POALHO (A)
Puã e Pu em
línguas indígenas quer dizer redondo ou resto
Poalho
(polha) pó, nevoeiro, chuva miudinha, nos dicionários aparece com esta
significação.
Em brasileiro
é também entendido como esturrinho, amostrinha, caco, tigela.
Alguns idosos
de hoje disseram-me que era o que ficava no fundo da chávena do café, o que
fica no prato de pois de comer e outros, mas menos, o ficava no fundo da na
malga do caldo, na tigela, era o restinho. No entanto, gente mais nova também
lhe chama isto ao que fica no fundo da chávena do café.
Recordo que
no meu tempo de criança e de jovem ouvia os mais velhos chamar poalho ao que
ficava no fundo da “malga do caldo”, era um resto cremoso como “moinha” que
restava das favas, do feijão, da abóbora, da batata, do toucinho que adubava o
caldo. Era como uma “moinha” (resto do caldo) aureolada, arredondada, pois era
a forma das malgas, tigelas. Esse poalho era dado pelas mães aos filhos quando
começavam a meter-lhes comida na boca.
Os homens,
entretanto, com esse poalho lavavam as malgas deitando vinho rodando a tigela
até passar por toda a superfície da mesma e depois bebiam aquele vinho
“adubado” pelo resto do caldo, pelo dito poalho.
Procurei em
dicionários de português do século XIX e não encontrei este vocábulo “poalho”
ou “poalha”. É possível que já existisse.
Será uma
palavra com esta significação na zona do Lima?
Então
procurei no dicionário do vianense Artur Fontinha que apresenta alguns
vocábulos limianos e que ninguém mais regista, mas não regista este, nem com um
nem com outro significado. Faltou-me procurar no “Serão” do Rosa
Araújo
Polv que deu
poeira mais alha, deu polvo, pó!… E o que é pulverizar? Aparece em
vários dicionários…
Uma pessoa
amiga encontrou esta indicação: “m. Náut. Nevoeiro pouco denso, que cerra o
horizonte. Chuva miúda e passageira. (Cp. poalha)” Também a
encontrei num dos meus dicionários.
Pu e Pua
também aparece entre indígenas com o significado de casa.
Artur
Coutinho
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