Graça do século
Que o Concilio Vaticano II seja uma referência constante para o actual papa, é coisa clara. Nos seus textos transparecem as preocupações que orientaram os bispos durante o concilio. Bento XVI procura respostas aos problemas de hoje nas indicações e intuições do concilio. Esta ligação ao Vaticano II está, sem lugar a dúvidas, reafirmada também no texto da Porta Fidei: «Sin-
to hoje mais intensamente», confessa o papa, «o dever de indicar o concilio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século xx.» Por isso, pareceu natural ao papa «fazer coincidir o início do ano da fé com o cinqüentenário da abertura do Concilio Vaticano II», o que «poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos padres conciliares não perderam o seu valor nem a sua beleza». E, naturalmente, conclui que «se os lermos e recebermos, guiados por uma justa hermenêutica, o concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação da Igreja».
A ligação de Bento XVI ao Vaticano II, porém, não é só teológica, pastoral ou estética, é também crítica. O papa não deixa de remarcar que «sucede, não poucas vezes, que os cristãos sintam maior preocupação com as conseqüências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado».
É este contexto de secularização e ma- terialismo prático, que a Igreja enfrenta no Ocidente, que levou Bento XVI a convocar o Sínodo dos Bispos dedicado à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã» e a propor um «ano da fé» para relançar a nova evangelização; para, como ele diz, «descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé».
Ext. Da revista Além-Mar
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