Agora aquela menina que eu conheci aos 10 anos dá-me sempre lições. Foi nessa idade que ela foi operada a um joelho e continuou os seus estudos, sempre como aluna brilhante e com as dificuldades próprias detectadas aos 12 anos, uma artrite reumatoide juvenil, concluiu com êxito o 12º ano.
Foi catequista, fazia parte do grupo de jovens da sua paróquia. Trabalhou em dois lugares, mas por alguns espaços de tempo. Veio a ser também funcionária da Paróquia, em 1989. Em 1992 deixou definitivamente o trabalho e foi operada às ancas e às mãos. Em 1993 fez próteses nas ancas. Em 1994 esteve seis meses no Hospital de S. João, "sofrendo imenso" uma jovem que a todos dava conforto e alegria. Nessa altura foi-lhe tirada a articulação do joelho direito e foi-lhe diagnosticada uma cirrose biliar primária. Em 2002 caiu em casa e deslocou a prótese, mais um ano difícil.
Foi em 2003 que no Hospital de S. João houve novas intervenções às próteses e retiraram-lhe a prótese esquerda que foi reposta dois meses depois.
Esteve nos cuidados intensivos várias vezes depois das várias tentativas de intervenção já dentro do Bloco Operatório.
Aparece-lhe uma dor abdominal e esteve nos cuidados intermédios, no Porto, em Sto António. Aí esteve para levar transplante de fígado, mas acabou por não o fazer.
Veio para casa 10 dias. Voltou e esteve 15 dias em coma induzido, em Sto António. A única vez que ela perdeu a serenidade, dizendo à mãe: "leva-me para casa que quero morrer em casa".
Após seis meses foi-lhe diagnosticada uma insuficiência renal.
Foi ainda internada em Viana com uma Pancreatite. Recebeu alta e 15 dias depois caiu em casa com a mãe. Ela partiu uma perna pelo joelho e a mãe um pulso.
Em 2011, com 43 anos, em Abril, começa a fazer hemodiálise, 3 dias por semana, três horas e meia. Em Agosto teve um trombo no braço e foi para o S. João. Colocou um cateter central e ultimamente ficou paralisada. Esteve no Hospital de Sto António onde foi descoberta uma infecção; e a origem esteve em três facturas na coluna.
Entretanto, carradas e carradas de remédios, todos os dias pela manhã, pela tarde, pela noite….
Este historial todo para dar o meu testemunho da alegria, da felicidade desta jovem que sempre viveu alimentada por uma grande fé. "Deus se me dá depois de uma, outra, Ele lá sabe a razão." "Eu estou bem" e continua: enquanto do pescoço para cima estiver bem, eu estou bem.
"Não quero que ninguém sofra por minha causa. Tenho muitos amigos e amigas que me telefonam e… esperam talvez que esteja desesperada ou em sofrimento, mas todos ficam abismados quando vêem que afinal sou eu a confortá-los a eles."
De facto é verdade porque eu próprio tenho testemunhos recolhidos nos Hospitais e pelos técnicos, amigos meus e família minha ficam abismados como a referida menina deixa em todos os lados uma admiração excepcional. Só hoje descobri que afinal a fé em Deus, o terço a Nossa Senhora é que lhe dá ânimo a si para se repartir com os outros. Afinal descobri o segredo desta Menina que encara a doença como caminho de perfeição e sempre a dar graças a Deus porque está viva e gosta da vida…
Sem comentários:
Enviar um comentário