A Água
Ó rio das águas, chore
Que vai correndo pró mar;
Os tormentos que eu padeço,
Ai, mãe, os vais declarar.
Não declara, que não pode
P não tem que declarar,
Pois, quem como tu é bela,
Não deve ter que penar.
0 que eu peno ninguém sabe,
Ninguém pode saber,
Porque eu peno e não me queixo,
Em segredo sei sofrer.
Pois o sofrer em silêncio
É um dobrado sofrer,
Melhor é contarmos tudo
A quem nos possa entender.
A quem nos possa entender
Tudo eu queria contar,
Mas os amigos são raros,
Não sei onde os encontrar.
Encontra-os a cada canto
Quem os queira encontrar,
É um dos mais verdadeiros
Aqui te está a escutar.
Vem livrar-me com teu olhar
Quem eu por eles me perdi;
Dá-me a vida com teus beijos,
Já que por beijos morri.
Meia-noite, tudo dorme,
Só eu não posso dormir,
Que me não deixa este amor,
Que me fizeste sentir,
Este amor que é a minha vida,
Vida do meu coração,
Atrás do qual meu suspira
E meus pensamentos vão.
De joelhos fui ao mar,
De joelhos fui ao fundo,
Mais vale acabar no mar
Que andar nas bocas do mundo.
Apartai-o, apartai-o,
O vinho tinto do branco,
A mim também me apartaram
De quem eu gostava tanto.
Apartai-o, apartai-o,
O cravo da Alexandria,
A mim também me apartaram
De quem eu tanto queria.
Viana já foi Viana,
Agora é Vianinha,
Já foi Viana do rei,
Agora é da rainha.
Eu bem sei que sabes,
Eu bem sei que sabes bem,
Bem sei que sabes dar
O valor a quem o tem.
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