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sábado, 8 de outubro de 2016

A casa das Marinheiras em Mazarefes

A casa das Marinheiras em Mazarefes

Ergue-se numa quinta um pouco acima da capela da Senhora das Boas-Novas, em Mazarefes, e contígua à estrada camarária que atravessa o centro da freguesia, fazendo ligação entre a Estrada Nacional nº203 e a nº308, um grande casario, sem dúvida, em todas as suas dimensões, o maior desta aldeia.
Está ladeado por dois grandes portões de ferro, ambos aformoseados com boa cantaria. Nas bases de cada uma das «pirâmbulas» sobre o portão do lado norte encontram-se as seguintes inscrições respectivamente:

BEME/LD SEJA/O S. SAC. e  P.N.A./A. AS/M EAL/
/MAS.

No portão do lado sul estão cravadas a ferro as iniciais (M. A. F. B.) do nome do primeiro proprietário e o ano (1895) em que foi feito.
É actualmente pertença de José de Oliveira da Silva Reis e de Albina da Silva Carvalho, casados em 1940.
O primeiro proprietário foi o senhor Manuel Augusto Fernandes Barbosa, filho de Manuel Fernandes Barbosa e de Maria Cândida da Rocha, falecido em Agosto de 1920. Havia casado em 20 de Novembro de 1864 com Antónia da Silva Meira, filha de Manuel Rodrigues de Carvalho e Maria da Silva, por sua vez, falecido em 1913. Este casal era muito rico, mas vivia, na mesma quinta, numa casa bastante mais modesta. Veio a ser herdeiro, por falecimento de Manuel Pereira da Rocha Viana, em 16 de Abril de 1892, com 77 anos, solteiro, irmão de Maria Cândida da Rocha e, consequentemente, tio em primeiro grau de Manuel Augusto Fernandes Barbosa.
Então a sua riqueza atingiu maiores proporções.
Conta-se que o senhor Rocha Viana, da marinha mercante e natural de Viana, era pessoa de grandes haveres. Pelo testamento que tive o prazer de consultar por especial deferência da Secretaria da Santa Casa da Misericórdia de Viana verifiquei isso mesmo.
Deixou grandes somas a diversas instituições, parentes, empregados e os bens remanescentes foram divididos em partes iguais por 4 sobrinhos. Desta maneira a família Barbosa tornou-se a família mais rica da freguesia e mandou construir esta casa que, na ocasião, 1894, ficou por cerca de 5.000$000.
Esta foi a razão que mais tarde lhe chamou a «casa da riquíssima».




Todavia esta riqueza fazia bem falta, pois rodeava este casal uma numerosa geração... nada menos de 11 pérolas nesta aliança matrimonial como: A Maria, que casou com António Afonso da Silva, de Subportela; o Manuel, que se ordenou de sacerdote em Beja, vindo mais tarde a ser capelão da capela da Senhora das Boas-Novas e pároco de Darque; a Rosa, que faleceu aos 4 anos de idade; o José, que casou para S. Lourenço do Mato; o João, que casou para Serreleis; a Ana, que casou com Joaquim Alves de Araújo, de Darque; a Joaquina, que casou com Francisco da Silva Carvalho, de Mazarefes; a outra filha de nome Rosa, que casou para Subprotela, a Antónia, que casou com José de Oliveira Reis de Mazarefes; a Teresa, que casou com José António de Oliveira Reis, também de Mazarefes, pais do actual proprietário; e a Emília, que casou para Galegos, Barcelos.
Como, porém, esta riqueza recebida da herança do tio viesse melhorar ainda muito mais as condições económicas da família, os devotados pais de tão numerosa família mandaram construir esta casa mais condigna, ficando, desde aí, a ser conhecida por Casa das Marinheiras, devido talvez ao facto da herança recebida do tio que era marinheiro e, possivelmente, ao número de filhas casadoiras existentes neste lar. Assim se explica que, para onde elas casaram, se implantasse a alcunha marinheira.
Também não faltou brio e bairrismo e, sobretudo, devoção à Senhora das Boas-Novas para, à semelhança de uma casa enorme em que gastaram muito dinheiro, mandarem fazer aquela grande torre, que hoje vemos e admiramos, na capela da «Senhora dos Emigrantes» e, sobretudo, dos emigrantes que se encontravam, naquele tempo, no Brasil. Nesta torre gastou a família Barbosa para cima de 600$000 mil reis só para a mão-de-obra que dizia respeito a pedreiro. O construtor que erigiu a torre era de Santa Marta de Portuzelo – o Rocha. A pedra veio do alto de Mazarefes, mas algum também veio de Anha.
A família Barbosa (Manuel A. Fernandes Barbosa e esposa), custeou todas as despesas, à excepção do relógio oferecido 10 anos mais tarde, em 1911, pelos emigrantes no Brasil, através de uma subscrição. A inauguração desta torre foi em 1901, como muito bem assinala a lápide em pedra já existente.

Uma moça de 18 anos subiu as escadas da torre com o bronze de um sino enfuado na cabeça e pesava cerca de 115 quilos!

É um facto curioso que ilustra a história da torre e da família Barbosa ou por alcunha Marinheira. Foi a filha Emília, a mais nova, nascida em Setembro de 1883. dizem que era moça muito forte, aliás como as outras irmãs, que se aventurou a subir os degraus da torre com cerca de 115 Kgs à cabeça. Bravo!
Esta Emília casou para Barcelos, mas veio a morrer muito nova e sem geração.
À morte de Manuel Augusto Fernandes Barbosa esta casa coube em herança à filha Joaquina, nascida em Fevereiro de 1889 e falecida em 1928, casada. Porque do matrimónio apenas se vingou uma filha de nome Albina da Silva Carvalho, foi a única filha, e marido desta, que a recebeu à morte de seus pais. São hoje os actuais proprietários, sempre muito conservadores e zelosos por aquilo que os seus antepassados deixaram, procurando também melhorar e actualizar aquilo que é susceptível de perfeição.
Este casal a exemplo de seus pais e avós continua a ser um dos casais beneméritos da freguesia e tem só uma filha, professora Maria Eugénia da Silva Reis Lima, casada.


                                                        Artur Coutinho     10.10.1971

P.S.- Já todos faleceram e a casa é agora de Manuela Carvalho e de seu marido


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