A CASA DOS CORDOEIROS
A Casa dos Cordoeiros foi sempre
conhecida por uma grande casa da terra de Mazarefes. Os Cordoeiros eram muito
conhecidos, uma casa forte, casa rica.
Dizem que tinha a ver com uma
cordoaria, mas consta que o nome de Cordoeiros o recebeu esta família por se
dedicar ao contrabando de cordas espanholas. Vinham de barco pelo mar, subindo
o Rio Lima até ao poço Tranquinho, onde os coordenadores recebiam a mercadoria
e depois a negociavam na terra, em Barcelos e na cidade de Viana...
O Cordoeiro deveria ter nascido na
casa onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro e em 1699, aí viveu o Manuel Alves
Cordas e só em fins do séc. XVIII, os Coutinhos chegaram a Mazarefes. Seria
alcunha? Deixando a alcunha “Cordoeiros”, naturalmente ligada ao negócio de
cordas, vindas ou não de Espanha, de contrabando ou não, o que é certo é que
esta casa é a Casa dos Coutinhos. Os Coutinhos para Mazarefes vieram de
Alvarães, de Vila de Punhe, de Vila Fria e de Darque. No entanto, os actuais
Coutinhos são todos Cordoeiros na sua origem de Vila de Punhe e de Darque e
deviam ter nascido aí. A Casa dos Cordoeiros da Capela veio mais tarde ou
porque desenvolveram o negócio e se fizeram mais ricos ou por outro motivo que
se desconhece, pois a casa dos cordoeiros de cima não tinha a estrutura de
grandeza como a de baixo. Na de Baixo, que era a casa dos meus bisavós
paternos, pelo lado da mãe do meu pai. Ainda lá conheci alguns engenhos do
trançamento das fibras de cizal e o grande tanque de água para a demolha.
O negócio das cordas foi anterior e
veio de outras famílias, inclusivamente. Já referi o Manuel Alves Cordas, e
outro ligado à família que foi o Manuel Luís Gandra, o Cordoeiro, que casou em
Mazarefes, em 1838 com Rosa, filha de José de Araújo Coutinho. Este Gandra tem
família nesta cidade e arredores, como no Rio de Janeiro.
Os Coutinhos que hoje existem vão
todos entroncar no casamento de Domingos de Araújo Coutinho, de Vila de Punhe,
com Josefa Soares, de Darque. O filho deste casal José de Araújo Coutinho foi o
“Cordoeiro” por excelência, pois possuía em Viana uma Cordoaria, tendo grande
sucesso neste negócio. Casou com Maria Rodrigues, em 1802, filha de Francisco
Rodrigues de Carvalho e Teresa Rodrigues, das Boas Novas, em 1806. Deste
matrimónio nasceram 9 filhos, a Maria (1804), o Manuel (1807), o Francisco
(1810), Alexandre (1813), a Ana (1815), Rosa (1816), Ana (1820),
Inês (1822) e José Rodrigues de Araújo Coutinho (1826).
O Francisco casou com Teresa
Rodrigues, filha de Francisco António de Matos e Teresa Rodrigues e foram os
pais do Padre José de Araújo Coutinho. Este padre foi ao Brasil, celebrava na
Capela das Boas Novas, foi autor da reconstrução da Capela de S. Simão, no
Lugar da antiga igreja paroquial e foi Pároco de Mazarefes. Nasceu em 1835 e
faleceu em 1892. O Francisco foi pai de 6 filhos: O Manuel (1835), a Maria, a
Ana (1840), a Inês (1842), a Teresa (1844) e a Rosa (1847).
O José ficou na casa que se mostra e
casou com Maria Rodrigues do Rego (de Anha). Este José Rodrigues de Araújo
Coutinho não era negociante de cordas, nem fabricante delas. Era negociante de
milho e fornecia Viana. Os negócios fazia-os nos Concelhos de Arcos de
Valdevez, Ponte da Barca e Ponte de Lima. O transporte era feito em barco. Morreu muito
novo, aos 35 anos, depois de uma coça que lhe deram nos Arcos. Morreu em casa,
em Mazarefes e deixou viúva a Maria Pinta, de Anha (Maria Rodrigues do Rego).
Esta viúva foi madrinha do padre José Gonçalves Damião, seu bissobrinho, neto
materno de Rosa que casou para Darque com José Alves de Araújo e filho de uma
Ana. O José e a “Maria Pinta” tiveram 5 filhos: o António (1866) que casou com
Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros e que ficou em casa, o Alexandre (1855) que casou para a
Conchada com Maria Rodrigues da Torre, o
José (1856), escrivão de direito, que casou com Maria das Dores, em 1880,
filha de João Francisco dos Reis e Maria das Dores Araújo, de Viana, o Manuel (1849) era lavrador e casou
com Rosa Ribeiro, filha de José Pereira Pinto e Teresa Ribeiro, em 8 de Dezembro
de 1871, para a Casa da Castela de Cima ou Castela da Estrada e o Francisco
(1852), a Inês casou com Manuel
Maciel de Forjães, filho de Manuel Maciel e de Joana Rodrigues Lima, em
1851. Foi mãe de dois filhos, tendo sido
um deles padre (deixou geração!).
1.
O ALEXANDRE era lavrador e teve 10 filhos de sua mulher, Maria Rodrigues da
Torre, a Morgada, muito rica, (dos Piscos do Monte, primos dos da Regadia, daí
o apelido “Vaz”): o José (1886)
casou com a irmã do Zé da Vila, prima carnal e foi pai de 7 filhos: o Manuel
- Padre com a dignidade de Monsenhor, a Madalena casou com o primo,
filho da Casa da Vila e deixou um filho, a Emília que casou com Casimiro
Araújo e mãe de duas filhas, a Maria que casou com António Alves
Pereira, mãe de uma filha Rosa, conhecida pela “Rosinha”, a Deolinda que
casou com o José Pitta e morreu nova sem filhos, a Rosa que casou com o
José Pitta, viúvo e cunhado, e mãe de um filho, o José casado com
Eulália, de Sta. Marta e pai de uma filha e Alexandre que estudou
medicina no Brasil e morreu esmagado no Brasil, quando de moto ultrapassou um
carro no Recife, o Manuel (1888)
casou, no Brasil, com uma alemã e morreram sem filhos. O Primo (1891) morreu criança, a
Deolinda (1893) casou com o primo carnal José de Araújo Coutinho, tio do
actual Francisco do Cordoeiro e mãe da Rosinda que casou com um Sampaio
de Anha e mãe de duas filhas, a Rosa que casou com o Manuel Coutinho de Araújo
(Catrino) da Regadia, mãe de 5 filhos; o José, casado no Brasil e
pai duma filha, a Jussara, a Maria, casada com José Vaz e mãe de 2
filhos, o António casado com a Conceição de Anha e com 5 filhos; o Abel,
casado com Olívia de Sta. Marta e a morar em Vila Franca , com 2
filhos. (Alberto, solteiro e Maria de Fátima casada com Filipe Pires e mãe de
Pedro e Sara); (José Alberto casado com Laura, de Braga; Hernani Manuel casado
com Olga, de Vila Franca; Maria Emília, solteira; Maria do Sameiro casada com
José Carlos Taborda de V. Franca); o Manuel
que casou com Conceição Araújo, da Regadia e sem filhos. O António (1896) casou com a prima carnal Maria Ribeiro da Silva,
que foram para a Casa dos Brasileiros herdar os bens do tio Miguel Francisco
dos Reis, irmão da mãe da Maria e foi pai de 2 filhos: o Manuel e
a Maria. A Maria casou com 18 anos para Barroselas com Abel
Sá Portela, mas não tiveram filhos; o Manuel casou com a Deolinda do
Monte e foi pai de 3 filhos: o Artur que é padre, o Abel que é
engenheiro mecânico ramo gestão da produção e casado com Joana Isabel Lourenço,
prima carnal de Monsenhor Sebastião Ferreira e pai de duas filhas, a Maria
do Céu, doméstica e casada com José Barreto, oriundo também da Casa dos
Brasileiros pelo lado da mãe e ambos têm 2 filhos. O Abel (1898) morreu jovem depois de ter lido a Bíblia e com
perturbações por não compreender alguns textos, a Maria (1902) casou para Anha e morreu sem filhos, a Rosa (1904) morreu solteira e sem
filhos, a Marta (1906) casou com
Joaquim Alves Coutinho, de Alvarães, tio do Pe. Dr. Jorge Peixoto Coutinho. A
casa onde viveu era do chefe e fundador da Banda do Carvalho. Quando na festa
de S. Silvestre, em 25 de Julho, Cardielos, regia a banda acabou por ver a sua
casa, diga-se: uma grande casa e uma grande quinta em Mazarefes a arder pelo
que desanimou, vendendo-a a alguém a quem o Alexandre a comprou e depois foi
para a Marta que foi mãe de 5 filhos: a Deolinda casada com o Joaquim
Araújo de Anha e com 2 filhas, o Manuel casado com Rosa Rocha Alves, de
Deão, a viver em Vila Franca e com 8 filhos,(Elsa casada com o Manuel Cruz de
Sulportela; Maria da Conceição casada com Manuel Lima, de Antas; Ana Margarida
casada com Anselmo Judas de V. Fria; Duarte casado com Ilídia, de Castelo de
Neiva; José Alberto casado com Laura, de Braga; Hernani Manuel casado com Olga,
de Vila Franca; Maria Emília solteira; Maria do Sameiro casada com José Carlos
Taborda, de Vila Franca); a Maria casada
para Alvarães e mãe de 3 filhos, a Cândida casada com Manuel Rodrigues,
de Durrães e sem filhos e a Augusta casada com Joaquim Lourenço e
com dois filhos. A Conceição (1909)
casou para Vila Fria com Alfredo Lima, dos Caroças e a última dos irmãos a
falecer em 1999, foi mãe de 4 filhos: o Alexandre, Coronel de Cavalaria,
casado com Isabel e com 2 filhos, a Augusta, casada com António Rego e
com 2 filhos, a Cecília, casada para Vila Franca e com 1 filho, o Rui e
formado em medicina, e o Manuel,
casado e com 4 filhos.
2. O ANTÓNIO era lavrador, ficou na casa e teve também 10 filhos,
depois de ter casado com Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos Brasileiros: A Maria
(1891), que casou com o primo carnal António e foi para a casa do tio Miguel,
da Casa dos Brasileiros, a Rosa (1896), que ficou na casa até à morte da mãe e
casou com António Correia e foi mãe da Elvira (casada com Floriano de Vila
Franca e mãe de 3 filhos: a Maria, casada com Constantino Liquito e mãe
de 3 filhos, tendo já falecido o Carlos, de acidente em 1985, a Idalina,
casada com o António Coutinho de Carvalho e mãe de 3 filhos). O António que
morreu criança, o José (1898), ficou inicialmente em casa, mas morreu muito
novo, com uma pneumonia, talvez provocada por excessos de zelo e trabalho com o
moinho que foi do Santa Marinha e hoje é da viúva de José da Silva de Oliveira
Reis, D. Albina Carvalho, o Moinho conhecido pelo da “Fonte dos Anjinhos”. A
viúva deste José, Emília Barbosa, das Marinheiras, casou novamente para Vila
Franca, com o Manuel Pequeno, pai dos actuais “Pequenos” de Vila Franca. O José
morreu cedo, mas ainda foi pai de 4 filhos: o António casado com Olívia,
não teve filhos e acabou por ficar com a Casa de Origem, o Manuel,
casado e com 2 filhos (o filho José morreu fulminado por uma faísca) e ele
falecido em 2000 na África do Sul, onde morreu o filho José, a Laurinda,
casada com Bernardino Jácome, de Vila Franca e com 2 filhas: a Elvira e a Albertina.
A Elvira casou com o Agostinho Manso e tem 2 filhos: o Fábio e o Adolfo. A
Maria Albertina casou com Adolfo Azevedo e é mãe de 2 filhas (a Sílvia, jovem
estudante que morreu de um acidente de carro e deixou um testemunho religioso
muito forte e a Ariana) e a Elvira casada com Bernardino Pequeno e com 3
filhos. A viúva Emília teve ainda do Manuel Pequeno mais 4 filhos. A Antónia
(1894), que morreu jovem, a Laura (1902), que casou para Anha com António Silva
e teve 5 filhos: A Rosa, que casou com o Manuel Faria em 1941, mãe de 2
filhos, o Manuel, que casou a primeira vez com Maria Pintado em 1943 e
morreu em 1964 e pai da Isabel e do Filipe e casou a segunda vez com Anie uma
francesa, a Maria, o António (casou e tem filhos para além de uma
filha fora do casamento) e a Lucinda, casada com José Marinho em 1931 e
mãe de 3 filhas. A Antónia (1903), que morreu criança, a Albina (1904), que
morreu cedo, o Alexandre (1905), que morreu cedo, a Ana (1907), que casou com
Alfredo Correia, irmão do cunhado, mãe
de uma filha Maria
casada e com dois filhos. Vivem no Barreiro, em Lisboa.
3. O MANUEL casou com Rosa Ribeiro em 1871 e teve o Francisco que casou com Teresa Maciel de
Matos, de Castelo de Neiva, filha de Francisco António de Matos e de Antónia da
Piedade de Passos Pereira Maciel e madrinha da Antónia Rodrigues de Araújo
(Catrina), minha avó materna, vindo para Casa da Castela de Baixo, o José que foi Padre e Prior de Anha,
imprimindo ao seu trabalho tal carácter e dignidade que ainda hoje se fala do
velho Prior d’Anha, com saudade. Se se fala com saudade e admiração deste
prior, consta que na República celebrava missa com a pistola sobre o altar!...
Em 1950 celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais, pois tinha sido ordenado em
25.03.1900. A Rosa (1885)* casou em
1910 com um irmão do Abade Francisco António de Matos e ficou na Casa da
Castela da Estrada, chamava-se, o marido, António Francisco de Matos e foram
pais de 4 filhas: a Maria, casada com António Cunha e mãe de 4 filhos, a
Cecília, casada com Cândido Carriço e sem filhos, a Emília,
casada com o Pitta da Ponte Seca e mãe de 4 filhos e a Ermelinda que
morreu solteira. O Domingos,
conhecido por Domingos do Pinto (da Igreja), irmão, por isso, do Prior d’Anha e
era “Pinto” porque era neto do José P. Pinto e casou com uma irmã do Pe. João
Matos, de Vila Franca, a Emília. Era ainda irmã do Dr. João de Matos, o homem
do Estádio Vianense.
4. O JOSÉ Louvado, Juíz de Paz e escrivão de direito, casado com Maria
das Dores Araújo (irmã do Manuel da Vila, pai do Zé da Vila, avô do Avelino da
Vila), de Viana, filha de João F. dos Reis e Maria das Dores Araújo. Do
casamento resultaram os seguintes filhos: a Maria (1881), a Rosa (1883), o João
e o José (1888) gémeos, mas só vingou o José, o João (1890), a Ana (1893), a
Emília (1897), o Manuel (1901).
O
filho José casou com a prima Deolinda, filha do tio Alexandre da Conchada e
viveram na casa conhecida pela “Casa da Tia Deolinda” por a ter recebido do pai
que a tinha comprado ao irmão Francisco, falecido na Maia. A Emília casou com o primo João Rodrigues de Carvalho (conhecido
por João Deira, para onde foi viver), a
Rosa casou com Manuel Rodrigues de Araújo (Catrino) e foi viver para a casa
junto do Cruzeiro e foi mãe de 3 filhos: a Maria, o Manuel e o José,;
a Ana casou para Deão com João Alves
Pedra. Deste casamento para Deão surgiram 6 filhos: o Manuel e a Maria
que casou com um oficial do exército e teve 5 filhos, a Emília que casou
com Adriano Carvalho, também com 5 filhos, o Francisco casado para Vila Flor
com Maria do Céu Ramos e teve 2 filhos, a Ana casada com José Rocha de
Deão e com 5 filhos e a Lurdes casada com o primo João e a viver em Vila
Fria e com 3 filhos. O Manuel foi
para a França, a Maria casou para
Vila Franca e não teve filhos, o João casou
com a Emília das Deiras, irmã de João Rodrigues Carvalho, aliás com uma cunhada
da irmã Emília, também chamada Emília. Do casamento do João com a Emília houve
o Francisco que ficou em casa, casando com uma Alice Taborda Jácome de
Vila Franca (João, Albertina, Maria das Dores, Maria de Lurdes e Fernanda); a Dores que casou com Manuel
Rocha (Avelino e José Jorge); o João que casou para Vila Fria com a
prima Lurdes de Deão (Nazaré, Maria, José João); a Emília que casou para
Vila Franca, a Ana que casou com José Liquito (Isabel e José); a Gracinda
que casou com Graciano Forte (Manuel e Maria Cecília) e a Maria que
morreu sem filhos depois de ter casado com Luís Viana de Sabariz (Judas), o José
com Deolinda do Rego de Anha para onde foi viver (José, António, Maria Luísa,
Maria Olívia).
O
João morreu de doença. A Rosa
casada com o Manuel (dos Catrinos) foi mãe de Manuel que ficou solteiro,
o José que casou na Argentina com Helena, uma Portuguesa e teve dois
filhos, um falecido e o Sérgio, a Maria, conhecida pela Quinhas dos
Catrinos que morreu cancerosa e relativamente nova, casada com um primo, o Francisco
Coutinho de Carvalho e mãe do Manuel, Avelino, Sara, Fernanda e António. A
Fernanda casou com José Manuel Gonçalves e é mãe de Bruno João e Hugo Filipe; o
Avelino casado com Olívia Coutinho e pai de Raquel e Ana; António Alberto,
solteiro; a Sara casada com Manuel , das Neves e é mãe de Marta; Manuel António
casado com Rosa Maria.
A
Emília casou com o primo João Rodrigues de Carvalho e foi mãe de Francisco,
João, António, Luzia. O Francisco casou com prima Maria para os
Catrinos, o António para os Cordoeiros
casando com a Idalina, neta de Ana Ribeiro da Silva, da Casa dos
Brasileiros e a Luzia casou com um Reis da Casa dos Brasileiros, o
Avelino, filho do que conheci por José da Vila, da Casa dos da Vila. Só o João
casou para fora...
5. O FRANCISCO foi conhecido por “O estudante” porque estudou para
Padre. Não acabou os estudos e fez-se escrivão de direito. Casou com Rosa
Cândida Alpuim da Silva Menezes, de Vila Fria, em 23/11/1882. Faleceu em Rio Tinto em 1906 com
filhos, na Vila de Barreiros da Maia. Era, na altura, Chefe da Repartição de
Finanças e tão bem conceituado, que todo o comércio da Vila fechou na hora do
funeral. Uma filha, casou em Londres com um neto do Rei D. Carlos. Foi ele que
construiu a casa onde habitaram depois os sobrinhos, casados, o filho de um
irmão José, que também era “José do Cordoeiro” e a Deolinda filha do irmão
Alexandre que tinha casado para a Conchada. Foi o irmão Alexandre que comprou a
casa para a dar à filha. Hoje habita nela a Fátima. Nesta casa a que me refiro,
funcionou uma escola primária. Foi pai do António em 1884.
Os Cordoeiros nunca tiveram entre os
irmãos as melhores relações. O José, Louvado, casou com uma irmã do Manuel da
Vila, o António casou com uma irmã do Tio Miguel Brasileiro, o Alexandre casou
com a “Pisquinha”, Maria Rodrigues da Torre, filha do Zé do Pisco do Monte,
José Rodrigues Vaz, era a Morgada...para não haver “colheres a partir” ficava
tudo na casa.
Assim já tinha sido com os seus
antepassados e assim continuava...e os Cordoeiros recolhidos no seu orgulho de
serem quem eram, ricos...o Alexandre, por ter casado com a Morgada, a mais
poderosa em teres e haveres, nunca “passou cartão” aos outros irmãos. Tudo bem,
mas...havia sempre um senão...que alguns percebiam como “não passar cartão”, por
isso nem os irmãos, nem os primos se davam lá muito bem...
As coisas agravaram-se com o
casamento do António, filho do Alexandre com a Maria, filha do António
Cordoeiro porque o pai da Maria e o irmão José procuravam outro casamento para
engordar riqueza reunida na casa dos Brasileiros, mas o Alexandre, isolado e
perspicaz, conseguiu que o filho vencesse na conquista da amada, sua prima
carnal, retirando-a ao primo João do Cordoeiro, desfazendo projectos dos Tios
José e António.
O Bisavô António do Cordoeiro não
gostou nada e nunca mais se deram muito bem o tio-sogro e o sobrinho-genro. Aí
as zangas foram mais manifestas e talvez o equilíbrio estivesse na atitude do
Louvado, o José do Cordoeiro, que não ligou grande importância, ou pelo menos,
não o manifestou.
Todos os Cordoeiros sempre foram
homens de dinheiro e o Bisavô António sempre manteve essa hegemonia, mas nunca
deixou a chave por mão alheia e, hoje, a casa já não está na mão da família. É
da viúva do “António da Capela” seu filho, que não deixou geração. Esta casa é
a nova porque para mim os Cordoeiros velhos eram da casa mais acima, a casa
onde hoje vive o Francisco do Cordoeiro, a Casa do Alambique.
* Esta era irmã da
mãe do Zé da Vila.
2001-Artur Coutinho
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