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domingo, 20 de novembro de 2011

D. Celibana- Romance- Serrad'Arga- Manuel Fernandes

D. Celibana


D. Celibana ia

Pelo corredor acima

Com a guitarra na mão

Que bem a tangia

Com uma romaria que fazia

Acordou o seu pai.

- Tu que queres Celibana?

Tu que queres minha filha?

- Três irmãs que nós éramos,

Todas estão casadas

E têm família,

E eu por ser a mais nova

A mim não me deu marido

- Eu como te o hei-de dar

Só se for o Conde Alberto

Mas esse está casado

E tem família.

- Sim meu pai, sim

Esse é que eu queria,

Mandai-o cá chamar

De parte um dia.

Bateu o Conde à porta

Perguntando o que queria

- Quero que me mates tua Condessa

Para casar com a minha filha.

O Conde foi para casa

Com grande agonia

Mandou fechar os quintais

Coisa que nunca fazia.

Mandou pôr a comida na mesa

E pôs-se a fazer que comia.

Perguntou a Condessa:

O que o rei queria?

- Quer que te mate a ti

Para casar com sua filha

- Sim, o Conde, sim o Conde

Esse remédio teria,

Meterias-me num quarto

Onde não visse noite nem dia,

Darias-me pão por peso

E água por medida

E bacalhau salgado

Para acabar com a minha vida.

- Sim ó Condessa, sim ó Condessa

Isso tudo te faria

Mandou-me livrar a cabeça

Nesta malvada bacia.

- Traz-me cá o filho mais velho

Que o quero pentear

E traz-me o do meio

Que o quero beijar

E o mais novo que

Lhe quero dar de mamar.

Mama, mama meu menino

Este leite de amargura

Que amanhã por estas horas

Tua mãe está na sepultura.

- Mama, mama meu menino

Este leite de amargura

Que amanhã por estas horas

Vosso pai está coroado.

Toca o sino grande,

Quem morreria?

O menino falou:

- Foi a D. Celibana

Pelas intenções que fazia

Descasar os bem casados

E casar os mal casados

Era coisa que Deus não queria.



Manuel Fernandes



Este romance aparece com diversos nomes nas diversas regiões do País.

No Romanceiro, de A. C. Pires de Lima A. Lima Carneiro vem com o título de “D. Silvana” é mais completo que na Serra D’Arga. (pág. 69)

Aqui 69 versos. No Romanceiro 128 versos.

Cfr. No Cancioneiro Minhoto.

Trata-se de um antigo romance que fora cantado; há uma recolha da composição musical usada em Póvoa do Lanhoso – Vid. Cancioneiro Minhoto de Gonçalo Sampaio, 2.ª Ed. pág 152.

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