A casa dos Brasileiros
Naturalmente
poderíamos ir muito longe, nos anos, a propósito dos de Mazarefes que emigraram
para o Brasil. Em 1693 faleceu Domingos Rodrigues no Brasil, em 1701 faleceu
também, no Brasil, João Rodrigues Junqueiro. Pelo menos, 25 Mazarefenses
morreram, no Brasil, no século XVIII. Os de Mazarefes emigraram muito para o
Brasil, só em 40 anos, de 1861 a 1900, foram 110 os que saíram ou pediram
passaportes para o Brasil.
Uma
filha da casa de Gavindos, a Isabel Rodrigues casou com Gonçalo Rodrigues do
Souto, em 1661 que, entre vários filhos, tiveram um chamado Matias. Este, por
sua vez casou com Andreza Rodrigues da casa dos brasileiros. Este casal teve
muitos filhos: Manuel (1706), Matias (1712), Maria (1708), António (1710),
Jerónimo (1711), Francisco (1715), Teresa (1721), Joana (1727). O Matias
faleceu em 1744, enquanto a Andreza em 1770. A Teresa casou em 1759 com António
Alves Ribeiro, a Andreza casou com Manuel Alves Salgueiro, em 1762.
A
filha Maria casou com João Francisco da
Rocha em 1724, de Alvarães, e faleceu a
1755.
Este
casal teve 4 filhos: a Maria Rodrigues da Rocha, o Manuel, o António, e a
Joana. A Maria R. da Rocha casou em 1759 com o António Francisco dos Reis, os
quais tiveram 6 filhos: Manuel Francisco dos Reis, a Maria, nascida a 1764 e
casada em 1781 com António de Araújo, a Joana, nascida a 1769, a Teresa,
nascida a 1772, a Rosa, nascida a
1774 e casada com Manuel Francisco de Carvalho, em 1794, o António e a Luísa,
nascida a 1783 e casada com João de Freitas, de Darque, em 1803, e moradores na
Broeira.
O
António Francisco dos Reis faleceu em 1816. Deixou bens de alma pela mulher
Maria Rodrigues falecida dois anos antes, em 1814, pela sogra Maria Rodrigues,
pela cunhada Joana, entre outros. O terço dos bens ficou para o Manuel que
vivia com uma demente.
O
Manuel Francisco da Rocha, irmão da mãe, deixou aos sobrinhos todos os seus
bens à excepção do José, ausente na Galiza e rebelde, e à mulher de José Af.
Forte 50.000 de esmola; à Maria de Miranda, mulher de João Ribeiro Gomes,
30.000; à criada Maria Gomes 70.000 e uma leira da “Virinha” no lugar de
Ferrais e com a obrigação de dar 1.200 réis à Senhora do Terço da Capela do
Espírito Santo, de Barcelos. À criada Senhorinha Rodrigues, à conta da soldada,
130.000.
Estamos
no princípio do século XIX.
O
Manuel Francisco dos Reis, o primogénito deste matrimónio casou com Maria
Rodrigues dos Reis filha de João Gonçalves do Rato e Maria Rodrigues dos Reis,
prima, filha de uma irmã do pai. Este Manuel esteve no Brasil e aí arranjou
algum dinheiro e abriu novos horizontes à sua vida, pelo que fez algumas
compras de terrenos.
Deste
matrimónio houve 7 filhos a saber: Manuel (1819), Jerónimo (1826) que foi padre
e morreu novo, o António (1824) que casou a 1º vez com Maria Fernandes. Do 1º
casamento foi pai de Teresa e Maria...
depois de ter enviuvado casou com Maria Parente da Costa Lima de Vila
Fria, de quem teve 2 filhos, (o José e a Albina), a Maria (1814) que casou para
Vila de Punhe com o José F. Silva Quintas, o João (1814) que casou para Viana
com Maria das Dores Araújo, a Rosa (1821) que casou com Manuel Francisco de
Carvalho e outra Rosa (1816) que faleceu criança.
Manuel
Francisco dos Reis herda da sua mãe, Maria Rodrigues, o lugar e casas, torres,
terras, lagar, espigueiro do lado norte partindo da Nascente e Sul com outro
lugar deste casal no valor de 340.520 reis, uma Cortinha lavradia e vinha do
lado Sul da vivenda a partir com um bico que se separou para o co-herdeiro
António, uma leira de lavradio dentro da Quinta dos herdeiros, metade dum Campo
lavradio com água de rega e um moinho, chamado Muro do Regueiro, que parte do
nascente, com a co-herdeira Maria, uma terra de lavradio no sítio do Vermoim,
chamada Carreira e uma leira de lavradio no sítio da Morada, tudo no valor de
892.420 reis. À morte deixou os filhos,
João de 29 anos casado em Viana, a Maria de 28 anos, casada em Vila de Punhe, o
Manuel com 24 anos, o António com 19 e o Jerónimo com 17 anos. Ficou tutor do
menor, o João. Deixou em role 2 propriedades nas Borras, uma na Ponta da Veiga,
2 nos Boldrões, 1 no Chouso, 1 no Vermoim e 1 no Calvete. Contraiu alguns
empréstimos de 72.123 reis.
O
valor do seu formal no testamento foi de 370.617 réis, à sua parte.
Trouxe
uma grande questão com o vizinho Manuel Rodrigues Carvalho que tinha uma
oliveira, sua propriedade, e sobre a Cortinha pelo que houve uma conciliação e
recebeu de indemnização 6.600 reis, em 1838.
Hipotecou
algumas propriedades para poder ter crédito em alguns empréstimos, como a Bouça
de Lamas e o Pereiro.
Foram
credores Belchior Almeida, Simão Barbosa de Almeida e Manuel Francisco da
Rocha. À sua morte eram devedores à família o António Rodrigues Vaz, Manuel
Pereira Viana, Teresa Pereira e Manuel Rodrigues Barbosa.
A
viúva Maria Rodrigues faleceu a 1863 deixando 4 filhos e o Manuel estava casado
com Rosa Ribeiro da Silva, em sua companhia, a quem fazia o terço. O Pe.
Jerónimo, seu filho já tinha morrido. O filho Manuel tinha um filho no
Seminário, o Jerónimo e deixou-lhe mais bens para constituição do património do
neto ao receber ordens sacras. À criada chamada Ana que era filha de José
Rodrigues Barbosa deixou uma cama aparelhada e por não saber ler, nem escrever,
assinou a rogo dela o senhor Domingos Rodrigues Vaz, em 20/10/1873.
O
Manuel casou com a Rosa Ribeiro da Silva, filha de Manuel Fernandes (dos
Carrapatos) e Maria Ribeiro da Silva da qual teve 7 filhos: João, nascido em
1852 e falecido em 1876, o Jerónimo nascido em 1856, casado para Vila Franca
com Teresa Ribeiro da Silva e falecido a 1940. Andou no Seminário e a avó
paterna deixou em testamento um campo para o património, se ele fosse padre.
Ficou órfão de pai aos 17 anos e foi o tio João, casado em Viana, o seu tutor.
O Manuel Júnior nascido a 1856, casado com Rosa Pitta Bezerra, de Darque de quem teve o José Pitta Reis que,
por sua vez, casou com Rosa Sá Freitas Lima e teve os seguintes filhos: Maria,
António, Maria Luísa, Rosa, José, Manuel e Augusto, o José (1861), a Maria
(1850), o Miguel (1853) e a Ana, nascida em 1866, casou com António Rodrigues
de Araújo Coutinho, da Casa dos Cordoeiros, das Boas Novas, de quem teve 7
filhos: o António (1903), o José (1898), o Alexandre (1905), a Maria (1891), a
Ana (1907), a Rosa (1897) e a Laura (1909).
O
“apelido” brasileiro dado à Casa dos Brasileiros começou com o irmão de Maria
Rodrigues da Rocha, Manuel Francisco da Rocha que morreu solteiro e esteve no
Brasil a fazer fortuna.
Consta
que de lá trouxe um preto escravo chegando até aos nossos dias alguns
instrumentos utilizados nessa altura pelo escravo... O Manuel Francisco dos
Reis terá ido também ao Brasil, mas morreu novo em 1842 pelo que o filho que
ficou nesta casa Manuel Francisco dos Reis seguiu as pisadas do tio e do pai
indo ele também ao Brasil recebendo diplomas humanitários que ainda
possuímos, o que mostra ter sido pessoa que por lá esteve tempo razoável para mostrar o que valia e criar relações
sociais capazes de arrancar a admiração da população do Rio de Janeiro. Sabemos
que teve passaporte para se ausentar para o Brasil passado aos 16 anos e aos 25
anos, pelo menos.
Estamos
em pleno século XVIII.
O
Manuel fez inúmeras compras, mais de 200 mil reis com dinheiro ganho no Brasil,
parece que a sua ideia era comprar Mazarefes inteira e, do formal de partilhas
em 1898, constava o seguinte:
VIÚVA:1.Casas,
altas e baixas, espigueiro, eira, poço, terra lavradia, árvores de fruto,
vinha; 2.Cortinha; 3. Muro; 4.Moínho; 5.Mial; 6. Cabreiras de Sabariz;
7.Estacada da Ponta do Veiga; 8.Estacada na Veiga de S. Simão; 9. Leira na
Cachada de Cima; 10. No Prado; 11.Estacada de roço no Veiga; 12. Leira de Mato
e Pinheiros em Stº Amaro; 13.Leira lavradia no Mial pequeno; 14. Outra Leira de
Mato e Pinheiros em Stº Amaro; 15. Leira de Junco na Veiga de S. Simão;
JERÓNIMO: 16.Bouça de mato e pinheiros na Espinhosa; 17. Leira de Mato e
Pinheiros no Fontão; 18. Um campo de terra lavradia; 19. O campo do Estivada;
20.Terra lavradia na Morada de Cima; 21.outra na morada de Baixo; 22. Campo da
Quinta de Melo; 23. Leira de Mato e Pinheiros nos Raindos de Baixo; 24. Leira
de Paúl e Madeira no sítio da Bordonesa ; 25. Leira de lavradio e Mato na Areia
Cega da outra banda da freguesia de Mazarefes; MANUEL:26. Leira no Termo; 27.
Leira no Vermoim do Matias; 28. Terreno lavradio e vinha no Vermoim da Carreira;
29. Lugar de Casas dos Vermoins; 30. Casas altas e baixas, poço, árvores de
fruto e vinha, terra lavradia; 31. Bouça de Mato e Pinheiros no sítio dos
Borras; 32. Leira de mato e Pinheiros no sítio das Corgas; 33. Leira de Mato e
Pinheiros no sítio da Sarrubada; JOSÉ: 34. Leira de Mato e Pinheiros na Bouça
da (Curta?); 35. Leira de Mato e
Pinheiros em Stº Amaro; 36. Outra de Mato e Pinheiros em Stº Amaro, Bouça da
Quinta do Borralho; 37. Leira de lavradia e vinha na Saloa; 38. O Campo do
Vermoim da Velha; 39. Leira de Mato, Pinheiros e Carvalhos no sítio do Pelote;
40.Leira de lavradio e algumas videiras no Safrão; 41. Terra de lavradio e
vinha na Cachada de Baixo; 42. Estacada Pequena na Ponta do Veiga; 43. Campo de
lavradio e vinha no sítio da Foutela; MIGUEL:44. Moinho; 45. Bouça de Mato e
Pinheiros na Cabreiras de Baixo; 46. Terra de lavradio no sítio da
Junqueirinha; 47. Leira de Paul e Madeira na Junqueirinha; 48. Terra de
lavradio e madeira nos Bordones; ANA:49. Bouça de Mato e Pinheiros na Bouça da Terra; 50. Outra Bouça de Mato e
Pinheiros na Bouça de Curta; 51. Bouça de Mato e Pinheiros no Monte de Stº
Amaro; 52.Leira de Terra lavradia e vinha nos Chousos; 53. Leira lavradia e
vinhas nos Raindos; 54. Leira de Mato e Pinheiros no sítio da Couchada do Meio;
55.Leira de terra e lavradia no Mial de Baixo; 56. Paul, Madeira e Carvalhos nos Bordones; 57.
Estacada de lavradio e madeira denominada Polaina na Ponta da Veiga; 58.
Estacada de Junco no Roncal.
Era
um total de 3.095.285 reis que repartido por 5 filhos, pois os outros já tinham
morrido foi de 619.057 reis.
À
morte do Manuel, o filho Miguel, homem alto, forte, nariz comprido em rosto
redondo e avermelhado, não moreno, estava solteiro e ficou na Casa . Veio a
casar aos 52 anos com Maria Pereira da Cunha, mas por pouco tempo, pois
deitou-se a afogar no poço da água do consumo da casa. Um dos motivos de
afogamento foi, e não o menos importante, o facto de ter sofrimentos na cabeça.
Ela era sobrinha dum Padre ( O Padre Calisto), que morreu canceroso da cabeça e
três sobrinhos também tinham morrido da mesma doença e ela, ao que parece,
também estava a sofrer do mesmo, com fortes dores de cabeça...pelo que resolveu
acabar com a vida... O Miguel enviuvou e queria agora, não uma mulher, mas um
sobrinho em casa. Aí esteve um filho de Manuel Júnior, o José Pitta Reis, de
quem era tutor, pois era órfão, ainda solteiro a quem concerteza tudo prometeu
para casar com a sobrinha Maria, filha da irmã Ana, casada para a Casa do
Cordoeiro. Isso não aconteceu porque o José não aceitava essa hipótese e chegou
ao ponto de também ele sair zangado da casa do tio e ir até ao Brasil para
casar depois com Rosa Freitas Lima, de Darque. Entretanto, o “José do
Cordoeiro” e o seu irmão António estavam apostados em fazer casar o João do
Cordoeiro com a referida Maria...mas as opiniões divergiam-se.
O
Miguel, não conformado com a sua solidão, e talvez a querer outra coisa, novos
namoros fez à sobrinha para casar com o António, sobrinho também da irmã Ana e
mãe da Maria, filho do Alexandre, eram primos, e conseguir que viessem para o
pé dele. Assim foi. O António, filho do Alexandre intervém, deita a mão à Maria
e casa com ela. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano
depois de ter nascido o primeiro bissobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o
Manuel, que casou em 1946 com Deolinda Rodrigues de Araújo Amorim, filha mais
nova de José Rodrigues de Araújo Amorim e Antónia Rodrigues de Araújo, da Casa
do Zé do Monte, Lugar do Monte.
Na
casa dos Brasileiros nasci eu em 7 de Janeiro de 1947. Pelo que a minha mãe
conta não lhe ofereci uma vida muito fácil.
A
gestação foi complicada e...assistência, nessa altura, também não era fácil.
Sobretudo, na altura do parto, a situação complicou-se ainda mais, mas com a
ajuda da parteira da terra, a D. Inácia do Franco, vim a este mundo numa
Terça-feira, em dia de lua nova, pelas 17h30. Fui bem acolhido. Gostava de ter
presente na memória todos os carinhos que aí recebi, mas pelo que também a mãe
me diz, eu era chorão.
Chorava
porque era nervoso ou chorava porque queria mais carinhos do que aqueles que me
davam? Seria eu tão exigente?
É
pena que ao nascer não tenhamos logo a percepção completa das coisas, porque
sentiria hoje outra afeição pela falecida Maria que me viu nascer e que a vi
morrer em 1996 e o meu pai, nem imagino, ao sentir-se, pela primeira vez, um
homem criador e continuado no mundo. Que teria dito ele à mãe? Ambos enlevados
e a rebentar de alegria, à beira duma explosão de alegria afirmando a todos que
eram mais poderosos...
E
os avós? O primeiro neto...Estatutos que permaneceram: o Nel do Lexandre e a
Linda do Zé do Monte são pais, o Tone Lexandre e a Maria Grijeta, o Zé do Monte
e a Tónia Catrina são avós.
Chega
o dia 12 de Janeiro, levaram-me à Pia Baptismal...fui mouro, vim cristão e os
responsáveis foram o Artur e a Maria, o cunhado dos pais e a irmã da mãe. Era
assim. Lá foi a madrinha com o Artur mouro e lá trouxeram o Artur cristão,
depois do Pe. António Quesado, Pároco de Vila Franca, ter feito as honras da Igreja
Católica, à porta da igreja e depois, na Pia Baptismal de Mazarefes, ter
declarado: Artur, eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Os
paninhos que me embrulharam ainda existem. Serão?...
Regresso
a casa levado pelos padrinhos como cristão.
De
brasileiro só tinha do meu trisavô paterno-materno, era o Manuel Francisco dos
Reis, pai de Ana do Cordoeiro, avô da minha avó paterna Maria Ribeiro da Silva
Coutinho e bisavô de meu pai e trisavô meu e de meus irmãos.
Um
dia nesta casa onde vivi alguns meses depois de ter nascido e depois ter ido
para o Seminário aí pelos 13 anos, aí descobri todos os documentos que tenho
entre mãos. A cabeça de S. Bruno em pau preto, naturalmente, vindo do Brasil,
assim como algumas moedas de prata antigas da monarquia, o Cónego Luciano
Afonso dos Santos, Reitor do Seminário de Santiago, Director Fundador do Museu
Pio XII ficou com as referidas peças para enriquecimento do património
museológico. Encontrei ainda um livro manuscrito cheio de poesias ricas em sátira, humorística e
religiosa não faltavam.
Esse
livro mostrei-o ao meu professor de filosofia Dr. Raúl Teixeira e ficou-me com
ele até nunca mais o ver. Dele transcrevo uma que ainda possuo. Tinha outras,
mas não sei delas...
Versos
de improviso a um sujeito que estava com a boca aberta
Ao pé de Sta. Teresa
Trepada numa taboca
Estava uma muriçoca
Tocando num realejo
A contradança francesa
E juntamente a cantar
Nisto ia por lá passando
Um taludo mariola
Que em lugar d’ir para a escola
Espantado pôs-se a ver
A muriçoca tocando
Que o fazia admirar
Mas um cagalhão q’andava
Naqueles sítios voando
Foi-lhe pela boca entrando
E o Tone que sem dar fé
Mui lampeiro o foi chuchando
Meseno até sem o mastigar
Portanto meu caro amigo
Evite andar com a boca aberta
(.................)
Quem
foi o autor?
Ou eram poemas do Manuel Francisco dos Reis
quando ausente no Brasil ou de Jerónimo Francisco dos Reis, seu tio Padre que
aqui viveu no século XVIII.
A CASA DOS CATRINOS
= OS ARAÚJOS=
Quem deu grande ser à Casa dos
Catrinos foi o Manuel Araújo, carpinteiro, casado com a Maria (Forte), dos
Funfuns, Maria Rodrigues, filha de José Afonso Forte e Maria Rodrigues, também
conhecidos pelos cabanos, avós do Alípio Forte.
Eram conhecidos pelos cabanos porque
tinham as orelhas grandes e à semelhança do Boi Cabano - cornos baixos e
levantados nas pontas ou o Boi Pereiro - cornos para o ar. Os Funfuns foram os
primeiros da freguesia a viver mais a sul de S. Simão onde viviam as Capotas,
junto dos “Muros”.
Os Catrinos aparecem em Mazarefes na
Casa que depois tomou o nome de “Casa do Zé do Monte” junto à passagem de nível
do comboio e que hoje é da Maria do Céu.
Esta casa era de António Araújo, pedreiro,
oriundo de Vila Fria. Vieram, por isso, os Catrinos de Vila Fria, gente simples
e humilde que vivia do seu trabalho. Era uma família muito unida e todos os
Domingos, desde tempos antigos, de tarde, os irmãos se reuniam na casa paterna,
todos tinham de entrar ao Domingo na casa, onde tinham nascido, ainda que os
seus progenitores já fossem falecidos.
Por causa desse costume, por
exemplo, o Manuel, o José e a Antónia faziam no tempo da chuva bailes na sala
da casa. O Manuel Catrino do Cruzeiro tocava concertina, a Antónia e o Zé da
Regadia, o cunhado e as cunhadas dançavam...Um dia o Senhor Abade António
Francisco de Matos passou e ouviu os acordes da concertina, os pulos, os ritmos
de dança, o bater do tacão e comentou: lá estão os Catrinos no catruca catruca,
a catrucar na sala. Como carpinteiro, o Manuel, foi trabalhar para Lisboa, para
o restauro da cidade depois do Terramoto, deixando naquela casa a mulher, meia
dúzia de ovelhas e uma tourinha na corte. Ela dedicava-se à salga de sardinha
em casa e a vendê-la a todos os que lá iam comprá-la. Fazia bom negócio, a
ponto de quando o marido veio de Lisboa em visita ela já tinha comprado uns
bois e um carro para depois do primeiro abraço à chegada, lhe mostrar o fruto
do seu trabalho e assim lhe mostrar que se ele foi trabalhar, ela também não
ficou parada e fez pela vida.
Quanto à casa dos Capareiros que
ficava dentro do mesmo quintal e conhecida pela “Casinha” até 1985 mais ou
menos, hoje está reduzida pela obra da casa que a Maria do Céu e o marido
fizeram nova, foi comprada pelo Manuel Araújo e o canto do lado poente
confinava com o Abade Matos e para aumentar ao seu património pediu ao Manuel
Araújo para lho vender, mas a resposta ao Abade Matos foi negativa e bastante
irreverente.
António Araújo casou com Maria
Rodrigues em 1781 e foi pai de 8 filhos, a saber: o António, o Manuel, a Maria,
a Teresa, a Joana, o Francisco, a Rosa e a Luísa. A Luísa casou com o
primo José. O José era filho de Manuel Araújo e Catarina A. Peixoto (de Vila
Fria). Foi o José, filho deste casal, que casou com a prima Luísa e foi pai de
3 filhos, a saber: o Manuel (1831), o António (1835) e a Rosa
(1837), falecida a 1840. O Manuel Araújo casou com Maria Rodrigues, filha de
José Afonso Forte e de Maria Rodrigues, casados em 1843 e foram o José e a
Maria, pais de 4 filhos: o Manuel (1879), a Maria (1882), o José (1885) e a
Antónia (1877). Esta Antónia casou com José Rodrigues de Araújo Amorim,
da Casa das Claras e foi mãe da Maria, José, Domingos e Deolinda. O Domingos
morreu queimado na lareira no dia de Páscoa, ao meio dia, quando a mãe
preparava a sala da casa para receber o compasso pascal. Curiosamente uma
sobrinha neta ficou, em dia de Páscoa, à noite, na mesma cozinha sem uma mão. O
José casou para Vila Fria com Conceição Lima, de Anha e sobrinha do tio José do
Couto e, deste casamento, houve 5 homens (o Manuel Artur, o Joaquim, o José, o
Martinho e o Agostinho. A Conceição morreu cedo, de doença cancerosa e o José
voltou a casar com Alice das Marinhas de quem teve duas filhas: a Renata
e a Sandra. A Maria casou com Artur Augusto Matos, de Vila Franca, familiar do
Pe. João Matos de Vila Franca, a Deolinda casou com Manuel Ribeiro Coutinho, da
Casa dos Brasileiros e é mãe do Pe. Artur, do Eng.º Abel e da Maria do Céu. O
Abel casou com uma sobrinha de Mons. Sebastião, a Isabel Joana L. Pires, e a
Maria do Céu com José Gonçalves Barreto.
ANTÓNIO ALVES DE CARVALHO
António Alves de Carvalho, nascido
em Mazarefes, em 1913, veio para Viana depois do mês de Julho, porque a 25 de
Julho ardeu a casa de seu avô e, de seguida, foi vendida ao António Coelho de
Viana por 1.000.00 e veio para Viana viver numa casa alugada. Ora ele tinha
apenas uns meses, nasceu em Abril. Em Viana viveu à Rua dos Manjovos e casou em
21.10.44 com Gracinda Viana Salgado.
Trabalhou 39 anos e meio em
drogarias e desses, 38 anos trabalhou na Drogaria do Afonso de Monção com os
irmãos João e o Augusto Palma da Silva. Dedicava-se nos tempos livres à pesca à
linha no rio. O António Carvalho tirou o Curso Comercial e foi o último com mais
10 colegas que tirou esse curso apenas de 4 anos. A partir daí começou a ser de
5 anos. O Senhor António era filho da Cândida e neto de António Alves de
Carvalho Júnior, de Alvarães, casado em Mazarefes, era professor e a filha
Cândida era sua auxiliar e foi credenciada oficialmente como professora. A
Cândida tinha nascido a 30.05.1874 e faleceu a 02.05.1969.
Depois dos 38 anos de serviço na
drogaria, o Carvalho foi trabalhar na contabilidade do Eugénio Pinheiro mais 22
anos. Era filho de mãe solteira e tinha um irmão, ambos filhos do Padre
Marinheira, antes de ser padre... O Padre Marinheira ordenou-se muito tarde até
por causa disso e depois a mãe, com ele já ordenado, pôs uma questão no
tribunal que foi defendida pelo advogado Dr. A. Ribeiro da Silva e uma das
testemunhas foi o “António Alexandre”. A
questão ficou mal resolvida, houve muita pressão de eclesiásticos, inclusive,
do Arcebispo de Braga. O pai era de nome Manuel Barbosa Meira que nasceu a
21.01.1868 e morreu a 30.05.1939, com 71 anos. O filho António tinha 26 anos.
A
Aurora do Coco, por ter casado com o Coco, e também utente do Centro de Dia,
moradora na Rua da Bandeira, era filha da Justina.
Casa do Necas Reis
A
casa de Gavindos, também conhecida pela Casa de Coibindos, a poente de Vermoim
de Baixo foi uma casa dos Capelos, no séc. XVI.
Era a penúltima casa da freguesia de
Mazarefes quando o centro urbano desta freguesia se localizava na Veiga de S.
Simão.
De
onde eram os Capelos, ou como eles apareceram em Mazarefes, desde quando e como
dos Capelos chegou até agora, não sabemos. A ordem dos nomes que se prenderam
com esta casa aqui ficam, mas... como esta casa seria no seu início não se
sabe. Talvez como muitas outras da ocasião. Pedra solta, sobreposta e coberta
com colmo, mais como um barraco de pedra.
Em
1804 aparecem registos de duas ou três casas existentes nos Raindos, de difícil
localização.
Os primeiros
proprietários da casa localizada no lugar de Gavindos ou Coibindos, junto do
Vermoim de Baixo foram Cristovão Rodrigues e Maria Rodrigues, casados em 1661.
Cristovão
faleceu em 1684. A filha Isabel Rodrigues casou com Gonçalo Rodrigues do Souto,
que, por sua vez, deram ao mundo um varão de nome Matias Rodrigues que casou
com Andreza Rodrigues do lugar do Souto, filha de um irmão de Gonçalo
Rodrigues. O casal teve uma filha, a Maria Rodrigues, nascida em 1708 que casou
com João Francisco da Rocha, em 1740, de Alvarães. O casal teve 5 filhos:
Maria, Manuel, Domingos, António e Joana. A Maria Rodrigues da Rocha casou em
1759 com António Francisco dos Reis, também de Alvarães e viveram na casa dos
brasileiros. Um dos filhos, o Domingos, morreu em Lisboa, em 1707.
Este
casal teve um bisneto que saiu da Casa dos brasileiros, o Manuel Júnior que lhe
tocou esta casa dos Gavindos, mas morreu
novo, assim como a mulher, da febre pneumónica. O único filho, José Pitta Reis,
orfão aos 15 anos, enquanto menor ficou a viver com o tio Miguel Francisco dos
Reis, casa dos avós paternos, portanto na casa dos brasileiros. Casou com Rosa
Freitas Lima, de Darque e, em Darque, viveu, como viveu a maior parte da sua
vida nesta casa agora em nota. Assim os filhos Manuel e Augusto nasceram em
Darque, mas os restantes nasceram nesta casa. O José Pitta Reis esteve 8 anos
em Mato Grosso, no Brasil, onde seu pai também tinha estado, o tio Manuel e
outros antepassados da casa dos brasileiros.
O
Necas é agora o seu proprietário e que dela tem cuidado com desvelo.
Primeiramente
ela começou por ser uma casa térrea e subida depois, funcionou nos baixos da
casa, alugada ao José da Cunha, uma venda e um armazém do sal.
Nela
viveu o tio-avô do Necas, logo que casou, o José Francisco dos Reis, irmão mais
velho do Manuel Francisco dos Reis Júnior, até à compra duma casa própria.
Depois viveu uma família da “Recoca” até os pais do Necas irem tomar conta da
casa herdada, deixando a da família de Darque.
Trata-se
pois duma casa bem antiga quanto à localização, pois levou várias
transformações como é possível testar com algum espírito de observação.
O
José Pitta Reis, pai do “Necas Reis” teve de sua mulher Rosa de Sá Freitas
Lima, de Darque, 7 filhos, a saber: a Maria que casou com o Amândio e é mãe de
4 filhos, a Maria Luísa que casou com o José Carneiro e tem 3 filhos, a Rosa
que casou com o Alcino Ferreira e tem 3 filhos, o José que casou com a Catarina
e tem 3 filhos, o Manuel que casou com Maria Augusta Pimenta e é pai de uma
filha e o Augusto casado com a Beatriz Silva, com 10 filhos.
Casa do Zé Brasileiro
Manuel
Francisco dos Reis, casado com Rosa Ribeiro da Silva, moradores no lugar da
Namorada, conhecido também por lugar do Souto, tiveram um filho chamado José
Francisco dos Reis, em 1861. Veio a casar com Maria Rodrigues Leite da família
“dos Piscos”, filha de José Rodrigues Vaz e Teresa Joaquina Leite, em 1892.
Foram residir na casa do irmão já falecido, o Manuel Júnior, no lugar de
Gavindos, onde hoje é a Casa do Necas Reis.
Depois
comprou a casa onde hoje residem os herdeiros do Zé brasileiro, aos “Vieiras”
que eram cesteiros, por 400.000 réis.
Deste
casamento nasceram 7 filhos: a Maria, a Rosa, o Manuel, a Emília, o Avelino, a
Ana e o José. A Maria casou com o José Rodrigues de Araújo (dos Catrinos) e foi
mãe de 3 filhos: a Conceição, a Maria e
o Manuel. O Manuel ficou em casa e casou com Rosa Coutinho (da Tia
Deolinda do Cruzeiro) e é pai de 5 filhos para além de uma menina Olívia que
morreu. A Maria casou para Anha com José Lopes e não tem filhos. A Conceição
veio para esta casa e casou com um primo. A Rosa faleceu muito jovem, vítima de
pneumónica, o Manuel casou com a Ana Barbosa (do Xico Ferreiro) e foi pai de 3
filhos: o José, a Maria e o Manuel, O José casou com a Conceição Valada
e tem uma filha, a Maria casou com um Manuel Pereira e tem 3 filhos, uma
filha é deficiente. O Manuel é solteiro. A Emília ficou solteira, o
Avelino emigrou para o Brasil e morreu lá, solteiro. Consta que se juntou com
uma brasileira. A Ana casou com o João Gonçalves Barreto e é mãe de 5 filhos: o
Manuel, a Maria, o José, a Conceição e o Narciso. O Manuel casou com
Maria Coutinho de Alvarães, sobrinha do Joaquim Coutinho (o fidalgo, marido da
Marta do Alexandre) e é pai de 3 filhos; o Pedro Avelino, morreu afogado no rio
Lima com cerca de 14 anos, a Maria
casou com Manuel Alves Pereira e não tem filhos, o José casou com Maria
do Céu Rodrigues Coutinho e é pai de 2 filhos, a Conceição casou com
António Alberto Borlido e é mãe de 3 filhos e o Narciso casou com Albina
Vaz (dos Piscos) e é pai de duas filhas. O José ficou em casa e casou com a
Beatriz da Cunha. O José ficou conhecido pelo José brasileiro sem ter ido ao
Brasil, mas herdou a alcunha “brasileiro” do pai que saiu da casa dos
brasileiros.
O
Zé brasileiro que tinha casado com a referida
Beatriz mandou a mulher grávida embora para a casa dos pais. Ficou só.
Mais tarde levou para casa a sobrinha, filha da Maria e de José Rodrigues de
Araújo, chamada Maria da Conceição Vaz de Araújo que casou com o Manuel
Rodrigues Coutinho, filho do José Cordoeiro e da Deolinda do Alexandre, da casa
junto ao Cruzeiro. Que também não deixaram descendentes.
A CASA DOS CORDOEIROS
A Casa dos Cordoeiros foi sempre
conhecida por uma grande casa da terra. Os Cordoeiros eram muito conhecidos,
uma casa forte, casa rica.
Dizem que tinha a ver com uma
cordoaria, mas consta que o nome de Cordoeiros o recebeu esta família por se
dedicar ao contrabando de cordas espanholas que vinham de barco pelo mar,
subindo o Rio Lima até ao poço Tranquinho, onde recebiam a mercadoria e depois
a negociavam...
O Cordoeiro deveria ter nascido na
casa onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro e em 1699, aí viveu o Manuel Alves
Cordas e só em fins do séc. XVIII, os Coutinhos chegaram a Mazarefes. Seria
alcunha? Deixando a alcunha “Cordoeiros”, naturalmente ligada ao negócio de
cordas, vindas ou não de Espanha, de contrabando ou não, o que é certo é que
esta casa é a Casa dos Coutinhos e os Coutinhos para Mazarefes vieram de
Alvarães, de Vila de Punhe, de Vila Fria e de Darque. No entanto, os actuais
Coutinhos são todos Cordoeiros na sua origem de Vila de Punhe e de Darque e
deviam ter nascido aí. A Casa dos Cordoeiros da Capela veio depois ou porque
desenvolveram o negócio e se fizeram mais ricos ou por outro motivo que se
desconhece.
O negócio das cordas foi anterior e
veio de outras famílias, inclusivamente. Já referi o Manuel Alves Cordas, e
outro, é o Manuel Luís Gandra, o Cordoeiro, que casou em Mazarefes, em 1838 com
Rosa, filha de José de Araújo Coutinho.
Os Coutinhos que hoje existem vão
todos entroncar no casamento de Domingos de Araújo Coutinho, de Vila de Punhe,
com Josefa Soares, de Darque. O filho deste casal José de Araújo Coutinho foi o
“Cordoeiro” por excelência, pois possuía em Viana uma Cordoaria, tendo grande
sucesso neste negócio. Casou com Maria Rodrigues, em 1802, filha de Francisco
Rodrigues de Carvalho e Teresa Rodrigues, das Boas Novas, em 1806. Deste
matrimónio nasceram 9 filhos, a Maria (1804), o Manuel (1807), o Francisco
(1810), Alexandre (1813), a Ana (1815), Rosa (1816), Ana (1820), Inês (1822) e
José Rodrigues de Araújo Coutinho (1826).
O Francisco casou com Teresa
Rodrigues, filha de Francisco António de Matos e Teresa Rodrigues e foram os
pais do Padre José de Araújo Coutinho, foi ao Brasil, celebrava na Capela das
Boas Novas, foi autor da reconstrução da Capela de S. Simão, no Lugar da antiga
igreja paroquial e foi Pároco de Mazarefes, nasceu em 1835 e faleceu em 1892. O
Francisco foi pai de 6 filhos: O Manuel (1835), a Maria, a Ana (1840), a Inês
(1842), a Teresa (1844) e a Rosa (1847).
O José ficou na casa e casou com
Maria Rodrigues do Rego (de Anha). Este José Rodrigues de Araújo Coutinho não
era negociante de cordas, nem fabricante delas. Era negociante de milho e
fornecia Viana. Os negócios fazia-os nos Concelhos de Arcos de Valdevez, Ponte
da Barca e Ponte de Lima. O transporte era feito em barco. Morreu muito novo,
aos 35 anos, depois de uma coça que lhe deram nos Arcos. Morreu em casa, em
Mazarefes e deixou viúva a Maria Pinta, de Anha (Maria Rodrigues do Rego). Este
casal teve 5 filhos: o António (1866) que casou com Ana Ribeiro da Silva da
Casa dos Brasileiros e que ficou em casa, o Alexandre (1855) que casou para a
Conchada com Maria Rodrigues da Torre, o José (1856), escrivão de direito, que
casou com Maria das Dores, em 1880, filha de João Francisco dos Reis e Maria
das Dores Araújo, de Viana, o Manuel (1849) era lavrador e casou com Rosa
Ribeiro, filha de José Pereira Pinto e Teresa Ribeiro, em 8 de Dezembro de
1871, para a Casa da Castela de Cima ou Castela da Estrada e o Francisco
(1852).
1. O ALEXANDRE era lavrador e teve
de sua mulher, Maria Rodrigues da Torre, a Morgada, muito rica, (dos Piscos do
Monte, primos dos da Regadia, daí o apelido “Vaz”) 10 filhos: o José (1886) que
casou com a irmã do Zé da Vila, prima carnal e foi pai de 7 filhos: o Manuel
- Padre com a dignidade de Monsenhor, a Madalena que casou com o primo,
filho da Casa da Vila e deixou um filho, a Emília que casou com Casimiro
Araújo e mãe de duas filhas, a Maria que casou com António Alves
Pereira, mãe de uma filha Rosa, conhecida pela “Rosinha”, a Deolinda que
casou com o José Pitta e morreu nova sem filhos, a Rosa que casou com o
José Pitta, viúvo e cunhado, e mãe de um filho, o José casado com
Eulália, de Sta. Marta e pai de uma filha e Alexandre que estudou
medicina no Brasil e morreu esmagado no Brasil, quando de moto ultrapassou um
carro no Recife, o Manuel (1888) que casou, no Brasil, com uma alemã e morreram
sem filhos. O Primo (1891) morreu criança, a Deolinda (1893) que casou com o
primo carnal José de Araújo Coutinho, tio do actual Francisco do Cordoeiro e
mãe da Rosinda que casou com um Sampaio de Anha e mãe de duas filhas, a Rosa
que casou com o Manuel Coutinho de Araújo (Catrino) da Regadia, mãe de 5
filhos: o José, casado no Brasil e pai duma filha, a Rossana, a Maria,
casada com José Vaz e mãe de 2 filhos, o António casado com a Conceição
de Anha e com 5 filhos, o Abel, casado com Olívia de Vila Franca, com 2
filhos, o Manuel que casou com Conceição Araújo, da Regadia e sem
filhos. O António (1896) que casou com a prima carnal Maria Ribeiro da Silva,
que foram para a Casa dos Brasileiros herdar os bens do tio Miguel Francisco
dos Reis, irmão da mãe da Maria e foi pai de 2 filhos: o Manuel e
a Maria. A Maria casou com 18 anos para Barroselas com
Abel Sá Portela, mas não tiveram filhos; o Manuel casou com a Deolinda
do Monte e foi pai de 3 filhos: o Artur que é padre, o Abel que é
engenheiro técnico e casado com Joana Isabel Lourenço, prima carnal de
Monsenhor Sebastião Ferreira e pai de duas filhas, a Maria do Céu,
doméstica e casada com José Barreto, oriundo também da Casa dos Brasileiros
pelo lado da mãe e ambos tem 2 filhos. O Abel (1898), que morreu jovem depois
de ter lido a Bíblia e com perturbações por não compreender alguns textos, a
Maria (1902), que casou para Anha e morreu sem filhos, a Rosa (1904), que
morreu solteira e sem filhos, a Marta (1906), que casou com Joaquim Alves
Coutinho, de Alvarães, tio do Pe. Dr. Jorge Peixoto Coutinho. A casa onde viveu
era do chefe e fundador da Banda do Carvalho. Quando na festa de S. Silvestre,
em 25 de Julho, Cardielos, regia a banda acabou por ver a sua casa em Mazarefes
a arder pelo que desanimou, vendendo-a a alguém a quem o Alexandre a comprou e
depois foi para a Marta que foi mãe de 5 filhos: a Deolinda casada com o
Joaquim Araújo de Anha e com 2 filhas, o Manuel casado com Rosa Alves de
Vila Franca e com 8 filhos, a Maria casada para Alvarães e mãe de 3
filhos, a Cândida casada com Manuel Rodrigues, de Durrães e sem filhos e
a Augusta casada com Joaquim Lourenço. A Conceição (1909), que casou
para Vila Fria com Alfredo Lima, dos Caroças e a última dos irmãos a falecer em
1999, foi mãe de 4 filhos: o Alexandre, Major de Cavalaria, casado com
Isabel e com 2 filhos, a Augusta, casada com António Rego e com 2
filhos, a Cecília, casada para Vila Franca e com 2 filhos e o Manuel,
casado e com 4 filhos.
2. O ANTÓNIO era lavrador, ficou na
casa e teve também 10 filhos, depois de ter casado com Ana Ribeiro da Silva, da
Casa dos Brasileiros: A Maria (1891), que casou com o primo carnal António e
foi para a casa do tio Miguel, da Casa dos Brasileiros, a Rosa (1896), que
ficou na casa até à morte da mãe e casou com António Correia e foi mãe da
Elvira (casada com Floriano de Vila Franca e mãe de 3 filhos: a Maria,
casada com Constantino Liquito e mãe de 3 filhos, tendo já falecido o Carlos,
de acidente em 1985, a Idalina, casada com o António Coutinho de
Carvalho e mãe de 3 filhos). O António que morreu criança, o José (1898), ficou
inicialmente em casa, mas morreu muito novo, com uma pneumonia, talvez
provocada por excessos de zelo e trabalho com o moinho que foi do Santa Marinha
e hoje é da viúva de José da Silva de Oliveira Reis, D. Albina Carvalho, o
Moinho conhecido pelo da “Fonte dos Anjinhos”. A viúva deste José, Emília Barbosa,
das Marinheiras, casou novamente para Vila Franca, com o Manuel Pequeno, pai
dos actuais “Pequenos” de Vila Franca. O José morreu cedo, mas ainda foi pai de
4 filhos: o António casado com Olívia, não teve filhos e acabou por
ficar com a Casa de Origem, o Manuel, casado e com 2 filhos (o filho
José morreu fulminado por uma faísca) e ele falecido em 2000 na África do Sul,
onde morreu o filho José, a Laurinda, casada com Bernardino Jácome, de
Vila Franca e com 2 filhas: a Elvira e a Albertina. A Elvira casou com o
Agostinho Manso e tem 2 filhos: o Fábio e o Adolfo. A Maria Albertina casou com
Adolfo Azevedo e é mãe de 2 filhas (a Sílvia, jovem estudante que morreu de um
acidente de carro e deixou um testemunho religioso muito forte e a Ariana) e a Elvira
casada com Bernardino Pequeno e com 3 filhos. A viúva Emília teve ainda do
Manuel Pequeno mais 4 filhos. A Antónia (1894), que morreu jovem, a Laura
(1902), que casou para Anha com António Silva e teve 5 filhos: A Rosa,
que casou com o Manuel Faria em 1941, mãe de 2 filhos, o Manuel, que
casou a primeira vez com Maria Pintado em 1943 e morreu em 1964 e pai da Isabel
e do Filipe e casou a segunda vez com Anie uma francesa, a Maria, o António
e a Lucinda, casada com José Marinho em 1931 e mãe de 3 filhas. A
Antónia (1903), que morreu criança, a Albina (1904), que morreu cedo, o
Alexandre (1905), que morreu cedo, a Ana (1907), que casou com Alfredo Correia,
irmão do cunhado, mãe de uma filha e vivem no Barreiro, em Lisboa.
3. O MANUEL, casou com Rosa Ribeiro
em 1871 e teve o Francisco que casou com Teresa Maciel de Matos, de Castelo de
Neiva, filha de Francisco António de Matos e de Antónia da Piedade de Passos
Pereira Maciel e madrinha da Antónia Rodrigues de Araújo (Catrina), vindo para
Casa da Castela de Baixo, o José que foi Padre e Prior de Anha, imprimindo ao
seu trabalho tal carácter e dignidade que ainda hoje se fala do velho Prior
d’Anha, com saudade. Se se fala com saudade e admiração deste prior, consta que
na República celebrava missa com a pistola sobre o altar!... Em 1950 celebrou
as Bodas de Ouro Sacerdotais, pois tinha sido ordenado em 25.03.1900. A Rosa
(1885)* casou em 1910 com um irmão do Abade Francisco António de Matos e ficou
na Casa da Castela da Estrada, chamava-se, o marido, António Francisco de Matos
e foram pais de 4 filhas: a Maria, casada com António Cunha e mãe de 4
filhos, a Cecília, casada com Cândido Carriço e sem filhos, a Emília,
casada com o Pitta da Ponte Seca e mãe de 4 filhos e a Ermelinda que
morreu solteira. O Domingos, conhecido por Domingos do Pinto (da Igreja),
irmão, por isso, do Prior d’Anha e era “Pinto” porque era neto do José P. Pinto
e casou com uma irmã do Pe. João Matos, de Vila Franca, a Emília. Era ainda
irmã do Dr. João de Matos, o homem do Estádio Vianense.
4. O JOSÉ, Louvado, Juíz de Paz e
escrivão de direito, casado com Maria das Dores Araújo (irmã do Manuel da Vila,
pai do Zé da Vila, avô do Avelino da Vila), de Viana, filha de João F. dos Reis
e Maria das Dores Araújo. Do casamento resultaram os seguintes filhos: a Maria
(1881), a Rosa (1883), o João e o José (1888), o João (1890), a Ana (1893), a
Emília (1897), o Manuel (1901).
O filho José casou com a prima
Deolinda, filha do tio Alexandre da Conchada e viveram na casa conhecida pela
“Casa da Tia Deolinda” por a ter recebido do pai que a tinha comprado ao irmão
Francisco, falecido na Maia. A Emília casou com o primo João Rodrigues de
Carvalho (conhecido por João Deira, para onde foi viver), a Rosa casou com
Manuel Rodrigues de Araújo (Catrino) e foi viver para a casa junto do Cruzeiro
e foi mãe de 3 filhos: a Maria, o Manuel e o José, a Ana
casou para Deão com João Alves Pedra. Deste casamento para Deão surgiram 6
filhos: o Manuel, a Maria que casou com um oficial do exército e
teve 5 filhos, a Emília que casou com Adriano Carvalho, também com 5
filhos, o Francisco casado para Vila Flor com Maria do Céu Ramos e teve 2
filhos, a Ana casada com José Rocha de Deão e com 5 filhos e a Lurdes
casada com o primo João e a viver em Vila Fria e com 3 filhos. O Manuel foi
para a França, a Maria casou para Vila Franca e não teve filhos, o João casou
com a Emília das Deiras, irmã de João Rodrigues Carvalho, aliás com uma cunhada
da irmã Emília, também chamada Emília. Do casamento do João com a Emília houve
o Francisco que ficou em casa, casando com uma Alice Taborda Jácome de
Vila Franca (João, Albertina, Maria das Dores, Maria de Lurdes e Fernanda); a Dores
que casou com Manuel Rocha (Avelino e José Jorge); o João que casou para
Vila Fria com a prima Lurdes de Deão (Nazaré, Maria, José João); a Emília
que casou para Vila Franca, a Ana que casou com José Liquito (Isabel e
José); a Gracinda que casou com Graciano Forte (Manuel e Maria Cecília)
e a Maria que morreu sem filhos depois de ter casado com Luís Viana de
Sabariz (Judas), o José com Deolinda do Rego de Anha para onde foi viver
(José, António, Maria Luísa, Maria Olívia).
O João morreu de Doença.
A Rosa casada com o Manuel (dos
Catrinos) foi mãe de Manuel que ficou solteiro, o José que casou
na Argentina com Helena, uma Portuguesa e teve dois filhos, um falecido e o
Sérgio, a Maria, conhecida pela Quinhas dos Catrinos que morreu
cancerosa e relativamente nova, casada com um primo, o Francisco Coutinho de
Carvalho e mãe do Manuel, Avelino, Sara, Fernanda e José.
A Emília casou com o primo João
Rodrigues de Carvalho e foi mãe de Francisco, João, António, Luzia. O Francisco
vai para os Catrinos, o António para os Cordoeiros e casa com a Idalina,
neta de Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros e a Luzia casa com
um Reis da Casa dos Brasileiros. Só o João casou para fora...
5. O FRANCISCO, foi conhecido por “O
estudante” porque estudou para Padre. Não acabou os estudos e fez-se escrivão
de direito. Casou com Rosa Cândida Alpuim da Silva Menezes, de Vila Fria, em
23/11/1882. Faleceu em Rio Tinto em 1906 com filhos, na Vila de Barreiros da
Maia. Era, na altura, Chefe da Repartição de Finanças e tão bem conceituado,
que todo o comércio da Vila fechou na hora do funeral. Uma filha, casou em
Londres com um neto do Rei D. Carlos. Foi ele que construiu a casa onde
habitaram depois os sobrinhos, casados, o filho de um irmão José, que também
era “José do Cordoeiro” e a Deolinda filha do irmão Alexandre que tinha casado
para a Conchada. Foi o irmão Alexandre que comprou a casa para a dar à filha.
Hoje habita nela a Fátima. Nesta casa a que me refiro, funcionou uma escola
primária. Foi pai do António em 1884.
Os Cordoeiros nunca tiveram entre os
irmãos as melhores relações. O José, Louvado, casou com uma irmã do Manuel da
Vila, o António casou com uma irmã do Tio Miguel Brasileiro, o Alexandre casou
com a “Pisquinha”, Maria Rodrigues da Torre, filha do Zé do Pisco do Monte,
José Rodrigues Vaz, era a Morgada...para não haver “colheres a partir” ficava
tudo na casa.
Assim já tinha sido com os seus
antepassados e assim continuava...e os Cordoeiros recolhidos no seu orgulho de
serem quem eram, ricos...o Alexandre, por ter casado com a Morgada, a mais
poderosa em teres e haveres, nunca “passou cartão” aos outros irmãos. Tudo bem,
mas...havia sempre um senão...que alguns percebiam como “não passar cartão”,
por isso nem os irmãos, nem os primos se davam lá muito bem...
As coisas agravaram-se com o
casamento do António, filho do Alexandre com a Maria, filha do António
Cordoeiro porque o pai da Maria e o irmão José procuravam outro casamento para
engordar riqueza reunida na casa dos Brasileiros, mas o Alexandre, isolado e
perspicaz, conseguiu que o filho vencesse na conquista da amada, sua prima
carnal, retirando-a ao primo João do Cordoeiro, desfazendo projectos dos Tios
José e António.
O Bisavô António do Cordoeiro não
gostou nada e nunca mais se deram muito bem o tio-sogro e o sobrinho-genro. Aí
as zangas foram mais manifestas e talvez o equilíbrio estivesse na atitude do
Louvado, o José do Cordoeiro, que não ligou grande importância, ou pelo menos,
não o manifestou.
Todos os Cordoeiros sempre foram
homens de dinheiro e o Bisavô António sempre manteve essa hegemonia, mas nunca
deixou a chave por mão alheia e, hoje, a casa já não está na mão da família. É
da viúva do “António da Capela” seu filho, que não deixou geração. Esta casa é
a nova porque para mim os Cordoeiros velhos eram da casa mais acima, a casa
onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro, a Casa do Alambique.
*
Esta era irmã da mãe do Zé da Vila.
JOSÉ ALVES FERREIRA
José Alves Ferreira, hoje com 90
anos de idade, pois nasceu a 16.04.1910 e casou para Mazarefes com Rosa
Ferreira Torres, filha do famoso pirotécnico da terra, Manuel Ferreira Torres.
Ao contrário do que possa parecer não eram primos em nenhum dos graus, por
isso, outro ramo “Ferreira” apareceu em Mazarefes.
O José Alves Ferreira sob a mestria
do Mestre Lima começou a sua arte de pedreiro, fazendo-se depressa um hábil
canteiro. Foi, por isso, um dos trabalhadores do Templo de Sta. Luzia, onde
gostou muito de trabalhar e durante muitos anos (46 anos).
Naquela obra só morreu um homem, em
1940, era um canteiro de Vila de Punhe; no momento que fechava a Abóboda caiu,
tendo morrido de imediato.
Recorda o Pe. António Carneiro que
foi o principal obreiro, impulsionador e entusiasta...
Há uma pia baptismal que foi feita
por este canteiro para a igreja de Dem-Caminha, em 1974. O José Ferreira e a
Rosa tiveram 7 filhos, a saber: o Joaquim, a Luzia, a Laura, a Carmo, o José
Maria, o Manuel e o Fernando. O Joaquim, operário fabril e depois
padeiro, casou com Maria das Dores Amorim, natural de Vitorino das Donas e é
pai do João Paulo, casado e pasteleiro no Senhor do Alívio e da Isabel Maria
(casada e em França). A Luzia, doméstica, casou com José “espanhol” com
2 filhos: Carlos e Mari Carmen, solteiros. A Laura, casada com o Mário
Viana, operário fabril, tem 2 filhos: o Vitor Manuel e o Eng. Rui Avelino,
ENVC. A Maria do Carmo casou com António Vicente, da Meadela, separados,
com 5 filhos: o António (professor), o Paulo (empregado fabril), a Anabela
(professora), a Luzia (professora) e o Pedro (estudante). O José Maria,
trabalha na fábrica Citroen, em França, casou com Maria Pinto (do Adolfo da
Pinta) e tem 3 filhos: a Maria Augusta, o Armando e o Carlos. O Manuel é
soldador, casado com Lídia Mendes (Ferreira), no Cais Velho, em Darque, com 2
filhos: o Vitor Manuel e a Carla Sofia (estudante). O Fernando,
solteiro, empregado nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e vive com o pai.
O seu sogro era casado com Joana
Martins de Matos e trabalhava com o sogro, o irmão Joaquim Ferreira Torres e já
eram filhos de fogueteiros.
Sua mulher era sobrinha pelo lado do
pai de: José Ferreira Torres, morreu na guerra, solteiro; Manuel casou com a
Rosa Tamanqueira, da Galinheira, ele ferroviário, com 3 filhos; Francisco casou
com a Adelina Bezerra, fogueteiro e serrador, com 3 filhos; António (6 filhos
entre rapazes e raparigas), casou com a Lurdes da Pinheira, era calceteiro;
João (3 filhos), casado em Anha com Deolinda Brecas, emigrante em França,
morreu com a selicose, foi trabalhador das minas na Panasqueira e na Serra da
Estrela; Joaquim casou com a Maria Areias que morreu com 2 filhos, um casal. O
Adriano que casou com Virgínia Carvalho em Vila de Punhe, o único vivo de
homens, ferroviário, com 7 filhos; Gracinda, solteira; Rosa que casou com o
José A. Ferreira; Maria, com 7 filhos, casou para Tamel com José Leiras; Ana
que casou pela 2ª vez com o José Canela, na Regadia e pela 1ª vez foi esposa de
Adão Saldanha.
Um dia o Joaquim, irmão do sogro e o
sobrinho Joaquim, filho do José e da Rosa foram às enguias para a Veiga de S.
Simão, (era o peixe mais barato e mais fácil para comer em casa) e ouviram uma
explosão, concluindo imediatamente que teria sido a oficina deles e
regressaram, no mesmo instante, para socorrer e constatar que era, de facto,
verdade. Não houve feridos, apesar do Manuel ter ficado a trabalhar. A oficina
sempre se localizou no alto da Bouça dos Catrinos, quem vai para a Bouça da
Terra.
Fabricavam ali foguetes, fogo de
artifício, do ar, aquático e preso, bombas de Carnaval, foguetes de S. João. A matéria
prima vinha de Oleiros - Ponte da Barca. Era material proibitivo por causa do
clorato, aliás como era proibido no tempo da guerra ir a Ponte de Lima comprar
uma rasa de milho. Morria-se à fome! Portugal não entrou na guerra, mas
passou-se muita fome aqui, que foi talvez pior que a guerra e depois a afronta
de “vermos, em Mazarefes, passar os comboios de mercadorias com painéis
escritos “sobras de Portugal” a caminho da Espanha, para os aliados”.
O salitre normalmente iam buscá-lo
para a feitura dos foguetes a Lanhelas ou aos Silvas, a Viana e, às vezes, sob
o título de salitre vinham outras matérias usadas na pirotecnia.
Na Conchada morreu muita gente nova
com a doença pulmonar arranjada nas minas da Panasqueira e outras. Havia muita
pobreza e o Manuel “Mira” muitas vezes não aceitava encomendas porque não tinha
dinheiro para comprar a matéria prima, às vezes pedia dinheiro aos netos para
comprar material para poder trabalhar...
Vendia para várias terras até
Esposende, Lanhelas, S. Lourenço da Montaria, S. João d’Arga e S. Silvestre,
para o Senhor do Alívio de Chafé, etc.
Quando casou havia muito poucas
casas na Conchada e, se a memória não falha, elas seriam apenas:
A casa onde vive agora o Joaquim
sacristão, no Calvário e que era a casa da sogra do Ângelo, a D. Luísa, a casa
do avô fogueteiro, a casa do Caxinas, o Manuel Gonçalves Pires, que se dedicava
ao contrabando, a casa de António Miranda, o cantoneiro, a casa de Maria Viúva,
a casa do Cruz onde hoje vive o Reis de Vila Franca, a casa do António
Bandeira, a casa da Fragôsa (feirante), a casa do Américo Dias, matador de
porcos, a casa da Clara, a casa do Marosca, a casa do “Barriguinha” (Mesquita),
a casa do António da Quinta, a casa da “Bortinha” (Zé Bortinha), a casa da
Quinta da Malafaia, a Casa do Manuel Rolo, tamanqueiro, a casa do Beduíno, a
casa de “António Bortinha”, a casa da “Tia Bortinha” (a mãe), a casa Tia Maria
da Mata, 2 casas da padaria de Manuel Ferraz Miranda, a casa do Catena, a casa
da Glorinha, do falecido Ângelo, do Zé da Mata, do Alvarães, dos Liquitos de
Anha, a casa onde está agora o Tone da Clara, a Ana Teima, do Ferrador (José
Rego), o Chança, o “Fome-negra” e a Pinheira, o Manuel “Estriconica”.
O LUCIANO ALVES DE CARVALHO
O Luciano era filho do Chefe e
fundador da Banda de Música, António Alves Carvalho Júnior, vindo de Alvarães e
de Teresa Alves Pereira - Lavradeira. Casaram os seus pais em 23.03.1872, ele
tinha 23 anos e ela 24. Os avós paternos de Alvarães, eram António Alves
Carvalho (alfaiate) e Maria Alves da Silva Ribeiro. Os avós maternos, de
Mazarefes, eram José Pereira Polónia e Maria Rosa Alves.
Era irmão da mãe da Adelina “Troca”,
da Justina e da Cândida, que foram para Viana e do Benjamim que está em
Esposende. A Cândida era costureira, professora e morreu solteira. Consta que
teve um filho do Pe. Marinheira, pároco de Darque.
O
Luciano casou com Antónia da Cunha Matos e teve os seguintes filhos: Casimiro (nascido em 1911), que casou
para Anha e foi pai de Casimiro, José e Constantino. O Casimiro casou em Viana
com Adelina Sá e é pai de uma filha chamada Estela que, por sua vez, casou com
Armando Sobreiro e é mãe de duas crianças; o José casou com em Anha com
Mariana,pai de José Casimiro, casado e pai de dois filhos e de Manuela, solteira e ambos residentes em
frança; o Constantino casou com Laura Carvalho Barreto, de Mazarefes. .A Eufémia,
nasceu em 1913, casou com Manuel da Silva Matos, o Carrapato e é mãe do Mário e
da Maria que casaram para Lanhelas, mas estão em França. A Irene que é mãe do Luciano
(solteiro) e da Madalena, casada no Porto, nasceu em 1914. A Amélia que
é solteira, nasceu em 1917. O Francisco, que já morreu, nascido em 1920.
O Eva que é solteira, nascida a 1922. A Laura que vive na
Meadela, nasceu a 1924. A Flávia nasceu em 1925, está viúva e casou para
a Ribeira, para Viana e é mãe de 2 filhos: a Luzia e o Rafael. A Madalena,
nascida em 1929 e é mãe do Francisco que está em Braga, a Eva, a Irene e a Rosa
que estão em França, todos os filhos casados. E a Luzia casou com Manuel
Pitta, que já morreu e é mãe de 8 filhos: o Francisco, solteiro, a Maria,
solteira, o José casado para Castelo de Neiva e os outros 5 morreram novos.
O sogro do Luciano era o José da
Cunha Júnior, casado aos 16 anos com Rosa Rodrigues de Matos, irmã do Francisco
Rodrigues de Carvalho, pai de “João Deira” (João Rodrigues de Carvalho).
As mulheres foram cascalheiras nas
estradas da nossa região e, por isso, conheceram bem a vida dura, através do
contacto com a pedra.
A Casa encostada ao José Araújo
(Catrino) da Regadia era do bisavô de João Rodrigues de Carvalho, com uma
“vendinha” por baixo. O João Carvalho teve 2 filhos: o João Rodrigues de
Carvalho, o Manuel que morreu aos 18 anos e a Rosa que foi a mãe de João Cunha,
Regedor. O João Gonçalves da Cunha Júnior, casado com a referida Rosa era
louvado, avô da Eufémia Deira e pai da Antónia Cunha e mais 10 filhos, deixando
pão e vinho para cada filho comer e beber. O Avô da Eufémia, o Manuel Francisco
Carvalho, foi mestre de Banda e casou com Teresa Cunha (Calista).
A casa dos da Vila (2)
O
José da Vila foi a pessoa mais antiga que conheci da família do lado que, para
além de serem vizinhos, são ainda familiares. Vamos todos entroncar em António Francisco dos Reis, casado em
1756, vindo de Alvarães casar em Mazarefes com Maria Rodrigues, de Gavindos,
junto do Vermoim de Baixo e Coibindos.
O
José da Vila, de nome José Francisco Ferreira dos Reis, casado com Joana
Fernandes Oliveira de Stª Marta, a 29 de Outubro de 1885, era filho de Manuel
Francisco Ferreira dos Reis, natural de Viana do Castelo, de Stª Mª Maior, onde
foi baptizado, neto de João Francisco dos Reis e Maria das Dores, moradores em
Viana, ao lado da Doca, junto ao armazém do Cerqueira, e junto à garagem da
SINCA-Cordoeiros. A sua mãe era Ana Ribeiro que casou para a casa do bisavô do marido António Francisco Reis e avô,
Manuel Francisco Reis. Ela era natural de Mazarefes e filha de José Pereira
Pinto, que veio a falecer em 1900 e de Teresa Ribeiro. A Ana Ribeiro morreu com
37 anos, em 23 de Maio de 1890 depois de ter casado aos 32 anos, em 16 de Julho
de 1884, pelo que esteve casada apenas 5 anos. Morreu ao dar à luz a filha
Maria.
O
Manuel trouxe o pai de Viana para Mazarefes e aí nasceu a casa dos da Vila para
a distinguir da casa dos Brasileiros.
Do
casamento nasceram 2 filhos: o Zé, conhecido pelo Zé da Vila e a Maria, nascida
a 17 de Abril de 1890, conhecida por Maria Russa que casou com José Rodrigues
Vaz Coutinho.
O
João Francisco dos Reis era filho de Manuel Francisco dos Reis e Maria
Rodrigues dos Reis. O pai do Zé da Vila era primo do Miguel Francisco dos
Reis e bisneto, pelo lado do Pai do
António Francisco dos Reis, dono duma casa Térrea na esquina do lugar, (3) e de
Maria Rodrigues da Rocha (1). Os pais eram primos carnais pelo lado da mãe, era
neto de João Gonçalves Rato e de Maria Rodrigues dos Reis. Tinha um irmão com o
leiramesmo nome do pai. Era ainda bissobrinho
de Manuel Francisco da Rocha, o Brasileiro, proprietário da casa grande.
O
Zé da Vila e a Maria Russa ficaram
orfãos de mãe antes dos 4 anos, de modo que o tio, pai do Miguel, Manuel
Francisco dos Reis que esteve no Brasil com o tio Manuel Francisco da Rocha,
deve ter tomado conta do sobrinho, pois a sobrinha Maria, foi educada pela Tia
Freirinha, ou ajudado o pai a criar os filhos. As casas tinham ligação interna
e ficavam as cozinhas apenas separadas por uma parede com porta de passagem. O
soleiro servia as duas casas separado apenas por uma fina pedra.
A
Maria Russa casou com o José Rodrigues Vaz Coutinho e o único irmão, o José,
casou com Joana Oliveira, de Stª Marta, enquanto o primo Miguel, da casa do
lado norte, estava solteiro. O Miguel resolveu casar aos 52 anos, com Maria Pereira da Cunha que, pelo
que consta, a mulher não levava boa vida, ou sofria de depressões e deitou-se
afogar no poço da casa, um dia em que havia uma feira em Vila Verde para onde
estava o primo Zé da Vila e o marido, Miguel Francisco dos Reis, de bicicleta.
A notícia do seu afogamento deu-se no fim da missa de Domingo. Toda a gente
soube, pois era Domingo e havia muita gente na igreja.
O
Miguel teve com ele o sobrinho José Pitta Reis que era orfão de mãe, filho de
Manuel Francisco Reis Júnior, seu irmão, casado em Darque com Rosa Pitta
Bezerra e queria que este sobrinho casasse com a sobrinha Maria, filha da irmã
Ana Ribeiro da Silva e seu marido António Rodrigues de Araújo Coutinho, o
Cordoeiro, da Casa das Boas Novas. Foram infrutíferos os esforços feitos pelo
tio Miguel com esse projecto e o sobrinho não teve outra solução senão
abandonar o tio, para casar com quem pretendia que era a Rosa Sá Freitas Lima,
de Darque.
Por
outro lado, o Zé do Cordoeiro, Louvado, estava interessado em casar o filho
João com a referida Maria, sua sobrinha em continuação com o pai dela e seu
irmão, o António, o tio Miguel não estava muito pelos ajustes e como estava
pesado de anos e queria alguém que lhe
fizesse companhia procurou então o casamento da sobrinha Maria com o primo,
António Rodrigues Vaz Coutinho, filho dum irmão do pai, do Alexandre, tio também
da referida sobrinha e os dois foram viver com ele. No entanto, ele morreu
pouco depois, em 19 de Agosto de 1922. O Miguel fez testamento a favor de A. R.
V. Coutinho e Maria Ribeiro da Silva Coutinho. Foram testemunhas o pai do Zé da
Vila e o Zé da Vila.
1-
O Manuel Francisco dos Reis faleceu cedo. A mãe , Maria Rodrigues, isto é, a
esposa fez testamento, em 1856, a favor
dos 4 filhos ainda vivos o Manuel, o António, a Maria e o João. Ficaram 50
missas pelo filho Pe. Jerónimo e 10 missas pelo tio Manuel Francisco da Rocha.
O
Manuel, casado e em sua companhia, o António casado nesta freguesia, a Maria
casada para Vila de Punhe com José da Silva Quintas e João Francisco dos Reis,
casado para Viana, e como avó do Jerónimo que foi casar em Vila Franca e andava
a estudar para Padre, deixou-lhe um campo para o património. Faleceu a 29 de
Outubro em 1863, neste lugar da Namorada, com 81 anos. O João ficou tutor do
irmão Jerónimo (o que foi para Vila Franca) quando morreu o pai, pois tinha
apenas 17 anos.
2-
O Manuel Francisco da Rocha, solteiro, fez testamento a favor dos filhos da
irmã, casada com António Francisco dos Reis, apenas excluindo o sobrinho José,
ausente na Galiza, por ser um sobrinho muito rebelde e ingrato e àqueles
sobrinhos que se opusessem a esta condição. Deixou as casas em que vive e o
dinheiro dividido por todos.
À
vizinha Maria Rodrigues, mulher de José Afonso Forte deixou 50.000 reis de
esmola, à Maria Miranda, mulher de João Ribeiro Gomes, 30.000 reis, à Criada,
Senhorinha Rodrigues à conta da soldada 130.000 reis, à Criada Maria Gomes,
70.000 reis e uma
da “Virinha”, no lugar de Ferrais com
obrigação de dar 1.200 reis à Senhora do Terço, da Capela do Espírito Santo, de
Barcelos. No testamento exige que lhe sejam celebradas 615 missas e um ofício
de 50 padres (1818).
3-
O António Francisco dos Reis exigiu por testamento 3 ofícios de 7 padres, no
funeral, no 30º dia e no ano e 228 missas: por sua alma (150), pela mulher
Maria Rodrigues, sogra Maria Rodrigues, cunhada Joana Rodrigues, tia Joana, e
tia Teresa Rodrigues, os pais - Gaspar Francisco dos Reis e Teresa Lourença e o
terço ao filho Manuel Francisco dos Reis que vivia com uma demente. (1816).
4-
O Miguel casou aos 52 anos com Maria Pereira Cunha, em 1912.
A
Maria Rodrigues dos Reis nasceu em 1782, faleceu em 1863, com 81 anos, filha de
João Gonçalves Rato e de Maria Rodrigues dos Reis, moradora no lugar da
Namorada, a nossa casa.
O
Manuel Francisco dos Reis compra uma casa pequena a José Barbosa e Joana Alves
Correia que possuía na esquina do lugar por 18.000 reis.
O
Miguel comprou o Souto d’Abade em 1910.
OS BARRETOS
Os Barretos vieram para Mazarefes na
primeira metade do século XIX. Antes de 1843 não se encontram registos de
nascimento, nem de morte, nem de casamento de Barretos. O nascimento mais antigo deste apelido Barreto
é o de Manuel Barreto, filho de Jerónimo Barreto das Boas Novas e de Ana
Pereira de Barros, filha de mãe solteira (Mariana Pereira de Barros), que teve
mais um filho o António que veio a casar com Maria Rosa Maciel, filha de mãe
solteira, Francisca Maciel, e que, em 1878 teve uma filha chamada Maria e, em
1881, um outro chamado Caetano. O mesmo Jerónimo e esposa tiveram também um
outro filho chamado João Barreto que casou com Teresa Cunha, filha de Francisco
Rodrigues Barbosa e Maria da Cunha.
O Jerónimo era filho de Francisco
Velho Barreto casado com Antónia Sampaio.
O João Barreto teve o filho José
(1870), o António (1873), o Manuel em
1877 e o João. O José casou com a Barrola, Rosa Alves Forte filha de Manuel
Afonso Forte e Ana Alves, neta paterna de José Afonso Forte e Maria Rodrigues e
neta materna de António Rocha e Joana Alves. Este José e Rosa tiveram 3 filhos:
A Maria em 1905, o Manuel (o Pimpão) 1907, o António (1909). O José casado com
a Barrola fizeram a casa onde viveu a Isaura conhecida por Isaura Pimpona
falecida talvez em 1999 e a família.
O
José Rodrigues Coutinho, casado com a Deolinda Coutinho, ambos primos, foi o
transportador com o seu carro de bois de toda a pedra para construir a casa em
frente ao José Rodrigues Araújo (O Catrino da Regadia) e não levou dinheiro
pelo serviço.
O
Barreto ofereceu-lhe uma libra, que lhe tinha custado 500 escudos, e foi esse o
preço da casa.
Este
casal teve 6 filhos: A Conceição que faleceu com 20 anos ou pouco mais e era
nora do Pulcena, de Sabariz; o António casado com a Maria da Vila, morreu novo
depois de cair da “burra” (instrumento de madeira que servia de suporte para
serrar os toros). Era serrador de profissão e deixou 2 filhos. O Manuel que
casou com a Meia Cara, a Isaura Alves Forte, que casou com o José Alves Passos,
de Vila Franca, (O Tristeza), foram os pais da Flávia, da Emília, da Maria e da
Eva que ficou em casa. A Maria casou tarde com um de Sabariz e o Joaquim casou
para Vila Franca e morreu novo.
O
Manuel nascido em 1877, saiu para o Brasil com a profissão de fogueteiro, em
1899. O António casou com Maria Vieira Lopes, filha de Manuel Vieira e Ana
Lopes e teve os seguintes filhos: O João Gonçalves Barreto, nascido em 1907
(Troca), que veio a casar com Ana Leite
O José Gonçalves Barreto, o Pimpão,
e a Rosa Barrola fizeram a casa onde viveu a Isaura conhecida por Isaura
Pimpona falecida talvez em 1999 e a família.
O
José Rodrigues Coutinho, casado com a Deolinda Coutinho, ambos primos, foi o
transportador com o seu carro de bois de toda a pedra para construir a casa em
frente ao José Rodrigues Araújo (O Catrino da Regadia) e não levou dinheiro
pelo serviço.
O
Barreto ofereceu-lhe uma libra, que lhe tinha custado 500 escudos, e foi esse o
preço da casa.
Este
casal teve 6 filhos: A Conceição que faleceu com 20 anos ou pouco mais e era
nora do Pulcena, de Sabariz, o António casado com a Maria da Vila, morreu novo
depois de cair da “burra” (instrumento de madeira que servia de suporte para
serrar os toros). Era serrador de profissão e deixou 2 filhos: o Manuel que
casou com a Meia Cara, a Isaura Alves Forte, que casou com o José Alves Passos,
de Vila Franca, (O Tristeza), e são pais da Flávia, da Emília, da Maria e da
Eva que ficou em casa. A Maria casou tarde com um de Sabariz e o Joaquim casou
para Vila Franca e morreu novo.
Pelo
lado de João Gonçalves Barreto, casado com Ana Leite da família dos Brasileiros
e pelo do José Barreto, casado com a Barrola, tocava na nossa família. Através
da Maria do Céu Coutinho, de novo, se uniram à mesma família; ela, Maria do
Céu, era afinal prima do marido pelo lado do pai (brasileiros) e pelo lado da
mãe (barrolas).
O Conde
Não
apareceu Duque, Marquês, nem alguma
razão à primeira vista para haver um Conde. Não teria nada a ver com o “Rei
Turco”, alcunha de João Dias (1833). Por
“Conde” era conhecido o José Dias do Monte. Era o Zé Dias, o “Conde Velho das
barbas” e nasceu na Casa do Conde, assim dizia António da Costa Dias, seu
bisneto, e acrescentou que seu avô trouxe,
como dote da casa do velho conde, apenas uma tesoura de podar. Ora o Zé Dias do Monte era Conde porque
nasceu na Casa do Conde. Pelo vistos o nome veio-lhe da casa. Não faltam
topónimos “Conde”, mas não se sabe a que Conde é referido em “Vila do Conde”.
No nosso caso aqui tratar-se-ia duma alcunha, outra como o “Rei Turco”!...?
O
que chegou até nós é que o Conde era o
referido homem, figura vulgar, avermelhado de cara, gordo, de barbas grandes,
pelo peito, que casou com uma irmã da “Xica da Capela”, a Teresa Vaz.
Foi
regedor (juiz de paz). Morreu de uma congestão de congro. O seu único filho,
José Dias do Monte Júnior, casou com a Maria “Marinheira” conhecida pela
“Paustiça” de quem teve dois filhos: o Zé do Conde, assim conhecido hoje em
Vila Franca, o José Barbosa Dias do Monte, para onde casou, e Maria Teresa que
casou para Darque, onde morreu.
O
filho do velho conde, José Júnior foi para o Brasil e vendeu a fortuna toda ao
ponto de reduzir a família à pobreza extrema. E desapareceu no Brasil. A mulher
“abandalhou-se” e teve mais uma filha que morreu afogada, a Margarida, a outra
filha da mulher que já não era de matrimónio, tendo deixado geração.
Aliás, o José Júnior só acabou com a fortuna
porque seguiu as pisadas do conde velho, seu pai, pois tinha também vendido a
Quinta por 12 contos ao Mandarim de Anha.
O
José Dias do Monte veio de Vila Fria e casou com uma mulher viúva, a Rosa Dias,
rica de lavoura, cheia de campos e de propriedades. E tinha até uma grande
adega de vinho bom, “vinho para paridas “, assim se dizia porque era usado para
dar às mulheres depois de dar à luz para depressa se robustecerem.Quando foi
para o Brasil, o Júnior, em 1925, deixou um procurador que se bastou bem, o “o
Buxo” de Vila de Punhe. Levou o dinheiro todao à mulher, Maria Teresa da Silva
Barbosa, das marineiras,enuna mais veio do Brasil, nem se soube dele, enquanto
o filho José, agora casado em Vila Franca “bateu o fado” pela tropa.
Andou
a servir, passando os pecados da vida e o “sobe e desce” de sachola na mão.
OS CUNHAS
Onde
hoje vive a Rosa Xixa nasceram os Cunhas.
José
Gonçalves da Cunha, louvado, casado com Maria Gonçalves de Matos foi pai de 11
filhos: O João de Matos Gonçalves da Cunha (1) que foi Regedor da freguesia e
viveu um pouco mais abaixo, era o mais velho dos rapazes, a Antónia (conhecida
pela tia Antónia Deira) que foi esposa de Luciano Rodrigues de Carvalho, da
Banda de Música e que era a mais velha das raparigas. No 11º filho que se
chamou Joaquim e, sendo o mais novo, foram padrinhos o João e a Antónia, o
Manuel que casou com a Pericas, tia dos “fadinhos”, não teve filhos e puseram
os bens um ao outro, o último deixaria tudo aos sobrinhos do seu lado, foi o
que aconteceu, por isso, o Manuel e o Delfim herdaram os bens da tia que foi a
última a morrer, o Francisco, pai de Manuel que tem o café e a mercearia (o
Manuel R. Cunha). No local onde funciona este comércio, aí era a forja do
Ferreiro Joaquim de Matos Gonçalves da Cunha e do irmão José antes de ter
casado e montado outra oficina ao lado da Igreja da Meadela, o José morreu sem
filhos, a Maria era empregada doméstica em Tregosa e herdou os bens dos
patrões, morreu solteira e os bens ficaram aos sobrinhos (morreu em 1960), a
Ana casou já idosa com o António, da freguesia de Outeiro e morreu sem filhos e
foram herdeiros a Maria de Oliveira Reis, filha de Laura d’Eira e do marido, a
Teresa, solteira que deixou os bens aos sobrinhos Rosa e Francisco, filhos da
irmã Rosa de Matos Gonçalves da Cunha, onde hoje vive o José Catena e a Rosa
Xixa e, na outra parte da casa, vive a viúva do Francisco que é a Teresa
Pericas, sobrinha da Maria e Manuel.
O Louvado José da Cunha tinha entre
5 a 6 juntas de gado para lavrar as terras de todos os que a ele recorressem e
punha os filhos a tratar desse trabalho.
A Laura Deira casada com o Manuel de
Oliveira Reis, filho de José Oliveira, o Guloso, casado com a Sarronca.?
(1) No tempo da disputa entre a
Monarquia e a República, o João de Matos Gonçalves da Cunha, o Francisco
Rodrigues de Carvalho e o João de Araújo Coutinho (do Cordoeiro) cortaram
pinheiros e atravessaram-nos no “Bate-Estacas”, tendo sido presos pelos
republicanos: Estiveram presos em Braga. O Francisco Rodrigues de Carvalho, pai
da Albina Deira, foi a ambulância buscá-lo sob prisão ao melancial onde se
encontrava com o irmão João Rodrigues de Carvalho, pai do António Coutinho de
Carvalho. O Avelino Sousa era também monárquico, mas fugiu para Espanha, para
não ser preso. O Francisco Matos, de Vila Franca fugiu também e deixou o criado
em casa...
OS PISCOS
A alcunha “Pisco” foi apelido que
veio da Meadela e o “Vaz” muito mais antigo nesta freguesia, devia ter vindo de
Anha.
O primeiro “Vaz” que aparece é o
casamento de Pedro Vaz com Ana Casada,ele filho de Pedro Vaz e de Maria
Gonçalves, de Anha.Casou em segundas núpcias em 1676 co Isabel Alves.
Outro
casamento é o de Domingos Vaz com Madalena Gonçalves, ele filho de Pedro Vaz e
de Ana Casada e ela filha de Pedro Velho da Torre e de Maria Isabel Alves, em
1692. Este Vaz casou também duas vezes, dois anos depois, por ter ficado viúvo,
com Maria Rodrigues, também viúva de António Dias e filha de Gregório
Rodrigues. Do casamento resultou o Baltazar José Vaz que casou com Júlia
Ribeiro da qual teve 4 filhos e, em segundas núpcias, com Maria Justa.
O primeiro Pisco que aparece como
apelido é o de João Rodrigues Pisco que casa em 1728 com Maria Vaz (Souto).
Deste casamento nasceram: Manuel(1737), João(1740), Maria(1743), António(1747)
e Francisco (1750). Aparece um irmão Francisco Rodrigues Pisco casado com uma
irmã Joana Vaz e,em 1643 são pais de uma
filha chamada Maria.
A casa de origem dos “Piscos” foi a
casa de Manuel Ribeiro, o das Penas. Aí tinha nascido muito antes esta família
que se expandiu e se dividiu em Piscos do Monte e Piscos da Regadia. Eram todos
a mesma família, mas distinguiram-se uns dos outros por serem de lugares
diferentes. Assim, há Piscos na Casa da Capela, na Casa do Zé Dias, na casa do
falecido António Dias, na Casa do Francisco Sousa, na Conchada, na casa onde
vive hoje a Rosa Coutinho, viúva do Zé Pita, na Casa do Manuel Coutinho e da
Conceição, na Regadia, junto à casa dos herdeiros de Manuel Ribeiro e na Casa
do Alexandre Pisco, junto à porta da Meira. Esta é a última casa mandada fazer
pelo avô de José Joaquim Vaz, hoje é do Alexandre, da G.N.R. Como casou com uma
mulher de longe e dela teve duas filhas que estão formadas e vivem no Porto e
Coimbra, a casa está praticamente abandonada e acabará, em Mazarefes, esta
família dos “Piscos”, restando um irmão em Vila Franca o José Joaquim Vaz.
Quanto aos Piscos da Capela, o
Joaquim era primo carnal de Manuel Pisco, pai do Alexandre Rodrigues Vaz e de
José Joaquim Vaz. O Joaquim era filho único de rapazes no meio de algumas
irmãs. Uma delas casou para Subportela, outra com o Francisco da Costa Dias,
pai do António Dias, recentemente falecido e dos Padres Costa Dias.
O José Joaquim Vaz, residente em
Vila Franca, octagenário avançado, diz que o seu avô era carreteiro por
caminhos velhos, com carros de bois. Fazia o transporte para o comércio entre
Barcelos e Viana e vice-versa. O pai do seu avô tinha deixado dois filhos
pequenos e órfãos, pois morreu numa mina muito novo. Trabalhava ao sarilho e
este pegou-lhe na roupa e mandou-o ao fundo da mina, tendo morte imediata.
O meu avô, continua, o José do
Pisco, o que ainda hoje luta pela hegemonia da família, mas a dar-se por
vencido... em Vila Franca, foi criado com um tio chamado Alexandre e o meu avô
era, por isso, conhecido por o “Francisco do Alexandre”. Trata-se do meu avô de
Vila Fria, era Francisco e morreu em 1920, a 20 de Novembro.
O Francisco era casado com Margarida
Rodrigues, de Carapeços. O avô de Carapeços era irmão de 9 rapazes e 9
raparigas. Foram todos os rapazes para o Brasil e as filhas ficaram cá. O avô
foi carreteiro antes do casamento porque, ao casar, fez-se caseiro dum rico
brasileiro, o Caroça de Vila Fria do qual herdou a metade da fortuna.
A casa do avô de Vila Fria serviu de
Berço também a António Pereira casado com a Clara do Monte.
O avô de Mazarefes, o José Rodrigues
Vaz, o das Penas, casado com Teresa Joaquina Leite, era lavadror e dedicava-se
também a rachar lenha de carvalho, vendendo-a com facilidade em Darque. Foi
assim que fez muita nota. Assim como a erguer vinhas de arame, com o cunhado
Pereira...
Esta é uma das famílias mais antigas
de Mazarefes, mas que, de facto, está muito diluída socialmente pela freguesia
e vamos vê-la desaparecida...
Este registo ajudará a perpectuar a
memória duma das famílias mais antigas da Terra.
MAZAREFES NAS INQUIRIÇÕES
Esta freguesia é designada nas inquirições
de D. Afonso II e D. Afonso III por S. Simão da Junqueira de Mazarefes.
Estas terras não eram do Rei como podemos
verificar nas inquirições de D. Afonso II. Não eram terras do padroado real e,
por isso, não era o Rei que nomeava o abade pois eram terras da Igreja. Tinham
carta de couto cedida em 1063, na Vila dos Arcos, por D. Fernando. Uma vez que
era couto, tinha os privilégios especialmente inerentes a este título.
Eram
proibidos os funcionários do Rei entrarem nestas terras e os foradores estavam
libertos de alguns encargos para com a coroa. O senhorio tinha o poder de
administrar a justiça, de exigir serviços e lançar impostos aos moradores das
referidas terras. Todavia, quer os das terras reais, quer os das terras do
domínio senhorial, eram obrigados a pagar o foro ao rei.
No tempo de D. Afonso II, os de Mazarefes
davam ao Rei, de foro, 10 morabitinos; se traduzíssemos em dinheiro actual
(1944), dar-lhe-íamos o valor de 247$98 segundo os estudos monetários de J.
Preto. Davam também dois carneiros que, segundo o Pe.
Oliveira corresponderiam a 0,5 morabitino (ou maravedi velho) no tempo de D.
Afonso III correspondia 421$20, e consequentemente, a metade era de 210$60.
Todavia, o valor do meio morabitino de D. Afonso II era menor e traduzia em
dinheiro actual (1944), equivaleria a 12$39.
E iam ao castelo para defesa em caso
ataque, para reparar ou guarnecer. Refere-se ao Castelo do Neiva. Além desses
foros ainda tinham mais uma dádiva para a defesa de Gonduffi (couto de Gondufe,
em Ponte de Lima), a qual constava de 1 modio de milho alvo, (parecido com
painço) por medida de Ponte. Isto para se libertarem de serem chamados a
defender o referido castelo. Diz-se «por medida de Ponte», pois as medidas deferiam
de terra para terra ou de região para região, como ainda hoje acontece com
algumas. Em Mazarefes as medidas usadas para pagamento dos foros seriam,
portanto, as de Ponte de Lima.
Pagavam todos estes foros além das quatro
penas referentes aos principais crimes: furto, rapto, incesto e homicídio.
Eram terras da igreja 6 «searas» e meio
casal, isto é, 6 propriedades e metade de uma casa pertenciam à igreja. Ainda
hoje existe na freguesia o topónimo «senras» que veio precisamente destas
«searas».
Eram propriedades de S. Paio de
Antealtares, nesta freguesia: 12 casais (12 casas) e uma Quinta, além da
igreja.
Nas Inquirições de D. Afonso III também
encontramos quais os foros que davam os de Mazarefes ao Rei.
Davam todos os anos ao Rei 9 maravedis.
Podiam ser novos ou velhos: Os novos eram aqueles que o Rei quis cunhar; mas
como não tivesse chegado a isso, usou o maravedi de seu irmão e antecessor a
que chamou maravedi velho. Este corresponderia a 412$20, segundo o estudo
monetário do Pe. Oliveira (1964-66). Pagariam, então,
cerca de 3.790$80 cada ano. Davam dois carneiros (210$60) e 1 módio de milho
por medida de Ponte para a fossadeira de Gonduffi e vão ao Castelo. A
fossadeira era a multa aplicada àqueles que não participavam nas expedições militares
quando a isso estivessem obrigados.
O
Pe. Carvalho da Costa na sua «Corografia
Portuguesa» - vol. 1.º, págs. 307 (1.ª ed., 1706) diz o seguinte de Mazarefes:
«S. Nicolao de Mazarefes he Abbadia que
antigamente foy do mosteiro de Ante-Altares em Galliza de Monges Bentos; assi
este Padroado & Couto, como o de Paradella & S. João da Ribeira em
Ponte de Lima, comprou Diogo Pereira, que alguns dizem foy Alcaydemór de
Villa-Nova-le Cerveira, & pela mesma via he senhor de ambos, & de sua
grande Casa, que aqui tem, seu descendente Gaspar Pereira, Cavalleiro da Ordem
de Cristo, & fidalgo da Casa de Sua Majestade, que leva os quartos de todos
os frutos; rende a Abbadia quatrocentos mil réis, tem duzentos & sessenta
& quatro vizinhos».
NOTAS SOBRE MAZAREFES
*Primeiramente,
tem obrigação de ir com processão, duas vezes no ano, a Nossa Senhora das
arcas, em Março e outra em Agosto, e em uma destas lhe devem dar seis vinteis
de esmola de missa. Março e Abril.
*É mais obrigação dos fregueses NOTAS SOBRE
MAZAREFES
Capítulo
das obrigações que o pároco tem em seu benefício e dos bens d’alma e direitos
paroquiais.
ir
com processão à dita capela outra vez no ano; à qual o pároco não é obrigado a
ir salvo quiser ou lhe pagar. E esta foi comutada pelo Sr, Arcebispo de nossa
diocese (?) do despacho para Nossa Senhora das Areias que não tem dia
determinado.
*Tem mais obrigação de ir a St.ª Marinha
em... com procissão e dizer missa pelos fregueses, dando-lhe esmola competente
a 8 de Julho.
*Tem mais obr
*Tem mais obrigação de ir em dia de Santa
Maria Madalena em procissão à Igreja de São Miguel de Alvarães a 22 de (Julho
?).
*Tem mais obrigação de ir com procissão a
S. Brás em seu dia na freguesia de Darque, a 3 de Fevereiro.
*Tem mais obrigação de ir com procissão a
São Bento da deveza e dizer lá missa em o seu dia, dando-lhe os fregueses as
suas ofertas e sendo esmola competente.
*Tem mais as obrigações que têm todos os
párocos.
Nota:
Esta obrigação de São Bento da deveza como se disse! À dita capela da deveza se
lhe faz a procissão hoje na igreja desta freguesia onde está a imagem de S.
Bento no altar de Nossa Senhora do Rosário, donde se lhe diz missa no dia do
santo, como também os clamores à alma ditos, os comutou, S. ª R. o Sr. D.
Gaspar DG. A igreja desta freguesia.
15
de Janeiro - S. Amaro
3
de Fevereiro - S. Brás
3
de Março - Sr.ª das Areias
15
de Março - S. Bento
24
de Junho - S. Amaro
18
de Julho - Stª Marinha
22
de Julho - S. Maria Magda
25
de Julho - Santiago/ Anha
5
de Agosto - Neves
25
de Agosto - Sra das Areias
11
de Novembro - S. Martinho Vila-Fria
UM ESTUDANTE DE MAZAREFES FEZ EMBASBACAR A
POPULAÇÃO DE BRAGA!
Isto deve ter sucedido aí pelo ano
de 1885. Frequentava, então, o Seminário Conciliar um estudante, natural desta
freguesia, chamado António Francisco de Matos. Era um aluno distinto e dotado
de espírito de muita iniciativa.
Lembrou-se de construir uma
bicicleta de pau, com duas cordas, sendo a da frente grande e a de trás,
pequena. E, se bem o pensou, bem o fez, como diz o nosso povo.
Quando apareceu em público a dar ao
pedal, fixado à roda grande da frente, os seus conterrâneos deliraram com a
novidade, ficando todos de boca aberta perante os malabarismos do António
Matos.
Como
se tratava duma novidade sensacional, o nosso Estudante levou para Braga a
Bicicleta da sua autoria. Pois não queiram saber, foi um acontecimento!
Despovoou-se a cidade para ver
equilibrado em cima de duas rodas um estudante, ficando os bracarenses
verdadeiramente embasbacados diante «daquele mafarrico» que não caía de cima
das duas rodas! Naquele tempo ainda era desconhecida do público «que a força do
movimento é superior à força da gravidade».
Concluídos
os seus estudos recebeu Ordens Sacras e paroquiou esta freguesia durante 45
anos, vindo a falecer em 7 de Maio de 1947, deixando uma memória abençoada, o
nosso querido Padre Matos.
Quantas vezes lhe ouvimos contar
esta extraordinária proeza, que hoje recordamos, com acrisolado bairrismo.
Foi, portanto, o nosso saudoso Abade
(que Deus tenha) o pioneiro do ciclismo aqui no Minho!!!
Só anos mais tarde, em 1903, é que
apareceram as primeiras 6 bicicletas no acampamento das célebres manobras
militares dos Feitos ou da Figueiró, aparecendo também o primeiro automóvel que
o Rei D. Carlos trouxe de Lisboa no comboio até Viana. E de Viana ao local das
manobras gastou 1,30 minutos a percorrer 17 quilómetros. Fez também maior
sucesso a presença do automóvel do que a do Rei.
Há menos de um século, que
progressos se não têm assinalado nos meios de comunicação e nas velocidades com
que são vencidas as distâncias?!
16
de Julho de 1970
CASA DO POVO DE MAZAREFES
COMEMORAÇÃO
DOS 30 ANOS E HOMENAGEM AO SR. DR. LAGES
No passado dia 21, conforme
noticiámos, a direcção da Casa do Povo de Mazarefes comemorou os seus 30 anos
de serviço decorrido sobre a sua fundação e prestou uma simples, mas
significativa homenagem ao clínico daquele organismo que fez os seus 25 anos de
assíduo serviço naquela casa.
Pelas 16 horas, começou a chegar ao
adro das Boas-Novas a população local para apresentar cumprimentos ao Sr. Dr.
Álvaro Lages e assistir à missa de Acção de Graças, celebrada pelo digníssimo
pároco, Pe. Sebastião Ferreira que à homilia
enalteceu a festa relacionando-o com a doutrina do Evangelho.
À mesma hora chegavam ao local as
autoridades concelhias e o Sr. presidente da Câmara, representava o Sr.
governador Civil que se encontrava ausente.
Depois da Missa celebrada na capela
da Senhora das Boas-Novas, houve uma sessão solene na Casa do Povo com a sala
apinhada de gente e de portas abertas, presidida pelo Sr. Presidente da Câmara,
ladeado pelo Sr. Dr. Álvaro Lages, homenageado, Delegado e Subdelegado do INTP,
vice-presidente da Caixa de Previdência e A. F. do Distrito de Viana,
Presidente da Federação das Casas do Povo, Chefe da Missão de Acção Social,
presidentes das Juntas de Mazarefes e Vila Fria, Presidente da Assembleia Geral
da Casa do Povo e Presidente da Direcção.
Depois de aberta a sessão discursou
o Presidente da Direcção Sr. Paulino, referindo-se à efeméride dos 30 anos da
Casa do Povo e dos 25 anos do Sr. Dr. Álvaro Lages, terminando: «Para que ao
longo dos futuros anos de V. Ex.ª e amável família, fique a lembrança destas
gentes de Mazarefes e Vila Fria, peço que tenha a honra de aceitar das mãos do
Presidente da Junta de Freguesia, uma modesta recordação que os habitantes
destas terras muito sinceramente oferecem como prova da maior gratidão a V.
Ex.ª.»
Falou seguidamente o Presidente da
Federação que depois de saudar a todos e em especial o Sr. Dr. Álvaro Lages
falou da Casa do Povo nos seus diversos campos de acção: Cooperação Social,
Representação Profissional dos Trabalhadores Agrícolas por conta de outrem,
Previdência e assistência. Ao terminar louvou estas gentes e disse: «Parabéns
queridos amigos de Mazarefes!
Tendes
bons dirigentes!
Tendes
um médico exemplar!
Sabei,
pois, estimá-los.»
Falou em termos elogiosos o Delegado
do INTP sobre a efeméride e referiu-se à acção conjunta entre a Casa do Povo e
o pároco e vice-versa.
Levantou-se o homenageado e
agradeceu a todos.
Encerrou a sessão o Sr. Eng.º Reis
Faria que se referiu em termos elogiosos à acção da Casa do Povo e dos muitos
serviços prestados pelo Sr. Dr. Lages.
Está de parabéns a Direcção da Casa
do Povo, presidida pelo Sr. Agostinho Manuel Paulino, de quem se ouviu também
grandes elogios, como disse o Presidente da Federação, Sr. Meira: «É pessoa que
também tem sabido continuar a obra iniciada há 30 anos acrescentando-lhe algo
de muito valioso – a sua nova sede e também a sua nova alma». E ainda o Sr. Dr.
Lages: Quer fazer da Casa do Povo que dirige a Casa piloto do Distrito.
Está de parabéns a população porque
também ela acatou a ideia cumprindo um dever – o dever da gratidão com muita
simplicidade mas com grande significado.
OS PADROEIROS DE MAZAREFES
O actual padroeiro da freguesia de
Mazarefes é S. Nicolau, mas até ao séc. XVI foi S. Simão. Trata-se de S.
Nicolau, bispo de Myra, no séc. IV, padroeiro dos meninos e o grande patrono da
Rússia, e de S. Simão o Apóstolo.
É incontestável o nome «S. Simão da
Junqueira de Mazarefes» no Séc. XI, como verificamos em documentos do tempo do
bispo D. Pedro. Era, portanto, o padroeiro da freguesia nessa ocasião. Foi
terra do Julgado de Neiva.
Há vários documentos além dos do
tempo de D. Pedro, que designam a freguesia por « S. Simão da Junqueira de
Mazarefes». Tais documentos são de 1220, de 1258, de 1290, de 1320, de 1528.
O primeiro documento que nos diz
haver certa mudança de orago, é de 1551: «S. Simão da Junqueira que às vezes
também se chama S. Nicolau de Mazarefes». Isto não quer dizer que se trata de
duas freguesias distintas, mas sim de uma freguesia que tinha a sua primitiva
igreja paroquial, vindo a possuir outra com novo padroeiro devido a
circunstâncias diversas. Uma delas seria o assoreamento do Rio Lima. As águas
invadiam a parte baixa da freguesia onde hoje se chama «Veiga de S. Simão»,
obrigando os habitantes a viverem mais para o sul, parte mais alta. A igreja de
S. Simão lá ficou abandonada, longe da povoação e de Inverno cercada de água.
Portanto tornava-se mais fácil para
os fiéis frequentar os actos litúrgicos na igreja sob a invocação de S.
Nicolau, pertença do antigo convento beneditino. Isto mesmo foi facilitado
pelos possuidores do domínio útil do mosteiro.
Em 1551, o mosteiro e todos os bens
vieram a pertencer aos fidalgos «Pereiras» os quais fizeram obras na igreja.
Depois vieram os «Azevedos» a serem os possuidores completando as obras que os
«Pereiras» tinham começado.
Entretanto a igreja de S. Simão
foi-se arruinando e até que se extinguiu.
A igreja de S. Nicolau passou a ser
paroquial e, segundo diz o abade António Francisco de Matos, daqui natural e
pároco durante 50 anos numa monografia que ele escreveu sobre Mazarefes, foi em
1724 que os «Azevedos» oficialmente cederam a igreja.
12
de Junho de 1972.
NOTAS SOBRE MAZAREFES
ALGUNS PADRES NATURAIS DE MAZAREFES DESDE 1689
Nota: Entre parêntesis indico o
século em que nasceu.
Pe.
Brás Dias – do habito de S. Pedro. (séc. XVII)
Pe.
António de Novais – (séc. XVII)
Pe.
André de Barros – (séc. XVII)
Pe.
Cristóvão Gonçalves Ribeiro – do lugar do Monte. (séc. XVII)
Pe.
Manuel Fernandes – faleceu em Braga e foi sepultado nos claustros da Sé. (séc.
XVII)
Pe.
Tomás Barbosa de Almeida – foi abade de Vilar Sêco da Lomba, bispado de
Bragança. (séc. XVIII)
Pe.
Manuel Rodrigues de Carvalho – (séc. XVIII)
Pe.
João Alves Calheiros – Foi pároco em S. Salvador da Torre e morreu afogado em
Cardielos no rio Lima. (séc. XVIII)
Pe.
Manuel Martins Carvalho – viveu na casa que mais tarde foi do Pe.
Ant. Francisco de Matos e, agora, actual residência. Esteve no Brasil e em
1805, quando voltou, ampliou a capela das Boas-Novas. (séc. XVIII)
Pe.
Manuel de Araújo Coutinho – foi abade de Tenões e presidente da Confraria do
Bom-Jesus do Monte. Distribuiu a sua fortuna pela confraria, pelo Asilo de
Velhos de N.ª Sr.ª da Caridade de Viana e em St.ª Luzia (Viana). (Séc. XVIII)
Pe.
Jerónimo Francisco dos Reis – viveu com a Família numa casa muito pobre e que
hoje é propriedade de António Rodrigues Vaz Coutinho. (séc. XIX)
Pe.
José de Araújo Coutinho – pastoreou a terra natal durante duas épocas. Foi o
principal impulsionador da obra da capela de S. Simão da Junqueira, sobre os
escombros da antiga igreja paroquial, em 1860. Morreu em Braga na rua de S.
Victor. (séx.XIX)
Pe.
António Francisco de Matos – foi pároco de Mazarefes durante 54 anos. Nasceu a
9 de Junho de 1860. Seus pais eram lavradores e chamavam-se: Francisco António
de Matos e Antónia da Piedade de Passos Pereira Maciel, natural de Castelo do
Neiva.
Frequentou,
já tarde, os estudos eclesiásticos e ordenou-se no dia de S. Félix de Valois-
20 de Novembro de 1887 – com 27 anos. (refere-se-lhe o Serão n.º 100).
Recebeu
as ordens sacras do D. António José de Freitas Honorato, arcebispo de Braga.
Era poeta e historiador. Pessoa muito culta a apelidada pelo povo de «sábio».
Organizou uma monografia sobre Mazarefes. Foi um padre de vida sacerdotal
fecunda. Comemorou as bodas de ouro sacerdotais em 20 de Novembro de 1937.
Em testamento deixou à freguesia a
actual residência e cerca de 20.000m2 de terreno que faz parte do passal.
Morreu em 7 de Março de 1947.
Pe.
Manuel Fernandes Barbosa – paroquiou Darque (séc. XIX)
Pe.
Manuel Pereira Polónia – Conhecido por Pe. Boavista. Nunca
paroquiou e viveu na casa e Quinta da Boavista. (séc. XIX)
Pe.
José Pereira Polónia – Pastoreou S. Romão do Neiva. (séc. XIX)
Pe.
José Pereira da Silva Pinto – Foi pároco de Vila Fria. (séc. XIX)
Pe.
José Rodrigues de Araújo Coutinho – Foi pároco em Anha. (séc. XIX)
Pe.
Manuel António da Cunha – Pastoreou Vila Fria. (séc. XIX)
Pe.
José Martins – Foi pároco de Castelo do Neiva (séc. XIX)
Pe.
Francisco da Costa Dias – Foi pároco de Carreço. (séc. XIX)
Pe.
Manuel da Costa Dias – paroquiou Verdoejo e Sanfins. (séc, XX)
Pe.
Albino Maciel de Miranda, sobrinho do abade Ant. F. de Matos. Ordenou-se em
1928. Foi prefeito no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, Seminário
Conciliar, Vice-Reitor do Seminário de Cucujães, pároco de Barbudo, Mazarefes,
Meadela, Capelão da Caridade e faleceu em 1970.
Também descende de família natural e
residente em Mazarefes o Monsenhor Manuel Vaz Coutinho, actual encarregado da
administração dos Seminários de Braga.
O autor destas linhas foi ordenado
em 1971. É de Mazarefes.
PÁROCOS DE MAZAREFES DE 1596
Assinam
os assentos de registo do baptismo, casamento e de óbito os seguintes
sacerdotes:
1596
– Abbe. António Gonçalves.
1602
– Pe. Alvares.
1606
- ...«e como cura desta freguesia por apresentação do abbe.
Ant. Gonçalves, Pe. João Afonso Carneiro».
1608
– Pe. Álvares.
1616
– Pe. F. Marques (... «eu coadjutor desta
igreja »).
1617
– Pe. Álvares.
1622
– Pe
João de Sá (coadjutor).
1524
– Pe
Baltazar da Rocha Branco, abbe.
1626
– Pe
Amador Antunes.
1628
– Baltazar da Rocha Branco.
1645
– Pe
João de Barros (abbe.).
1669
– Enc. do Manuel João do Rego.
1687
– Enc. do João Ant. de Araújo.
1687
– Pe Francisco Gomes Rebello (Abbe.).
1688
– Pe
José da Costa (encomendado).
1688
– Enc. do João de Barros.
1707
– Pe
João Pereira Sibrão (capelão).
1711
– Pe
Francisco Martins Ribeiro (capelão).
1728
– Pe
Calixto da Cunha Valadares.
1728
– Pe. Sebastião Rodrigues Ribeiro, cura e
encomendado.
1736
– Abbe . Manuel Azevedo Portugal.
1776
– Enc. do João Fernandes Ribeiro.
1781
– Enc. do João Alves Fiúza.
1798
– Enc. do António Duarte Vieira.
1806
– Enc. do Jerónimo José da Costa.
1812
– Abbe António José de Sousa Palhão.
1836
– Enc. do João Rodrigues de Carvalho
1843
– Abbe. Manuel Rodrigues Lima.
1861
– Pe José de Araújo Coutinho.
1862
– Abbe. José Martins da Silva.
1882
– Pe. José de Araújo Coutinho
1882
– Abbe. José Martins da Silva.
1892
– Pe. António Francisco de Matos.
1945
– Pe. Albino Maciel de Miranda (como
coadjutor do tio).
1947
– Pe António Quesado (freguesia anexa a Vila
Franca).
1948
– Pe. Albino M. de Miranda.
1948
– (desde Outubro, assina o P.e Delfim de Sá. Freguesia anexa a Darque).
1952
– Pe José de Jesus Soares Ribeiro.
1963
– Pe Eusébio Esteves Baptista.
1970
– Pe Sebastião Pires Ferreira (o actual pároco).
(Em
registos de baptismo, casamento e óbitos nos «livros mistos» existentes na B.
P. de Braga e no Cartório Paroquial.
6
de Janeiro de 1975
RESIDÊNCIA PAROQUIAL DE MAZAREFES
A freguesia, como comunidade paroquial,
nasceu junto ao rio com S. Simão por padroeiro, onde actualmente se ergue a
capela sob a invocação deste santo a perpectuar o local da primitiva igreja
paroquial arruinada através dos séculos. Todavia a freguesia nem sempre se
conservou aí, mudando-se mais para o sul devido ao assoreamento do rio Lima.
Desde 1592 encontram-se os livros
paroquiais assinados com o designativo de: pároco, cura, abade e encomendado.
Não sabemos, porém, se havia um pároco propriamente dito.
Sabe-se que a freguesia de S. Simão da
Junqueira de Mazarefes já existia nos primórdios da nacionalidade e antes da
formação da nossa comunidade portuguesa já aqui havia um convento beneditino.
Mais tarde as terras do referido convento e o próprio convento passaram por
emprazamento às mãos dos fidalgos «Pereiras» e «Azevedos» os quais ficaram com
o direito de apresentação do abade, que seria o pároco vivendo numa casa cedida
pelos fidalgos.
No livro das visitas que se encontra no
cartório paroquial, verificamos certas referências feitas pelo Pe.
Manuel Meira da Rocha, abade de Deão, quando visitou a freguesia em 11 de
Outubro de 1847, das quais deduzimos: esta freguesia não tinha nessa ocasião
casa de residência; os párocos tinham vivido em casas que por obséquio lhes
davam os fidalgos, pois tinham ficado com o direito de apresentação desta
igreja, o que deixaram de fazer logo que perderam o referido direito; vivendo
depois em casas de aluguer que nem sempre pareciam decentes e próprias para um
pároco, nem próximas à igreja como convinha.
O referido abade de Deão não deixou de
lançar um apelo a que o pároco com a Junta e homens de probidade procurassem
com toda a prudência e meios suaves arranjar uma residência junto da igreja
para mais facilmente o pároco provir no espiritual e em tudo com mais
facilidade.
Em 1863 já a freguesia tinha comprado uma
casa e um quintal junto à capela das Boas-Novas. Ainda a conheci em muito mau
estado pois hoje está transformada em salão paroquial. Consta que nesta casa
viveu o padre «Brincas» natural de Fragoso. Não sabemos quantos mais teriam
vivido nela, pois muitos dos párocos eram daqui naturais e viveriam em casa da
família como aconteceu com o abade Matos.
Em 1947, o Pe.
António Francisco de Matos legou à freguesia metade da sua casa para residência
paroquial. A freguesia, porém, veio a comprar a outra metade e ficou o todo a
servir a freguesia.
Esta casa foi construída no séc. XVIII
por José Alves Calheiros, no lugar da Formiga, e ampliada, mais tarde, pelo
sobrinho Pe. Manuel Rodrigues Martins que a tinha
recebido em herança. Depois veio a pertencer aos pais e ao abade Matos de
saudosa memória.
É esta a casa que ainda hoje se conserva
em muito bom estado, embora com algumas modificações como é de supor.
5
de Maio de 1972
A BANDA DO CARVALHO
A CASA DO CIRURGIÃO DE MAZAREFES
Ouve-se chamar «casa do cirurgião» a um
casario situado no lugar da Regadia e, como o nome me fazia lembrar um desconhecido
João Semana, além da casa merecer certo reparo pelo seu aspecto antigo, dei-me
ao cuidado de saber algo sobre a sua origem.
Foi um trabalho difícil. Não consegui tudo
o que queria mas, com aturado estudo e um pouco de paciência, ainda descobri
alguns pormenores da história desta velha habitação.
É uma casa das mais antigas do lugar da
Regadia. Apresenta um estilo de casa de lavoura com todas as características de
ter sido casa abastada,
Na padieira do portal de entrada
encontra-se a data de 1765, além de outros caracteres. A casa, todavia, é
anterior àquela data que apenas deve assinalar a obra de portal.
Ao lugar onde se encontra erecta nem sempre
se chamou Regadia, mas sim Ermígio, há alguns anos atrás. Actualmente ora lhe
chamam uma coisa, ora lhe chamam outra.
Por 1739 pertencia esta casa a Catarina
Rodrigues, casada com António Francisco, sendo depois herdada por Maria
Rodrigues, filha daquele casal e esposa de João Rodrigues Ribeiro. À morte
destes, herdou-a a filha única, chamada Maria Rodrigues Viana que veio a casar
com o tenente José António de Matos, filho de José António de Matos e de Maria
Gomes, de Chafé, Anha.
É o primeiro apelido «Matos» que aparece em
Mazarefes. Dizem que os «Matos» vieram de Chafé para Mazarefes e, daqui, para
Vila Franca.
Este matrimónio da morgada foi coroado com
sete filhos.
Seguidamente sucedeu nos domínios desta
casa o filho José António de Matos, casado com Maria Barbosa de Almeida e,
depois, seu filho Francisco António de Matos casado com Rosa do Espírito Santo
Moreira, de Darque. Foi este homem, o Francisco, que deu o nome à casa.
Nasceu em 1838. Formou-se em cirurgia na
escola do Porto, já com mais de 30 anos, casando-se em 1877. Faleceu no ano de
1922.
A casa actualmente está dividida em duas
partes; a parte norte pertence a uma filha do cirurgião, Maria Moreira de
Matos, e a parte sul é propriedade do Sr. Manuel Almeida da Riba e de Ana Alves
da Cunha.
Existe uma tradição familiar a respeito da
sua antiguidade. Dizem que foi uma casa opulenta, à qual pertenciam muitos dos
terrenos dos lugares do Ermígio, das Penas e da Regadia. Viveu aqui uma morgada
riquíssima.
Foi nesse tempo assaltada por uma quadrilha
de ladrões vindos de Ponte de Lima. Estes conseguiram entrar em casa através de
um jinelo que possui a cozinha. Ainda agora mostra o jinelo serrado como prova
do roubo. Os ladrões carregaram 12 mulas com géneros e libras em ouro. Não
levaram o cordão de ouro da criada porque esta o atirou à lareira, ficando
escondido na borralha.
Dizem também que a morgada possuía albergue
para os pobres, gastando bastantes rasas de milho por mês e muitos litros de
vinho. Albergava os pobres numa casa ao lado, onde conservavam ainda hoje um
grande forno a que chamam – o forno dos pobres. Por isso mesmo os pobres tinham
grande estima por esta mulher a quem começaram a chamar santa após a sua morte
e, movidos até por certa crendice, diziam ter vindo a este mundo e aparecido à
família a reclamar justiça e caridade para com eles. Ninguém sabe o nome da
morgada, mas pelo que encontrei através da árvore genealógica, não resta
dúvidas em afirmar que tal mulher se chamava Maria Rodrigues Viana, nascida a
23 de Novembro de 1767, casada em 1784 com supra dito de Chafé e falecida em 11
de Junho de 1856. O apelido «Viana» deve ter vindo do padrinho de baptismo.
24
de Abril de 1972
A IGREJA PAROQUIAL DE MAZAREFES
Esta igreja, nos primeiros tempos da sua
edificação constituía o mosteiro do convento beneditino, aqui fundado pelos
monges de Santiago de Compostela.
Quanto à sua actual posição topográfica,
fica situada a 2km da capela de S. Simão, para o lado sul, num local onde se
torna vista e admirada desde Santa Luzia a S. Silvestre, sem, todavia,
acontecer o mesmo do lado sul, nascente e poente. Destes dois últimos pontos
cardeais duas perspectivas maravilhosas se desfrutam mas só podem ser focadas a
menos de 500m.
Pela retirada dos monges e passagem destas
terras para os Pereiras, começou a ser utilizada pelos fidalgos como capela da
sua casa, sob a invocação de S. Nicolau.
Foram várias as transformações por que
passou até aos nossos dias, como indica a diversidade de estilos.
Vejamos: A capela-mor apresenta-nos do lado
norte e nascente uma parede românica, actualmente coberta com cal. A cornija do
norte é diferente da cornija do lado sul e do lado nascente (em papo de rola).
A cornija do lado sul é igual à cornija do corpo da igreja.
As duas cruzes que encimam a capela-mor são
diferentes da que está na parte frontal da igreja. São duas cruzes estreadas e
de pequenas dimensões. A que se encontra sobre a frente é uma cruz latina
trevada e de maiores proporções.
Portanto, não há dúvida em afirmar que é a
capela-mor a parte mais antiga, talvez uma das partes primitivas do convento.
O corpo da igreja, bem como a ampliação da
capela-mor com a sua tão artística tribuna e os dois altares laterais em talha
de estilo barroco-renascentista, foi obra dos Pereiras, continuada depois pelos
Azevedos, vendo-se a águia (brasão dos Azevedos) sobre os referidos altares.
Por cima da porta de travessa, na parte
exterior, encontra-se um brasão com as armas dos fidalgos «Pereiras» e
«Pessanhas» (?).
Também a ornamentar a porta principal
existe em cantaria um frontal aberto simples com uma concha na abertura e mais
acima uma rosácia e um nicho com a imagem, em pedra, do padroeiro. A frente
deve ser dos fins do séc. XVIII.
Há ainda várias obras, como a construção do
passadiço, da casa para o coro, a construção da torre, a ampliação do coro e
das escadas que para ele dão entrada.
Diz
o Pe. Matos que sobre o levantamento da
torre é um facto ainda bem vivo na tradição. Sabe-se, diz ele, que antes desta
obra os sinos se encontravam pendurados nos troncos de castanheiros a pequena
distância da igreja. A torre é obra dos princípios do séc. XIX.
É recente a construção e ampliação do coro,
bem como os dois últimos altares laterais, (fins do séc. XVIII ?) feitos em
estilo bastante diferente do que já existia e o sanefão adquirido na igreja de
Caminho em estilo barroco tardio (D. João V) e aqui adaptado.
O guarda-vento existente na porta principal
também foi construído neste século em 1903.
A tribuna do estilo barroco-renascentista
está deveras bem centrada, com um grande altar na base. A talha é admirável. Os
arcos reais e as colunas salmónicas com o fuste retorcido imitando os pámpanos
de ramos e parra com cachos de uvas a serem comidos pelas aves estão bem
delineados. Os arcos reais estão unidos por um grande laço ao centro. Aqui e
acolá encontram-se repolhudos, ora mostrando só o rosto, ora mostrando todo o
corpo suspenso do conjunto das colunas com as suas bases áticas de pequena
dimensão e com capitéis de ordem composita e folhas de acanto. Todo um conjunto
é de uma beleza incomparável embora de tom um tanto pesado.
Os degraus do trono apresentam
características de um estilo posterior (D. João V) e sobre eles existe um
resplendor com uma dezena de rostos de anjos em adoração.
Em alguns retábulos vê-se com frequência
folhagem serpeante e algumas grinaldas.
É também interessante a configuração do
sacrário: Tem em forma de espelho, por baixo da porta, um dístico com as
palavras da consagração; a porta tem o livro dos evangelhos e sobre ele
descansa o cordeiro pascal; ao centro da porta vê-se uma bandeira formando o
monograma de Cristo; em toda a volta encontra-se um floreado ou arabescos com
dois grandes anjos sustentam e por cima dela uma cornija com umas palmetas ou
volutas amplas formando um pequeno frontal com uma flor ao centro,
característica da renascença.
O altar-mor é muito posterior e talvez do
séc. XIX. Do lado esquerdo da capela-mor há um grande jazigo do séc. XVI,
metido na parede com uma armação em madeira e uma bela pintura da época.
Vendo-se ao centro o brasão de fidalgo e cavaleiro. Na parte superior tem a
seguinte legenda: «Este jazigo mandou fazer o doutor Gaspar Pereira senhor dos
Coutos de Mazarefes e Paradella cavaleiro da ordem de Cristo, fidalgo da casa
de El-Rei Nosso Senhor e do Conselho do mesmo Senhor Chanceler da Casa de
Suplicação. 1579.»
Os dois altares laterais são posteriores
mas de estilo semelhante ao da tribuna.
Os arcos reais dos referidos altares são entremeados
por uma espécie de cairel. Os meninos geralmente apresentam-se com uma faixa
azul e branca ou vermelha e branca, conforme o altar. Sobre a cornija do altar
encontram-se dois meninos enfaixados, de pé, com uma palma da mão direita.
Ainda sobre a cornija vê-se uma espécie de frontão triangular feito de folhas
de acanto e anjos, com um espelho ao centro e uma águia sobre o vórtice
superior, símbolo heráldico dos Azevedos.
O
púlpito é da mesma ocasião, com base em pedra, pintada com motivos da época e
gradeamento em madeira torneada e pintada.
São de bela e variada escultura as imagens.
De entre elas distinguem-se pelo seu valor histórico a de S. Simão e a de S.
Bento; a primeira com todas as características da sua antiguidade, de escultura
bastante tosca, popular, mas feita numa das madeiras mais preciosas do tempo e
a segunda é ainda a da antiga ermida desta invocação e de talha bastante
perfeita. Outras se distinguem pela sua talha artística modelar e escultura
antiga de grande perfeição. São elas a
dos padroeiros S. Nicolau e S. Paulo que se erguem na tribuna.
A mais bela, pelo seu valor artístico, é a
da Sr.ª do Rosário, uma grande imagem de escultura e pintura muito perfeita.
As cancelas em ferro do adro foram
colocadas pela junta em 1883, quando os enterros começaram a ser feitos no
adro. Fica mais ou menos descrita a igreja paroquial, modesta mas rica no
confronto dos seus tons arquitectónicos e na beleza do seu ambiente
perfeitamente religioso.
-
Em 1882 foi estucado todo o tecto. A obra esteve a cargo de um mestre de Vila
de Pune que a faria de Agosto a Outubro por 165.480 réis.
-
Em 1887 o trono e a tribuna estavam em muito mau estado.
15
de Agosto de 1971.
Esta igreja entrou há bem pouco tempo em
obras de restauro e ampliação que lhe vão dar mais formosura dentro do mesmo
estilo.
NOTAS SOBRE O PASSAL DE MAZAREFES
O
Passal de Mazarefes foi arrematado em hasta pública na administração do
concelho de Viana, por 23$000 reis, no dia 5 de Maio de 1912 por Francisco
Fernandes Facha, sendo fiador Boaventura de Lima Fernandes.
A arrematação tinha sido anunciada por
edital, datado do 23 de Abril de 1912, assinado por João Loureiro da Rocha
Barbosa e Vasconcelos, presidente da comissão concelhia de administração dos
Bens Eclesiásticos, em Viana. O secretário era Alberto Meira. Nesta arrematação
dos passais entravam também as casas de despejos, as cortes de gado e os terrenos contíguos, mas não
entravam as residências (excepto a de Lanheses).
Francisco Fernandes Facha arrematou, na
mesma data, no passal de Lanheses e a residência, e foi fiador da compra dos
passais de Freixieiro de Soutelo e de S. Pedro de Soutela.
Boaventura de Lima Fernandes, que foi
também fiador da compra do passal de Lanheses foi um dos que acompanhou, em 25
de Março de 1916, um Sábado, o Administrador do Concelho Adriano Peixoto, para
proceder ao arrombamento da porta da igreja de Monserrate e iniciar sua
demolição.
(Notas coligidas por José Luís Branco da
“Folha de Viana” de Maio de 1912, h-3, e de 29 de Março de 1916, h-3).
UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA – O CEMITÉRIO –
A
tradição reza que o primitivo cemitério paroquial foi junto à igreja de S.
Simão da Junqueira. Já neste século se
encontraram junto da capela, situada no sítio da primitiva igreja paroquial,
vestígios de cemitério, do lado nascente da capela (de S. Simão).
Quando a igreja paroquial começou a
ser de S. Nicolau, os aterros eram feitos dentro da igreja e, a respeito disso,
em 1847, o abade de Deão, Pe
Manuel Meira da Rocha, numa visita oficial sugeriu que deviam ser
endireitadas as campas da igreja e concertados os taburnos.
Quando as leis do governo proibiram
os enterros nas igrejas, começaram estes a serem feitos no adro, até 1886, ano
em que se inaugurou o cemitério actual. Não era de grandes dimensões, pois
passados poucos anos, em 1914, a junta deliberou aumentar ao cimitério para o
lado nascente e poente mais 500 m2. Para isso teria de adquirir terreno de dois
proprietários: 347 m2 do Dr. José Maria d’Abreu Freire e 153 m2 de Francisco
Manuel de Menezes Pinheiro de Azevedo.
Não foi fácil executar as suas
deliberações como se verifica na resposta a uma carta que a Junta e o Pároco
escreveu a Francisco Manuel: não gostou que o cemitério se tivesse construído
naquele local e insurgia-se que a lei não permitia a construção destas coisas
junto das fontes nem de casas por motivos higiénicos. Ao mesmo tempo oferecia
terreno para ser construído de novo noutro local. Dizia também ter havido erro
na administração, preços baixos e terreno mal aproveitado. Caso contrário o que
estava chegava muito bem.
Não consegui descobrir se a Junta
chegou a realizar o seu plano ou não.
Em 1957, quando era presidente da
Junta o Sr. José de Oliveira da Silva Reis, o cemitério foi alargado para o
lado norte.
1843
– Abbe. Manuel Rodrigues Lima.
1861
– Pe José de Araújo Coutinho.
1862
– Abbe. José Martins da Silva.
1882
– Pe. José de Araújo Coutinho
1882
– Abbe. José Martins da Silva.
1892
– Pe. António Francisco de Matos.
1945
– Pe. Albino Maciel de Miranda (como
coadjutor do tio).
1947
– Pe António Quesado (freguesia anexa a Vila
Franca).
1948
– Pe. Albino M. de Miranda.
1948
– (desde Outubro, assina o P.e Delfim de Sá. Freguesia anexa a Darque).
1952
– Pe José de Jesus Soares Ribeiro.
1963
– Pe Eusébio Esteves Baptista.
1970
– Pe Sebastião Pires Ferreira (o actual pároco).
(Em
registos de baptismo, casamento e óbitos nos «livros mistos» existentes na B.
P. de Braga e no Cartório Paroquial.
6
de Janeiro de 1975
A CAPELA DA SENHORA DAS BOAS-NOVAS EM
MAZAREFES
Está situada esta capela no centro
da freguesia passando-lhe junto a estrada municipal do mesmo nome e que liga as
estradas nacionais n.º 213 e n.º 308.
Trata-se de uma capela bastante
ampla, cujas proporções se confundem com uma igreja paroquial levando até ao
engano muitos dos que transitam pela primeira vez pela referida estrada. É uma
grande capela com uma linda torre de relógio.
Não se sabe de quando data a sua
fundação. Uma vaga tradição atesta-nos que, a princípio, seria uma pequenina
capela escondida entre oliveirais como acontecia naquele tempo com muitas
outras. Também é vulgar ouvir-se dizer a pessoas idosas que a princípio era uma
capela sob a invocação da Senhora dos Prazeres, a quem o povo designava somente
pelo nome de «Senhora».
O
nome «Senhora das Boas-Novas», dizem, foi inspirado pela devoção do povo quando
viu abandonar os lares os seus entes queridos à procura de uma vida melhor em
terras do Brasil. É evidente que a gente de Mazarefes mergulhava na saudade e
na incerteza ia ajoelhar-se aos pés da «Senhora» a pedir as «boas novas» e,
como testemunho de gratidão ou inconscientemente através do tempo lhe teriam
mudado o nome, vindo o novo título de glória - «A Senhora das Boas-Novas» que
ainda hoje vigora e vigorará.
A sua fundação deve remontar a
alguns séculos atrás, talvez ao século XV ou XVI.
Na sua forma actual, diz o P.e Matos
na monografia manuscrita, foi construída em 1805 com muita pedra aproveitada da
antiga igreja paroquial em ruínas «S. Simão da Junqueira», trazida para ali em
carros de bois.
Foi, portanto, em 1805 ampliada em
reconstruída à expensas do P.e Manuel Martins de Carvalho, filho desta terra
que, por essa ocasião, havia regressado do Brasil.
Depois, a expensas de um devoto,
lavrador Manuel Augusto Fernandes Barbosa, desta freguesia e de quem já falei
no artigo sobre a «Casa das Marinheiras», foi erecta a torre, em 1901 (1).
Em 1911 foi colocado o relógio que
ainda hoje admiramos, adquirido com uma subscrição feita entre a gente da terra
a trabalhar no Brasil.
É
nesta capela que se realiza, no Domingo de Pascoela, a maior das festas desta
freguesia, chamada a Romaria da Nossa Senhora das Boas-Novas, à qual acorrem
inúmeros forasteiros das freguesias circunvizinhas e até de Viana, em especial,
da Ribeira. As famílias dos pescadores não só no dia da festa, mas durante todo
o ano vão ali agradecer à Virgem as boas novas dos seus ausentes, daqueles que
sobre as águas do mar, em horas difíceis, imploram a sua protecção.
Em 1960 surgiu a cruz luminosa que
se encontra sobre o vértice superior da torre, devendo-se essa iniciativa à
Comissão de Festas desse ano.
Fizeram obras no tecto em 1960.
Em 1964 substituíram o pavimento de
pedra por taco de madeira e foram colocados os azulejos.
Também é recente a construção dos
coretos que se vêm no adro.
Mais obras se fizeram em 1971, sendo
reduzida a sacristia nas suas dimensões e aproveitando-se o resto para ficar
aberto à capela-mor com altar voltado para o povo.
13
de Maio de 1974
(1) –Serão, nº139.
A CASA DAS MARINHEIRAS EM MAZAREFES
Ergue-se numa Quinta um pouco acima da
capela das Boas Novas, em Mazarefes, e contígua à estrada camarária que
atravessa o centro da freguesia, fazendo a ligação entre a Estrada Nacional n.º
203 e a n.º 308, em grande casario, sem dúvida, em todas as suas dimensões, a
maior desta aldeia. Está ladeado por dois grandes portões de ferro, ambos
aformoseados com boa cantaria. Nas bases de cada uma das «pirâmbulas» sobre o
portão do lado norte encontram-se as seguintes inscrições respectivamente:
BEME/LD
SEJA/O S.SAC. e P. N. A/A AS/M EAL//MAS.
No portão do lado sul estão cravadas a
ferro as iniciais (M. A. F. B.) do nome do primeiro proprietário e o ano (1895)
em que foi feito.
É actualmente pertença de José de
Oliveira da Silva Reis e de Albina da Silva Carvalho, casados em1940.
O proprietário foi o Senhor Manuel
Augusto Fernandes Barbosa, filho de Manuel Fernandes Barbosa e de Maria Cândida
da Rocha, falecido em Agosto de 1920. Havia casado em 20 de Novembro de 1864
com Antónia da Silva Meira, filha de Manuel Rodrigues de Carvalho e Maria da
Silva, por sua vez falecido em 1913. Este casal era muito rico, mas vivia, na
mesma Quinta, numa casa bastante mais modesta. Veio a ser herdeiro, por
falecimento do Sr. Manuel Pereira da Rocha Viana, em 16 de Abril de 1892, com
77 anos, solteiro, irmão de Maria Cândida da Rocha, consequentemente, tio em
primeiro grau de Manuel Augusto Fernandes Barbosa.
Então a sua riqueza atingiu maiores
proporções.
Conta-se que o Senhor Rocha Viana, da
marinha mercante e natural de Viana, era pessoa de grandes haveres. Pelo
testamento que tive o prazer de consultar por especial deferência da Secretaria
da Santa Casa da Misericórdia de Viana verifiquei isso mesmo.
Deixou grandes somas a diversas
instituições, parentes, empregados e os bens remanescentes foram divididos em
partes iguais por 4 sobrinhos. Da mesma maneira a família Barbosa tornou-se a
família mais rica da freguesia e mandou construir esta casa que, na ocasião,
1894, ficou por cerca de 5 000$00.
Esta foi a razão que mais tarde lhe
chamaram a «casa da riquíssima.»
Todavia esta riqueza fazia bem falta,
pois rodeava este casal uma numerosa geração... nada menos de 11 pérolas nesta
aliança matrimonial como: A Maria, que casou com António Afonso da Silva, de
Subportela; o Manuel, que se ordenou de sacerdote em Beja, vindo mais tarde a
ser capelão da capela da Senhora das Boas Novas e pároco de Darque; a Rosa, que
faleceu aos 4 anos de idade; o José, que casou para S. Lourenço do Mato; o
João, que casou para Serreleis; a Ana, que casou com Joaquim Alves de Araújo,
de Darque; a Joaquina, que casou com Francisco da Silva Carvalho, de Mazarefes;
a outra filha de nome Rosa, que casou para Subportela, a Antónia, que casou com
José de Oliveira Reis, de Mazarefes; a Teresa, que casou com José António de
Oliveira Reis, também de Mazarefes, pais do actual proprietário; e a Emília,
que casou para Galegos, Barcelos.
Como, porém, esta riqueza recebida da
herança do tio viesse melhorar ainda muito mais as condições económicas da
família, os devotados pais de tão numerosa família mandaram construir esta casa
mais condigna, ficando, desde aí, a ser conhecida por Casa das Marinheiras,
devido talvez ao facto da herança recebida do tio que era marinheiro e,
possivelmente, ao número de filhas casadoiras existentes neste lar. Assim se
explica que, para onde elas casaram, se implantasse a alcunha marinheira.
Também não faltou brio e bairrismo e,
sobretudo, devoção à Senhora das Boas Novas para, à semelhança de uma casa
enorme em que gastaram muito dinheiro, mandarem fazer aquela grande torre, que
hoje vemos e admiramos, na capela da «Senhora dos Emigrantes» e, sobretudo, dos
emigrantes que se encontravam, naquele tempo, no Brasil.
Nessa torre gastou a família Barbosa para
cima de 600$000 mil reis só para a mão de obra que dizia respeito a pedreiro. O
construtor que erigiu a torre era de Santa Marta de Portuzelo – o Rocha. A
pedra veio do alto de Mazarefes, mas alguma também veio de Anha.
A
família Barbosa, (Manuel A. Fernandes Barbosa e esposa), custeou todas as
despesas, à excepção do relógio oferecido 10 anos mais tarde, em 1911, pelos
emigrantes no Brasil, através de uma subscrição. A inauguração desta torre foi
em 1901, como muito bem assinala a lápide em pedra já existente.
Uma moça de 18 anos subiu as escadas da
torre com o bronze de um sino enfuado na cabeça que pesava cerca de 115 quilos!
É um facto curioso que ilustra a história
da torre e da família Barbosa ou por alcunha, Marinheira. Foi a filha Emília, a
mais nova, nascida em Setembro de 1883. Dizem que era moça muito forte, aliás
como as outras irmãs, que se aventurou a subir os degraus da torre com cerca de
115 Kg à cabeça. Bravo!
Esta Emília casou para Barcelos, mas veio
a morrer muito nova e sem geração.
À morte do senhor Manuel Augusto
Fernandes Barbosa, esta casa coube em herança à filha Joaquina, nascida em
Fevereiro de 1889 e falecida em 1928, casada. Porque do matrimónio apenas se
vingou uma filha de nome Albina da Silva Carvalho, foi a única filha, e marido
desta, que a recebeu à morte de seus pais. São hoje os actuais proprietários,
sempre muito conservadores e zelosos por aquilo que os seus antepassados
deixaram, procurando também melhorar e actualizar aquilo que é susceptível de
perfeição.
Este casal a exemplo de seus pais e avós
continua a ser um dos casais mais beneméritos da freguesia e tem só uma filha,
professora Maria Eugénia da Silva Reis Lima, casada.
10.10.1971. Artur Coutinho
Escola de Mazarefes
Em
1932 o Manuel Rodrigues Coutinho foi para a Escola que funcionava onde hoje
está a Ermelinda Oliveira, na altura era uma casa da cunhada do Abade Matos que
tomou depois a sobrinha Maria por herança, esposa do Manuel Gonçalves Dias, o
capador.
No
entanto, ele sabe que a Escola funcionava antes na Casa conhecida pela Casa da “Marta do
Lexandre”, isto é, filha do Alexandre
Rodrigues de Araújo Coutinho. Esta casa ficava no Ribeiro ou no Montinho e
ficava dentro da Quinta do Carvalho velho, pai do Luciano, o chefe da Banda. O
Carvalho era professor de primeira. Depois vendeu e foi para Viana.
Tinha
funcionado ainda a Escola na Casa do Zé da tia Deolinda, onde nasceu o
professor Magalhães que vivia na casa onde está a Rosa do Manão, junto ao
Augusto da Castela. Os filhos do Magalhães foram viver para Viana onde eram
professores e depois foram todos para a África, talvez Lourenço Marques. Uma
filha, chamada Alzira veio cá depois de casada, mas parece já terem morrido em
África.
A casa da Ermelinda Oliveira ficou nessa
altura a ser a Escola só para Raparigas. Aí leccionou a D. Isabel Ferreira.
Os Rapazes não tinham Escola. Conseguiram
que a casa conhecida por casa do Piroco
que tomou ao Pedra fosse aberta para
Escola dos Rapazes. A Casa era do José do Cordoeiro, José de Araújo
Coutinho, o pai do pai de Manuel Rodrigues Coutinho. Aqui nesta casa, leccionou
um Professor, Manuel António de Mogadouro. Este viveu na Casa do João
Cordoeiro, o Brilhante, pai do actual Francisco do Cordoeiro.
Seguiu-se
a este professor, a professora Emília Fernandes, do Porto que o levou a exame
porque o Manuel passou pela transição entre a Escola que funcionava na Casa da
Ermelinda e a Escola que funcionava na Casa do Piroco.
O
professor Coelho que vivia em Subportela, onde tinha casado, foi o que se
seguiu...
As
aulas que funcionaram na Casa do Pe. Zé Pinto, hoje da Nadir, eram aulas a
pagar e levavam a exame através de um professor oficial.
Apareceu
a construção da Escola no conjuntos das Escolas do Estado.
Agora
abandonado o edifício do Estado Novo funciona numa outra construção moderna que
se localiza no Bairro Novo da Celnorte. A do Estado Novo vai ser a Sede da
Junta de Freguesia? ( 1980 )
FILHOS NATURAIS
1803 a 1854, pelo menos 49 indivíduos,
entre masculinos e femininos, foram filhos naturais, espalhados por todos os
lugares actuais da freguesia e incluindo o da Namorada, Souto, Penas,
Gravinhos, Boas-Novas, Possa, Formiga, Senhora, Repeidade, Redondelo e Forca.
Apresentamos
só os nomes e os lugares que registei:1803 - Maria Gomes, Namorada; 1803 -
Maria Rodrigues, Monte; 1803 - João Gonçalves Capota, Souto; 1803 - António
Ribeiro Dias, Regadia; 1804 - Mariana
Gonçalves, Regadia; 1804 - Rosa (Violante); 1805 - José Gonçalves (Capota);
1806 - Jerónimo Gonçalves, Monte; 1807
-António Alvares, Monte; 1808 - Rosa Morais, Monte; 1812 -Ana; 1816 - José
Gonçalves, Monte; 1820 - Caetano
Lourenço, Penas; 1822 -Maria de Castro, Monte;1823 - António Gonçalves, Monte;
1825 - Teresa Pinto, Monte; 1825 - Teresa Rodrigues, Boas Novas; 1828 - Maria
Antónia, Monte; 1828 - Caetano
Rodrigues, Monte; 1832 - José Violante, Ferrais; 1833 - Ana Ribeiro, Ferrais;
1835 - Manuel Violante, Ferrais;
1835 - Maria Rodrigues Novo, Ferrais; 1837- Teresa Rodrigues, Ferrais;1838 -João
Ribeiro Taborda, Boas Novas; 1840 - Maria
Fernandes, Conchada; 1842 - Manuel Afonso Forte, Ferrais;1842 - Caetano Silva,
Serreleis; 1842 - Joaquim Alves Ferreira, Conchada; 1843 - José Oliveira, Monte; 1843 - Manuel Ferreira, Monte;
1843 - Rosa Alves, Monte; 1843 - Maria Martins Rodrigues, Monte; 1845 -Teresa Ferreira, Monte; 1845 -
José Francisco Dias; 1845 - Maria das Dores Franco; 1846 - Maria Lima; 1848
- Luisa
Ferreira; Ana Rodrigues Leite; 1848 - Miguel Correias, Penas; 1848 - José
Ferreira Polónia; 1850 - Manuel Lima; 1850 - Domingos Ferreira; 1851 - Maria
Gonçalves; 1852 - Maria Ferreira, Ermijo; 1852 - Maria Bernardina Pinto;
1852 - Varia Granja; 1852 - Ana Correia;
1854 - Francisco Ribeiro.
Expostos
Entre
o ano de 1746 e 1755 foram expostos 14 indivíduos do sexo masculino e feminino.
Aqui
apenas expomos os nomes dados no Baptismo e os anos, assim como alguns locais
onde foram achados estes humanos. Bento,
à porta da igeja, em 1746; Bento, à porta de Brízida em 1759; Catarina, em 1737;
Domingos José, à porta da Catarina em 1746; Francisco em 1723; Inácia, à porta
de Manuel Pereira, viúvo em 1744; Jacinta em 1738; Joana à casa de Jorge Pessanha Pereira em 1714; José António, à porta
de Jerónimo Rodrigues, em 1759;
Luzia à porta de Manuel Moreno, 1756 ;
Maria à porta de Jerónimo Rodrigues, em 1756; Maria, em 1728; Rosa, em 1774;
Teresa à porta de Cristóvão Gonç,
Ribeiro, em 1755.
Alcunhas
Algumas
alcunhas e os anos em que foram registados: A Caguelha -1775; A Paraca -1786; A Pisca - 1789; A Rata -
166; Alfatorra - 1711; Camelo - 1771; Capota; Caramuja;
Carnaquo - 1670; Carnoto - 1746; Carrega - 1710; Cordas - 1699; Curto - 1771;
Gaio - 1710; Galante - 1764; Galega - 1719; Guingão
- 1692; Homem - 1772; O Barrolo - 1651; O Bolha - 1761; O Carniceiro - 1617; O
Carnoto 1779; O Carraxel - 1789; O Cavalo - 1720; O Frade -
1715; O Fura Mundo - 1756; O Galego -1759; O Ganhão - 1755; O Grande - 1724;O
Maganão - 1590; O Maldisposto - 1711; O Manso - 1713; O Rendilha -
1781;O Tagarela - 1617; O Torto - 1707; O Toureiro - 1725; O Troiano - 1751; O Velho - 1788; O Velho
- 1745; Piza Barro - 1774; Salta
- 1693; Terra Velha -
1709; Terra Velhaca - 1762; Troino - 1734.
Lugares
De igual
modo lugares ou sítios registados que foram descobertos entre 1696 e 1753
O CRISTIANISMO E OS
PADROEIROS DE MAZAREFES
S.
Paulo teve intenção de vir à Península (Rom. 15,24-28), mas ninguém sabe se
chegou a concretizar ou não a viagem. S. Tiago é o que se sabe. Não vamos falar
dos caminhos de Santiago. (No entanto,
um testamento do séc. XVII, suponho que da família de A . Forte, meus vizinhos
e que li quando andava no Seminário dizia que deixava bens a quem fosse por si
a Santiago após a sua morte, uma vez que não o pôde fazer em vida).
Por
ocasião das perseguições de Décio, no Séc III havia várias dioceses na
Península Ibérica. Em princípios do século IV houve um Concílio peninsular e no
séc V o bispo de Braga esteve presente no Concílio de Toledo (ano 400). É, por
isso, muito provável que no século V houvesse já numerosos cristãos nesta zona
da Península, inclusivé em Mazarefes.
Nessa
altura já tinham passado muitas gerações sobre a quebra do mito a propósito do
Rio Lima que o corajoso Décimo J. Bruto ultrapassou. A invasão da Península, em
411, não veio alterar muito os hábitos romanizados...
No
século VI, vindo do Oriente, S. Martinho, bispo de Dume, ajudou com zelo apostólico,
firmeza e dedicação a conversão dos suevos e a purificação das superstições
ainda conservadas do paganismo nesta zona. Também, em meados deste século,
realizou o 1º Concílio de Braga.
S.
Simão teria sido o primeiro padroeiro da freguesia, pois os castrejos,
habitantes pré-romanos, teriam já deixado, a alguns séculos, os altos dos
Montes e o vale do Lima teria sido procurado não só para a agricultura
colectiva, como também zona habitacional e o rio para a pesca. S. Simão era o
apóstolo, advogado das tempestades e dos afogamentos e não o S. Simão estilita,
aliás, como é natural porque os cristãos de Mazarefes dedicavam-se também nessa
altura, a actividades aquáticas (à pesca, à extracção do sal e ao transporte
pelo rio...).
A
existência da actual Capela e documentos antigos, um deles de 985 (um dos
poucos, anterior à nacionalidade), 1220, 1258, 1290, 1320, 1402, 1528 e 1551
mostram-nos que S. Simão de Junqueira era de tempos imemoriais: foi vila, foi
couto, freguesia e a existência de dois padroeiros: “Sam Simam de Junqueira que
se ora chama Sam Nicolau de Mazarefes.”
Não
se trata de duas freguesias, mas uma única freguesia de S. Simão da Junqueira
de Mazarefes ou S. Nicolau de Mazarefes. Os seus limites, em 1063, seriam com
Sabariz, Vila Fria, Darque e Anha.
O documento mais antigo existente e
anterior à nacionalidade, é de 985, século X, segundo consta de alguns autores
de incontestável mérito. Este documento é uma doação das terras da vila de
Mazarefes aos frades beneditinos de Ante Altares de Santiago de Compostela.
“985, doação do conde Telo Alvites
«in hora maris villa vocitata Mazarefes cum domibus (...) et cum suas salinas»,
a que, em 1603, Fernando Magno deu carta de couto: «in villa Mazarefes
incipimus terminis id sunt (...) inter Gundulfe et Mazarefes (...) dividet
inter Savariz et Villa Fria et Mazarefes (...) dividit inter Agnea et Mazarefes
(...) Rio Covo (...) illa Junqueyra et inde in derecto at Limia recto estariz
de Foz Maiore» («Arq. Port.» XXVII, ps150-154). D. Fernando deu carta de Couto,
na vila dos Arcos de Valdevez, a Mazarefes.
A presença dos Monges
beneditinos é incontestável, e não
haverá dúvida que os monges deveriam ter propagado a devoção a S. Bento. Alguns
achados, disso nos dão conta. Mas a Vila de Mazarefes já existia há mais tempo,
e já se tinha perdido na memória dos “avoengos”.
A
subida das águas do rio, a inundação das suas margens devido ao assoreamento
obrigaram os habitantes a refugiarem-se mais para sul, em zona mais alta e
longe das águas.
É
tradição viva ainda falar-se do cemitério junto a S. Simão. A calçada romana
entre S. Simão e o antigo Passal onde acaba a Veiga e começam as bouças, ainda
a conheci. Fala-se da última casa de Mazarefes quando a população se distribuía
à volta da Capela de S. Simão como sendo no local onde hoje é a casa do “Necas
Reis” e a primeira depois de toda a freguesia passar para cima. A primeira casa
a construir-se mais a sul da casa do “Necas Reis” teria sido a casa das
“Capotas”. É vulgar na Veiga, nos esteiros e nos muros encontrarmos pedras
trabalhadas, antigos tranqueiros de portadas de quintais ou de casas. Como
foram lá parar... não é difícil, apenas lá foram abandonadas e, caídas em
ruínas, serviram, mais tarde, para parede umas, e outras estão, ou
encontram-se, enterradas nos esteiros. Assim, observei na minha infância quando
andava lá com o gado, e na minha juventude, quando comecei a interessar-me por
estes assuntos.
Depois
dos habitantes terem abandonado a zona baixa e terem ao lado a Capela da
Senhora dos Prazeres, no lugar da Senhora, que depois lhe deram o nome de Nª
Sra. das Boas Novas, após a imigração para o Brasil, não admira que a igreja do
ex-convento começasse a servir a população.
Esta
freguesia teve por isso dois padroeiros, talvez mais tempo usufruiu do patrono
S. Simão desde o século X, se não
remontar ao século IV ou V, até ao século XVI, altura em que passou a existir
alguma dúvida entre S. Simão e S. Nicolau. Esta dúvida deveria manter-se até ao
séc. XVIII, segundo podemos deduzir de escritos do abade Matos.
O
uso como igreja paroquial foi facilitado pelos possuidores do domínio útil do
mosteiro, os fidalgos Pereiras e os Azevedos que tinham o direito de
apresentação do abade.
Em 1551, o mosteiro e todos os bens
vieram a pertencer aos Fidalgos «Pereiras», os quais fizeram obras na Igreja.
Depois vieram os «Azevedos» a serem os possuidores, completando as obras que os
«Pereiras» tinham começado, sobretudo de talhas de altares.
A
igreja de S. Nicolau passou a ser a paroquial e, segundo diz o Abade António
Francisco de Matos, daqui natural e pároco durante 50 anos, numa monografia que
ele escreveu sobre Mazarefes, foi em 1724 que os «Azevedos» oficialmente
cederam a igreja, à freguesia.
Artur
Coutinho
OS PEQUENOS
José Gonçalves Pequeno, filho de João
Gonçalves e Teresa Rodrigues, lavrador e Maria da Silva Meira, filha de Caetano
Fernandes Pitta e de Teresa da Silva, lavradeira, casados em 1895, eram pais do
Zé Gonçalves Pequeno, nascido em 1902, falecido em 03.07.1957, altura em
que eu me encontrava de cama com anginas. A filha mais nova era a Albina
Gonçalves da Silva e conhecida por Albina do Pequeno que casou com Joaquim de
Matos Gonçalves da Cunha, o ferreiro e moradora em frente à Casa dos Cordoeiros
da Capela. Maria da Silva Matos da Cunha, casada com Manuel Inácio
Ribeiro Correia, de Vila Franca e é mãe de 6 filhos, o José da Silva Matos
da Cunha, casou com uma senhora de Celorico da Beira, com dois filhos e
esteve em Inglaterra, 28 anos, em Londres, onde deixou a família (esposa e dois
filhos), o João casado com Maria Amélia Ribeiro Dias da Cunha, de Vila
Franca, foi pai de 7 filhos, tendo morrido um menino, ficaram 5 raparigas e um
rapaz, o Joaquim casou com Deolinda Rodrigues de Vila Franca dos da
Talaia, pai de 4 filhos, Maria José casada com Joaquim Lourenço
de S. João da Ribeira, Ponte de Lima, ausente, em França, com 2 filhos. O ainda
famoso José Pequeno faleceu novo com doença grave no fígado, foi
o autor da firma Garagem José Pequeno ou Auto-Vianense, casado com Jovita
Taveira e só teve uma filha a Maria José, falecida em 15.04.2000,
deixando um filho. A Maria, casada com o José Gonçalves (Vergas),
carteiro, foi mãe de: Raulinda que casou com o José Augusto Machado, de
Vila Franca e mãe de 3 filhos: o José Augusto, o Manuel e o António; a Augusta
casou com Manuel Moreira, da Conchada e teve um filho; a Lucinda casou
com um senhor de Anha e é mãe de um casal; o José casou para
Trás-os-Montes, teve um filho deficiente, o Manuel casou com uma senhora
de Vila Fria, e foi pai de 2 rapazes e 2 raparigas, faleceu na França, num
acidente de trabalho; o Francisco casou com uma senhora de Chaves e esteve
no estrangeiro e o António casado em Lisboa. A Rosa casada com o
José Liquito, que, de cantoneiro passou a madeireiro, e mãe dos Liquitos: o José
solteiro, o Álvaro casado com a do Franco, irmã da viúva do Paulino, o António
casado com a Pericas, da Regadia, a Maria e pai de 3 raparigas e um rapaz, o Manuel
que casou com a Zélia de S. Romão e tem 2 filhos, o Joaquim que está na
África do Sul casado com a filha de Ana Teima, com 2 filhos. A Maria que
está casada com o Portela de Vila Fria, mãe de 2 raparigas e 2 rapazes, a Albina
que casou com o Torres, de Vila Fria que vive junto à casa antiga dos pais e
mãe de 5 filhos, a Rosa que casou com o Joaquim Catena e tem 3 filhos; o
Manuel que trabalhou na Singer, casado com a Professora D.Branca
(desentenderam-se e, quando se reformou, foi para Mazarefes, onde morreu
passados uns dias), deixou duas filhas, a esposa faleceu em 1994, o António
casou com Teresa Loureiro, na Meadela, mas viveu em Viana e era pai da Julieta
casada com o Jeromenho e antiga catequista da Sé e o pai do actual José
Gonçalves Pequeno, sócio-gerente da Auto-Vianense, morreu pouco antes de fazer
41 anos de idade, em 1949, a Emília que morreu
aos 7 anos de idade.
A Banda do Carvalho
Na década de 1940 extinguiu-se uma
banda de música com o nome de “BANDA DO CARVALHO”. Esta banda teria uma longa
história, e se houvesse documentos escritos para seguir a par e passo o seu dia
a dia, dificilmente seriam as páginas do “Serão” o seu livro de oiro.
Com os poucos dados que consegui recolher
de diversas pessoas que a conheceram ou que dela chegaram a fazer parte,
poderei reconstituir alguns aspectos da sua história nas poucas linhas que se
seguem.
O professor António Alves de
Carvalho, nascido em 2 de Janeiro de 1849 em Alvarães, formou-se na escola
normal de Lisboa e contraiu matrimónio pelos 23 anos com uma senhora de
Mazarefes - Teresa Alves Pereira.
Por força das circunstâncias veio a
ser professor primário de Mazarefes e a viver no lugar de Ribeiro, na casa e
quinta que hoje é de Marta Coutinho.
O Sr. Carvalho, de grandes dotes
musicais, e outros apaixonados pela “Arte dos Sons” tiveram a belíssima ideia
de formar uma banda. Entre os 27 elementos que arranjaram, encontravam-se
músicos de Mazarefes, Alvarães e de outras terras limítrofes.
Depois de interrogar várias pessoas
conceituadas sobre a data da sua fundação não cheguei a saber nada de concreto.
Apenas pude verificar que seria fundada imediatamente depois do casamento acima
referido. Sendo assim, deve Ter sido na década de 1870. Como não soube da data
da fundação, do mesmo modo apenas consegui informar-me de que se extinguiu no
ano de 1940 (talvez em 1942). Portanto, 60 ou 70 anos que ela existisse, já é
motivo de grande júbilo e honra para o seu fundador, homem activo, energético e
bom. Além de professor primário exerceu a
magistério musical. A sua casa era a escola da música, era a casa da
banda. Lá se davam os ensaios com rigor e disciplina e ensinavam-se os
adolescentes a tocar as escalas.
Filho de peixe sabe nadar” - Poderíamos
aplicar este ditado à família do Sr. Carvalho. Todos os seus filhos sabiam
música. Muitas vezes foi substituído pelo seu filho Casimiro, ex - seminarista,
que dizimado por doença que não perdoa faleceu aos 27 anos. O primeiro sucessor
na regência foi o Luciano que nasceu em 1890.
Alguns músicos, devido à sua
preparação e ao saber vieram a ingressar noutras bandas de maior nível. Quando
o Sr. Carvalho deixou a regência, o seu filho, Eugénio Alves de Carvalho,
também veio a alistar-se na dos B. V. de Viana.
Este
Sr. Eugénio é o único filho vivo com 76 anos e residente em Seixas.
O fundador era severo mas muito
delicado. Daí a muita estima e consideração que lhe dispensavam os elementos da
banda e grande aceitação e influência no povo de Mazarefes.
Contudo, os estatutos eram para se
cumprir.
Seria
expulso aquele músico que se apresentasse numa festa com a roupa em desalinho e
menos fresca.
O bairrismo, como é natural, sempre
dominou o Sr. Carvalho, por isso, a festa das Boas-Novas era o palco das estreias
de algumas novas peças de música, novos instrumentos e novas fardas de 2 em 2
anos. Tudo se inaugurava no palco maravilhoso do adro das Boas-Novas, tendo
como cenário o arvoredo que então ali existia e ao longe o recorte no céu azul
dos montes e do alto de S. Silvestre.
Dizem-nos que era uma boa banda. È
certo que actuou em diversos meios como: Monção, Maia, Santo Tirso, Ponte da
Barca, Arcos, Ribeira da Pena, Alijó do Douro, Vila Nova de Cerveira, Barcelos,
Famalicão, Fão, Ponte de Lima, Esposende, Vila do Conde, Azurara, Apúlia,
Viana, e durante 15 anos consecutivos actuaram em Âncora na festa da Bonança.
Andava pelos 12$50 (12$5000 reis)
por cada dia de actuação. Fazia as deslocações no carro de cavalos do falecido
Cura quando iam para longe.
Era constituída de 27 a 35 figuras
cuja farda característica parecia muitas vezes contrastar com os tons
estridentes dos seus instrumentos que, a princípio, eram de metal amarelo.
De dois anos havia farda nova com
certa modificação no feitio ou na cor. Dizem-nos todavia, que se manteve sempre
no seu tom característico em que havia nascido.
Chegaram a usar calça amarela
afestoada a princípio, e mais tarde com vivo. Usavam casaco azul escuro, de
gola alta, com alamares em branco guarnecidos de fitas douradas e largas, e com
3 filas verticais de botões ovados, dourados, onde (abotoavam) apertavam o
casaco e prendiam os alamares. Nos ombros usavam dragonas em metal dourado com
muitas franjas também douradas.
O boné era de cor azul por cima e
vermelho à volta com pala preta e horizontal à estilo francês e com um penacho
ao, encarnado.
Como dissemos, no princípio os
instrumentos eram em metal amarelo. Podemos enumerara os seguintes ao tempo do
seu fundador: 4 cornetins, 2 trompas, 3 trombones, 2 bombardinos, 4 clarinetes,
3 saxofones, 1 flautim, 2 clarins, 2 contra-baixos, 1 caixa,2 bombos, pratos e
uma miniatura de carrilhão.
A maior parte dos elementos sabiam
música. O Sr. Carvalho chegou a fazer composição orientado pelo capitão Torres,
chefe da Infantaria 3 de Viana do Castelo.
Em 1918 quando actuavam na festa de
S. Silvestre - Cardielos - receberam a notícia de que a casa do Sr. Carvalho
tinha ardido. Desgostoso com o que aconteceu veio vender a casa e Quinta, em
7-5-1919, ao Sr. António Coelho, de Viana do Castelo, por 1.900 reis. Comprou
com esta soma duas casas em Viana: uma, na rua dos Manjovos e, outra na rua da
Gramática onde morreu em 1930.
Foi com mágoa que a banda vira
partir para Viana o seu fundador já com a idade dos 70 anos, cansado e desgostoso.
Abandonou, então, as suas actividades de músico e professor primário.
Sucedeu-lhe na regência o seu filho
Luciano Alves de carvalho que faleceu em Mazarefes aos 54 anos. Pouco antes da
sua morte, ocorrida em 1944, sucedeu a este na regência o seu filho e
consequentemente neto do fundador, Casimiro Alves de Carvalho, que tendo casado
em Anha, em 1942 (?) pela ocasião da festa da SENHORA DO ROSÁRIO, depois de
atrevida zaragata, a levou para esta terra.
Veio a extinguir-se por completo em
1961, com o nome de “ Banda da Casa do Povo de Anha”.
Os monges nas terras de Mazarefes
Pertenciam estas terras, no século
X, ao reino de Leão.
Elas foram pertença de D. Telo,
fidalgo do reino e vassalo do rei, durante a sua
vida. Não tendo este fidalgo geração que viesse a herdar estas terras,
resolveu, no ano de 985, fazer uma doação das mesmas à Congregação de S. Paio
de Ante-Altar, constituída pelos monges beneditinos de S. Tiago de Compostela.
Foi esta doação feita na presença de alguns altos signatários da Igreja e da
corte de Leão. O rei, D. Bermudo II, confirmou aquela doação por estes termos:
“ Em nome do Senhor, eu, Bermudo, por Graça Divina Rei confirmo o voto de
holocausto do meu dux”.
Senhores destas terras, em breve,
começaram os monges a exercer aqui o seu domínio, edificando um convento de que
apenas restam vestígios, como uma extensa muralha, um paredão que formava um
dos lados do referido convento, vários tijolos, pedras lavradas e algumas das
inscrições que hoje se encontram no Paço, devem ser dessa época. È possível que
o templo do convento fosse edificado no local onde hoje se encontra a igreja
paroquial, sob a invocação de S. Nicolau, segundo documentos antigos. Contudo
não existem documentos que comprovem a invocação de S. Nicolau para o primitivo
templo.
Durante a sua permanência nestas
terras de Mazarefes, os monges ocuparam-se no cultivo das mesmas, pelo menos as
mais férteis, e até no arroteamento das bravias.
Assim,
este centro se foi tornado cada vez povoado, mas os monges tiveram-no de deixar
aquando das guerras com Castela, retirando-o para a Galiza; depois de terem
obtido para isso licença pontifícia, fizeram emprazamento dos bens que aqui
possuíam aos parentes mais próximos dos fidalgos D. Telo e, sua esposa, D. Muma
que lhas haviam doado.
A testemunhar, ainda, a passagem
destes monges por aqui, ainda hoje é conhecida com o nome de S. Bento toda a
região do lado norte da igreja paroquial até à estrada Darque-Ponte de Lima.
A tradição diz Ter havido uma capela
de S. Bento naquela região, mas tal não é localizada. Mas também a mesma
tradição dizia ter havido um fontenário de S. Bento, junto da igreja paroquial
e, o que é certo, é que há anos quando se abria um poço a cerca de trinta
metros daquela, numa propriedade que confina com o adro do lado nascente,
apareceram ainda os vestígios d adita fonte e mais abaixo um cano em pedra para
condução de água.
Ainda existe um facto muito
interessante na acção dos monges, foi terem pedido a D. Fernando Magno a
constituição destas terras em couto, o
que aconteceu em 1063 com as seguintes terras limítrofes: Sabariz, Vila
Fria, Anha, Rio Corvo, Rio Lima, Darque e Gondufe.
Os PEREIRAS de Mazarefes
Em 1451, passou o domínio útil destas
terras para a filha de Rui Pereira, D. Messia Pereira, mulher de Martins Mendes
de Berredo. Como tivesse enviuvado e resolvesse fundar um convento, em Aveiro,
esta senhora como não lhe sobejasse o dinheiro, pediu licença aos monges para
vender o domínio útil a seu parente Diogo Pereira, Cavaleiro na casa de El-Rei
e almoxarife, um dos cargos mais elevados do reino.
Resolveram os monges, em 1494,
vender o domínio directo a um filho de Diogo Pereira, chamado Rui Pereira, e
foi o filho deste, Gaspar Pereira, que fundou o morgado de Mazarefes com
permissão do Rei D. João III, em 1579.
Por esta altura já os monges tinham
perdido todo o interesse nas terras de Mazarefes, pois davam-lhes prejuízo.
Foi talvez Gaspar Pereira o fidalgo
mais ilustre e relacionado com a história desta terra. Dele se conserva ainda hoje um jazigo na
capela-mor da igreja paroquial com a seguinte legenda pintada na parte
superior: “ Este jazigo mandou fazer o Dr. Gaspar Pereira, Senhor dos Coutos
de Mazarefes e Paradela, cavaleiro da ordem de Cristo, fidalgo-mor de El-Rei
Nosso Senhor e do Conselho do mesmo Senhor, Chanceler da Casa da Suplicação.
Ano de 1579”.
Sucedeu-lhe no domínio destas terras
seu filho Rui Pereira, homem de grande cultura, mas de Temperamento despótico
que muito lhe valeram os grandes serviços prestados ao Reino, pois não
conservou sempre elevada a honra que devia merecer e que o seu pai tinha
conquistado.
Era tirano, exigente para com os
seus caseiros, não lhes permitindo levantar casa sobrada ou lagar sem sua
licença, obrigando-os a pagar anualmente os quartos da sua renda.
Cometeu vários crimes e, se não
fossem os grandes serviços prestados ao reino não teria alcançado perdão. Não
lhe aconteceu assim com o caso de Vila Fria porque embora tivesse cometido
várias tropelias e fugindo à responsabilidade, desta vez nunca mais voltou a
Mazarefes e foi morrer às mãos dos cafres, no Cabo da Boa Esperança quando pela
3ª vez, regressava da Índia para onde se evadira quando a justiça o condenou.
Foi de grande importância a acção
dos Pereiras as terras de Mazarefes. Ainda nos resta destes fidalgos um casarão
antigo de que mais adiante se tratará.
Sucederam a Rui Pereira seu irmão
Nuno Pereira e, à morte deste, o seu filho Gaspar Pereira que casou com
Bernarda Coutinho, e Jorge Pessanha. Foi, mais tarde, legítima sucessora a
filha do último fidalgo, que não deixou geração e por isso, sofreu violenta
questão da qual sairam vencedores os Azevedos como parentes mais próximos e
herdeiros dos bens.
Os Gandras em Mazarefes
Em
1838 veio para Mazarefes Manuel Luís Gandra, com 28 anos de idade, da freguesia
de S. Tiago de Aldreu, Barcelos, por casamento com Rosa Rodrigues, a
Cordoeira,do Ermijo.
Do
casamento resultou uma prole de 9 filhos, 5 varões e 4 mulheres.
Manuel Luís Gandra enviuvou em 1857. A mulher
morreu de parto. O referido Gandra herdou a alcunha “Cordoeiro” do sogro. Casou
pela segunda vez com Rosa Gonçalves e consta na tradição da família que esta
mulher de quem teve mais duas filhas, não era nada meiga para com os enteados.
Faleceu em 1881. O filho mais velho com 17 anos partiu para o Brasil, em 1857 e
levou consigo o irmão José com 14 anos. Quatro anos mais tarde, levou o irmão
Manuel com 12 anos e o António com 11 anos, o João, o mais novo que vivia na
Meadela, aos 38 anos, também. Em
1861, foi para a terra das patacas, para poder pagar a casa que teria comprado
na rua da Altamira, onde hoje vive a neta Raquel. A Francisca casou para a
Meadela com Manuel Francisco Oliveira, em 1869 e com 24 anos de idade.
O
António reemigrou em 1896 e em 1899, sinal de que andou lá e cá, assim como o
José em 1890 e em 1892.
Não
sei nada do que terá acontecido às mulheres, a mais velha, a Maria Rosa faleceu
em 1869, aí com 31 anos de idade, em Mazarefes, quanto à Maria Cândida, nascida
em 1848, morreu bébé, e a Maria, em 1851, nada descobri. Dizem que terá ido
para os lados da Serra da Estrela.
O filho João, depois de ter comprado a casa e
ido ao Brasil, casou com 60 anos em 1914, com uma mulher de Refóios do Lima,
mas ficou viúvo e sem filhos, tendo voltado a casar com uma sobrinha da mulher,
que se chamava Maria de Jesus Gonçalves e de quem teve 3 filhos, o Manuel Luís,
o José (morreu crança) e a Rosa Guilhermina. O João para adquirir o passaporte
apresentou a sua residência, aos 38 anos, na freguesia da Meadela e, de facto,
constava que tinha primos na Meadela, os mata sete, e que por ocasião da
revolução da Traulitânia que rebentou lá para os campos da Agonia, fugiu com
duas crianças que estavam com ele para a Meadela. Ao Ao passar pela Capela de N.ª Sr.ª das
Candeias, levou consigo (também uma criança mais) António Costa, irmão do Severino Costa para a
salvar de alguma situação desagradável pela revolução rebentada, isto teria
acontecido por volta de 1919, no tempo da Monarquia do Norte que durou apenas
25 dias. Isto já depois de ter vindo do Brasil. A propósito, uma criança morreu
no Campo da Agonia por causa deste conflito traulitano em Viana.
Do
2º casamento do velho Manuel Luís Gandra, o Cordoeiro de Mazarefes, nasceram
mais duas meninas, a Ana, que foi tecedeira e casou em 1883 com Manuel Afonso
Forte e morreu com 50 anos, em 1909 e a Maria Rosa que morreu bébé..
Quanto
às duas senhoras que foram para a região da Serra da Estrela ou Coimbra,
trata-se de uma hipótese, pois, certo dia, entrando uns turistas dessa zona no
Banco Nacional Ultramarino, logo um deles que era Gandra disse para o outro:
“Olha ali está um Gandra” referindo-se a um empregado bancário que de facto até
era Gandra. Travaram diálogo e chegou-se à conclusão que talvez fosse família,
pois o Gandra de Coimbra dizia que a sua família foi do norte e o Gandra de
Viana achava que antepassados houve que não sabia deles. O Gandra a trabalhar
no Banco era muito parecido com um outro familiar de que passava por Viana.
Esta coincidência levou a concluirem, talvez precipitadamente, que seriam
família e que a Maria, filha do primeiro casamento do Manuel Luís Gandra teria
ido para a zona da Serra da Estrela. Teria ou não, há que investigar para ver
se corresponde à verdade, mas costuma-se dizer, “onde há fumo,à fogo”.
A Capela de N.ª Sra.
das Boas Novas
Não
se conhece a origem desta capela.
Localiza-se do lado nascente da estrada que corta Mazarefes no sentido
norte-sul, ligando a estrada nacional nº 203, de ligação entre Darque e Ponte
de Lima e a nacional nº 201, de ligação entre Darque a Vila Verde.
No
entanto, pela tradição que o Abade António Matos confirma na sua monografia,
ela teria sido inicialmente uma capela sob a invocação de Nª Sra. dos Prazeres
e que corresponderá, nesse caso, à imagem que se venera ainda hoje no nicho da
frontaria da mesma capela.
A
mudança de nome de Nª Sra. dos Prazeres para Nª Sra. das Boas Novas terá sido
depois da descoberta do Brasil, por ocasião da imigração das suas gentes para a
terra das patacas.
Por
um acentuado número de mazarefenses falecidos, no Brasil, se pode constatar que
teria sido forte a evasão para lá. Não é dificil, por isso, de antever uma
devoção acrescida à Senhora dos Prazeres, pedindo-lhe boas novas dos seus entes
queridos, ausentes em terras de Stª Cruz, ao ponto de lhe terem começado a chamar-lhe, com carinho e devoção,
a Senhora das boas notícias,a Senhora das Boas Novas.
O
certo é que a influência da Senhora dos Prazeres ou das Boas Novas foi tão
grande que à região onde estava implantada a sua capela começou a chamar-se
apenas pelo sítio da Senhora, nem sequer era da capela, naturalmente mais
vistosa, mais sensível ao comum dos mortais, mas simplesmente o lugar da
Senhora; nem era a Senhora dos Prazeres, nem a Senhora das Boas Novas,
simplesmente Senhora.
Antes
dos meados do século XVIII já este nome da
Senhora das Boas Novas era conhecido porque, em 1747, a viúva de Jorge
Pessanha Pereira, fidalgo da casa do Paço e falecido a 09.10.1724, sepultado na
capela-mor da igreja, instituira aqui um morgado com o nome de Nª Sra. das Boas
Novas.
Esta
devoção também foi grande entre os pescadores, e as gentes do mar. Ainda
conheci romeiros vindos da Ribeira de Viana e de Darque que aqui afluiam com
frequência, durante todo o ano, para agradecer graças, bençãos ou implorar a
sua protecção cuja necessidade a hora do infortúnio trouxe.
Esta
capela passou por várias transformações. Inicialmente teria sido uma pequena
capela no meio de um oliveiral. Com as proporções que hoje se conhecem, deve
vir do princípio do século XVIII. Sabe-se duma intervenção animada e
proporcionada pelo Pe. Manuel Martins de Carvalho, depois de regressar do Brasil, na capela e no adro, em 1805.
Nessa altura fez-se a grande ampliação e, na obra foi utilizada pedra da antiga
igreja paroquial em ruinas (S. Simão).
As
ofertas dos romeiros que aqui chegavam eram feitas em dinheiro, tranças de
cabelo, azeite, cera e também frequente o uso da mortalha. Em 1881 o rendimento
foi o seguinte:
Juros
5.390 - réis; 0,5 almude de azeite - 2880 réis; Azeite das Oliveiras - 2400
réis; Aluguer de uma mortalha - 160 réis; uma mortalha - 360 réis; uma trança
de cabelo - 500 réis; Caixa - 1230 réis; Total: 12.920 réis
A
Sacristia da capela foi feita em 1883 e custou 50.000 réis. A Torre foi
construida em 1901, por iniciativa de
Manuel Augusto Fernandes Barbosa, da casa das Marinheiras, e o Relógio da Torre
que ainda hoje funciona, em 1911, pelos ausentes no Brasil. . Sempre nestas
transformações esteve presente a contribuição dos emigrados no Brasil e seus
familiares que, aos pés da Senhora, mergulhados pela saudade e incertezas
pediam as boas novas ou agradeciam graças recebidas.
As
transformações continuaram por aí fora, quer no adro, quer na capela, ou na
sacristia, porque, afinal, a Senhora apesar de nome mudado, Ela na realidade é
a mesma, a Mãe de Jesus e continua a ser sempre a mesma e única Senhora de
Mazarefes. N’Ela todos os mazarefenses têm os olhos e para ela todos se voltam,
por isso lhe fazem festa grande no Domingo de Pascoela, a famosa romaria da Senhora das Boas Novas..
A
devoção tão enraizada à Senhora das Boas Novas, Senhora de Mazarefes, faz com
que a capela, onde se venera, esteja sempre muito limpa e asseada. Há poucos
anos o pároco, Pe. Manuel Parente Pereira, fundou uma Confraria para
institucionalizar este asseio e culto.
As
sucessivas comissões de festas sempre têm trabalhado com brio e entusiasmo para
fazer a melhor festa e a melhor obra. A deste ano, formada por José Maria
Ribeiro Cunha, Armindo Magalhães, José Maria Pinto Bouças e Américo Afonso da
Balinha, já repete por quatro vezes esta façanha e começou com restos de festas
e outros apoios a levar a efeito grandes melhoramentos no adro da
Capela, no seu traçado, novas aberturas, sobretudo, para norte com chão
empedrado, canteiros, e bom embelezamento da zona circundante fazendo um
conjunto bem soberbo! Para além diso,
aproveitou sob o adro espaços para criar estruturas de apoio às actividades da
festa e a da paróquia. Boa iniciativa! De parabéns está a referida Comissão, assim como a Paróquia pelo
brio das suas gentes e pela Senhora a quem
prestam culto. Prepara-se ainda para fazer 2 coretos desmontáveis para
as Bandas de Música.
Lá continua a Senhora e, sempre esta
Senhora, a ser o símbolo da unidade da nossa terra!
.
Artur Coutinho
Casa dos Araújos Amorins
A
Casa do Monte começou por ser a Casa dos Araújos e surgiu por 1789 com António
Gonçalves Araújo (de Amorim?) que nesse ano, casava com Maria Rodrigues, filha
de Custódia Rodrigues, solteira, para a casa que se situava na Conchada.
O António Araújo veio de Chafé, filho de
Manuel Gonçalves Rego e de Fernanda Araújo da Silva.
Do
casal houve sete filhos, a Maria (1790), o José (1791), o António (1792), o
José (1794), a Teresa (1795), o João (1798), a Rosa (1802). O João casou com a
Maria Teresa de Jesus e apenas teve 2 filhos, a Maria Rosa de Jesus (1838) e o
António (1836) e foi o que ficou em casa.
A
Maria Rosa casou com Manuel de Matos, filho natural de Violante, solteira, a zabumba, e foi pai de
Manuel Amorim de Matos que, por sua vez, casado com Maria Rodrigues Calheiros,
foi o pai de Rosária, nascida em 1909, e ainda de boa saúde, e de mais quatro
homens. O Albino, o António, o Artur e o Manuel.
O
António casou com Maria Alves, filha de Manuel José Barbosa e Maria Alves, (de
Vila Fria) e foram os pais de Manuel,
António (1878), Maria (1872), José (1876), Domingos (1880), Clara
(1982), e de Ana (1987).
Deste
casamento, a Maria foi para a casa dos avós maternos, em Vila Fria, a conhecida
“Casa do Couto”. Não Teve filhos.
O
José casou com a Antónia Rodrigues Araújo, dos Catrinos. Ficou em Mazarefes e
teve da sua mulher 4 filhos. O Domingos morreu com 2 anos queimado por lhe ter
o fogo da lareira chegado à roupa, no dia de Páscoa, pouco antes de chegar o
compasso pascal. Curiosamente, em 1965, uma filha de uma sobrinha, na mesma
lareira, e em dia de Páscoa, à noite, ficou sem a mão esquerda por rebentamento
de uma bomba de foguete. Eram 10 horas da noite. O José foi para a casa da tia
casada com o Couto, em Vila Fria, e casou com a Conceição Lima de quem teve 5
filhos varões. A Conceição morreu de doença cancerosa e o José casou 2ª vez com
Alice Ferreira, de Belinho, de quem teve mais duas filhas. A Maria casou com
Artur Matos, de Vila Franca. Não teve filhos e foi viver na Casa da Quinta dos
Oliveiras comprada pelos seus pais. A Deolinda casou com Manuel Coutinho e teve
3 filhos. Ficou na casa onde nasceu a família Araújo, vulgo, catrinos.
O
António casou para o Ribeiro com uma irmã do Dr. Ferreira de Vila Fria; Maria
Rosa Fernandes, da família Caroças, do lugar da Cavagem e teve 4 filhos: Maria,
Maria Deolinda, Conceição e Manuel. A Maria Rodrigues Amorim casou com José
Augusto, carteiro, vivia no Ribeiro ao lado da Quinta e Casa que foi da Marta
do Alexandre e teve 1 filho,o Anselmo, que foi para o Brasil onde casou com uma
brasileira Maria Estela ou Maristela, o Manuel que casou no Brasil com uma
senhora Estela da qual teve dois filhos (o Maurício e a Estela), a Conceição
que casou com José Rodrigues, de Darque e foi mãe de 5 filhos: a Maria, o
Manuel, António, a Maria de Lurdes e o Mário. A MARIA casou com Augusto Marques
e é mãe da Elisabete, casada com Valdemar e com 2 filhos: Filipe e a Patrícia o
Manuel R. Amorim que casou com Lucinda Mesquita, de Sta. Marta, e foi mãe de 3
filhos (o Rui, o Paulo e a Anabela); o António casado com Ana Lopes e pai de
Eric; a Maria de Lurdes que casou com o cunhado do irmão, o Manuel Mesquita de
Sta. Marta e foi mãe de 4 filhos (o Ricardo, o Vitor (casado com Isabel e pai
de Sara e Laura), o Sérgio e a Paula (casada com Artur Pinto e mãe de
Cristianao e Joana). Uma história trágica e misteriosa neste ramo, foi que a
Maria de Lurdes, o Manuel Mesquita e o filho dos dois, o Sérgio, foram
barbaramente mortos à machadada num dia após o almoço em sua casa de Vila Fria,
no Ribeiro, onde estavam a passar férias vindos da Alemanha, onde eram
emigrantes. O autor da mortandade foi um sobrinho, o Rui, filho do Manuel e da
Lucinda.. A Maria Deolinda casou com José Ferreira Silva, de Anha, e teve 8
filhos e vivia ao lado da casa dos pais, no Ribeiro. Dos filhos da Deolinda, o
Valentim, casado com Palmira e pai de 4 filhos (Fernando casado com Fátima
Pereira e pai de Sanbrine e Laetitia, Augusta casada José Manuel Pereira e mãe
de David, Fátima casada com Alberto Martins e mãe de Carla casada com Paulo
Queirós e de Cédric e Carlos casado com Maria José Guerreiro e pai de Miguel e
Cátia casada com Albino Gomes); o Jorge, casado com Irene Ferreira de Mujães e
pai de 4 filhos (Jorge casado com Emília Jácome e pai de Karina, Manuela,
Fernando casado com Rosa Pinto e pai de
Tatiana, Maeva e Irina e Isabel casada com Phillipe Nourry); a Fátima, casada
com Fernando Miranda e mãe de 4 filhos (Paulo Jorge, Carlos Miguel casado com
Ana Lopes e pai de Laura, Alberto Filipe e Fernanda); o José, casado com
Margarida de Sta. Marta e pai de 2 filhos (o Nuno e o José Carlos); o Manuel,
casado com Lurdes Morais, de Outeiro e pai de 2 filhos; o Carlos casado com a
Sílvia e o Frederico, o Carlos, casado com Cândida de Sta. Marta e pai de 2
filhos Sara casada com Roberto e mãe de Rafael; o António casado com Natália e
pai de um filho e o Augusto casado com uma francesa, a Patricie e pai de 3
filhos: da Christielle Jean e mãe da Marine e Lou-Anne, da Virginie e de
Marybelle.
O Domingos casou para Vila Fria com Ana Lima,
de Anha. Em Vila Fria foi viver para a casa que o irmão Manuel tinha comprado
na altura que era para casar com a do Fornelos. Teve 2 filhos: o José e o
António. O José casou com Maria Clara, filha do Hélio e foi pai de 2 filhos
nascidos na Cavagem, onde vivam. A Ana Maria casada com António Cunha e mãe do
Humberto o Joaquim que casou com Gorete Cunha, de Viana e é pai de Pedro; a Maria
da Conceição que casou com Alberto Varajão e é mãe da Joana; a Rosa Maria que
está solteira; o José Carlos que Casou com Maria da Conceição, de Águas Santas
e ainda não tem filhos; a Maria do Carmo e o Luis António que ainda são
solteiros. O António casou para Anha com
Rosa do Carmo Lima e criaram 7 filhos, no lugar de Noval. A casa do Domingos
ficou para o filho José e deste para o neto Miguel.
A
Clara casou com Manuel Pereira, de Vila Fria, e ficou na casa. Do casamento
resultaram 3 filhos e uma filha. O José que morreu solteiro. Fazia vinhas de
arame e morreu de acidente ao cair duma meda de palha. O António que casou com
Maria Coutinho e foram os pais da Rosa que casou com Vasco Bandeira e é mãe de
2 filhos: António Alberto e José Rui. O Manuel que casou com Maria Barreto e
não têm filhos. A Maria que casou com José Forte e foram pais de Deolinda que
casou com um jovem de Alvarães.
A Ana casou com Manuel Forte (o Barrolo). Foi
mãe de 5 filhos. A Maria que morreu solteira e viveu sempre em casa. A Deolinda
que casou com António Forte e foi mãe de 3 filhos que os criou na casa junto à
estrada nacional que liga Darque a Vila Verde. Esta casa foi comprada aos
Zabumbas. A Deolinda foi mãe de Maria Teresa, José e Maria Augusta. A Maria
Teresa casou com António da Silva e são pais de Jorge Ricardo e Maria
Elisabete. O José casou com Maria Ester e são pais de Paulo Ricardo e Sara
Manuela. A Maria Augusta casou com António e são pais de Rafael. A Rosa que casou com José Cunha e foi mãe de
3 filhos. Foi viver para a casa do marido, na Regadia. Um filho da Rosa, o
António faleceu jovem e de acidente de viacção; ficaram duas filhas, a saber: a
Idalina casada com o Porfírio Silva e mâe de Filipa, Vasco e Diana, e a Maria
casada para Vila Franca com José Luis e mãe de Marcelo e Elisa. O Manuel que casou para Vila Fria com Maria
da Conceição Ferreira e foi pai de 1 filho chamado Manuel que vei a casar com Mª Olívia Coutinho Forte, de Mazarefes. O José
que casou com Cândida Araújo, de Anha e ficou na casa. Aí criou 3 filhos, um
casal e mais um até aos 7 anos, pois faleceu com essa idade. Ficou a Mª de Fátima
casada com Francisco Matos de Barros é mãe de Pedro Duarte e Miguel. O
Manuel casado com Cândida Barbosa e é
pai de Ana Catarina e Raúl.
O
Manuel morreu de paixão por uma namorada que a deixou depois de tudo preparado
para o casamento.
CESTARIA DE
MAZAREFES
Ainda não há muitos anos, havia, no
concelho de Viana, cesteiros em quase todas as aldeias.
Cremos que alguns destes centros de
tal artesanato se encontrem hoje extintos.
Em Mazarefes existe uma grande
família de afamados cesteiros que pratica arte desde tempos imemoriais: os Galhofas.
De pais a filhos todos são cesteiros e bem exímios, diga-se sem lisonja, a tal
ponto que os seus produtos figuraram já em diferentes exposições em Lisboa e já
vieram à sua oficina as câmaras da
televisão Portuguesa que filmaram várias fases da conecção dos cestos.
Antigamente, como todos os
cesteiros, os Galhofas apareciam nas feiras para vender cestos que para tal lhe
apareciam. Andavam também por casa dos lavradores que lhe solicitavam o trabalho.
Hoje, porém, os dois irmãos Galhofas
trabalham em casa, numa melhor organização de trabalho.
Têm a oficina num desvão do coberto.
Trabalham sentados no chão sobre uma espessa camada de fitas de madeira e com o
canivete entre as pernas.
O canivete é uma prancha de madeira
de que apoiam no chão e encostam superiormente a uma mesa velha. Os seguintes
apontamentos foram-me enviados pelo amigo Artur Coutinho,
Ferramenta:
Cutelo – para lavrar a
madeira. Pudinha – para limpar fitas e talas. Furador – para
bordar o cesto. Navalha de tessumo – para fazer o tessumo, isto é, fitas
com cerca de dois milímetros de largura para tecer os cestos finos ou também
chamados «de noivas». Achassó – para acamar as talas do fundo, fundar o
cesto. Foice – para rachar a madeira. Mascoto – para a achassó.
Usam também o cavalete composto de unha e cunha.
Material:
Castanho,
salgueiro, loureiro, mimosa e austrália.
Dicionário
do Cesteiro:
Tala
– é cada uma da peças que forma o fundo cesto e a altura antes de tecer.
Fitas
de tecer – é cada uma daquelas fitas que se entrelaçam na altura do cesto.
Fita
de cozer – é aquela que cose o bordo do cesto.
Fita
de bordar – é aquela fita que passa em volta do bordo.
Cinta
– é a primeira fita a contar do fundo do cesto.
Tomadeira
– é a fita que segue por cima da cinta.
Cápia
– é um caveiro que se coloca por fora do bordo propriamente dito para que seja
mais fácil bordar.
Bordo
– é uma peça redonda colocada por dentro e junto à cápia.
Tala
– dão principalmente este nome à que está ao centro e que costuma ser mais
larga.
Parelhas
– Costumam dar este nome às outras talas
porque são colocadas aos pares no fundo do cesto.
Caveiro
– é a parte de fora da madeira isto é, uma tala que só foi rachada por um lado.
Cruzeira
– é uma das talas centrais rachada em toda a altura do cesto e onde as fitas de
tecer se cruzam. Está aqui o segredo do cesto.
Asas
– semi-arcos para pegar no cesto.
Arqueira
– Arco de uma cesta.
Asa
redonda – Costuma ser a do cesto rústico.
Asa
redonda – costuma ser a do cesto.
Asa
enxadrezada ou repassada – aplica-se no cesto de noiva.
Medidas
do fundo:
Estas
medem-se de canto acanto em quadrado.
Medidas
da altura:
Medem-se
do canto ao bordo.
Qualidade M/fundo M/altura Preço
Cesto de 3
alq. 46 cm 20 cm 60$00
Cesto de 2
alq. 40 cm 16 cm 50$00
Cesto da
vila 36 cm 11 cm 50$00
Cesto de
noiva 30 cm 9 cm 150$00
Cesto de
páscoa 26 cm 8 cm 120$00
Cesto de
lav. 29 cm 15 cm 30$00
Estes apontamentos foram tirados na
cestaria Zé Galhofa de Mazarefes.
Como
se faz um cesto?
Em
Janeiro e Dezembro corta-se a madeira: castanho ou salgueiro. Corta-se nestes
meses porque a madeira, neste tempo, perde o vício. Traça-se a madeira e
aquece-se ao lume. Depois racha-se com uma foice no mês de Março. Tem de ser
rachada com sol para que a madeira fique branca. Antes de fazer o cesto
demolha-se a madeira durante 12 horas. Na ocasião lavram-se as telas do fundo com o cutelo no
cavalete. É limpa a madeira com a
achassó e mascoto.
Urde-se
o cesto da seguinte maneira:
Em
cima de um estrado 2 parelhas centrais ladeadas por mais duas (uma de cada
lado). Colocam-se mais suas talas: uma de cada lado e a seguir 2 caveiros, um
de cada lado e a seguir 2 caveiros, um de cada lado também. Entrelaça-se
horizontalmente: uma tala central, a mais
larga de todas; 3 talas de cada lado desta, sendo uma mais larga e as
outras duas menos largas; e um caveiro de cada lado.
Levantam-se as talas com uma corda.
Começa-se a tecer o cesto com uma fita que se chama cinta e é a primeira a
contar do fundo do cesto. A seguir a
esta leva a tomadeira. E finalmente a
restantes fitas de tecer.
Depois de tecido é parelhado com a
cápia e o bordo. Esta parelha é bordada com fitas de cozer e com o furador.
Colocam-se
as asas, limpa-se, lixa-se e prega-se.
O «BICHO» DE MAZAREFES
Será
uma história? Será um conto dos antigos serões à lareira?! Não, respondem as
pessoas idosas. Todos os velhos aldeões da terra contam a história do Bicho
assim: Aquela casa da Quinta do Sr. Artur Matos, onde vivem agora dois
inquilinos, pertencia em tempos a um tio Bicho e à sua mulher. Viviam
ali apenas os dois. Não eram do nosso tempo, mas do tempo dos nossos avós.
O
Bicho era muitíssimo rico e em certa ocasião teve um criado. Por motivos
que se desconhecem este deixou os patrões e afastou-se para lugar incerto.
Numa
noite de Verão arrombaram a porta da casa para roubarem as libras do Bicho.
Quando este acordou, sobressaltado, já não teve tempo nem meios de defesa e os
ladrões trouxeram-no para a cozinha prendendo-o, em cima de um banco, de pés e
mãos.
A
mulher estava entrevada.
Obrigaram-no
a dizer onde tinha as libras ameaçando-o de faca em punho. O pobre Bicho
disse onde estava a ceira das libras: num buraco da parede por cima do forno.
Depois de se apoderarem da ceira, percorreram a casa e foram-lhe roubar o porco
da salgadeira, o milho das caixas, o centeio e os feijões.
No
dia seguinte, já perto do meio dia, o tio Santa Marinha, que vivia numa casa
relativamente perto – conhecida hoje pela casa dos cirurgiões de que brevemente
se tratará nesta página – admirou-se por não Ter visto ainda o Bicho pois
era costume encontrá-lo todos os dias pela manhã.
Como
a mulher estava entrevada e o homem era já pessoa de velhas cãs lembrou-se que
até estivesse doente. Resolveu ir a casa dele. Ao aproximar-se ouve gemidos e,
entrando na cozinha, com espanto, vê o
homenzinho no estado em que o deixaram os malvados gatunos: preso de pés e
mãos, alguidar, sal, cebola e faca à beira. Claro, o homem estava já sem forças
e meio morto.
- O que foi? Perguntou o Santa Marinha.
- Foi tudo. Roubaram-me esta noite. Levaram-me uma ceira com
libras e andaram-me pela loja. Era uma quadrilha de ladrões.
Depois
de desprender o homem do banco andaram a ver os delitos cometidos e seguiram os
rastos até ao Rio Lima, junto a S. Simão. Os ladrões tinham passado no rio para
o lado de Santa Marta.
Mais
tarde vieram a descobrir que o roubo tinha sido cometido por uma quadrilha de
gatunos espanhóis chefiados pelo antigo criado que tinha emigrado para Espanha
e que para ajudar a malta algumas muares.
Quem
conta a história só fala no tio Bicho e não sabe o nome dele nem da
mulher. Era o Bicho e pronto
Na
história apenas nos aparece mais o nome do Santa Marinha, aliás, ao
contrário do que se deu com o bicho, esta personagem está quase
identificada. Era um senhor que veio de Anha (?) casar com uma mulher dos
Matos, da casa dos cirurgiões. Viveu no século passado, como pude verificar
numa escritura de doação, e não levará muito tempo a dar mais pormenores sobre
este homem ao falar da casa dos cirurgiões.
Todavia,
uma ou outra pessoa diz que o Bicho era um grande ladrão e chefiava uma
quadrilha.
É
tudo verdade?!
Artur
Coutinho
Terrenos que pertenceram à Paróquia de
Mazarefes em 1765
Em
1765, a freguesia possuía várias propriedades que faziam parte do passal:
Possuía junto da capela de S. Simão, do lado sul, uma propriedade que, em
troca, João Dias Novo desta freguesia, deu à igreja, a sua propriedade das
Boas-Novas, como consta do Dec. Do Gov. de 23-12-1863 e da aprovação do prelado
diocesano de 17-3-1863 e de escritura feita nas Notas do Tabelião João José
d‘Afonseca da cidade de Viana em 31-5-1863. Ficando ainda a igreja sendo
senhora de um pedaço da mesma propriedade em que está situada a capela e adro
de S. Simão e um pouco de terreno ao sul e ao norte da mesma como conta da
escritura referida(2).
Também fazia parte do património
paroquial a «Bouça do Tojo» que dava de centeio 15 alqueires. Esta propriedade
é hoje de José Rodrigues de Araújo Coutinho o qual deu em troca a propriedade
das Boas-Novas, que corre pelo pé da casa que a freguesia comprou para
residência, ficando mais a sul a que deu João Dias Novo. O decreto, a aprovação
e escritura foi junto com a antecedente.
Também era da freguesia uma
propriedade conhecida por «Devesa» e dava de rendimento 40 alqueires de
centeio. Confinava com uma terra da confraria das almas. «Este terreno, excepto
o campo do nascente, é hoje do referido João Dias Novo por emprazamento
perpétuo, sendo ele obrigado a pagar a esta igreja sete mil réis por ano».
Além disso, fazia também parte do
tesouro paroquial uma terra chamada «Campo» que rendia anualmente cerca de 10
alqueires de centeio e a vinha de nome «muro» que rendia 6 alqueires de
centeio.
Algumas terras como se deduz do
tombo da freguesia localizavam na Veiga, Uma nota quase ilegível nos livros
paroquiais diz: «Estas terras já existiam como sendo da freguesia no tempo do
P.e João de Barros (1644-1688).
Outras propriedades teriam existido,
mas não encontrei qualquer referência mais a este respeito.
A maior parte destas propriedades já
não existem com património paroquial.
É sugestivo o nome que se dá de «passal»
a certas terras juntas à Veiga de S. Simão e que, de facto, não pertencem agora
ao património da freguesia, mas a pessoas particulares.
Alguns destes apontamentos foram
encontrados à margem, em livros velhos do P.e Matos
TROVOADA
Quando troveja, além de acenderem
uma vela de cera em frente de um crucifixo ou oratório, costumavam rezar a
seguinte oração:
Santa Bárbara Virge
se vestiu e calçou
Para o céu abrandar a
trovoada.
O Senhor lhe perguntou:
-
Bárbara onde vais?
Senhor,
ao céu vou
Abrandar
a trovoada
Que em cima de nós está
armada.
E o Senhor lhe
respondeu:
-
Vai, Bárbara.
Leva-a para o monte
maninho
Onde não haja pão nem
vinho
Nem bafinhos de menino
Nem coisas de
cristandade.
PORCO
Quando se compra um porco, este, ao
entrar pela primeira vez no portal do quinteiro, tem de o fazer ao recuo. De
contrário, fica tolhido e não cresce.
FOLARES
Os padrinhos costumavam (ainda há
pouco tempo) dar aos afilhados pela Páscoa um ou dois «petins» conforme a idade
deles.
Quando atingiam os dez anos, então o
folar passava a ser dado em prendas de maior valor ou mesmo em dinheiro.
PÃO
Depois
do pão enfornado e ao tapar a porta do forno, diz-se: «Deus te acrescente
dentro do forno e cá fora, para te distribuir pelos pobres.»
SAUDAÇÃO
A caminho da igreja, seja de noite
ou de dia, ao passar uns pelos outros, dizem:
- Ora vamos lá!
E
respondem:
- Vamos lá, vamos...
SANGUE
Quando a alguém se solta o sangue
pelo nariz, é costume fazer, qualquer outra pessoa, uma cruz pequenina (por
exemplo com dois pauzinhos) e colocá-la na testa do padecente, inclinando este
a cabeça para traz. A epistaxis pára.
OBRADAS
No primeiro Domingo, depois do
funeral, é costume «obradar-se».
Vão obradar todos os amigos
do falecido e oferecem um escudo. Antigamente a oferta da obrada era de um
tostão ($10) e daí para cima o que cada um entendesse.
FUNERAL
Quando os amigos vão apresentar
pêsames à família dorida, ao entrarem na sala onde o defunto está depositado,
esteja muita ou pouca gente, dizem sempre:
- Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
E
todos respondem com a fórmula usual.
CEMITÉRIO
Ao Domingo, o cemitério apresenta-se
muito asseado com novas flores em todas as sepulturas e todas elas muito bem
alinhadas. Este trabalho é executado nos Sábados, de tarde.
Aos Domingos, antes e depois da
missa quase toda a gente, principalmente as mulheres passam pelo cemitério para
rezar ao pé desta ou daquela sepultura, onde repousam familiares ou amigos.
Ao cemitério chamam «Campo Santo».
4
de Março de 1968
PROCISSÃO DOS DEFUNTOS
Qual
a atitude que se deve tomar quando se topa com a temível «procissão de
defuntos»?
Em
MAZAREFES havia um homem que se deitava imediatamente de barriga no chão,
apertando a areia ou a terra com as mãos e enchendo a boca com ervas, terra ou
areia...
Este
homem via a procissão, dentro de uma urna, aquela pessoa que estava próxima a
morrer...
3
de Outubro de 1968
GALINHAS
A dona de casa costuma deixar no
ninho onde as galinhas põem os ovos um ovo.
A esse ovo costumam dar muitos
nomes.
Eis alguns: inês, indês, endês,
endes, aninhadouro, ninhadouro, chamadouro e chôco.
29
de Setembro de 1969
ORAÇÃO PARA DEPOIS DA SEMENTEIRA
Deus te ponha a Sua santa virtude,
Que eu cá de mim fiz o que pude.
COISA MÁ
Quando de repente, se vê a coisa
má, deve-se fechar as mãos e dizer:
Credo em cruz,
Santo nome de Jesus,
Eu cá bou... eu cá
bou...
FORNO NOVO
A primeira cozedura de um forno tem
privilégios especiais, um deles é livrar de maleitas a quem comer desse pão.
VIUVEZ
Ainda por 1920 era geral o costume
de as viúvas não saírem de casa ao Domingo, para ir à missa, sem deitarem uma
saia pela cabeça.
Os viúvos deixavam crescer
excessivamente a barba.
Essa costumeira hoje está quase
banida; dela resta apenas o costume de os viúvos andarem com a barba sem fazer
durante os primeiros quinze dias.
CRIANÇAS
A luz da lamparina que assistiu ao
nascimento de uma criança só se apaga depois do respectivo baptizado.
ORAÇÕES
MARTÍRIOS DO SENHOR
(Estes versos eram cantados e,
ainda, hoje algumas pessoas de idade os dizem em casa).
Ó meu Senhor do Cruzeiro
Vossa Cruz é de oliveira
Foi o mais bonito ramo
Que apareceu entre a rozeira.
Que o vosso é
Meu Jesus de Nazaré
Eu protesto de morrer
Pela nossa santa fé.
Vosso Santíssimo cabelo
Mais fino que o mesmo ouro,
Minh’alminha, entrai por ele
No vosso santo tesouro.
Vossa Santíssima cabeça
Besbotar uma coroa de espinhos
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tantos martírios.
Vossa Santíssima testa
Cheia de mil suores
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tantas dores.
Vossos Santíssimos olhos
Inclinados pelo chão
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tanta paixão.
Vosso Santíssimo rosto
Cheio de escarros enojentos
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tantos tormentos.
Vossa Santíssima boca
Vos deram fel amargoso
Por via dos meus pecados
Senhor Deus todo poderoso.
Vossos Santíssimos lábios
Mais roxos do que os mesmos lírios
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tantos martírios.
Vosso Santíssimo pescoço
Vos ataram uma corda
Por via dos meus pecados
Senhor Deus, misericórdia.
Vossos Santíssimos ombros
Besbotaram o madeiro
Por via dos meus pecados
Jesus Cristo verdadeiro.
Vossos Santíssimos braços
Vos abriram numa cruz
Por via dos meus pecados
Ó meu amado Jesus.
Vosso Santíssimo peito
Vos abriram com uma lança
Minh’alminha entrai por Ele
Senhor dai-lhe a confiança.
Vossa Santíssima cinta
Vos ataram uma toalha
Na hora da minha morte
Ela me sirva de mortalha.
Vossos Santíssimos joelhos
Arrastinhos pelo chão
Por via dos meus pecados
Sofreu Deus tanto paixão.
Vossos Santíssimos pés
Mais frios que a neve pura
Eles vão vertendo sangue
Pela rua d’amargura.
Estas quinze partições
Meu Senhor vo-las entrego
Na hora da minha morte
Me tenhais o Céu aberto.
Quem as sabe não as diz (1)
Quem as ouve não as aprende
Lá no dia do juízo
Verão como se arrependem.
(1) Vid. Serão nº 57, pág. 4, in «Oração ao entrar na Igreja».
NO DIA DA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Depois da seguinte oração conta-se o
terço 3 vezes, dizendo: Senhora da Conceição.
Senhora da Conceição
Vós
dissestes
Quem
no Vosso Santíssimo Dia
Disser
150 vezes Senhora da Conceição
Que
librarias da morte
Repentina
e sem confissão (1).
(1) Vid. «Superstição» in Serão nº
68, pág.2. Esta está implicitamente incluída na espécie «NUMEROS».
AO DEITAR
Nesta cama me deito
Com esta roupa me cubro
Se a morte me perseguir
Anjinhos do Céu me acudam.
Ou:
Nesta cama me deitei
7 anjinhos nela achei
3 para os pés, 4 para a cabeceira
E Jesus Cristo na dianteira.
AO LEVANTAR
Ó Anjo da Guarda
Ó Santo do meu nome,
Santo ou Santa deste dia
Interceda a Deus Nosso Senhor
Por mim e me guarde de todos os
males
E perigos que me possam acontecer
nesta vida.
Ou:
Ó Anjo da minha guarda
Semelhança do Senhor
Que do Céu vieste mandado
Para ser o meu guardador.
Peço-vos Anjo Bendito
Pelo vosso divino poder
Que dos laços do demónio
Me ajudeis a defender
AO ENTRAR NA IGREJA
Aqui me ajoelho, meu Jesus
Tão triste e afligida
Vós como divino Pastor
E eu como ovelha perdida
Aqui vos venho pedir
Salvação
E remédio para a minha vida.
Obrigado meu Jesus pelos benefícios
Que me tendes feito
Durante a minha vida
E me tendes de fazer
Até à minha morte.
P. N. Avé Maria, Estação e Terço.
7
de Setembro de 1970
ORAÇÃO PARA AS TROVOADAS
São Jerónimo
Santa Bárbara Virge!
Santos Deus,
Santos fortes,
Santos imortais,
Miserere nobis!...
ORAÇÃO PARA ANTES DA COMUNHÃO
Salvé Rainha,
Rosa divina,
Cravo de amor,
Mãe do Senhor,
Daí-me juízo
E entendimento
P’ra receber o Santíssimo
Sacramento.
ORAÇÃO PARA DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor:
Pela minha boca entraste.
Dela fizeste porta,
Da minha língua altar,
Do meu coração assento.
Bendito e louvado seja
O Santíssimo Sacramento.
ORAÇÃO PARA O DEITAR
Ó meu Senhor Jesus Cristo,
Amor do meu coração,
Aos vossos divinos pés
Faço a minha confissão.
Perdoai-me os pecados,
Sabeis quantos eles são.
Dai-me neste mundo paz,
E no outro salvação.
Pelas vossas cinco chagas,
Dai-me a vossa salvação!
REMÉDIO AO CAIR UM DENTE (infantil)
Dente
fora,
C... na
cova.
Torne a
vir outro,
P’rá
casinha nova.
REMÉDIO PARA OS SOLUÇOS
Primeiramente, deve-se estar uns
momentos sem respirar. Depois, bebe-se sete golinhos de água. E os soluços
desaparecem...
TESOUROS ENTERRADOS
Diziam os antigos que junto da
ermida de S. Simão da Junqueira (MAZAREFES) havia um grande tesouro enterrado.
E afirmavam isto apoiando-se numas luzinhas que viam nascer nas imediações do
local.
COISAS MÁS
E também os antigos diziam que,
junto das igrejas dos conventos, aparecia, pela meia-noite, um mouro a cavalo.
Tal tradição era corrente em MAZAREFES,
junto da igreja paroquial, onde, em tempos idos, existiu um convento
beneditino.
EXPRESSÕES
Quando se queria significar grande
aglomerado de pessoas, era costume dizer-se em MAZAREFES:
- Hem...Vem Perre e Santa Marta!...
- Agora vai dizer a Perre e a Santa Marta!...
- Convida Perre e Santa Marta!...
- Ui! Foi Perre e Santa Marta!...
12
de Setembro de 1968
INCÊNDIOS
Dizem os bombeiros que, quando há um
incêndio em Mazarefes, não se interessam muito porque o povo da freguesia trata
de o apagar.
Dizem isto porque, quando chegam,
geralmente, já encontram o fogo extinto.
Logo que há indícios de fogo, as
mulheres gritam o mais alto que podem, em cima de um muro ou às janelas.
Logo uma pessoa dirige-se à capela e
outra à igreja para tocar os sinos a «rebate».
Toda a gente deixa o seu trabalho e
corre ao sinistro com cântaros, cordas e outros utensílios na mão. Se for numa
bouça todos procuram levar machados, sacholas, etc...
Toda a freguesia está em autêntico
alvoroço. Todos correm ao local e aqueles que não podem ir procuram informar-se
do que se passa. Saem das casas e deixam tudo aberto para prestar socorros.
Nestas ocasiões não há amigos nem
inimigos; são todos um. Ainda que o incêndio seja em casa de gente pouco
considerada, toda a freguesia se torna presente naquele transe.
FAMÍLIA DOS PEREIRAS
É costume no dia de S. Nicolau,
padroeiro da freguesia, abrir-se o jazigo dos Pereiras que se encontra na
capela-mor da igreja e colocar lá duas velas acesas durante a missa em
veneração dos restos mortais de Gaspar Pereira e Família.
Este G. Pereira foi o fundador do
morgado de Mazarefes, no ano de 1579.
Os restos mortais estão em Mazarefes
no referido jazigo com a seguinte legenda: - «Este jazigo mandou fazer o doutor
Gaspar Pereira, senhor dos coutos de Mazarefes e Paradela, cavaleiro na ordem
de Cristo, fidalgo-mor de El-Rei; nosso senhor, e o concelho do mesmo senhor,
Chanceler da casa as suplicação. Ano de 1579.»
1
de Abril de 1968
COZER O PÃO
Quando alguém tem pressa que a massa
levede, costuma pôr no meio uma cebola devidamente estonada e rachada em
quatro, i. e., em forma de cruz.
TRATAMENTO
Os cunhados tratam-se uns aos outros
por você, ainda que antes do casamento se tenham tratado por tu.
VEIGA DE S. SIMÃO
É de costume chamarem «estacadas» a
cada uma das propriedades que existem na Veiga de S. Simão. Dizem: - «Tenho
uma estacada na Ponta da Veiga, outra na Junqueira, outra em S. Simão e ainda
outra na Areia Cega». Depois estas «estacadas» são distinguidas pelo nome
próprio.
TOLHIMENTO
Quando uma criança passa por baixo
duma pessoa, quer seja homem, quer seja rapaz, dizem que não cresce mais, ou
então, que cresce pouco.
- Um rapaz não pode lavar roupa porque isso impede que a barba
cresça.
ORAÇÃO AO ENTRAR NA IGREJA
Nesta igreja bou intrando,
Água benta bou tomando,
P’ra labar os meus pecados.
Pecados, ficai aí
Que bou ber a Jesus Cristo
Já há muito que num o bi.
Bou-lhe dezer que se sente,
Qu’a minha alminha bai doente,
Carregada de pecados
Que nunca foram confessados
Nem a padre, nem a clérigo
Nem a nenhuns cardiais.
Três meninos de Jesus
Com três chavinhas na mão
As portas do Inferno se fecharão
E as do Céu se abrirão.
Quem a sabe, num a diz
Quem a oube, num a aprende
Mas lá no dia do Juízo
Verão como se arrepende.
«FALAR LIMIANO»
LEVAR
A SANFONA, ANDAR COMO UMA SANFONA, ANDAR NUMA RODILHA.
- É tudo a mesma coisa e quer dizer
que se anda numa «dobadoira» i. é, não se tem paragem; trabalha-se sem qualquer
momento de sossego.
ANDAR
NO LARU, ANDAR AO BREIO - É o mesmo que andar às moças.
SER
UM CHINCHORRO - Significa uma coisa muito complicada.
É
DE SE LHE TIRAR O CHAPÉU - Uma coisa difícil e importante.
PREGAR
UMA REBENDITA OU FAZER UMA REBENDITA - Fazer uma coisa por vingança. Por
exemplo: Fulano vingou-se de ti, então, vinga-te tu dele, em rebendita.
LEVAR
PARA TRÁS NA PAVANA - Ser vencido ou ficar sem razão nenhuma. Costuma-se
empregar mais esta expressão para mostrar a derrota de um indivíduo com uma
certa basófia.
IR
À LOJA - Tanto pode significar ir à mercearia, como ir à adega duma casa de
lavoura.
TER
A COBRA - É o mesmo que ter preguiça. Por exemplo: Fulano tem a cobra!
ANDAR
NOS BAMBOZINHOS - Andar por aqui e por acolá sem ter de andar.
LEVAR
PARA TABACO - É o mesmo que «Ora toma!...»
Quando a coisa não corre bem,
costumam dizer: «o diabo leve o diabo» e, muitas vezes, em vez de diabo
dizem diabo, porque certas pessoas piedosas mas sem instrução religiosa
dizem que é pecado pronunciar o nome do demónio. Tendo isto em vista, costumam
dizer, em vez de «Diabo leve o diabo», «o dianho leve o dianho», «o
dianho leve o diabo», e «o diabo leve o dianho».
OH
QUE CANECO! - Exclamação aflitiva.
ISSO
- TO ROLA!...Isso não pode ser.
OMELA
- Essa é boa!
HOMELE
- Essa é boa!
Como é que chamam à maçaroca da
espiga depois de desfolhada? Há diversos nomes na região de Viana, mas só
consegui recolher estes: Carucho, carôlo, caroço e carulo.
10
de Setembro de 1969
Do antigo livro de USOS e COSTUMES que se guarda no arquivo
Paroquial:
1. Era costume cada fregês pagar um frango de dízimo.
2. Era costume pagar-se dízimo de bezerros.
3. Também era costume dar-se um vintém de dízimo pelos jumentos.
4. Era costume pagar-se dízimo de melões.
5. Era costume, pelos filhos de maior idade que falecessem,
fazer-se-lhe um ofício com sua oferta.
6. Era de costume, pelos filhos menores de 7 anos, dar-se uma obrada
de pão, vinho e um tostão para uma missa chamada «a missa do Anjo».
7. Era costume dar-se oferta, pelos baptizados, uma vela e meio
tostão e, daí para cima, o que cada um quisesse.
8. Era costume obradar-se no fim do ano.
9. Era costume, pelo recebimento de noivos, dar-se uma galinha e
...(ilegível).
10. Era costume dar-se de oferta, no dia do enterro, um carneiro, um
alqueire de trigo e um almude de vinho; e esta oferta ia com o defunto à
igreja. Nos dois ofícios se dava de oferta ao pároco o mesmo.
11. Era costume que os que fossem mais pobres dessem, de oferta, duas
galinhas, um alqueire de centeio e outro de vinho, em cada ofício e no dia do
enterro acompanhava o defunto à igreja.
12. Era costume fazer-se três ofícios por cada defunto a saber: ofício
de corpo presente, de mês e ano. Estes conforme os bens de cada um. Salvo se no
testamento deixava designado outra coisa.
10
de Novembro de 1969
NOTAS SOBRE MAZAREFES
Os
últimos fidalgos da família dos Pereiras em Mazarefes
Vid.
- «Família dos Pereiras» em «Serão» nº 44, pág. 4
O Doutor Gaspar Pereira casou com D.
Nuno Alves Pereira. Este casou com sua prima D. Isabel de Mesquita e teve entre
outros o Gaspar Pereira.
Eis o assento de baptismo deste
fidalgo de Mazarefes:
«Ao primeiro dia de Maio de mil e
seiscentos e dezassete anos – baptizou nesta igreja o Doutor Gonçalo de Abreu a
Gaspar filho de Nuno Alvez Pereira e de sua mulher Dona Isabel de Mesquita
foram padrinhos Rui de Sá Pereira e Isabel Pereira da madureira e eu DA (?)
abbe. desta igreja administrei o necessário e fiz o assento no dia mês, e era
ut supra».
Assina: Pe. D. (?) Alvarez
À margem: nasceu a sete dias de
Abril às 3 horas da tarde.
Casou com Bernarda Coutinho e
tiveram a D. Isabel de S. Francisco que (segundo o «Nobiliário de Famílias de
Portugal», de Felgueiras Gaio) veio a nomear os vínculos de Mazarefes e
Paradella em João Malheiro senhor da casa do Castro em Ponte de Lima; mais
tarde, revogou-a para fazer nova nomeação em Luís Manuel Correia Pereira
Figueira, como consta da escritura lavrada na nota de tabeleão Manuel dos Reis
Gandávia de Vila do Conde, em 10-10-1737.
Nesta altura passam os domínios
destas terras para a família dos AZEVEDOS.
MAZAREFES – S. Simão da Junqueira
Nos assentos de óbitos, em nota
marginal, aparece o seguinte:
«Uma mulher em traje de lavradeira
pobre, com umas contas ao pescoço, apareceu afogada no Rio Lima e foi sepultada
na capela de S. Simão. 1 de Junho de 1728.»
OS PINTOS DA ESTIRPE
“Pereira Pinto”
Maria Pinta, filha de
Antónia, solteira e neta do Pascoal Fernandes e de Maria Rodrigues, do Lugar do
Monte, possivelmente moradora no quadrante sudeste entre o caminho das
travessas e a estrada 203 que liga Darque a Barroselas, na antiga Casa das
Pinta, casou com Manuel Pereira, filho de André Pereira que faleceu em 1798, no
Lugar de Ferrais, casado com Maria Gonçalves, de Refojos, Ponte de Lima.
Maria Pinta devia ter casado no 3º
quarteirão do séc. XVIII e foi mãe da Maria, José, Domingos, Manuel, José e
Teresa. Os filhos foram buscar o apelido Pereira do pai e mais o apelido
“Oliveira” que não percebi... O filho Domingos morreu no Lugar do Ermígio, em
1886. A Teresa Pinta faleceu solteira e com filhos, em 1866. A filha Maria, com
o nome igual ao da mãe Maria Pinta, solteira, teve um filho chamado José a quem
lhe foi dado os apelidos Pereira Pinto, apelido do avô e o da mãe. O José
Pereira Pinto nasceu em 1814 e casou com uma dos “Piscos”, a Teresa Ribeiro Vaz
de quem teve 7 filhos: a Maria, o Domingos, o João, a Rosa, o José, a Ana e o
António. O Domingos casou com Maria Ribeiro da Silva, filha de Jerónimo
António de Matos e Maria Ribeiro da Silva, do Lugar da Torre e foi pai de 5
filhos. Viveu na casa que foi depois do Pe. Zé Pinto, o “Lugar do Padre” e mais
tarde do Santos Lima. Um dos filhos foi padre, o Pe. José Pereira Pinto que foi
pároco de Vila Fria e dono da casa que lhe foi dada como património onde hoje
vive a Dr.ª Nadir Santos Lima, filha dum seu sobrinho. Nasceu o Pe. José
Pereira Pinto em 1877. A Ana, a mais nova da família casou com José Rodrigues
Santos Lima, de Anha, em 1907. Foi mãe de José e Armando. O Armando morreu
solteiro e o José casou com a professora primária da terra que era da freguesia
de Palmeira, Braga, a Isabel Ferreira de Sousa. A Isabel veio para Mazarefes
leccionar e viveu na Casa dos Brasileiros. O José e a Isabel foram pais de José
Norberto, estudou, foi empregado bancário e morreu solteiro; a Maria Nadir
formou-se em Física e é professora do ensino secundário, solteira, a herdeira
que ficou na casa que vinha do tempo do tio do pai, que era padre. O José Amado
casou com Fátima Carvalhido, de Viana e foi pai da Daniela, Romana, Ana e
Tiago.
A Maria casou para Carapeços,
morreu nova e sem filhos. A Rosa casou com Manuel Rodrigues Araújo
Coutinho (Presidente da Junta durante 9 anos) e foi mãe do Pe. José Coutinho,
Prior de Anha; o Domingos que foi conhecido por Domingos do Pinto, Feitor dos
Fidalgos e que casou com Emília Matos; a Maria e a Rosa que casou com o
Francisco António de Matos, irmão do Abade (o Francisco da Castela). A Ana
nascida em 1851 faleceu na Regadia em 1980, deixando viúvo o Manuel Francisco
Ferreira dos Reis, avô paterno do “Avelino da Vila”. A este ramo refiro-me
noutro local.
O José, foi carpinteiro,
casou em 1879 com Rosa Ribeiro da Silva, cunhada do irmão Domingos. As duas
irmãs eram sobrinhas do Abade Matos. Foi pai de 8 filhos, a saber: José, Domingos,
José, Manuel, António, Rosa, Maria e Domingos. Viveu junto à Casa dos Pimpões,
tendo comprado depois a casa que veio a ser do capador ou dos Cirnes por troca
entre o herdeiro Domingos e estes. O Manuel casou com Maria Cunha, irmã do José
Cunha, conhecido pelo Zé teto, e foi pai de José Gomes Pinto, Rosa Pinto
e Maria Pinto. A Rosa casou com António Costa , de Subportela, o
Galhofa, e foi mãe da Conceição (Galhofa), Amadeu, José, Domingos, Rosa,
Augusto e Carminda. Surgiu assim a alcunha Galhofa, em Mazarefes, ida de
Subportela. O António Costa era da família de músicos o que lhes deu a alcunha
e tão bem encaixou que os acompanhou até Mazarefes. A Maria casou com o Manuel
Gomes (de Refojos, Ponte de Lima) e foi mãe do Adelino e da Conceição que vivem
em Vila Fria e da Rosa que vive em Vila Franca. O Domingos casou duas vezes.
Casou com uma Engrácia de Vila de Punhe, irmã do Coronel Preza e morreu nova
sem filhos. Depois casou com uma vizinha da casa paterna, no Ferrais e que
depois foi a Casa do “Capador”, a Rosa de Oliveira Alves Ferreira. Foi pai de
Ermelinda que casou com António Costa, de Subportela e foi mãe de 4 filhos. O
José casou em Espanha onde morreu e a família perdeu o contacto.
OS PINTOS
(ESTIRPE ALVES PINTO)
No século XVIII, no sítio da casa
onde hoje se encontra a Alice do Contré, no caminho da Fonte Branca e a norte
da Quinta que foi do Artur Matos existia a família César. Joana Fernandes casou
com José Rodrigues Barbosa de quem teve a Maria Fernandes que veio a casar com
Manuel Rodrigues Lima de quem teve, por sua vez, uma filha chamada Ana, em
1860, tendo esta casado em 1884 com João Alves Pinto, de S. Paio de Jolda,
concelho de Ponte de Lima. Foi aqui que entrou este ramo de Pintos em Mazarefes
e que não tem nada a ver com outra família Pinto de que daremos nota a seguir.
Este casal teve 9 filhos: José, Manuel, António, Francisco, Maria, Maria,
Emília, Laurinda e Joaquim.
O Francisco casou com Teresa
Rodrigues Dias da casa onde hoje vive o Delfim, junto ao Avelino da Vila, de
quem teve 3 filhos o Manuel, o Joaquim e o Delfim. O Joaquim morreu em Angola.
O João Pinto morreu com pouco mais de 40 anos e a mulher com cerca de 50.
Morrendo novos os filhos cresceram e foram educados com os respectivos
padrinhos. O Manuel foi para casa da madrinha Maria Rodrigues Ferreira casada
com Manuel de Matos Gonçalves da Cunha e que não tinha filhos. Este Manuel
casou com a Vitória Oliveira, de Sta. Marta de Portuzelo e teve 2 filhos: O
Manuel e o Fernando. O Manuel casou com Romana, da Meadela e tem 3 filhos, a
Vânia, Vanessa e Marco.
O Fernando embora casado com Luísa
Viana, não tem ainda filiação. O Joaquim foi para casa do tio Joaquim,
ferreiro, casado com uma prima do Avelino Sousa e que vivia junto ao
entroncamento no quadrante nascente da estrada nacional (?) 203 e estrada
municipal que passa pelas Boas Novas. O Joaquim ainda criança, depois do tio
chegar de ter conta no batatal pela noite pegou na arma do tio-padrinho que a
tinha pousado para descansar e desferiu um tiro sem saber o que fazia, matando
a madrinha. Mais tarde foi para Angola onde foi morto.
O Delfim foi para a casa do padrinho
Delfim que vivia no Ribeiro, Mazarefes, casado com a Conceição (a
Riquesinha)... casou com Casimiro Esteves, de Vitorino de Piães, por procuração
porque também tinha ido para o Ultramar e teve uma filha, a Fátima que casou
com Abel Coutinho de Araújo de quem tem um filho e está com o marido e filho,
ausente em França.
O Joaquim já referimos
acima que era ferreiro e morreu também novo depois de ter ficado viúvo e de ter ido trabalhar para os
Estaleiros, deixou um casal. A filha Rosa vive em Sabariz e o filho para os
lados de Caminha. Educou o afilhado Joaquim, filho do irmão Francisco.
O José foi para a Espanha,
onde morreu. O Manuel foi para o Brasil, onde também morreu. O António
ficou solteiro e morreu na casa da irmã Maria, mãe da Conceição que habitava no
Ribeiro.
A Maria casou para o Ribeiro
com Delfim e foi mãe de uma só filha, a Conceição, educou o Delfim, orfão de
pai e mãe.
A Emília foi mãe de 4 filhos,
três meninas e um rapaz, casada em Anha.
A Laurinda, conhecida também
por Laura Canela, solteira, teve 2 filhos: o José e o Armando. O José casou com
a Ana Meira (?), filha do antigo fogueteiro e sem filhos e o Armando casou com
Rosa, da freguesia do Outeiro e também sem filhos.
Este ramo de Pintos em Mazarefes irá
apenas subsistir pelo lado do Delfim se a filha regressar definitivamente para
Portugal e para Mazarefes. Caso contrário está tudo para fora e o apelido
Pinto, deste ramo, desapareceu.
Os Carvalhos da Música
António
Alves de Carvalho, alfaiate, nascido em Alvarães, filho de António Alves de
Carvalho e de Maria Alves da Silva Ribeiro, aos 23 anos, em 1872, casou com
Teresa Alves Pereira, lavradeira, com 24 anos de idade e filha de José Pereira
Polónia e de Maria Rosa Alves , moradores que foram onde viveu mais tarde
o carpinteiro Simplício. Os Polónias
eram dessa casa , a segunda que fica à esquerda de quem sobe, depois de passar
a passagem de nível sem guarda para quem vai do “largo do Bicho” para o Ribeiro.
Este
novo casal viveu na casa que hoje é duma filha da Marta do Alexandre, no lugar
do Ribeiro. Essa casa serviu de Escola e que o fundador da banda de Música, a
“Banda do Carvalho”, a vendeu ao “Pato de Viana” que, por sua vez, a vendeu ao Alexandre
Rodrigues de Araújo Coutinho pelo dobro. Depois de vender a casa foi para Viana
viver junto da grande cordoaria do
Gandra, onde montou um quiosque. A referida casa tinha chegado à família do
alfaiate, músico e professor, por compra feita a um senhor chamado Matias que
era de Carvoeiro.
Este
matrimónio teve 9 filhos: o Benjamim
(1876), a Adelaide (1878), o Casimiro (1881), a Justina 81883), o Eugénio
(1884), o Evaristo (1885), a Cândida (1874), a Adelina (1888) e o Luciano.
O
Benjamim casou com Genoveva,de Deocriste,
viveu perto da “Ponte Seca”,em Vila Fria. Foi pai de Armando, Mário e
Diamantina, funileiro de profissão e teve uma mulher em
Esposende. O filho Armando foi mestre da Banda da Trofa,em meados do
século passado. A Adelaide
casou em 1901 com Francisco Moreira de Matos, serralheiro, da
Regadia, viveu onde hoje vive uma filha da “Conceição Agra”
e teve dois filhos que casaram para Vila Franca. A Justina viveu no Caminho
do Latoeiro, por trás do Comércio dos Pittas, no Ribeiro, teve 3 filhos. O
marido da Justina, chamado Manuel Fernandes Lima, foi para o Brasil e nunca
mais quis saber da família. Dois dos filhos foram então para lá: o Evaristo e o Luciano. Tinha casado em 1906.
O Luciano morreu no Brasil e o
Evaristo veio doente do Brasil morar na Rua do Anjinho, ao lado do quiosque
do Ciso. A conhecida Aurora do Côco - por ter casado com o Côco - e que morou
numa casinha típica da Rua da Bandeira, era
também filha da Justina, assim como a Cândida, costureira, a Laurinda
que casou com o Galafate de Darque e a Justina que morreu nova, deixando filhos
que a avó criou. A propósito do Luciano, filho do António e da Teresa foi funileiro e casou com Antónia da Cunha Matos.Teve os
seguintes filhos: Casimiro
(nascido em 1911), que casou para Anha e foi pai de Casimiro, José e
Constantino. O Casimiro casou em Viana com Adelina Sá e é pai de uma filha
chamada Estela que, por sua vez, casou com Armando Sobreiro e é mãe de duas
crianças; o José casou com em Anha com Mariana, pai de José Casimiro, casado e
pai de dois filhos e de Manuela,
solteira e ambos residentes em França; o Constantino casou com Laura Carvalho
Barreto, prima, de Mazarefes. A Eufémia, nasceu em 1913, casou com
Manuel da Silva Matos, o Carrapato e é mãe do Mário e da Maria que casaram para
Lanhelas, mas estão em França. A Irene
que é mãe do Luciano (solteiro) e da Madalena, casada no Porto, nasceu em 1914.
A Amélia que é solteira, nasceu em 1917. O Francisco que já morreu, nascido em 1920. A Eva
que é solteira, nascida a 1922. A Laura que vive na Meadela, nasceu a
1924. A Flávia nasceu em 1925, está viúva e casou para a Ribeira, para
Viana e é mãe de 2 filhos: a Luzia e o Rafael. A Madalena , nascida em
1929, casou com José Alves Correia e é mãe do Francisco, casado com Teresa
Ferreira que, por sua vez, é pai de Cristóvão, Guilherme e Rodrigo e reside em Braga; a Eva casou com Alvaro
Alves e, do matrimónio, há três fillhos: João Luis, Judite e Gabriel; a Irene
casada com Serafim Santos, de Viseu é mãe de João Filipe, Victor e Daniel; e a
Rosa que casou com Pedro Tavares, também de Viseu e é mãe de David e Michael,
encontram-se em França. E a Luzia casou com Manuel Pitta, que já morreu
e é mãe de 8 filhos: o Francisco, solteiro, a Maria, solteira, o José casado
para Castelo de Neiva e os outros 5 morreram novos.
A Antónia da Cunha Matos era irmã da
Maria, Rosa, Teresa, Ana, Laura, Joaquim (marido da Albina do Pequeno) José que
casou para a Meadela, do Francisco que foi o pai do Manuel Cunha, da Venda, o
João Cunha que foi regedor e o Manuel que casou com a Maria Pericas (dos
Fadinhos) e todos estes nasceram na casa da Rosa Xixa...
O sogro do Luciano era o José da
Cunha Júnior, casado aos 16 anos com Rosa Rodrigues de Matos, irmã do Francisco
Rodrigues de Carvalho, pai de “João Deira” (João Rodrigues de Carvalho).
As mulheres, filhas do Luciano, foram cascalheiras nas
estradas da nossa região e, por isso, conheceram bem a vida dura, através do
contacto com a pedra.
A Cândida nascida a 30.05.1874 e falecida a
02.05.1969, foi costureira, professora e mãe de Laureano e de António Alves de Carvalho, nascido em
1913. O Laureano casou duas vezes e foi pai de uma filha, a Helena. Foi
comerciante e esteve ligado à industria de panificação com uma padaria à rua da
Piedade, hoje, Mateus Barbosa. Possuiu um Café junto da Avenida e uma casa de
jogos, também perto da Cruz Vermelha. O
António Alves de Carvalho, filho da Cândida, nascido em Mazarefes, em 1913,
veio para Viana depois do mês de Julho, porque a 25 de Julho ardeu a casa de
seu avô e, de seguida, foi vendida ao António Coelho de Viana por 1.000.00 e
veio para Viana viver numa casa alugada. Ora ele tinha apenas uns meses, nasceu
em Abril. Em Viana viveu à Rua dos Manjovos e casou em 21.10.44 com Gracinda
Viana Salgado.
Trabalhou 39 anos e meio em
drogarias e desses, 38 anos trabalhou na
Drogaria do Afonso, de Monção, com os irmãos João e o Augusto Palma da Silva.
Dedicava-se nos tempos livres à pesca à linha, no rio. O António Carvalho tirou
o Curso Comercial e foi o último com mais 10 colegas que tirou esse curso
apenas de 4 anos. A partir daí começou a ser de 5 anos. A mãe era auxiliar do avô e foi credenciada
oficialmente como professora.
Depois dos 38 anos de serviço na
drogaria, o Carvalho foi trabalhar na contabilidade do Eugénio Pinheiro mais 22
anos. Era filho de mãe solteira e tinha um irmão, ambos filhos do Marinheira da
casa grande. Uma questão no tribunal foi defendida pelo advogado Dr. A. Ribeiro
da Silva e uma das testemunhas foi o
“António Alexandre”. A questão ficou mal resolvida, houve muitas pressões,
inclusive, do Arcebispo de Braga. O pai era de nome Manuel Barbosa Meira que
nasceu a 21.01.1868 e morreu a 30.05.1939, com 71 anos. Quando o filho António
tinha 26 anos.
Foi pai de 3 filhos: o José Alberto
casado com Maria Emília Macedo (pais de
Cláudia, Joana, Rita e Ana); Maria Almeirina casada com Manuel Lopes (pais de Eduarda e Sílvia,a
Eduarda está casada com José Carlos Caldas); e Maria Madalena casada com José
Maduro e pais de Eduardo e Carlos).
O Evaristo andou no Seminário e morreu solteiro
com uma tuberculose. O
Eugénio foi funileiro, picheleiro e escriturário,
depois de fazer o 5º ano liceal. Casou com Aurora Faria, de Alvarães, de quem
teve 8 filhos, a saber: o Laureano, a
Genoveva, a Amélia, o Mário, o José, o Fernando, a Maria e a Dália. Emigrou
para a Espanha, Cuba, Inglaterra, Argentina, França e Brasil. Morreu em Seixas,
Caminha, onde vivia com uma outra mulher.
O
Laureano foi GNR e deixou 8 filhos; a Genoveva casou com o proprietário da
Barbearia Leão e deixou um filho; a Amélia era doméstica e deixou um filho; o
Mário trabalhador empresário por conta própria, casado e deixou 8 filhos; o
Fernando casado com uma senhora goesa e sem filhos; o José, funcionário da
Agência Avic, casado e sem geração; a Maria casada com um fotógrafo e com 4
filhos; a Dália casada com o Xico Fininho (António Freitas) e sem filhos.
O
Fernando Faria de Carvalho, nasceu a 22.09.1930, em Viana, filho do Eugénio e
da Aurora Pereira Faria (de Alvarães).
Nessa
altura, seus pais moravam à Rua da Videira, freguesia de Sta. Maria Maior. Foi
empregado do Comércio dos 11 aos 20 anos de idade, isto é, até ir para a tropa.
Assentou praça em Lisboa, no Batalhão telegrafista. Fez 3 comissões na India.
Em Goa, foi prisioneiro aquando da invasão de Goa, durante seis meses. Passou
um mau bocado dormindo no chão, com alimentação fraca, mesmo muito fraca, sem
água durante, mais concretamente, cinco meses e meio. Casou 2 anos antes da
invasão de Goa, na Igreja de Sta. Ana de Poudá, Goa com uma senhora de Bombaim,
filha de pais goeses, chamada Lúcia. Não tem geração.
Esteve
na tropa 18 anos. Foi Sargento. Fez mais duas comissões em Moçambique em Vila
Cabral, capital do distrito de Niassa. Viu morrer muitas dezenas de
companheiros nesta zona de activo terrrorismo. Sempre se safou, pois não era
difícil. Estava sempre junto do Comando, como
Chefe de Transmissões.
Fez
uma Comissão na Guiné, de 1966 a 1968, numa altura de muito e intenso
terrorismo. Esteve em Bissau. Sempre o acompanhou a esposa que era professora
de Ciências de Educação, no Ensino Secundário. No entanto, sempre foi professora de Inglês por onde
passou. Na Guiné foi professora no Liceu Honório Barreto. Em Moçambique não,
porque não havia Escola de Ensino Secundário, mas preparava os alunos para irem
a exames a Nampula.
O
Fernando deixou a tropa aos 38 anos. Dedicou-se depois à Industria Hoteleira.
Teve 3 casas ao mesmo tempo: o Café Avenida, o Restaurante Zip-Zip e a
Cervejaria Cantinho.
Foi
proprietário dum escritório do ramo imobiliário “Compra e Venda” de Imóveis, na
Praça da República, onde hoje é a companhia de Seguros “Fidelidade”.
Dedicou-se
à construção e compra de imóveis para venda. Tudo funcionou ao mesmo tempo.
Entretanto,
a esposa deu aulas no Ensino Particular e no Ensino Oficial, sobretudo no
Colégio do Minho, Extrenato de Lanheses, Liceu de Viana, Escola C+S de Ponte de
Lima e Escola Frei Bartolomeu dos Mártires.
Como
adulto, o Fernando estudou e fez o 5ºano liceal, mas sempre foi um estudioso,
por exemplo, no campo musical, como autodidacta, música instrumentista e
teórica. Toca vários instrumentos: o orgão, o saxofone, o trompete, o clarinete
e a flauta de bissel. Foi-lhe concedido
um bacharelato em musicologia pela universidade do Alto-Minho (UMATI), a
Autodidata da 3ª Idade.
Faz
composição. Conheceu a Banda do seu avô que ainda funcionava na sua juventude,
no tempo da regência do seu primo Casimiro Alves de Carvalho que, ao casar para
Anha, a levou para lá, depois do Luciano. A Banda acabou, segundo ele, com o
Manuel Peixoto, de Alvarães que tocava clarinete e a regeu também.
No
campo do desporto foi júnior do Vianense e, como profissionalmente foi militar,
jogou 6 anos futebol em campeonatos militares.
Foi
presidente da Direcção do S.C.Vianense, ocupou ainda vários lugares de
responsabilidade ao longo dos anos nos orgãos sociais do nosso Vianense.
Ofereceu
com a sua esposa, uma senhora goesa que goza de muita simpatia em Viana, um
busto de Frei Bartolomeu dos Mártires à
Escola Frei Bartolomeu dos Mártires, o valioso e imponente orgão à Sé Catedral, entregará em
Junho deste ano Instalações novas para a Sede do Coral Polifónico de Viana do
Castelo - um piso para ensaios e auditório e, outro piso, para serviços e
convívios dos coralistas. Para breve também prevê fazer a oferta de espaço para
sede de UMATI.
A
UMATI concedeu-lhe para além do título de bacharrelato em musicologia, também
uma condecoração particular do grau de “Comendador”.
No
campo da música não esquecemos que o seu avô também fazia as partituras, assim
como a sua tia avó, a Cândida e os tios avós, tios e primos tocavam na “Banda
do Carvalho”, assim conhecida a Banda de Mazarefes que adquiriu o nome do seu
fundador.
Politicamente
o Fernando foi dirigente do CDS e chegou a ser proposto para deputado pelo
distrito. Atraiu-o a sigla do CDS, de
política mais moderada, sem extremos à
esquerda ou à direita. Hoje, não se encontra enamorado pela militância, seja de
que partido for.
Religiosamente
falando, o Fernando é um católico não frequentador assíduo. Foi baptizado na
Igreja Matriz de Viana, hoje Sé Catedral, pelo Monsenhor Corucho.
Quanto
ao seu avô, teve a percepção de que foi um bom proprietário, um bom professor,
um bom músico, amigo de fazer bem e muito recto. Vestia-se com gosto e tinha
sempre muito brio em apresentar-se bem...
Quanto
à esposa, licenciou-se em Bombaim, república da India, e tem o curso da Reforma
do Ensino Secundário. Tem ido à India. Nos últimos 7 anos foi lá 5 vezes e fez
uma benfeitoria na Igreja onde casou, pavimentando o adro, fazendo a
electrificação exterior e equipando a igreja de bancos. Ofereceu também um
porta principal nova.
O
Casimiro morreu solteiro, com 25 anos. A Adelina casou com o “Manuel Florinda”.Foi mãe de Manuel,
Leandro, José, Arminda, Dores,
Adelina. O Manuel,casado em
Anha, com Deolinda da Chança e foi pai de um rapaz e três raparigas; o José
casou para Vila Franca com Deolinda da Eirada; a Arminda morreu solteira e foi criada de servir; a Dores
também solteira; e a Adelina que casou com José Barreto, dos trocas da
Regadia e foi mãe de Irene casada com Inocêncio Matos, da Meadela e, por sua
vez, mãe de Madalena e Luciano; Maria que casou com José Ferreira e foi mãe de
José e Cecília; a Laura casada com um primo de Anha, o Constantino, filho dum
primo da mãe chamado Casimiro; a Arminda que casou com Manuel Dias e é mãe de
Carla e Jorge; Cecília casada com Manuel Castelo e mãe de Moisés; a Laurinda
casada com Jacques (francês) e sem
geração; a Teresa que é solteira; o José casado com Rosa Rocha e pai de
Idalina, Fátima e Rosa; o Manuel casado com Rosa da Torre, de Vila Fria e pai
de Manuel, Manuela e Rosa Maria; e o Jorge, ausente no Canadá, casado com uma
mullher de Darque e pai de uma filha Adelina.
A Casa encostada ao José Araújo
(Catrino) da Regadia era do bisavô de João Rodrigues de Carvalho, com uma
“vendinha” por baixo. O João Carvalho teve 2 filhos: o João Rodrigues de
Carvalho e a Rosa que foi a mãe de João Cunha, o Regedor. O João Gonçalves da
Cunha Júnior, casado com a referida Rosa era louvado e era avô da Eufémia Deira
e pai da Antónia Cunha e mais 10 filhos, deixando pão e vinho para cada filho
comer e beber. O Avô da Eufémia, o Manuel Alves
Carvalho, foi mestre de Banda e casou com Teresa Cunha (Calista). Foi
neste casamento do Luciano Alves de carvalho
com a Antónia da Cunha Matos que os Carvalhos da Música, duma geração
que veio de Alvarães, se cruzou com os Carvalhos antigos de Mazarefes, isto é,
“Franciscos de Carvalho” e “Rodrigues de
Carvalho”.
Isabel
Ferreira de Sousa
Isabel Ferreira de Sousa foi, entre as mulheres, a
maior na freguesia de Mazarefes. Pela
profissão, professora primária, diplomada pelo Magistério Normal de Braga em
1927, adoptou esta terra em 1934. Era natural da freguesia de Palmeira, de
Braga desde 21 de Março de 1909. Uma jovem que se afirmava com uma
personalidade muito forte, de carácter inquebrantável, franca, e muito frontal,
o que levou muitas vezes a não ser compreendida e a gerar alguma antipatia em
quem não gostava deste tipo de pessoa aberta e frontal.
Veio solteira e ainda viveu bom tempo de sua juventude
nesta terra. Viveu na casa dos Brasileiros, casa que hoje me pertence. Namorou
com Armando Santos Lima, irmão do que veio a ser seu marido, José Rodrigues
Santos Lima, filho de José Santos Lima, de Anha, e de Ana, filha de Domingos
Pereira Pinto, desta terra. O casamento ajudou naturalmente que esta mulher
adoptasse definitivamente a escola e
aldeia que serviu de berço aos três filhos e, pela qual, deu a sua vida na
Escola Primária. Deu a sua vida... ela era mesmo assim. Não tinha horas para
abandonar a Escola e sempre os alunos estiveram em primeiro lugar na sua vida
de trabalho. Já naquela altura não eram só os alunos que estavam no seu
coração, mas também as famílias com quem sempre conversava muito e lhes dava
conselhos.
Era como uma abelha mestra na terra. Era a professora
de todos durante décadas, pelo que foi professora dos avós, dos filhos e dos
netos. Não havia canto da aldeia que não conhecesse. Indiscutivelmente
responsável, profundamente dedicada, vivia a sua profissão de tal modo que
quando estava doente e impossibilitada de “dar escola”, dizia: “... mas onde me
sinto bem é na escola”.
Exigente, trabalhava para além das horas, ríspida
(naquele tempo eram permitidos os castigos corporais infligidos paternalmente)
talvez porque as circunstâncias o exigiam,
nesse aspecto não fugia à regra. Também não era professora duma classe
só, nem de 20 crianças, era professora de 4 classes, ao mesmo tempo e, muitas
vezes, de uma sala de 50 a 70 alunos. Muito fazia ela para chegar ao fim do ano
e apresentar os alunos a exame sempre aprovados com distinção. Não havia
“raposa” para aluno que lhe passasse pelas mãos e por ela proposto. Sempre foi
a directora da Escola e sempre foi tida em grande consideração por toda a gente da freguesia, pelos colegas e
superiores.
Era uma mulher de fé, e de muita verticalidade, dando sempre testemunho duma
vida coerente e simples a toda a gente. Oportunamente conduzia no aspecto moral
os alunos e as famílias, exercendo um bom sacerdócio, pois nunca deixava, dum
modo particular, em relação às crianças, pela palavra e pelo exemplo, de
comunicar vida, ressalvar os valores humanos, apontando sempre a verdade e
servindo a todos na luta pelo bem estar social dos alunos e também das suas
famílias. Alguém escreveu a seu propósito, isto é, um antigo aluno, o Dr. José
Miguel Barros Forte, que um dia ao ver as crianças com aspecto faminto,
resolveu escrever uma carta ao “Aurora do Lima”, bissemanário vianense, decano
dos jornais de Viana com o objectivo de alertar os responsáveis para o problema
da miséria. Logo se duplicou a notícia por vários jornais com as respectivas
distorções, ou não fosse verdade que “quem conta um conto lhe acrescenta um
ponto”?!... Num dos jornais a notícia já tinha outras dimensões mais
sensacionalistas. “ A professora de Mazarefes diz que as crianças de Portugal
têm fome”. Claro que isto causou algum incómodo e bastante frenesim nos
responsáveis ao ponto de a procurarem, e... quem sabe com que intenções, mas...
renderam-se à evidência porque ela mostrou aquilo que estava à vista de quem
tinha olhos para ver, na própria sala de aula.
De facto, na sua Escola, havia fome e conseguiu obter
assim as ajudas para ajudar os de maior fragilidade económica.
Fui aluno dela. Ficou sentida com a minha família
porque, por lapso, não me preparou para os exames de admissão que fiz ao
Seminário e à Escola Frei Bartolomeu dos Mártires.
Preparei-me no Colégio do Minho, mas se o sucesso foi
razoável é porque de facto as bases lá estavam. Essas foram devidas sempre à
professora da terra. Sempre isso foi reconhecido. Sempre muito brio ela sentiu
também com o meu sucesso escolar. Aliás não acontecia só comigo. Sempre
rejubilava com o sucesso escolar, económico e familiar de toda a gente. Sentia
muita alegria e estampava-se facilmente no rosto o brio que sentia quando isso
se passava com quem ela ajudou a crescer, aprender a viver, a gerar
comportamentos positivos para a vida.
Esta é a D. Isabel ou, simplesmente,a Professora. A professora
de 48 anos de serviço com 4 classes em simultâneo, com 50 a 70 alunos, como
muitos anos aconteceu e que, apesar de tanto trabalhar com crianças, Deus lhe
concedeu uma longevidade razoável, fechando os olhos para este mundo, aos 84
anos, no dia 6 de Janeiro de 1993, às 19.50H, depois de viver ainda uns 10 anos
de reforma..
Os Carvalhos (Deiras)
Conhece-se
3 estirpes diferentes da Família Carvalho. A primeira e mais antiga é a do
apelido “Francisco de Carvalho” em que aparece “Francisco” como apelido, depois
a de “Rodrigues Carvalho” e mais tarde a de “Alves de Carvalho”.
“Francisco
de Carvalho” deu origem à família “estivadas”, o “Rodrigues de Carvalho”
corresponderá à família “Deira” e o Alves de Carvalho “entrou pelo
fundador da Banda de Música que veio de
Alvarães casar aqui.
Os
Carvalhos do lado dos “Deiras” nasceram pelo que se sabe na casa mais antiga e
que se encontra a norte da casa dos Araújos da Regadia e que é hoje da Rosa
Pereira.
Conhece-se Manuel Rodrigues de Carvalho, falecido em
1875, com 79 anos, no lugar das Penas, filho de Manuel Rodrigues de Cravalho e
de Maria Ribeiro da Silva, casado com Maria da Silva, filha de Manuel da Silva
Meira e de Catarina Ribeiro, de Vila
Fria e foram pais de João Rodrigues de Carvalho, regatão, bisavô dos actuais
irmãos “Deiras”: João, António, Francisco e Luzia. O João Rodrigues de Carvalho
habitou a referida casa e teve da mulher com quem casou, em 1860, Ana Rodrigues
(de Matos), filha de Francisco de Araújo Coutinho e de Teresa Rodrigues de Matos,
três filhos: o Francisco, a Rosa e o Manuel. Enviuvou e casou em 2ª núpcias,
aos 39 anos com Maria Rodrigues da Rocha, viúva com 57 anos, de Vila de Punhe,
e, em 3ª núpcias, aos 60 anos com outra viúva, Rosa Barbosa de Almeida de 59
anos de idade, viúva de António Pereira Novo e filha de José António de Matos e
de Maria Barbosa de Almeida. Casou em 1860, em 1878 e em 1897, respectivamente.
Morreu em 1900
O
Manuel morreu solteiro e sem filhos. Ficaram, apenas, o Francisco e a Rosa. O
Francisco nasceu em 1864 e casou com Rosa Ribeiro da Silva, (Matos) de Vila
Franca e a Rosa, lavradeira, ficou em casa e casou em 1884, com José Gonçalves
da Cunha, lavrador e filho de José Gonçalves da Cunha e Maria Vitória Alves,
neto paterno de Rosa Gonçalves, solteira, de Carvoeiro e materno de Joaquim
José Alves e de Gertrudes Rosa Alves, também de Carvoeiro.
A
Rosa e o José foram pais de Antónia (1884), João (1886), Maria (1888), Rosa
(1890), Francisco (1893) Teresa (1895), José (1897), Ana (1899), Manuel (1902),
Laura (1904), Joaquim (1908). Daqui nasceram os Cunhas que ainda conhecemos,
seus filhos, netos e bisnetos.
O
Francisco teve da sua mulher 9 filhos: o José (1889), o Francisco (1891), a
Emília (1896), o João (1898), o João (1900), o António (1902), o António (1904),
a Antónia (1906) e o Manuel (1908). Desta geração: o José morreu aos 3 anos; o
João nascido em 1898 faleceu com 16 dias; o António nascido em 1902 morreu com
8 dias; o António nascido em 1904 morreu
com 1 mês e o Manuel com 3 meses.
O
Francisco casou com Joaquina da Silva Barbosa e foi o pai de Manuel que morreu
com 19 anos, de José que faleceu aos 12 anos, de Maria que também morreu aos 10
anos e da Albina da Silva Carvalho (nascida a 1818) que herdou a Casa grande da
Marinheira que foi da “riquíssima”, sua avó, Antónia da Silva Meira.
O José casou com Emília Coutinho, do Cordeiro de Cima.
Foi pai de António, João, Francisco e Luzia. O João ficou na Casa antiga da
família, na Regadia que ali começou a viver aos 14 anos de idade. Foi a casa
que seu avô comprou aos Albinos Rochas, de Sta. Marta. A Emília casou para a
Casa do Cordoeiro de Cima, com o João que era louvado, o brilhante, e foi mãe
de João, Dores, Emília, Francisco, Ana, Gracinda, José e Maria. É o Francisco
que hoje vive na Casa que já vem dos avós. (José de Araújo Coutinho e Maria das
Dores).
Os Carvalhos (Estivadas)
Manuel
Rodrigues Carvalho, casado em 1827 com Maria Ribeiro da Silva, pais de Jerónimo
Rodrigues de Carvalho casado com Maria Alves Correia, filha de João Francisco
Carvalho e Antónia Alves Correia, foram pais de António Rodrigues Carvalho que,
por sua vez, casou em 1867 com Maria
Rodrigues Carvalho, filha de António de Matos e Rosa Rodrigues Carvalho. O
António e a Maria Rodrigues de Carvalho tieram os seguintes filhos: Manuel
(1873), o António (1876), Ana (1879), Maria (1882), Antónia (1885), Joaquim
(1887), Agostinho (1887), Adelina (1888) e
Deolinda (1895).
O
Manuel, o Agostinho, a Deolinda foram para o Porto. O António casou com a Maria
Rodrigues de Carvalho. O Joaquim foi o pai de Maria Luisa e a Maria foi
catequista.
À excepção do
António e do Joaquim todos ficaram solteiros.
Os Condes
Não apareceu Duque Marques nem alguma razão a
primeira vista para haver um conde Não teria. Nada a ver com
o rei turco alcunha dos séculos 17 e18 de João dias por conde era conhecido o
José Dias do monte era onze dias o conde velho das barbas e nasceu na casa do
conde assim Dizia António dias seu neto ora
o Zé dias do monte era conde porque nasceu na casa do conde Pelo vistos o nome veio-lhe
da casa não faltam topónimos conde mas não se sabe a que conde E referido em
vila do conde no nosso caso aqui tratar-se-ia duma alcunha outra como o rei
turco O que chegou ate nos e que o conde era o referido homem figura vulgar
avermelhado de cara gordo De barbas grandes pelo peito que casou com uma irmã
da Xica da capela a Teresa Vaz foi regedor Juiz de paz morreu de uma congestão
de congro o seu único filho José dias do monte Júnior casou Com a Maria
Marinheira conhecida pela Paustiça de quem teve dois filhos o Zé do conde assim
Conhecido hoje em vila franca o José Barbosa Dias do monte para onde casou e
Maria Teresa Que casou parque onde morreu o fillho do
A VIDA NO CARMO
No Convento do C