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terça-feira, 27 de outubro de 2020

ARCEBISPO DE BOMBAIM DA NOSSA TERRA DE VIANA, ANHA

 Um sacerdote jesuita de Anha (Vila Nova de Anha) foi o Bispo de Bombaim, na India. Na catedral de Bombaim está sepultado.Já lá estive. Apareceu un opúsculo de biografia dele que está a ser traduzido por uma familiar.

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IN MEMORIAM
The Most Rev.
Dr. Joaquim R. Lima, S. J.
Arcebispado de Bombaim
(1928-1936)

Quando contemplamos a vida de um homem bom não podemos deixar de ser surpre-endidos pela grandiosidade da sábia Providência que usa os serviços da mais humilde das Suas criaturas na realização do destino universal. Deve, pois, ser matéria de imenso orgulho para os poucos de nós, embora todos sejam chamados a cooperar na realização do plano de Deus, como se Deus precisasse quer das nossas obras quer dos Seus próprios dons. Mas sa-bendo nos nossos corações que Deus não precisa de nada, o pensamento desta cooperação deveria ensinar-nos a misturar com o nosso orgulho a devida medida de humildade e grati-dão. Haverá, então, na contemplação de uma vida virtuosa alimento não só para a mera cu-riosidade mas também para a reflexão moral e espiritual: quando nos apercebemos de que a mais pequena biografia é afinal uma contribuição para essa história que Deus escreve com as vidas humanas – a história da Cidade de Deus.

Contudo, nesta história há páginas menos ou mais brilhantes; e pareceu-nos, enquanto pensávamos retrospetivamente na história de vida do nosso amado Pastor, que a sua página não era a menos brilhante de todas. Por que aqui estava um homem, trazendo no seu próprio sangue uma rica herança ao serviço de Deus e por ela predestinado, assim como foi, para o sagrado ministério. Um Padre consagrado, porém, como se não satisfeito com a submissão que tinha feito, se devesse sujeitar ainda mais e submeter-se a si mesmo à disciplina de um Regular. Então, nascido fora do seu próprio país no cúmulo de uma onda revolucionária, ele encontra-se em casa, ora na Bélgica, ora em Espanha, e como se as vias do Paraíso devessem estar consigo mais do que habitualmente nas suas redondezas, aterra na Índia como um educador. Mas outras mudanças têm lugar longe da sua pátria e ele acha-se no centro de uma Arquidiocese reconstituída com o peso de um árduo ministério em frente e a graça de Deus acima.

A Providência de Deus é de facto maravilhosa; e cada detalhe da história humana, vista e estudada com a visão da Fé, ajuda o nosso crescimento na admiração do poder de Deus e na sua sabedoria. O resumo que se segue, enquanto seja um tributo à memória de um grande e bom Arcebispado, será, acreditamos, um serviço para aumentar a nossa apreciação à beleza do modo como Deus lida com o homem.

Monsenhor Joaquim Rodrigues Lima nasceu em Anha, em Portugal, a 18 de Maio de 1875. Dotado de uma inteligência marcante completou os seus estudos primários numa tenra idade e entrou no seminário menor da sua diocese, do qual rapidamente passou ao seminário maior. Foi ordenado Padre a 31 de Julho de 1898. Passou depois um ano em casa com a sua família, após o que entrou no Noviciado Jesuíta da Província Portuguesa. Teve então de repetir o seu curso de Filosofia, após o que foi designado professor de Literatura Portuguesa no colégio de São Fiel. Durante este período e mais tarde, interessado como era no estudo de literatura e história, não perdeu nenhuma oportunidade de se aperfeiçoar nestas duas disci-plinas. Um homem de vastos interesses, procurou familiarizar-se com questões que tocavam o bem estar da Igreja no seu país. As suas teorias sobre o homem e em matérias do seu tempo eram profundos, pois era um homem de visão. Após uns anos de professorado foi enviado para Milltown Park, em Dublin, para prosseguir os seus estudos teológicos e foi favorecido com o invejável privilégio de ouvir as palestras do Padre James Finlay S.J. de quem permaneceu um fervoroso admirador até ao fim de sua vida. A sua estadia na Irlanda foi obviamente um dos mais felizes períodos da sua vida, pois não se cansava de falar dos seus professores, seus contemporâneos – entre os quais os Padres Martindale, Rousselot e outros publicamente reconhecidos, e da Fé dos Irlandeses. Ao completar a sua teologia, e a Terceira Provação em Canterbury sob a orientação do reconhecido Padre Moumigny S.J., foi enviado para a Bélgica onde os Padres Portugueses tinham duas Casas, e colocado a cargo de “O Mensageiro do Sagrado Coração.” Mais tarde voltou a Portugal durante a Guerra e foi de-signado reitor de La Guardia, em Espanha, onde durante o seu termo de Reitorado fez mui-tos melhoramentos e obteve considerável conhecimento problemas educacionais – uma ex-periência que viria a tornar-se muito útil durante a sua vida na Índia. Depois de completar o Reitorado foi designado Superior da Casa dos Escritores, em Pontevedra, Espanha. Durante este último período foi capaz de dar o seu melhor em nome dos seus, primeiro em Espanha e depois em Portugal. Contactou com os grandes homens da sua Província, seguiu de perto a tendência de acontecimentos em Portugal, foi capaz de formar teorias sólidas sobre o homem e sobre os assuntos desse particular período - o que provou ser tão útil no seu caso, mais tarde, na Índia, onde viria a facilmente dar continuidade aos papeis que experienciara nos diferentes estádios pelo qual o seu país passara. A sua partilha no esplêndido trabalho que ora estava a ser levado a cabo pelos Jesuítas em Portugal tem sido reconhecido como incalculável, pois é principalmente através dos seus colégios e da Imprensa que os Jesuítas são capazes de exercer a sua presente influencia em Portugal. Ao permitir o Padre Lima a vir à Índia, a Província Portuguesa fez um tremendo sacrifício. Mas a sua perda foi definiti-vamente o nosso ganho.

Belgaum

Em 1921 foi enviado para a Missão Portuguesa na Índia e tornou-se Reitor de St. Paul, em Belgaum. Em 1923 foi designado Regular Superior da Missão, mas continuou co-mo Reitor da Escola Secundária de St. Paul, a qual atingiu considerável progresso sob a sua direção, conforme Testemunho apresentado aquando da sua despedida: “Uma nova era co-meçou para St. Paul com o vosso advento enquanto Reitor. O padrão de educação alcança-do, estimado desde o critério dos resultados da matrícula, tem subido desde a vossa Direção. Em sete anos a escola tem obtido resultados `cem em cem` duas vezes, quatro bolsas de es-tudo, das quais três delas a muito cobiçada bolsa de estudos em Latim, e uma bolsa de estu-dos em Português, bem como um grande número de distinções. O lado religioso tem também recebido a vossa atenção, com o resultado de que a comunidade Católica se pode orgulhar de ter pelo menos cinco estudantes a estudar para o sacerdócio em vários seminários.
Que durante a sua diretoria tenha tido sucesso em ganhar a estima, o afeto e a lealda-de permanente dos seus estudantes foi universalmente admitido. Ex-estudantes de St. Paul a morar em Mumbai telefonariam para a Casa do Arcebispado para prestar as suas homenagens ao anterior Diretor; e a mera menção do seu nome seria suficiente para trazer à sua memória a sua vida inteira.
As suas atividades em Belgaum não estavam confinadas a St. Paul. As Irmãs Canos-sianas, que dirigiam a Escola de Raparigas, beneficiavam grandemente do seu sábio conse-lho. Contava com muitos amigos entre os membros da comunidade Católica que tinham a prendido a amá-lo e respeitavam-no pela sua profunda aprendizagem e bom coração. Através do falecido Padre Gonsalves , a quem ele venerava profundamente pela sua santidade e zelo apostólico, mantinha contacto com os leigos; e frequentemente recordava-nos dos inte-ressantes detalhes do ministério do Padre Gonsalves, cuja vida foi suficientemente longa, ativa e variada para prover muitos de uma ou outra anedota da vida paroquial. Para os vete-ranos da sua Missão ele tinha um olhar profundo: os nomes dos Padres Mendes, Bramley, Gil Vaz, Dias e outros eram frequentes nas suas conversas com os Padres de Mumbai.
Enquanto Regular-Superior da Missão ele esforçou-se por colocar o seu futuro num bom caminho. Com o seu conhecimento íntimo da condição em Portugal, compreendeu que se estava a tornar cada vez mais difícil para a Província Portuguesa enviar homens em nú-mero suficiente para a Índia. O renascimento da vida Católica trazida pela nova ordem de acontecimentos em Portugal, os Jesuítas eram chamados a preencher uma importante missão. Eram necessários homens no país para ensinar, dar sermões e escrever; por outro lado, a Província Portuguesa era pouco povoada. Estas circunstâncias originaram a urgência em favorecer a política de recrutamento de Indianos para a Sociedade de Jesus. Com o aumento do seu pessoal, a Missão tinha recentemente sido capaz de avançar com trabalho em Goa e nas redondezas de Belgaum. Antes de deixar Belgaum tinha obtido sucesso em conceder um outro grande benefício da sua Missão. Ele planeou e executou o edifício designado Villa Portugal em Nilgiris para os Padres da Missão - embora ele próprio não tenha tido a felici-dade de alguma vez nela viver. Sempre que lhe era sugerido de que ele deveria passar uma parte dos meses de verão naquela Villa, a sua resposta invariavelmente era: o Arcebispado não se pode dar ao luxo de uma viagem até Nilgiris.
Um dos seus deveres enquanto Regular-Superior era visitar as Casas da sua Missão em Cochin, e estas frequentes visitas puseram-no em contacto com os padres daquela dioce-se. Também, nas vezes em que era convidado a pregar em retiros em Mumbai e em Goa, expandiu o seu conhecimento com os clérigos. Sem saber estava assim sendo preparado pela Providência para o trabalho que estava guardado para si como bispo de Mumbai.

1 Atual Mumbai, designação que se privilegiará nesta tradução

2 S. J. significa Sociedade de Jesus
3 Quando a Índia se tornou independente em 1947, Belgaum e seu distrito faziam parte do Estado de Bombaim. Em 1956, os estados indianos foram reorganizados ao longo de linhas linguísticas pela Lei de Reorganização dos Estados e o distrito de Belgaum (exceto Chandgad Taluk) foi transferido para o estado de Mysore, que foi renomeado como Karnataka em 1972. (Nota da tradutora)

4 Este apelido surge assim escrito no texto original
5 O distrito de Nilgiris é um dos do estado de Tamil Nadu, no sul da Índia; é também o nome dado a uma cadeia de montanhas entre Tamil Nadu, Karnataka e Kerala.