O CULTIVO DO MILHO
Em
março começa para o lavrador o trabalho de semear o milho. Este era a fonte o fundamental
da alimentação do agricultor
O
milho é uma planta bonita desde a sementeira ao seu crescimento até dar o
fruto, ser cortado e ser comido.
Então
o lavrador prepara os bois ou as vacas, o arado, e com uma junta puxando o
arado em terreno lento abre sulcos para um lado e lança (a leiva).
Quando
o terreno é duro ou é uma área grande em vez de uma junta de bois, aprontam 2
ou 3 juntas de animais (era aquilo que chamavam cambão).
Depois
da terra lavrada e para que não ficasse ondulada, leiva sobre leiva, era gradada,
isto é, com um grade os animais puxavam
um aparelho de madeira entrançada de 80cm por 1.80m cheia de dentes de ferro
intercalados. Às vezes bastava um gradar uma vez, outras vezes, precisava de
duas. Quanto mais direitinha ficasse a terra, mais fácil era a semeadura.
Na
ponta onde o arado não chegava chamavam-lhe o cadabulho e era arranjado à
sachola.
Foi
assim naquele tempo porque hoje até aqui é tudo mais fácil através de tratores.
Depois
da terra gradada entrava o semeador empurrado o semeador pelo lavrador ou então
puxado por animais.
O
milho depressa crescia, dependendo do tempo. Quando tinha um altura maior era
sachado com outros aparelhos, o
sachador (quinze dias depois era decruando ou mondado e a partir daí o milho
crescia mais depressa, e os campos ou as quintas eram mais bonitas do verde do
milho, com as suas folhas crescidas caneladas, verdes e pontiagudas.
Começava
a rebentar o fruto que era a base da espiga, o carolo e barba verde a aparecer
no topo sinal que o grão de milho começava a posicionar-se na referida
espiga, Começava de depois de crescido a
secar, a tornar-se louro e a barba preta
ou castanha-preta servia depois para fazer chá para empurrar as pedras dos rins.
Acima
da espiga na ponta, parte mais alta do milheiro ou da planta surgia o pendão que era aproveitada
pelo lavrador para alimentar o gado.
Quando
o milho começava a ficar louro ou dourado, seco, começava a colheita.
Era
cortado à foucinha, levado do campo em carros de bois para casa para um lugar amplo
onde iria ser desfolhado e era organizada a desfolhada, para a qual eram
convidados os amigos, os vizinhos, onde não faladava muita animação, cantoria,
brincadeira à volta do milho-rei, o encontro da espiga do milho vermelho dava
direito a um abraço ou a um beijo e no fim um lanche, às vezes depois das 23 ou
24 horas da noite. Para estes trabalhos
normalmente nem eras preciso pedir ajuda os vizinhos ajudavam-se uns aos
outros: aproximavam-se e perguntavam se não queriam ajuda. Queriam sempre.
As
espigas eram lançadas na eira para apanhar umas boas raçadas de sol e os grão
ficarem bem secos.
Nessa
altura seguia-se a malhada. Era outro trabalho feito com ajuda de amigos e
vizinhos, cada um com o seu malho.
Uma
fila de malhadores de cada lado, depois das espigas estendidas num monte sobre
o comprido e havia uma arte própria para jogar o malho os de um lado lançavam
todos ao mesmo tempo e enquanto levantavam os outros malhavam na sua vez e
assim alternadamente e apenas só se ouvia também alternadamente o barulho de um só malho até grão de milho se desligar do carunho e ficar
por baixo dos mesmos, ou como lhe queriam chamar.
Acabado
a malhada normalmente à noite. Era coberto e pela manhã separavam-se os carolos
para o lado e o grão para outro, sendo estes ainda estendidos para secar na
eira. Quando o milho cantava é porque estava bem seco e então era limpo e guardado
na tulha.
As
espigas que não eram malhadas não iam para a eira, mas eram guardadas no
espigueiro, nos sequeiros para aguentar algum tempo.
Todo
este trabalho era feito sempre com muita alegria, com bom humor e sempre com a
ideia de que este fruto nos dava o pão para alimentar a família ou fazer com
ele um pouco de dinheiro para outras despesas. Era sempre considerado uma
bênção, de Deus à família, aos vizinhos, aos amigos.
Enquanto
desfolhavam o milho uns, outros menos apanhavam as plantas e faziam molhos que
atavam com palha de azevém, ou até com um dos milheiros mais secos. Este
trabalho era feito e depois punham os molhos a que chamavam “copas”, três a três em forma de tripé para secarem
bem para serem guardadas em medas para dar de comer aos animais no inverno,
ou no tempo da chuva ou das geadas. As
medas eram uma composição dessas copas colocadas à volta de uma vara de
pinheiro enterrada no chão e aquelas tomavam em toda a volta a forma de cone
até chegar ao cimo da vara, onde era colocada uma protecção para que as águas
das chuvas andassem por fora e não entrassem pela vara para o interior da
palha, das copas. Assim já não faltava o alimento para os animais.
MOSTRAM-SE ALGUNS INSTRUMENTOS DE TRABALHO RELACIONADOS COM ESTE TRABALHO
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