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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Igreja

A IGREJA PAROQUIAL


Conforme já a descrevemos noutro local, esta igreja esteve muito tempo fechada e entrou em ruínas. No entanto, habitantes da Bandeira não podiam esquecer que tinham nascido à sombra da espiritualidade carmelita e à volta daquela igreja de portas trancadas e, movidos pela fé e pela saudade, abriram a igreja e trataram dela, levando a efeito alguns actos de culto, festas e, mais tarde, passaram a fazer dela um centro de catequese, a ter missa ao domingo até à criação da paróquia.
Num livro de actas da «Comissão da Igreja das Carmelitas», pudemos verificar o seguinte:
Em 13 de Setembro de 1949, a Comissão era constituída por Domingos Machado, Miguel Vilão Pereira, Manuel Vilão Pereira, João Almeida, Joaquim Almeida, João Varajão, Alberto Varajão, Edmundo Correia Urbano, José Cândido Rodrigues, José Bento, José de Passos Vaz Júnior, João Lima Guimarães, Joaquim Rodrigues Cambão, Francisco Alves Fernandes Lopes. Foi eleito presidente, nessa data, Domingos Machado.
Era pároco de Santa Maria Maior, nessa altura, o Senhor Cónego José Gonçalves Corucho.
A 25 de Setembro do mesmo ano, discutia-se o programa da festa de Nossa Senhora de Fátima e comunhão dos membros da Comissão a realizar em 9 de Outubro. Entre as duas datas anteriores, tinham comprado a imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Foi também em 25 de Setembro de 1949 que se estipulou a fundação do Centro de Catequese.
Em 23 de Outubro do mesmo ano, preparou-se o programa da novena do Menino e propôs-se para novos membros da Comissão Manuel Pimenta Guedes e José de Abreu.
Outro nome novo na Comissão, o do João Rodrigues Correia, aparece em 27 de Outubro do mesmo ano, data em que a referida Comissão fixou o pagamento a um sacristão com quarenta escudos por mês, com início em 1 de Dezembro.
Depois encontram-se actas só de 1952 e novos membros como: José Ferros, Orlando Monteiro Pinto, Manuel Pereira, Hilário Manuel de Jesus, Miguel Pereira, Alberto Varajão, João Varajão, José Abreu, João Rodrigues Viana, José Bento.
Em 14 de Junho desse ano, a Comissão reuniu para registar os ex-votos em ouro entrados no dia da festa de Santa Filomena.
Depois, uma outra acta de 24 de Setembro de 1958 em que foi eleita a Comissão de Culto religioso e festa de Santa Filomena: Avelino Rodrigues Teixeira, José da Silva Galvão, José de Sousa Gonçalves, Manuel Cândido, Rogério de Sousa Pereira.
Em Outubro, esta Comissão comprou cinquenta jarras em vidro para o trono; mandou pintar e caiar e colocar vidros nas janelas, beneficiando muito o edifício.
Nada mais consta do único livro de actas que se encontrou.
Trata-se de uma igreja rica em cantaria e harmoniosa nas suas linhas arquitectónicas.
Num simples olhar pela frontaria deparamos com neoclássicos. No grande tímpano do frontão que remata todo o enquadramento exterior da fachada encontra-se o brasão da Ordem e do lado poente, vêem-se as grandes janelas à maneira jesuitica.
No entanto depois de entrarmos a porta principal verificámos que será um exagero classificá-la de neoclássica; seria mais exacto dizer que se trata de uma mistura de barroco e neoclássico. Há linhas rectas, elementos rocailles muito simplificados (D. Maria), algumas grinaldas neoclássicas muito pobres, mísulas e remates com características D. João V e D. José e ainda elementos barrocos.
Nos retábulos encontram-se decorações neoclássicas, mas com remates tipicamente rocailles. Tem três altares laterais: ao entrar, do lado direito, aparece-nos o altar da Senhora do Carmo cuja imagem se encontra ao centro sobre um mausoléu de Santa Filomena; dos lados estão as imagens de N.ª Senhora da Incarnação e de S. João da Cruz; depois do arco do cruzeiro, aparece-nos, do lado esquerdo o altar de N.ª Sra. das Dores, sentada junto ao Crucifixo e a ladeá-la Santo Antão e S. Braz; ainda do lado direito, há o altar da Sagrada Família com as imagens de Jesus, Maria e José, S. Joaquim, Santa Ana, Santa Rita de Cássia, Santa Luzia e Santa Teresinha.
No retábulo principal, encontram-se duas valiosas imagens, de grande vulto, de Santa Teresa e S. José. Aliás todas as imagens são do século XVIII-XIX à excepção da padroeira, Senhora de Fátima, que também se ergue em local de destaque sobre um plinto.
A fechar a tribuna, encontra-se um reposteiro em tela pintada por um pintor popular, representando a fuga para o Egipto.
Na Capela-mor, do lado direito, existe um grandioso parlatório e, junto deste um comungatório.
Tem três arcos torais e um outro brasão, o do padroeiro, Cónego da Sé de Coimbra, Domingos Monteiro Albergaria, na chave do arco do cruzeiro. Do brasão constam o Monte Carmelo, a Cruz e três estrelas.
Há dois púlpitos, perfeitamente enquadrados no estilo do resto da talha, que, apesar de não ser bem definida, toda ela é harmoniosa, o que dá certa beleza à igreja. Para os púlpitos entra-se pelo interior das bases do arco do meio.
Hoje, a igreja encontra-se assoalhada, porque mais cómoda, pois aquilo que a prejudica é ser fria. No seu traço original, o chão era, como tantas outras, em lagedo, com algumas pedras tumulares e um gradeamento em forma de braços abertos separavam a capela-mor até ao fim dos altares laterais.
O coro, com ligação para o Lar de Santa Teresa, antigo convento das Carmelitas, contém na sua abertura um arco em cantaria com motivos Joaninos e de D. José, no seu inteiror, ainda existe um rodapé em azulejos de origem.
Uma torre bastante pequena em relação à altura da igreja ergue-se do lado nascente, sensivelmente a meio, um pouco mais alta que o templo, com cinco sineiras, embora existam só dois sinos.
E assim temos descrita, muito sumariamente, esta igreja sede da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, uma igreja sem cantos nem esquinas, airosa e oferecendo ao culto uma sensação de grandeza na verticalidade e horizontalidade.
Podemos afirmar, pelos documentos que encontramos que o terreno para o convento e quinta anexa custaram dois milhões e seiscentos e quarenta e nove mil e noventa reis e que o risco de tribuna foi pago em 1784, assim como a planta custou só vinte e cinco mil e novecentos e dez reis e o total da obra do convento e da igreja importou em quarenta mil trezentos e doze mil setecentos e trinta reis (40.312.730 reis).

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