Cogitações duma alma
É impossível que um homem
contemplando a terra e o Céu seja um ateu e negar a existência de Deus.
Não vemos a Deus, mas é
fácil reconhecê-lo por meio das suas obras, já dizia Cícero. Quando S. Paulo
diz: “morro em cada dia” apenas queria dizer que é verdade que todos morremos e
nascemos todos os dias e é, na descoberta de Deus, que se compreende o que Stº
Agostinho disse: “minha alma arde” porque quero aprender. Olhamos em redor e
tudo se condensa num único grito para afirmar que Deus existe.
Então há uma religião, há
várias religiões(!) e o que tenho de experiência é que quem só estudou
filosofia pela rama é capaz de se inclinar para o ateísmo, mas quem vai ao
profundo da filosofia, então o homem é conduzido à religião “aquele que estiver
sem pecado que atire a primeira pedra”(…) de S João.
Só existe uma religião, mas
há muitas versões, e aí está o respeito por cada uma, porque por detrás está o
mesmo Deus, Criador. Foi assim que o ladrão, no mesmo dia, subiu com Jesus Cristo
ao Paraíso porque Deus criador é amor e tudo que nasceu de um amor-perfeito gera
família que é a maior beleza que podemos ter à face da terra. Por isso Deus quer
que: “honraremos o pai e a mãe e amarmos o próximo como a nós mesmos”.
S. Mateus ensina-nos que a
nossa oração deve ser tão humilde, tão confiante e perseverante que nos conduz
ao recanto do nosso quarto, ao isolamento, a subir a montanha e a sair do
rebulício do mundo. Não é a falar de Deus ou rezar em público que vamos fazer
dos não crentes, crentes.
Eles se farão crentes pelas
obras que verão em nós. A concentração profunda leva-nos à abstração de tudo o
que nos envolve, não nos cansa e faz com que o amor cresça, harmoniza-nos com o
divino e leva-nos a participar nesse poder, isto é, no domínio do pensamento em
Deus.
Fomos feitos para pensar com
dignidade, mérito e dever. Assim nos fazemos grandes e encontramos a grandeza e
nobreza da nossa alma.
Imaginar é mais importante
que conhecer porque ao imaginar podemos ser criativos e também chegarmos ao
conhecimento que nos leva a descobrir
por nós o Deus que nos criou.
Segundo um autor brasileiro
“não há riqueza igual à saúde do corpo, nem prazeres que se comparem com as
alegrias da alma”. O segredo da saúde do corpo está na sobriedade; assim como, os dons em atos, são remédios da
alma e do corpo. As duas coisas estão ligadas como o corpo que conduzimos
segundo os dons da alma.
“Amai-vos uns aos outros” Há
diferença entre Amor e amizade, embora imanentes.
O amor reina, é mais
elevado, como a arte é mais elevada, é devoção. A amizade é a virtude de
quebrar a solidão, de dar a mão e diz o povo “ que quem tem amigos, não morre
na cadeia”. O Amor é a teia com que se urde a vida, portanto há que Amar e não
perder tempo pois onde está o Amor está a Amizade por isso irmanam. Há que
tratar os amigos como querem que eles nos tratam.
O Pe. António Vieira disse “é
bom ser importante, porém, é muito mais importante ser bom”, ou, como Stº
Agostinho, dizia “aquele que tem caridade no coração, têm sempre qualquer coisa
para dar”. Assim o matemático Pitágoras também nos “Versos de Ouro” apela: cada
dia antes de dormir, “Faz o teu exame de consciência” em pormenor na corrida
das horas do dia e, no fim, pergunta: que fiz? E a propósito da humildade e
bondade acrescenta: “ cala-te ou diz coisas que valham mais que o silêncio” O
que fiz verdadeiramente, fez alguém feliz?
É que o silêncio depois da
palavra é o segundo poder do mundo. Às vezes falar demais, afastámo-nos e
afastamos Deus, enquanto o nosso calor silencioso, mas dinâmico clama a
aproximação de Deus. “Só quem se integra em Deus sabe o que é Deus, dizia o “Gandhi.
A grande razão e sabedoria
do homem estão bem expressas nas palavras de Jesus Cristo: “Se o grão de trigo,
cai à terra e não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto”; por
isso, o sábio vive em permanente alegria porque sabe que veio ao mundo para
irmãmente, com todos os seus semelhantes, construir mais sabedoria e descobrir
a racionalidade do que vive, isto é o que lhe dá alegria, felicidade, otimismo
e que tudo depende de cada um. A nossa grande virtude está na alegria que
ilumina e se torna parte integrante do nosso caminhar. Esta alegria vem do Alto
que sabe tolerar e abandonar o fanatismo porque o mundo é um só, como Deus um
só e, sem nos envolvermos em doutrinas estranhas, apenas nos resta um coração
cheio de graça que sabe discernir e conviver em harmonia.
Cumprir o seu dever é o
único direito que lhe cabe e, da experiência, vejo que alguns dos que mais lutam
pelos seus direitos, são os que menos cumprem os seus deveres. As obras boas de
cada um de nós são as que podem falar por si e converter alguém ao cumprimento
do dever.
A nossa confiança nos outros
deve revelar que desejaríamos que eles tivessem a mesma relação connosco.
Cantar é sinal de alegria.
S. Paulo recomenda aos Efésios ficai cheios do Espírito Santo, falando de vós
mesmos em hinos e cânticos, cantando e louvando o Senhor. A arte pode parecer
uma mentira, mas sempre revela uma verdade. Pintar a morte parece dramático,
mas afinal revela uma dor de menores males, para alguns artistas é considerada
como um dos maiores bens, pois sendo este modo terreno uma prisão, onde o espírito
está aprisionado ao corpo físico, não há prisioneiro que não deseje a sua
libertação.
Para melhor entendimento
peguemos na Bíblia e abrir no livro Eclesiastes, ele dá-nos outro sentido. Cícero
dizia que somos hóspedes neste mundo e quando morremos não saímos da nossa casa,
mas da hospedaria.
A morte é a verdadeira e
grande chave da nossa felicidade. Somos um incessante nascer e morrer em cada
dia, hora e momento. S. Escrivã de Balaguer como S. Francisco de Assis
chamam-lhe a irmã morte. Seja portanto, bem vinda quando Deus quiser.
Não tenhas medo que o pai
Amor, não castiga, é tolerante e espera, não lhe fujas, aproxima-te e a
felicidade estará contigo para sempre. AC
Sem comentários:
Enviar um comentário