História da Mariquinhas
Chegou hoje a ocasião
De encontrar que eu queria
Como estás ó mariquinhas
Já há dois dias que te não via
Agora que te encontrei
Já tenho mais alegria.
Forte graça olhe lá
Não lhe caia algum dente
Que lhe importa com o meu passo
Não seja impertinente
Passe bem ou passe mal
O meu corpo é que sente
Se soubesses quem eu sou
Não me falavas assim
Eu gosto tanto de ti,
Porque não gostas de mim?
Dá-me cá a tua mão direita
Para séculos sem fim
Lá vem outra e eu sem par
Para livrar de tal
Tenho duas, se dou uma
Decerto fico mal
Fico maneta de um braço
Posso ir para o hospital
Não é isso que eu te digo
É falta de entendimento
É um laço que se dá
Quando se vem a um casamento
Dou-te a minha e dás-me a tua
Para o nosso recebimento.
Nestas trocas e baldrocas
É preciso ter cautela
Tenho duas se dou uma
Decerto fico sem ela
Cada qual ficou com a sua
Que essa é a minha tabela.
Tu imaginas mariquinhas
Que eu te queria enganar
Eu morro por ti de amores
Nunca te posso faltar
Dá-me um beijo mariquinhas
Que eu gosto de saborear.
Se tu gostas, eu não gosto
Duma chalaça mal dada
Sou rapariga do campo
Vivo muito envergonhada
Não sou das que tu procuras
Adeus e chega de maçada.
Não te lembres mariquinhas
Da promessa que te fiz
Que me casava contigo
Que te fazia feliz
Deixa andar, deixa falar
Não te importes o que o mundo diz.
Pobre nasci, pobre vivo
Pobre tenho de morrer
Riqueza de meu não tenho
Nem pretendo de a ter
Mas tanto dá a água na pedra
Que a faz amolecer.
Vistes tu ó mariquinhas
Como eu te caí em graça
É bem certo o que se diz
Quem porfia mata caça
E eu sem porfiar matei
Muitos procuram e não topam
E eu sem procurar topei.
Maria Fernanda Pinto
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