Caros Irmãos e irmãs:
Hoje gostaria de terminar as minhas catequeses sobre a oração do Saltério meditando sobre um dos mais famosos “Salmos reais”, um Salmo que o próprio Jesus citou e que os autores do Novo Testamento amplamente retomaram e leram referindo-o ao Messias, a Cristo.
Trata-se do Salmo 110, segundo a numeração hebraica, 109 segundo a greco-latina; um Salmo muito amado pela Igreja antiga e pelos crentes de todos os tempos. Esta oração talvez estivesse ligada inicialmente à entronização de um rei davídico; todavia o seu sentido vai para além da específica contingência do facto histórico abrindo-se a dimensões mais amplas e tor-nando-se, assim, celebração do Messias vitorioso, glorificado à direita de Deus. […]
Caros amigos, seguindo a linha interpretativa do Novo Tes-tamento, a tradição da Igreja teve em grande consideração este Salmo como um dos mais significativos textos messiânicos. E, de modo eminente, os Pa-dres continuamente se referiram a ele em chave cristológica: o rei cantado pelo Salmista é, em definitivo, Cristo, o Messias que instaura o Reino de Deus e vence as potências do mundo, é o Verbo gerado pelo Pai antes de todas as criaturas, antes da aurora, o Filho incarnado morto e ressuscitado e subido aos céus, o sacerdote eterno que, no mistério do pão e do vinho, dá a remissão dos pecados e a reconciliação com Deus, o rei que ergue a cabeça triunfando sobre a morte com a ressurreição. […]
O acontecimento pascal de Cristo torna-se assim a realidade para a qual o Salmo nos convida a olhar: olhar a Cristo para compreender o sentido da verdadeira realiza a viver no serviço e no dom de si próprio, num caminho de obediência e de amor levado “até ao fim” (cf. Jo 13, 1; 19, 30). Rezando com este Salmo, peçamos, pois, ao Senhor para tam-bém nós podermos progredir nos seus caminhos, no seguimento de Cristo, o Rei Messias, dispostos a subir com Ele ao monte da Cruz para com Ele alcançar a glória, e contemplá-lo sentado à direita do Pai, rei vitorioso e sacerdote misericordioso que dá o perdão e a salvação a todos os homens. E também nós, tornados, por graça de Deus, “estirpe eleita, sacerdócio real, nação santa” (cf. 1 Ped 2, 9), poderemos beber com alegria nas fontes da salvação (cf. Is 12, 3) e proclamar a todo o mundo as maravilhas d’Aquele que nos “cha-mou das trevas para a sua luz admirável”.
Caros amigos: nestas últimas catequeses quis apresentar-vos alguns Salmos, preciosas orações que encontramos na Bíblia e que refletem as várias situações da vida e os vários estados de ânimo que podemos ter para com Deus. Gostaria agora de renovar a todos o convite a rezar com os Salmos, porventura habituando-se a utilizar a Liturgia das Horas da Igreja, as Laudes de manhã, as Vésperas à tarde, as Completas antes de dormir. A nos-sa relação com Deus só poderá enriquecer-se no caminho de cada dia para Ele, realizado com maior alegria e confiança. Obrigado.
BENTO XVI, Alocução na Audiência Geral de 16 de Novembro de 2011
in Igreja Viva da Paróquia de Ermezinde
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