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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Os Condes de MAZAREFES

Os Condes
de
MAZAREFES

Não apareceu Duque, Marquês, nem alguma razão à primeira vista para haver um Conde. Não teria nada a ver com o "Rei Turco", alcunha dos séculos XVII e XVIII de João Dias. Por "Conde" era conhecido o José Dias do Monte. Era o Zé Dias, o "Conde Velho das barbas" e nasceu na “Casa do Conde”, assim dizia António Dias, seu neto. Ora o Zé Dias do Monte era “Conde” porque nasceu na “Casa do Conde”. Pelo visto o nome veio-lhe da casa. Não faltam topónimos "Conde", mas não se sabe a que Conde é referido em "Vila do Conde". No nosso caso aqui tratar-se-ia duma alcunha, outra como o "Rei Turco"!...?
O que chegou até nós é que o conde era o referido homem, figura vulgar, avermelhado de cara, gordo, de barbas grandes, pelo peito, que casou com uma irmã da "Xica da Capela", a Teresa Vaz.
Foi regedor (juiz de paz ). Morreu de uma congestão de congro. O seu único filho, José Dias do Monte Júnior, casou com a Maria "Marinheira" conhecida pela alcunha "Paustiça" de quem teve dois filhos: o “Zé do Conde”, assim conhecido hoje em Vila Franca, o José Barbosa Dias do Monte, para onde casou, e Maria Teresa que casou para Darque, onde morreu.
Outra filha da mulher, ao que parece, já não era do matrimónio. O filho do velho conde, José Júnior foi para o Brasil e vendeu a fortuna toda ao ponto de reduzir tudo à pobreza extrema. E desapareceu no Brasil. A mulher "abandalhou-se" e teve mais uma filha que morreu afogada e com filhos, a Margarida.
Aliás, o José Júnior só acabou com a fortuna porque seguiu as pisadas do conde velho, seu pai, pois começou também por vender a Quinta por 12 contos ao Mandarim de Anha.
O José Dias do Monte veio de Vila Fria e casou com uma mulher viúva, a Rosa Dias, rica de lavoura, cheia de campos, e de propriedades. E tinha até uma grande adega de vinho bom, "vinho para paridas ", assim se dizia porque era usado para dar às mulheres depois de dar à luz para depressa se robustecerem.
Quando foi para o Brasil, o Júnior, em 1925, deixou um procurador que se bastou bem, o "Buxo" de Vila de Punhe. Levou o dinheiro toda à mulher, Maria Teresa da Silva Barbosa, das Marinheiras, e nunca mais veio do Brasil, nem se soube mais dele, enquanto o filho José "bateu o fado" pela tropa. Andou a servir, passando os pecados da vida e o "sobe e desce" de sachola na mão.


figura ilustrativa apenas

Conta-se:
O conde andava um dia na feira de Barroselas e prejudicou o negocio de uma junta de bois em que também estava envolvido o homem da Rosa da Castela, o Francisco do Castela.
Alguns que se sentiram prejudicados e deram-lhe uma grande coça. Veio a pé de Barroselas ainda directamente falar com o Abade António Francisco de Matos, dizendo-lhe: olhe Abade como os seus amigos me puseram.
-         E tu o que queres agora daqui?
-         Eu queria receber um conselho do amigo.
-         Olha, então, vai para casa e não te metas noutra, senão levas mais...
O conde, viúvo, foi morrer à casa da sobrinha Bernarda Dias, irmã do António Fernandes da Rocha, teve um filho que casou com uma marinheira de Subportela, da família dos Canelas. Recebia só à conta dela, doze carros de pão de pensões que os caseiros lhe pagavam, era a “Paustiça” que acabou a vida paupérrima, ainda do nosso tempo.


Tudo isto ouvi a pessoas, por isso, não faço mais que deixar escrita uma tradição oral que não deixa de seguir  às vezes o que sói dizer: Quem conta um conto, aumenta-lhe um ponto.

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