AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

sábado, 30 de dezembro de 2017

FALECIMENTOS FORA DA TERRA EM MAZAREFES

FALECIMENTOS FORA DA TERRA

No Brasil faleceram os seguintes indivíduos: Pe. Francisco Gomes Rego; António Rodrigues; Domingos Pires – 1692; Domingos Rodrigues (marido de Isabel Rodrigues) – 1692; Domingos Rodrigues (marido de Ana Rodrigues) – 1692; João Rodrigues Junqueiro – 1701; João Rodrigues Junqueiro – 1714; Domingos Brasil – 1723; Manuel Álvares – 1725; Nicolau Rodrigues – 1735; Domingos Rodrigues Ribeiro – 1743; Manuel Rodrigues – 1744; Manuell Ventura Sousa Maciel – 1764; Manuel Rodrigues Ferreira – 1766; Manuel Gonçalves Redondo – 1766; António Rodrigues Carvalho – 1769; João Soares – 1770; Manuel Fernandes da Torre – 1771; Manuel Gonçalves – 1781; Francisco Ribeiro – 1782; Manuel Alves Correia – 1788; António Gonçalves Eira – 1790; Manuel José Carvalho – 1796.

Em Lisboa faleceram os seguintes indivíduos: António, tio de João R. Carvalho, o Galego; Bartolomeu Miranda – 1692; António Dias – 1693; Manuel Rodrigues – 1693; Francisco Rodrigues – 1693; Sebastião Vaz – 1694; Isabel Rodrigues – 1695; António João – 1696; Manuel Gonçalves – 1699; Domingos Alves – 1700; João Rodrigues (viúvo de Isabel Rodrigues) – 1700; João Gonçalves (Forte – Apelido) – 1702; António (filho de Margarida Barbosa) – 1705; João Vaz – 1705; Miguel Gonçalves – 1705; Francisco Alves – 1707; Manuel Gonçalves Galego – 1707; Brás Dias – 1707; Manuel – 1710; Domingos – 1712; Isabel Rodrigues (esposa de Gregório Dias) – 1713; Gabriel Ribeiro – 1713; Lourenço Gonçalves – 1714; Manuel Velho – 1714; Francisco – 1716; Domingos Rodrigues – 1716; Manuel Fernandes – 1717; António Velho – 1722; João Rodrigues – 1723; Manuel Pires Viana – 1730; Pedro Pinto – 1731; Domingos Rodrigues Carvalho – 1735; António Domingos – 1737; Manuel Gomes Salta – 1742; Francisco Ribeiro – 1743; Bartolomeu Fernandes – 1743; Manuel Fernandes – 1743; Manuel Pires Rego – 1744; Sebastião Rodrigues, viúvo – 1744; José Redondo – 1748; Sebastião Costa – 1748; Domingos Domingos – 1749; Manuel Afonso – 1756; António Rodrigues Carvalho – 1760; Francisco Gomes – 1760; João Rodrigues do Monte, o Galego – 1765; João Gonçalves Deira – 1776; António Pereira Calheiros – 1773; Manuel Alves – 1792.

No Hospital de Lisboa faleceram os seguintes indivíduos: Francisco Rodrigues, Solteiro, Conchada; João Fernandes da Torre – 1749; Manuel Alves – 1751; Jerónimo Fernandes – 1751; Luís Alves Mainarte – 1752; Manuel Fernandes – 1755; António Ribeiro, o Velho – 1758; Fernando Vieira – 1759; Manuel Álvares – 1760; António, filho de Francisco Pereira Calheiros e Teresa – 1773; Manuel Salgueiro – 1785; Manuel Cunha – 1786.


No Limoeiro faleceram os seguintes indivíduos: Sebastião Rodrigues, viúvo – 1744 e Bento Lourenço – 1762.

Em França faleceu Manuel Rodrigues Crasto.

No Porto faleceram os seguintes indivíduos: Manuel Pereira – 1716; Diogo Pereira Castro – 1716; Jorge Pessanha Pereira – 1724.

No Terramoto faleceu José da Silva, solteiro, filho de Manuel Mendes e Francisca Rodrigues – 1756.

Na pesca do mar do Norte, faleceu Francisco Gonçalves – 1760.

Na Índia, faleceram os seguintes indivíduos: Manuel e António, filhos de Bartolomeu Martins – 1725; Manuel Rodrigues Carrega – 1760; António Rodrigues Ganhão – 1780.

Na América faleceu Francisco Ribeiro – 1782.


MOVIMENTO PARA O BRASIL

             Entre 1863 e 1899, ou seja 37 anos

         72 pessoas diferentes e cerca de 35 famílias, das quais 102 – masculinas e 5 femininas.


         107 Saídas autorizadas para o Brasil:

                   Sapateiros – 5

                   S/profissão – 2
                   Jovens – 1
                   Adolescentes – 10
                   Padre – 1
                   Lavradores – 36
                   Carpinteiros – 19
                   Crianças (4 anos) – 1
                   Fogueteiros – 5
                   Trabalhadores – 5
                   Jornaleiros – 2
                   Alfaites – 6
                   Estudante – 1
                   Moleiro – 1
                   Proprietários – 1
                   Ferreiros – 2
                   Negociantes – 2

         No entanto entre 1692 e 1796 faleceram no Brasil 23 pessoas masculinas, entre eles um Padre, o Pe. Francisco Gomes do Rego.

                   

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Ferro de PASSAR A FERRO

Ferro de PASSAR A FERRO
Esta arte de passar a ferro não é nova, mas já no séc. IV começou haver artefactos que faziam o lugar do ferro de passar roupa a minha infância.
Na aldeia engomar era passar a ferro e quando se queria que as peças ficassem mais incorporadas ou endurecias, então, era comprada goma na drogaria e passava-se com um pano molhado em água de goma e passava o “ferro de engomar”.
Desde chapa de ferro aquecido, ao ferro a carvão, o percursor do ferro a vapor, houve sempre evolução e contínua. O ferro era primeiramente uma chapa de ferro fundido com bastante espessura 2/3 cm de altura aquecido directamente no fogo para aquecer, poder exercer o seu ofício, com a pressão de passar sobre a roupa.
Na minha infância usava-se o ferro a carvão. Na casa dos meus avós maternos usava-se um modelo, e na casa dos meus avós paterno, outro modelo, mas, trabalhar com um ou com outro, era indiferente.
Andava na quarta classe e depois no seminário quem passava a minha roupa era eu.
Gostava das calças bem vincadas, dos colarinhos e dos punhos das camisas bem engomados assim como dos “lenços das mãos” dobradinhos, depois de passar a ferro ….Vincava as dobragens com o ferro.
O ferro que conheci melhor é aquele que mostro em fotografia.
Era uma caixa de ferro fundido ou alguma liga similar aquecida com carvão ou brasas lá dentro.
Então essa caixa vista por trás tinha uma figura quadrangular (trapezoidal) e tinha uma perfuração por onde podiam ser sopradas as brasas, ou melhor, por onde entrava o ar que faz incandescência das mesmas. Teria uns 15 por 15cm e a perfuração cerca de pouco mais de 3 cm de diâmetro com uma roldana do mesmo ferro que rodava sobre um eixo que lhe ficava pela parte superior e fazia de porta para entrar o ar ou para fechar e deixar apagar as brasas.
Esta caixa sempre em comprimento de cerca de 25cms e os lados laterais em forma arredondados terminando em bico, levantaria depois em forma de garganta e a tampa que tem a sua base onde roda sobre a traseira do aparelho que levantava e fechava a garganta do volume maior dando lugar ao pescoço e a uma boca que faz de chaminé. Esta tampa serve para manter as brasas e o carvão quente.
No interior, para andar com o ferro sempre quente é colocado sobre um estrado de grelha com a configuração do corpo do ferro de engomar para dar lugar às cinzas das respetivas brasas.
 Entre o pescoço do ferro e as brasas nas traseiras do ferro há uma pega, uma asa em madeira para o ferro poder ser manuseado sobre a roupa. Outra peça de madeira existe torno ou no eixo, como um freio, que prende a parte de baixo com a parte de cima, na boca (garganta e ou pescoço).

Para além disso é claro que um aparelho destes tinha de ter um lugar próprio para o pôr em descanso mesmo muito quente. Era uma grelha maior e semelhante à forma exterior do ferro de engomar e esta grelha também tinha na base traseira um pau torneado para que o engomador não se queimasse ou poder mudar de lugar o suporte ou o local de descanso do ferro.




















O quarto da casa de família média


O quarto da casa de família média

Pare além do pote ou penico existentes no quarto de uma casa, “sinal de rico, de riqueza”, veio depois ao lado, num canto, um lavatório.
Este lavatório normalmente em esmalte, com um ralo com tampa e pio cumprido para levar a água suja a um furo no tampão de um convexo com entrada para a água.
Tanto o lavatório redondo como o balde havia uma estrutura montada de ferro e entre o balde e o lavatório havia em uma divisória onde normalmente era colocada uma saboneteira também de esmalte. Nessa divisória, prateleira, poderia ter outros objectos para a higiene dos cabelos ou da barba.
Em toda a volta existia uma segunda verga de ferro a uma distância que servia para colocar as toalhas.
Também entre esses lavatórios havia os que levantavam em estrutura metálica e um caixilho com um espelho para se ver o rosto.
Podíamos dizer que eram os primeiros quartos que já manifestavam muita riqueza.
Normalmente era o quarto de hóspedes.
Apresentam-se algumas fotos mesmo com os objectos cheios de pó, ou sujos, porque assim foram encontrados por quem os registou.

Juntam-se algumas fotos:


































quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O CULTIVO DO VINHO

Cultivo do Vinho

Depois da época quente, tempo de praia e da época das colheitas chega o começo da queda da folha e com a folha a cair no chão, o viticultor começa a pensar na poda das vinhas. Antigamente era outra época de grande ajuda solidária para que o trabalho fosse mais rápido, mais alegre e organizavam-se as podadas, convidando-se os vizinhos, os familiares ou amigos.
Era assim que começava o primeiro trabalho de cultivo do vinho.
As videiras eram cortadas ao cumprimento e aparadas alguns sarmentos deixando outros a ficar a puxar pela seiva, pela força e energia que a terra lhes dava e ao chegar a primavera começavam a deitar os primeiros rebentos.
Com os rebentos abertos começava outro tipo de trabalho com cerca de 15 dias intermédios. Era o trabalho do sulfato.
Eram cerca de 6 a 7 sulfatagens de todas as vinhas, assim como o trabalho de passar pelas vinhas e cortar ou arrancar com as mãos alguns rebentos a que chamavam “ladrões”, porque estavam a sobrecarregar a videira, retirando-lhe seiva, melhor, o alimento para chegar às videiras que já tinham flor e as uvas verdes a quererem medrar.
Assim cresciam os cachos maiores ou menores com mais uvas ou menos de cor verde. Com o amadurecimento começavam a tomar a sua cor natural e tanto amadureciam e se faziam mais doces quanto mais sol apanhavam.
Quando tinha 12 anos a colheita do vinho era sempre para fins de Setembro, princípios de Outubro.
Hoje as coisas são diferentes. São as vindimas e são mais cedo.
Outro trabalho comunitário era importante na lavoura e lá estavam os amigos, os vizinhos e as famílias para vindimar agora aqui e depois para o outro. Tornavam-se momentos alegres, trabalhosos, mas menos pesados até pela mão e pelo coração que davam uns aos outros para se sentirem felizes por mais um tarefa acabada.
Este é um trabalho que depois continuava em casa. As uvas eram carregadas em dornas e estas transportadas em carros de bois. Chegadas as uvas a casa tinham de ir para o lagar espremidas.
A esmagadeira era feita de gamelo sobre uma estrutura de madeira que aguenta o gamelo onde eram deitadas as uvas que caíam logo nos dois cilindros que rodavam, dentados e de ferro fundido enquadradas nessa estrutura de madeira ligados por uma roda de ferro que ficava do lado exterior que através de uma manivela era transmitido o movimento para rasgar os bagos.
Como criança cheguei a fazer este trabalho que era duro e, como criança que era, também não aguentava e lá vinham quem tinha de vir para acabar o trabalho.
 Em casa as uvas eram descarregadas gamela a gamela para a masgadeira. Enquanto uns descarregavam outros esmagavam as uvas e o líquido de baco, assim como o brolho (cascas das uvas e grainhas) ficavam espalhados pelo lagar.
Ao fim de dois dias normalmente começava a ferver e nesta altura há quem faça papas de vinho doce tirado do lagar com farinha de milho, mas quanto mais fervesse melhor, melhor cor e mais álcool, mas quando deixasse de ferver começava a ir abaixo e, nesta altura, era tirado do lagar para uma pia onde o líquido era levado em canecos para os tonéis ou para as pipas. Era nessa altura que só ficava o brolho no lagar. Quando o mosto fervia no lagar tinha de ser mexido de vez em quando e a fervura quanto mais durasse o tempo do mosto estar em cima, isto é, a fervura. Com o vinho libertava dióxido de carbono com uma temperatura que pode atingir os 25 graus o que levava algumas pessoas à morte ao cair no lagar ou, ao meter o nariz para saber ao que cheirava o produto. Ora o dióxido de carbono é fogo e aquecido a 25 graus a entrar pelas narinas dentro outra coisa não é de esperar.

Então recorriam à prensa para espremer o brolho que ainda tinha muito líquido para aproveitar e lançar nos pipos com os canecos. O trabalho de espremer o brolho não era fácil. Era usada uma prensa sobre uma grande base de pedra arredondada e com um veio (um sulco) onde o vinho saía pelas ripas e caía no referido veio inclinado para um ralo que ia ter a uma pia, donde se carregavam os canecos de 20 ou 12 litros para levar para a Adega.
Este aparelho da prensa sobre a referida pedra leva duas cestas ou caniças meios calotes esféricas superficiais de ripes apertadas por três meios aros de ferro com umas ganchetas onde funcionam umas chavetas que prendem tramam as respectivas caniças. Ao centro funciona um fuso e no cimo o macaco de cabilhas o ferro anexo ao macaco que através de um ferro cumprido a este aparelho é que fazia o macaco rodar sobre um ferro anexo que pousava sobre 2 cepos ou mais que pousados sobre duas meias-luas, os pratos que eram colocados por baixo dos cepos sobre o brolho bem estendido para apertar bem os restos dos bagos e grainha e descobrir algum vinho a mais.

Depois de uma prensa espremida era retirado o brolho espremido para uma dorna e acamado para ir depois para o alambique fazer aguardente.
 Ia-se deitando mais brolho e assim até ao fim.
Acontecia que este era o bom vinho, vinho para as festas, para os amigos ou para vender.
Às vezes o vinicultor deixava algum brolho a que misturava mais umas gamelas de uvas e esmagadas sobre o pouco brolho, juntavam uns canecos de água.
As poucas uvas faziam ferver de novo o brolho com a água, embora menos tempo.
Chamava o vinicultor a este vinho água-pé e pesava cerca de 4º graus para consumo de casa, mais sujeito a estragar-se depressa, sobretudo por causa do clima.
O primeiro vinho tinha mais graduação 8 a 9 graus. Era mau se fosse menos do que isso. O caso a que me refiro era o vinho verde tinto.
Assim era naquele tempo, pois hoje existem métodos mais simples, mais confortáveis, mais leves até para terem uma graduação maior.
Este cultivo do vinho agora está praticamente abandonado, não só pelo muito trabalho, pela muita despesa, e ninguém o comprar porque as adegas cooperativas o vendem com melhor qualidade.
Quem o cultiva em grandes quantidades leva-o à Adega Cooperativa.
Isto para não falar das exigências da Comunidade Europeia com as suas regras, às vezes desrespeitando a identidade dos povos com pouca eira e pouca beira, ou de dimensões de superfícies mais pequenas.

Nem tudo está acabado, os cestos, os Canecos e as gamelas podem ser lavadas e arrumadas, mas falta chegar a época em que o brolho acamado em dornas e bem tapado para não apanhar ar, pudesse ir para o alambique de onde saía do brolho a respectiva aguardente que não servia só para os homens matar o bicho pela manhã, como para as mulheres que ajudavam na faina dos campos, no verão, para não beberem vinho, pediam um refresco de água, aguardente, açúcar pouco e sumo de limão.

Portanto quem colhesse vinho colhia aguardente que também fazia de remédio para as constipações, gripes e rouquidões. Para isso pegavam num prato, lançavam a aguardente, deitavam açúcar e punham-lhe o fogo e o açúcar que ficasse no fundo com alguma daquela água quente era bebido, metido à boca com uma colher e limpo o prato ia-se para a cama dormir…E pela manhã já aparecia curado ou quase curado.



















terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O CULTIVO DO MILHO


O CULTIVO DO MILHO

Em março começa para o lavrador o trabalho de semear o milho. Este era a fonte o fundamental da alimentação do agricultor
O milho é uma planta bonita desde a sementeira ao seu crescimento até dar o fruto, ser cortado e ser comido.
Então o lavrador prepara os bois ou as vacas, o arado, e com uma junta puxando o arado em terreno lento abre sulcos para um lado e lança (a leiva).
Quando o terreno é duro ou é uma área grande em vez de uma junta de bois, aprontam 2 ou 3 juntas de animais (era aquilo que chamavam cambão).
Depois da terra lavrada e para que não ficasse ondulada, leiva sobre leiva, era gradada, isto é,  com um grade os animais puxavam um aparelho de madeira entrançada de 80cm por 1.80m cheia de dentes de ferro intercalados. Às vezes bastava um gradar uma vez, outras vezes, precisava de duas. Quanto mais direitinha ficasse a terra, mais fácil era a semeadura.
Na ponta onde o arado não chegava chamavam-lhe o cadabulho e era arranjado à sachola.
Foi assim naquele tempo porque hoje até aqui é tudo mais fácil através de tratores.
Depois da terra gradada entrava o semeador empurrado o semeador pelo lavrador ou então puxado por animais.
O milho depressa crescia, dependendo do tempo. Quando tinha um altura maior era sachado com outros aparelhos,   o sachador (quinze dias depois era decruando ou mondado e a partir daí o milho crescia mais depressa, e os campos ou as quintas eram mais bonitas do verde do milho, com as suas folhas crescidas caneladas, verdes e pontiagudas.
Começava a rebentar o fruto que era a base da espiga, o carolo e barba verde a aparecer no topo sinal que o grão de milho começava a posicionar-se na referida espiga,  Começava de depois de crescido a secar, a tornar-se louro e  a barba preta ou castanha-preta servia depois para fazer chá  para empurrar as pedras dos rins.
Acima da espiga na ponta, parte mais alta do milheiro ou  da planta surgia o pendão que era aproveitada pelo lavrador para alimentar o gado.
Quando o milho começava a ficar louro ou dourado, seco, começava a colheita.
Era cortado à foucinha, levado do campo em carros de bois para casa para um lugar amplo onde iria ser desfolhado e era organizada a desfolhada, para a qual eram convidados os amigos, os vizinhos, onde não faladava muita animação, cantoria, brincadeira à volta do milho-rei, o encontro da espiga do milho vermelho dava direito a um abraço ou a um beijo e no fim um lanche, às vezes depois das 23 ou 24 horas  da noite. Para estes trabalhos normalmente nem eras preciso pedir ajuda os vizinhos ajudavam-se uns aos outros: aproximavam-se e perguntavam se não queriam ajuda. Queriam sempre.
As espigas eram lançadas na eira para apanhar umas boas raçadas de sol e os grão ficarem bem secos.
Nessa altura seguia-se a malhada. Era outro trabalho feito com ajuda de amigos e vizinhos, cada um com o seu malho.
Uma fila de malhadores de cada lado, depois das espigas estendidas num monte sobre o comprido e havia uma arte própria para jogar o malho os de um lado lançavam todos ao mesmo tempo e enquanto levantavam os outros malhavam na sua vez e assim alternadamente e apenas só se ouvia também alternadamente o barulho  de um só malho até  grão de milho se desligar do carunho e ficar por baixo dos mesmos, ou como lhe queriam chamar.
Acabado a malhada normalmente à noite. Era coberto e pela manhã separavam-se os carolos para o lado e o grão para outro, sendo estes ainda estendidos para secar na eira. Quando o milho cantava é porque estava bem seco e então era limpo e guardado na tulha.
As espigas que não eram malhadas não iam para a eira, mas eram guardadas no espigueiro, nos sequeiros para aguentar algum tempo.
Todo este trabalho era feito sempre com muita alegria, com bom humor e sempre com a ideia de que este fruto nos dava o pão para alimentar a família ou fazer com ele um pouco de dinheiro para outras despesas. Era sempre considerado uma bênção, de Deus à família, aos vizinhos, aos amigos.

Enquanto desfolhavam o milho uns, outros menos apanhavam as plantas e faziam molhos que atavam com palha de azevém, ou até com um dos milheiros mais secos. Este trabalho era feito e depois punham os molhos a que chamavam “copas”,  três a três em forma de tripé para secarem bem para serem guardadas em medas para dar de comer aos animais no inverno, ou  no tempo da chuva ou das geadas. As medas eram uma composição dessas copas colocadas à volta de uma vara de pinheiro enterrada no chão e aquelas tomavam em toda a volta a forma de cone até chegar ao cimo da vara, onde era colocada uma protecção para que as águas das chuvas andassem por fora e não entrassem pela vara para o interior da palha, das copas. Assim já não faltava o alimento para os animais.























MOSTRAM-SE ALGUNS INSTRUMENTOS DE TRABALHO RELACIONADOS COM ESTE TRABALHO