Felizmente, são hoje muitas as vozes que se levantam suscitando soluções para a pobreza e pedindo ao Governo, que não esqueça aqueles que pouco ou nada têm. Vivemos num contexto sócio-económico onde a incerteza das próprias decisões se tornaram uma constante do sistema, depois das histórias cor de rosa contadas por alguns políticos que davam como certa um retoma econômica e consequentemente estabilidade social, emprego e riqueza. Tomaram-se opções e fizeram-se investimentos apenas porque havia que aplicar verbas ou simplesmente com o argumento de o País necessitar de evoluir para estar ao lado dos restantes. Sem medo e tendo por sonho um Portugal melhor, acredito que nos endividámos apenas porque acreditávamos num futuro diferente para os portugueses.
Infelizmente, há erros que se cometem na juventude e outros que nunca se cometem. Foi o nosso caso, jovem democracia e políticos saídos das universidades para a governação, muitos planos, algumas promessas e rios de dinheiro fácil desde que se cumprissem determinados objetivos. Os mais antigos, cedo alertaram para o abismo que nos esperava, fruto de empréstimos a juros cada vez mais elevados e a pagar no curto prazo, endividamento progressivo e uma economia débil e a dar mostras de não conseguir garantias futuras. Aos poucos, caímos no abismo e, de pacote em pacote, lá caminhámos ainda sorridentes, rumo ao memorando. Só depois das medidas mais recentes, demos conta da dimensão do problema e do buraco criado anteriormente.
Foi então que surgiram os problemas sociais, a instabilidade no setor laboral, a inevitabilidade das medidas sobre medidas para adiar as soluções ou permitir novos empréstimos. Caímos para a cauda da Europa que, durante algum tempo, ignorou o nosso problema. Porém, efetivamente, a doença havia alastrado a outros Estados e foi aí que a solidariedade começou finalmente a dar alguns sinais. Milhares de cidadãos que, tendo direito ao trabalho e à saúde, mendigam comida e tratamento Dor carência econômica, milhares de desempregados que temem o horizonte, pois sabem que nada lhes vai restar depois do fim do subsídio de desemprego e por muito que se esforcem, não conseguem trabalho. Uma classe média desesperada e a desaparecer, engrossando o número dos que vivem na pobreza. Dívidas acumuladas e Tribunais sempre com mais processos por dívidas. Jovens que continuam a viver com os pais por falta de condições para constituírem família. Perante um cenário tão triste, falamos em esperança e continuamos a tentar ver sinais na economia e na Europa. Preocupa-nos o sistema de segurança social e os direitos que julgávamos vitalícios ao fim de uma vida de 40 ou mais anos de contribuições para o sistema. Custa mesmo acreditar que nos retirem, sem mais, salários e pensões, ao mesmo tempo que esperam oportunidade para negociar juros e débitos nas parcerias público-privadas. Pensamos nós, e se calhar, bem, que os responsáveis nur ca são responsabilizados e até podem gozar férias em qualquer capital europeia, enquani o povo teme o amanhã e vive a incerteza do presente.
Tudo é agora trabalho precário. Fala-se em flexi-segurança depois facilita-se o desempregro; prometem-se mudanças e continuam as desigualdades e as injustiças sociais. Nos momentos de maior pobreza, cresce fé, o acreditar na oração para que a vida de cada um melhore.
Os homens desesperam perante a instabilidade e recorrem ao transcendental nos piores mo mentos da sua vida. Efetivamente, os problemas sociais que os políticos até conhecem, sendo esquecidos ou adiados parecendo o poder político demasiado lento em agir perante as necessidades básicas dos cidadãos. Não podemos nem devemos falar em convenções e direitos humanos e permitir mesmo tempo, que haja fome e miséria em Portugal. A impor tância das Instituições particulares de solidariedade é cada vez mais notória no combate à pobreza e mesmo exclusão social, mas existem limites e é de recear pelo futuro.
É pois evidente a necessidade de um plano de ajuda às Famílias em dificuldade e que o Governo repense as políticas fazem reduzir salários e pensões na classe media. Se oi não fizer, teremos certamente instabilidade e insegurança que ninguém deseja. O Estado tem de merecer a confiança dos cidadãos, e os políticos de investir com bons exemplos para que a motivação substitua a incerteza. O Governo tem urgentemente de pensar nas pessoas e nas famílias.
J Carlos Queiroz, in DM, dia 23 de Maio
Sem comentários:
Enviar um comentário