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domingo, 20 de novembro de 2011

Santa Iria

Santa Ira




Estando eu à janela

A coser numa almofada,

Minha agulha de oiro,

Meu dedal de prata.



Passa um cavalheiro,

Me pediu pousada,

Meu pai lha negou,

Quanto me pesava.



Roguei e pedi,

Mas ele não cessava,

Mas eu tanto fiz,

Que por fim deixava.



Fui-lhe abrir a porta,

Muito contente entrava,

Ao lar o levei»

Logo se sentava.



Nas mãos lhe dei água,

Nela se lavava,

A toalha lhe pus,

Nela se limpava.



Pus-lhe a ceia,

Muito bem ceava;

A cama lhe fiz,

Nela se deitava.



Lá pela meia-noite

Me eu sufocava.

Senti que me levavam

Com a boca tapada.



Levam-me: a cavalo,

Levam-me abraçada,

Correndo, correndo,

Sempre à desfilada.



Sem abrir os olhos,

Vi quem me roubava;

Calei-me e chorei,

Mas ele não falava.



Dali por muito longe

Ele me perguntava,

Lá na minha terra,

Como me chamava.



Chamavam-me Ira»

Ira afidalgada»

Agora por aqui,

Ira cansada.



Horas esquecidas.

Comigo lutava,

Sem forças nem rogas,

Tudo lhe mancava.



Virou um alforge,

Ali me matou»

Abriu uma cova,

Onde me enterrou.



Dali por sete anos,

Passa o cavalheiro,

Uma linda ermida

Viu naquele outeiro.



A Urtiga e o Pieiro



A Urtiga e o Pieiro

Que sua fala elegeu,

De tantas gemadas tomadas

Por fim enfraqueceu,



Os dentes da nossa urtiga

O ferreiro os limou,

De tanto papel cortar

Até se assim se ????Msou.



A boca da nossa urtiga

Tem uns dentes muito afiados,

Som beleza e formosura

Assim foram encantados.



As orelhinhas compridas

Seu rabinho auxiliava

E de várias olhadelas

Até de alegria saltava.



0 feno da nossa aldeia

Na beirinha do centeio

E lá o foram buscar

Para depois fazer paleio.



No alto daquela serra

Está ervinha a brilhar,

De tão nuas que andavam

Até lá a foram buscar.



Do pinheiro da saldanha

Fizeram a sua roca,

De vários fios torcidos

Chegaram à massaroca.



A urtiga e o pieiro

Foram aclamados p'ra rei,

Para tanto não saltarem

Até os tiçar lhe piei.



As cerejas da nossa aldeia

Estão agora a encarnar,

Aqui está a nossa urtiga

Quando nos quer arranhar.



As pedras fazem penedos,

Dos penedos fazem rochas,

De tantas coisas que tens

Aqui algumas me mostras.



As batatas da nossa aldeia

Estão agora a florir,

Assim é o meu pieiro

Quando mostra os dentes para rir.



0 tojeiro e a carmeisa

Estão agora a florir,

Nos imos não pressas,

Não nos dá vontade de rir.



No fundo daquele poço

Vê-se a minha fotografia,

A flor anda perra,

Não anda com alegria.

Ó urtiga, aonde estas?

Se cantasses, é que era!

A flor te ia buscar,

Que há tantos dias te espera



Ó Sobreiro do meu quintal»,

Para que: secaste: tão cedo?

Foi se calha o pieiro

Que te pôs um grande medo.



Ó minha fontinha verde,

Não dê água nem com agres;

Não venhas para a minha beira.

Porque fazes mil milagres.



A ideia não me vence

A escrever tudo que eu quero;

Estou à espera da urtiga,

Que há tanto tempo espero.

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