LENDA
O António levara para a guerra
Um pombinho branco, correio, encantador
Para mandar notícias para a terra
Para a sua noiva amada Leonor.
À hora da partida, num juramento,
Ela disse: ser dele até à morte
E, num adeus de dor e de tormento,
Ainda disse a chorar: "Deus te dê sorte".
Mais tardei, pelo pombo, entre promessas,
Ele mandou dizer, tristeza infinda:
"Sou teu, sou pela pátria, não me esqueças,
Sou vivo e, se morrer, sou teu ainda.
Um dia, estando ele muito absurdo,
Vendo o retrato dela em nostalgia,
Quando lhe caiu aos pés o pombo morto
Com um simples bilhete que dizia:
"Quebrei meu juramento, eu bem o sei,
E tu não voltes mais à nossa terra,
Esquece-te de mim, pois já casei,
Adeus e sejas feliz aí na guerra".
António gargalhou qual num demente,
Soltou gritos de raiva cheio de dor,
Expôs o peito fogo heroicamente,
Morreu ainda a falar em Leonor.
Celeste Ferreira Cachorreiro
1 comentário:
Isto é um fado... Lembro-me de ouvir a minha mãe cantá-lo quando eu era pequena. Mas não sei o seu título ou o nome do intérprete... A música é tristíssima, mas linda...
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