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Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

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sábado, 25 de janeiro de 2025



Depois foi assim…
O meu pai queria que fosse estudar. Eu queria ser padre, mas para acautelar, o meu pai quis que eu fizesse exame na Escola Frei Bartolomeu dos Mártires, (Escola Técnica) no Jardim D. Fernando, hoje, sede do IPVC, não fosse eu reprovar no Seminário!...
Ora o exame de admissão aqui em Viana foi um êxito.
Faltava ir fazer exame de admissão ao Seminário e aconteceu deste modo.
Eu fui num domingo ou segunda-feira para o Seminário de Nossa Senhora da Conceição, em Braga, e só na sexta-feira ou sábado regressei a casa.
Isto foi muito grave para mim. Embora eu vencesse, custou-me “os olhos da cara” porque tantos dias sem ver os pais, os avós, os irmãos, os colegas e os amigos. Parecia que não era daqui desde mundo e que me faltava a terra que os meus pés sempre pisaram. Passei o tempo a prestar provas, a rezar e nos tempos livres ia chorar que, por vergonha, refugiava-me numa casa de banho. Queria a família, queria os meus trabalhos e as minhas brincadeiras do costume, como criança.
Aconteceu que, quando regressei do exame, o que disse aos meus pais, para mim era ponto acente, “Seminário nunca. Já chegou!...”
Um dia recebi uma carta que não a passei aos meus pais… Era uma carta do Seminário de N. Sra. da Conceição, de Braga.
A carta dizia que tinha sido aprovado e que tinha de dar entrada em 2 de outubro de 1959 e que era preciso preparar um enxoval todo numerado com nº 92: tantos lençóis, tantos travesseiros, tantas camisolas, etc. etc.
Já não pensava ir para lá. Por isso, guardei a carta.
Faltavam cerca de oito dias. Era um domingo. Como de costume fui ajudar na reza do terço pelas 15H na Igreja de S. Nicolau de Mazarefes.
No fim, o Abade, o Pe. José de Jesus Soares Ribeiro, perguntou-me se o enxoval já estava preparado. Eu disse que não e que não ia para Braga. De imediato, com uma voz determinada e forte como ralhete de quem mandava: - Para o Seminário vais e vais mesmo. Vou falar com os teus pais.
Ao chegar a casa entreguei a carta à minha mãe e, com ela, estava a minha madrinha e o meu tio José, irmãos da minha mãe em visita à avó, como habitual todos os domingos.
O Abade veio falar e, naquela semana, quase pararam os trabalhos da lavoura. A mãe, a madrinha, as criadas e as vizinhas ajudaram, depois dos meus pais comprarem o que fazia falta. Faziam serão a bordar o número em todas as peças de roupa… Entretanto arrumavam as peças passadas a ferro num grande baú (mala do enxoval como se mudasse de freguesia).
Afinal sempre vou!...
Tanto me custou que nos dois primeiros anos a vida não foi fácil.
Fisicamente, estava lá, mas a minha mente e o meu coração estava na minha terra, na família e na minha cidade que era Viana. Passei dois anos de saudade e a viver da saudade…
Braga não me dizia nada. Distraíam-me, no entanto, os passeios das quintas-feiras e dos domingos de tarde. À quinta-feira não havia aulas. Estudava-se, rezava-se, passeava-se sempre juntos e com os padres “perfeitos” a acompanhar para ver se não perdiam alguma “ovelha”.
Assim era semana após semana e vir a casa, ainda que fosse para visitar algum familiar ou vir num falecimento, isso era proibitivo. A minha bisavó faleceu. Era a mãe da minha avó paterna, mas não pude sair do Seminário. As saudades eram tantas. Tudo lembrava. Assim os estudos não podiam render. Isto até ao 3º ano, hoje 7º ano. Nesse ano, no Seminário era ano de exame. Dois anos passados, lá me fui habituando a escrever uns postais, umas cartas para toda a família, iam-me fazendo secar as lágrimas.
Foi, portanto, no terceiro ano que comecei a concentrar-me mais e a agarrar o estudo para depois, no exame, arrancar uma média, das 10 ou 12 disciplinas, arrancar 13 valores…
Tinha chegado uma vida nova e a encarar com outro entusiasmo a minha vida no Seminário.
Vieram as férias grandes e, nelas, como o costume, em todas as férias de Natal e Páscoa, era um tempo de voar com os meus trabalhos, com meus amigos, visitar os amigos e continuar a organizar festas com os outros…
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