Uma
vida feliz só vale quando é feita de Gratidão
Sonhei que estava com
inúmeras pessoas felizes, alegres com muito movimento, dinâmica, muita festa.
Afinal era uma diocese, com o Bispo, colegas e leigos a celebrar o ano da gratidão.
Estava a passar um filme no meu inconsciente tão forte que me acordou e
observei que não sonhava. Afinal até era verdade.
Era uma realidade e,
acordado, me perguntei a mim mesmo se eu próprio a celebrar a gratidão, esse
tesouro das pessoas humildes que lembram com felicidade o passado, com alegria
e mais alegres com o presente sempre apostados na luta por um futuro com
coragem e sem medo, com uma memória larga e não tão curta que depressa passa e
esquece. Se a gratidão é um acto nobre, ela é também fruto de uma cultura, não
muito vulgar porque não há nada mais belo na vida que a gratidão. Não é algo
que se possa escrever no chão, no pó da terra, nem no vento, nem na água, nem em
qualquer material consistente, tem de ser escrita e, sobretudo, vivida e
gravada no coração.
Quem não é grato tem sempre
motivos para explicar o inexplicável, pois não compreende que quem agradece um
dom está a pagar a primeira prestação de uma dívida impagável. Por isso também
não é desejado e, pelos outros, desprezados. É um ingrato. Não quero passar por
isso e tenho falhado. A quem se encontrar magoado por mim, peço perdão e
gostaria que mo dissesse para que me corrija.
Neste ano jubilar de 40 anos
de Diocese seja uma oportunidade de expressões sublimes com palavras e gestos,
ou atitudes, em relação aos nossos antepassados, aos nossos contemporâneos com
quem vivemos e trabalhamos pela fidelidade à Comunhão, à Unidade sem esperarmos
outra recompensa a não ser a d’Aquele que nos permite viver estes momentos de
felicidade e amor.
Adormeci.
Quando pela manhã acordei,
descobri que tinha passado por um grande silêncio por causa dos que falam,
falam, e falam alto que até me remeti ao silêncio, como refúgio, como aqueles
que também se refugiam na tolerância por causa dos intolerantes.
E agradeci a noite a Deus… Continuei a rezar, como de costume! Orar é fazer
comunhão.
Não merecíamos
nada, mas através de Jesus temos tudo! Todos os dias são dias em
que devemos dizer "Obrigado oh meu Deus, muito obrigado!...”.
Ou como diz o salmista: Como é
bom dar graças ao Senhor e cantar os seus louvores ao nome do Altíssimo; e
anunciar de manhã o seu amor leal e de noite a sua fidelidade. Sl. 92.
Este é o dia em que o Senhor fez; alegremo-nos e exultemos neste dia. Sl.118
Que a nossa gratidão não azede como a
comida que se estraga, ou como o vinho destapado. Era boa, mas deixámo-la
estragar porque a esquecemos. Quando a gratidão é consciente e responsável a
sua a memória está no coração. Nunca esquece, azeda, ou fragiliza porque será
sempre uma memória que não arrasta consigo remorsos, como aqueles que, depois
da morte, vão oferecer flores aos mortos porque, em vida, nunca foram gratos,
ou tão gratos como deviam em relação aos benefícios recebidos. Lá estou eu a
divagar!... Então não posso oferecer uma flor aos que morreram e tenho saudades?
Claro que sim, sobretudo, se são frutos da memória do coração que amou e
continua a amar com palavras e atitudes de oração. E a flor pode ser uma dessas
expressões.
Estamos todos em festa e desde os
primórdios do cristianismo nesta região até hoje temos muito que agradecer a
mortos e vivos o facto de sermos uma diocese a celebrar 40 anos.
Padre
Artur Coutinho
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