Formação de Adultos
Fraternidade e Vida no Planeta
Sessão n.º3 – 23 de Novembro de 2011 às 21 horas
Local – Centro Paroquial
Tema: A carta do chefe (Índio) 1854 – Por fim talvez sejamos irmãos (conferir S. Francisco de Assis)
1. “No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, 2a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas.” (Gn. 1, 1-2)
- E conclui, o Apocalipse, com um dos últimos desafios de Jesus: “O que tem sede que se aproxime; e o que deseja beba gratuitamente da água da vida.” (Ap. 22,17)
-“Por Vós suspiro, senhor, como terra árida, sequiosa, sem água.” (Sl. 63, 2)
2. A Irmã Água
Água = UHPC. Não. Não se trata de uma nova fórmula química da água. Todos conhecemos a fórmula científica que define a composição química da água: H2O. Tão-somente uma sigla franciscana ainda por desvendar: UHPC.
«Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é tão útil, e humilde, e preciosa e casta».
Assim se expande Francisco de Assis no seu famoso Cântico do Irmão Sol ou Cântico das Criaturas.
O Poeta de Assis louva o seu Senhor pela «irmã água». Porque ela é Útil, Humilde, Preciosa, Casta. UHPC: Está desvendado o segredo da nova fórmula da irmã água.
A irmã água é ÚTIL: Já pensaste na fatalidade de, pela manhã, não encontrar pinga de água no chuveiro? Em Cabo Verde há Ilhas em que se passaram dezenas de anos sem chover! Recordo com emoção o «assalto» que os participantes de um Curso Bíblico fizeram a um «poço» onde ritualmente tinham sido deitados os sete cântaros de água, a evocar as diferentes águas em que somos envolvidos, desde o seio materno até à água baptismal… O alerta vem-nos de um provérbio chinês: «Cava o poço antes de teres sede».
Celebrar, a 22 de Março, o Dia Mundial da Água, é proclamar que o acesso à água, como elemento não apenas «útil», mas essencial para a vida, é um direito universal. No entanto, cada dia morrem mais de 30 mil pessoas (entre elas, 6 mil crianças) por falta de água ou vítimas de doenças provocadas pela água contaminada. O direito humano à água é indispensável para a concretização de outros direitos e um elemento chave para o desenvolvimento sustentável e duradouro… A água é propriedade de todos os seres vivos do planeta, e não privilégio de alguns. Entretanto, 87% do consumo mundial de água é feito por apenas 10% da população.
Os contrastes são gritantes: Nestes dez dias, as cheias em Moçambique já causaram várias dezenas de mortos e dezenas de milhares de deslocados. Por outro lado, o degelo dos glaciares ao longo da costa da Antárctica acelerou 75% nestes últimos dez anos e atingiu os 192 mil milhões de metros cúbicos em 2006, quantidade de água suficiente para inundar um país como a Holanda, deixando-a submersa a 4,6 metros de profundidade…
A irmã água é HUMILDE: Quem não lembra aquela gotinha de água que, na Eucaristia, o sacerdote mistura com o vinho do cálice? E pensar que, naquela quase despercebida gota de água, está simbolizada toda a humanidade mergulhada em Cristo! O mundo é salvo por pessoas que, no escondimento, vivem o amor, o perdão, o serviço. Fala quem assim viveu: «Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota» (Madre Teresa de Calcutá).
A irmã água é PRECIOSA: Foi na água que, há cerca de 3.800 milhões de anos, surgiu a vida na terra. A Bíblia abre com um solene pórtico: «No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas» (Gn 1,1-2). E conclui, no Apocalipse, com um dos últimos desafios de Jesus: «O que tem sede que se aproxime; e o que deseja beba gratuitamente da água da vida» (Ap 22,17).
Dizem que, no futuro, a actual guerra do petróleo (os tais «direitos humanos» dos americanos na diabólica guerra do Iraque!) será substituída pelo conflito com a água. Os números são da ONU: a escassez de água já atinge dois biliões de pessoas, números que podem duplicar em menos de 20 anos! Esbanjar este património comum que é a água é um acto criminoso e assassino! Poupar água (tomar um duche rápido em vez de banho de imersão) é uma urgência humanitária. Francisco de Assis, mesmo quando o ardor da sede o atormentava, limitava-se a beber o estritamente necessário! (LM 5,1)
A irmã água é CASTA: «Depois do fogo, S. Francisco amava particularmente a água, porque simbolizava a penitência e as tribulações em que se lavam as imundícies da alma; e porque a primeira ablução da alma se faz pela água do baptismo». A biografia «Espelho de Perfeição» assim começa o capítulo 118, sobre o singular amor de São Francisco pela água, pedras, árvores e flores. Como de toda a criatura, também da água Francisco escuta uma voz a prolongar os primeiros versículos da Bíblia: «Deus fez-me para ti, ó homem!»
Na «castidade» da irmã água, os cristãos renascem pelo Baptismo para uma vida nova, a vida em Cristo, a nascente de água viva. Travar a poluição dos rios, dos mares, dos oceanos é um acto profundamente religioso.
«Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja completamente sujo» (Mahatma Ghandi).
Na água, o futuro da Humanidade
A nossa irmã Água é útil, humilde, preciosa e casta. Na água está o futuro da Humanidade!
Com o Salmista, rezamos: «Por Vós suspiro, Senhor, como terra árida, sequiosa, sem água.» (Sl 63,2)
3. Em 1854, o grande chefe branco de Washington fez uma oferta de compra de uma grande extensão de terras índias, prometendo criar uma “reserva” para o povo índigena.
A resposta do chefe Seattle, aqui publicada na sua totalidade, tem sido descrita como a declaração mais bela e mais profunda que jamais foi feita sobre o ambiente:
“Como se pode comprar ou vender o firmamento, ou ainda o calor da terra? Tal ideia é-nos desconhecida.
Se não somos donos da frescura do ar nem do fulgor das águas, como poderão vocês comprá-los?
Cada parcela desta terra é sagrada para o meu povo.
Cada brilhante mata de pinheiros, cada grão de areia nas praias, cada gota de orvalho nos escuros bosques, cada outeiro e até o zumbido de cada insecto, é sagrado para a memória e para o passado do meu povo. A seiva que circula nas veias das árvores leva consigo a memória dos Peles-Vermelhas.
Os mortos do Homem Branco esquecem-se do seu país de origem quando empreendem as suas viagens no meio das estrelas; ao contrário, os nossos mortos nunca podem esquecer-se desta bondosa terra, pois ela é a mãe dos Peles-Vermelhas.
Somos parte da terra e do mesmo modo ela é parte de nós próprios. As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os húmidos prados, todos pertencem à mesma família.
Por tudo isto, quando o Grande Chefe de Washington nos envia a mensagem de que quer comprar as nossas terras, está a pedir-nos demasiado. Também o Grande Chefe nos diz que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente uns com os outros. Ele se converterá, então, em nosso pai e nós em seus filhos. Por esta razão consideramos a sua oferta de comprar as nossas terras. Isto não é fácil para nós já que esta terra é sagrada para nós.
A água cristalina que corre nos rios e ribeiros não é somente água: representa também o sangue dos nossos antepassados.
Se lhes vendermos a terra devem recordar-se que ela é sagrada e, ao mesmo tempo, ensinar aos vossos filhos que ela é sagrada e que cada reflexo nas claras águas dos lagos conta os acontecimentos e memórias das vidas das nossas gentes.
O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai.
Que seria do homem sem os animais? Se todos fossem exterminados, o Homem também morreria de uma grande solidão espiritual. Porque o que suceder aos animais também sucederá ao Homem. Tudo está ligado.
Devem ensinar aos vossos filhos que o solo que pisam são as cinzas dos nossos avós. Inculquem nos vossos filhos que a terra está enriquecida com as vidas dos nossos semelhantes, para que saibam respeitá-la. Ensinem aos vossos aquilo que temos ensinado aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo quanto acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, cospem em si próprios.
Nem mesmo o Homem Branco, cujo Deus passeia e fala com ele de amigo para amigo, fica isento do destino comum. Por fim talvez sejamos irmãos. Veremos isso. Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra um dia: o nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar nesta altura que Ele vos pertence, do mesmo modo como desejam que as nossas terras vos pertençam; porém, não é assim.
Ele é o Deus dos homens e a Sua compaixão reparte-se por igual entre o Pele-Vermelha e o Homem Branco. Esta terra tem um valor inestimável para Ele, e, se a estragamos, isso provocaria a ira do Criador. Também os Brancos acabarão um dia, talvez antes das demais tribos. Contaminem os vossos leitos e uma noite morrerão afogados nos vossos próprios detritos.
4. Dicas para reduzir o consumo de água
Segue algumas dicas do Projeto Brasil das Águas (www.extremoss.com.br e www.brasildasaguas.com.br)
• Ao tomar banho: um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de água. Banhos curtos economizam água e energia elétrica.
• Ao escovar os dentes: com a torneira aberta, o gasto é de até 25 litros. Primeiro escove e depois abra a torneira para encher um copo com a quantidade necessária para o enxagúe.
• Ao usar as torneiras: uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros de água por minuto e se estiver pingando são 46 litros por dia.
• Ao lavar louças: lavar as louças, panelas e talheres com a torneira aberta o tempo todo acaba desperdiçando até 105 litros. O certo é primeiro escovar e ensaboar e depois enxaguar tudo de uma só vez.
• Ao lavar calçadas: muitas pessoas utilizam a mangueira como vassoura, desperdiçando água tratada na lavagem das calçadas. Use a vassoura e quando necessário um balde ao invés de deixar a mangueira aberta o tempo todo.
• Ao lavar roupas: apenas use a máquina de lavar quando estiver bem cheia.
• Ao lavar o automóvel: gasto médio de 560 litros em 30 minutos. Lavar apenas quando for realmente preciso, usando um balde em vez de mangueira, e economiza será de 520 litros.
• Ao molhar plantas: primeiro, consulte a meteorologia para ver se vai chover! Regar somente o necessário usando um esguicho tipo "revólver", que libera a água só quando adicionado. Armazena a água da chuva para molhar suas plantas.
5. Oração de S. Francisco de Assis
Louvado seja Deus na natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas;
Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória - a luz do dia!
Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã Nuvem que há-de
Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. É casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmã madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte.
Amém
6. Uma oração essênia para a Mãe Terra
“Abençoado seja o Filho da Luz
que conhece sua Mãe Terra
Pois é ela a doadora da vida.
Saibas que a sua Mãe Terra está em ti e tu estás Nela.
Foi Ela quem te gerou e que te deu a vida
E te deu este corpo que um dia tu lhe devolvas.
Saibas que o sangue que corre nas tuas veias
Nasceu do sangue da tua Mãe Terra,
O sangue Dela cai das nuvens, jorra do ventre Dela
Borbulha nos riachos das montanhas
Flui abundantemente nos rios das planícies.
Saibas que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra,
O alento Dela é o azul celeste das alturas do céu
E os sussurros das folhas da floresta.
Saibas que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra.
Saibas que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra.
A luz dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos
Nasceram das cores e dos sons da tua Mãe Terra
Que te rodeiam feito às ondas do mar cercando o peixinho.
Como o ar tremelicante sustenta o pássaro
Em verdade te digo, tu és um com tua Mãe Terra
Ela está em ti e tu estás Nela.
Dela tu nasceste, nela tu vives e para Ela voltará novamente.
Segue, portanto, as Suas leis
Pois teu alento é o alento Dela.
Teu sangue o sangue Dela.
Teus ossos os ossos Dela.
Tua carne a carne Dela.
Teus olhos e teus ouvidos são dela também.
Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra
Não morrerá jamais,
Conhece esta paz na tua mente
Deseja esta paz ao teu coração
Realiza esta paz com o teu corpo.”
Evangelho dos Essênios
7. Novos olhares…
Novos caminhos…
Novo estilo de vida…
“Tudo o que acontecer à Terra acontecerá aos filhos da Terra”
Relator: José Rodrigues Lima
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