AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

sábado, 26 de novembro de 2011

O Grupo de Cavaquinhos da Escola de Música da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima-lançamento do CD-Banda de Gaitas de S. Tiago de Cardielos - Tuna Veteranos de Viana do Castelo.

Convite






























O Grupo de Cavaquinhos da Escola de Música da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, vem por este meio convidar vossa Exca, a participar no Espectáculo que se irá realizar no dia 07 de Dezembro, às 21h30m no Salão de Festas do Centro Social Paroquial da Meadela.































Este espectáculo realiza-se para promover o lançamento do CD do Grupo de Cavaquinhos e conta ainda com a participação da Banda de Gaitas de S. Tiago de Cardielos e Tuna Veteranos de Viana do Castelo.
Esta iniciativa reverte a favor, pela venda dos CD’s, da Obra da Igreja Nova.


Coordenador da Escola de Música


João Sá
(Tlm: 967074524)
Coordenador da Comissão de Angariação de Fundos


Camilo Correia
(Tlm: 936638816)

MAR-AGUA-PAI-MÃE - Arvore - Nascente - Lago - Riacho- Maza - Mazarefes - Maçã - Laranja

Aquilo que tenho vindo a descrever como a primeira letra homossilábica do Homem, o “Ah!!”, se assim a podemos escrever na palavra mãe, pai, mar e água, tem sempre a ver com água que nasce e é fonte, que se junta na lagoa, que corre pelos ribeiros, conduzindo-se para os rios ou para o mar.
Na maioria, as palavras começadas por “a” ou acentuadas na segunda sílaba por “á” têm todas a ver com a língua mais fundamental da humanidade, são aquilo a que se dá o nome de hidróminos e, destes, nasceram topónimos e nasceram os antroponímicos.
Acrescento algumas das palavras que encontrei no livro “Povos Antigos em Portugal”, de João e Augusto Ferreira do Amaral, da Quetzal Editores-2000), Palavras e suas etimologias (e seu género).
Este livro, para quem gosta destas coisas, é muito importante adquiri-lo.
Bem hajam os seus autores que nos dão milhares de respostas etimológicas de topónimos e não só.
Este livro já vai na segunda edição.

Todas as que se apntam referem-se a rio, ribeiro, água, hidróminos, topónimos, antropónimos, .....
A
Abambres  ribeiro
Abreu (ave(r))  ribeiro
Abrilongo ou Abrilonga (< abr)  ribeiro
Açafal (< aç –çaffah)  ribeiro
Adrão  rio
Água de Lupe (lup; leip)  ribeiro
Água de Saldones  ribeiro
Aguadela (aquatela)  ribeiro
Águeda (Agada; Agata)  rio
Aguilhão ( Aguilhão ( Aiana (ali; Alia Allia; ana)  ribeiro
Alandroeira (landro)  ribeiro
Albardão (Albara)  ribeiro
Albernoa (al = artigo árabe)  ribeiro
Alcabrichel  rio
Alcáçovas  ribeiro
Alcalate (al-qala’at)  ribeiro
Alcalva (< al-qarba)  ribeiro
Alcambar (< cambo = curvo)  ribeiro
Alcaraviça  ribeiro
Alcaria (< al-qaria)  ribeiro
Alcarias (< al-qaria)  ribeiro
Alcarrache (< Alkaraki; < al-qarraq)  ribeiro
Alcoa (< al-qoa; Cuda)  rio
Alcobertas (< cubetas < cubas)  ribeiro
Alcofra (< al-qufra)  rio
Alcube (< al + qubba)  ribeiro
Aldrogos (< aldroga < andorga < pandorga)  ribeiro
Alfamar (< al-hamma)  ribeiro
Alfambras (< al-hamra)  ribeiro
Alfebre (< al + fobar; upa+bhero; Alfeizerão (< Alfaysarã; < al- kheizeran)  rio
Alferreira (< ferreira)  ribeiro
Algalé (< al-qalá)  ribeiro
Algalé (< al-qalá)  ribeiro
Alge (< ols)  ribeiro
Algibre (< al-jubb)  ribeiro
Algodeia (< al-qutaia)  ribeiro
Algós ou Algoz (< al-gozz)  ribeiro
Alimonde (< Alimundi)  ribeiro
Alizo (< ols)  ribeiro
Aljezur (< al-jazira)  ribeiro
Almadafe (< al-madfa)  ribeiro
Almádena (< al-mádene  ribeiro
Almagrebe ( < al Magreb)  praia
Almansor (< Al- Mansur)  rio
Almendinha, Almezendinha ou Amezendinha (< Almesinda)  ribeiro
Almo (< olm)  ribeiro
Almofada (< almofada < al-mokhaddâ)  ribeiro
Almoganda (< olm)  ribeiro
Almojanda ou Almojonda (< olm)  ribeiro
Almonda (< olm)  rio
Almoster (< al monasterii)  ribeiro
Almuro (< olm) + muir  ribeiro
Almuro (< olm) + muir  ribeiro
Alpedrede, Alpredreira ou Alpedreiras (< al + pedra)  ribeiro
Alpedriz (< Alpertizim; < Alpetriz)  rio
Alpertuche (< al-pertusium)  praia
Alpilhão (< al + Piliandro)  ribeiro
Alpreade (< Alpreada)  ribeiro
Alueira (< olv)  ribeiro
Alva (< olv)  rio
Alvacar (< al-baqar)  ribeiro
Alvega (< al + wegs ou wigs)  ribeiro
Alverca  fonte
Alvercas ( Alviela ( Alvisquer ( Alvites (Alvites; Alvoco ( Alvor ( Ana Loura ( Ancão ( Âncora (<âncora)  rio
Anços ( Andreu ( Antuã ( Arade ( Arades ( Arão ( Aravil ( Arcão ( Arcês ( Archino ( Arda ( Ardena ( Ardila ( Arez ( Arga  fonte
Ariana (er)  ribeiro
Arnal ( Arnes (er)  ribeiro
Arnóia (er)  rio
Arões ( Arrão (er)  ribeiro
Arrentela (er)  ribeiro
Arunca (er + unca)  rio
Às Avessas (<às avessas; Asseca ( Asseca ( Asseca ( Atouguia ( Ave ( Aviasca (ligur)  ribeiro
Aviul ( Axá  fonte
Azevel ou Azaval ( Azibo ( Azoia (
B
Baça ( Baceiro ( Bainis  rio
Balancho ( Balsa ( Balsemão ( Balsemão ( Baralha  ribeiro
Barcarena ( Bárrio (
C
Cacavaio ( Cacela ( Cadeira ( Cai ( Caia ( Caima ( Cal ( Calabor ( Calacú ( Calastão ( Camalhão ( Camba ( Cambedo ( Cameijo ( Canha ( Canharda ( Cantelães ( Caravela ( Caravelas ( Carazona  ribeiro
Carba ( Carcava ( Carenque ( Carês ( Caria  ribeiro
Carnide ( Carona ( Carrão ( Carregado ( Casegas ( Cávado ( Cavaluno ( Caxarias (
D
Dão (
F
Fanzira  ribeiro

G
Gafa ( Gaia  ribeiro
Gaia  ribeiro
Gaia  rio
Gandum ( Garção  ribeiro
Garvão (
I
Ima (imã)  ribeiro

J
Jaleca ( Jamor ( Janas (
L
Labruja ( Lavre (Lávar;
M
Mac Abraão ( Machede ( Magos ( Mangas  ribeiro
Manhucelos ( Marateca ( Marialva ( Mau (
N
Nabão (
O
Ocaya  ribeiro

P
Pai Anes ( Pai Joanes ( Pai Mouro ( Paião ( Paiva (
R
Rabagão (
S
Sabor ( Sabores ( Sabugosa  rio
Sado ( Salas  ribeiro
Salmanha ( Salsa ( Salsas ( Sardoura ( Sátão ( Saus (
T
Tabarelas ( Tamanhos ( Tamarmá ( Tâmega ( Tamolha ( Tanha ( Távora (
U
Uima (
V
Vade ( Valbaco ( Valdique ( Valtamonte ( Varche ( Varosa ( Vascão (
X
Xarrama (

Palavras e suas etimologias (e seu género)
(do livro “Povos Antigos em Portugal”, de João e Augusto Ferreira do Amaral, da Quetzal Editores-2000)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ecologia Humana POR FIM TALVEZ SEJAMOS FELIZES…

POR FIM TALVEZ SEJAMOS FELIZES…


As Jornadas “Fraternidade e Vida no Planeta” estão calendarizadas para Abril de 2012

A ONU declarou a Década das Nações Unidas para a Educação e o Desenvolvimento Sustentável dos anos 2005 a 2014.

Assim, o próximo 2012 será centrado como o “Ano Internacional de Energia Sustentável para todos”.

Actualmente mais de 1,4 biliões de pessoas de todo mundo, não possuem acesso à electricidade e cerca de um bilião tem acesso intermitente, o que acarreta problemas de saúde e outros.

Segundo a ONU, em menos de 15 anos haverá1,8 mil milhões de pessoas a viver com escassez de água, o que significa um aumento de 900 milhões. Aliás, devemos referir que na Declaração do Milénio ficaram estabelecidos objectivos e metas a cumprir até 2015. Entre estas preconiza-se: “integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e projectos nacionais e internacionais, e inverter a actual tendência da perda de recursos ambientais; reduzir para metade, até 2015, a percentagem de população sem acesso permanente a água potável; e até 2020melhorar significativamente a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.”

CARTA DA TERRA

Na Carta da Terra, proclamada pela UNESCO, no preâmbulo sublinha-se:

“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça económica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.”

SABER CUIDAR

















Especialistas da Ciência da Terra constantemente fornecem dados preocupantes acerca do ambiente. Os Ecologistas, Filósofos e Teólogos, procuram, através de fóruns, da comunicação social, debates e reflexões à qualidade de vida, e alguns lançam o grito: “A ÁGUA TEM SEDE DE ÁGUA”. O filósofo Leonardo Boff publicou o livro “Ecologia, grito da Terra, grito dos pobres”, tão valorizado no mundo, que mereceu ser convidado pela UNESCO para integrar a Comissão Internacional encarregada de receber contribuições para a referida Carta da Terra.

É interessante referir que por causa da transposição do rio S. Francisco, no Brasil, o bispo Dom Luiz Cappio fez uma greve de fome, ou jejum prolongado.

O citado teólogo, filósofo e ecologista Leonardo Boff escreve que é preciso “SABER CUIDAR”:

“ Mitos antigos e pensadores contemporâneos dos mais profundos ensinam-nos que a essência humana não se encontra tanto na inteligência, na liberdade ou na criatividade, mas basicamente no cuidado. O cuidado é, na verdade, o suporte real da criatividade, da liberdade e da inteligência. No cuidar se encontra o ethos fundamental do ser humano. Quer dizer no cuidado identificamos os princípios, os valores e as atitudes que fazem da vida um bem-estar e das acções um reto agir.

Sonhamos com o cuidado assumido como ethos fundamental do humano e como compaixão imprescindível para todos os seres da criação.

Para cuidar do planeta precisamos todos de passar por uma alfabetização ecológica e rever os nossos hábitos de consumo. Importa desenvolver uma ética do cuidado.”

LEGADO ÀS GERAÇÕES FUTURAS

Também Bento XVI na encíclica “A caridade na verdade” questionando “o desenvolvimento dos povos, direitos, deveres, ambiente” sublinhava: “O homem interpreta e modela o ambiente natural através da cultura, a qual, por sua vez, é orientada por meio da liberdade responsável, atenta aos ditames da lei moral. Por isso, os projectos para um desenvolvimento humano integral não podem ignorar os vindouros, mas devem ser animados pela solidariedade e a justiça entre as gerações, tendo em conta os diversos âmbitos: ecológico, jurídico, económico, político, cultural.”

As comunidades cristãs são chamadas a “dar sabor evangélico aos grandes valores da paz, da justiça, do desenvolvimento, da libertação dos povos, do respeito aos direitos humanos e dos povos, sobretudo das minorias, como também da salvaguarda da criação e do futuro de nosso planeta”, como referiu recentemente um jornalista reconhecido.

CASAMENTO ENTRE O CÉU E A TERRA

"Hoje encontramo-nos numa fase nova na humanidade.” Todos estamos regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente. (...)... (...) Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como combinar o quotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa na eternidade. “E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra.”

“Casamento entre o céu e a terra”, Salamandra, Rio de Janeiro, 2001, pg. 9 (Leonardo Boff)

NOVOS ESTILOS DE VIDA PARA SER FELIZ

É o tema geral da catequese na Comunidade Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, da cidade de Viana do Castelo, atenta aos problemas nesta fase da humanidade e indicando “guardar e cultivar a criação” (Gn. 2, 15) também planificar a formação de adultos escolhendo como tema: “FRATERNIDADE E VIDA NO PLANETA”.

Assim foram definidos objectivos, destacando-se entre outros:

“Melhorar a qualidade da vida humana; modificar atitudes e práticas pessoais; perspectivar o desenvolvimento com valores éticos”:

As sessões decorrem em horário pós-laboral, de quinze em quinze dias, com intervenções de especialistas das Ciências da Terra e das Ciências Sociais, abordando temáticas que vão desde “o desenvolvimento dos povos, ecologia ambiental, social, mental, Integral, às alterações climáticas”.

Uma sessão decorrerá à volta das reflexões do chefe índio de Seattle, de 1854 divulgado pelas Nações Unidas em 1976, e que ficou como uma significativa referência “ ensinem aos vossos filhos, que a Terra está enriquecida com a vida dos nossos semelhantes, para que saibam respeitá-la…Tudo quanto acontecer á Terra, acontecerá aos filhos da Terra...O homem não teceu a rede da vida, ele é só um elo do seus fios…”

“POR FIM TALVEZ SEJAMOS IRMÃOS” assim se intitula a mensagem do CHEFE SEATTLE (1854)



Boas Festas Natalícias, fomentando a conservação da criação, construindo a FRATERNIDADE.





José Rodrigues Lima

Tel: 258829612

Tlm: 938583275

Email: jrodlima@hotmail.com

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RETIRO DE ADVENTO - Rezar pela família com a família de Jesus -A MELHOR FORMA DE COMEÇAR A PREPARAR O NATAL

RETIRO DE ADVENTO


Rezar pela família com a família de Jesus




















A Comunidade do Carmo promove no próximo dia 10 de Dezembro um Retiro de Advento para leigos. O retiro tem início depois da Missa Conventual, às 10:00h. E encerra com a Missa Vespertina às 18:00h.

O Advento convida-nos a despertarmos e erguermo-nos do chão, a colocarmos óculos coloridos para vermos a esperança e a coragem, a ilusão e a alegria que nos convidam a preparar o Natal do Senhor.

O retiro procura criar um espaço de silêncio e oração, tem por tema Rezar pela família com a família de Jesus e decorre nos espaços do Convento do Carmo com entrada pela portaria, ao lado da igreja.

A inscrição é obrigatória. Inscrição com almoço: 17:50€.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

a Luneta - Serra d'dArga

Ajuda da Luneta


Na janela um namorado

Pode-se usar de luneta,

Conversa como bem-amado

Em linguagem bem discretas



Se a ajeitar pelo cordão,

Como circular movimento,

Quer dizer: ao coração

Tu me dás contentamento.



Limpar-lhe os vidros é: penso

Que o teu amor será puro;

Fechá-la diz: gozo imenso,

Abri-la traduz-se: juro.



Olhar para o céu de luneta

Significa desconfiança,

Que me faz andar pateta

Em contínua contradança.



Suspendê-la diz: desejo

Dizer-te à noite um segredo,

Levá-la à boca: um beijo,

Pô-la no peito é mais cedo.



Muitas vezes repetidas

Pô-la e tirá-la é tormento,

Passo horas esquecidas

Contigo no pensamento.



Oscilante suspentida

Pelo cordão é: suspeita,

A tremer é triste: vida,

Se teu amor me rejeita.

A cigarra e a Formiga

A CIGARRA E A FORMIGA


Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro.

- Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra.

- Preciso de arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo.

- Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não nos falta... – respondeu a Cigarra, olhando em redor.

A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora.

Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal...



Moral da história:

Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro.

A raposa e a cegonha

A RAPOSA E A CEGONHA


Um dia a raposa foi visitar a cegonha e convidou-a para jantar.

Na noite seguinte, a cegonha chegou a casa da raposa.

- Que bem que cheira! – disse a cegonha ao ver a raposa a fazer o jantar.

- Vem, anda comer. – disse a raposa, olhando o comprido bico da cegonha e rindo-se para si mesma.

A raposa, que tinha feito uma saborosa sopa, serviu-a em dois pratos rasos e começou a lamber a sua. Mas a cegonha não conseguiu comer: o bico era demasiado comprido e estreito e o prato demasiado plano. Era, porém, demasiado educada para se queixar e voltou para casa cheiinha de fome.

Claro que a raposa achou montes de piada à situação!

A cegonha pensou, voltou a pensar e achou que a raposa merecia uma lição. E convidou-a também para jantar. Fez uma apetitosa e bem cheirosa sopa, tal como a raposa tinha feito. Porém, desta vez serviu-a em jarros muito altos e estreitos, totalmente apropriados para enfiar o seu bico.

- Anda, vem comer amiga Raposa, a sopa está simplesmente deliciosa. - espicaçou a cegonha, fazendo o ar mais cândido deste mundo.

E foi a vez de a raposa não conseguir comer nada: os jarros eram demasiado altos e muito estreitos.

- Muito obrigado, amiga Cegonha, mas não tenho fome nenhuma. - respondeu a raposa com um ar muito pesaroso. E voltou para casa de mau humor, porque a cegonha lhe tinha retribuído a partida.



MORAL – Nunca faças aos outros o que não gostas que te façam a ti.

Por vezes pagam-nos na mesma moeda, pelo que devemos ter muito cuidado com aquilo que fazemos aos outros!

A Lebre e o Cágado

HISTÓRIA DA LEBRE E DO CÁGADO


Era uma vez... uma lebre e um cágado.

Um dia, estando a conversar, diz assim a lebre para o cágado:

- Olha lá, tu não queres fazer uma corrida comigo?

O cágado respondeu-lhe que sim.

A lebre riu-se para dentro e pensou assim:

-Quem vai ganhar sou eu. Ele é tão lento...!

Na manhã seguinte preparam-se todos para a corrida. Quando se encontraram na partida, a lebre começou logo a correr, e o cágado a avançar todo lento. Quando a lebre já se tinha distanciado bastante, tanto que já nem via o cágado, pensou assim:

- O cágado ainda está tão longe que eu bem posso dormir uma soneca. Deitou-se à sombra de uns arbustos e adormeceu, sonhando com a vitória. Entretanto o cágado, que vinha muito lentamente, passou pela lebre, viu-a a dormir, e pensou assim: -Ah, ah, ah, até parece que vou ganhar...! Passado muito tempo a lebre finalmente acordou. Não viu o cágado e começou a correr.

Já perto da chegada viu finalmente o cágado.

No entanto, este já estava a atravessar a meta, pelo que ganhou.

A lebre, ao chegar, deu os parabéns ao cágado e deu-lhe também um beijinho.

Moral da história:Não te distraias antes de acabares o que estiveres a fazer.

PEDRO E O LOBO

PEDRO E O LOBO




O Pedro era um pastor. O seu trabalho era tomar conta das ovelhas enquanto pastavam. Mas por vezes ficava aborrecido por estar sozinho, sem ninguém com quem brincar e falar.

Um dia resolveu fazer uma brincadeira para se divertir.

Desatou a gritar:

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!

Os fazendeiros que ouviram a gritaria desataram a correr para ajudar o Pedro a afugentar o lobo, mas quando chegaram lá não havia lobo nenhum.

O Pedro fartou-se de rir mas os fazendeiros não acharam piada nenhuma à brincadeira e foram-se embora.

No outro dia o Pedro resolveu fazer o mesmo.

Desatou a gritar:

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!

Os fazendeiros correram para ajudar o Pedro, mas não havia lobo nenhum. O Pedro desatou a rir mas os fazendeiros ficaram zangados e disseram: - Este miúdo pensa que não temos mais nada que fazer! e foram-se embora

Passados uns dias os fazendeiros ouviram o Pedro a gritar:

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!

E disseram uns aos outros:

- Não nos vamos deixar enganar. Hoje ficamos aqui.

O Pedro continuou a gritar porque desta vez era mesmo um lobo que lhe estava a matar as ovelhas.

- Porque é que ninguém me ajudou? - perguntou o Pedro a chorar. Agora fiquei sem ovelhas.

Não te ajudamos porque pensávamos que era mais uma brincadeira - responderam os fazendeiros.

Moral da história: Nunca se deve enganar os outros.

Galinha - Maria Fernanda - Serra d'Arga

Galinha




Uma galinha farta e cheia

Numa estrumeira o esgravatou

Os pardais que perto estavam

Para lá se foram achegar

Olá, olá, fraco modo de viver.

A galinha a esgravatar

Para aves de bico comer

Todos nós somos aves de bico

Temos o direito que a galinha tem

Aproveitar o que está perdido,

A todos nós nos fica bem.



Maria Fernanda

Maria Alice - Era uma vez uma rapariga chamada Filomena. Serra d'ARGA

Conto


Era uma vez uma rapariga chamada Filomena.

Essa rapariga ia guardar ovelhas ao monte e levava linho para fiar.

Um dia quando guardava as ovelhas um ladrão matou-a e cobriu-a com ramos de árvores.

Como ela era santa, o povo mandou erguer ali uma ermida.

O ladrão que a matou, dali a um ano tornou a passar por ali, e perguntou aos pastores: “que ermida é esta?”

- É Santa Filomena

Que o ladrão matou

Coberta de ramos

Aqui a deixou.

O ladrão reconheceu a sua culpa, foi à ermida e disse:

- Santa Filomena

Perdoa-me a morte

Respondeu Santa Filomena:

- Como te hei-de perdoar

Meu grande carniceiro,

Da minha garganta

Fizeste talheiro

Do meu coração

Fizeste dinheiro.



Maria Alice

Pág. 242 Uma rapariga sem nome dobava nos chifres de vaca, a vaca como castigo foi morta e a menina foi fechada e mandada  pela madrasta para o monte.

Havia um Rei Cego

Conto


Havia um rei cego

LENDA do António e Leonor

O António levara para a guerra

Um pombinho branco, correio, encantador

Para mandar notícias para a terra

Para a sua noiva amada Leonor.



À hora da partida, num juramento,

Ela disse: ser dele até à morte

E, num adeus de dor e de tormento,

Ainda disse a chorar: "Deus te dê sorte".



Mais tardei, pelo pombo, entre promessas,

Ele mandou dizer, tristeza infinda:

"Sou teu, sou pela pátria, não me esqueças,

Sou vivo e, se morrer, sou teu ainda.



Um dia, estando ele muito absurdo,

Vendo o retrato dela em nostalgia,

Quando lhe caiu aos pés o pombo morto

Com um simples bilhete que dizia:



"Quebrei meu juramento, eu bem o sei,

E tu não voltes mais à nossa terra,

Esquece-te de mim, pois já casei,

Adeus e sejas feliz aí na guerra".



António gargalhou qual num demente,

Soltou gritos de raiva cheio de dor,

Expôs o peito fogo heroicamente,

Morreu ainda a falar em Leonor.

Celeste Ferreira Cachorreiro

Oração do Calvário - António Costinha - Serra d'Arga

Oração do Calvário




Entre todos estava a Virgem

Muito bem representada

Tristes novas lhe vieram

Que o seu filho preso estava.

Deitava manta de luto

Manta de luto deitava

Pela rua da amargura

A Senhora caminhava.

Encontrou uma mulher

Que Verónica se chamava

Ó mulher e ó mulher

Deus te salve

A tua alma não viste,

Por aqui passar?

Um filho que eu tanto amava

Sim Senhora aqui passou

À hora que o galo cantou

Com um madeiro aos seus ombros

E o madeiro era novo

E que tanto lhe pesava

Arrumando-se à minha porta

Pedindo três panos manos.

Entre aqueles três panos manos

Três Verónicas se achavam

Uma era da sua santa casa

Outra era da terra dos mouros

E outra era de Jerusalém.

Para redique de alguém

Quando Deus aqui nasceu

Todo o mundo resplandeceu

Quando Deus aqui chegou

Todo o mundo iluminou.

Procurando pastorinhos

Pastorinhos do bom-dia

Mas viste por aqui passar

Nossa Senhora Virgem Maria.

Sim senhora a avistar

Ao redor do seu altar

Com um livrinho na mão

Para dizer a oração

Oração da Salvação.

Salvai todos, quantos aqui estão

Só aquele perro mouro não

Que está naquele ceitil

Perguntem-lhe se ele é cristão:

Se ele vos disser que não

Pegai naquele ceitil,

Arrancai-lhe o coração.

Ó ceitil, ó ceitil

Ó ceitil tão amado

Carregaste o madeiro

No carreiro da Ascensão.

Já os galos pretos cantam

Já os Anjos se alivantam

Já o senhor subiu à cruz

Para sempre Amem Jesus.

(António da Costinha)

As doze Palavras - Serra d'Arga

As 12 palavras




Quem as disser e repetir, sem se enganar, poderá ter a certeza, que nenhum mal lhe sucederá, nem que tenha de andar de noite. Eis então “as 12 palavras”:

1 → A casa de Jerusalém onde N.S. Jesus Cristo morreu por nós, Amem.

2 → As tabuinhas de Moisés, onde N.S. Jesus Cristo pôs os seus divinos pés.

3 → As pessoas da Santissima Trindade.

4 → Os quatro Evangelistas.

5 → As cinco chagas de Cristo.

6 → As seis serventes.

7 → Os sete sacramentos.

8 → As oito portas do Paraíso.

9 → As nove coroas de Anjo.

10 → Os dez Mandamentos.

11 → As onze Virgens.

12 → A casa de Jerusalém onde N.S. Jesus Cristo morreu por nós, Amem.

Responso a Sto António - Serra d'Argas

Responso a Sto António (para recuperar o pedido)




Ó meu padre Santo António

Quem busca milagre mira

Morto e horror desterrado

Leproso, enfermo santo

Demónio mísero ido

Mar sossega sua ira

Alguns perigos se retiram,

Vigia-me os encarcerados

Os pobres vão remediados

Vão outros já socorridos

Sois António, aparai,

Tudo quanto há perdido.

Sois António, confessor,

Sacro-santo e bendito

Glória, P.N. e A.V.

Salve Rainha - Pai Nosso --Serra d'Arga

Salve-rainha




Salve-rainha

Salta na vizinha,

Ai vem o teu pai

Com uma vergastinha.



Pai-Nosso

Roi no osso,

Rói tu, que eu

já não posso.

Pelo sinal

Bico real,

Comi presunto,

Não me fez mal.

Se mais houvesse,

Mais comia,

Adeus, meu pai,

Até outro dia.

Em Coimbra fui estudante

Em Coimbra fui Estudante


Sn Coimbra fui estudante,

Por te amar, aprendi.

Com saudades de te não ver

Uma carta te escrevi.



A carta que me escreveste:

Ainda cá não me chegou,

Se me queres alguma coisa,

Fala que eu ainda aqui estou.



Eu bem sei que estas ai,

Minha rosa tão perfeita,

Só queria saber, menina,

A que tu estás sujeita.



Não te digo nem te conto,

Nem te dou afirmação,

Só queria saber, menino,

Qual I a sua intenção.



A minha intenção e boa,

Menina, para contigo,

Eu vou-me daqui embora

E a menina vai comigo.



Eu consigo não vou,

Que o meu pai não e contente,

Não está para me ver na rua

Desgraçadinha para sempre.



Menina, não se assuste,

Não é caso p'ra assustar,

E eu, se a meter na fama,

Da fama a hei-de livrar.



Eu a fama não a tenho,

Mas ainda me pode vir;

Ó menino, fale baixo,

Que o meu pai esta a ouvir.



Tanto se me da que ouça

Como aqui me veja estar;

Quando ele aqui vier»

Sogro lhe hei-de chamar.



Você sogro não lhe chama,

Que eu por ora não me caso ;

Sou rapariguinha nova,

Ainda não governo casa.



Outras mais novas que tu

Governam e têm marido;

Também hás-de governar,

Quando te casares comigo.

A Luneta -

Ajuda da Luneta


Na janela um namorado

Pode-se usar de luneta,

Conversa como bem-amado

Em linguagem bem discretas



Se a ajeitar pelo cordão,

Como circular movimento,

Quer dizer: ao coração

Tu me dás contentamento.



Limpar-lhe os vidros é: penso

Que o teu amor será puro;

Fechá-la diz: gozo imenso,

Abri-la traduz-se: juro.



Olhar para o céu de luneta

Significa desconfiança,

Que me faz andar pateta

Em contínua contradança.



Suspendê-la diz: desejo

Dizer-te à noite um segredo,

Levá-la à boca: um beijo,

Pô-la no peito é mais cedo.



Muitas vezes repetidas

Pô-la e tirá-la é tormento,

Passo horas esquecidas

Contigo no pensamento.



Oscilante suspentida

Pelo cordão é: suspeita,

A tremer é triste: vida,

Se teu amor me rejeita.

domingo, 20 de novembro de 2011

A SOMBRINHA

Ajuda da Sombrinha


Fechar a sombrinha é: jura

De amor que o peito encerrou

Abri-la traduz: ventura

Que a nossa ideia sonhou.



Posta ao ombro em movimento

Como giro dos moinhos,

Diz: pensar em casamento

Venturoso entre passarinhos.



Suspendida pelo meio

E roçando-a no vestido,

Quer dizer: amo-te e creio

Que serás o meu marido.



Com a ponteira da sombrinha

Sobre o chão letras formar

Significa; uma cartinha

Que se tem para se entregar.



Pelo castão da ponteira

A sombrinha segurando,

Diz: armaste uma ratoeira

E em casa não estás pensando



Mostrando dificuldades

No abrir da sombrinha, então

Quer dizer: há falsidades

Na tua declaração.



Enfim, se a sombrinha é posta

Debaixo do braço dela,

É sinal que deles gostas,

Gosta tanto que se pela.

O Charuto

Ajuda do Charuto


Acender o namorado

Um charuto olhando a bela

É dizer; fico abrasado

Em te vendo há janela.



Três fumaças de charuto,

A seguir são três beijinhos

Que o galã mais fino e astuto

Da na boca aos amorzinhos.



As fumaças, para o ar

Significa: não suspeites,

Que tenções de te enganar

Posso eu ter, não me rejeites.



Se o charuto se apagar

E logo ele não acenda,

Quer dizer: hei-de amar-te

Toda a vida, minha prenda.



Assopra uma fumaça

Para a cinza do charuto,

Quer dizer: se por desgraça

Te perder, morro de- luto.



Odeitar a cinza fora

Do charuto significa:

Se algum homem te namora,

Não me enganes, minha rica.



Atirar para longe a ponta

Do charuto que se apaga

É dizer: não sejas tonta,

Porque o meu amor te afaga.

A BENGALA

Ajuda da Bengala


E falhadora a bengala

E o namorado catita

A sua deusa falha,

Se a tem quieta ou se a agita.



Bater com ela no chão

E desespero, é ciúme,

É sentir o coração

A queimar-se em vivo lume.



Posta ao ombro é: sentinela

A dizer-lhe que anda a espreita,

Porque desconfia que ela

A corte de outro aceita.



Colocá-la horizontal

Nas duas mãos é; promessa

De um lacinho conjugal

Ambos terem bem depressa.



Como pêndula agitada

Em ligeira oscilação

Significa: o minha amada,

Bate assim meu coração.

As LUVAS

Ajuda das Luvas


Descalçar da mão direita

A luva, quer significar;

Minha mão, amor, aceita,

porque eu sempre te hei-de amar.



Com a luva descalçada

Bater na mão que a outra tem

Significa: estou zangada,

Capaz de morder a alguém.



Voltar as luvas de avesso

E guardá-las na algibeira,

Quer dizer; bem te conheço

E não caio na ratoeira.



No jardim estando sentada

E deixar cair a luva:

Pensas em falar na escada,

Mas tira o cavalo da chuva.



Morder na luva é: desejo

Muito ansioso de casar,

Ajeitá-la diz: motejo,

Não te posso acreditar.



A mão esquerda calçada

Com a luva, e a outra não

Traduz-se: vivo enganada,

De casares não tens tenção.



Prender a luva no seio

Entre os botões do corpete

Significa; não creio,

És um grande velhaquete.

O Livro

Ajuda do Livro


Há num livro a tradução

Dos desejos da mulher,

Abri-lo é dizer: paixão,

Sinto em meu peito nascer.



O folheá-lo significa:

Tenho dúvida e receio

De que tenha outros à bica

O galã que não é feio.



Posto debaixo do braço.

Do lado esquerdo é: pergunta;

Tem tenção de dar o laço

Que de duas almas "ajunta".



Lendo muito atentamente

A mulher o seu livro,

Quer dizer: não consente

Que para lá vão de carrinho.



Quem ao livro dobre folhas

Bem traduz a quem a olhar;

Para pecados não me escolha,

Que eu só penso em me casar.



Se cobrir com o livro o rosto,

A sorrir, a mulher diz:

O senhor é do meu gosto,

Quando o vejo, sou feliz.



Livro aberto contra o peito

É olhar de contemplação,

Significa; tenho eleito

Para lhe dar meu coração.

A Roupa

Ajuda na Roupa




Pôr uma toalha à janela

Que se fecha sem demora,

Quer dizer; toma cautela

Que o pai está cá, vai-te embora.



Vir à varanda escovar

Um vestido de passeio

Indica; vivo a penar,

No teu amor eu não creio.



No pescoço um cabeção

Por à janela traduz:

Já te dei meu coração,

O teu olhar me seduz.



Por um binóculo olhas

Duas vezes, três ou quatro,

Traduz-se: podes esperar-me,

À noite, vamos ao teatro.



Vir num xaile agasalhada

À varanda, quer dizer:

Quem me dera a hora chegada

De eu ser tua até morrer.



Na janela pôr a gaiola

É falar ao passarinho,

É dizer: só me consola

O pensar no teu carinho.

O RELÓGIO

Ajuda no Relógio


Um janota namorado

Que Tem relógio e corrente,

Fala ao seu anjo adorado

Cá de longe belamente.



Por o relógio no ouvido,

Como para ver se parou,

Quer dizer - tenho sabido

Que alguém de amor de falou.



Limpar-lhe o vidro com o lenço

Deve ter por tradução:

Consagrei-te amor imenso,

Vivo morto de paixão.



Na corrente, por pôr os dedos

Ou os berloques ajeitar

Quer dizer - tenho segredos,

Meu amor, para te contar.



Dar corda ao relógio explica

Desejos de casamento,

Porque o amor nos mortifica

Sem o vaivém é tormento.

Ver muitas vezes as horas

É sinal que quer dizer :

Sei, meu bem, que tu namoras

Quem a mim me faz sofrer.

Santa Iria

Santa Ira




Estando eu à janela

A coser numa almofada,

Minha agulha de oiro,

Meu dedal de prata.



Passa um cavalheiro,

Me pediu pousada,

Meu pai lha negou,

Quanto me pesava.



Roguei e pedi,

Mas ele não cessava,

Mas eu tanto fiz,

Que por fim deixava.



Fui-lhe abrir a porta,

Muito contente entrava,

Ao lar o levei»

Logo se sentava.



Nas mãos lhe dei água,

Nela se lavava,

A toalha lhe pus,

Nela se limpava.



Pus-lhe a ceia,

Muito bem ceava;

A cama lhe fiz,

Nela se deitava.



Lá pela meia-noite

Me eu sufocava.

Senti que me levavam

Com a boca tapada.



Levam-me: a cavalo,

Levam-me abraçada,

Correndo, correndo,

Sempre à desfilada.



Sem abrir os olhos,

Vi quem me roubava;

Calei-me e chorei,

Mas ele não falava.



Dali por muito longe

Ele me perguntava,

Lá na minha terra,

Como me chamava.



Chamavam-me Ira»

Ira afidalgada»

Agora por aqui,

Ira cansada.



Horas esquecidas.

Comigo lutava,

Sem forças nem rogas,

Tudo lhe mancava.



Virou um alforge,

Ali me matou»

Abriu uma cova,

Onde me enterrou.



Dali por sete anos,

Passa o cavalheiro,

Uma linda ermida

Viu naquele outeiro.



A Urtiga e o Pieiro



A Urtiga e o Pieiro

Que sua fala elegeu,

De tantas gemadas tomadas

Por fim enfraqueceu,



Os dentes da nossa urtiga

O ferreiro os limou,

De tanto papel cortar

Até se assim se ????Msou.



A boca da nossa urtiga

Tem uns dentes muito afiados,

Som beleza e formosura

Assim foram encantados.



As orelhinhas compridas

Seu rabinho auxiliava

E de várias olhadelas

Até de alegria saltava.



0 feno da nossa aldeia

Na beirinha do centeio

E lá o foram buscar

Para depois fazer paleio.



No alto daquela serra

Está ervinha a brilhar,

De tão nuas que andavam

Até lá a foram buscar.



Do pinheiro da saldanha

Fizeram a sua roca,

De vários fios torcidos

Chegaram à massaroca.



A urtiga e o pieiro

Foram aclamados p'ra rei,

Para tanto não saltarem

Até os tiçar lhe piei.



As cerejas da nossa aldeia

Estão agora a encarnar,

Aqui está a nossa urtiga

Quando nos quer arranhar.



As pedras fazem penedos,

Dos penedos fazem rochas,

De tantas coisas que tens

Aqui algumas me mostras.



As batatas da nossa aldeia

Estão agora a florir,

Assim é o meu pieiro

Quando mostra os dentes para rir.



0 tojeiro e a carmeisa

Estão agora a florir,

Nos imos não pressas,

Não nos dá vontade de rir.



No fundo daquele poço

Vê-se a minha fotografia,

A flor anda perra,

Não anda com alegria.

Ó urtiga, aonde estas?

Se cantasses, é que era!

A flor te ia buscar,

Que há tantos dias te espera



Ó Sobreiro do meu quintal»,

Para que: secaste: tão cedo?

Foi se calha o pieiro

Que te pôs um grande medo.



Ó minha fontinha verde,

Não dê água nem com agres;

Não venhas para a minha beira.

Porque fazes mil milagres.



A ideia não me vence

A escrever tudo que eu quero;

Estou à espera da urtiga,

Que há tanto tempo espero.

A Água

A Água




Ó rio das águas, chore

Que vai correndo pró mar;

Os tormentos que eu padeço,

Ai, mãe, os vais declarar.



Não declara, que não pode

P não tem que declarar,

Pois, quem como tu é bela,

Não deve ter que penar.



0 que eu peno ninguém sabe,

Ninguém pode saber,

Porque eu peno e não me queixo,

Em segredo sei sofrer.



Pois o sofrer em silêncio

É um dobrado sofrer,

Melhor é contarmos tudo

A quem nos possa entender.



A quem nos possa entender

Tudo eu queria contar,

Mas os amigos são raros,

Não sei onde os encontrar.



Encontra-os a cada canto

Quem os queira encontrar,

É um dos mais verdadeiros

Aqui te está a escutar.



Vem livrar-me com teu olhar

Quem eu por eles me perdi;

Dá-me a vida com teus beijos,

Já que por beijos morri.



Meia-noite, tudo dorme,

Só eu não posso dormir,

Que me não deixa este amor,

Que me fizeste sentir,



Este amor que é a minha vida,

Vida do meu coração,

Atrás do qual meu suspira

E meus pensamentos vão.



De joelhos fui ao mar,

De joelhos fui ao fundo,

Mais vale acabar no mar

Que andar nas bocas do mundo.



Apartai-o, apartai-o,

O vinho tinto do branco,

A mim também me apartaram

De quem eu gostava tanto.



Apartai-o, apartai-o,

O cravo da Alexandria,

A mim também me apartaram

De quem eu tanto queria.



Viana já foi Viana,

Agora é Vianinha,

Já foi Viana do rei,

Agora é da rainha.



Eu bem sei que sabes,

Eu bem sei que sabes bem,

Bem sei que sabes dar

O valor a quem o tem.

Os SINOS

Os Sinos


O sino toca à Sardinha,

Hora da reza e saudade

E chora a gente velhinha,

Lembrando-lhe a mocidade.



Repica o sino vibrante

Em festas de romaria,

Assim se vão espalhando

Certas canções de alegria.

Moinhos

Moinhos


Moinho que estás cansando,

A tua delha cantando,

Contente porque vais dando

Farinha para o nosso pão,

Gira o rodízio sem descansar

Em volta,

Espuma salta

Sempre a correr

A mó de pedra

Sempre a moer.

O REI GRILO

Rei Grilo




Estando o Rei Grilo cantando

Nos campos da Matraqueira,

Rei Leão lhe pôs um pé,

Sem saber o que fazia.

Rei Grilo se escandalizou,

Desta maneira dizia:

- Ouve lá, ó meu amigo,

Tu vê bem com quem te metes,

Que eu, além de ser pequeno,

Tenho o diabo "a sete".

Disse o Rei Leão:

- Cala-te lá, bicho pequeno,

Que estás debaixo do chão;

Tu não sabes quem eu sou,

Sou o Rei coroado Leão.

Rei Grilo:

Pois se és o Rei Coroado Leão,

Dá-te por crucificado,

Que havemos de ter uma batalha

Nos campos da "Serra Brava",

A vinte e quatro de Maio.

Chegado o dia 24 de Maio, o Rei Grilo soltou as suas gentes: moscas, mosquitos, abelhas, vespas, etc… 0 Rei Leão soltou; cavalos, lobos, cães, elefantes, zebras, tigres, etc. Então, travou-se a batalha que foi ganha pelo Rei Grilo, pois a sua gente começou a picar na do Rei Leão e esta teve de fugir.

A raposa disse que, se não fosse um rio chamado o rio Sertão, levava-a o diabo naquela ocasião.

à Lareira

À Lareira


A cena passa-se à lareira.

A avó, o avô e os dois netos conversam.

Neto: Ó avô. Como é que se vestiam os homens no seu tempo? É como agora?

Avô: - Oh, não! Muito diferente!

Neto: - Então como era?

Avô - Usavam cabeleiras postiças, grandes bigodes e pêra a chegar ao peito.

Neto - E você também usava?

Avô - Está claro que sim, pois eu vivia naquele tempo.

Neto: - E andavam nus?

Avô: - Não. Usavam calças apertadas, camisas de linho com punhos de renda, coletes e calçavam umas sandálias de couro.

Neto: - E na cabeça?

Avô - Quem queria, punha um chapéu.

Neto: - E as mulheres?

Avô: - Não sei» A avó que vos diga, pois ela está a chegar, que eu vou-me deitar.

Logo que o avô foi para a cama, entrou a avó.

Neto: - Avó, como é que se vestiam as mulheres no seu tempo?

Avó: - Usavam saias e aventais muito compridos, meias de lá de ovelha, coletes curtos a ver-se a cinta, etc…

Neto: - Então você não era da pré-história?

Avó: - Está claro que não. Tu és um peco.

Neto: - Então agora conte-nos uma história.

Avó: - Até te conto vinte ou trinta, se as tiver.

Neto- Quero que conte contos, mas não de dinheiro.

Avó: - Então vou contar-vos um;

Eram dois homens que iam para uma festa e um era muito peco e o outro foi alargando o seu passo. 0 peco, ia pecando atrás e perdeu-se no caminho, não soube o caminho para a festa. E vós também sois uns pecos e há-de acontecer-vos o mesmo.

Neto.: - Conte outro, avó»



Avó? - Não conto mais nada, vou-me embora»

A azeitona e a cereja

A Azeitonas e a Cereja


Diz a cereja:

- Azeitona, como amiga,

0 teu ser muito pesa;

Já vejo que pouco brilhas,

És feia de natureza.



Aqui está como eu brilho,

Vermelha e redondinha,}

Quanto deras, azeitona,

A tua cor ser a minha?



Sem o tempero do sal,

Nem o meu Deus te deseja!

Não preciso eu de tempero,

Quanto mais vale a cereja?



Tu, além da triste cor,

Não inculques no feitio;

No sabor és amargosa,

já não tens de que ter brio.



Que eu, logo ao romper da aurora,

Longe me vem arraiar,

Que me vem dar os bons-dias

Aos saltinhos, a cantar.



Sou a alegria das aves,

E dos jovens o encanto,

Até os mais inocentes

Comigo gastam seu tanto!



A toda a hora do dia

Me festejam passarinhos,

Cantando com alegria,

Socorrendo nos raminhos.



Azeitona:

- A tua mãe, ó cereja,

Só dura na Primavera;

Depois é um colete seco,

Toda a folha vai a terra.



E tu mesmo crias bichos,

Pois I a tua formosura;

Não duras mais de três dias,

Depois de que estas madura.



A minha mãe oliveira

Dura sempre florida;

Dura de Verão e de Inverno,

Até que no fim da vida.



Em meios civilizados

Tenho grande estimação;

Nunca perco o meu valor,

Quer de Inverno, quer de Verão.



Eu dou a luz ao moribundo

E estou pronta a servir,

Quando a alma, do corpo

Se aproximar a sair.



Cereja:

- Eu não estou, acredita,

Nem o posso entender,

Além de seres tão feia,

Tanto valor possas ter.



Azeitona;

- Tu verás no "framenino",

Damas feias e formosas,

Que muitas vezes as feias

Tem acções mais generosas.



Cereja;

- Desculpa, minha amiguinha,

Que eu já vejo que pequei,

Que por minha inocência

Foi que eu sem razão falei



Azeitona:

- Também tu, minha louquinha

Vieste de alta "vieira"

Falar sem considerar

É cair em grande asneira.



Cereja:

- Cá entre nos há remédios,

Escusamos de botica;

Tu és a mesma que eras

E eu a mesma que fica.



Azeitona;

- Cá entre nós há remédios.

E também muita virtude,

Amiguinhas como dantes,

Só te desejo saúde.

Um Pintainho

Um Pintainho


Era uma vez um ovo pequenino e branco que tinha dentro um pintainho. Esse pintainho queria sair para fora, pois não queria estar naquela escuridão. Com a cabeça, deu um empurrão na casca e esta quebrou um pedaço.

Nesse instante, o pintainho deitou a cabeça de fora e disse:

- Até que chegou o dia em que eu me vi livre de estar neste esconderijo.

Com muito esforço, sai cá para fora.

Esteve cinco minutos e, ao fim, perguntava a si mesmo;

- Eu não tenho salvação. Estou cheio de frio. Vou ver se sou capaz de me por de pé.

Experimentou e sempre se pôs de pé.

Nesse momento, cheio de alegria, disse;

- Já sou gente. Já posso ir dar passeios para muito longe, porque senão a minha dona, qualquer dia, mata-me. Para escapar, vou fazer descobertas por terras de França. Mas o pior de tudo é que se for muito frio e começar a chover... então é que morro. Eu, para já, ainda sou bebé, não posso apanhar frio nem chuva. Mas eu sei que tenho de morrer, tanto faz morrer aqui como em terras de França. Mas, o melhor de todo isto ainda é morrer aqui que não vou apanhar tempestades.

Vicente Marujo

Vicente Marujo


Era uma vez um homem chamado Vicente Marujo, que andava a passear, quando, de repente, encontrou o padre.

0 padre disse-lhe;

- Ó Vicente, quero-te confessar.

0 Vicente disse que sim.

0 padre mandou-o ir para a igreja, pois que ele já lá ia ter.

Bem o Vicente esperou, esperou e o padre não aparecia, até que, por fim, lá chegou.

Então o padre disse-lhe se ele sabia a doutrina e o Vicente respondeu-lhe;

- Olhe, padre, eu sabia, mas, enquanto aqui estive à espera, formou-se-me toda em pulhas.

Diz-lhe o padre:

- Então, diz lá uma, Vicente:

- Ferro-te o dedo no cu sem unha.

Padre:

- Ó homem, essa foi boa.

Vicente:

- Cago-te e mejo na boca.

Padre:

- Basta!

Vicente:

- No cu te ferro uma pasta.

Padre:

- Bonda!

Vicente:

- No cu te ferro uma tomba.

Padre:

- Abre-te, terra, leva-me este pecador.

Vicente:

- Levitai-vos, carvalhos, parti-me este confessor.

ferrar - pregar, espetar

pulhas - asneiras

tomba - espécie de remendo

A Beata

A Beata


Era uma vez uma beata, muito beata, que ia todos os dias à igreja. Um dia, quando vinha da igreja, ainda muito cedo, encontrou dois homens que lhe perguntaram de onde vinha. Ela disse-lhes que vinha da igreja, de fazer a sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Então, um dos homens disse que também gostava de fazer essa devoção, mas que, sozinho, não queria ir à igreja e que não sabia a hora a que a beata ia. Ela disse-lhe que o melhor era ele passar pela casa dela antes, para depois irem juntos.

Assim ficou combinado.

Mas o homem, com medo de chegar tarde, mal dormiu e ainda era de noite e já ele estava a bater à porta da beata. Ela abriu- lhe a porta e disse-lhe que ainda era muito cedo. Mas mandou-o entrar, e disse-lhe que, se se quisesse deitar, podia fazê-lo num banco que ela ali tinha.

0 homem assim fez.

Passados uns minutos, ela (que estava na cama) perguntou-lhe se estava bem.

0 homem respondeu-lhe que sim, só que a cama era muito estreita.

Depois, ela disse-lhe para se deitar em cima de uma caixa. Dali a bocado, ela voltou a perguntar-lhe se estava melhor.

Ele respondeu que sim, só que a cama era um pouco dura.

Mandou-o deitar aos pés da cama dela. Passado um bocado, voltou a perguntar-lhe se estava bem.

Ele respondeu-lhe

- Ai, estou, estou, minha senhora, só que a cama tem o travesseiro um bocado baixo.

Então, ela disse-lhe.

- Olha, deita-te aqui para cima.

E lá ficaram os dois na cama, sem nunca mais se lembrarem de ir à igreja.

Ovelhinha Russa

Ovelhinha Russa




Certo dia, estava uma ovelha já muito velhinha a comer num prado muito verde, quando, de repente, lhe apareceu o lobo que se preparou logo para a comer.

Então, ela disse-lhe;

- Olha, não me comas, porque eu sou muito velhinha, só tenho ossos e podes estragar os teus dentes, mas fica descansado que eu digo-te de uns carneiros muito gordos. Olha, vai atrás daquele alto que lá estão muitos carneiros gordos e esses, podes comê-los todos.

Então, o lobo, todo feliz da vida, começa a correr até ao cimo do alto. A ovelha, logo que viu que o lobo já não a podia ver, deitou a correr directamente para a corte. Mal chegou, berrou (baliu) e o dono foi logo abrir a porta.

Então, o lobo, depois de ter procurado os carneiros gordos por todo o lado e não os ter encontrado, voltou para baixo e, ao chegar à porta da ovelha, disse;

- Desde que eu sou velho e cão, nunca tantos passos dei eu, não.

E, então, a ovelha respondeu-lhe:

- Desde que eu sou velhinha e russa, nunca tanto dei à "gussa".

A minha galinha pinta

A minha Galinha Pinta


A minha galinha pinta

Põe-me três ovos por dia;

Se me pusesse: quatro.

Mais dinheiro me rendia.

já me davam pelo bico

As rendas de um arcebispo;

Já me davam pela crista

A casa da Boavista;

Já me davam pelo pescoço

Um cavalo com um moço;

Já me davam pelas asas

Morada e meia de casas;

Já me davam pelo rabo

A fita de um cruzado;

Já me davam pelas unhas

Cento e meio de agulhas;

Já me davam pela moela

Um cão e uma cadela.

Uma galinha que tanto rende

Deve-se meter num convento,

Onde as freiras passeiam

SÓ para fora e só para dentro.

Rio das Abrunheiros-A agulha e o Novelo-Poço de Stº Aginha,Rapaz diabo- Deiticeiras- Moça que estoirou-Cruzes ,abrenuzes, pallhas, alhas, Vacas Feiticeiras.- a feiticeira, o conto da Branca Flor

Rio das Abrunheiros


Uma ocasião, no rio dos Abrunheiros, dizia-se que apareciam lá umas feiticeiras a dançar e uma vez uma pessoa foi lá e esteve muito tempo. Ao fim disseram: Não digas quem somos, porque senão a tua vida será infeliz".

A agulha e o Novelo

Era uma vez uma agulha que disse a um novelo de linha:

- Porque está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste, mundo?

- Deixe-me, senhora.

- Que a deixe, porquê? Porque lhe digo que está com ar insuportável? Repito que sim e falarei sempre que me der na cabeça.

- Que cabeça, senhora? A Senhora não é alfinete, é agulha. Não tem cabeça. Que lhe importa o ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.



Poço de Stº Aginha



À beira da ponte de Santo Aginha, há um poço fundo e diz-se que por lá apareciam umas feiticeiras a dançar. Que chamavam por toda a gente que passava por perto. Diziam: “Agora ide embora e não digais quem somos, porque vamos à corte das vacas e matamo-las todas”.



Poço dos Abrunheiros

Os mais velhos diziam antigamente que haviam feiticeiras nos Abrunheiros que saíam dum poço fundo, que mataram um menino e depois o enterraram.

As feiticeiras são mulheres que andam de noite, não podendo andar de dia, Têm resistência necessária para intervirem na vida de qualquer pessoa, que vá seguindo a sua estrada ou o seu caminho para determinar a vida.

Feiticeiras

Era uma vez uma feiticeira que apareceu no regato da fonte do Cando. Depois, passou lá uma mulher. A feiticeira chamou por ela.

- Que é? - Disse a mulher.

E não lhe falou ninguém.

A mulher fugiu. Dali a pouco, chamou outra vez por ela e não lhe respondeu

A seguir, também passou um homem e este disse que não tinha ouvido nada.

A mulher foi ter com o homem e disse-lhe que tinham chamado por ela e ela não lhe tinha falado; voltou a chamar e não lhe respondeu

0 homem foi ver o que era. Eram velas a arder na água.

A Cabra Feiticeira

Na minha aldeia, há muitas cabras que são "apastoradas" pelos respectivos pastores

Aconteceu que, a noite, um pastor deu por falta de uma cabra e foi de noite procurá-la. Encontrou-a muito longe. Ela só queria andar para trás. Teve de a trazer às costas.

Quando chegou a casa, a cabra "urinou" por ele abaixo, molhando-o todo. Ele chamou pela mulher para lhe levar uma candeia. Ao ver a luz da candeia, a cabra deu um “estouro" e desapareceu. Foi quando o pobre homem desabafou, dizendo:

- Ora agora é que eu sei que andei com as feiticeiras as costas.

Rapaz Diabo

Dirigindo-se dois moços da minha aldeia a um baile, num lugar duma freguesia próxima, passaram por uma fogueira que ardia a meio da distância que tinham a percorrer. Como estava frio, dirigiram-se à fogueira e junto estava um rapaz que começou por lhes atirar com brasas. Estes disseram-lhe:

- Está quieto, rapaz.

Mas ele voltou a atirar-lhes. Disseram-lhe novamente:

- Está quieto, rapaz diabo.

Ele, que estava sentado, deu um salto e desapareceu. Foi quando concluíram que o rapaz era o diabo.



Moça que estourou e desapareceu

Uma vez, houve um baile. Um moço disse a mãe:

- Hoje hei-de dançar toda a santa noite, ainda que seja com o diabo.

Ia pelo caminho fora e, a beira de uns sobreiros, apareceu-lhe uma moça muito bonita com os braços abertos, para dançar com ele. Ele olhou para as pernas dela e eram de cabra. E começou a cantar assim.

- Eu, quando saio de casa, Faço o sinal da cruz, Para "arrenegar o diabo Com o Santo Nome de Jesus.

E aquilo deu um estouro e desapareceu.



Cruzes, Abrenuzes, palhas, alhas.

Uma vez, apareceram as feiticeiras, no rio do Juncal, ao tio Severino. Disse este que elas começaram a bater palmas, a dançar e a rir. Começou então ele a dizer:

- Cruzes, Abrenuzes palhas, alhas. E elas desapareceram.

As Vacas e as Feiticeiras

Uma vez, fui a Santo Aginha. Tinha lá um poço muito fundo com feitiçaria. As feiticeiras disseram:

- Ide embora e não digais donde ides, porque senão vamos às cortes das vacas e fugimos com elas.

Mulher Grande

Uma vez, o tio António do Loureiro vinha do "jornal" com mãe. Ao passarem na fonte do Loureiro, começou ele a dizer assim:

- 0 mãe, olhe!

A mãe não viu nada. Mas ele disse que tinha visto uma mulher muito grande com uma saia muito comprida e muitos meninos com velas acesas.

Mulher Encantada 

Um dia, fui à festa da Capela de Santa Luzia. Lá estava a mãe e o filho. 0 rapaz disse:

- Mãe que é aquilo? A mãe olhava e não via nada.

Já era uma feiticeira.

O Conto da Branca Flor

Era uma vez um homem que gostava muito de jogar cartas mas, como perdia sempre, um dia jogou a alma. Quando chegou ao fim do jogo, tinha perdido» Disse-lhe o colega:

-Tu, sabes com quem estás a jogar?

Ele respondeu!

- Não.

Disse então o outro:

Tu estás a jogar com o diabo; como jogaste a alma e eu a ganhei, qualquer dia venho-te buscar.

E foi-se embora.

Um dia, estava ele a aprontar-se para ir a uma feira e chegou o diabo para o levar.

- Estas pronto para me acompanhares? - Disse o diabo.

- Pois não - respondeu o homem.

- Pois então apronta-te e vai ter ao monte das pedras negras.

E retirou-se.

0 Homem aprontou-se e lá foi a caminho, perguntando aqui e ali onde era o monte das pedras negras. Encontrou-se com um lobo e perguntou-lhe onde ficava o monte das pedras negras.

Disse-lhe o lobo:

- Não sei. Mas vai perguntar a minha comadre lua, que essa deve saber.

Ele foi e perguntou-lhe. Ela disse-lhe;

- Não sei. Mas vai perguntar ao meu compadre sol, que ele diz-te.

Chegou perto do sol e perguntou;

- Você não me pode dizer onde fica o monte das pedras negras?

Ele respondeu:

- Não sei. Mas vai perguntar ao rei dos animais, que esse sabe.

Ele perguntou;

- Quem e o rei dos animais?

0 Sol respondeu:

- É o leão.

Lá foi ele perguntar ao leão o qual lhe respondeu;

- Não sei. Mas espera aí que eu vou chamar os meus animais e, como tenho muitos números, algum deve saber.

Chamou então todos os animais, mas faltava o numero doze, que era o corvo. Como tardava, perguntou aos que ali estavam:

- Algum de vocês sabe onde é o monte das pedras negras? Todos lhe disseram que não sabiam. 

Então dali a muito tempo veio o corvo, quando chegou, disse para o Leão:

Dá-me licença que me apresente?

Ele disse-lhe:

- Já devias ter vindo há muito. Já vens muito atrasado. E disse-lhe:

- Tu sabes onde é o monte das pedras negras?

Disse o corvo:

- Sei. E de lá venho eu agora.

- Pois então vais levar este homem lá.

Ele disse:

- Vou, mas para ir, tenho de levar meia vaca e uma pipa de água.

- Pois isso tudo se arranja.

Pegou então numa meia vaca e numa pipa de água e levou o homem, mas disse-lhe:

- Quando eu te pedir água, dá-me carne e quando eu te pedir carne, dá-me água.

Assim foram viajando, até que a carne acabou. Então o corvo pedindo-lhe água e ele disse-lhe:

- Não tenho. Mas deixa lá que eu corto ora pedaço da minha perna e já dou.

E o corvo disse-lhe;

- Não, que já estamos perto.

E então foi pousá-lo acima de um penedo e disse-lhe:

- Tu vens para a casa do diabo, não e verdade?

Ele disse-lhe:

- Venho pois.

- É aquela em frente®

Foi o homem bater a porta. Veio o diabo falar-lhe com uma bota calçada e o outro pé descalço.

- Há és tu? Pois eu ia agora à tua procura. Estava a calçar-me.

Mandou-o entrar. Mas naquele dia, como era tarde, mandou-o ir descansar. Ao outro dia, deu-lhe um pouco de centeio todo picado dos bichos e mandou-o ir para o monte semear aquele centeio. E disse-lhe que à noite queria umas espigas daquele centeio e um bolo para comer a ceia.

0 homem lá foi e pôs-se sentado debaixo de uma pedra a chorar.

Mas o diabo tinha três filhas: uma era santa que se chamava Branca-Flor e duas eram bruxas. A mulher também era bruxa. Então a. Branca-Flor foi ter com o homem e disse-lhe:

- Tu que tens, que choras tanto?

- Olhe, o seu pai mandou-me fazer isto e não sei de que maneira hei-de começar o trabalho. 

Ela disse-lhe:

- Deita-te aí e dorme, que eu vou tratar disso.

Ele dormiu e ela mais tarde veio acordá-lo e disse-lhe:

- Anda ver o que tu tinhas de fazer.

Ele foi e viu toda a seara tão linda, que ficou louco e ela deu-lhe então o que o pai lhe tinha mandado fazer. E disse-lhe:

- Se o meu pai te disser "Aqui andou Branca-Flor", tu respondes: Nem eu vi Branca-Flor nem Branca-Flor me viu a mim. Se eu vi Branca-Flor, Deus valha agora aqui."

Ele foi para casa e o diabo perguntou-lhe:

- Fizeste o que eu te disse? Ele respondeu:

- Fiz. Aqui tem.

0 Diabo ficou espantado e disse-lhe:

- Aqui andou Branca-Flor.

- Nem eu vi Branca-Flor, nem Branca-Flor me viu a mim. Se eu vi Branca-Flor, Deus me valha agora aqui.

- Não quero cá pragas na minha casa - disse o diabo.

No dia seguinte, deu-lhe umas vides podres para ele ir plantar, e à noite levar-lhe dois cachos de uvas e vinho para a ceia.

0 Homem lá foi. Pôs-se de novo a chorar. Quando lá chegou Branca- Flor disse-lhe:

- Que é que te mandou fazer hoje o meu pai? Disse-lhe o homem:

- Foi isto.

Ela de novo mandou-o dormir e, depois de tudo pronto, chamou-o e disse-lhe.

- Aqui tens. Mas se meu pai te disser "Aqui andou Branca-Flor", já sabes como lhe hás-de dizer.

A noite, chegou o homem e o diabo disse-lhe;

- Fizeste o que eu te mandei?

- Fiz. Aqui tem as uvas e o vinho. 0 diabo disse-lhe:

- Aqui andou Branca-Flor. 0 homem disse:

- Nem eu vi Branca-Flor, nem Branca-Flor me viu a mim. Se eu vi Branca-Flor, Deus me valha agora aqui.

- Já lhe disse ontem que não quero pragas na minha casa. Foram-se deitar. E disse o diabo para a mulher:

- Que é que eu lhe vou mandar fazer amanhã?

- Olha, eu perdi um anel no mar há dois anos e manda-o lá procurar disse a mulher. 

Assim fizeram. De manha, o diabo disse ao homem:

- Olha, hoje vais ao mar, que a minha mulher perdeu lá um anel e: tens que o trazer.

0 homem ficou triste, mas lá foi. Ia passeando pela margem e bateu-lhe a Branca-Flor nas costas. Ele voltou-se e viu-lhe um lençol debaixo do braço.

Ela disse-lhes

- Vês este lençol? Estende-o no chão e, com esta faca, retalha-me toda, mas não deixes cair gota de sangue nenhuma fora do lençol.

Ele disse:

- Tudo faço, mas isso não, que não tenho coragem. Ela disse:

- Tens que o fazer, para te salvares a ti e a mim e no fim deitas o lençol ao mar, que há-de vir um peixinho com o anel na boca e tu tira-lo.

0 homem encheu-se de coragem e lá o fez, mas deixou cair uma gota de sangue fora do lençol e, apenas deitou o lençol ao mar, veio um peixinho com o anel na boca. Ele tirou-o e voltou-se para trás. Já estava Branca-Flor por trás dele.

- Viste a gota de sangue que deixaste cair, aqui? Tenho a marca no dedo.

Tinha uma faltinha na ponta do dedo, não fez mal. Chegou a casa com o anel e disse-lhes o diabo:

- Aqui andou Branca-Flor.

- Nem eu vi Branca-Flor, nem Branca-Flor me viu a mim. Se eu vi Branca-Flor, Deus me valha agora aqui.

- Já estou farto de te dizer que não quero pragas na minha casa. A noite, disse-lhe então:

- Como tens sido um criado, vou-te dar uma minha filha a escolher, mas vais escolhê-la pelo buraco da fechadura pelos dedos.

Então Branca-Flor pôs-lhe o dedo que tinha a falta. Ele disse:

- Quero esta.

- Estamos perdidos, que é Branca-Flor, mas seja como for, prometi e agora tem que ser.

Lá fizeram o casamento e na mesma noite o diabo ia matar o homem, mas Branca-Flor disse para o marido:

- Vai à corte dos cavalos e traz-me um dos cavalos mais forte, que ande mais, para fugirmos, que eles querem matar-te.

Ele foi e ela pôs quatro vassouras, uma em cada canto do quarto e pôs um pipo de vinho na cama coberto com as mantas.

Chegou ele com o cavalo e trouxe o Vento, pensando que era o que corria mais.

Ela disse: 

- Não era esse cavalo que devias trazer, mas agora temos de seguir.

Puseram-se a caminho e ela levou uma manada de borralha, uma de pulhas e uma de sal. 0 diabo levantou-se da cama para o ir matar, deu um jeito à porta do quarto e caiu uma vassoura. Voltou para a cama e a mulher perguntou-lhe;

- Já o mataste?

- Não, que ainda estão acordados.

Foi por mais três vezes e sempre sentiu estrondos, mas quando foi pela 5ª vez, não sentiu nada, entrou e, com uma tranca na mão, começou a malhar na cama e, quando começou o vinho a correr pelo chão, retirou-se.. Quando chegou à cama, disse a mulher:

- Mataste-o?

Ele disse:

- Matei-o. E olha que era forte, até o sangue corria pelo chão.

Disse-lhe a mulher:

- Olha que não era ele. Devia ser o pipo de vinho. Vai ver. O homem foi ver. Viu que era vinho. Foi dizer à mulher.

Ela disse-lhe:

- Fugiram, Vai à corte ver o cavalo que eles levaram.

Ele foi ver e disse:

- Levaram o Vento".

Disse a mulher:

- Monta no pensamento que ainda os agarras.

Lá foi ele. Branca-Flor e o marido iam a caminho. E diz Branca-Flor:

- Estamos perdidos, que vem aí o meu pai.

Ela formou uma capela, pôs o homem a tocar o sino e ela pôs-se de santa no altar. Chegou ali a diabo e disse-lhe:

- Você não viu passar aqui um homem e uma mulher a cavalo?

- Eu não. Estou a tocar o sino para a missa. Se quiser, entre. 0 homem deu volta e, qando chegou a casa, disse-lhe a mulher:

- Ainda os apanhaste?

- Não, encontrei uma capela. Estava um homem a tocar o sino. Perguntei-lhe se tinha visto passar um homem e uma mulher a cavalo. Disse-me que não.Se quisesse entrar, que entrasse para a missa. Eu vim-me embora»

Disse-lhe a mulher:

- Olha que eram eles. Vai outra vez que ainda a os agarras. 0 homem tornou a ir e a Branca-Flor, quando o viu, mandou uma manda de borralha que se formou um nevoeiro cerrado, que não se via para lado nenhum»

0 homem deu volta, chegou a casa e perguntou-lhe a mulher: 

- Ainda os apanhaste?

- Não. Cerrou-se um nevoeiro que eu não consegui ver o caminho.

Dei volta»

- Olha que eram eles. Homem, torna a ir, que ainda os agarras. Lá foi o homem outra vez, mas quando Branca-Flor o viu ir outra vez, atirou uma manada de agulhas para trás e transformaram-se num pinhal, que não se passava para lado nenhum. 0 homem não rompeu, deu volta e disse-lhe a mulher:

- Apanhaste-os?

- Não, encontrei um pinhal, que não consegui passar,

- Olha que eram eles, homem. Mas agora vou eu lá.

Foi ela. Apenas Branca-Flor a avistou, disse para a marido:

- Lá vem a minha mãe. E agora é pior.

Branca-Flor atirou com uma manada de sal e formou-se um rio e iam num barco com eles dentro. Quando a mulher chegou perto deles, disse-lhes:

- Vocês não viram passar aqui um homem e uma mulher a cavalo?

Responderam eles:

- Não.

Diz a mulher;

- Eu bem vos conheço, mas andai que vos haveis de separar um do outro.

Lá seguiram e andaram, andaram, até que chegaram a uma serra e disse-lhe ele:

- Olha, ali em baixo e a casa dos meus pais. Eu muito queria ir lá vê-los.

Ela disse-lhe:

- Olha, vai lá, mas não te deixes abraçar por ninguém, que senão esqueces-me e nunca mais te lembras de mim.

Ele lá foi. Entrou em casa. Todos queriam abraça-lo, mas ele não consentiu. Depois chegou uma velhinha que saía de uma corte e vindo por detrás dele, abraçou-o. Foi a partir daquele momento que ele jamais se lembrou da mulher. E a Branca- Flor, coitada, ficou ali perto numa casinha que arranjou, metendo-se de costureira. Um dia mais tarde, o marido dela casou-se novamente : foram ter com ela para fazer o vestido da noiva. Ela fez-lhe o vestido e a noiva perguntou-lhe quanto era. Disse que não era nada, A noiva, por sua vez, disse-lhe que estimava que ela fosse ao casamento. Mas ela disse:

- Eu vou, mas queria que me dessem licença para eu levar um casal de pombos.

Os noivos disseram que podia levar. Chegou-se ao dia do casamento e Branca-Flor lá foi para o casamento. Quando estavam ao almoço, tudo ria, falava e ela nada, estava triste e trazia os pombos um em cada ombro pousados.. Perguntaram-lhe: 

- Você esta triste, não fala nem ri aqui connosco.. É certo que você está estranha, mas agora, como é de cá, tem de se meter à conversa connosco.

Ela disse:

- Se me dão licença, falam os meus pombos.

Os noivos disseram:

- Gostaríamos imenso de os ouvir falar.

E toda a gente insistia.

Então começou a pomba para o pombo:

- Não te lembras de seres muito jogador e, um dia, jogaste a tua alma e perdeste-a?

- Não me lembro - disse o pombo.

- Não te lembras de o meu pai ganhar a tua alma e depois vir-te ar e tu não foste com ele e viste-te enrascado para chegares ao monte das pedras negras?

- Não me lembro.

- Não te lembras de o meu pai te mandar com centeio podre e, à noite, teres que trazer pão para a ceia e duas espigas?

- Não me lembro»

E tudo estava varado com a pomba. Ela era para abrir a memória ao noivo, mas ele de nada se lembrou. Tornou a pomba;

- Não te lembras de, no dia seguinte, meu pai mandar-te com vides secas e podres para, à noite, trazeres vinho para a ceia e dois cachos de uvas e a seguir, mandou-te para o mar procurar um anel da minha mãe e eu apareci lá com um lençol para tu me cortares e me deitares ao mar e depois veio um com o anel na boca e, quando tu te viraste, já eu estava por detrás das costas, mas deixaste cair uma gota de sangue e eu fiquei com uma falha no dedo com que por esse dedo tu me escolheste para tua mulher?

- Não me lembro.

- Não te lembras de pormos uma vassoura em cada canto da quarto e pipo de vinho na cama e fugirmos, num sítio formámos uma capela, noutro um nevoeiro e noutro um pinhal, a seguir formámos um rio e um barco e depois a minha mãe dizer-nos que nos havíamos de esquecer um do outro?

- Não me lembro.

- Não te lembras de andarmos muito e chegarmos por cima da tua casa dizeres-me que querias ver o teu pai e eu mandei-te ir, mas que te não deixasses abraçar e chegou uma velhinha e abraçou-te e tu esqueceste-te de mim e nuca mais me lembraste?

0 noivo recordou. E diz o pombo;

- Já me lembro.

Levantou-se o noivo da mesa e disse:

- Eu perdi uma navalha de ouro e perdi outra de prata. Qual valia mais a de ouro ou a de prata? 

Tudo respondeu:

- A de ouro.

- Pois então a minha mulher é esta e não aquela.

Deixou a noiva e foi para junto da Branca-Flor. Tudo louvou à acção do noivo.

A fábula - O Leão e o Cavalo - Serra d'Arga

Fábula – O Leão e o Cavalo




Era uma gez um cavalo que estava a pastar num prado e ti¬nha espetado um espinho num pé; andava, portanto, coxo.

Um leão viu o cavalo e disse-lhe que, para isso, era um bom médico.

0 cavalo perguntou-lhe se ele o consultava.

0 leão respondeu-lhe que sim.

Então, o cavalo levantou a perna para mostrar ao leão, mas com a sua manha, antes de o leão lhe ferrar a dentada., o cavalo espetou lhe um coice e deixou-o por terra, enquanto o cavalo se deslocou para o prado.

Ficou então o leão sem força nenhuma.

Lenda do Rei e da Rainha- Serra d'Arga

Lenda do Rei e da Rainha


Um rei e urna rainha tiveram» um dia, uma conversa a respeito de um estudante e de um militar: o rei dizia que era mais esperto um militar e a rainha dizia que era um estudante. Por fim, o rei declarou:

- Então vamos ver qual é mais esperto.

0 rei mandou chamar dois estudantes a quem entregou dez escudos para comprarem na loja "o que há, o que não há, o que nada e o que não nada.."

0 rei e a rainha foram para o quintal a espera das compras .

Os estudantes entraram numa loja para fazerem as compras e disseram ao comerciante que queriam comprar "o que há".

0 Comerciante disse-lhes

- Há muitas coisas... 0 que e que os senhores querem? Se não me disserem, não lhes posso vender nada.

Os estudantes puseram-se a olhar um para o outro, não sabendo o que haviam de comprar. Depois, disseram ao comerciante;

- Então queremos comprar o que não há. O comerciante respondeu-lhes:

- O que não há não se vende.

Eles foram-se embora. Não sabiam o que haviam de levar. Entraram noutra loja e aconteceu o mesmo; entraram noutra ainda e foi a mesma coisa. Foram, pois, entregar o dinheiro ao rei, cheios de medo, por não terem levado as compras.

O rei tomou conta do dinheiro e mandou chamar dois militares, dizendo-lhes o mesmo.

Os militares entraram numa loja. 0 rei e a rainha estavam a ver quando de lá saiam. Os militares puseram-se a comer e a beber com o dinheiro que o rei lhes tinha dado para fazerem as compras. E demoraram a sair.

A rainha disse para o rei:

- Os outros trouxeram-te o dinheiro, mas estes não te trazem nada.

Assim foi. Só ficaram com meio tostão, com esse meio tostão compraram uma rolha de garrafa e levaram também uma pedra. Chegaram junto do rei e da rainha que estavam no quintal, à beira de um tanque cheio de água. Um militar foi-lhe entregando as compras. À primeira disse;

- Ai vai o que nada.

Deitou a rolha a água e nadava que era uma maravilha.

  - AÍ vai a segunda»

Atirou, com a pedra a água e esta foi ao fundo, não nadava nada. As outras duas que eram “o que há e o que não há” dissemos ao rei para lhe meter as mãos no bolso e que lhas tirasse»

0 rei disse a rainha para ela meter as mãos dela no 'bolso do militar* A rainha meteu-as e encontrou uma pistola. Disse ainda o militar

- Ah, seta do outro lado» senhora, que não há.

Senhora da Franqueira, um milagre, Sto António e uma namorada-Manuel Fernandes- Serrad'Arga

Senhora da Franqueira (conto)




Conta-se que uma mulher, não se dava com o seu marido. Como era camponesa, o seu marido não a ajudava nas lides do campo. Só pedia a Deus que o levasse. Dizia então:

- Oh, Senhora da Franqueira, não te peço campo nem leira, só te peço para o meu marido cegueira.













Um milagre



Era uma vez Sto. António que tinha uma namorada.

Depois não queriam que ele namorasse porque queriam que ele fosse padre.

Sto. António foi ter com a namorada e disse-lhe:

- Não caso contigo porque os meus pais não querem que eu case, que eu vou para padre, mas tu casarás com outro e só te peço que faças estar três coisas que te digo: não chores aos Domingos; às Sextas não vistas camisa lavada; e terás um menino.

Quando o menino fez um ano foram convidados os avós e os padrinhos, mas como o menino era muito brincalhão caiu ao lume.

Chegou um pobre a pedir esmola, chamaram-no para jantar e puseram tudo ao seu cuidado, ficando satisfeito.

Ora o menino todo queimado embrulharam-no nuns panos e com era Domingo, Sto. António lhe pediu que não chorassem.

O pobre pediu-lhe que lhe dessem as peras que o menino tinha e comia na cama.

Ora a mãe aflita, porque o menino estava queimado, foi verse era verdade, a cura do seu filhinho. Pois foi um milagre que Sto. António fez. Tinha-se transformado num pobrezinho.



Manuel Fernandes

António da Costinha - Serra d'Arga- O Rei grilo

Rei Grilo




Estando o rei Grilo cantando

Nos campos da serra brava

Rei Leão lhe pôs um pé

Sem saber o que fazia

Rei Grilo foi para o esconderijo

Desta maneira e de dia



Diz o Grilo:

- “Ó rei das estrebarias

Trama-me com grande traição”

O Leão:

- Cala-te lá, bicho pequeno

Que estás debaixo do chão.

Tu não sabes quem eu sou?

Sou o rei coroado Leão

Grilo:

- Pois se és o coroado Leão

Trata-te por crucificado

Que a 24 de Maio

Faremos uma batalha.

Leão:

- Pois então que venham, venham

Venham bem aparelhados

Que a 6 ou 7 léguas

Hão-de ir a passo largo



Chegado o 24 de Maio

O Rei Leão soltou todos os animais,

E o rei Grilo todos os insectos.

Chegados ao campo de batalha,

As moscas, mosquitos e abelhas

Começaram a picar os burros,

Vacas e outros animais

E assim a gente do Rei Leão

Começou a fugir.

Então o Rei Grilo. Chegou-se ao Rei Leão e disse-lhe:

- Olá, meu amigo Rei Leão

Olha que a minha gente não é

Como tu cuidas: é pequena

Mas tem unhas bem agudas.



António da Costinha

As quatro Bonecas- Serra d'Arga - Maria Aurora

Quatro bonecas




Era uma vez uma mulher que casara com um pescador. Essa mulher era muito lambona e trabalhava o marido todo o dia, para ela não fazer nada. Chegou um dia que necessitou de ir às compras e foi á feira. O marido encontrou uma velhinha que lhe disse:

- Ai, meu rico menino, sei que tens uma mulher muito lambona, mas olha, leva estas quatro bonecas e coloca-as na sala onde ela não veja; tu vais ver como ela se emenda.

O homem de manhã, foi para a pesca e a mulher sentou-se ao lume e disse.

- Estende-te perna, descansa corpinho que lá anda no mar, quem te dá pão e vinho. A mulher ia para comer e começou a primeira boneca:

- Aquela mulher que vai fazer?

Disse outra:

- Vai comer, tu não vês?!

Diz a terceira:

- Mas o marido não está cá.

Disse a quarta:

- Ai que lambona, ai que gulosa.

A mulher assustada foi ver e nada viu tornando-se a sentar. Começou a comer e ouviu a mesmas palavras que há pouco tinha ouvido. Pois a mulher não comeu mais nada. Depois a mulher dizia:

- Anda maridinho, anda que deves vir cheio de fome.

Daí por diante a mulher dava sempre de comer ao marido e perdeu o defeito que tinha.



Maria Aurora

O Rei por Manuel Fernandes da Serra d'Arga

O Rei




Era uma vez um rei que reinava em dez reinados.

O irmão do rei, de nome José, quis matar a rainha, mas esta fugiu.

O Zé vestiu o cavalo de luto e foi ao encontro do rei, e este perguntou-lhe:

- Que tal luto trazeis aí?

- Foi a tua esposa que se quis meter comigo.

- Mandai-a enterrar viva.

O Zé foi-se embora e queria enterrar a mulher viva.

Ela pediu-lhe o favor de a mandarem acompanhada de soldados.

Quando iam para a enterrar, começou a gritar. Um conde que andava por ali, disse que lhe dessem a mulher, que a tinha só a tomar conta de um menino.

Um homem espetou uma faca na barriga do menino e foi dizer que tinha sido a mulher que tomava conta da criança. Ordenou então o rei que atirassem a mulher ao mar.

Quando atiraram com a mulher à água apareceu-lhe Nossa Senhora e tirou-a da água. A Senhora disse-lhe que o irmão estava a encher-se de sarda e o homem comia um boi por dia.

Ela foi ter com o homem e disse-lhe que tudo tinha cura e disse ao irmão que tinha de confessar-se no púlpito.

Ele disse tudo ao rei e o rei matou-o.

Finalmente o rei foi viver com a mulher.



Manuel Fernandes

António Costinha - Serra d´Árga- A Mariana

Mariana




Maria na que sabe ler

Também sabe soletrar

Também quero que me diga

Quantos peixes há no mar.

Quantos peixes há no mar

Ainda não os fui contar ao fundo,

Também quero que me diga

Quantos homens há no mundo.

Quantos homens há no mundo

Todos eles põem chapéu

Também quero que me diga

Quantos anjos há no céu.

Quantos anjos há no céu

Ainda não os fui contar lá acima,

Também quero que me diga

Quantos dentes tem a lima.

Quantos dentes tem a lima

Tem tantos como o limão,

Também quero que me diga

Quantos tem o nosso cão.

Quantos tem o nosso cão

Tem tantos como a cadela,

Também quero que me diga

Quantos tem o rabo dela.

Quantos tem o rabo dela

Tem tantos como o do gato,

Que por baixo do rabo

Tem a caixa do tabaco.



António da Costinha

Joaquim Ernesto a Lenda do Frei Coelho - Serra dÁrga

Lenda




Oração do Frei Coelho

Com o seu barrete vermelho

Suas espadas de cortiça

Para bater a carriça.

A carriça deu um grito

Que toda a gente espantou;

Só um homem que ficou

Embrulhado num sapato:

Aquele homem era um gato.

Foram o dar de presente

À filha do nosso rei,

Que também era brasileira,

Mandou-lhe fazer a gaiola

Da mais fininha madeira.

Depois da gaiola feita

Meteu o gato dentro

Quer de dia, quer de noite,

Era o seu divertimento.

O gato adoeceu

Com uma grande constipação

Mandou chamar uma junta

De trinta e um cirurgião.

De trinta e um cirurgião

Nenhum lhe deu com a cura

Morreu o pobre gato

Lá foi o pobre gato direitinho

Para a sua sepultura.



Joaquim Ernesto

Maria Alice - A formiga ea neve- Serra d'Arga

Lenda


A formiga e a neve

Formiga:

Ó neve tão forte é tu

Que meu pé prende!

Neve:

Ó sol tão forte és tu

Que me derretes

Que meu pé prende!



Tão forte sou eu

Que a parede me encobre



Ó parede tão forte és tu

Que encobres o sol que

Derrete a neve

E que meu pé prende!



Tão forte sou eu

Que o rato me fura!



Ó rato tão forte és tu

Que furas a parede

Que encobre o sol

Que derrete a neve

Que meu pé prende!



Tão forte sou eu

Que o gato me apanha!



Ó gato tão forte és tu

Que apanhas o rato

Que fura a parede

Que encobre o sol

Que derrete a neve que meu pé prende!



Tão forte sou eu

Que o cão me morde!



Ó cão tão forte és tu

Que mordes o gato!

(…)

Tão forte sou eu

Que o pau me bate!

(…)

Ó pau tão forte és tu

Que bates no cão!

(…)

Tão forte sou eu

Que o lume me arde!



Ó lume tão forte és tu

Que ardes o pau

Que bate no cão

Que morde no gato

Que apanha o rato

Que fura a parede

Que encobre o sol

Que derrete a neve

Que o meu pé prende!



Tão forte sou eu

Que a água me apaga!



Ó água tão forte és tu

Que apagas o lume!

(…)

Tão forte sou eu

Que o boi me bebe!



Ó boi tão forte és tu

Que bebes a água!

(…)



Tão forte sou eu

Que o homem me come!



Ó homem tão forte és tu

Que comes o boi

Que bebe a água

Que apaga o lume

Que arde o pau

Que bate no cão

Que morde no gato

Que mata o rato

Que fura a parede

Que encobre o sol

Que derrete a neve

Que o meu pé prende!



Homem:

Tão forte sou eu

Que Deus me mata!



Maria Alice