Os Condes
de
MAZAREFES
Não apareceu Duque, Marquês, nem alguma razão à
primeira vista para haver um Conde. Não teria nada a ver com o "Rei
Turco", alcunha dos séculos XVII e XVIII de João Dias. Por
"Conde" era conhecido o José Dias do Monte. Era o Zé Dias, o
"Conde Velho das barbas" e nasceu na “Casa do Conde”, assim dizia
António Dias, seu neto. Ora o Zé Dias do Monte era “Conde” porque nasceu na “Casa
do Conde”. Pelo visto o nome veio-lhe da casa. Não faltam topónimos
"Conde", mas não se sabe a que Conde é referido em "Vila do
Conde". No nosso caso aqui tratar-se-ia duma alcunha, outra como o
"Rei Turco"!...?
O que chegou até nós é que o conde era o referido
homem, figura vulgar, avermelhado de cara, gordo, de barbas grandes, pelo
peito, que casou com uma irmã da "Xica da Capela", a Teresa Vaz.
Foi regedor (juiz de paz ). Morreu de uma congestão de
congro. O seu único filho, José Dias do Monte Júnior, casou com a Maria
"Marinheira" conhecida pela alcunha "Paustiça" de quem teve
dois filhos: o “Zé do Conde”, assim conhecido hoje em Vila Franca, o José
Barbosa Dias do Monte, para onde casou, e Maria Teresa que casou para Darque,
onde morreu.
Outra filha da mulher, ao que parece, já não era do
matrimónio. O filho do velho conde, José Júnior foi para o Brasil e vendeu a
fortuna toda ao ponto de reduzir tudo à pobreza extrema. E desapareceu no
Brasil. A mulher "abandalhou-se" e teve mais uma filha que morreu
afogada e com filhos, a Margarida.
Aliás, o José Júnior só acabou com a fortuna porque
seguiu as pisadas do conde velho, seu pai, pois começou também por vender a
Quinta por 12 contos ao Mandarim de Anha.
O José Dias do Monte veio de Vila Fria e casou com uma
mulher viúva, a Rosa Dias, rica de lavoura, cheia de campos, e de propriedades.
E tinha até uma grande adega de vinho bom, "vinho para paridas ",
assim se dizia porque era usado para dar às mulheres depois de dar à luz para
depressa se robustecerem.
Quando foi para o Brasil, o Júnior, em 1925, deixou um
procurador que se bastou bem, o "Buxo" de Vila de Punhe. Levou o
dinheiro toda à mulher, Maria Teresa da Silva Barbosa, das Marinheiras, e nunca
mais veio do Brasil, nem se soube mais dele, enquanto o filho José "bateu o
fado" pela tropa. Andou a servir, passando os pecados da vida e o
"sobe e desce" de sachola na mão.
figura ilustrativa apenas
Conta-se:
O conde andava um dia na feira de Barroselas e prejudicou
o negocio de uma junta de bois em que também estava envolvido o homem da Rosa
da Castela, o Francisco do Castela.
Alguns que se sentiram prejudicados e deram-lhe uma
grande coça. Veio a pé de Barroselas ainda directamente falar com o Abade
António Francisco de Matos, dizendo-lhe: olhe Abade como os seus amigos me
puseram.
-
E tu o que queres
agora daqui?
-
Eu queria receber
um conselho do amigo.
-
Olha, então, vai
para casa e não te metas noutra, senão levas mais...
O conde, viúvo, foi morrer à casa da sobrinha Bernarda
Dias, irmã do António Fernandes da Rocha, teve um filho que casou com uma
marinheira de Subportela, da família dos Canelas. Recebia só à conta dela, doze
carros de pão de pensões que os caseiros lhe pagavam, era a “Paustiça” que
acabou a vida paupérrima, ainda do nosso tempo.
Tudo isto
ouvi a pessoas, por isso, não faço mais que deixar escrita uma tradição oral
que não deixa de seguir às vezes o que
sói dizer: Quem conta um conto, aumenta-lhe um ponto.
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