AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Encíclica «Ut unum sint» Roma, 1995

Encíclica «Ut unum sint»
Roma, 1995

3. «Com o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica empenhou-se, de modo irreversível, a percorrer o caminho da demanda ecumênica, ficando assim à escuta do Espírito do Senhor, que ensina à leitura atenta dos "sinais dos tempos". As experiências que viveu nestes anos, e continua a viver, iluminam ainda mais profundamente a sua identidade e missão na História. A Igreja Católica reconhece e confessa as fraquezas dos seus filhos, consciente de que os seus pecados constituem igualmente traições e obstáculos à realização dos desígnios do Salvador...
5. Juntamente com todos os discípulos de Cristo, a Igreja Católica funda, sobre o desígnio de Deus, o seu empenhamento ecumênico de congregar a todos na unidade. De fato, " a Igreja não é uma realidade voltada sobre si mesma, mas aberta permanentemente à dinâmica missionária e ecumênica, porque enviada ao mundo para anunciar e testemunhar, atualizar e expandir o mistério de comunhão que a constitui: a fim de reunir a todos e tudo em Cristo; ser para todos "sacramento inseparável de unidade"".(§ 5) (Esta transcrição é oriunda da Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre alguns aspectos da Igreja entendida como comunhão, enviada pela Congregação para a Doutrina da Fé em 28/5/92)
20. ... O ecumenismo, o movimento a favor da unidade dos cristãos, não é só uma espécie de "apêndice", que se vem juntar à atividade tradicional da Igreja. Pelo contrário, pertence organicamente à sua vida e ação, devendo, por conseguinte, atravessá-la no seu todo e ser como que o fruto de uma árvore que cresce sadia e viçosa até alcançar o seu pleno desenvolvimento...»

III. QUANTA EST NOBIS VIA?

Continuar e intensificar o diálogo

77. Agora podemos interrogar-nos sobre quanta estrada nos separa ainda daquele dia abençoado, em que será alcançada a plena unidade na fé e poderemos então na concórdia concelebrar a santa Eucaristia do Senhor. O melhor conhecimento recíproco já conseguido entre nós, as convergências doutrinais alcançadas e que tiveram como consequência um crescimento afectivo e efectivo de comunhão, não podem bastar para a consciência dos cristãos que professam a Igreja una, santa, católica e apostólica. A finalidade última do movimento ecuménico é o restabelecimento da plena unidade visível de todos os baptizados.
Na perspectiva desta meta, todos os resultados conseguidos até agora não passam de uma etapa, embora prometedora e positiva.

78. No movimento ecuménico, não são apenas a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas que possuem esta noção exigente da unidade querida por Deus. A tendência para tal unidade é expressa também por outros. 129
O ecumenismo implica que as Comunidades cristãs se ajudem mutuamente, para que esteja verdadeiramente presente nelas todo o conteúdo e todas as exigências « da herança deixada pelos Apóstolos ». 130 Sem isso, a plena comunhão nunca será possível. Esta ajuda recíproca na busca da verdade é uma forma suprema da caridade evangélica.
A busca da unidade está expressa nos vários documentos das numerosas Comissões mistas internacionais de diálogo. Nesses textos, trata-se do Baptismo, da Eucaristia, do Ministério e da Autoridade, partindo de uma certa unidade fundamental de doutrina.
Desta unidade fundamental, mas ainda parcial, deve-se agora passar àquela unidade visível, necessária e suficiente, que se inscreva na realidade concreta, para que as Igrejas realizem verdadeiramente o sinal daquela comunhão plena na Igreja una, santa, católica e apostólica, que se há-de exprimir na concelebração eucarística.
Este caminho para a unidade visível necessária e suficiente, na comunhão da única Igreja querida por Cristo, exige ainda um trabalho paciente e corajoso. Ao fazê-lo, é preciso não impor outras obrigações fora das indispensáveis (cf. Act 15, 28).

79. Já desde agora, é possível individuar os argumentos que ocorre aprofundar para se alcançar um verdadeiro consenso de fé: 1) as relações entre Sagrada Escritura, suprema autoridade em matéria de fé, e a Sagrada Tradição, indispensável interpretação da palavra de Deus; 2) a Eucaristia, sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, oferta de louvor ao Pai, memória sacrifical e presença real de Cristo, efusão santificadora do Espírito Santo; 3) a Ordem, como sacramento, para o tríplice ministério do episcopado, do presbiterado e do diaconado; 4) o Magistério da Igreja, confiado ao Papa e aos Bispos em comunhão com ele, concebido como responsabilidade e autoridade em nome de Cristo para o ensino e preservação da fé; 5) a Virgem Maria, Mãe de Deus e Ícone da Igreja, Mãe espiritual que intercede pelos discípulos de Cristo e pela humanidade inteira.
Neste corajoso caminho para a unidade, a lucidez e a prudência da fé impõem-nos evitar o falso irenismo e a negligência pelas normas da Igreja. 131 Mas, a mesma lucidez e prudência recomendam-nos fugir do desleixo no empenhamento pela unidade e, mais ainda, da oposição preconcebida ou do derrotismo que tende a ver tudo pelo negativo.
Manter uma visão da unidade que tenha em conta todas as exigências da verdade revelada, não significa pôr um freio ao movimento ecuménico. 132 Pelo contrário, significa evitar que ele se acomode a soluções aparentes, que não chegariam a nada de estável e sólido. 133 A exigência da verdade deve ser completamente respeitada. E não é, porventura, esta a lei do Evangelho?
Os líderes religiosos destacam a importância do ecumenismo e do diálogo religioso
Ecumenismo
"Ser um bom cristão ou um bom muçulmano significa necessariamente amor fraterno, compaixão, verdade, justiça e igualdade em relação aos outros" escrevem os Bispos da Nigéria em um comunicado publicado no final do encontro de diálogo ecumênico e inter-religioso realizado em Abuja, de 1 a 6 de março. A reunião, que tinha como tema "Viver a nossa fé em tempos difíceis", contou a participação de 50 bispos católicos, do Primaz da Comunhão Anglicana, do Presidente da Associação Cristã da Nigéria, do Arcebispo Jasper Peter Akinola, e do Secretário-geral do Conselho Supremo nigeriano dos Assuntos Islâmicos, Lateef Adegbite.
No comunicado, os Bispos católicos denunciam os recentes atos de violência cometidos contra cidadãos inocentes no Estado de Plateau, pedindo a todos que não explorem a religião para promover os próprios interesses e expressam seu apoio na colaboração entre confissões diversas para favorecer o desenvolvimento humano. Os Bispos destacam a importância das próximas eleições locais de 27 de março, e convidam os cristãos a refletirem sobre as lições das últimas eleições, marcadas por fraudes. O Presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Dom John Olorunfemi Onaiyekan, Arcebispo de Abuja, afirmou que "estamos vivendo uma calma precária.
Os sintomas desta situação são as crises políticas e as desordens sociais que eclodem em todos os lugares. Parece que existe um problema de confiança entre governantes e população, que torna a tarefa de governar especialmente difícil". O Arcebispo pede ao governo que "estenda a base da participação política". D. Lateef Adegbite, na sua mensagem dirigida aos participantes do encontro, destacou a importância de uma melhor compreensão entre os líderes religiosos para avançar no diálogo entre as confissões. O representante da comunidade islâmica declarou-se ainda preocupado pela difícil situação política e social que está atravessando a Nigéria.
Ele lamenta o fato de que a maior parte dos ex-Presidentes nigerianos, sendo muçulmana, não respeitou o preceito do Alcorão que impõe aos governantes o zelo pelo bem-estar do próprio povo. O Arcebispo Peter Akinola destacou como a Igreja dividida transmite ao mundo uma mensagem frágil. O Núncio Apostólico na Nigéria, Dom Renzo Fratini, recordou que a Igreja, para ser profética e unida, deve anunciar com coragem a mensagem de paz e de reconciliação. "A unidade da Igreja e a unidade dos cristãos na Nigéria deve ser um sinal para toda a sociedade e também um exemplo para os nossos irmãos, os muçulmanos", afirmou o Núncio.

O Concílio Vaticano II mostrou a importância do Ecumenismo e da Inculturação do Evangelho nas culturas do povo. Sobre isto o Papa João Paulo II falou claramente na Carta Encíclica Ut unum sint (Que todos sejam um-UUS).Infelizmente, porém,  têm havido abusos e erros nestes dois assuntos importantes. No discurso que o Papa dirigiu aos Bispos do Brasil que estiveram com ele, em setembro de 1995, falou sobre  isso: 
“Em diversas ocasiões a Providência divina permitiu-me insistir naquela conclusão básica do Concílio Vaticano II, segundo a qual é decisão da Igreja assumir a tarefa ecumênica em prol da unidade dos cristãos e de a propor convicta e vigorosamente”(UR,1). 
É  preciso entender que o Ecumenismo é  com as igrejas cristãs, aquelas abertas ao diálogo, como a Igreja Ortodoxa do oriente, a Anglicana da Inglaterra, e as  tradicionais, históricas, derivadas do protestantismo; mas não com as seitas, às quais o Papa se referiu aos bispos como “uma ameaça para a Igreja Católica” na América. Ele disse aos nossos bispos, falando dos perigos de um falso ecumenismo ou de uma falsa inculturação: 
“Já tive ocasião de comentar, mesmo recentemente, que , ‘não se trata de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada’ (UUS,18). Falando aos representantes do mundo da cultura em Salvador, Bahia, eu lembrava que ‘a inculturação do Evangelho não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remi-la ‘(Discurso, 20.X.1991,4).” 
“O mesmo vale no campo ecumênico. Com efeito, no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que  a busca do entendimento, do acolhimento ou da simpatia com outros grupos  ou confissões religiosas têm levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica, ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica. Ecumenismo não é irenismo (cf.UR, 4 e10).  Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço“. (g.m.) 
“Este diálogo[ecumênico], que somente tem sentido se for uma busca sincera da verdade, poderá nos pedir que deixemos de lado elementos secundários que poderiam constituir um obstáculo de ordem psicológica para nossos irmãos de distintas denominações religiosas. Mas nunca será verdadeiro, autêntico, se implicar na mais mínima mutilação duma verdade da fé, no abandono da legítima expressão da piedade tradicional do povo cristão ou no enfraquecimento das exigências de séculos da disciplina eclesiástica ou das  veneráveis  tradições litúrgicas do Oriente, da Igreja Romana e outras igrejas do Ocidente”. 
Se o Papa quis dirigir essas palavras marcantes aos nossos Bispos, certamente é porque  aqui têm havido  ensaios infelizes de inculturação e ecumenismo. É importante ressaltar certas coisas frisadas pelo Papa. Ele afirma que “não se trata de modificar o depósito da fé”, nem com a “mais mínima mutilação de uma verdade da fé”, e que a unidade que Deus quer só poderá se realizar “na adesão  comum ao conteúdo integral da fé revelada”. Sem observar isso o ecumenismo é falso. Por outro lado, ele chama a atenção para o cuidado com a prática da inculturaçào do Evangelho, dizendo que “não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remí-la”. Sabemos que neste campo têm havido abusos. 

É importante observar que o Papa diz que, “no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que a busca do entendimento…tem levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica,  ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica”.E ele, diz que: “ecumenismo não é irenismo. Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço”. 

Sem comentários: