Os Gandras em
Mazarefes
Em 1838 veio para
Mazarefes Manuel Luís Gandra, com 28 anos de idade, da freguesia de S. Tiago de
Aldreu, Barcelos, por casamento com Rosa Rodrigues, a Cordoeira,do Ermijo.
Do casamento resultou
uma prole de 9 filhos, 5 varões e 4 mulheres.
Manuel Luís Gandra enviuvou em 1857. A mulher morreu de parto. O referido
Gandra herdou a alcunha “Cordoeiro” do sogro. Casou pela segunda vez com Rosa
Gonçalves e consta na tradição da família que esta mulher de quem teve mais
duas filhas. Também não era nada meiga para com os enteados. Faleceu em 1881. O
filho mais velho com 17 anos partiu para o Brasil, em 1857 e levou consigo o
irmão José com 14 anos. Quatro anos mais tarde, levou o irmão Manuel com 12
anos e o António com 11 anos, o João, o mais novo que vivia na Meadela, aos 38
anos, também. Em 1861, foi para a terra
das patacas, para poder pagar a casa que teria comprado na rua da Altamira,
onde hoje vive a neta Raquel. A Francisca casou para a Meadela com Manuel
Francisco Oliveira, em 1869 e com 24 anos de idade.
O António reemigrou
em 1896 e em 1899, sinal de que andou lá e cá, assim como o José em 1890 e em
1892.
Não sei nada do que
terá acontecido às mulheres: a mais velha, a Maria Rosa faleceu em 1869, aí com
31 anos de idade, em Mazarefes, quanto à Maria Cândida, nascida em 1848, morreu
bebé, e a Maria, em 1851, nada descobri. Diz a tradição que terá ido para os
lados da Serra da Estrela.
O filho João, depois de ter comprado a casa e
ido ao Brasil, casou com 60 anos em 1914, com uma mulher de Refóios do Lima,
mas ficou viúvo e sem filhos, tendo voltado a casar com uma sobrinha da mulher,
que se chamava Maria de Jesus Gonçalves e de quem teve um casal de filhos: o
Manuel e a Rosa Guilhermina. O João para adquirir o passaporte apresentou a sua
residência, aos 38 anos, na freguesia da Meadela e, de facto, constava que
tinha primos na Meadela, “os mata sete”, e que por ocasião da revolução da
Traulitânia que rebentou lá para os campos da Agonia, fugiu com duas crianças
que estavam com ele para a Meadela e ao passar pela Capela de N.ª Sr.ª das
Candeias, levou consigo também o António Costa ainda criança irmão do Severino
Costa para a salvar de alguma situação desagradável pela revolução rebentada,
isto teria acontecido por volta de 1919, no tempo da Monarquia do Norte que
durou apenas 25 dias já depois de ter vindo do Brasil.
Do 2º casamento do
velho Manuel Luís Gandra, o Cordoeiro de Mazarefes, nasceram mais duas meninas,
a Ana, que foi tecedeira e casou em 1883 com Manuel Afonso Forte e morreu com
50 anos, em 1909 e a Maria Rosa que morreu bebé..
Quanto à senhora que
foi para a região da Serra da Estrela ou Coimbra, trata-se de uma hipótese,
pois, certo dia, entrando uns turistas dessa zona no Banco Pinto Sottomayor,
logo um deles que era Gandra disse para o outro: “Olha ali está um Gandra”
referindo-se a um empregado bancário que de facto até era Gandra. Travaram
diálogo e chegou-se à conclusão que talvez fosse família, pois o Gandra de
Coimbra dizia que a sua família foi do norte e o Gandra de Viana achava que
antepassados houve que não sabia deles. O Gandra a trabalhar no Banco era muito
parecido com um outro familiar de que passava por Viana. Esta coincidência
levou a concluirem, talvez precipitadamente, que seriam família e que a Maria,
filha do primeiro casamento do Manuel Luís Gandra teria ido para a zona da
Serra da Estrela. Teriam ou não, há que investigar para ver se corresponde ou
não à verdade.
Quanto aos Gandras
que foram ao Brasil, aconteceu que visitei há uns anos, em Janeiro, na Alameda
de Jaú, junto à Av. Paulista, o Dr. Ives Gandra da Silva Martins.
A propósito do Gandra, apelido da Mãe, disse-me
que teria vindo da Galiza, que a mãe ou a avó era galega.
Procurei na toponímia galega e na
antroponímia esta palavra “gandra”, “gandara”. Não a encontrei na Galiza, mas a
norte do Rio Lima e junto ao Rio Lima. Um radical talvez de origem dos povos
límicos.
A ideia de que veio da Galiza é possível que
assente naquilo que os de Braga chamavam aos de Viana, a norte do Lima, os
Galegos, porque Viana pertenceu às Dioceses de Tui e Ceuta.
O Gandra chegou a Mazarefes, de Santiago de
Aldreu, Barcelos e como já verifiquei de Mazarefes houve Gandras que foram para
o Brasil como podemos verificar pelos passaportes tirados e revalidados no Governo
Civil...
Para onde foram no Brasil, não descobri, mas
poderia ser Jundiaí e Ribeirão Preto, segundo uma nota que observei à margem de
um documento que falava de um deles.
Teria sido?
Basta descobrir isso para saber se de facto
os “Gandras” de Mazarefes teriam sido os tais Galegos ou a mulher “Gandra” que
foi para os lados da Serra da Estrela, ou entre a Serra e a cidade de Coimbra e
dado origem a 4 filhos, um deles o Prof. Dr. Ives Martins.
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