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domingo, 20 de novembro de 2011

Maria Fernanda Pinto - A História da Mariquinhas- Serra d'Arga

História da Mariquinhas




Chegou hoje a ocasião

De encontrar que eu queria

Como estás ó mariquinhas

Já há dois dias que te não via

Agora que te encontrei

Já tenho mais alegria.

Forte graça olhe lá

Não lhe caia algum dente

Que lhe importa com o meu passo

Não seja impertinente

Passe bem ou passe mal

O meu corpo é que sente

Se soubesses quem eu sou

Não me falavas assim

Eu gosto tanto de ti,

Porque não gostas de mim?

Dá-me cá a tua mão direita

Para séculos sem fim

Lá vem outra e eu sem par

Para livrar de tal

Tenho duas, se dou uma

Decerto fico mal

Fico maneta de um braço

Posso ir para o hospital

Não é isso que eu te digo

É falta de entendimento

É um laço que se dá

Quando se vem a um casamento

Dou-te a minha e dás-me a tua

Para o nosso recebimento.

Nestas trocas e baldrocas

É preciso ter cautela

Tenho duas se dou uma

Decerto fico sem ela

Cada qual ficou com a sua

Que essa é a minha tabela.

Tu imaginas mariquinhas

Que eu te queria enganar

Eu morro por ti de amores

Nunca te posso faltar

Dá-me um beijo mariquinhas

Que eu gosto de saborear.

Se tu gostas, eu não gosto

Duma chalaça mal dada

Sou rapariga do campo

Vivo muito envergonhada

Não sou das que tu procuras

Adeus e chega de maçada.

Não te lembres mariquinhas

Da promessa que te fiz

Que me casava contigo

Que te fazia feliz

Deixa andar, deixa falar

Não te importes o que o mundo diz.

Pobre nasci, pobre vivo

Pobre tenho de morrer

Riqueza de meu não tenho

Nem pretendo de a ter

Mas tanto dá a água na pedra

Que a faz amolecer.

Vistes tu ó mariquinhas

Como eu te caí em graça

É bem certo o que se diz

Quem porfia mata caça

E eu sem porfiar matei

Muitos procuram e não topam

E eu sem procurar topei.





Maria Fernanda Pinto

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