Servir, servir e servir...
“Eu
vim para servir” é o tema da carta pastoral do nosso Bispo aos seus diocesanos
no decorrer deste ano de pastoral, eu sou um deles. D. Anacleto Oliveira, cita
deste modo Jesus Cristo quando ele afirmou “Eu vim para servir e não para ser
servido”. Mt. 18.20 Esta palavra “Servir” no contexto da carta é um apelo
veemente ao Amor que nos traz alegria , “Amoris et Laetitia” do Papa Francisco.
Falar
hoje disto é muito complicado e não será bem digerido por todos os que no mundo
se servem dos outros e não servem os outros sem olhar a quem.
Hoje,
para os que vivem cegos pelo individualismo, naturalismo em excesso, outros
ismos como o corrupcionismo, esta afirmação “Eu vim para servir” quase é uma
afronta, uma provocação. É algo difícil de digerir no mundo onde impera o
materialismo, seja entre batizados, ou cristãos de batismo, crentes e não
crentes, seja até entre eclesiásticos, daqueles que andam à procura de
foguetões, ainda que para isso tenham de amarfanhar os outros para poderem
voar.
Um
bispo afirmou num Conselho Paroquial de Pastoral de uma Paróquia que “o vosso
pároco com a obra que desenvolveis vai arranjar muitos inimigos”.
É
verdade.
Aqui
me batem à porta de várias paróquias que não têm serviço social organizado, ou
se o têm, não se vê. Uns dizem, eu cá não tenho pobres na minha paróquia,
outros ao apontar uma Conferência Vicentina, dizem: isso é um movimento ultrapassado,
fora de moda ou retrógrado. Ao apontar a Caritas, dizem: A Cáritas para que
quer dinheiro? – Para mandar para Lisboa?... Enfim todas as desculpas e disparates
para : “não me toques” ou “ não me incomodes”. Não falta por aí quem se sirva
para crescer na vida, para ter e subir às alturas e quando vem uma atoarda… Ai,
meu Deus, porquê a mim? Já se dizia no meu tempo de criança: “só se lembra de
Stª Bárbara quando troveja”. Hoje já começa a esquecer-se desta forma da
linguagem porque se não há Deus, também não há Santos. É que todos estes ismos
conduzem normalmente ao afastamento de Deus e até a retirá-lo da criação de
todas as coisas.
O
bom cientista é aquele que não tendo outra razão para apresentar, aponta para o
religioso ainda que seja ateu.
Cada
um, pense por si: mas não é verdade que o homem é por natureza religioso? O
Homem por sua natureza e vocação sempre foi um ser religioso. (http://www.gaudiumpress.org/view/
show/22237).
O
Homem sempre teve uma fé, desde o paganismo até ao monoteísmo. Quem conhece a
história, sabe que a causa primeira está no transcendente,
no
absoluto, no Senhor da Criação. Ora esse Senhor da Criação para os Cristãos é
Deus, em Jesus Cristo que fez aquela afirmação, e amou até ao fim. O servir os
outros exige “amar até ao fim”, foi o exemplo do Mestre.
Servir.
Servir é amar. Amar é estar com o outro, não só ao lado, mas ser um com o
outro.
Se
estiver disposto a servir, sirva, ajude os outros a serem felizes. Se é
cristão, lembre-se que a “riqueza da Igreja está nos pobres”, por isso o Papa
Francisco os quer ver na linha da frente, assim como os “desvalidos, vulneráveis,
solitários, oprimidos.”
“Pobreza
e Misericórdia” é o apelo do Papa ao clero em geral e aos religiosos e por que
não aos leigos também? A Igreja só é rica quando “é humilde, pobre,
misericordiosa e confiante.” Que se afaste de nós a tentação da ostentação e do
elitismo (pensar que somos os únicos eleitos pelo facto de participar na eucaristia, que somos, os bons
e os outros que não jogam connosco, nem lhes damos oportunidades), e comece já
neste Natal. Sigamos o conselho do Papa Francisco,
sóbrios
nos gastos, naturalmente, não para acumular, mas para ter bastante para
partilhar.
O
cristão que não se sente interpelado pela pobreza não serve, nem presta…Sejamos
ricos no Amor e não nos bens materiais que são efémeros..
Padre Coutinho
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