A
Falar de Viana
Viana
é a minha terra. Se em Mazarefes nasci, Mazarefes é de Viana e eu sou vianense
dos quatro costados.
Gostaria
de ser a voz daqueles que não tiveram voz, de ser o nome daqueles que nunca
foram nomeados como gente pela qual esta terra, este concelho, esta cidade é o
que é hoje. Temos, como por exemplo os Arezes, os Brancos, os Cabanelas, os do
Paulo e os do Pedro, os do Maduro e os do Cambão, os do Galo e os do Felgas, os
dos Gaivotos e os do Camilo, os Valinhas e os do Balinha, os dos Fornelos e os
do Outeiro, os do Vieira e os Tanásios, os Delgados e os Parentes, os do Cunha e
os do Correia de Sousa, que provavelmente nunca tiveram nenhuma intervenção
pública na vida da cidade, mas fizeram parte da vida da mesma.
Isto
já é demais. São muitas famílias, mas temos os do Viana e os do Sousa, os do
Puga e os do Pintor, os dos Pereiras e os do Socorro, os Alves e os Castros, os
dos Silvas e os do Azevedo, os Valenças e os dos Limas, os Coelhos e os
Casanovas.
Apenas uma parte dos muitos vianenses que estão no coração.
Nem
todos estes já apontados fizeram ou deixaram rastos públicos porque ninguém
lhes deu importância ou atenção.
Nos
Claustros de S. Domingos:
Aqui ainda se reconhecem alguns sacerdotes como:
Mons. Corucho, Cón. Borlido; Padre Lopes Lima e abade do Castelo do Neiva;
Padre Cepa, Dr. Luciano Afonso dos Santos Reis; Padre Domingos Sobreira, Padre
José Coutinho (nat.de Mazarefes) e prior de Anha; Padre José
Pinto, (nat. de Mazarefes) e reitor de Vila Fria; Padre Quintas Neves; Padre
António Matos, (nat. de Vila Franca); Padre António Quesado, prior de Vila
Franca, o padre que me batizou; Padre Maciel de Matos, Nat. de Mazarefes e
abade da Meadela, Padre Daniel Machado, Padre Constantino
Macedo, Padre José Sores Ribeiro, Padre Manuel Quintas(?) e outros que poderão
ser reconhecidos…
Mons. Corucho com a Comissão de festas de Santa Filomena.
Nos
claustros do Asilo das Meninas Órfãos e Desamparadas, hoje, Lar de Santa Teresa
Os da Abelheira e Bandeira na festa de S Simão de Mazarefes
Entre
eles ainda há os Passos e os do Rodrigues, os dos Zamiths e os dos Santinhos, os
de Castel-Branco e os Dias, os Cavaleiros e os dos Rosas, os Urbanos e os
Malheiros, os Loureiros, os do Pinto, os do Coco, os do Gonçalves e os dos
Meiras, os do Oliveira e os do Galvão, os do Gomes e os do Carvalho, os do Melo
e os do Machado, os Afonsos e os Esteves, os Costas e os Moreiras, os dos
Trailas e os dos Araújos, os do Borges e os do Brito, os do Ferreira e os dos Cardonas,
os do Botelho, os dos Fernandes e os dos Barbosas, os do Arieira e os dos
Carvalhidos, os do Novo e os dos Santos, os da Torre e os do Faria, os Salgados
e os Francos, os do Sousa e os do Peixoto, os do Miranda e os do Vila, os do
Cerqueira e os do Fraga, os do Felgueiras e os do Lopes, os dos Campainha e os
do Noronha, os do Matias e os do Morais, os do Sá e os dos Patos, os de Ferraz
e os do Teixeira, os do São João e os do Simões, os do Menezes e os do Pimenta,
os do Freitas e os do Rio, os do Barreto e os do Ribeiro, os do Veiga, os do
Arantes e os dos Palmas, os do Serafim e os do Marinho, os do Alheira e os do
Caldeira, os do Matos e os do Rijo, os do Sales e os do Monteiro, os do Bezerra
e os do Sordo, os Mendes e os do Esperança, os do Freire e os do Abreu, os do
Barros e os dos Filgueiras e os do Mota, os do Bazenga e os do Braga, os do
Lomba, os do Cardoso e os do Cruz, os dos Bravos, os do Gigante e os do Rego,
os do Arriscado e os do Soares, os do Dantas e os da Ponte, os do Salgueiro e
os do Baptista, os do Amorim e os do Rodrigues, os do Sérvio e os do Pedra, o os
Marques e os dos Ramos, os do Tiago e os dos Moreiras, os dos Borjas Serafim e
os do Brandão, os Flores e os do Cachadinha os do Coimbra e os do Castelejo, os
do Couto e os do Fidalgo os do Caridade e os dos Almeidas, os do Pires e os do
Leite, os do Maia e os dos Magalhães, os do Costa e os do Rolo, os do Martins, os
do Ribeiro e os do Reis, os do Mesquita e os do Soares, os do Conceição e os do
Carneiro…
Estes
são os que ainda eu conheço, e conheci, estão à minha volta, ou conviveram
comigo e já nos deixaram. É possível que haja algum lapso por falta de alguém,
mas todos estão na mente de Quem tudo pode e é omnisciente.
No
entanto, desde a minha primeira infância conheci e convivi com a família
Teixeira da Rua Major Xavier da Costa, cortada pela Praça Primeiro de Maio;
pela família Camelo do Largo de São Domingos; pela família Dantas da Rua de São
Sebastião (Manuel Espregueira); pela família Carvalho, ferragista; pela família
da Ritinha do Forno; pela família Sousa Pinto da Rua da Piedade (Mateus
Barbosa); pela família Meira, também da Rua da Piedade; pelas famílias dos
advogados Ribeiro da Silva, Oliveira e Silva e Henrique da Silva; pela família
da Padaria da Ponte; pela família do Gandra, pelo Dr. Araújo Cunha e pelo
Monsenhor Daniel Machado. De alguns conservo fotografias de mais de 80 anos,
feitas no quintal dos meus avós.
Na
minha memória ainda está a obra da residência paroquial da Matriz de Santa
Maria Maior ou pelos seus arranjos, pois me aproximei algumas vezes dela para ver
à beira o que acontecia, próprio da curiosidade de infância. Hoje, a Matriz é a
Sé Catedral!...
E
segundo me constou era esta construção a residência, pois o Monsenhor Corucho
vivia numa casa própria à Rua de Santo António e o Pe. Araújo Cunha, que lhe
sucedeu na Paróquia, e vivia também a seguir à Escolar Gráfica, na Rua da
Bandeira, bastante distante, mas do mesmo lado, onde depois passou a parte
baixa às alcatifas e cortinados do Cruz.
Os da Bandeira e Abelheira na festa de S João D`Arga
A
maioria dos nomes que nomeei e outros que ficaram esquecidos aqui, de agora e
de outros tempos da minha infância ficam esquecidos na história do
desenvolvimento da minha cidade. Para mim é uma honra para aquelas famílias que
não têm registos, imagens ou reconhecimentos que procuro trazer hoje ao de
cima.
Qualquer
um deles com mais ou menos disponibilidade, trabalho, habilidade na arte de
servir os senhores da fidalguia foram esquecidos ou ficarão enterrados para
sempre, ou nas prateleiras de papéis e registos por coisa boa ou má, como por
exemplo um nascimento, um prémio ou um crime. No entanto, para mim, nem tudo é
tão bom, nem tão mau, e tudo fez e faz parte da nossa história.
Aqui
fica este registo a falar de Viana porque a falar de Viana gosto de falar dos
que não têm voz, nem rosto para a geração futura, quer a nível fotográfico ou imagiológico
para registo na memória do Coração dos Homens. Esta memória do Coração é sempre
a maior gratidão que nos levará a todos a um futuro de sucesso da nossa Terra
que é Viana!
A
falar de Viana e por Viana a lembrar todos os nossos antepassados como as
lavadeiras da Abelheira, os agricultores e os lavradores, os carreteiros e os
funileiros, os ferradores e os lenhadores, os vendeiros e os ferreiros, os
fogueteiros e os sapateiros, os caseiros e os ferreiros, os escravos e os
criados, os jornaleiros e os padeiros, os pescadores e os trabalhadores na
estiva, os matadores e tosquiadores, os barbeiros, jardineiros e os canteiros,
os engraxadores e amoladores, os grandes e os pequenos, os que criaram postos
de trabalho, os que exploraram mão-de-obra e os injustiçados, os que aos olhos
dos vianenses se salvaram ou condenaram nesta Terra que deve reconhecer,
perdoar e saber que o sucesso de hoje foi um esforço do passado conjugado com o
presente.
Artur Coutinho
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