Contos
1.º Conto
Era uma vez um português que convidou um espanhol para ir jantar á sua casa. Depois o português disse ao espanhol:
- Vamos dar um passeio à serra da minha aldeia?
Decidiram-se a ir e subiram ao alto da serra. O português procurou um penedo com o bico aguçado; pôs a mão fechada em cima do bico da pedra e disse ao espanhol:
- Dá-me um murro em cima da minha mão?
O espanhol deu o murro e o português tirou a mão, ficando o nosso vizinho com a mão esfolada. ~
2.º Conto
Um dia três galegos foram para Lisboa; mas como não sabiam falar à política, não podiam sair à rua. Passado algum tempo disse um:
- Vou á rua ver se ouço qualquer conversa.
Ouviu:
- “Nós mesmo”.
Chegando a casa disse para os outros que já sabia falar. Decidiu-se então a ir outro a ir á rua e ouviu esta conversa:
- “Cá por certas coisas”.
Chegou a casa todo contente porque já sabia alguma coisa. Chegou a vez do último e resolveu sair. Na rua ouviu assim:
- “Pois isso sim”.
Quando regressou a casa também já sabia alguma coisa. Precisaram de sair e encontraram um homem morto, chegou então a policia e disse-lhes:
- Quem matou este homem?
Responde um:
- Nós mesmo,
- E porque é que o mataram?
Replicou o polícia. Responde o outro:
- Cá por certas coisas.
- Então, ide aí por adiante para a cadeia, que eu vou ali ao café e já vou.
Retorquiu o polícia, mas foi porque sabia que eles eram inocentes. Foram andando e encontraram um burro morto e disse-lhes um homem:
- Agora vamos matá-lo aqui à porrada.
Disse um:
E se ele revive?
Respondeu um outro:
- Deixá-lo reviver, os homens são para as ocasiões!
Conto do galo e da raposa
Era uma vez um galo, que o soltaram da capoeira e foi esgravatar um pouco distante da sua casa.
Andava então a esgravatar para ver se encontrava alguns bichinhos para a sua alimentação. Avistou uma raposa ao longe e que faz o galo?!
Abriu as asas e voou para cima de um grande sobreiro que estava ali perto. A raposa aproximou-se dele e disse-lhe:
- Ó amigo compadre, desce cá para baixo que temos ordem de andar todos juntos.
O galo respondeu-lhe:
- Não desço que vêm acolá uns caçadores com dois cães;
Era para a raposa fugir em direcção aos caçadores para a matarem. Mas ela, tanto se queria livrar da morte, que começou a correr e passou entre um campo de tremoços até pareciam que cantavam. E a raposa sempre a correr, dizia ela:
- Ai que linda festa para cantar e para dançar, mas agora não, que tenho muita pressa.
E assim foi a raposa fugindo livrando-se da morte.
Manuel Dantas
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