D. Celibana
D. Celibana ia
Pelo corredor acima
Com a guitarra na mão
Que bem a tangia
Com uma romaria que fazia
Acordou o seu pai.
- Tu que queres Celibana?
Tu que queres minha filha?
- Três irmãs que nós éramos,
Todas estão casadas
E têm família,
E eu por ser a mais nova
A mim não me deu marido
- Eu como te o hei-de dar
Só se for o Conde Alberto
Mas esse está casado
E tem família.
- Sim meu pai, sim
Esse é que eu queria,
Mandai-o cá chamar
De parte um dia.
Bateu o Conde à porta
Perguntando o que queria
- Quero que me mates tua Condessa
Para casar com a minha filha.
O Conde foi para casa
Com grande agonia
Mandou fechar os quintais
Coisa que nunca fazia.
Mandou pôr a comida na mesa
E pôs-se a fazer que comia.
Perguntou a Condessa:
O que o rei queria?
- Quer que te mate a ti
Para casar com sua filha
- Sim, o Conde, sim o Conde
Esse remédio teria,
Meterias-me num quarto
Onde não visse noite nem dia,
Darias-me pão por peso
E água por medida
E bacalhau salgado
Para acabar com a minha vida.
- Sim ó Condessa, sim ó Condessa
Isso tudo te faria
Mandou-me livrar a cabeça
Nesta malvada bacia.
- Traz-me cá o filho mais velho
Que o quero pentear
E traz-me o do meio
Que o quero beijar
E o mais novo que
Lhe quero dar de mamar.
Mama, mama meu menino
Este leite de amargura
Que amanhã por estas horas
Tua mãe está na sepultura.
- Mama, mama meu menino
Este leite de amargura
Que amanhã por estas horas
Vosso pai está coroado.
Toca o sino grande,
Quem morreria?
O menino falou:
- Foi a D. Celibana
Pelas intenções que fazia
Descasar os bem casados
E casar os mal casados
Era coisa que Deus não queria.
Manuel Fernandes
Este romance aparece com diversos nomes nas diversas regiões do País.
No Romanceiro, de A. C. Pires de Lima A. Lima Carneiro vem com o título de “D. Silvana” é mais completo que na Serra D’Arga. (pág. 69)
Aqui 69 versos. No Romanceiro 128 versos.
Cfr. No Cancioneiro Minhoto.
Trata-se de um antigo romance que fora cantado; há uma recolha da composição musical usada em Póvoa do Lanhoso – Vid. Cancioneiro Minhoto de Gonçalo Sampaio, 2.ª Ed. pág 152.
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