Viana não é... “ vi a Ana”.
Qualquer lenda pode explicar também a origem de um topónimo. No entanto, há sempre que duvidar e misturar lenda com base científica é sonhar futilmente. Viana não se chamou só Viana, mas já para as distinguir de outras terras, chamou-se Viana do Minho, da Foz do Lima, do Adro.
Já Estrabão, que muito nos conta dos povos primitivos desta zona e falou de um episódio militar, entre os Túrbulos e os Celtas, sobre uma discórdia ao atravessar a rio do esquecimento “O Lethes”, assim denominado por Tito Lívio, assim a explicou: neste episódio houve sangue e foi o sangue do comandante, que junto ao dos outros, mancharam as águas deste rio Lima.
Uma lenda pode ser um conto, uma mentira, uma patranha, uma invenção, (há lendas de origem grega e latina, com o significado de tradição oral,) oral ou escrita para dar uma explicação sobre algo que não se percebe, não se compreende, como um mito que tem de ter uma explicação ainda que seja uma invenção que se encaixe bem na mente popular.
Há lendas mais antigas e mais contemporâneas.
Quanto às suas origens são muito controversas, muitas delas correspondem à realidade, a factos e preocupações legítimas, mas, às vezes são distorcidas, como aliás se diz “quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto”.
As lendas são tão antigas como a humanidade desde o homem sapiens e, de um modo particular, foram desenvolvidas na mitologia Grega e Romana. A origem da cidade de Roma, todos conhecem o Rómulo e o Remo e, quantas há a explicar a origem de muitos topónimos e até da origem de uma capela da Terra, do Chá, do Milho, etc…eram os velhos contos, antigas lendas contadas há 60 anos todos os dias à lareira, nas noites de Inverno, à volta da fogueira.
“Tu viste a Ana?” “Eu vi a Ana”. A lenda de Viana é uma lenda como todas as outras. Conheço muitas “Vianas”, mas só conheço um topónimo Viana em Espanha e “Viena” na Áustria, apesar que há Viana no Brasil e na Malásia de origem antroponímica.
Há muitos topónimos Viana, mas Viana disto ou daquilo. Em Portugal temos Viana do Alentejo. Em Espanha temos uma perto de Luso, mas há só Viana, Viana de Cega, Viana de Duero, Viana de Jedreque, Viana de Mudéjar, Viana do Bolo.
Então quem são estes vianenses?
Há um investigador que dá a seguinte explicação: o radical “via” é igual a caminho, está ligado a vereda, breia e o sufixo “na” é um sufixo de relação, é via pertencente a, na duplicação deste “a” está a junção a um nome, a uma calçada, a um caminho, um caminho importante que vai ter a uma vila, a uma cidade antiga, a uma quinta, uma mansão ou fazenda romana. Quem sabe se um caminho para um vinhedo? Será que pode ter alguma coisa a ver com a “vinha” na Areosa?
Há outro autor que defende a origem préindoenropeia “vig” alusivo a água e o prefixo “anna” com o significado de mãe dando a forma de Vigganna, donde veio Vianna e Viana, como defende G. de Fuentes.
Não me contentando com esta explicação mais plausível e mais bem fundamentada para mim, prefiro ir à origem da linguagem humana.
A água é um dos fundamentos essenciais da natureza. Tudo é composto de água e até o homem se desenvolve no meio do líquido, chamado amniótico, aqui está, por exemplo a água mãe, aqua mater.
O nome desta terra de Viana sem Castelo e a quem o foral de D. Afonso III lhe dá o título de vila e a quem lhe impõe o nome de Viana, não duvido que seja já com origem na lenda, mas antes da lenda “Viana” simplesmente, é um vocábulo de origem gutural “i” que evoluiu para “vig”, sibilante, com o sentido exclamativo “eia!” ou”i”! tanta a (no rio)!” “hi! tanta á-á (no mar)”. Viggana com a queda dos duplos “gg” ficou Viana, então caminho para a água porque o “n” significa relação “água do rio e água do mar”.
É que “a” era o mesmo que agua. É por isso que a maioria da toponímia nas palavras começadas na primeira sílaba pela vogal “a” ou na segunda sílaba tem um “a” aberto significa sempre um local onde nasce água, de onde se vê água do rio ou do mar ou do lago, ou são terrenos lamacentos, lugar de fontes,etc.
Não é difícil, nem precisa de grande trabalho para descobrir, correndo a costa litoral dos continentes. Há topónimos até de palavras longas e constituídas apenas de sílabas com “a”, com vogais”a”, palavras com a única vogal “a” repetida 5 e 6 vezes..
Acontece o mesmo com outros topónimos no interior e até no alto dos cerros e das montanhas.
Sempre o “a” aparece nas palavras mar, mãe, pai, pátria e amor (este em quase todas as línguas). É que onde há Amor há vida e não há vida sem água.
Eu não vi a Ana. Viana deve estar longe da lenda do ver ou deixar de ver a Ana. A fantasia está na Ana.
Viana é caminho para a água. Toda a gente gosta de Viana e sobe ao monte de Santa Luzia, para ver o rio, riachos e a água do mar imenso.Do alto do monte de Stª Luzia: eia!... (ih!.... a!.... aaaaa!
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