um ser tão protegidos
Que só sabe dar valor
Quem o tenha já perdidos
Por tanto que brotamos
Desse nobre coração
Para nós queridos filhos
Nossa eterna gratidão
Poema
É triste
A pobreza deste mundo triste
É triste porque se quisermos
A tristeza não existe
É triste
E pobre também
Ter possibilidades
E não ajudar ninguém
Escrevo isto
Mas tinha mais para escrever
Já ultrapassei muitas chatices
Não vou mais aborrecer
Caso gostem e vos interece
Tenho um pouco de queda para rimar
Se quiserem quatro ou mais fazer
Basta-vos comenicar
Como é belo passar
O mes de Agosto na minha aldeia
Toda família e convivas juntar
Almoçar à luz da candeia
Com o tempo tudo mudou
Hoje o mes de Agosto é diferente
A candeia se apagou
Há mais luz e mais gente
Apagada a luz da candeia
Ao fundo junto ao fogão
Outra luz nos encandeia
Luz do nosso coração
Embora sejamos poucos
No que se vai passar vamos ser muitos
Há muitos que serão poucos
Nos poucos seremos muitos
Mas com Deus e a sua graça
Ele é nosso amigo
Que nesta casa se faça
Um mes de Agosto como antigo
Assim o mes de Agosto passamos
Com tanta luz tanta cor
Nossos corações juntamos
Sinal de paz e amor
Mazarefes
Abade Matos
Apontamentos
avulsos
O abade
António Francisco de Matos nasceu em 9 de Julho de 1860, em Mazarefes, filho de
Francisco António de Matos e de Antónia de Piedade de Passos Pereira Maciel,
“de Castelo de Neiva”, ambos lavradores. Eram seus avós paternos o José António
de Matos, tenente da guerra da Maria da Fonte, e Maria Rodrigues e maternos
António Lourenço de Passos Pereira Maciel, cirurgião em Esposende, e Maria
Martins (de Figueiredo) ”do lugar de Castelo de Neiva.” Era da casa dos quatro
chicos: O Francisco António Matos era o pai, o porco era Chico, o burro
(cavalo) era Chico, e o criado Francisco de Aguiar, de Barcelos. Ele próprio o
dizia a brincar. Com o nome de António foi feito cristão, pelo baptismo
católico e pela mão do Pe. José de Araújo Coutinho, por doença grave do Abade
Manuel Rodrigues Lima, que era o pároco, levado ao colo da madrinha Rosa de
Jesus Passos Pereira Maciel, em 13 de Junho do mesmo ano, quatro dias depois de
nascido.
Estudou em Braga. Era um jovem inteligente, dinâmico,
criativo e cheio de vida.
Conta-se que um dia apareceu em Braga com uma
bicicleta (......)
Ordenou-se sacerdote em 20/11/1887, e foi nomeado
pároco de Mazarefes em 1892. Faleceu confortado com os últimos sacramentos, com
87 anos, em 07/03/1947. Foi ordenado pelo Arcebispo Primaz D. António José
Freitas de Honorato.
Celebrou as bodas de ouro sacerdotais em 20 de
Novembro de 1937.
Deixou à freguesia bens como a sua casa para
Residência Paroquial e cerca de 20.000m2 de terreno que ficou a fazer parte do
passal.
Nunca deixou morrer pobre nenhum à fome.
Depois da morte dele, a única pessoa da freguesia a
precisar de ajuda foi a Maria Crasto, no tempo do Pe. Delfim, de Darque quando
esta ficou anexa àquela Paróquia. Era a família Galhofa que preparava a lista
para cada dia e por semana. Faça a lista que eu leio-a de semana a semana,
dizia o prior de Darque. No fim de cada missa era lida na igreja para que os
paroquianos fossem levar a comida a casa daquela família. Isto ainda conheci
porque só acabou quando dois filhos começaram a trabalhar e decidiram por
sustentar a família. Era criança de 9/10 anos.
Eram assim as listas:
1ª semana – Segunda-feira, Manuel Rodrigues Gomes;
Terça-feira, Inra D. Ezabel; Quarta-feira, Manuel Fernandes Liquito;
Quinta-feira, Manuel Fernandes Forte; sexta-feira, Manuel Gonçalves Dias;
Sábado, José da Costa Dias; Domingo, José Pinto da Costa
2ª semana Segunda-feira, Domingos Rodrigues de Araújo
Coutinho; Terça-feira, António Rodrigues da Rocha; Quarta-feira, José de Araújo
Vaz Coutinho; Quinta-feira, Manuel Gomes; Sexta-feira, Viúva de Manuel Ferraz
de Miranda; Sábado, Avelino Correia Lavandeira; Domingo, Francisco Gonçalves de
Souza.
3ª semana – Segunda-feira, Glória Alves...;
Terça-feira Alexandre R. Coutinho; Quarta-feira, Avelino Martins de Souza;
Quinta-feira, Ana Alves; Sexta-feira, Manuel Rodrigues de Araújo; Sábado, José
de Araújo Coutinho; Domingo, José Rodrigues de Amorim.
4ª semana –Segunda-feira, António Augusto Vieira de
Amorim; Terça-feira, Rosa Ribeiro Coutinho; Quarta-feira, Miguel Afonso Forte;
Quinta-feira, Manuel Agostinho Paulino; Sexta-feira, Joaquim Alves Coutinho;
Sábado, Armindo Delfim Correia Ribeiro; Domingo, Rosa da Cunha.
5ª Semana – Segunda-feira, Conceição da Cunha Meira,
Terça-feira, José Gonçalves Pequeno, Quarta-feira, Artur Augusto Matos;
Quinta-feira, Viúva de Manuel Ribeiro da Riba, Sexta-feira, Artur Pedro da
Silva Domingues; Domingo, Francisco da Silva Coutinho.
6ª Semana – Segunda-feira, José de Oliveira Silva
Reis; Terça-feira, Teresa Rodrigues Leite; Quarta-feira, António Rodrigues de
Araújo Coutinho; Quinta-feira, António Ribeiro Gomes; Sexta-feira, António
Afonso Forte Ribeiro
7ª Semana – Segunda-feira, Agostinho Rodrigues de
Carvalho; Terça-feira, Engrácia Fernandes Dias; Quarta-feira, Manuel de Matos
Gonçalves da Cunha; Quinta-feira, Manuel Francisco Rodrigues; Sexta-feira, João
Rodrigues de Carvalho; Sábado, António Rodrigues Carriço; Domingo Maria
Rodrigues Vaz.
8ª Semana – Segunda-feira, José Gomes da Cunha;
Terça-feira, João Matos Gonçalves da Cunha; Quarta-feira, Joaquim Dias Felix;
Quinta-feira, José Gomes da Cunha; Sexta-feira, José Rodrigues Reis; Sábado,
José Fernandes Liquito; Domingo, José Rodrigues de Araújo.
Não o conheci, pois faleceu no ano em que nasci, mas
era um padre muito piedoso, generoso; um
bom amigo, culto, poeta, amigo dos pobres e dos doentes; crítico e ouvi
vários testemunhos de pessoas que lhe ajudaram à missa, andarem na catequese
dele, pessoas que ele casou e destaco agora algumas dicas que disseram dele,
como “um santo” e um homem muito “bem-humorado, alegre e brincalhão.”
Duas piadas dele:
· Na casa do visconde de Vila
Franca, e num dia de aniversário, uma das filhas, a mais nova do visconde
que estava casada para a casa do Junqueira de Mazarefes, vestida com um vestido
da cor de canário... - "Aquela menina lá ao fundo vestida de canário"....
- O canário é meu, o canário tem dono, responde o
marido...
· Quando a D. Júlia que casou
com D. Tomás ... vinha à missa a Mazarefes, no fim iam cumprimentar o Abade à
sacristia.
Ai meninas eu tinha um soneto feito ao meu
pintagalhinho (canário).
- Diga o soneto, então.
- Não digo que envergonho as
meninas....
- É assim:
Meu bichinho
Doudivanas
Também pintas as pestanas
Também pintas o biquinho...
Ai que nojo meu bichinho.
O Abade Matos foi Presidente da Junta da freguesia
desde 1896 a 1910.
“Eu pertenço à freguesia mais rica de Viana do
Castelo” dizia ele a quem o interpelava: - "Ai Abade o que será de
Mazarefes. Quando o senhor faltar, e continuava, respondendo:” tem bom Alfaiate
(O Pulcena), bons Carpinteiros (Geraldo, o Néné e o Simplício), bons Cesteiros
(os Galhofas), boa Banda de Música (a Banda do Carvalho), bons Pedreiros ( Zé
da Mata e Rocha), bons Fogueteiros (os Miras), bom Latoeiro(o Luciano
Carvalho), bons Ferreiros ( Cunha e Forte), bom Sapateiro (o Enes) e vários lavradores
abastados. Portanto Mazarefes, segundo ele, não precisava de nada. Era uma
terra rica. Tinha de tudo e bastava-se a si próprio não precisava de ir buscar
fora”.
Tinha gosto artístico e, a propósito, quando ia a
Subportela dizia para os daquela terra: Olha que Santos feios, olhando para as
imagens da igreja. Em Vila Franca, gozava os daquela terra com a imagem do (…).
Ao parar em frente dela dizia com a sua graça natural: quando tirais este
“gajo” daqui?... pois era uma imagem com a cabeça muito grande. Então os de
Vila Franca trocaram a imagem, mas arranjaram uma imagem maior que mal cabia no
nicho. – Ó, tiraste um e puseste outro que nem cabe em casa, continuou ele a
brincar.
Aliás ele tinha um espírito muito crítico e por isso,
pôs aos de Mazarefes uma alcunha a cada habitante por assim dizer. Punha nomes
a toda a gente: És bacôlo.
Uma mulher forte, irmã do Pe. Américo, pároco de
Gondarém, veio servir para a casa dele e deu-lhe as dores. Curava ele, como era
costume, as dores de barriga com testos quentes. - Alto, isto não é nada
comigo... ide chamar a ti’ Ana Dias e preparai-me o burro para a levar para
casa dela, a Alvarães.
Na febre pneumónica, só deixou morrer uma senhora, a
mãe do Zé “Pirralho” por estar de parto, a mãe do Zé Dias que não resistiu,
aliás era costume dizer-se: Quando viesse o médico a alguém, já se sabia que era para morrer...
Houve um dia uma confessada, na Igreja de Vila Franca
e havia duas sacristias: uma a sul e outra a norte. O Pe. Manuel Salgueiro, de
Subportela, o Pe. Zé Pinto, de Vila Fria, o Pe. João Matos, de Vila Franca, o
Pe. Francisco Matos e Pe. Fernandes de Deão, eram os confessores.
Ao sair da sacristia, numa pausa, vê um “polícia” e
diz o de Vila Franca: - porco..., porco..., Diz o Pe. Francisco Matos de seguida:
- porco não, porca sim.. – Tu és poeta, diz o Salgueiro. - Olha rapaz (para o
Prior que era novo) -Tu és novo, és rapaz, tens muito que aprender, mas tu,
Salgueiro, és parolo porque és velho e não sabes que mijado sobre cagado é de
mulher e não é de homem...
Era todo da casa do Estivada, e amigo do Celestino. A
primeira mulher do Joaquim Estivada, assim como a segunda que era a Joana
Gandra, cozinhava e lá comia com a família.
Ele passava a noite toda à beira de um doente. Disse o
Prior de Vila Franca, no seu funeral: - o vosso pároco viveu como um anacoreta,
que nem à cama ia. E é verdade que vinha a casa comer à meia-noite e depois ia
passar o resto da noite junto do doente...
Chamavam-lhe o “Pardal”. Assim como alcunhava os da
sua terra, também o alcunharam a ele.
Não era republicano, nem monárquico, mas “
regenerador” e nesta política comungava com os Miras. Um dia os Miras
“assaltaram-lhe” a casa, na hora da liberdade da República, mas nada para mal.
Eram amigos e respeitavam-se.
Não calçava botas, mas sapatos ”branquinhos” (era um
género de sapatos de pano ) para sair ou ir a Viana, pois na missa usava
pantufas. Para o caminho da aldeia eram os socos os seus companheiros e meias
de lã de ovelha. O castiçal que tinha na sacristia era um solitário partido
onde metia o toco da vela. Para andar de noite usava uma cana com um prego na
ponta, onde dependurava um lampeão, andava sempre com um barrete redondo com
três dedos de aba e na igreja antes da missa rezava sempre com o barrete. Era
calvo, raramente usava a batina, usava mais o viatório e capa ou “guarnacho”.
Ele tinha muito cuidado com a saúde.
Era primo do Pe. João Matos, de Vila Franca e primo do
Cirurgião Matos de Mazarefes. O seu pai casou duas vezes. A primeira mulher
veio do Castelo do Neiva e trouxe uma sobrinha para criar. Era ela tão bonita
rapariga que não lhe faltavam pretendentes e, sobretudo no Castelo pelo que
veio a casar com o tio aos 75 anos de idade da qual ainda o velhote teve 5
filhos, um deles o Abade.
O pai do Abade casou para a casa das Castelas. Dali
saiu a irmã do Abade Matos que foi mãe do Pe. Albino, da Meadela e aí nasceu
também o Abade.
Era investigador, poeta, “médico”, artista, um amigo
dos pobres. Mantinha um albergue e o povo tinha-o como um sábio e um bom padre.
O Pe. António Quesado, jovem prior, pároco de
Vila Franca, aconselhou-o a celebrar as bodas de ouro sacerdotais porque
ele não queria e o Padre Matos fez a vontade, reunindo em Mazarefes, e na sua
residência, muitos padres.
Às vezes citam-no, dizendo que «a mulher tem sete
manhas e a raposa tem a manha de sete mulheres... e sete vezes sete ....»
Consta que o cadáver do “Rosalina” não se desfez no
cemitério, passados muitos anos e o abade Matos pegou numa vara de lodo e
deu-lhe uma pancada e desfez-se logo.
O seu sobrinho Pe. Albino Maciel de Miranda entre 1945
e 1946 fez o serviço do tio na Paróquia, pois ele mostrava-se já muito
debilitado pela saúde e pela idade.
Era muito alegre, divertido. Raramente se deitava de
noite e nos últimos anos nunca foi à cama. Dormia numa “espreguiceira”. Quando
não tinha doentes com quem passar a noite, ia fazer serão para a casa do
Alexandre de Araújo Coutinho, meu bisavô... Ia de Verão ou de Inverno da sua
casa directo, pelo caminho de terra, lama e pedras, com o lampeão na ponta do
pau, passar o serão até às tantas depois regressava para se esticar no
alpendre, espécie de torre ao centro da casa para a qual subi quando criança e
se via tudo à volta até Viana pelas vidraças que a rodeava.
Ainda conheci, onde ele estudava, rezava, escrevia e
dormia um pouco antes da missa.
O Património para a ordenação foi-lhe feito pela mãe,
viúva, em 16/08/1878 quando ele tinha ainda 18 anos.
O Padre António Francisco de Matos,
natural de Mazarefes, foi o abade da terra que mais anos paroquiou e deixou a
maior parte dos seus bens à Paróquia.
A propósito
o Padre Abílio Reis Lima que foi pároco de Caselas em Lisboa escreveu no
"Serão" do Notícias de Viana, secção orientada pelo arqueólogo e
etnógrafo vianense José Rosa Araújo o seguinte:
UM ESTUDANTE DE MAZAREFES FEZ EMBASBACAR A
POPULAÇÃO DE BRAGA!
Isto deve ter sucedido aí pelo ano de 1885. Frequentava, então, o Seminário
Conciliar um estudante, natural desta freguesia, chamado António Francisco de
Matos. Era um aluno distinto e dotado de espírito de muita iniciativa.
Lembrou-se de construir uma bicicleta de pau, com duas rodas, sendo a da
frente grande e a de trás, pequena. E, se bem o pensou, bem o fez, como diz o
nosso povo.
Quando apareceu em público a dar ao pedal, fixado à roda grande da frente,
os seus conterrâneos deliraram com a novidade, ficando todos de boca aberta
perante os malabarismos do António Matos.
Como se tratava duma novidade sensacional, o nosso estudante levou para
Braga a Bicicleta da sua autoria. Pois não queiram saber, foi um acontecimento!
Despovoou-se a cidade para ver equilibrado em cima de duas rodas um
estudante, ficando os bracarenses verdadeiramente embasbacados diante «daquele
mafarrico» que não caía de cima das duas rodas! Naquele tempo ainda era
desconhecida do público «que a força do movimento é superior à força da
gravidade».
Concluídos os seus estudos recebeu Ordens Sacras se paroquiou esta
freguesia durante 45 anos, vindo a falecer em 7 de Maior de 1947, deixando uma
memória abençoada, o nosso querido Padre Matos.
Quantas vezes lhe ouvimos contar esta extraordinária proeza, que hoje
recordamos, com acrisolado bairrismo.
Foi, portanto, o nosso saudoso Abade (que Deus tenha) o pioneiro do
ciclismo aqui no Minho!!!
Só anos mais tarde, em 1903, é que apareceram as primeiras 6 bicicletas no
acampamento das célebres manobras militares dos Feitos ou da Figueiró,
aparecendo também o primeiro automóvel que o Rei D. Carlos trouxe de Lisboa no
comboio até Viana. E de Viana ao local das manobras gastou 1,30 minutos a
percorrer 17 quilómetros. Fez também maior sucesso a presença do automóvel do
que a do Rei.
Há menos de um século, que progressos e não se têm assinalado nos meios de
comunicação e nas velocidades com que são vencidas as distâncias!
Os Dias de Mazarefes
A família Dias, na linhagem dos Dias da
Conchada, mais antiga que encontramos remonta a 1615, ocasião do casamento de
António Dias com Maria Velha.
O António Dias morreu no Brasil em 1693
e deixou dois filhos: o Francisco e o Domingos. O Domingos foi pai de 5 filhos
do casamento com Maria Rodrigues em 1640, um deles foi o Domingos que casou com
Justa Domingues, de S. Tiago de Aldreu.
O Francisco casou com Isabel Casada e
foi pai de 10 filhos. O primogénito, chamado Brás, foi padre e morreu em 1707.
Do casamento do Domingos Dias e Justa Domingues, de S. Tiago de Aldreu, nasceu
o Manuel Dias que casou com Maria Barbosa, do lugar de Repeidade, filha de José
Barbosa (oriundo de Viana, filho de João Borges e de Engrácia João) e Isabel
João também do mesmo lugar. Depois de ter ficado viúvo casou segunda vez com
Domingas Gonçalves. Do segundo casamento deste Domingos com Domingas Gonçalves,
do Ermígio, veio mais um filho, o Domingos que casou também duas vezes.
Do primeiro casamento nasceu o João
Rodrigues Dias que casou com Juliana Pereira, de Serreleis e filha de Manuel
Afonso, da Areosa e de Maria Pereira, de Serreleis. Deste casamento nasceu João
Dias Novo que, em 1810 casou com Antónia Alves Salgueiro, filha de Manuel Alves
Salgueiro e Andreza Ribeiro, donos da Casa da Piza, do lugar da Regadia. Também
nasceu um outro filho, o António que recebeu a alcunha de “Rei Turco” casado
com M.ª Josefa, de Amarante, em 1833.O João Dias, o Conde Velho, teve da sua
mulher o Manuel Dias do Monte, o Conde, que veio a casar com Maria Rodrigues de
quem teve 5 filhos, o José Dias do Monte, o Conde, que chegou aos nossos dias e
casou com Rosa Rodrigues, Pisca, viúva de António Afonso Forte, em 1894. Só
teve um filho que emigrou para o Brasil depois de ter casado com uma das
marinheiras. Deu cabo da fortuna e veio a morrer na casa de uma sobrinha
Bernarda, viúva de Manuel Torre, de Poiares. Uma irmã de José Dias casou para
Vila Fria. O João Dias Novo que casou com Teresa Pereira e teve 5 filhos. O
João nascido em 1836, saiu para o Brasil, em 1881, com a profissão de lavrador
acompanhado do primo António, filho do José Dias e da Jerónima. Tinha, nessa
altura em que emigrou 28 anos e saiu também com a mesma profissão do primo. O
José Dias e o António Dias foram para o Brasil como referi e lá fizeram
fortuna, mas os herdeiros não se habilitaram a ela pelo que a promessa da torre
da Senhora das Boas Novas ficou, de algum modo, prejudicada. A Jerónima era
irmã do “riquíssimo velho”, isto é, da casa da Marinheira que ganhou a fortuna
no Brasil, o Manuel Augusto Fernandes Barbosa. Foi ele que se habilitou aos
bens do José Dias e do António Dias engrossando ainda mais a sua riqueza. Este
pormenor valeu para que a torre da capela fosse promessa cumprida, salvando-se
a honra da família e dos devotos da Senhora das Boas Novas.
Do casal nasceu ainda José Dias, levando
consigo como dote apenas uma “tesoura de podar” porque não queriam que casasse
com uma parteira, em 1842, a Jerónima Rodrigues da Costa, irmã de 10 irmãos,
filha de José Fernandes, da Meadela e de Joana Rodrigues da Costa nascida na
“casa do engenho” a uns 40 metros da actual casa de habitação dos "Dias" da
Conchada. O pai de Joana era de Ponte de Lima e chamava-se José Barbosa de
Amorim e a mãe, também nascida na referida "casa do engenho",
chamava-se Maria Rodrigues Costa.
O José Dias foi pai de 7 filhos: O António como já referi, nascido em 1853 saiu
para o Brasil com um dos primos; o Francisco casou com Ana Alves, filha de
Manuel Rodrigues Vaz (dos Piscos) e de Ana Rosa Alves, de S. Romão do Neiva. A
Ana era portanto, da casa do Manuel Xico, da casa do Menana. Na linhagem de Ana
Alves podemos dizer que aqui se cruzaram até à 7º geração os Piscos, os d'Eiras
e os Calheiros, entre outros. O Francisco Dias vestia normalmente no Inverno
capote às costas com barino, isto é, capote comprido e capa com capucho que
cobria a cabeça. Era muito habilidoso, picava foucinhas fazia de ferreiro,
encavava sacholas e possuía um moinho.
Deste casamento dos moradores na “casa
do engenho” nasceram 8 filhos; tendo casado o José e o António, tudo o resto
ficou solteiro. Dois deles o Francisco e o Manuel foram padres, párocos em
Carreço e Verdoejo, respectivamente.
O Pe. Francisco morreu muito jovem, de
doença. A Maria e a Ana acompanharam os irmãos nas Paróquias e a Rosa
permaneceu sempre em casa. O António casou com a Ana Oliveira Reis, da Casa da
Vila e foi pai de 6 filhos: Ana, casada com José Vieira, de Alvarães e mãe de
Joana e José Manuel; Francisco, casado com Maria Flor Pires, de Darque e pai de
Paulo Manuel e Maria Judite; José casado com Isabel Pinheiro, (de Viana) e sem
filhos; Manuel casado com Piedade Araújo, de Nogueira, e pai de José Carlos;
António, solteiro e Rosa Maria, também solteira. A viúva de António Alves Costa
Dias (Alves, de S. Romão do Neiva) continua na casa que foi contruída entre
1905 e 1909. A alcunha “ginete” deve ter sido dada pelo “abade velhinho” ao pai
de A. Dias por falar bem e, por comparação, dizia: “tu estás outro ginete a
falar”.
O José da Costa Dias casou com Ana Vaz,
dos Piscos da Capela e não teve filhos. Levou para sua casa um sobrinho do lado
da mulher, o José Vaz, que casou com Maria, filha de José e Deolinda Coutinho,
do cruzeiro.
O José Dias do Monte, o Conde, chegado
aos nossos dias, um dos filhos de Manuel, já referido, casou, em 1894, com Rosa
Rodrigues, filha de Francisco Rodrigues, das Boas Novas e de Maria Rodrigues,
cruzando também por este lado, com os Piscos, os Carregas e os Carriços.
Há outros Dias. Primeiramente temos os Dias
“das Bernardas” que são oriundos também do mesmo João Dias, o Conde, casado com
Juliana Pereira, da Repeidade e de Manuel Alves Salgueiro e de Andreza Ribeiro.
Deste modo o Manuel Dias do Monte, falecido em 1886, casado com Maria
Rodrigues, foi pai de Teresa Rodrigues que, aos 31 anos, casou com António
Fernandes da Rocha, filho de José Fernandes da Rocha e de Rosa Maria da Costa,
de Vila Fria; ora a filha, Bernarda Rodrigues Dias, casou com Manuel Gonçalves
da Torre, alfaiate, de Poiares e, do casamento, só houve filhas pelo que
ficaram sempre conhecidas pelas “Bernardas”, designação que ainda hoje se usa.
A Bernarda era costureira. Comprava o molho de palha na casa do Zé do Monte a
11.00 e a arroba de batata a 7.00. Embora em outras épocas tivessem sido os
parentes pobres, foram com muita dignidade lutando pela vida ao ponto de ser
hoje uma família muito honrada; tão honrada como os outros parentes. A Bernarda
teve mais um irmão, o António Fernandes da Rocha, também conhecido pela alcunha
”corta pernas” porque a irmã lhe terá dito uma graça que não gostou e
atirou-lhe uma foice que lhe cortou uma perna. Casou o seu irmão com (…)
Depois temos os Dias, outros parentes
pobres de épocas passadas, conhecidos por Tro(i)nchudas ou Pirralhas. Todos
eles vão entroncar no João Dias e Juliana Pereira (de Areosa), moradores na
Repeidade. Um filho do João Dias chamado Manuel casou, em 1795, com Custódia
Rodrigues de quem teve uma filha Teresa. Esta Teresa casou com José Alves
Ferreira, em 1815. Um filho deste casal, o Manuel, casou com Maria Forte, de
Ferrais, filha de José Afonso Forte e Maria Rodrigues que, por sua vez, era
filha de João Dias e Joana Vieira, de Vila Fria. Seguiu-se depois o casamento
de José Alves Ferreira com Marcelina e a filha deste casal, chamada também
Marcelina, casou com José Dias. O José Dias era um grande artista e hábil,
especialista de carroçarias de tracção animal, particularmente, para cavalo.
Lindas e boas rodas coroavam o resto da carcaça também ela de lindos e
singulares desenhos ou ornamentos. Nasceu em Vila Fria e casou duas vezes. A
sua segunda mulher fez parte do Centro de Dia de Nª Srª de Fátima, em Viana do
Castelo e faleceu em 1999.
Do primeiro casamento nasceu um filho,
José Dias Júnior que foi guarda-florestal em Orbacém. Casou com Ana Rosa Pires
Alves, de Âncora, de quem teve 4 filhos: a Rosa que casou e vive em Abrantes, o
José, casado em Orbacém e pai de uma filha, o Fernando casado e a viver em Vila
Praia de Âncora, pai de uma filha, tendo ficado na casa de Mazarefes a filha
Porfíria casada com Victor Silva e mãe de 2 filhos, o Pedro e a Catarina.
Os Dias não ficam por aqui, há outra
linhagem na Conchada que entronca no mesmo ramo em João Dias e Antónia Alves
Salgueiro. O filho João Dias Novo, casado com Teresa Pereira Viana, de Vila
Fria, em 1834 teve o filho António Dias Novo que veio a casar com Maria
Rodrigues Alves. Deste casal nasceu António Dias que, por sua vez, casou com
Rosa Malha, tia de Maria Martins Forte (Ferreira), e os pais de quatro filhos:
Américo, Manuel, Domingos e Maria. O Américo Alves Dias, conhecido por
esteiradas, naturalmente, porque se dedicariam ao artesanato das esteiras com o
junco colhido na nossa veiga. Foi enterrador e matador de porcos, veio a casar
com Rosa Ferreira ( conhecida por Garrida), de Vila Fria e foi pai de Mercedes,
Sofia, Orquídea e Dorinda Ferreira Dias,..
Outra família ligada aos Dias, embora
por laços mais longínquos é a dos Caxinas. Os Caxinas vão entroncar no Domingos
Rodrigues Carrega, casado com Catarina Rodrigues, em 1750. Este casal teve um
filho chamado João que casou com Maria Rodrigues, de Vila Fria, e gerou outra
Maria que foi mãe solteira de Teresa, e esta, mãe solteira de Domingos Pereira
que veio a casar, em 1870, com Maria da Silva Vieira, de Vila Franca, ambos jornaleiros.
O Domingos Pereira foi pai de Joaquina de Jesus da Silva Pereira que, em 1905,
casou com António Gonçalves Pires (dos Capareiros) porque os pais eram de
Capareiros ( António Gonçalves e Maria Rosa Fernandes Dias).
Este casal foi pai de Manuel Gonçalves
Pires que veio a casar com Deolinda Dias Arezes, filha de Domingos Fagundes
Arezes, oriundo do Castelo do Neiva, e Emília Dias Alves, de Darque.
Chegou assim aos nossos dias uma família
muito estimada e activa como José Dias Gonçalves Pires nascido em 1935 e casado
em Anha.
Por fim, os Dias que vieram de Manuel
Gonçalves Dias, de Mujães, o capador, casado com uma sobrinha do Abade António
Francisco de Matos, Maria de Araújo de Matos, de quem teve 7 filhos, todos
casados: A Maria, esposa de João Coutinho de Carvalho e mãe de João Paulo e
Carlos Manuel; a Deolinda, esposa de Basílio Azevedo e mãe de Lina Maria; a
Piedade esposa de José Avelino Belo de Subportela e mãe de um filho, chamado
Paulo César; Rosa, esposa de António Vieira e mãe de Carlos e Victor; Manuel,
marido de Rosa Pereira e pai de Susana e Manuel; o Domingos, marido de Maria
Natália Costa e pai de Domingos Moisés e Carla Alexandra; Alfredo, marido de
Amália Lima da Meadela e pai de três filhos: o Miguel, o Nuno e a Paula.
O Conde
Não apareceu Duque, Marquês, nem alguma
razão à primeira vista para haver um Conde. Não teria nada a ver com o “Rei
Turco”, alcunha de João Dias (1833). Por “Conde” era conhecido o José Dias do
Monte. Era o Zé Dias, o “Conde Velho das barbas” e nasceu na Casa do Conde,
assim dizia António da Costa Dias, seu bisneto, e acrescentou que seu avô
trouxe, como dote da casa do velho conde, apenas uma tesoura de podar. Ora o Zé
Dias do Monte era Conde porque nasceu na Casa do Conde. Pelo vistos o nome
veio-lhe da casa. Não faltam por aí topónimos “Conde”, mas não se sabe a que
Conde é referido em “Vila do Conde”. No nosso caso aqui tratar-se-ia duma
alcunha, outra como o “Rei Turco”!...?
O que chegou até nós é que o Conde era o
referido homem, figura vulgar, avermelhado de cara, de média estatura, gordo,
de barbas grandes pousadas no meio do largo peito, que casou com Rosa
Rodrigues, viúva de António Afonso Forte, pisca ou também xica, rica de
lavoura, cheia de campos e de propriedades. E tinha até uma grande adega de vinho
bom, “vinho para paridas “, assim se dizia porque era usado para dar às
mulheres depois de dar à luz para depressa se robustecerem.
Foi regedor (juiz de paz). Morreu de uma
congestão de congro, na casa da sobrinha Bernarda Dias, irmã de António Fernandes
da Rocha, aonde, viúvo, se tinha encostado.
O seu único filho, José Dias do Monte
Júnior, casou com a Maria “Marinheira” conhecida pela “Paustiça” de quem teve
dois filhos: o Zé do Conde, assim conhecido hoje em Vila Franca, o José Barbosa
Dias do Monte, para onde casou, e Maria Teresa que casou para Darque, onde
morreu.
Conta-se:
O Conde andava um dia na feira de Barroselas a prejudicar o negócio de uma
junta de bois em que também estava envolvido o homem da Rosa da Castela, o
Manuel Rodrigues de Araújo Coutinho e o “ Manel da Castela”.
Alguns que se sentiram prejudicados
deram-lhe uma grande coça e veio a pé de Barroselas indo directamente falar com
o Abade António Francisco de Matos, dizendo-lhe: - olhe, Abade, como os seus
amigos me puseram...
- E tu o que queres agora daqui?
-Eu queria receber um conselho de
amigos.
- Olha, então, vai para casa e não te
metas noutra... Senão levas mais...
O filho do velho conde, José Júnior
casou com uma marinheira de Subportela, da família dos Canelas. Recebia só à conta
dela, doze carros de pão de pensões que os caseiros lhe pagavam, era a
“Paustiça” que acabou a vida paupérrima. Foi para o Brasil, em 1925, e vendeu a
fortuna toda ao ponto de reduzir a família à pobreza extrema. E desapareceu no
Brasil. A mulher “abandalhou-se” e teve mais uma filha que morreu afogada, a
Margarida, a outra filha da mulher que já não era de matrimónio, tendo deixado
geração.
Aliás, o José Júnior só acabou com a
fortuna porque seguiu as pisadas do conde velho, seu pai, pois tinha também
vendido a Quinta por 12 contos ao Mandarim ( dos Araújos de Anha). Esta casou
com uma tia avó do Camilo Arezes morador em Viana e que era de Castelo do Neiva
e irmã de Domingos Fagundes Arezes.
Quando foi para o Brasil, deixou um
procurador que se bastou bem, o “o Buxo” de Vila de Punhe. Levou o dinheiro
todo à mulher, Maria Teresa da Silva Barbosa, das marinheiras, e nunca mais
veio do Brasil, nem se soube dele, enquanto o filho José, agora casado em Vila
Franca, “bateu o fado” pela tropa e andou a servir, passando os pecados da vida
e o “sobe e desce” de sachola na mão.
Filhos Naturais m Mazarefes
De 1803 a 1854, pelo
menos 49 indivíduos, entre masculinos e femininos, foram filhos naturais,
espalhados por todos os lugares actuais da freguesia e incluindo o da Namorada,
Souto, Penas, Gavinhos, Boas-Novas, Possa, Formiga, Senhora, Repeidade,
Redondelo e Forca.
Apresento só os nomes e os lugares
que registei:1803 - Maria Gomes, Namorada; 1803 - Maria Rodrigues, Monte; 1803
- João Gonçalves Capota, Souto; 1803 - António Ribeiro Dias, Regadia; 1804 - Mariana Gonçalves, Regadia; 1804 - Rosa
(Violante); 1805 - José Gonçalves (Capota); 1806 - Jerónimo Gonçalves, Monte;
1807 - António Alvares, Monte; 1808 -
Rosa Morais, Monte; 1812 -Ana; 1816 - José Gonçalves, Monte; 1820 - Caetano
Lourenço, Penas; 1822 -Maria de Castro, Monte;1823 - António Gonçalves, Monte;
1825 - Teresa Pinto, Monte; 1825 - Teresa Rodrigues, Boas Novas; 1828 - Maria
Antónia, Monte; 1828 - Caetano Rodrigues, Monte; 1832 - José Violante, Ferrais;
1833 - Ana Ribeiro, Ferrais; 1835 - Manuel Violante, Ferrais; 1835 - Maria
Rodrigues Novo, Ferrais; 1837- Teresa Rodrigues, Ferrais;1838 -João Ribeiro
Taborda, Boas Novas; 1840 - Maria Fernandes, Conchada; 1842 - Manuel Afonso
Forte, Ferrais;1842 - Caetano Silva, Serreleis; 1842 - Joaquim Alves Ferreira,
Conchada; 1843 – (…) José Oliveira, Monte; 1843 - Manuel Ferreira, Monte; 1843
- Rosa Alves, Monte; 1843 - Maria Martins Rodrigues, Monte; 1845 - Teresa
Ferreira, Monte; 1845 - José Francisco Dias; 1845 - Maria das Dores Franco;
1846 - Maria Lima; 1848 - Luisa Ferreira; Ana Rodrigues Leite; 1848 - Miguel
Correias, Penas; 1848 - José Ferreira Polónia; 1850 - Manuel Lima; 1850 -
Domingos Ferreira; 1851 - Maria Gonçalves; 1852 - Maria Ferreira, Ermijo; 1852
- Maria Bernardina Pinto; 1852 - Varia
Granja; 1852 - Ana Correia; 1854 - Francisco Ribeiro.
Expostos em Mazarefes
Entre o ano de 1746 e 1755 foram
expostos 14 indivíduos do sexo masculino e feminino.
Aqui apenas expomos os nomes dados
no Baptismo e os anos, assim como alguns locais onde foram achados estes
humanos. Bento, à porta da igeja, em 1746; Bento, à porta de Brízida em 1759;
Catarina, em 1737; Domingos José, à porta da Catarina em 1746; Francisco em
1723; Inácia, à porta de Manuel Pereira, viúvo em 1744; Jacinta em 1738; Joana
à casa de Jorge Pessanha Pereira em 1714; José António, à porta de Jerónimo
Rodrigues, em 1759; Luzia à porta
de Manuel Moreno, 1756 ; Maria à porta de Jerónimo Rodrigues, em 1756; Maria,
em 1728; Rosa, em 1774; Teresa à porta de Cristóvão Gonç, Ribeiro, em 1755.
Alcunhas
Algumas alcunhas e os anos em que foram registados: A
Caguelha -1775; A Paraca -1786; A Pisca - 1789; A Rata - 1766; Alfatorra -
1711; Camelo - 1771; Capota; Caramuja; Carnaquo
- 1670; Carnoto - 1746; Carrega - 1710; Cordas - 1699; Curto - 1771; Gaio -
1710; Galante - 1764; Galega - 1719; Guingão - 1692; Homem - 1772; O Barrolo -
1651; O Bolha - 1761; O Carniceiro - 1617; O Carnoto 1779; O Carraxel - 1789; O
Cavalo - 1720; O Frade - 1715; O Fura Mundo - 1756; O Galego -1759; O Ganhão
-1755; O Grande - 1724;O Maganão
- 1590; O Maldisposto - 1711; O Manso - 1713; O Rendilha - 1781; O
Tagarela - 1617; O Torto - 1707; O Toureiro - 1725; O Troiano - 1751; O Velho - 1788; O Velho - 1745; Piza Barro -
1774; Salta - 1693; Terra Velha - 1709; Terra Velhaca - 1762; Troino – 1734;
Capota -, Coita – 1737; Coixa – 1732;, Capote – 1695; Violeira -1731;
Senhorinha – 1733; Tamanqueira – 1735; Coixo – 1737; 1738 Coixa das Velhas.
Lugares
De
igual modo lugares ou sítios registados que foram descobertos entre 1696 e
1753:
CURIOSIDADE-
UM TOMBO incompleto
Não
se trata mais que um apontamento meu de 1970 que teria sido fotopiado por não
sei quem, mas que refere nomes (Famílias) e Topónimos. Aparecem diversas formas
de escrever alguns topónimos como por exemplo Calvite e Calvete, Brodan e
brodões, Beltram e goldrões, - sempre ouvi na minha infância e
juventude chamar Boldrões, - cabecinha que deve estar por cabecinha penso,
Termo e Terué, Raindo e Raindos.
Portanto,
não passa de um apontamento que, para um trabalho exacto, deve ser consultado o
respectivo livro. Também parece não estar completo porque não vejo aqui os
limites do lado sul e poente que me
recorda de existirem no Tombo.
António
Fernandes Novo, Leira de Devesa e Mato, Cabreiras, Quinta de José António Matos
(Avô de Pe. Matos); Manuel Rodrigues Carvalho, Leira de Devesa, Cabreiras;
Manuel Rodrigues Carvalho, Leira de Mato, Bouça das Cabreiras; João Alves
Viana, Leira de mato, Bouça das Cabreiras; António Loureiro de Anha, Leira de
Mato, Bouça das Cabreiras; Manuel Rodrigues Carvalho, Leira de Mato, Bouça das
Cabreiras; Francisco Rodrigues Carvalho, Leira de Mato, Bouça das Cabreiras;
Manuel Martins, de Vila Franca, Leira de Mato, Bouça das Cabreiras; José
António Matos, Bouça de Mato, Cabreiras; António Alves Calheiros, Bico de Mato,
Fontão; Manuel Brito de Lima, Leira de Mato, Fontão; Caetano Fernandes, Leira
de Mato, Fontão; Fernandes de Vila Franca, Leira de Mato, Fontão; José António Matos, Leira de Lavradio e Mato,
Lamas; Inácio Barbosa de Amorim, Leira de Mato, Bouça Nova; António Luís Barbosa,
Leira de Mato, Bouça Nova; José Barbosa, Leira de Mato, Bouça Nova; António
Alves Calheiros, Leira de Mato, Campinho; José António Matos, Leira de Lavradio
e Devesa, Redondelo; Matias Alves Salgueiro, Leira e um Acento, Caminho de
Fontão, Redondelo; João Pereira Cibram,
Casas e Acento, Cabreiras e Redondelo; Manuel Rodrigues Carvalho Novo,
Leira de Mato, Redondelo; Manuel Rodrigues Carvalho Velho, Leira de Mato,
Redondelo - Caminho de Fontão; Rosa Mainarte (Manarte), Assento em que vive,
Redondelo; João Alves Ferreira, casas e
Acento, Redondelo; António da Cunha, Bouça de Mato, Penas; Domingos José, Casas
e Acento em que vive, Penas; António Domingos, Casas e Acento em que vive,
Penas; António da Cunha, Leira de Mato, Penas; Domingos José Viana, Leira de
Lavradio, Cortinha, "Caminho de Bouças – Sul- Caminho de Vila Franca -
Poente"; António Alves Calheiros, Leira de Lavradio, Cortinhas; António
Domingos (Soldado), Leira de Lavradio, Cortinhas; Domingos José Viana, Leira de Lavradio,
Cortinhas; António de Matos, Leira de Lavradio, Lamas; António Alves Calheiros,
Leira de Lavradio; António Alves Calheiros, Leira de Lavradio, Lamas; José António de Matos, Leira de Lavradio, Lamas; João
Francisco de Carvalho, Leira de Mato, Morada "Caminho de V. Franca - Nascente
e Sul; Poente - Caminho de campos, com terra de V. Franca a Norte";
Feliciano da Rocha, Leira de Mato, Morada; Manuel Rodrigues Carvalho, Leira de
Mato, Morada; António Alves Franco, Leira de Lavradio, Morada; João Francisco, Leira de Lavradio", Morada";Manuel
Gonçalves, Leira de Lavradio, Morada; António da Cunha, Leira de Lavradio,
Morada; João Pereira Cibram, Leira de Lavradio, Morada; Padre Gonçalo de
Deocriste, Leira de Lavradio, Morada;
António da Cunha Leira de
Lavradio, Morada; Domingos José, Leira de Lavradio, Morada; António Luís, Leira
de Lavradio, Morada; António da Cunha,
Leira de Lavradio, Morada; Domingos José Viana, Leira de Lavradio, Morada;
Manuel Alves Salgueiro, Leira de Lavradio, Morada; José Gonçalves - Leira de Lavradio, Agra; Maria Rodrigues,
Leira de Lavradio, Agra; José Gonçalves Rato, Leira de Lavradio, Agra; Caetano
Gonçalves Pita, Mordomo, Leira de Lavradio, Agra;
João Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Agra; Manuel Rodrigues Carvalho,
Leira de Lavradio, Agra; Manuel Gonçalves, Lugar de Lavradio, Agra; José António Matos, Leira de Lavradio, Agra;
Manuel Francisco, Brasileiro, Leira de Lavradio, Agra; Poente - António
Francisco dos Reis;-António Francisco dos Reis, Leira de Lavradio, Agra;
António de Araújo, Leira de Lavradio, Agra; António Francisco dos Reis, Leira
de Lavradio, Agra; João Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio e Mato, Vinha
D'Agra; Manuel Francisco de Carvalho, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; João Alves
Ferreira, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; Maria, filha de José Gonçalves; Leira
de Devesa Vinha D'Agra; João Francisco, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; António Francisco dos Reis, Leira de
Devesa, Vinha D'Agra; Jerónimo de Vila Fria ,
Leira de Devesa, Vinha D'Agra; Teresa,
Solteira, filha de José Gonçalves, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; António Alves
Calheiros, Leira de Mato e Devesa, Vinha D'Agra; José António de Matos, Leira
de Devesa, Vinha D'Agra; Manuel
Pereira, Leira de Devesa ,Vinha D'Agra,
José Jerónimo de Vila Fria , Leira de Devesa ,Vinha
D'Agra; Manuel Francisco de Carvalho, Leira de Devesa ,
Vinha D'Agra;
Manuel Francisco da Rocha,
Brasileiro, Leira de Devesa Vinha D'Agra; António Francisco dos Reis, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; António Alves Calheiros, Leira de Devesa,
Vinha D'Agra; António Francisco dos Reis, Leira de Devesa, Vinha D'Agra; Manuel
Pereira, Leira de Mato, Testado; Manuel Pereira, Leira de Lavradio, Testado; Feliciano de Faria, Leira de Mato, Testado;
João Afonso Forte, Leira de Mato,
Testado; Maria Gonçalves, Viúva, Leira de Mato, Testado; Maria Gonçalves,
Viúva, Leira de Lavradio, Testado; Herdeiros de Feliciano Alves, Leira de
Lavradio, Testado; António Alves Calheiros, Leira de Lavradio, Testado; António
Gonçalves Franco, Leira de Lavradio, Testado; Manuel Francisco de Carvalho,Bico
de Mato, Penas; António Fernandes, Leira de Mato, Penas; António Fernandes,
Leira de Lavradio, Penas; João Pereira Cibram, Leira de Mato, Saloa; João
Barbosa, Leira de Mato, Saloa; Francisco Gonçalves Rato, Leira de Mato, Saloa; Maria
Rodrigues, Viúva, Leira de Mato, Saloa; Maria Rodrigues, Viúva, Leira de Mato,
Saloa; João Barbosa, Leira de Lavradio,“Sa Loja”( saloa); João Pereira Cibram,
Leira de Mato, Saloa; João Barbosa, Leira de Mato, Saloa; Manuel Francisco e
Carvalho, Casas e Acento em que vive; João Francisco de Carvalho, Casas e
Acento em que vive; António da Cunha,
Casas e Asento em que vive; António Fernandes, Leira de Lavradio, Penas; Maria
Rodrigues, Viúva, Leira de Mato, Penas; António Fernandes, Leira de Lavradio, Cavesinha;
António Luís, Leira de Lavradio, Cavesinha; Inácio Barbosa, Leira de Lavradio,
Cavesinha; António Luís, Leira de Lavradio, Cavesinha; José Barbosa, Leira
Lavradio, Cavasinha; Maria Rodrigues, Casas e Asento em que vive, Junto aos
Raindos; Sebastião Luís Rodrigues, Casas e Asento em que vive Cachada, Junto aos Raindos; Manuel
Rodrigues de Carvalho, Casas e Asento, Bispo, "Junto aos Raindos; Andrade,
Caminho da Veiga - Poente"; Manuel Rodrigues de Carvalho Novo, Leira de
Lavradio, (Terué) Termo; Domingos José,Leira de Lavradio, (Terué) Termo; Manuel
Pereira, Leira de Lavradiio, (Terué) Termo; Domingos José, Leira de Lavradio,
(Terué) Termo; João Alves Correia, de Viana, Leira de Lavradio, (Terué) Termo; João Francisco de Carvalho,
Leira de Lavradio, (Terué) Termo; Joana, filha de José Gonçalves, Leira de Lavradio, Terué, Termo; João
Barbosa, Leira de Lavradio, Terué, Termo; João Pereira Cibram, Leira de
Lavradio, Terué ,Termo; João
Francisco, de Vila Fria, Leira de Lavradio, Terué, Termo; José Figueiredo, de
Castelo de Neiva, Leira de Lavradio, Terué, Termo; João Pereira Cibram, Leira
de Lavradio, Cortinha Poente - Caminho da Fonte; João Pereira Cibram, Leira de
Lavradio, Carvalhais; Manuel Rodrigues de Carvalho, Leira de Lavradio,
Carvalhais; Maria Rodrigues, Viúva, Leira
de Lavradio, Carvalhais; Manuel Rodrigues de Carvalho Novo, Leira de Lavradio,
Carvalhais; António da Cunha, Leira de Lavradio, Carvalhais ; José de Araújo Coutinho, Leira de
Lavradio, Carvalhais Norte; - João Pereira do Souto. João Jerónimo, de Vila
Fria, Leira de Lavradio, Carvalhais; Maria Gonçalves, Viúva, Leira de Lavradio,
Carvalhais Norte; - João Afonso Forte. João Afonso Forte, Leira de Lavradio,
Carvalhais; António Fernandes, Leira de Lavradio, Carvalhais Poente;- Caminho da
Veiga. Manuel Rodrigues Carvalho, Leira
de Lavradio, Carvalhais Poente - Caminho da Veiga; Manuel Rodrigues Carvalho Velho, Leira de Lavradio, Carvalhais;
João Pereira do Souto, Leira de Lavradio, Carvalhais; Manuel Francisco da
Rocha, Norte; António da Cunha, Leira de Lavradio, Carvalhais; Manuel Alves
Salgueiro, Leira de Lavradio, Carvalhais; João Pereira Cibram, Leira de
Lavradio, Carvalhais; Teresa Rodrigues, Leira de Lavradio, Carvalhais; João
Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Campo Novo; João Rodrigues Carrega,
Leira de Lavradio, Campo Novo; Manuel Gonçalves, Leira de Lavradio, Campo Novo;
João Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Campo Novo; João Barbosa, Leira
de Lavradio, Fontela; João Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Fontela;
João Barbosa, Leira de Lavradio, Fontela; Belchior Pinto, de Vila Franca; Leira
de Lavradio, Fontela; João Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Fontela;
Manuel Fernandes Pita, Leira de Lavradio, Fontela.
João
Pereira Cibram, Leira de Lavradio, Fontela, Norte - Padre Manuel Pita; Manuel
Ribeiro Carriço,Leira de Lavradio, Fontela; Manuel Francisco da Rocha, Leira de Lavradio, Termo, Norte com Caminho do Raindos; João
Rodrigues Carrega, Leira de Lavradio, Termo; Manuel Francisco Carvalho, Leira
de Lavradio, Termo; Maria, filha de António Fernandes, Leira de Lavradio,
Termo; Simam António Barbosa, Leira de Lavradio, Termo; Maria Rodrigues,
solteira, Leira de Lavradio, Termo; João Barbosa, Leira de Lavradio, Termo;
António de Araújo, Leira de Lavradio, Termo; Manuel do Brasileiro, Leira de
Lavradio, Termo; Manuel do Brasileiro, Leira Gonçalves, Viúva, Leira de
Lavradio, Vermoim ; António Barbosa,
Leira de Lavradio, Vermoim; Maria Rodrigues, Viúva, Leira de Lavradio, Vermoim
Poente - Caminho da Veiga. João Miguel, Leira de Lavradio, Vermoim; Manuel
Rodrigues Barbosa, Leira de Lavradio, Vermoim; José Alves Calheiros Leira de Lavradio, Vermoim; Maria,
Solteira, filha de António Fernandes, Leira de Lavradio, Vermoim; Padre João
Fernandes, de Vila Franca, Leira
de Mato, Fontela; Capitão Manuel António, Leira de Mato, Fontela; Francisco
Machado, Leira de Lavradio, Fontela;
António Alves Franco, Leira de Lavradio, Fontela; Matias Alves Salgueiro, Leira
de Lavradio e Mato, Fontela; Maria Pereira, Solteira, Leira de Lavradio e Mato,
Fontela; António Alves Franco, Leira de Mato, Fontela; Capitão Manuel António, Leira de Mato, Fontela; Domingos José Viana, Leira de
Lavradio, Fontela; Manuel Alves Salgueiro, Leira de Lavradio, Fontela; António
Alves Franco, Leira de Lavradio, Fontela; Matias Alves Salgueiro, Leira de
Lavradio, Fontela; Caetano Fernandes Pita, Leira
de Lavradio, Fontela; Belchior Pinto, Leira de Lavradio, Fontela; Caetano
Fernandes Pita, Leira de Lavradio, Fontela; Manuel Alves Salgueiro, Leira de
Lavradio, Fontela; Domingos José Viana; Leira de Lavradio, Fontela; Miguel
António, Leira de Lavradio, Fontela; António da Cunha, Leira de Lavradio, Fontela; João Pereira
Cibram, Leira de Lavradio, Fontela; Padre Manuel Pita, de Darque, uma Leira,
Raindos; Sebastião Rodrigues Lima, Leira
de Lavradio, Raindos; José António de Matos, Leira de Lavradio, Raindos; João
Francisco de Carvalho, Leira de Lavradio, Raindos; Manuel Rodrigues Carvalho,
Leira de Lavradio, Raindos;
João Barbosa, Leira de Lavradio,
Raindos; Manuel Martins, de Vila Franca, Leira de Lavradio, Raindos; Manuel
Alves Salgueiro, Leira de Lavradio, Raindos; Leonarda de Chafé, Leira de Lavradio, Raindos; João
Alves do Correio de Viana, uma Leira, Raindos; Maria, Solteira, filha de
António F. Pita, Leira de Lavradio, Raindos;Teresa Rodrigues, Solteira, Leira
de Lavradio, Raindos, Leonarda
de Chafé, Leira de Lavradio, Raindos; Manuel Francisco de Carvalho, Leira de
Lavradio, Raindos; Maria Rodrigues, Viúva, Leira de Lavradio, Cortinha; Caetano
Fernandes Pita, Leira de Lavradio, Campo de Asafram; João Francisco de
Carvalho, uma Leira de Mato, tapada, Calvete;
António Alves Calheiros, uma Leira de Mato, Calvete, António Alves Calheiros , uma Leira de Mato, Calvete, José
do Couto de Serreleis, uma Leira de Mato, Calvete , Manuel Rodrigues Carvalho, uma Leira de Mato,
Calvete; José Gonçalves, uma Leira de
Mato, Calvete; José do Couto de
Serreleis, uma Leira de Mato, Calvete; Belchior Pinto, uUma Bouça de Mato
chamada Calvete; Manuel Rodrigues Carvalho, uma Bouça de Mato, Raindo; Domingos
José Viana,uma Leira de Mato, Calvete;
Manuel Alves Salgueiro, uma Leira de Mato, Calvete; Manuel Rodrigues Carvalho, uma Leira de
Lavradio, Campo do Franco; José
António de Matos, uma Leira de Lavradio, Raindos; António Fernandes Novo, uma
Leira de Lavradio, Raindos; Joana Guerra de Vila Fria, uma Leira de Lavradio,
Raindos; Manuel Rodrigues Barbosa, uma Leira de Lavradio, Raindos; António
Alves Calheiros, uma Leira de Lavradio, Raindos; Joana Gonçalves Guerra de Vila
Fria, uma Leira de Lavradio, Raindos;
Francisco de Cortegaça, uma Leira de Mato, Raindos; António Lima, de Vila
Franca, uma Leira de Mato, Raindos; João Lima, uma Leira de Mato, Raindos;
Francisco de Cortegaça, uma Leira de Mato, Raindos; António Lima uma Leira de Mato, Raindos; João Lima, Leira
de Mato, Raindos; Manuel Rodrigues Carvalho, leira de Mato, Raindos, Maria Ribeiro Taborda , Leira de Mato, Raindos; Maria Ribeiro Taborda Leira de Mato, Raindos ; Manuel Alves Salgueiro, Leira de Mato, Raindos; Bras, de Vila Franca, Leira de Mato, Raindos;
Herdeiros de Belchior Alves; Leira de Mato, Raindos; Domingos José, Leira de Mato, Raindos; Belchior Pinto, Leira
de Mato, Raindos; Herdeiros de João
Machado de Vila Franca, Leira de Mato, Raindos; Belchior Fernandes Junqueira, Leira de mato, Raindos; Herdeiros
de João Machado, Leira de Mato, Raindos; Paula
Ribeiro, Viúva,Leira de Mato, Raindos; João
Machado de Vila Franca, Leira de Mato, Raindos; Pedro José Vieira, Leira de Mato, Raindos; Manuel, filho
de Sebastião Fernandes, Leira de Mato,Raindos; Pedro
Fernandes Junqueira, Leira de Mato e Devesa, Raindos; João Alves Taborda, uma Devesa, Raindos ; Pedro José Vieira de Vila Franca, Uma
Devesa , Raindos; João Machado,
Leira de Mato, Raindos; Herdeiros de João Machado , uma Leira de Devesa, Raindos;
Pedro Fernandes Junqueira, uma Leira de Mato, Raindos; Capitão Manuel António
de Vila Franca, uma Bouça de Mato, Raindos;
Maria Ribeiro, Viúva, uma Leira de Mato, Raindos; Belchior Pinto, Leira de Mato, Raindos; João de Silva, Leira de Mato, Raindos;
Maria Ribeiro, Viúva, Leira de Mato, Raindos; Belchior Pinto, Leira de Mato,
Raindos; Herdeiros de António Gonçalves Grilo, de Sta. Marta, Leira de Mato,
Raindos; Manuel da Silva Ribeiro, Leira de Mato, Cachadinha; Capitão Manuel António e João da Silva, Leira de Mato,
Raindos; Manuel Martins, Leira de Mato, Raindos; Manuel da Silva Ribeiro, Leira
de Mato, Raindos; João Manco, Leira de
Mato, Raindos, Bras Ribeiro Forte, de Vila Franca, Leira de Mato, Raindos;
António Rodrigues Lima, Leira de Mato, Raindos; Brás Ribeiro Forte, Leira de
Mato,Raindos; José de Sousa, Leira de Mato, Raindos; Bras Ribeiro Casa Nova, Leira de Mato, Raindos; João de
Lima, Leira de Mato, Raindos; Herdeiros de António Gonçalves Grilo,
de Sta. Marta, Leira de Mato, Raindos;
Herdeiros de António Gonçalves Grilo, de Sta. Marta, Leira de Mato, Raindos; Maria
Ribeiro Taborda, Leira de Mato, Raindos;
António Franco, Leira de Mato,Raindos; Capitam
Manuel António, Leira de Mato, Raindos; Francisco António, Leira de Mato,
Raindos; António João de Vila
Franca, Leira de Mato, Raindos; Maria
Ribeiro Taborda,Leira de Mato, Raindos; Manuel Rodrigues Carvalho, Leira de
Mato, Raindos; Maria Rodrigues, Viúva,
Leira de Mato, Raindos; Manuel Fernandes Ribeiro, de Vila Franca, Leira de
Lavradio, Brodão; Manuel Silva Rodrigues de Vila Franca, Leira de Mato, Brodão;
Manuel Alves Taborda, Leira de Escampado, Boltrão, Francisco Fernandes Ribeiro, Leira Areia Cega; Bras Ribeiro, Leira de Mato, Beltram; José Martins, Leira de Mato, Beltram; João Manco, Leira Areia Sega; Padre João Rocha
Ribeiro, Leira de Lavradio e Mato, Portos ;
Capitam Manuel António da Rocha, Leira de Mato, Portos; João Alves Manco, Leira
de Lavradio, Portos; Francisco
Fernandes Ribeiro, Leira de Lavradio, Ponta
da Veiga; Manuel Fernandes, Leira de Lavradio, Ponta da Veiga; Pedro Fernandes
Junqueira, Leira de Lavradio, Ponta da
Veiga; Francisco Fernandes Ribeiro, Leira de Lavradio, Ponta da Veiga; Domingos Machado, Leira de Lavradio, Ponta da
Veiga; Paula Ribeiro, Leira de Lavradio, Ponta da Veiga; Francisco Fernandes
Rocha, uma Leira, Ponta da Veiga; Manuel Fernandes Ribeiro, uma Leira, Ponta da
Veiga; António João, uma Leira, Ponta da Veiga; Francisco António da Rocha, uma
Leira, Ponta da Veiga; Capitam Manuel
António da Rocha, uma Leira, Ponta da
Veiga; Herdeiros de Belchior Alves Taborda, uma Leira, Ponta da Veiga; Fidalgo
de Azevedo, uma Leira, Ponta da Veiga; Belchior Pinto, uma Leira , Ponta da
Veiga; António Fernandes, uma Leira e Mato, Ponta da Veiga; Francisco Franco de Sta. Marta, Uma Leira de
Mato, Ponta da Veiga; Herdeiros de Belchior Alves Taborda, uma Leira de Mato,
Ponta da Veiga; Manuel Martins, uma Leira de Mato, Ponta da Veiga; Manuel Francisco, uma Leira de Mato, Ponta da Veiga; João Francisco, uma Leira de
Mato, Ponta da Veiga; António Fernandes ,
uma Leira de Lavradio, Goldroins; João Barbosa,
uma Leira de Lavradio, Goldroins; José Gonçalves, uma Leira de Lavradio,
Goldroins; João Pereira, uma Leira de Lavradio, Goldroins, João Afonso Forte,
uma Leira de Lavradio, Goldroins; José Gonçalves, uma Leira de Lavradio,
Goldroins; Maria,filha de José
Gonçalves, uma Leira de Lavradio, Goldroins; Manuel
Fernandes Pita, uma Leira de Lavradio, Goldroins; João Barbosa, uma Leira de
Lavradio, Goldroins; Manuel Alves Salgueiro, uma Leira de Lavradio, Goldroins;
Manuel Francisco, uma Leira de Lavradio, Goldroins; João Francisco de Carvalho,
uma Leira de Lavradio, Goldroins; José António de Matos, uma Leira, Espadanal ou Veiga; Manuel Alves
Salgueiro, uma Leira de Lavradio, Goldroins;
Manuel Francisco, uma Leira de Lavradio, Goldroins; João Francisco de Carvalho,
uma Leira de Lavradio, Goldroins; José António de Matos, João Pereira Viana,
uma Leira, Campo da Veiga; Joana Guerra de Vila Fria,uma Leira de Lavradio,
Veiga; João Francisco de Carvalho, uma Leira de Lavradio, Veiga; Manuel
Francisco de Carvalho, uma Leira de Lavradio, Veiga; Maria Rodrigues, uma Leira
de Lavradio, Veiga; Manuel Rodrigues Carvalho, uma Leira de Lavradio,Veiga; Francisco Gonçalves Rato, uma Leira de
Lavradio, Veiga.
MAZAREFES NAS
INQUIRIÇÕES
JORNAL REPUBLICANO (publicado em Mazarefes)
O jornal que vaei sahir
Chama-se republicano
A onde vou pôr ao publico
Um putèâo americano
Esse putêdo americano
Eu volo vou narrar
É casa do António gaia
Que esse facto se está a dar
Adeus ó António Gaia
Eu agora te vou fallar
Ou pões essas p. fora
Ou tu tens que retirar
É o que o Zé pobinho diz
Olha que não se engana
Da regadia vem a cuca
Da conchda vae a Joanna
Ainda faltam mais
Que a coisa é vem catita
Do Erimigio vem a Isabel
Do montinho vem a Mesquita
És um homem escandaloso
Que temos na freguesia
Tiraste a irmã de casar
Para te fazer companhia
A Cuca segundo me dizem
Entendo que não me engano
Ela virou-se p 'ra ti
Desde que largou o Padre Caetano
Tira pois d'essa vida
Eu aviso-te vem a tempo
Se continuares com essa vida
Vão pois as vidraças dentro
És horroroso e mundano
És corrupto e devasso
Só tens pragas a esse lombo
É o que Se houve a cada passo
Já não te alumio mais
Que eu até tenho dôr
E por Darque pela passage e por Anhas
Isso tudo é um louvor ao Senhor
António gaia ou alma grande
Tira-te pois dessa vida
Se não fazes uma confissão geral
Tens tua alma perdida
Só te digo mais outra vez
E contigo vou arrumar
Larga já essa má vida
Se algum tempo quiseres durar
Adeus adeus Rosa Gaia
Disse-te no Domingo passado
Com respeito ao teu casamento
Que tem sido tão falhado
Se mo fizesses a mim
Metia-te um tiro na cabeça
Porque o patêta do Redondo
Talvez por ti endoideça
Faço publico na Freguesia
Para que nenhum venha enganado
Todo aquelle que falar com ella
Fica deveras excomungado
E se alguém vier
Que se faça de pimpão
Conte no primeiro Domingo
Com a nossa redação
Não quiseste o Redondo
Porque não te fazia geito
Antes querias o Miguel
Que o Redondo tem moléstia do peito
Ó Miguel Brasileiro
Olha pois o que vais fazer
Tu vaes casar com a gaia
Vaes-te arriscar a morrer
Tua mãe diz que não queria
Que ela p'ra ti fosse morar
Que tinha medo que ela lhe votasse
No caldo Resalgar
O Miguel depois de velho
Ainda lhe lembra o derriço
Bota pois o bigode abaixo
Que já me parece um ouriço
É um homem cabalheiro
Que eu até bato palminhas
Quem te faz casar depressa
É o zêlo d'olhar as galinhas
De baixo deste universo
Não há um homem como tu
Tu em vez de lhe meteres o dedo
Devias lhe meter o nariz no c.
Vou arrumar pois contigo
Que tenho mais que dizer
Desfizeste quase um matrimonio
Não podes ter bom viver
Essa Cuca na freguesia
É das p. a primeira
Deste brebe a sepultura
A essa infeliz caixeira
Mas olha que o sobrinho
Já vinha todo animado
Com uma chamada grêga
Vinha todo repimpado
És uma rapariga proveitosa
Até faz admirar
O que a outra votou ao lixo
Tu trataste em aproveitar
Já que estamos por aqui
Passêmos ao outro lugar
Anda cá amigo Abèco
Que também te quero chegar.
No dia das obradas do teu pai
Foste p'ra venda do piralha
Tiveste poucos sentimentos
Fizeste acções de canalha
Anda cá ó Sarradêlo
Quem te gaba perde o tempo
Querias as barbas arrancadas
Por te meteres nesse casamento
És um tipo de poder
És afamado casamenteiro
Deste-lhe conta do vinho da loja
E das chouriças do fumeiro
Eu avisei-te ó Manuel Pericos
E não é querer-te mal
Se tens lei â tua filha
Tira-a daquele curral
Só na venda do Pirralha
É que se topa a coisa mais fina
Que tem figos como bolos
E aguardente genuína
Vou fechar a Redacção
Que isto não é nenhuma fantochada
Miguel bota o bigode ao lixo
Que te serve para uma broxa.
Jornal Republicano
O jornal que vaei sahir
Chama-se republicano
A onde vou pôr ao publico
Um putèâo americano
Esse putêdo americano
Eu volo vou narrar
É casa do António gaia
Que esse facto se está a dar
Adeus ó António Gaia
Eu agora te vou fallar
Ou pões essas putas fora
Ou tu tens que retirar
É o que o Zé pobinho diz
Olha que não se engana
Da regadia vem a cuca
Da conchda vae a Joanna
Ainda faltam mais
Que a coisa é vem catita
Do Erimigio vem a Isabel
Do montinho vem a Mesquita
És um homem escandalosa
Que temos na freguesia
Tiraste a irmã de casar
Para te fazer companhia
A Cuca segundo me dizem
Entendo que não me engano
Ela virou-se p 'ra ti
Desde que largou o Padre Caetano
Tira pois d'essa vida
Eu aviso-te vem a tempo
Se continuares com essa vida
Vão pois as vidraças dentro
És horroroso e mundano
És corrupto e devasso
Só tens pragas a esse lombo
É o que Se houve a cada passo
Já não te alumio mais
Que eu até tenho dôr
E por Darque pela passage e por Anhas
Isso tudo é um louvor ao Senhor
António gaia ou alma grande
Tira-te pois dessa vida
Se não fazes uma confissão geral
Tens tua alma perdida
Só te digo mais outra vez
E contigo vou arrumar
Larga já essa má vida
Se algum tempo quiseres durar
Adeus adeus Rosa Gaia
Disse-te no Domingo passado
Com respeito ao teu casamento
Que tem sido tão falhado
Se mo fizesses a mim
Metia-te um tiro na cabeça
Porque o patêta do Redondo
Talvez por ti endoideça
Faço publico na Freguesia
Para que nenhum venha enganado
Todo aquelle que falar com ella
Fica deveras excomungado
E se alguém vier
Que se faça de pimpão
Conte no primeiro Domingo
Com a nossa redação
Não quiseste o Redondo
Porque não te fazia geito
Antes querias o Miguel
Que o Redondo tem moléstia do peito
Ó Miguel Brasileiro
Olha pois o que vais fazer
Tu vaes casar com a gaia
Vaes-te arriscar a morrer
Tua mãe diz que não queria
Que ela p 'ra tá fosse morar
Que tinha medo que ela lhe votasse
No caldo Resalgar
O Miguel depois de velho
Ainda lhe lembra o derriço
Bota pois o bigode abaixo
Que já me parece um ouriço
É um homem cabalheiro
Que eu até bato palminhas
Quem te faz casar depressa
É o zêlo d'olhar as galinhas
De baixo deste universo
Não há um homem como tu
Tu em vez de lhe meteres o dedo
Devias lhe meter o nariz no cu
Vou arrumar pois contigo
Que tenho mais que dizer
Desfizeste quase um matrimonio
Não podes ter bom viver
Essa Cuca na freguesia
É das putas a primeira
Deste brebe a sepultura
A essa infeliz caixeira
Mas olha que o sobrinho
Já vinha todo animado
Com uma chamada grêga
Vinha todo repimpado
És uma rapariga proveitosa
Até faz admirar
O que a outra votou ao lixo
Tu trataste em aproveitar
Já que estamos por aqui
Passêmos ao outro lugar
Anda cá amigo Abèco
Que também te quero chegar.
No dia das obradas do teu pai
Foste p'ra venda do piralha
Tiveste poucos sentimentos
Fizeste acções de canalha
Anda cá ó Sarradêlo
Quem te gaba perde o tempo
Querias as barbas arrancadas
Por te meteres nesse casamento
És um tipo de poder
És afamado casamenteiro
Deste-lhe conta do vinho da loja
E das chouriças do fumeiro
Eu avisei-te ó Manuel Pericos
E não é querer-te mal
Se tens lei â tua filha
Tira-a daquele curral
Só na venda do Pirralha
É que se topa a coisa mais fina
Que tem figos como bolos
E aguardente genuína
Vou fechar a Redacção
Que isto não é nenhuma fantochada
Miguel bota o bigode ao lixo
Que te serve para uma broxa.
A F I B R O M I A L G I A
- I
N T R O D U Ç Ã O -[i]
Ao Médico que me diagnosticou a
fibromialgia, escrevo estas linhas mais como uma reflexão feita pessoalmente e
como testemunho daquilo que vivi, vivo e viverei.
Aqui deixo a memória daquilo que,
provavelmente, já trazia de família, pois minha avó ficou entrevada, numa
cadeira de rodas, pouco depois dos 50 anos. Não posso precisar, sei que era
pequeno. Ela morreu em Março de 1972. Um ano depois da OMS ter dado a conhecer
a descoberta da Fibromialgia e ter sido aceita e inscrita pelos diversos
países. Portugal aceitou. Nessa altura já não só na América, mas nos grandes
países europeus é justificação suficiente para a reforma. É difícil ter uma
qualidade de vida suficiente para quem sofre de dores fibromiálgicas.
É
tão ingrata esta doença porque não se vê, ninguém percebe e não há diagnóstico
com provas, mas apenas por exclusão.
É
por isso que assim concebi a capa. É como o rodopiar de um pião que é lançado,
cai aqui ou ali, naquele músculo ou noutro, e provoca a reacção geral do
organismo que sofre e não sabe qual a razão.
A continuação da leitura deste opúsculo
naturalmente vai trazer um conjunto de dados a partir da minha própria
experiência uns directamente ligados à fibromialgia, outros não. Mas parece
interessante que tudo isto é um todo que deve ser compreendido melhor da forma
como o fiz. Se lhe fui útil, ficarei satisfeito. Caso contrário, também não
tenho motivos para o desfazer e escrever outra coisa.
FIBROMIALGIA
CALVÁRIO MASCARADO
Já aqui referi o caso de uma senhora que conheci. Hoje,
refiro-me a outra senhora que tendo lutado contra a doença, sempre se foi
distraindo e alistando numa Associação.
Uns dias, ou uns tempo melhores e
outros piores, mas agora alguém teve de deixar a presidência da Associação à
qual se entregava de alma e coração.
Não foi porque a Fibromialgia lhe
atraiçoasse a alma, pois continua bem animada, mas atraiçoou-lhe o coração, que
é um músculo, e a obrigou a deixar tudo, por ordem médica. É a única solução e
mais nada!...
Quem olhar para ela, de facto, é uma
“trapalhona” porque nada parece ter (!), mas, o que é certo, é que é uma pessoa
doente “mascarada” e que muitos não compreendem ou não querem compreender.
Sei de outros casos de pacientes que
se habituaram a sofrer sem serem masoquistas. Estes doentes, muitas vezes,
escondem a dor profunda que sentem nos pulsos, onde se junta o rádio e o cúbito
encostando-se ao carpo (aos carpos da mão), antes de fazer a flexão como se
pregos se espetassem.
O mesmo acontece nos pés junto aos
tornozelos, mesmo que os pontos nevrálgicos desta doença não estejam dolorosos
e estejam estacionários e controlados, excepção dos do esterno que doem sempre
muito a qualquer apalpação pela mão.
Dores horríveis e quantas vezes isso acontece
em horas impróprias em que um doente devia estar só, mas só... Quantas vezes
acontecem em serviço, nunca compreendido!...
O
fibromiálgico quando controlado, não está curado, sabe o que tem e sabe
suportar melhor a dor e o cansaço. É por isso que engana toda a gente, é
inconscientemente mentiroso, porque é capaz de mostrar alegria, satisfação,
sorriso de criança, etc.… Por trás leva uma cruz muito pesada, sofredora que a
contem em si e só uma crise aguda é capaz de deixar que os outros descubram que
ele afinal é um doente.
A capa (ciada por mim) ao
ter em conta o facto da minha hiperactividade que levavam às vezes amigos a
dizer-me que eu sou eléctrico, sou todo energia... É por isso que o fundo da
capa é composto por linhas aerodinâmicas com pontos dum circuito eléctrico. E
assentam nele dois corpos, frente e verso, onde se mostram os músculos humanos
e onde eu coloquei um peão nos locais a que os médicos chamam “gatilhos de
dor”. Esta colocação não corresponderá exactamente, no aspecto clínico, pois
não sou médico.
Escolhi o peão porque esta
doença abrange toda a parte muscular, em diversos pontos, ao mesmo tempo, ou
uma vez aqui, outra acolá e nunca se sabe quando se é atingido e onde pelo que
o lançamento dum peão também vai cair ali ou acolá, e se formos atingidos por
ele no nosso corpo forçosamente faz contracções musculares como é óbvio,
irradiando dor por um espectro muscular razoável.
Depois, pela frente,
o fibromiálgico quando controlado, não está curado, sabe o que tem e sabe
suportar melhor a dor e o cansaço. É por isso que engana toda a gente, é
inconscientemente mentiroso, porque é capaz de mostrar aos outros alegria,
satisfação, sorriso de criança, etc.… Por trás leva uma cruz muito pesada,
sofredora que a contem em si, e só uma crise aguda é capaz de deixar que os
outros descubram que ele afinal é um doente.
O Observador
A saúde, um bem a não
perder
O cuidado com o nosso corpo
supõe o cuidado com o corpodo outro, “animus” corpo pensante e “anima” sopro de
vida, alma. O cuidado com o nosso corpo supõe o cuidado com o corpo dos outros.
Nós somos seres de relação e o “eu” não existe sem o “tu”, diz Leonardo Boff
que o “tu é o parteiro do eu”.
Este tu não é uma coisa
qualquer, mas concretamente o outro com um rosto que faz com que não sejamos
indiferentes. Qualquer rosto é capaz de nos obrigar a tomar uma posição porque
nos diz algo, fala, interpela, provoca, evoca ou convoca e, de um modo
particular, o rosto dos excluídos, dos pobres, dos oprimidos, dos sofredores...
Quando se fala do cuidado
com o corpo, sempre se fala do corpo e da alma, da matéria e do espírito. Caso
contrário, o corpo seria uma parte do ser humano e não a sua totalidade.
Fala-se do homem-corpo, homem-alma, para designar a totalidade do homem.
De facto o nosso corpo deixa
transparecer a fragilidade humana. A vida corporal é mortal, por isso, quando
somos concebidos começamos a envelhecer de uma forma evolutiva. Ganhamos
energias, vimos a este mundo e continuamos a evoluir em energias até que,
perdendo-as, vamos morrendo, lentamente, até acabar um dia a nossa corporeidade
corruptível, nascendo de novo para uma corporeidade incorruptível.
Ganhamos
corpo e espírito (sopro de vida). Os corpos vão perdê-lo e o seu envelhecimento
começa logo que nasce. Ele vai ser apenas um habitat da alma que será eterna -
nunca morrerá, nem passará por ela o envelhecimento. Na morte, segundo a nossa
fé cristã, dá-se o pleno nascimento do ser humano. Quando chegamos à
ressurreição que “é muito mais que a reanimação do cadáver, mas a concretização
das virtudes presentes ao longo da vida terrena”. Aliás os Apóstolos sempre
pregaram que, pela Cruz, Cristo nos deu a possibilidade de sermos novas
criaturas como o “ Adão novíssimo” segundo S. Paulo aos Coríntios, na sua
primeira carta, capítulo 15,versículo 45. É por isso que não vivemos para
morrer, mas vivemos para ressuscitar, isto é para viver mais e melhor. Deixamos,
a morte para trás de nós, um cadáver que se degradará e transformar-se-á em pó,
em cinza, em terra...e talvez só permaneça a memória das nossas virtudes ou dos
nossos fracassos, pelo menos no coração daqueles que nos amaram ou nos
acompanharam nas sendas desta vida terrena e mortal. No céu, poderemos gozar a felicidade que na
terra tanto desejávamos e pela qual tanto trabalhámos, mas, segundo o Espírito
de Deus que é Amor, o nosso maior e eterno amigo.
Neste tempo de liberdade,
onde todos procuram saciar os prazeres até ao absoluto, não faltam vozes, nem
sistemas de competitividade que geram egoísmo, a começar logo nas escolas. É o
pior mal da nossa sociedade contemporânea empreendendo manipulações das
consciências. Tudo isto gera conflitos emocionais tão grandes que o “não” ou o
”sim” éticos se relativizam ao ponto de ficarem para trás os valores positivos,
objectivos, claros “e do respeito pela opinião dos outros” de respeito pelo tu.
A Assembleia Episcopal
Portuguesa determinou que se celebrasse uma semana da vida, em cada ano, sendo
marcado este ano, entre 16 a 23 de Maio. De facto conquistou-se o direito à
vida, mas continua a ser uma farsa, sobretudo, no que diz respeito ao seu
início e ao seu termo, não falando nos atentados, de toda a natureza, de que
ela é vítima.
A vida é um dom de Deus. O
respeito por ela deve ser tido em conta na cultura, o respeito por ela em
quaisquer circunstâncias.
No entanto pode, quem for
são, ficar doente. A doença significa uma agressão, um dano à totalidade da
existência, experiências sempre desagradáveis porque ameaçam a integridade do
indivíduo, seja qual for a sua perspectiva (Cassel-1982). Quando me dói um
músculo, um ligamento, um tendão qualquer, todo o corpo sofre, não é só isso
que dói, mas sou eu que sofro. Se sofro, procuro a saúde, reintegrando-me numa
vida sã, tanto a nível pessoal, como social. Há que reforçar a saúde para que
ela cure a doença. É uma tarefa. Pode ser difícil, mas não impossível. Devemos
fazer o que está ao nosso alcance.
Cuidar
do corpo implica cuidar da vida que o anima, e das relações que passam por uma
qualidade de vida satisfatória como pela higiene, pela alimentação, pelo ar que
respirámos, pela forma como vestimos, ou pela maneira como nos apresentamos aos
outros, como organizamos as nossas coisas e nos colocamos num determinado
espaço ecológico, material e, espiritualmente, falando.
Cuidar do nosso corpo
significa estarmos preparados para sermos criativos na vida dos compromissos,
dos trabalhos e também dos encontros, nas crises existenciais, sucessos ou
fracassos, saúde ou sofrimento. Aprender a lidar com a dor e a ser feliz com o
que se tem. Se assim o fizermos seremos cada vez mais pessoas amadurecidas,
mais autónomas, sábias, plenamente livres e humanamente mais equilibradas.
Cuidar do corpo é, portanto,
cuidar da alma porque a desarmonia consigo mesmo, com o outro ou com a própria
natureza pode ser fonte que afecte o desequilíbrio físico – psíquico –
espiritual do ser humano, isto é, também produz doenças.
A cura acontece quando se
restabelece o equilíbrio humano e se...“o pecado corresponde à doença, a
graça... Corresponde à cura”.
Cuidar da nossa saúde
significa manter a nossa visão integral, buscando o equilíbrio, sempre por
construir entre o corpo, a mente e o espírito. Convocar o médico para o corpo e
o sacerdote para o espírito para trabalharem juntos, visando a totalidade do
ser humano. Se for o caso, também o psicólogo para a mente. Se o espírito
estiver bem esclarecido não precisará do psicólogo para a mente, a não ser que
haja desvios comportamentais graves... e tão anormais que exijam algo mais que
a intervenção do padre e do médico.
Diz José Ribeiro Nunes que o
sofrimento nos leva a reflectir sobre o modo como estamos a viver a nossa vida,
a nossa identidade, os nossos valores; desafia a nossa humanidade, dando-nos
oportunidade de descobrir e construir novos significados.
Muitos males de hoje vêm do
abandono de valores espirituais que se perderam e, por isso, há mais gente hoje
a recorrer aos psiquiatras, aos psicólogos, aos artistas da feitiçaria ou
similares. Aqueles que não vivem uma fé esclarecida e coerente, então,
refugiam-se nas seitas, quer de origem cristã, quer de outras origens...
Estamos
na civilização da competição, do ter, a começar nas escolas, com a competição
do sistema educativo actual. Um dia Frei Bento Domingues disse que o maior mal
dos portugueses é o egoísmo.
Estou
com ele, e é por isso que há pouca relação com o “Tu” porque este egoísmo leva
a afastar o outro e não a aproximá-lo do “eu”
Cuidar de nós mesmos sem
egoísmos e vaidades exageradas, é estar atento ao outro que temos com o “Tu”,
com quem convivemos, e nos temos de respeitar e amar, ainda que isso nos traga
a necessidade de renunciar a muitas coisas que também eram boas para nós...
Se assim fizermos garantimos
uma qualidade de vida superior com a saúde que Deus nos permite numa Vida que
Ele nos deu como um Dom.
A
prevenção da doença, ou da dor, está em cada um de nós. Quando saímos do nosso
egoísmo e olhamos os outros que, à nossa volta, também sofrem, interessa pois
valorizar, dia a dia, a nossa caminhada, e dar as mãos ao outro, ao “tu”, que
precisa de “mim” para percorrermos todos o caminho certo ao encontro do
objectivo final.
A minha saúde e o tempo do Seminário
A
minha mãe sofreu durante toda a minha gestação e durante um mês após o parto.
Foi acompanhada pelo Dr. Garção, de Barroselas, pois nessa altura tinha ardido
a casa do Dr. Lages, das Neves, médico da Casa do Povo. O Dr. Garção chegou a
ir lá a casa mais de uma vez por dia, mesmo sem o chamarem. Nem por isso a
minha mãe deixou de viver 98 anos e uma semana de idade, depois de passar uma
vida dura e ter criado 3 filhos.
Desde
a infância, entre os 4/7 anos sofri dos ouvidos e acabou por passar com um
remédio caseiro, (leite de mulher), isto é, de uma mãe que estava a
amamentar...
Muitas vezes, durante
o ano, caía doente com amigdalite. Era assistido pelo Dr. Lages, médico da Casa
do Povo de Mazarefes e Vila Fria, que nunca aconselhou a operação.
Também frequentemente tinha
“levantamento de sangue”, assim ouvia chamar-lhe. Nada mais nada menos que
furúnculos e vermelhões pelo corpo com uma grande comichão até fazer ferida.
Numa das vezes, para atenuar essa comichão, a minha mãe, à noite, deu-me uma
fricção de álcool nas costas e o meu irmão, que teria 6 anos, estava a alumiar
com uma candeia, pois ainda não havia luz eléctrica na Terra que foi
electrificada em 1958. Aconteceu que meu o irmão, inadvertidamente, pegou fogo
às minhas costas e fugi pela casa fora com as costas a arder, em vez de esperar
que a minha mãe me abafasse o fogo com alguma peça de roupa. Foi uma noite
terrível. A queimadura foi curada com um remédio caseiro; “emplastro de gema de
ovo e cinza”, remédio que me curou.
Fiquei curado e nunca mais
tive nada d’essas coisas...a não ser alguns pequenos problemas de pele que
depois de mostrar a um especialista, deu-lhe pouca importância, mas que às
vezes ainda me surpreende. Em criança surgiam feridas no corpo, sobretudo nos
membros inferiores e superiores e o tratamento natural era o suco amarelo de
leitugas. Eu próprio resolvia a situação.
Na 4a classe, com 11 anos, tive uma paralisia facial
que se repetiu no 4° e no 7º ano do Seminário. Fui tratado da primeira
vez com injecções B/12 prescritas pelo Dr. Alvaro Lages. Pela segunda vez fui
tratado pelo Dr. Rocha Peixoto, neurologista, de Braga., e na terceira, fui
tratado na Casa de Saúde de S. Lázaro, também em Braga, depois de consultar um
neurologista, na rua Sá da Bandeira, Porto, Dr. Santos Silva que me fez o
diagnóstico e receitou o tratamento..
No tempo em que frequentava
o Seminário, durante as férias, organizava uma série de actividades para todos,
os rapazes e raparigas, todos contemporâneos, desde o jogo de futebol com
jovens de Darque, Vila Fria e Mazarefes, praia, festas, convívios, desde teatro
(como ensaiador, pintor de cenários,) apresentador, até passeios, concursos,
etc… O Cónego Luciano, que Deus haja, disse aos seminaristas de Filosofia que
se tivesse sabido o que eu fazia em férias, não me teria deixado ir para
Teologia, tinha-me mandado embora do Seminário (hoje 12 º ano)..
Com
umas bolachas já fazia uma festa com os grupos das outras freguesias.
Quando
jogava futebol, no Seminário ou nas férias, jogava sempre à defesa, mas fui muitas
vezes guarda-redes.
Na Escola e no Seminário até ao 2º ano nunca
fui um aluno muito seguro, não trabalhava muito. Gostava de sonhar e apresentar
trabalhos. De noite era muito sonâmbulo até ao 3º ano do Seminário (14 anos!).
No Seminário sujeitei-me à disciplina e até levei em comportamento um “Bom?”,
mas ocupava-me sempre do que mais queria. Das férias, dos colegas da terra que
falam de mim e lembram-me histórias...No 4º ano do Seminário (hoje 8º) aluguei
uma camioneta para juntar os seminaristas todos de Viana e virmos de férias
logo à primeira hora de toque de saída, ou abertura da porta. Chegávamos mais
cedo a casa e alimentava-se o bairrismo pela nossa terra... Viana que deveria
ser Diocese!...
Pelos
15 anos, comecei a ter dores de intestinos e de estômago... Quando andava bem
do estômago, os intestinos doíam sempre. Fiquei com a impressão que isso
acontecia mais quando comia vegetais, como hortaliça. Desde o 5º ano até ao 12º
ano no Seminário comia sempre numa mesa à parte, a mesa destinada aos da dieta.
Na minha juventude, perante as queixas de dor
e incompreensão de colegas ou superiores, comecei a pensar que seria tudo
normal e que a vida era assim para mim ainda que fosse uma vida de
sofrimento!...
No Seminário, por duas vezes fui tratado em
neurologia por causa das repetidas paralisias faciais. Nunca mais se repetiu.
Aos 18 anos fiz uma operação para tirar as
amígdalas, no Pavilhão Cirúrgico do Hospital
da Misericórdia de Viana do Castelo. Estive oito dias internado, quando outros
que fizeram a mesma operação no mesmo dia, saíram no dia seguinte. Acabaram-se
os males de garganta.
Aos 22 anos fui operado à apendicite no
Hospital de S. Marcos onde estive 15 dias internado quando os colegas, ao fim
de 7/8 dias, tinham alta. Depois desta operação nunca mais tive dores de
intestinos nem verifiquei que os vegetais me fizessem mal.
Quando
frequentava o curso de Filosofia, fiz-me, membro da Legião de Maria, a quem
devo o meu rumo no ministério sacerdotal. Continuei em Teologia. Fiz extensão
deste movimento, em Portalegre, Abrantes e Castelo Branco, conjuntamente com o
João Lima, colega teólogo, e outro estudante da engenharia, morador em
Sacavém numas férias de Verão, às vezes
dois e outras só um.
No último ano de Teologia, fui o “bispo” da
Colónia Vianense e levei ao rubro esta “associação” a favor da criação da
diocese pelo que fui ameaçado por D. Francisco Maria da Silva de expulsão,
embora já fosse diácono. Quem me “salvou” da situação foi Monsenhor Daniel
Machado.
Ordenei-me
em 1972, depois de um ano de estágio, como diácono, em Balazar. Depois fui
director interino na Casa dos Rapazes em Viana. Depois, fui paroquiar as três
freguesias da Serra de Arga e a de Dem. Em 6 anos que lá estive, desenvolvi um
trabalho de restauro das 3 Igrejas Paroquiais e 4 Capelas, para além de
frequentar a Faculdade de História no Porto, de fazer 3 exames “ad hoc” em
Coimbra e no Porto. Dediquei-me também à investigação e levei a Serra d’Arga a
ser conhecida por jornalistas e arqueólogos. Em 1973, fundei dois postos de Telescola,
onde era professor a tempo inteiro. Colaborei com as 4 Juntas de Freguesia,
para assuntos de acessos, comunicações, energia eléctrica e venda do leite, o
mais rico em gordura das três Argas. Organizei teatro, festas, convívios,
debates, passeios, etc...Tenho a consciência de que não estive, de facto,
parado. Nunca me senti só, mas sempre bem acompanhado por paroquianos
responsáveis e atentos à sua missão. Reunia as Comissões Fabriqueiras
regularmente Tive Conselhos Paroquiais de Pastoral nas 4 freguesias, Ministros
Extraordinários da Comunhão e organizei a catequese que não existia em nenhuma
delas.
Sempre
gostei de co-responsabilizar os paroquianos. Talvez, por isso, na Serra d’Arga
toda a gente ainda se lembra de mim com saudade.
Em 1973, tive uma gripe que me reteve oito
dias de cama com altas temperaturas. O Médico, o meu amigo Dr. Augusto, de
Caminha, por duas vezes me foi ver. Por fim, fui à Casa de Saúde “Paula
Santos”, onde se verificou que
as
temperaturas vinham de uma grande desidratação do organismo, tendo ficado bom,
logo no dia seguinte, depois de ser devidamente tratado.
As minhas análises acusavam sempre umas
alterações na função hepática. Cheguei a tomar Legalon receitado pelo Dr. Coruchinho.
O Dr. Álvaro Rodrigues insistia em dietas muito rigorosas e com o protector
Roter por causa do estômago.
As crises de estômago, sobretudo nessas
alturas sempre continuaram pelo Outono e pela Primavera
O Dr. José Maria quis
operar-me ao estômago, dizendo que era a mesma doença de meu pai, que tinha
sido operado por ele em 1958. Acompanhado por um cirurgião, meu amigo,
parisiense, Dr. Pièrre Nogrette, fiz uma biópsia, em Paris. O médico, Dr.
Malvesin, disse que tomasse Tagamet e que dormisse uma média de 8 horas/dia,
de- vido à minha actividade, e evitasse os salgados, reimosos, condimentos e
ácidos…
Anos depois, o Dr. Melo mandou-me trocar o
Tagamet pelo Ulcermin. Descobre-se uma hérnia no hiato. Mais tarde perguntou-me
se queria erradicar o helicobacter. Fiz um exame para confirmar o diagnóstico.
Foi positivo. Aceitei. Fiz o tratamento. Nunca mais tive problemas de estômago.
Depois de me deitar tinha sinais de dor e
azia que relacionava com comida muito forte ou com digestões mal feitas. Agora
uso comida mais leve e em menor quantidade. À noite e deito-me com a digestão
feita.
Dores sempre apareciam noutras partes do
corpo. Foram aumentando cada vez mais.
Devido ao resultado de
análises o Dr. Melo mandou-me fazer uma ecografia abdominal que acusaria
esteatose hepática.
Por causa de dores lombares,
de pernas, de braços fiz fisioterapia em várias épocas, na fisioterapia do
Rodrigues e Rodrigues. Deixei de fazer o Compasso Pascal.
Numa ocasião, aí pelo ano de
1980, devido a dores de coluna o Dr. José Francisco, meu ex-colega e que Deus
haja, deu-me uma injecção de cortisona. Foi o modo como consegui erguer o
corpo.
Algum tempo depois, comecei
a dormir mal, durante alguns meses. Não sei qual a razão. Não era cansaço.
Acordava muito cedo, às 3 ou 4 horas da manhã… Não era depressão pelo que me
parecia, mas também ninguém me deu explicações. Uma ou outra vez, pela noite,
vez doía-me a cabeça sem razões aparentes. Esta situação passou sem saber como.
Passados uns anos, o Dr.
Melo mandou-me fazer um Doppler às pernas por acordar com dores nas pernas e
nos dedos dos pés.
Mandou-me para ortopedia por causa de dores no ombro
esquerdo. Não resultaram os tratamentos que fiz com infiltrações, mas também
não resultaram. Fiz fisioterapia durante mês e meio no Dr. Rio, a conselho do
Dr. M. Afonso, médico voluntário do Centro de Dia, mas continuava sem
resultados.
Tive
dores de costas várias vezes e procurei no SLAT a Dr.ª Luísa Pimenta de Castro
pneumatologista. Os resultados radiológicos ali efectuados não revelaram qualquer
tipo de doença pulmonar.
Quando
me doía o peito ia ao Dr. Roque, cardiologista, nada se concluía. Apenas se
encontrou um pequeno aperto na aurícula esquerda.
Um
dia acordei com dores de olhos.
Tive
diplopia, sem se saber qual a razão, mesmo depois de consultar três
especialistas e de fazer vários exames inconclusivos.
Tive
hipertensão (tensões mínimas elevadas) corrigida com hipotensor Concor.
Desde os 14 anos sempre
andei pelo estrangeiro. Tive essa sorte pela família que tinha.
Sempre fui destemido, nunca
me faltou coragem e força para andar sozinho, até no estrangeiro e em qualquer
lado. Ingenuamente, talvez, tivesse já ocasiões em que demonstrei essa coragem.
Desde pequeno tenho lembranças dessas aventuras. De noite, muitas vezes saía, à
meia-noite, na hora das “Procissões de defuntos”, “Lobisomens” de que falavam
os velhinhos, e passava em todos os cruzamentos onde diziam aparecer as
feiticeiras, ou a coisa má (talvez o diabo ou as almas do outro Mundo). Eu
queria experimentar, verificar se era verdade ou não, pois Jesus era tudo para
mim. Nunca vi nada, nem uma vez que fui ao cemitério às 4.00H da manhã. Não
acreditava em nada do que ouvia dizer porque acreditava que se Deus é amigo e
nos livra do mal, o mal não acontecia e não havia motivo para medo.
Uma vez, por engano, tinha
talvez 15 anos fui às três horas para a Igreja, abrir a mesma e tocar o sino
para a missa. Na Sacristia, comecei a ter dúvidas pois o relógio da mesma
só marcava 3 horas da manhã e estava a
trabalhar. Entretanto toca o sino da Capela das Boas Novas badalava 3 horas.
Fiquei ali na sacristia a dormir até às 6 horas e a tempo de abrir a igreja e
tocar o sino.
Um dia fui agarrado por um
polícia húngaro e entregue no Cais dos Caminhos de Ferro a dois policias quando,
por lapso, quis atravessar sozinho a fronteira entre a Hungria e a
Checoslováquia sem visto. Queria ir ao Menino Jesus de Praga. Outra vez, dois
polícias polacos, em Varsóvia, agarraram-me por causa de uma foto. Estavam à
paisana, e depois de me terem dado uns socos no peito, decidi fazer-lhes a
vontade abrindo a máquina fotográfica e dando-lhes o rolo. Deram-me dois beijos
na testa, mandando-me em liberdade... Eu estava com um colega de Famalicão, mas
não interveio, nem o colega foi chamar a Guia que estava no hall do Hotel.
Estávamos desfasados dum grupo de mais 50 pessoas que ainda ficaram a jantar.
Na Serra de Arga, uma vez
mais a minha coragem, ou a minha ingenuidade, me salvou de ter apanhado um
tiro. A arma caçadeira foi-me apontada por um pastor “doente”, sobre um penedo
sobranceiro à curva que tinha de fazer. O pastor tinha licença de arma de caça.
Estava a uns 50 metros de mim. Não parei o carro passando por ele a 5 metros de
distância na curva, fazendo de conta que não vi nada e, assim, não provoquei o
malfeitor. Escapei, mas como andava a monte, pois dirigi-me de seguida à GNR
que o procurou, mas nunca o encontrou e o povo sabia. Não fiz visita pascal
naquele ano nas quatro paróquias. De táxi levaram-me a celebrar as missas e a
dar a cruz a beijar, nas igrejas Tive mais ofertas de folar!...
Percorria a Serra d’Arga a
qualquer hora da noite, no meio de nevoeiro e tempestades. Por isso, quando já
estava em Viana, durante 20 anos, levei os Jovens a fazer férias na Serra, logo um ano depois (1979) mostrei-lhes
descobertas que tinha feito no campo arqueológico, histórico, etnográfico,
religioso, geográfico, hidrográfico, zoológico, botânico e paisagístico, quer
de dia, quer de noite. Da vida da noite na aldeia e na montanha.
Outra vez apanhei um ladrão
na Igreja de Nª Srª de Fátima, já aqui em Viana, e deitei-lhe a mão direita à
camisa sem o largar mais... Estava atento aos seus movimentos enquanto uma
funcionária fechou a porta da Igreja. Depois identifiquei-o e deixei-o ir em
liberdade porque era cleptónamo e não levou nada. Estava a preparar-se para
levar uma imagem...
Sempre tive a sensação de
que os medos só se devem ter dos vivos malfeitores. Quem não tiver feito mal,
não terá medo de vinganças ou retaliações que possa ter. Sempre que uma pessoa
diz que é forte, compreendo que não há nada forte que não seja fraco ao mesmo
tempo, também o ferro é forte, mas o fogo funde-o. Até a idade e doença pode
fragilizar a fortaleza de qualquer um.
Algumas dores foram
afastando-se porque estavam a ser corrigidas com intervenções pontuais, mas
mesmo assim, eram mais perceptíveis devido ao estado geral em que estava. Estas
dores estavam latentes em mim sem se saber. Só o que só viria a saber-se mais
tarde. Daí as depressões pontuais, a medicação com anti-inflamatórios que
utilizava, mesmo sem prescrição médica, mas que aliviavam o meu estado geral.
Como em 1982 pela
intervenção persistente da Drª Maria de Lurdes, amiga de família, tinha deixado
o tabaco, como em 2000 deixei o álcool…
No entanto, perdi toda a
coragem e força nas minhas pernas e braços, no meu corpo. No dia 19 de Janeiro
de 2001, quando chamado pelo alarme de intrusão, cheguei e encontrei a
sacristia a arder. Entrei e descarreguei 4 extintores enquanto gritava “fogo” a
pedir socorro... o Zé Galvão trazia os
extintores, pois sabia onde estavam e outros chamavam os bombeiros. Nessa altura entrei em exaustão e estou
convencido que isto fez despoletar em mim o gene da minha avó paterna, aquela
avó única - que gostava que eu fosse padre. A ela, sempre a conheci de muletas,
a partir dos 50 anos até cair numa cadeira de rodas, falecendo aos 86 anos, com
o diagnóstico de sofrer de dores ciáticas. Um ano depois de ter sido registado
na OMS a doença da Fibromialgia, no quadro das doenças reumáticas no ano
anterior.
As dores já vinham de longe,
mas não com a força e violência com que me atacaram naquele ano de 2001. O sono
deixou de ser tão reparador como era de desejar.
Também
fiz umas análises para ver se tinha a “doença de “Crohn” uma vez que acordava com
dores de intestinos, coisa que já não acontecia há muitos anos. Estas dores de
agora só apareciam de noite, fazendo-me perturbar o sono.
O
que é certo é que em 2001 as dores eram generalizadas, dispersas, por todo o
corpo, dormia mal e andava mal, nem fiz passeio no Verão. Andei muito mal.
Acordava
com um grito de dor, enrolado, quase em posição fetal e com os dentes cerrados.
Em
Setembro, o Dr. Melo descobriu ferritina em análises... Eu fiquei iludido, “a
pensar cá comigo e com os meus botões” que as dores seriam disso.
Passei um ano 2002 mais ou menos, mas abusei de Nimed e mudei a alimentação.
Procurei produtos naturais e tomava chás. Passava melhor, mas não estava bem.
Sempre a queixar-me de dores. Já desde 2001, de 7 de Janeiro que não ingiro álcool
e só como peixe ao almoço. Carne, só ao domingo.
Quanto
à ferritina fiz um exame biogenético, que deu negativo, para verificar se havia
hemacromatose. Nessa altura, a Dra. Graça Porto, hematologista, no Hospital de
Sto. António disse que poderia não ser hemacromatose, e que uma biópsia ao
fígado seria mais concludente. Conhecido este resultado o meu irmão, que é
diabético, fez o mesmo exame, a conselho médico. Embora os níveis da ferritina
dele fossem até superiores aos meus, verificou-se também que não tinham origem
genética.
O
Dr. Melo mandou-me a reumatologia.
Com
dores de cabeça e problemas de memória fui também mandado a neurologia.
Consultei
um psiquiatra amigo.
Desabafei
com o meu irmão dizendo-lhe que tinha mais dias maus na minha vida do que bons.
Quinze
dias depois telefona-me a minha cunhada, do Porto, a dizer-me que se eu sentia
tantas dores, podia ir a uma Clínica de Dor no Porto, em frente no Hospital
Militar. Ela tinha assistido a um programa de televisão onde falaram sobre
dores e achava que os meus sintomas se enquadravam nas minhas queixas.
Fui.
Na primeira consulta relatei a minha vida em
relação à saúde. O médico viu-me e ouviu-me. Fez os seus exames, auscultou-me
dos pés à cabeça. Palpou com alguma pressão em certos pontos do corpo. Mandou-me
sentar e disse-me que tinha sintomas de dores músculo-fasciais. Receitou-me
medicação para três semanas, mas eu só lá voltei ao fim de um mês porque na data de ir, fui a Cabo Verde. A
falta de Bialzepan, em Cabo Verde, fez-me andar de novo com dores. Parecia um
milagre quando tomei pela primeira vez as doses recomendadas pelo Médico, Dr.
Sanchez Silva, fazendo prova terapêutica. Comecei a dormir sem dores, a dormir
melhor e a andar melhor em todos os aspectos.
Na
segunda consulta foi-me diagnosticado ser portador de fibromialgia.
O que é a Fibromialgia?
Pelo modo como o Dr. Sanchez
Silva tratou e explicou o assunto, então não fiquei com dúvidas, mas...
Será, não será? Eis a
questão!
Amigos meus convidaram-me a
ir a um neurologista alemão, e eu lá fui. Fui atendido pelo Professor Dr. S.
Mhor no Hospital: Johanna-Etienne-Kankenhaus (Corunum), da cidade de Neuss.
Chegou à conclusão de que era fibromiálgico, mas não concordava com a medicação
que estava a tomar. Escreveu uma carta para o meu médico português, mas este
não aceitou a mudança do tratamento uma vez que me prejudicaria imenso a
próstata, dada a minha idade. Em dois anos teria de extrair aquele órgão.
Os mesmos amigos levaram-me
a um outro neurologista especializado em acumpunctura, na India, em medicinas
orientais, Dr. Bernnard Kling. Fez-me também o seu exame e chegou à mesma
conclusão. Disse que, por vezes, tem tido bons resultados com a acupunctura,
mas seria necessário estar lá um mês, e teria de continuar a tomar um remédio
natural toda a vida. “Não tem cura total”.
Um amigo espanhol levou-me a
um famoso reumatologista em Espanha, o Dr. Ceferino Barbozan Alvarez. Depois de
me examinar, disse-me que era fibromiálgico. Respondi que já tinha sido
diagnosticado em Portugal e ele perguntou se me sentia bem com a medicação que
estava a tomar então não havia razão para fazer alterações aos medicamentos.
Quando lhe pedi, mais tarde, via fax, um relatório médico para apresentar a uma
Junta médica, ele escreveu que era portador de Fibromialgia de grau IV, quando
o máximo é o grau V. Tenho dúvidas, ou então, é por isso que o médico que me
acompanha se mostra muito satisfeito porque estou, de facto, a controlar-me
muito bem. Ele nunca me disse qual era o grau da minha fibromialgia e eu também
nunca lho perguntei.
Não sou capaz de definir a
Fibromialgia. Apenas a posso descrever pela minha própria experiência, por
aquilo que ouvi e pelas poucas coisas que li, alemãs, espanholas, brasileiras e
portuguesas.
Tudo já me tinha sido explicado pelo Dr.
Sanchez Silva. Comecei a ter outra qualidade de vida, embora as dores não me
tenham abandonado de vez.
Trata-se de uma situação dolorosa, generalizada e crónica
com manifestações também de fadiga, indisposição e distúrbios no sono. As dores
são musculares, tendinosas e de ligamentos.
Esta doença só foi inscrita
na OMS no quadro das doenças reumáticas em 1970. Ainda não se chegou a um consenso sobre a sua
origem ou sobre as suas causas e os médicos dividem-se nesta discussão. Há
neurologistas que dizem ser do seu foro, há os reumatologistas que puxam a
“brasa para a sua sardinha”, e as especialidades não se entendem. Para mim, nem
precisam de ser dos neurologistas, nem reumatologias. É de qualquer médico que
sabe, que entende, que se algo dói por alguma coisa é.
Em meu entender e, por
experiência própria, julgo que esta doença deve ser do foro da neurologia. Não
me parece que tenha alguma coisa a ver com os ossos, mas não sou médico.
Talvez os médicos de família
devessem estar melhor informados sobre este assunto para poderem diagnosticar
atempadamente a doença uma vez que, actualmente, só o fazem por exclusões, com
todos os inconvenientes que isso acarreta para os pacientes.
Os sintomas não são
constantes, dependem dos dias, das horas e de tantas coisas que ainda não
compreendi plenamente. Sei apenas que quando elas aparecem... Eu já me cuido
mais e procuro não forçar porque foi isso que o médico mais me recomendou.
Ficar sempre aquém e não
querer sequer chegar à fronteira para poder viver com qualidade de vida, pois
para já não há tratamento... Há controle, mas não há cura e antes demais as
dores acompanham-nos todos os dias, com maior ou menor intensidade.
Segundo o meu médico,
citando fontes de estudo, calcula-se que em Portugal 5% da população sofre
desta doença sobretudo as mulheres a partir dos 40 anos, estando em expansão.
Já Hipócrates descrevia a dor músculo-esquelético difusa. No século XIX é
bastante desenvolvido este estudo, e, no século XX dá-se-lhe o nome de
“Fibrose”, (alterações fibromusculares), até à sua inscrição na OMS, no quadro
das doenças reumáticas e aceites por
Portugal, com o nome de
Fibromialgia. Às vezes eu digo às pessoas mais simples ou que vejo que não são
capazes de entender que é reumatismo nos músculos.
A
fibromialgia não é uma doença de psiquiatria, embora possa causar
depressões. Também não é doença do foro psicológico, embora o psicólogo
nos possa ajudar no campo comportamental e na aprendizagem em conviver com ela
e em a aceitar.. O doente de fibromilagia não tem necessariamente problemas de
consciência, falta de paz interior, nem desvios comportamentais, apesar de
saber que não tem cura. Tem controlo. Não há medicamentos específicos. O
tratamento para um, pode não servir para outro, e quando um fibromiálgico se
queixa é porque tem razões para se queixar e mais vale queixar-se do que
refugiar-se em si, introverter-se, cair em depressão e perder auto-estima pela
vida. Também não é vulgar o fibromiálgico fazer teatro...nem é fácil, se o
pretender. Tem sempre a
Actualmente faço exercício
espontâneo sem acompanhamento, em água a 34º /35º. Faço 5 horas diárias, desde
que intercaladas, o que não chega a cansar-me, nem a provocar quaisquer dores.
Nessa água, sou como “um peixe ”, No entanto,
ao fim de uns dias, após a “hidroginástica” ainda que a tomar as “droguinhas”,
volto ao mesmo, pois nunca as deixei, nem esqueci. A dor lembra!...
A compreensão da família,
dos amigos, do seu médico pessoal, das Associações de doentes, etc...são ajudas
importantes porque são testemunhos da verdade e até podem participar na criação
ou descoberta de valores que ajudam o doente a dar novos significados para
novas situações.
Na
“Populorum Progressio” o Papa Paulo alegria e sente sempre a felicidade de um
dia bom, e nem sequer pode, nem consegue fingir o contrário.
É uma doença que o médico de
família deve acompanhar, tentando multidisciplinarmente dar qualidade de vida a
estes doentes, independentemente do grau da doença em que este se encontrar.
A fisioterapia só pode
ajudar se for ministrada por técnicos que conheçam bem esta doença.
Também o exercício físico
espontâneo, ou, personalizado é útil, desde que seja, coordenado por técnicos
que conheçam a doença.
VI diz que deve ser uma
preocupação constante da humanidade o desenvolvimento espiritual e humano de
todos e não só procurar o bem particular. Por isso mesmo aceitei o desafio para
escrever estas linhas, para ter ido à Televisão, em 12 de Maio de 2003 para dar
o meu testemunho e para fazer parte da Associação de Fibromiálgicos do Porto
(AFP). Estou convencido que já aprendi a viver com ela, e a gerir este estado
de dor, assim como a fazer parte da Associação de fibromialgia, no Porto,
(AFP).
Segundo
o Papa, João Paulo II, temos de nos determinar com firmeza e perseverança no
empenho pelo bem comum. “Todos somos responsáveis por todos”, à procura do bem
comum da sociedade não só no plano individual, como colectivo.
É
uma doença crónica. Podemos dizer que quem tem uma doença destas é um
deficiente? Eu espero não chegar lá. Quero controlar-me. Estou convencido que
já atingi o controlo, isto é, a gestão da dor. É uma doença dos fusos
musculares que trabalham de uma forma deficiente. Os comandos entre o cérebro e
as periferias não funcionam bem, (são os neurotransmissores). Há dor, noite e
dia, em todo o corpo ou em partes. Às vezes, como no meu caso, é mais geral,
braços e pernas, dedos das mãos, nos carpos ou nos pés (nos dedos e nos
tarsos), cabeça, problemas de voz, etc.
Às vezes os fibromiálgicos nem podem
rir porque têm dores nos músculos da face, o que também provoca um mau
funcionamento dos maxilares e a consequente dificuldade em comer. Tudo isto
acarreta, como é natural, o mau humor. É triste!
Estes
doentes variam muito de humor durante o mesmo dia. Pode acontecer de tudo.
Sobretudo arrasta consigo um cansaço imenso, logo pela manhã ao acordar.
Levanta-se mais cansado do que se deita. É difícil levantar... Depois durante a
manhã, melhora-se alguma coisa até à hora do almoço; depois à tardinha sobrevem
o cansaço. Acontece que as dores são sentidas durante todo o dia, mas não com a
mesma intensidade. Podem sentirem-se só durante algumas horas ou dias. Vão e
vêm. Dependem dos esforços físicos que se façam, alterações de clima, ou de
ambiente, de conflito ou situações de responsabilidades acrescidas,
preocupações, etc...e muitas vezes fica-se sem definir a causa da dor...
São
poucos os dias plenamente felizes que um fibromiálgico sente.
Por
vezes perde-se a capacidade visual e precisa-se de muita luz por causa do
cansaço dos músculos oculares, sobretudo quando se conduz, ou até na celebração
da missa, em virtude de os músculos fazerem mais esforço - tanto se olha para o
livro, como se olha para assembleia de imediato e esta estende-se por um espaço
superior a 6 metros.
Já
precisei para ler ou escrever na minha sala, de acender dois candeeiros de 9
lâmpadas cada um e de 40W cada uma delas e ainda mais uma lâmpada de 200W de
halogénio. Mesmo assim, chegava à exaustão e a deixar de ver. Este
comportamento é errado porque nunca se deve insistir quando não se consegue
executar uma tarefa. O único remédio era ir descansar. Noutra ocasião surgiu-me
o problema da diplopia que no plano individual, como colectivo.
São
poucos os dias plenamente felizes que um fibromiálgico sente.
A
inflamação do suporte das cordas vocais, a base da língua, daí as alterações de
voz ou o mau estar que me levou ao Otorrino.
As pernas ficam presas. Há diversos graus de
fibromialgia. São 5. Eu devo estar no
IV, por aquilo que vi numa reunião de fibromiálgicos e o médico espanhol já
tinha afirmado. O médico não me deu a classificação.
Esta
doença é mais frequente nas senhoras: 4 senhoras para 1 homem, outros dizem que
é de 10 para um!). Normalmente são elas que governam a casa e têm de pensar em
muitas coisas ao mesmo tempo: o que comer agora e logo, o que vestir agora e
logo para os filhos, para o marido, a necissidade de fazer compras para acudir
a tudo de casa, para além da vida profissional, se a têm...Isto supõe um maior
esforço de atenções, de coisas a fazer de imediato e as mais variadas ao ponto
de despoletar com mais facilidade esta doença.
Isto
faz-me pensar na história da minha ferritina pois, segundo ouvi aparecem níveis
elevados nas mulheres com menopausa. O meu ferro descoberto em 2001 não deve
estar a depositar-se no fígado porque com os mesmos valores de ferritina. O meu
fígado já apresentou valores hepáticos normais, o que levou o médico, penso eu,
a adiar uma hipotética biopsia. Estará a fazer depósito nos tecidos musculares
ou nas capas que os envolvem? O investigador nacional neurologista, Dr.
Fernando Morgado, já me disse que a causa desta doença não é o ferro ou a
ferritina, mas estes tóxicos com fibromialgia devem levar o médico a dar mais
atenção ao fígado que é um órgão que pode ser mais fragilizado com o pouco ou
mais ferro ou ferritina...
Ataca
sobretudo os hiperactivos. Quem trabalha e gosta de trabalhar, quem teima em
trabalhar...
Quem
pega nas coisas a sério e procura levá-las até ao fim e o mais perfeito
possível... o perfeccionista, quem é capaz de fazer tudo mesmo quando todos o
abandonam...
Ora
tudo isto me fez ter de dormir de braços em cruz ou estendidos ao longo do
corpo, assim como as pernas estendidas como se estivesse de pé, para não ter
dores musculares. Vivi muito tempo assim porque entretanto ia fazendo exames e
os médicos não encontravam nada, nem viam alguma sintomatologia que lhes desse
pistas. Foi assim durante todo o ano de 2001.
Querer vestir-me pela manhã, fazer a higiene pessoal,
querer pegar numa criança nos braços e não poder, querer ler uma folha de papel
A4 do princípio ao fim sem mexer muitas vezes as mãos, os dedos, os braços é
difícil. Comigo tudo isso se passou.
Andei
iludido com a dor a pensar que era o excesso de ferro desde 11/09/01. Um dia,
por minha própria iniciativa, procurei voar mais longe à procura de quem me
entendesse...Consegui? Talvez sim, talvez não. Em Janeiro de 2003, sugerido
pela minha cunhada fui ao H.P. -à Clínica de dor do Porto e então aí
compreendi...alguma coisa na primeira consulta...quase tudo na segunda em que o
médico me esteve a explicar que doença era e que sofria de uma doença
incurável, mas controlável. Falou do seu historial e deu-me muita coragem porque
há quem se suicide por causa dela, mas...Como era padre tinha projectos
espirituais na vida e via as coisas doutra maneira. Falou durante mais de uma
hora sobre o assunto. No entanto, na 3ª consulta ele explicou duma forma muito
mais simples, pois apesar de estar a seguir as regras que tinha ordenado eu
tinha algumas dores. Explicou-me que era por causa da Primavera. No Outono
aconteceria a mesma coisa. Havia que tomar algo mais nestas épocas e acabou por
me dizer a propósito dos esforços que fiz um dia para ir almoçar a casa e uma
outra vez que tinha deixado de escrever. “Olhe, o senhor está no Purgatório,
nunca se esqueça disso, como um diabético...também. Não pode esquecer que é um
fibomiálgico... Aquilo que lhe receito serve apenas para atenuar o sofrimento e
nada mais. Quando lhe doerem as pernas e o senhor se esforçar pode cair nesse
momento no Inferno e depois para sair de lá, nunca mais... Assim, como os
braços... Se a cabeça doer, descansar. Se os olhos lhe doem faça relaxe e
feche-os...Não queira cair no inferno. Eu sei que quer ir para o Céu e há-de
ir, mas agora está no Purgatório.“
Não
há remédio que cure a fibromialgia: antidepressivos, miorelaxantes e exercícios
de respiração, relaxamento, sobretudo dentro de água morna e salgada com todo o
corpo imerso à excepção da cabeça que deve estar repousada em travesseira
própria.
Procurei
tratar-me e agora estou melhor, mas não posso abusar. O simples facto de virar
folhas de um livro já cansa a mão e se insistir causa dor no braço e perde-se a
sensibilidade nos dedos. O facto de que algo que seja
leve, como um microfone por algum tempo, ou fazer algo repetitivo, como bater
palmas, traz sempre prejuízos físicos ao fibromiálgico. Estar sentado muito
tempo, estar de pé muito tempo, é complicado. Segurar um microfone com uma mão
e o braço estendido é só para rebentar com a pessoa. Ouço dizer que uma senhora
passa a ferro uma peça de roupa em 3 minutos e descansa meia hora.
Devia ser uma doença para ricos...
Há
picos emocionais elevadíssimos: tanto queremos estar sós, como, de repente
queremos tudo à nossa volta ou até partir a louça toda.
A
maioria das vezes sinto a necessidade de alguém próximo ainda que não faça
nada, tenho medo de estar sozinho, parece estar mais seguro. Cristo na hora
mais crucial da vida d’Ele “Tomou consigo Pedro, Tiago e João...Ficai aqui e
vigiai” ( Mc. 14,33-34). O doente, normalmente, com uma visita longa e muito
falar até incomoda, mas uma visita longa, em silêncio, sente-se mais forte,
parece esquecer a dor... Talvez apostar na presença discreta e silenciosa seja
a melhor maneira do doente não se sentir sozinho e não se cansar da presença do
outro...
Há
deficit de oxigénio... etc... e há demasiados tóxicos... e nunca sabemos como
acordamos no dia seguinte.
Normalmente
todo o doente gosta de uma informação personalizada e simples, facilmente
perceptível e suficiente para o momento e para o estado psicológico,
respeitando sempre, em primeiro lugar, o
seu maior benefício e sempre que seja necessário e aconselhável, preparando
progressivamente o paciente.(Ângelo Azenha).
O
Fibromiálgico precisa de quem compreenda isto. Para quem não conhece são
manias, são hipocondríacos, tolos...doentes mentais...precisam de
psiquiatra...e nada mais...
Apetecia-me fugir e isolar-me. Para quem não
tem fé apareceram as tentações contra a vida... de raiva... de angústia...Tudo
incomoda até a presença dos mais amigos.
Nesse
ano não fiz férias, não podia ir para lado nenhum. Aceitei o convite do Pe.
Miguel para ir passar 8 dias a Paris, mas deitava-me cedo e levantava-me tarde.
Sempre com sofrimento porque o Miguel não conhecia tão bem Paris, como eu
julgava...
É
bom viver-se com alguma qualidade de vida, para se viver satisfeito mesmo que o
trabalho não seja tão rentável como antes, mas torna a pessoa feliz, sentindo
prazer no pouco que faz. Dar-lhe-á força para vencer algumas dificuldades, a
humildade suficiente para confessar as nossas limitações, paciência bastante
para fazer algo, solidariedade para ver o bem dos outros, levar-nos a fazer o
que estiver ao nosso alcance e eliminar em nós todo o temor em relação ao
futuro. ( Segundo “os requisitos para o ser humano”, de Goethe ).
Como conviver com esta doença?
Conviver
com a fibromialgia é conviver com o nosso corpo, com auto-estima. Ele pode ser doente, imperfeito, deficiente,
mas não deixa de ser o habitat da nossa vida, sopro de vida “anima”. Só não
poderemos conviver com a doença quando o nosso corpo não tiver vida, se fez
inerte, frio, e degradando-se desperece, tornando-se pó da terra. Aí acabou o
corpo, este corpo corruptível para se transformar num corpo incorruptível.
A
vida, que é alma, essa continuará num corpo diferente e, segundo a doutrina
cristã, eternamente saciada da felicidade pela qual tanto lutou neste mundo, ou
eternamente frustrada porque, embora sendo livre, não aproveitou o tempo
terreno com o seu corpo para fazer o Bem, em busca desta felicidade eterna.
Sendo
assim, pode ser vivida como outra qualquer doença crónica e capaz de fazer uma
pessoa incapacitada ou inválida. Requer por isso muito respeito e uma vontade
muito forte para andarmos em frente mesmo que pareça que a vida não é aquela
que nós queríamos. É preciso saber viver com ela. As dores hão-de aparecer
sempre, à hora em que menos o pensemos, nos batem à porta como um carro que
parece ir bem e, de momento, acende uma luz amarela e o condutor pára porque
não sabe o que aconteceu. É a temperatura. Não anda mais sem cuidar ou reparar
o defeito. Caso contrário, os estragos são maiores e pode até ficar sem o
carro. Se o carro tivesse um termómetro normal poderíamos verificar que a
temperatura ia acima do normal, mas para chegar ao máximo ainda faltava muito;
nós teimaríamos e continuaríamos a viagem até o mais que pudéssemos. Neste caso
da fibromialgia também não temos esse termómetro. Temos uma dor localizada ou
difusa, essa luz amarela do carro, agora aqui e logo acolá, só nos resta uma
coisa, parar, como se fosse o dito sinal amarelo do carro. Não insistir é o que
devemos fazer. É pecado ser masoquista ao ponto de esse estado de espírito nos
levar à incapacidade. Deus quer-nos com qualidade de vida. Ela é um dom que
devemos agradecer e proteger para que os desígnios de Deus, a nosso respeito,
sejam concretizados num grande projecto de Amor. Deus que nos criou, fez esta obra por Amor, e o mais perfeita
possível, à sua imagem e semelhança, para que pudéssemos continuar a ser neste
mundo, co-criadores com Ele. Criou-nos para a felicidade “pessoal e social”
(Cf. “Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum”, dos Bispos Portugueses).
Portanto,
a dor faz parte da nossa cruz e o importante é saber geri-la, dar a volta. Quem
ama a sério dá sempre a volta aos problemas, procura que uma catástrofe deixe
de ser motivo de desgraça, mas caminho que nos conduz a um porto mais seguro.
“Vinde a mim todos vós que andais fatigados e eu vos aliviarei”. Acreditamos ou
não?
Como
faz o esposo e a esposa quando se amam de verdade e algo não parece bem?...
Quando
pela manhã se acorda com sinal que não se dormiu tudo, deve-se insistir ficando
na cama porque uma fadiga física vai acontecer logo pela manhã, nos primeiros
trabalhos, levando o doente a deixar tudo naquele dia ou a recorrer a drogas
mais complicadas para se defender e que o vem a prejudicar mais tarde.
Outra
situação que leva a ter precauções é, pela manhã, sentir comichão no sobrolho,
na base das alas do nariz ou junto às narinas, no peito que vem atrás um eczema
seborreico, se não se utilizar um creme indicado como o Hiladone. Normalmente,
se deixarmos andar temos má aparência, há mau humor ou depressão porque anda
associada à prisão
das pernas, a passadas mais curtas e a não querer andar. Pode não haver dor,
mas há grande limitação no mexer das pernas. Uma fadiga dolorosa, como se
tivesse andado todo o dia numa corrida...
Os
médicos que sofrem desta doença já sabem bem como é.
Depois
há médicos que vêem o seu doente e sabem que ele não é fiteiro, mas reconhecem
com facilidade que alguma anormalidade há, mesmo que a não possam diagnosticar
de imediato e até mandem fazer exames ou testes de diagnóstico. Mas esta doença
da dor muscular não pode ser diagnosticada por exames, é apenas por exclusão.
Não
sou apologista da dor, nem sou masoquista, mas já que sei que tenho de conviver
com ela, louvado seja Deus!... Mas tomo todas as “droguinhas” pela manhã e à
noite. Obedeço ao médico que Deus me proporcionou encontrar. Ele aí está para
me ajudar a controlar... Compete-me, entretanto, a mim colaborar, ajudando o
médico a ver que, de facto, “cada caso é um caso” ,
descobrindo segredos ou actos que a uns podem fazer melhor... para não ter
tantas dores. É por isso que procuro ir fazendo outros exercícios em águas mais
próprias para os meus músculos de 15 em 15 dias. Percorri várias termas e
piscinas de água aquecida, em Portugal e em Espanha. Nunca encontrei nada tão
bom como as Termas de Monfortinho (muito boas para pele seca, tem na sua
composição sílica-vidrado da pedra) e como as termas de Lobios ( muito boas
para peles sebosas - tem na sua composição bicarbonato de sódio e são mais
quentes), em Espanha.
Vou
lá de 15 em 15 dias passar dois dias e quando o trabalho é mais intenso então
vou lá ao fim de 8 dias. Com estes exercícios espontâneos de água a 34 graus de
5 a 7 horas intervaladas, vem-se novo. Nunca cansa e nunca dói.
Isto
não é mais nada senão andar a fugir à dor e a meter má figura, como andar a
pisar uvas ou a dar passinhos de passarinho, como se fosse uma pessoa idosa.
Deus
quer que façamos esse esforço e os nossos familiares e amigos, gostam mais de
nos ver com qualidade e alegres do que a meter má figura, na rua, e tristes.
Há
dias na nossa vida muito bons. São poucos. Nessa altura sentimo-nos realmente
felizes e até o comunicamos aos amigos mais íntimos, ou que parece que nos
compreendem... Gostamos de festa e de tudo... No entanto sempre, mas sempre
temos aqui e ali qualquer coisa que nos atormenta. Nesses dias está adormecida
ou os neurotransmissores do nosso organismo estão mesmo bem... são tão poucos
esses dias! Creio, no meu caso, que isso devo mostrá-lo no meu rosto. Foi por
isso que gostei dum retrato sanguinário feito do meu rosto que me parece ser a
minha realidade quando estou só e com dores, pois quando me sinto acompanhado
com alguém consigo, muitas vezes, disfarçar essa dor que me invade e que faço
por aguentar, continuando o meu trabalho.
Por
causa desta situação, sinto-me mais seguro quando estou acompanhado ainda que
não me ajudem, mas sei que alguém está comigo e é testemunha do que faço
naquele momento. Há um Amigo, Esse é que me mantém de pé, me dá força e coragem
para ir em frente, mesmo quando sinto que alguém me atrapalha ou quer
envolver-se no meu caminho que deve ser sempre um
caminho de paz e amor.
É
difícil podermos dizer que está tudo bem em qualquer momento, mas a vida é a
vida que se tem de aceitar como um dom ainda que nos traga pelo meio alguns
dissabores, pois ao Mestre bem pior fizeram e sem culpa, enquanto eu sou um
homem padre, e pecador como qualquer ser humano.
Uma
vida assim, penso que se reflecte muitas vezes no modo como acolhemos as
pessoas, sobretudo quando nos trazem problemas complicados e insolúveis, ou por
ventura, querem impor a sua opinião de fé, mesmo que a não vivam conforme os
preceitos da Igreja. São cristãos e não praticam, como os que são futebolistas
e não jogam.
Isto
não serve, claro, para me desculpar de alguns maus procedimentos. Nem quero
pensar nisso. É possível apenas que isto aconteça, mas quando... Talvez já me
tenha acontecido…
Sempre
fico mais doente quando tenho de dizer “não” e fico feliz quando me é possível
o diálogo, isto é, a relação fica em pé e não é cortada, no respeito pelas
diferenças de opinião, de ideias ou de normas. Mas quem é primário como eu, se
não estou em boas condições perante uma reacção ostensiva, naturalmente, reage
duma forma que não devia.
Há
ainda uma certa necessidade de partilhar os nossos problemas, sobretudo, com
quem nos entenda porque há sempre cruzes bem mais pesadas, infelizmente. Se não
partilharmos, pensamos que somos os únicos que sofremos e corremos mais riscos
de depressão, de ansiedade, de raiva que poderão trazer comportamentos
desviantes do normal na vida de cada um de nós. Às vezes os amigos podem
culpabilizar-nos, e até fugir de nós. Não podemos, por isso, adormecer sob pena
de perdermos auto-estima ou retirarmo-nos a luta pela vida contra a dor. “Os verdadeiros
amigos reconhecem-se na dor”. Aprender a conviver com a dor não significa
incoerência, mas conviver
com o inexplicável,
aceitando as zonas escuras de Deus e da vida, isto é , deixando-se habitar por
um mistério maior que nós. ( Cf. “Porquê justamente a mim?” de Arnaldo
Pangrazzi).
Trabalhar com Fibromialgia
O trabalho é uma vocação inerente ao ser
humano, é participação na obra criadora de Deus, é realização humana na
dignidade e efectiva solidariedade com os outros. Não pode ser negado o
trabalho seja a quem for, não podemos excluir ninguém ainda que não possa ser
rentável como desejaríamos ou faria falta, mas pode até adaptar-se a outro
trabalho sem mestre, sem patrão, sem superiores, sem horas...sem justificações,
ou pelo menos, com a compreensão que um fibromiálgico não é certo, não pela sua personalidade ou
pelo seu carácter, que, entretanto, é
capaz de ficar abalado, por não poder naquela hora, naquele momento
corresponder e cumprir os seus
deveres...Negar o trabalho, é negar um princípio básico da ética social, mas ia também contra
o próprio homem, imagem de Deus. (Cf João Paulo II, in Antropologia e ética, de
Francisco Madero). Portanto não é difícil trabalhar com fibromialgia, desde que
o trabalho não tenha horas marcadas, não crie stress, não tenha patrões ou
superiores para exigir justificações que não são fáceis dar, poucos as
compreendem até porque esta doença não se mede pelas aparências.
Às
vezes fazem o doente ainda mais doente porque não são entendidos por quem
deviam ser, como os superiores ou os colegas que pensam ser uma doença
mental...É preciso ter sempre muita coragem e paciência para fazer compreender
aos mais exigentes...
E esta
doença acontece geralmente em pessoas que não são capazes de ser
simuladoras, piegas ou fazerem “teatro”.
Normalmente acontece em pessoas que amam e gostam de trabalhar. Acontece mais
nas pessoas hiperactivas do que nas outras. Naquelas que gostam e sentem prazer
em trabalhar e mostrar o resultado do seutrabalho. Contou-me um dia o meu
médico o seguinte: “ um senhor que gostava de cavalos foi à feira com a ideia
de comprar um cavalo. Chegou à feira e entre os muitos que estavam em
exposição, tinha um que muito lhe agradou pelo perfil, parecia-lhe um cavalo
bonito, jeitoso, de boa raça e perguntou ao dono: - Quanto custa? - Custa
tanto.
-Olhe, ele trabalha bem?...
-Oh! Se não trabalha!... É tão inteligente
que parece um ser humano. Faz tudo o que o patrão quer. Trabalha uma maravilha.
E lá fizeram o negócio. Entregou o cavalo,
recebeu o dinheiro e depois de ter recebido o dinheiro disse-lhe: “olhe que
leva um rico cavalo, é bom, trabalha bem, vai gostar muito, mas, não puxe muito
por ele porque, se o fizer, é capaz de ficar sem cavalo...”
O Homem tem sempre um lugar importante na
doutrina da Igreja, porque esta crê nele, pensa nele e a ele se dirige. (Cf.
Laborem Exercens”).
O fibromiálgico, contra aquilo que se possa
pensar, não pode parar. Chegar à invalidez não é difícil. Para o evitar só deve
fazer o que gosta, no dia-a-dia, sem criar grandes projectos.
Pelo menos não deve fazer nada por imposição.
Tem de sentir em cada momento prazer no que está a fazer. Nesta doença, o
doente tem de ser o mais livre dos mortais, isto é, deve ter um trabalho livre
para ir e vir, para ir e voltar, para trabalhar ou deixar o trabalho.
Normalmente estas pessoas têm sempre boa vontade e com grande
ímpeto
para trabalhar, mas algo que não desejava lhe sobrevém tão rápido, como uma
vareja que entra na cozinha e põe os ovos quando a gente menos esperava...
Cada dia, o seu dia, e o seu
projecto!...Ninguém nos pode exigir mais. O fibromiálgico, tem naturalmente
necessidade de dizer não, muitas vezes àquilo que gostava e os outros, embora
possam não compreender, nada mais têm que dizer, nem julgar mal. Ninguém tem de
ser tão livre como um doente portador da fibromialgia. É ele que se tem de
controlar quanto a fazer ou não uma determinada acção. Nada mais!...
No dia 1 de Maio, apesar dum programa muito
cheio, levantei-me sem despertador. Nesse dia tive às 9.30H. a tomada de posse
do CPP dada por D. José Augusto; às 10.00H. a oração de Laudes presidida pelo
Bispo para iniciar a Santa Missão Católica, às 12.00H. um Baptizado, às 16
Horas, no Porto, o casamento da minha sobrinha e afilhada e, às 21,30H., um
espectáculo no Sá de Miranda, levado a efeito pelos Lyons Clubes de Viana do
Castelo, a favor do Berço. Não será necessário dizer que só as drogas, o SOS,
me mantiveram de pé. A seguir veio uma factura mais pesada, mais dores das
quais me libertei com os exercícios em Lóbios - Espanha.
Evitar os conflitos de qualquer ordem... e
lutar por uma qualidade de vida suficiente para que os problemas económicos
também não atrapalhem muito...
Daí que me pareça esta doença ser mais
difícil de conviver com a pobreza... essa basta a si própria. Mas, miséria com
dores e sofrimento... é muito!
O fibromiálgico não deve usar despertador
para acordar. Deve acordar segundo o seu biorritmo. O relógio no pulso deve ser
olhado poucas vezes, apenas para controlar as horas de alguns compromissos e
das refeições... Eu prefiro esquecer...o relógio ou compromisso...porque isso
me traz mais calmo...O contrário cansa...
Não há que correr muito, mas fazer tudo a
passo de “lesma” (?!) porque tudo se paga caro depois... no dia seguinte...
É preciso ter em mente que o mundo não acaba
amanhã, mas que há-de acabar apenas quando Deus quiser... e o que ficar por
fazer, fica para os outros.
Já tive mais ansiedade e fui mais criativo. A
minha cabeça trazia-me um manacial de ideias tão boas e, como hiperactivo, não
gostava de perder nada e só ficava satisfeito com tudo feito... e de imediato.
Há já uns anos disse ao meu irmão que gostaria de arranjar um remédio que
impedisse o meu cérebro de ter tanta força criativa...
No entanto, hoje já não acontece assim,
porque trabalho de outro modo e também tomo os remédios prescritos pelo médico
que me ajudam a controlar o meu ímpeto, a minha força mental que me fazia levar
tudo à minha frente.
Estou contente.
Tenho dores aqui e ali, quando calha, sem
horas nem dias marcados, mas sei que é para mim e se dói há que parar.
Trabalho forçado, nunca. Conflitos!
cuidado...sejam interiores, sejam exteriores, isto é, sejam de natureza interna
e pessoal, sejam de natureza externa e colectiva, como no caso de não ser
compreendido ou ser afastado pelos patrões, superiores, ou pelos colegas e até
os amigos que tínhamos!...
Não basta recorrer ao padre ou ao confessor.
Também é necessário recorrer ao médico do corpo que vai prescrever terapêutica
para ajudar a recuperar energias físicas que, entretanto, se perderam e as
quais têm de ser restaradas para o equilíbrio do nosso organismo corpo e alma.
O trabalho deve ser feito sempre com alegria,
sinal que a pessoa está a sentir-se realizada e feliz, mas não exagerar no
esforço que ele implica... Vamos ter sempre presente que o trabalho nos dará
felicidade quando pudermos trabalhar... e o repouso também nos dará satisfação
quando faz falta para voltarmos a fazer algo...
Pelo facto de termos esta doença não podemos
ser objecto de exclusão, embora se compreenda que uma empresa produtiva, com
fins lucrativos, não pode sozinha sustentar a falta de rentabilidade do nosso
trabalho, mas aí estão as Instituições estatais para suprir e colaborar porque
um doente de fibromialgia também não deve parar, se ainda vai a tempo de se
controlar.
Nunca podemos esquecer que faz parte da
essência do Homem o trabalho, pois só deste modo se cumprirão os imperativos do
livro do Génesis: crescei, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a.
O Homem tem consciência disso, mas é uma
grande virtude saber parar quando faz falta. Se os outros não nos entenderem,
nós não temos culpa e devemos ser humildes para aceitar a ignorância. Ainda
maior será a nossa virtude, esperar que os outros possam compreender as nossas
limitações...
É
preciso vencermo-nos a nós mesmos, mas isso acontecerá quando, na hora
oportuna, soubermos dizer Sim, se for de dizer Sim, e dizer Não quando for de
dizer Não. Aí está a verdade e dignidade de cada um de nós. “Só assim é
possível dar sentido à vida e torná-la feliz.” (Nunes dos Santos).
Não
sei se servirá para os outros, para mim dá resultado, penso eu. Não uso álcool
desde 2001. A minha comida normal é arroz, salada e peixe, uso muita fruta,
cereais, vegetais e mel. A base da nossa alimentação deve ser o peixe, mas
evitar o excesso do bacalhau, evitar o álcool, usar uma alimentação mais leve e
à base de fibras, cereais, legumes à noite se, para além da fibromialgia, há
tendências à obstipação. Não quer dizer que não se possa comer carne, por
exemplo, faço isso aos domingos, mas deve ser evitada a carne de cabrito.
Evitar o stress e quando houver dor, não
forçar. Nessa altura parar, descansar, ou também mudar de trabalho.
Não marcar muitas actividades para o mesmo
dia, ou pelo menos, não as assumir quando são os outros que marcam. Se for
possível cumpre-se, se não for já se
está justificado.
Quando estamos bons, a mudança de um pneu dum
carro, a caminho do trabalho pela manhã, pode ser, por si só, o suficiente para
ficarmos avariados para todo o dia, cansados, com falta de forças nas pernas e
com dores nos braços, situações acompanhadas de depressão. O suficiente para
faltar ao trabalhar...Assim como o modo como acordamos pela manhã pode
determinar o dia que vamos ter pela frente...
O fibromiálgico não pode trabalhar para
patrões. Ele tem de ser muito livre e, se possível, trabalhar por conta
própria, sempre acompanhado da compreensão da família, dos amigos e do seu
médico...
Acreditar
em Deus é bom
A
fé em Deus é algo fundamental na vida de qualquer doente porque o ajudará a
elevar-se espiritualmente através do sofrimento, não porque é masoquista, mas
porque as virtudes da fé, da esperança e da caridade estão mais presentes, mais
inter-relacionadas e darão outra visão mais positiva da vida à pessoa.
A
visão espiritualista da vida ajuda a qualquer doente, muito mais a um doente
que pode chegar ao desespero, à falta de estima pela vida, que reduzida apenas
ao material, então não tem razão de existir, de ser, para a qual não resta mais
que pôr um ponto final, a não ser que tenha uma fé tão grande e que se alimente
dela para um encontro de sentido mais amplo de vida com Deus.
É
que não há respostas fáceis para a dor, para o sofrimento, mas há percursos que
nos são ditados pela fé, pela razão e pelo coração, que ajudam a encontrar o
equilíbrio e a esperança, como uma bússola
na imensidão do mar nos dá a direcção a seguir para um porto seguro...Vamos fazendo caminhada e
cada vez que vamos andando vamos descobrindo novos significados, novos sentidos
para os novos problemas. Nós não podemos caminhar como que para o destino, ou
para a fatalidade, nem acusar que Deus não nos atende. Caminhamos e fazemos
caminho ficando, muitas vezes, apenas com a esperança no mistério. Na
era do computador, até Deus se encontra tão ocupado com o seu computador, que
também pode ir ao ar, mas continuamos a esperar e a acreditar que algum dia
temos resposta eficaz. Santo Agostinho dizia que a oração era a força do Homem
e o lado frágil de Deus. Ela é a história da nossa vida na relação com o
Pai.(Cf. “Porquê justamente a mim?” de Arnaldo Pangrazzi.
Um
Fibromiálgico tem forçosamente de acreditar em algo transcendente, absoluto a
quem adere, se sujeita por amor e, por amor, orienta toda a sua vida.
Isto ajudá-lo-á a controlar-se e, quando
tiver a consciência de que atingiu o contolo da sua dor, é porque já descobriu
comportamentos que assumiu e os tem como prescrição médica porque o controlo é
mais “meu” do que do médico. Ele só ajuda a dar a volta às dificuldades, a passar por cima, a abrir caminho para o nosso próprio
controlo...Às vezes ouve-se dizer que “cada um é médico de si mesmo” e tem a
sua lógica na medida em que só com a ajuda dele, vai colaborando e fazendo
descobertas pessoais que ajudarão, ao mesmo tempo, também o médico. Há um
ditado antigo que “ao Padre, ao Médico e ao Advogado, sempre se diz a verdade”,
nunca se mente.
De
modo que, sendo assim, conservará sempre uma esperança e guardará uma nova
força para vencer as dores, as dificuldades que esta doença arrasta consigo em
relação à qualidade de vida.
Terá
em conta que “a vida é um tesouro que é preciso conservar e promover sem a
desvirtuar” (Cf. o mesmo documento dos Bispos) e se necessário for, valermo-nos
de tudo o que é científico para darmos a uma vida manchada pela dor uma
qualidade superior com alegria, sem desespero porque o discípulo não é mais que
o Mestre.
O
sentido ético do trabalho cristão tem em si um objectivo escatológico. Por
isso, nos primeiros capítulos do Génesis aparece o homem em acção, como
responsável pela criação e que tem de a levar a um termo feliz mediante o
trabalho realizado.
Sempre
deve dar uma ideia de que quem acredita tem esperança que o Senhor é capaz de
nos curar...e “a felicidade está mais no dar do que no receber”.
Não
é por acaso que todas as religiões, e os responsáveis também reconhecem que há
urgência e necessidade absoluta de um maior acompanhamento espiritual nos
hospitais, junto dos doentes porque os ajuda de uma forma diferente do
psicólogo.
Cristo viveu o mistério da dor, do sofrimento
até ao máximo, ou para além do máximo que um ser humano pode suportar. Não por
Ele, mas por toda a humanidade. O recurso à oração e o deixar-se cair nas mãos
d’Ele, a aprender
a conviver com a doença, reconhecendo que a
cruz do sofrimento se transformará em cruz de glória... Até se aceita melhor a
nossa fragilidade, e as nossas fraquezas, experimentamos também até onde o
sofrimento nos pode levar na companhia dos amigos, da família, da comunidade,
do médico e do confessor. No fim de tudo, só há uma coisa que nos resta, é
saber que Deus é Amor, como diz S. João e o que espera de nós, é uma resposta
de Amor.
Cristo
afirmou que Ele era o Caminho, a Verdade e a Vida; e a busca desta Verdade será
o caminho que conduzirá mais facilmente a uma vida nova. “Encontrar Deus é
procurá-lo” dizia S. Gregório de Nazianzo. Às vezes os doentes tratam-se mais
depressa quando são bem assistidos e acompanhados pelas famílias. O médico e o
outro pessoal são tão necessários, que com todos os cuidados humanistas, nunca
satisfarão plenamente os doentes como aquilo que lhes toca no mais íntimo do
seu ser, como seja a fé e a família. A família conhece a fé. Descobrir o que se
tinha perdido ou esquecido é estar iluminado com uma nova luz: “Procurai e achareis;
batei e abrir-se-vos-á”, diz Lucas, no capítulo 11 do seu evangelho.
Ser
fibromiálgico não é estar condenado à morte, nem é maldição divina; apenas pode
ser um “mimo” de Deus...Quem sabe se para provação da nossa fé...medir as
nossas forças espirituais quando somos aparentemente valentes e fortes
fisicamente...O nosso Deus é um Deus de Bondade.
Nós
é que criamos labirintos e mantemo-los dentro de nós e com isso perdemos as
nossas origens, de onde viemos, o que fazemos nesta terra e para onde vamos...Olhamos
mais para o exterior e esquecemo-nos do mais importante que é o interior,
olhamos mais para as fantasias do que para o essencial. Fazemos inversão de
valores; perdemo-nos e enquanto não nos encontrarmos... A família é capaz de
chegar mais depressa, onde os outros ficam mais aquém. A família conhece muitas
vezes os nossos escaninhos e sabe trabalhar-nos melhor para nos levar onde faz
falta.
Vamos
ter sempre presente que o trabalho nos dará felicidade quando pudermos
trabalhar...e o repouso também nos dará satisfação quando fizer falta para
voltarmos a fazer algo...
As
nossas enfermidades são muitas. Se não as curamos todas é porque alguma coisa
podemos ir fazendo neste mundo, como remissão dos nossos fracassos
espirituais...
A nossa vida surgiu das Suas mãos quer no
corpo, quer na alma, e porque nos quer obras perfeitas, dar-nos-á sempre a
força, a coragem, a paciência e a paz para vencermos as dificuldades...N’Ele,ó
nos resta pormos a nossa confiança para além do céu e
da terra...A Ele, só isto não chega, claro, para me desculpar de alguns maus
procedimentos. Nem quero pensar nisso. É possível apenas que isto aconteça, mas
quando...talvez já me tenha acontecido!...
Sinto-o
com mágoa, mas ao mesmo tempo com coragem para saber pedir desculpas ao meu
semelhante que não tem culpa das minhas infelicidades...
Ele
é médico do corpo e da alma. Foi Ele que, Homem das dores, carregou as nossas
fraquezas e assumiu os nossos sofrimentos. Em tudo quis ser semelhante a nós
para revelar a Sua misericórdia infinita.
Também
Ele passou pela tentação de falta de confiança no Pai: “Meu Deus, meu Deus
porque Me abandonaste?”.
Quando
afinal depois de dizer: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu Espírito” e
exclamando “tudo está consumado”. Deus o fez vitorioso, vencendo a Sua própria
morte.
Experimentou
como qualquer um de nós as limitações da condição humana para nos libertar do
medo; no alto da cruz...
Dizia
Carlo Martini que a doença é uma grande prova de fé; é um momento difícil de
purificação. Ao sofrimento físico junta-se o sentimento de inutilidade e o
temor de ser um peso. Sofre-se também a solidão. Somos assaltados pelo medo do
futuro, por pensamentos que provocam a confusão e a perturbação do espírito ou
a cegueira da alma.
Mais
que pedir a Deus que nos cure, a Ele que sabemos que tudo pode. É importante
que lhe peçamos que nos salve da morte todos os dias em que as dores nos
atormentam ou nos humilham. Dizer a Deus “perdoa-nos Senhor” porque somos
tantas vezes injustos e dá-nos luz, força de vontade, para compreender as incompreensões
dos outros, coragem para nos rirmos mesmo sem vontade porque o outro pode estar
apenas à espera do nosso sorriso para entender que somos seres de relação e de
proximidade. Apesar de tudo, somos todos filhos do mesmo Deus que nos quer
felizes e que, por isso, a todos dá os dons necessários para subsistir com uma
qualidade de vida suficiente, para vermos as coisas de outra maneira.
Esta qualidade de vida suficiente fará com
que nos envolvamos todos na fraternidade onde haverá comunhão, uma comunhão que
não se compadece que o nosso vizinho tenha apenas uma
folha de couve para comer, um caldo, e na nossa mesa haja caldo, prato de carne
e ou peixe, mais sobremesa etc!... É esta comunhão que nos leva a um dinamismo
próprio, que nos conduz à coesão social. Isto faz com que a nossa fé seja
verdadeiro testemunho do Cristo vivo que hoje nós professamos e, pelo qual,
queremos orientar a nossa vida.
Um
bom remédio que Cristo nos deixou foi o do sacramento da reconciliação, ou
seja, da penitência, a direcção espiritual para algumas soluções de problemas
internos e externos. A contemplação e a meditação é outro factor que ajuda a
controlar esta doença.
É
claro que o médico da alma, do espírito, nunca pode pôr-se de lado, Jesus
Cristo muito bem sabia que nós precisávamos deste remédio eficaz, a Graça.
Esta
Graça que devemos guardar como um tesouro na nossa vida e dela darmos
testemunho ao mesmo tempo. Enquanto procuramos remédio para o corpo que também
é obra de Deus, não devemos dar sinal de tristeza ou de falta de estímulo pela
vida, uma vez que somos doentes. Eu creio que os meus paroquianos hão-de gostar
de me ver sempre alegre e bem-disposto ainda que, por vezes, a nossa imagem
seja frágil ou dê sinal de fraqueza. Os amigos mais se aproximarão de nós se observarem
que, de facto, somos fortes no espírito ou na alma, que sabemos vencer e
ultrapassar as nossas limitações ou pelo menos não fugindo àquilo que se pode,
embora cada um de nós saiba o que pode e, quando, pode ir mais longe...
Muitas
vezes acontece agora que, pela falta do recurso mesmo ritualizado do Sacramento
da Penitência, se vêem as pessoas a recorrer aos métodos orientais de
contemplação, de exercícios próprios como a yoga ou outros, como o reiky... Ou
então fugir para se integrar em seitas religiosas até as mais severas e
dizimistas que iludem esta necessidade de o homem se sentir mais homem, mais
ser relacional onde coabita o mal e o bem, e nem sempre o discernimento é tão
eficaz como gostaríamos.
A nossa integridade significa uma grande
responsabilidade no que se mostra e no que se faz. É preciso ser fiel a si
mesmo, à família; ao outro. Só assim honraremos a nossa família, a nossa
sociedade, assim como os seus deveres e trabalhos
inerentes. A Religião não é nada que esteja ultrapassado, ela faz parte do
presente. Quanto mais presente estiver na vida do Homem, mais ela deixa de ser
uma religião do medo ou do passado para ser agora uma religião libertadora que
esclarece, ilumina o caminho das trevas que nos conduz às águas cristalinas que
saciarão a sede do Homem para sempre.
“Vós,
irmãos, fostes chamados à liberdade. Não tomeis, porém, a liberdade como
pretexto para servir a carne. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros
pela caridade.” (Cf. S. Paulo aos Gálatas).
“Deve-se buscar “uma mente sã num corpo são” é
de (Décio Juvenal); “Mens sana in corpore sano”, famoso adágio latino que
funciona como uma lei desde os Lusitanos, com os seus costumes, festividades,
crenças e conhecimentos para equilibrar perseverantemente com harmonia e
verdade a vida.
O
ser humano pode cultivar o espaço do Divino, abrir-se ao diálogo com Deus,
confiar a Ele o destino da vida e encontrar n’Ele o sentido da morte.
Aqui
tem a espiritualidade e a grande razão das religiões, ao jeito da diversidade
de culturas.
Desde
sempre foi considerado que a falta deste espaço espiritual no homem arrasta
consigo a infelicidade, a doença e um erro sedento à procura da fonte que nunca
é encontrada.
Acolher
o espírito é acolher aquele que o habita e o encherá de luz, de serenidade e de
felicidade sem fim. Cuidar deste espírito é cuidar dos valores que dão rumo à
nossa vida e das significações que geram esperança para além da nossa morte. É
alimentar o braseiro interior da contemplação, da oração para que nunca se
apague.
Esta
posição arrastará consigo serenidade, jovialidade e simplicidade que nos ajudam
a construir um olhar mais tolerante, a ver o outro, a reconhecê-lo como um
irmão e a esperar da vida aquilo que ela nos pode dar, ou valorizar, vivendo positivamente, com aquilo que temos, “a tirar
partido daquilo que possuímos tendo sempre em conta os sentimentos dos
outros”.Cf. “Xis - ideias para pensar” de Laurinda Alves.
Não é por acaso, ou por bizarria, que muitos
andam atrás das seitas e de tudo, como sequiosos de algo, que lhes falta no
coração e que deixaram de encontrar na sua própria
religião porque nunca tiveram talvez uma noção clara do pecado, da confissão e
da comunhão porque viveram sempre uma fé infantil. Todos procuram a salvação
que só de Deus vem e chegou através de Seu único Filho Jesus Cristo.
Poderia
terminar fazendo a seguinte oração:
“Concede-me,
Senhor, a coragem e a força de vontade para continuar a caminhar em frente e
que os meus paroquianos me compreendam, e me completem naquilo que eu já não
posso fazer, como podia antes.
Concede-lhes,
assim como aos meus superiores, luz e inspira-lhes gestos, palavras e obras de
acordo com a missão que receberam no Baptismo e que superem as minhas
fraquezas”.
O
projecto do Centro Novo de Pastoral, da Igreja Nova é uma necessidade evidente,
inegável. O projecto não é meu, é da Comunidade que todos se unam para levar
até ao fim aquilo que já devia estar feito e só agora começa, como obra
material e única que deixamos neste século XXI para os nossos vindouros.
Eu
amo-Te, Senhor, quero louvar-Te pela comunhão paroquial, pela coesão à volta
duma fé dinâmica, isto é, de obras com espírito e verdade, que levaram a esta
coesão, a esta comunhão que nos faz família resignada e alegre, mesmo na
doença, no sofrimento, na paixão, porque, aquilo que nos toque a nós agora, nos
inicie para a partida deste mundo efémero e nos prepare para o encontro Contigo
na eternidade...
Aceita a minha pobre oferta
e tem compaixão das fragilidades em que tantas vezes caio. Perdoa-Me e perdoa o
pecado da sociedade e também o pecado desta igreja que é pecadora e luta pela
santidade, como S. Paulo dizia: “Faço o que não quero e não faço o que queria.”
Julho
de 2003
Artur Coutinho