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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A CASA DOS CORDOEIROS DE Mazarefes



A CASA DOS CORDOEIROS


            A Casa dos Cordoeiros foi sempre conhecida por uma grande casa da terra de Mazarefes. Os Cordoeiros eram muito conhecidos, uma casa forte, casa rica.
            Dizem que tinha a ver com uma cordoaria, mas consta que o nome de Cordoeiros o recebeu esta família por se dedicar ao contrabando de cordas espanholas. Vinham de barco pelo mar, subindo o Rio Lima até ao poço Tranquinho, onde os coordenadores recebiam a mercadoria e depois a negociavam na terra, em Barcelos e na cidade de Viana...
            O Cordoeiro deveria ter nascido na casa onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro e em 1699, aí viveu o Manuel Alves Cordas e só em fins do séc. XVIII, os Coutinhos chegaram a Mazarefes. Seria alcunha? Deixando a alcunha “Cordoeiros”, naturalmente ligada ao negócio de cordas, vindas ou não de Espanha, de contrabando ou não, o que é certo é que esta casa é a Casa dos Coutinhos. Os Coutinhos para Mazarefes vieram de Alvarães, de Vila de Punhe, de Vila Fria e de Darque. No entanto, os actuais Coutinhos são todos Cordoeiros na sua origem de Vila de Punhe e de Darque e deviam ter nascido aí. A Casa dos Cordoeiros da Capela veio mais tarde ou porque desenvolveram o negócio e se fizeram mais ricos ou por outro motivo que se desconhece, pois a casa dos cordoeiros de cima não tinha a estrutura de grandeza como a de baixo. Na de Baixo, que era a casa dos meus bisavós paternos, pelo lado da mãe do meu pai. Ainda lá conheci alguns engenhos do trançamento das fibras de cizal e o grande tanque de água para a demolha.
            O negócio das cordas foi anterior e veio de outras famílias, inclusivamente. Já referi o Manuel Alves Cordas, e outro ligado à família que foi o Manuel Luís Gandra, o Cordoeiro, que casou em Mazarefes, em 1838 com Rosa, filha de José de Araújo Coutinho. Este Gandra tem família nesta cidade e arredores, como no Rio de Janeiro.




            Os Coutinhos que hoje existem vão todos entroncar no casamento de Domingos de Araújo Coutinho, de Vila de Punhe, com Josefa Soares, de Darque. O filho deste casal José de Araújo Coutinho foi o “Cordoeiro” por excelência, pois possuía em Viana uma Cordoaria, tendo grande sucesso neste negócio. Casou com Maria Rodrigues, em 1802, filha de Francisco Rodrigues de Carvalho e Teresa Rodrigues, das Boas Novas, em 1806. Deste matrimónio nasceram 9 filhos, a Maria (1804), o Manuel (1807), o Francisco (1810), Alexandre (1813), a Ana (1815), Rosa (1816), Ana (1820), Inês (1822) e José Rodrigues de Araújo Coutinho (1826).
            O Francisco casou com Teresa Rodrigues, filha de Francisco António de Matos e Teresa Rodrigues e foram os pais do Padre José de Araújo Coutinho. Este padre foi ao Brasil, celebrava na Capela das Boas Novas, foi autor da reconstrução da Capela de S. Simão, no Lugar da antiga igreja paroquial e foi Pároco de Mazarefes. Nasceu em 1835 e faleceu em 1892. O Francisco foi pai de 6 filhos: O Manuel (1835), a Maria, a Ana (1840), a Inês (1842), a Teresa (1844) e a Rosa (1847).
            O José ficou na casa que se mostra e casou com Maria Rodrigues do Rego (de Anha). Este José Rodrigues de Araújo Coutinho não era negociante de cordas, nem fabricante delas. Era negociante de milho e fornecia Viana. Os negócios fazia-os nos Concelhos de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Ponte de Lima. O transporte era feito em barco. Morreu muito novo, aos 35 anos, depois de uma coça que lhe deram nos Arcos. Morreu em casa, em Mazarefes e deixou viúva a Maria Pinta, de Anha (Maria Rodrigues do Rego). Esta viúva foi madrinha do padre José Gonçalves Damião, seu bissobrinho, neto materno de Rosa que casou para Darque com José Alves de Araújo e filho de uma Ana. O José e a “Maria Pinta” tiveram 5 filhos: o António (1866) que casou com Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros e que ficou em casa, o Alexandre (1855) que casou para a Conchada com Maria Rodrigues da Torre, o José (1856), escrivão de direito, que casou com Maria das Dores, em 1880, filha de João Francisco dos Reis e Maria das Dores Araújo, de Viana, o Manuel (1849) era lavrador e casou com Rosa Ribeiro, filha de José Pereira Pinto e Teresa Ribeiro, em 8 de Dezembro de 1871, para a Casa da Castela de Cima ou Castela da Estrada e o Francisco (1852), a Inês casou com Manuel Maciel de Forjães, filho de Manuel Maciel e de Joana Rodrigues Lima, em 1851.  Foi mãe de dois filhos, tendo sido um deles padre (deixou geração!).
            1. O ALEXANDRE era lavrador e teve 10 filhos de sua mulher, Maria Rodrigues da Torre, a Morgada, muito rica, (dos Piscos do Monte, primos dos da Regadia, daí o apelido “Vaz”): o José (1886) casou com a irmã do Zé da Vila, prima carnal e foi pai de 7 filhos: o Manuel - Padre com a dignidade de Monsenhor, a Madalena casou com o primo, filho da Casa da Vila e deixou um filho, a Emília que casou com Casimiro Araújo e mãe de duas filhas, a Maria que casou com António Alves Pereira, mãe de uma filha Rosa, conhecida pela “Rosinha”, a Deolinda que casou com o José Pitta e morreu nova sem filhos, a Rosa que casou com o José Pitta, viúvo e cunhado, e mãe de um filho, o José casado com Eulália, de Sta. Marta e pai de uma filha e Alexandre que estudou medicina no Brasil e morreu esmagado no Brasil, quando de moto ultrapassou um carro no Recife, o Manuel (1888) casou, no Brasil, com uma alemã e morreram sem filhos. O Primo (1891) morreu criança, a Deolinda (1893) casou com o primo carnal José de Araújo Coutinho, tio do actual Francisco do Cordoeiro e mãe da Rosinda que casou com um Sampaio de Anha e mãe de duas filhas, a Rosa que casou com o Manuel Coutinho de Araújo (Catrino) da Regadia, mãe de 5 filhos; o José, casado no Brasil e pai duma filha, a Jussara, a Maria, casada com José Vaz e mãe de 2 filhos, o António casado com a Conceição de Anha e com 5 filhos; o Abel, casado com Olívia de Sta. Marta e a morar em Vila Franca, com 2 filhos. (Alberto, solteiro e Maria de Fátima casada com Filipe Pires e mãe de Pedro e Sara); (José Alberto casado com Laura, de Braga; Hernani Manuel casado com Olga, de Vila Franca; Maria Emília, solteira; Maria do Sameiro casada com José Carlos Taborda de V. Franca);  o Manuel que casou com Conceição Araújo, da Regadia e sem filhos. O António (1896) casou com a prima carnal Maria Ribeiro da Silva, que foram para a Casa dos Brasileiros herdar os bens do tio Miguel Francisco dos Reis, irmão da mãe da Maria e foi pai de 2 filhos: o Manuel e a Maria. A Maria casou com 18 anos para Barroselas com Abel Sá Portela, mas não tiveram filhos; o Manuel casou com a Deolinda do Monte e foi pai de 3 filhos: o Artur que é padre, o Abel que é engenheiro mecânico ramo gestão da produção e casado com Joana Isabel Lourenço, prima carnal de Monsenhor Sebastião Ferreira e pai de duas filhas, a Maria do Céu, doméstica e casada com José Barreto, oriundo também da Casa dos Brasileiros pelo lado da mãe e ambos têm 2 filhos. O Abel (1898) morreu jovem depois de ter lido a Bíblia e com perturbações por não compreender alguns textos, a Maria (1902) casou para Anha e morreu sem filhos, a Rosa (1904) morreu solteira e sem filhos, a Marta (1906) casou com Joaquim Alves Coutinho, de Alvarães, tio do Pe. Dr. Jorge Peixoto Coutinho. A casa onde viveu era do chefe e fundador da Banda do Carvalho. Quando na festa de S. Silvestre, em 25 de Julho, Cardielos, regia a banda acabou por ver a sua casa, diga-se: uma grande casa e uma grande quinta em Mazarefes a arder pelo que desanimou, vendendo-a a alguém a quem o Alexandre a comprou e depois foi para a Marta que foi mãe de 5 filhos: a Deolinda casada com o Joaquim Araújo de Anha e com 2 filhas, o Manuel casado com Rosa Rocha Alves, de Deão, a viver em Vila Franca e com 8 filhos,(Elsa casada com o Manuel Cruz de Sulportela; Maria da Conceição casada com Manuel Lima, de Antas; Ana Margarida casada com Anselmo Judas de V. Fria; Duarte casado com Ilídia, de Castelo de Neiva; José Alberto casado com Laura, de Braga; Hernani Manuel casado com Olga, de Vila Franca; Maria Emília solteira; Maria do Sameiro casada com José Carlos Taborda, de Vila Franca); a Maria casada para Alvarães e mãe de 3 filhos, a Cândida casada com Manuel Rodrigues, de Durrães e sem filhos e a Augusta casada com Joaquim Lourenço e com dois filhos. A Conceição (1909) casou para Vila Fria com Alfredo Lima, dos Caroças e a última dos irmãos a falecer em 1999, foi mãe de 4 filhos: o Alexandre, Coronel de Cavalaria, casado com Isabel e com 2 filhos, a Augusta, casada com António Rego e com 2 filhos, a Cecília, casada para Vila Franca e com 1 filho, o Rui e formado em medicina,  e o Manuel, casado e com 4 filhos.
            2. O ANTÓNIO era lavrador, ficou na casa e teve também 10 filhos, depois de ter casado com Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros: A Maria (1891), que casou com o primo carnal António e foi para a casa do tio Miguel, da Casa dos Brasileiros, a Rosa (1896), que ficou na casa até à morte da mãe e casou com António Correia e foi mãe da Elvira (casada com Floriano de Vila Franca e mãe de 3 filhos: a Maria, casada com Constantino Liquito e mãe de 3 filhos, tendo já falecido o Carlos, de acidente em 1985, a Idalina, casada com o António Coutinho de Carvalho e mãe de 3 filhos). O António que morreu criança, o José (1898), ficou inicialmente em casa, mas morreu muito novo, com uma pneumonia, talvez provocada por excessos de zelo e trabalho com o moinho que foi do Santa Marinha e hoje é da viúva de José da Silva de Oliveira Reis, D. Albina Carvalho, o Moinho conhecido pelo da “Fonte dos Anjinhos”. A viúva deste José, Emília Barbosa, das Marinheiras, casou novamente para Vila Franca, com o Manuel Pequeno, pai dos actuais “Pequenos” de Vila Franca. O José morreu cedo, mas ainda foi pai de 4 filhos: o António casado com Olívia, não teve filhos e acabou por ficar com a Casa de Origem, o Manuel, casado e com 2 filhos (o filho José morreu fulminado por uma faísca) e ele falecido em 2000 na África do Sul, onde morreu o filho José, a Laurinda, casada com Bernardino Jácome, de Vila Franca e com 2 filhas: a Elvira e a Albertina. A Elvira casou com o Agostinho Manso e tem 2 filhos: o Fábio e o Adolfo. A Maria Albertina casou com Adolfo Azevedo e é mãe de 2 filhas (a Sílvia, jovem estudante que morreu de um acidente de carro e deixou um testemunho religioso muito forte e a Ariana) e a Elvira casada com Bernardino Pequeno e com 3 filhos. A viúva Emília teve ainda do Manuel Pequeno mais 4 filhos. A Antónia (1894), que morreu jovem, a Laura (1902), que casou para Anha com António Silva e teve 5 filhos: A Rosa, que casou com o Manuel Faria em 1941, mãe de 2 filhos, o Manuel, que casou a primeira vez com Maria Pintado em 1943 e morreu em 1964 e pai da Isabel e do Filipe e casou a segunda vez com Anie uma francesa, a Maria, o António (casou e tem filhos para além de uma filha fora do casamento) e a Lucinda, casada com José Marinho em 1931 e mãe de 3 filhas. A Antónia (1903), que morreu criança, a Albina (1904), que morreu cedo, o Alexandre (1905), que morreu cedo, a Ana (1907), que casou com Alfredo Correia, irmão do cunhado, mãe
de uma filha Maria casada e com dois filhos. Vivem no Barreiro, em Lisboa.
            3. O MANUEL casou com Rosa Ribeiro em 1871 e teve o Francisco que casou com Teresa Maciel de Matos, de Castelo de Neiva, filha de Francisco António de Matos e de Antónia da Piedade de Passos Pereira Maciel e madrinha da Antónia Rodrigues de Araújo (Catrina), minha avó materna, vindo para Casa da Castela de Baixo, o José que foi Padre e Prior de Anha, imprimindo ao seu trabalho tal carácter e dignidade que ainda hoje se fala do velho Prior d’Anha, com saudade. Se se fala com saudade e admiração deste prior, consta que na República celebrava missa com a pistola sobre o altar!... Em 1950 celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais, pois tinha sido ordenado em 25.03.1900. A Rosa (1885)* casou em 1910 com um irmão do Abade Francisco António de Matos e ficou na Casa da Castela da Estrada, chamava-se, o marido, António Francisco de Matos e foram pais de 4 filhas: a Maria, casada com António Cunha e mãe de 4 filhos, a Cecília, casada com Cândido Carriço e sem filhos, a Emília, casada com o Pitta da Ponte Seca e mãe de 4 filhos e a Ermelinda que morreu solteira. O Domingos, conhecido por Domingos do Pinto (da Igreja), irmão, por isso, do Prior d’Anha e era “Pinto” porque era neto do José P. Pinto e casou com uma irmã do Pe. João Matos, de Vila Franca, a Emília. Era ainda irmã do Dr. João de Matos, o homem do Estádio Vianense.
            4. O JOSÉ Louvado, Juíz de Paz e escrivão de direito, casado com Maria das Dores Araújo (irmã do Manuel da Vila, pai do Zé da Vila, avô do Avelino da Vila), de Viana, filha de João F. dos Reis e Maria das Dores Araújo. Do casamento resultaram os seguintes filhos: a Maria (1881), a Rosa (1883), o João e o José (1888) gémeos, mas só vingou o José, o João (1890), a Ana (1893), a Emília (1897), o Manuel (1901).
            O filho José casou com a prima Deolinda, filha do tio Alexandre da Conchada e viveram na casa conhecida pela “Casa da Tia Deolinda” por a ter recebido do pai que a tinha comprado ao irmão Francisco, falecido na Maia. A Emília casou com o primo João Rodrigues de Carvalho (conhecido por João Deira, para onde foi viver), a Rosa casou com Manuel Rodrigues de Araújo (Catrino) e foi viver para a casa junto do Cruzeiro e foi mãe de 3 filhos: a Maria, o Manuel e o José,; a Ana casou para Deão com João Alves Pedra. Deste casamento para Deão surgiram 6 filhos: o Manuel e a Maria que casou com um oficial do exército e teve 5 filhos, a Emília que casou com Adriano Carvalho, também com 5 filhos, o Francisco casado para Vila Flor com Maria do Céu Ramos e teve 2 filhos, a Ana casada com José Rocha de Deão e com 5 filhos e a Lurdes casada com o primo João e a viver em Vila Fria e com 3 filhos. O Manuel foi para a França, a Maria casou para Vila Franca e não teve filhos, o João casou com a Emília das Deiras, irmã de João Rodrigues Carvalho, aliás com uma cunhada da irmã Emília, também chamada Emília. Do casamento do João com a Emília houve o Francisco que ficou em casa, casando com uma Alice Taborda Jácome de Vila Franca (João, Albertina, Maria das Dores, Maria de Lurdes e Fernanda); a Dores que casou com Manuel Rocha (Avelino e José Jorge); o João que casou para Vila Fria com a prima Lurdes de Deão (Nazaré, Maria, José João); a Emília que casou para Vila Franca, a Ana que casou com José Liquito (Isabel e José); a Gracinda que casou com Graciano Forte (Manuel e Maria Cecília) e a Maria que morreu sem filhos depois de ter casado com Luís Viana de Sabariz (Judas), o José com Deolinda do Rego de Anha para onde foi viver (José, António, Maria Luísa, Maria Olívia).
            O João morreu de doença. A Rosa casada com o Manuel (dos Catrinos) foi mãe de Manuel que ficou solteiro, o José que casou na Argentina com Helena, uma Portuguesa e teve dois filhos, um falecido e o Sérgio, a Maria, conhecida pela Quinhas dos Catrinos que morreu cancerosa e relativamente nova, casada com um primo, o Francisco Coutinho de Carvalho e mãe do Manuel, Avelino, Sara, Fernanda e António. A Fernanda casou com José Manuel Gonçalves e é mãe de Bruno João e Hugo Filipe; o Avelino casado com Olívia Coutinho e pai de Raquel e Ana; António Alberto, solteiro; a Sara casada com Manuel , das Neves e é mãe de Marta; Manuel António casado com Rosa Maria.
            A Emília casou com o primo João Rodrigues de Carvalho e foi mãe de Francisco, João, António, Luzia. O Francisco casou com prima Maria para os Catrinos, o António para os Cordoeiros  casando com a Idalina, neta de Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros e a Luzia casou com um Reis da Casa dos Brasileiros, o Avelino, filho do que conheci por José da Vila, da Casa dos da Vila. Só o João casou para fora...
            5. O FRANCISCO foi conhecido por “O estudante” porque estudou para Padre. Não acabou os estudos e fez-se escrivão de direito. Casou com Rosa Cândida Alpuim da Silva Menezes, de Vila Fria, em 23/11/1882. Faleceu em Rio Tinto em 1906 com filhos, na Vila de Barreiros da Maia. Era, na altura, Chefe da Repartição de Finanças e tão bem conceituado, que todo o comércio da Vila fechou na hora do funeral. Uma filha, casou em Londres com um neto do Rei D. Carlos. Foi ele que construiu a casa onde habitaram depois os sobrinhos, casados, o filho de um irmão José, que também era “José do Cordoeiro” e a Deolinda filha do irmão Alexandre que tinha casado para a Conchada. Foi o irmão Alexandre que comprou a casa para a dar à filha. Hoje habita nela a Fátima. Nesta casa a que me refiro, funcionou uma escola primária. Foi pai do António em 1884.
            Os Cordoeiros nunca tiveram entre os irmãos as melhores relações. O José, Louvado, casou com uma irmã do Manuel da Vila, o António casou com uma irmã do Tio Miguel Brasileiro, o Alexandre casou com a “Pisquinha”, Maria Rodrigues da Torre, filha do Zé do Pisco do Monte, José Rodrigues Vaz, era a Morgada...para não haver “colheres a partir” ficava tudo na casa.
            Assim já tinha sido com os seus antepassados e assim continuava...e os Cordoeiros recolhidos no seu orgulho de serem quem eram, ricos...o Alexandre, por ter casado com a Morgada, a mais poderosa em teres e haveres, nunca “passou cartão” aos outros irmãos. Tudo bem, mas...havia sempre um senão...que alguns percebiam como “não passar cartão”, por isso nem os irmãos, nem os primos se davam lá muito bem...
            As coisas agravaram-se com o casamento do António, filho do Alexandre com a Maria, filha do António Cordoeiro porque o pai da Maria e o irmão José procuravam outro casamento para engordar riqueza reunida na casa dos Brasileiros, mas o Alexandre, isolado e perspicaz, conseguiu que o filho vencesse na conquista da amada, sua prima carnal, retirando-a ao primo João do Cordoeiro, desfazendo projectos dos Tios José e António.
            O Bisavô António do Cordoeiro não gostou nada e nunca mais se deram muito bem o tio-sogro e o sobrinho-genro. Aí as zangas foram mais manifestas e talvez o equilíbrio estivesse na atitude do Louvado, o José do Cordoeiro, que não ligou grande importância, ou pelo menos, não o manifestou.
            Todos os Cordoeiros sempre foram homens de dinheiro e o Bisavô António sempre manteve essa hegemonia, mas nunca deixou a chave por mão alheia e, hoje, a casa já não está na mão da família. É da viúva do “António da Capela” seu filho, que não deixou geração. Esta casa é a nova porque para mim os Cordoeiros velhos eram da casa mais acima, a casa onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro, a Casa do Alambique. 

* Esta era irmã da mãe do Zé da Vila.

2001-Artur Coutinho

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