Os Bois e as vacas.
Quando abordei o “Carro
de Bois” só me referi, de facto, aos bois pela razão de ser “carro de bois”, que
era o mais usual em lavradores que, às vezes, à porfia, tinham até duas juntas
para poder fazer um cambão sem ter que pedir ao vizinho.
Também o mesmo se diga
do “Carro de vacas” que era usada, mas menos, em tempos idos.
As vacas davam leite
para a casa, não havia uma casa de lavrador que não tivesse uma vaca para dar
leite para a casa, ou fazer criação para dar um bom lucro para o curador na
venda dos bezerros.
O leite começou a
recolher-se porta a porta por mulheres conhecidas por “as leiteiras” para ser
levado para a fábrica ou para a cidade. Também era vendido à porta aos vizinhos
que dele precisassem. Mais tarde começou a ser o curador a levar o leite em
canecos próprio para um posto de recolha, era pesado o seu grau de gordura e
conforme fosse mais alto o grau da gordura mais e melhor pagavam ao
proprietário. Assim poupavam-se as vacas para bem alimentadas darem mais leite.
Recordo que
directamente do ubre da vaca o leite era comido com sopas de pão boroa,ou pão
trigo, sem passar até pela fervura. Eu próprio preparava o miolo da boroa numa
malga e ia ao ubre da vaquinha puxar o leite para preparar o petisco.
No entanto, ainda me
lembro de o meu avô paterno vender a sua junta de bois ficando a corte dos bois
livre para mais vacas.
Tinha ele tanto gosto
que um ano entrou num concurso entre o Douro e o Minho com uma das vacas que
foi transportada para o Porto e tirou salvo erro o 2º prémio. Foi a Maria do
Céu conforme foto que a acompanhou. Devemos ter a taça que recebeu como prémio
e uma placa de metal.
Era tirado o leite
pela manhã e ao fim do dia.
Que bem sabia ao
proprietário receber, de 15 em 15 dias, a quinzena do leite. Foi o que
aconteceu nas Argas. O leite era deitado
fora e em 1972 quando para lá fui fiz com que a Junta e empreendedores da terra
se juntassem e criassem um ponto de recolha de leite que a fábrica de Vila
Praia de Âncora não podia receber, mas arranjou-se que fosse levantado pela de Vila
de Conde. Toda a gente das Argas ficou contente ao ver que recebiam bastante
rendimento do leite, pois o leite devido aos pastos era mais gordo. Recebiam
bem e era como pão para a boca, pois desde a sementeira da floresta, ficaram
proibidos de vender queijo e manteiga, produtos caseiros. Começou a ser uma
fonte de receita com que melhor puderam ser generosos para restaurar as suas
igrejas e capelas.
Foram-se os bois, mas
as vacas tomaram o lugar dos bois e, era vulgar, o carro das vacas, eram sempre
duas, uma junta. Só a carroça exigia uma, ou outros trabalhos do campo…
Na minha memória
guardo más recordações quando um animal deste, boi ou vaca, tinha de puxar à
custa das varadas ou das aguilhoadelas que, na altura, já era proibido que as
varas tivessem um aguilhão maior que qualquer coisa que não lembro.
Hoje, isso acabou.
Primeiro vieram as
charruas, ou os tractores e as ordenhas para as vacas. Tudo mais fácil que
torna o trabalho mais leve para o homem e os animais que não são necessários a
não ser para dar a carne, o leite e também a criação, mas com a reforma
agrícola e as exigências legais muitos abandonaram e vê-se pouco gado bovino…
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