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Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Falar de Viana

Falar de Viana
É falar de uma cultura própria que teve a sua origem na cultura mesolítica, céltica e dos povos invasores da Península depois dos gregos e dos romanos, dos mouros.
Sendo assim não somos filhos só de “Adão e Eva”, somos filhos de muitas gerações com a sua cultura e religião. Somos filhos de Viana do tempo e da história cultural, religiosa e do Amor. Viana é a síntese de todas as culturas desde a pré-história até à história e da história até hoje, que no futuro, terá outro nome, sem ser a contemporânea.
Falar de Viana é falar da flor e daí os Arcos em flor das festas religiosas, os andores de arte arquitetura popular e floridos, os cestos mais altos e artísticos como na festa das Rosas, os tapetes de flores cheios de arte criativa e multicolores em quase todas as freguesias.
Falar de Viana é falar de Nossa Senhora da Agonia que é o principal coração à volta da qual os vianenses se “ajoelham” e fazem reverências. Fazem festa com bombos, gaiteiros, bandas de música e fogos artísticos, arrastando a esta cidade, assente na foz do rio Lima e banhada pelo mar milhares e milhares de forasteiros do país e de todo o mundo. É esta Viana do sopé da montanha de Santa Luzia que se preza lá no alto prestar sua homenagem ao Sagrado Coração de Jesus que abençoa o estuário do Lima e todo mar oceânico e as suas laboriosas gentes e todos os ares e bichinhos do mar e da terra. É falar de uma cultura e de um ambiente onde se pode viver serenamente longe da poluição do ambiente, das águas e da terra.
As pessoas de Viana, os vianenses devem ser a síntese das diversas culturas ancestrais destes povos de entre o Neiva e o Minho. É por isso que Viana é a cidade da chieira no vestir, no dançar, no ouro que ornamentam o peito das jovens e ricas no cantar e de chinelos andar.
Viana é a cidade do Amor porque tudo é belo, porque os de Viana entregam-se à Mãe, Senhora da Agonia e a Deus, no Sagrado Coração de Jesus.
A rica beleza está na sua diversidade, por isso, há o traje do campo, ou do cotio, do trabalho, da semana e o traje do Domingo “de ir à Missa” ou o “traje de ver a Deus”; o traje da festa e o traje de noivado.
É esta Cidade que se situa no sopé da montanha de Santa Luzia que lá no alto ergue um Templo, semelhante ao de Sacré-Coeur em Paris, dedicado pelos vianenses ao Sagrado Coração de Jesus, a quem se preza e se orgulha por esta relíquia do passado embora eu com 72 anos tenha na memória, imagens da sua construção e da inauguração oficial pelo Arcebispo de Braga D. António Martins Júnior em 14 de Julho de 1959.
É ao Sagrado Coração de Jesus que os vianenses sobem e, uma vez por ano, em peregrinação, em Comunidade Vianense de Paróquia em Paróquia do arciprestado e agora a nível diocesano a prestar a sua homenagem no Domingo a seguir ao dia litúrgico sob esta invocação, sexta-feira.
Aí está o verdadeiro coração de Viana que faz de Viana a terra do coração e do amor porque junto à Citânia da passagem de século do antes para o depois de Cristo, aí construíram o Templo em honra do Filho de Deus que é Amor… Artur Coutinho
in A Falar de Viana" Volume VIII*Série 2 de 2019

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Levanta-te!...

Levanta-te!...


Jovem, eu te ordeno: levanta-te!
Queres ser meu discípulo?
Quem não se quer levantar, depois de caído? Há muitos modos de estar caído, mesmo estando de pé. Nem os enumero porque não há limite e fica sempre alguma coisa por escrever.
Pedro, tu amas-me? – “Antes que o galo cante, me negarás três vezes.”
Sinto muita dificuldade em dizer que estou tão perfeito que nunca precise de me levantar. Basta ter este sentimento para dizer: Sim, Senhor: Cá estou de pé. Queres que seja teu discípulo? Vou procurar sê-lo mesmo que isso exija grande mortificação e muita penitência. Não sou masoquista, mas sei que a vida é feita de alegrias e tristezas. As tristezas podem ser a austeridade do meu frigorífico da minha cozinha, os sofrimentos e as dores que vou carregando no dia-a-dia, sem nunca querer dizer que estou a carregar uma cruz semelhante à de Jesus.
Por todos já levaste a tua Cruz para que vivêssemos sempre sem situações de tais sofrimentos. Então somos nós que as criamos quando alguma tem de carregar e caminhar na vida com algum sofrimento ou alguma dor, não é carregar a tua cruz, é carregar o lado mau, diabólico que nos faz andar insatisfeitos e em guerra uns com os outros porque nos falta a paz interior e comunicativa nas relações com os outros.
O diabo existe, mas é em nós, quando pensamos mal dos outros, apontamos o dedo aos outros ou fazemos mal sem pensar que Amar a Deus exige que amemos o próximo, e, ninguém ama a Deus que não vê se não ama o próximo que vê.
Os budistas dizem que a dor purifica. Não carregamos as nossas dores como Cristo carregou a Cruz, carregamos as nossas dores que nos ajudam a purificar a nossa mente, o nosso coração e a ter sempre presente que em nós só há um lema: “Fazer Bem” ao Outro, cuidar do outro. O Amor está aí.
Quem ama verdadeiramente não é capaz de ficar caído, mas levantar-se e reabilitar-se de males que se fazem ou o Bem que fizemos, de uma forma imperfeita.
Não falta por aí quem insiste que o diabo existe. Sempre existiu, pois é verdade, mas ele está em nós quando conspurcamos a vida espiritual, com tudo o que é sujar a vida divina que recebemos no Baptismo e em todos os sacramentos, porque em vez de amarmos, odiamos, e o ódio é o fruto do demónio, do Belzebu.
Quem sofre procura equilibrar a vida não com desespero, mas como quem acredita que, pelos nossos males, Cristo foi crucificado na Cruz, para alívio das nossas dores e mesmo com elas podermos alcançar o Bem, chegar a Deus que é o Pai da infinita misericórdia e ninguém melhor que Ele sabe compreender e perdoar os medos de cada um e o que cada um faz e nos pareça um grande mal.
Deus é justo e misericordioso e só Ele sabe o que se passa com cada um.
Às vezes é mais fácil dizer sim, mas é preciso saber dizer não. É um problema de discernimento entre o mal e o bem.


domingo, 14 de julho de 2019

40 anos de diocese e a gratidão


Uma vida feliz só vale quando é feita de Gratidão
Sonhei que estava com inúmeras pessoas felizes, alegres com muito movimento, dinâmica, muita festa. Afinal era uma diocese, com o Bispo, colegas e leigos a celebrar o ano da gratidão. Estava a passar um filme no meu inconsciente tão forte que me acordou e observei que não sonhava. Afinal até era verdade.
Era uma realidade e, acordado, me perguntei a mim mesmo se eu próprio estaria a celebrar a gratidão, esse tesouro das pessoas humildes que lembram com felicidade o passado, com alegria e mais alegres com o presente sempre apostados na luta por um futuro com coragem e sem medo, com uma memória larga e não tão curta que depressa passa e esquece. Se a gratidão é um acto nobre, ela é também fruto de uma cultura, não muito vulgar porque não há nada mais belo na vida que a gratidão. Não é algo que se possa escrever no chão, no pó da terra, nem no vento, nem na água, nem em qualquer material consistente, tem de ser escrita e, sobretudo, vivida e gravada no coração.
Quem não é grato tem sempre motivos para explicar o inexplicável, pois não compreende que quem agradece um dom está a pagar a primeira prestação de uma dívida impagável. Por isso também não é desejado e, pelos outros, desprezados. É um ingrato. Não quero passar por isso e tenho falhado. A quem se encontrar magoado por mim, peço perdão e gostaria que mo dissesse para que me corrija.
Neste ano jubilar de 40 anos de Diocese seja uma oportunidade de expressões sublimes com palavras e gestos, ou atitudes, em relação aos nossos antepassados, aos nossos contemporâneos com quem vivemos e trabalhamos pela fidelidade à Comunhão, à Unidade sem esperarmos outra recompensa a não ser a d’Aquele que nos permite viver estes momentos de felicidade e amor.
Adormeci.
Quando pela manhã acordei, descobri que tinha passado por um grande silêncio por causa dos que falam, falam, e falam alto que até me remeti ao silêncio, como refúgio, como aqueles que também se refugiam na tolerância por causa dos intolerantes.
E agradeci a noite a Deus… Continuei a rezar, como de costume! Orar é fazer comunhão.
Não merecíamos nada, mas através de Jesus temos tudo! Todos os dias são dias em que devemos dizer "Obrigado oh meu Deus, muito obrigado!...”.
Ou como diz o salmista: Como é bom dar graças ao Senhor e cantar os seus louvores ao nome do Altíssimo; e anunciar de manhã o seu amor leal e de noite a sua fidelidade. Sl. 92.
Este é o dia em que o Senhor fez; alegremo-nos e exultemos neste dia. Sl.118
Que a nossa gratidão não azede como a comida que se estraga, ou como o vinho destapado. Era boa, mas deixámo-la estragar porque a esquecemos. Quando a gratidão é consciente e responsável a sua a memória está no coração. Nunca esquece, azeda, ou fragiliza porque será sempre uma memória que não arrasta consigo remorsos, como aqueles que, depois da morte, vão oferecer flores aos mortos porque, em vida, nunca foram gratos, ou tão gratos como deviam em relação aos benefícios recebidos. Lá estou eu a divagar!... Então não posso oferecer uma flor aos que morreram e tenho saudades? Claro que sim, sobretudo, se são frutos da memória do coração que amou e continua a amar com palavras e atitudes de oração. E a flor pode ser uma dessas expressões.
Estamos todos em festa e desde os primórdios do cristianismo nesta região até hoje temos muito que agradecer a mortos e vivos o facto de sermos uma diocese a celebrar 40 anos.
Padre Artur Coutinho