VIA SACRA DO TRABALHO
Paróquia de NªSª de Fátima
19-03-2010
Iª Estação
A Agonia de Jesus no Horto
Água
Vocação e Missão
Aproximava-se o fim terreno da carreira de Jesus Humano por este mundo. Assim seria posto um ponto final com aquilo que de material pode significar à construção do Bem Comum que consistiu na Salvação.
O bem comum é da responsabilidade de todos os membros da sociedade, ninguém é escusado de colaborar na sua busca e no seu desenvolvimento, segundo o Papa João XXIII e o catecismo da Igreja Católica.
Mais, o bem comum é a razão de ser da AUTORIDADE política cuja tarefa da harmonização depende dos governos que não podem ficar-se apenas no bem-estar económico…
Estamos todos em agonia, não como a de Jesus.
A nossa não será apenas uma agonia mórbida do “deixa correr”?
Que faço eu pelo bem de todos?
Onde está a minha vocação e envio baptismal?
IIª Estação
Jesus é atraiçoado por Judas. É preso.
Tilintar de dinheiro…
Nobreza e Dignidade do Trabalho
Não basta o sofrimento que fez suor e sangue! Vem com isso uma traição!
Ora o trabalho de Jesus tinha sido um trabalho pautado pela dignidade da pessoa humana, como criatura de Deus; pelo respeito à vida humana; pelo princípio da associação; pelo princípio da participação; pela opção preferencial pelos pobres; pelos princípios da solidariedade, subsidiariedade, do bem comum e do destino universal dos bens;
O trabalho vocacionado enobrece e eleva o homem.
É atraiçoado!…
As traições são difíceis de esquecer! …
No entanto, Cristo do alto da Cruz perdoou logo: “ Pai, perdoai-lhes que não sabem o que fazem!”
IIIª Estação
Jesus é condenado pelo Sinédrio
Martelo…3 marteladas
A justiça no trabalho
A condenação de Cristo deve-se aos valores que Ele imprimiu ao trabalho: Obediência ao Pai, a Verdade, a liberdade, a justiça e o Amor. O que é justo exige a identidade profunda do ser humano mais que a lei.
Como respeitamos nós o direito natural ao trabalho. Às vezes, alguns preferirão ser ricos à custa dos outros, explorando-os.
Mas Jesus, apesar de sempre mostrar transparência e honestidade, foi condenado como um corrupto.
IVª Estação
Jesus renegado por Pedro
Fome…miséria…violência…roubo…emigração…doença…
Pobreza…
O desemprego
A LOC reflectiu sobre o momento histórico das muitas realidades concretas que põem em causa a dignidade da pessoa: as situações de subemprego, o pluriemprego, ou desemprego que mexem connosco…, e vão fomentando o medo, particularmente, entre os que vivem na pele os salários em atraso, a precariedade no trabalho, os recibos verdes... Perante isto desanima-se! Apesar de tudo, como cristãos devemos estar conscientes que “a dignidade pessoal de cada ser humano exige o respeito, a defesa e a promoção dos direitos da pessoa humana”
Éramos amigos enquanto havia trabalho, depois deixamos de o ser!...
Como partilho e como vivo a favor de quem não tem trabalho e passa fome?
Vª Estação
Jesus julgado por Pilatos
À Morte…à morte…à morte…
O Direito ao Trabalho e a iniciativa privada
O lucro, por si, não indica que uma empresa está a servir a sociedade porque… não é lícito obter lucro, à custa da dignidade do trabalhador, da sua violação e dos seus direitos.
O Estado deve apoiar a iniciativa particular que tem por objectivo estabilizar e desenvolver o bem de todos e patronato e trabalhadores poderem ter a recompensa justa de um trabalho digno e eficaz.
Hoje os julgamentos fazem-se também na Praça Pública - pela liberdade de consciência; condenam-se cristãos e não cristãos, crentes e não crentes, mas, sobretudo, os que têm pouco ou, tão pobres, andam de aqui para ali, dali par’acolá, sem respeito pela privacidade; não têm nada!... Liberta-se o criminoso e condena-se a vítima!...
Que fazes do teu irmão que sofre?
VIª Estação
Jesus Flagelado e coroado de espinhos
Muito te amo, filho. Agora vou trabalhar…
O Trabalho e a Família
O trabalho constitui o património mais valioso para a sobrevivência de uma família, mas a crise mundial em que estamos envolvidos vai aumentando cada vez mais um fosso entre famílias que têm tudo e famílias que não têm nada.
Sem trabalho aumenta a desagregação familiar, como podemos ver todos os dias:
Violência doméstica, crianças vítimas de maus tratos, mulheres vítimas de violência, roubo, procura de refúgios, estados depressivos, doenças graves, racismo, toxicodependência, prostituição, seropositividade, alcoolismo, perda de valores e… a vida torna-se uma palhaçada e sem sentido…
Estamos a ser flagelados, mas talvez mereçamos. Tu não, ó Cristo! …
Queres estar bem, vai para a prisão. Aí tens tudo de graça!
Temos de revolucionar a caridade…a começar pelo nosso coração de modo que transborde para os outros. É a revolução do AMOR, sem a qual seremos nós crucificados como vítimas do materialismo, do capitalismo e do consumismo…
VIIª Estação
Jesus carrega a cruz às costas
A cruz, a cruz, a cruz…
O trabalho como realização pessoal
Quando se carrega com amor a cruz de cada dia, isto é, o trabalho, é mais fácil chegar ao fim e sentirmo-nos mais felizes por termos conseguido os nossos objectivos. No entanto, ninguém pode ter a ousadia que não precisa da ajuda do outro e, entre os outros, sobressai, socialmente falando, o Estado que para isso existe com o poder que lhe foi dado pelo cidadão e trabalhador.
O mesmo acontece às iniciativas privadas que lutam pelo bem de todos, dando respostas sociais, criando postos de trabalho e concorrendo para o bem comum. O Estado deve intervir para evitar situações de desequilíbrios e de injustiças sociais, mas… sem intervir a dominar pela lógica burocrática, em tempo de crise, e a fazer ele o que não consegue melhor e sempre muito mais caro.
Uma cruz agarrada com Amor traz alegria e satisfação de um dever cumprido.
Com que coragem levas a tua cruz?
O Mestre ensinou!
VIIIª Estação
Jesus ajudado por um cireneu a transportar a Cruz
Caiu, levanto-o…
Segurança no trabalho
O homem, como a religião, existe antes do Estado. A legitimidade deste é-lhe conferida pelo voto popular, por quem trabalha, por quem zela uma família, por quem luta para o bem da sociedade.
O Estado tem com o direito que lhe é conferido e, ao mesmo tempo, o dever de zelar pela segurança do trabalho, pela sua estabilidade, pela qualidade de vida, pela justiça, pela saúde e zelo pelo seu futuro em relação ao trabalhador como em relação à família.
Enquanto cada um deve ser para os outros como o Cireneu, o Estado tem muita mais capacidade e poder para fazer vingar a justiça… se a caridade não funciona…
O amigo Jesus Cristo é o nosso Cireneu nos momentos dificéis.
Que conceito tens tu da família? És cireneu do teu irmão?
IXª Estação
Jesus fala às mulheres de Jerusalém
Ó Mulheres…
O Trabalho Feminino e o trabalho doméstico
O trabalho doméstico, em especial o da mãe de família tem de ser valorizado e o Estado, seja social ou não, deve desobstaculizar as pedregulhos que estas têm pela frente nos caminhos do seu dia a dia e ter em conta que elas merecem uma remuneração quando não têm outro trabalho…A mulher não é mais frágil que o homem, são ambos criaturas de Deus com os mesmos direitos e deveres.
É apreciável o trabalho da mulher onde quer que seja. Homem e mulher são uma dictomia assim querida por Deus e abençoada da mesma forma.
Jesus fala às mulheres de Jerusalém e fala às mulheres do nosso tempo. Não choreis por mim, mas… por vós e pelos vossos filhos…
Dias virão em que já não tereis tempo…fazei já o que precisais de fazer hoje e não deixeis para amanhã!…
Mulher que pensas de ti?
Xª Estação
Crucificação de Jesus Cristo
Martelo e Prego…
Um trabalho crucificado na Cruz
Cristo o Homem da Glória - Divino e Humano - Filho de Deus levou o seu projecto ao fim que, não era outro, senão o projecto de salvação da humanidade. Neste acto de AMOR restitui ao Homem o Paraíso.
Um trabalho inglório? - Não.
Um trabalho eficaz, como eficazes foram sempre as suas palavras e os seus gestos.
A determinação discernida, perseverante, corajosa e firme na aplicação ao nosso trabalho, também ele nos pode crucificar, mas se nele pusermos toda A VERDADE E TODO O AMOR, como algo para maior glória de Deus, nele seremos também glorificados.
Que esperas, uma cruz mais leve do que a do mestre?
XIª Estação
Jesus promete o Seu Reino ao bom ladrão
Obrigado…
O Emigrante e o imigrante
Todos têm um direito natural de participar na vida activa quer no mundo do trabalho, quer no mundo social e político, tendo em vista o bem comum. Às vezes a sua terra não lhes dá essa liberdade, justiça, direitos que têm para si, para a família, para a comunidade em geral…e deixam tudo, saindo da sua terra ou do seu país à procura, como povo errante, ou peregrino, de melhores salários, de mais justiça e de um bem melhor que não o encontrou na sua torrão natal.
Quantos são mal acolhidos e, quem sabe, se não são muitos desses escorraçados os primeiros a terem direito ao Reino de Deus, como o ladrão que sentiu o sofrimento de Cristo, diferente do dele, e se reconheceu pecador perante alguém que estava a vencer uma batalha cruel e infamante.
Também procuras trabalho?
Já adormeceste no teu bem-estar?
Como acolhes o teu vizinho?
Ou nem o conheces?
XIIª Estação
Jesus na Cruz, a mãe e o discípulo
Ó Mãe, não há dor igual à tua…
O Direito ao trabalho e o dever para com a entidade patronal
O direito ao trabalho supõe deveres e quanto melhor entendidos, melhor e mais eficaz, será o trabalho quer para o trabalhador, quer para a entidade patronal. Isso está consagrado no mandamento do AMOR.
Trabalhadores e patrões devem ser uma família mesmo dentro das contingências sociais, económicas ou políticas adversas.
Quando se acabam os objectivos para o patrão, quando este não pode, não pode. É mau que assim seja, mas é bom que haja compreensão de parte a parte e que a Justiça e o Amor estejam evidentes e a família continue assegurada pelas leis previstas para a protecção de um trabalho justo e de uma família digna. Olhemos para Cristo do alto da cruz: entrega ao discípulo a sua mãe…
Não façais aos outros o que não gostarias que vos fizesse a vós?
Como trabalhador, já pensaste que tens também deveres?
Como tens vivido esses deveres, ou pensas só nos teus direitos?
Como empregador já pensaste nos teus deveres ou parece-te que só tens direitos?
XIIIª Estação
Jesus morre na Cruz
Folha de Flandres…
Morreu o trabalho
Isso seria a maior desgraça para o Homem porque só se realiza neste mundo procurando, com a sua inteligência, a criar projectos; a escolher o melhor, a executá-lo, a ver, a apreciar o que fez e a tirar prazer da sua obra, agradecendo a Deus a capacidade que lhe deu…
Não foi por solidariedade, nem por subsidiariedade, nem por altruísmo, nem por humanismo que o Rei da Glória se deixou crucificar, mas, apenas e só pelo AMOR do Pai para com a criatura, Sua imagem e semelhança que a queria no Paraíso.
Como vai por dentro de ti o Amor ao Próximo
XIVª Estação
Jesus é encerrado no sepulcro
Toca o sino!…Morreu!…
Vítimas do trabalho
Não são vítimas do trabalho apenas os que morrem por acidentes do trabalho, mas também os que já não podem com o trabalho por motivos de saúde, de mau companheirismo, mau ambiente e trabalhos complicados, sem a devida, e continuada protecção de segurança ou capacidade para os executar.
Cava-se muitas vezes no trabalho não a realização pessoal, mas a sepultura da pessoa e de um trabalho que não foi plenamente eficaz porque, pelo menos, falhou na sua eficácia do prazer que daí poderia advir para o ser humano.
O trabalho deve ser tanto mais fecundo e produtivo quanto mais o homem o conhece, o ama e faz com vontade própria, até o procura, em cada manhã e sem ser coarctado na sua liberdade para o fazer com vida e com alma.
O trabalho é para ti um peso ou uma libertação?...
É para ti uma Missão?…
XVª Estação
Ao terceiro dia Jesus Cristo ressuscita
Aleluia!…
A alegria do trabalho e a reforma
É tentação querer o imediatismo, o resultado rápido das coisas…em Jesus Cristo tudo poderia ter sido de imediato, mas é significativo este terceiro dia…há que esperar! É apenas preciso acreditar e ter esperança que depois da tristeza virá a alegria, depois do fracasso, virá a vitória! …
Trabalhar bem sem esquecer que a melhor arma para o nosso trabalho é a oração - há que transformar o nosso trabalho numa oração permanente…constante…
Depois de um trabalho feito com amor se verá a eficácia da sua realização pessoal não só para o homem, mas para os HOMENS, para a sociedade em geral…
As realidades vividas por trabalhadores e reformados são bem diferentes e até quando?
Aleluia! … Aleluia! …Aleluia! …
A tradicional Via Sacra pelas ruas da Paróquia, à noite, este ano, é diferente.
Era a Via Sacra dos Jovens!
Esta Via Sacra foi feita sob o tema do “TRABALHO” com base na Doutrina Social da Igreja, de S. José Maria Escrivá e…
Interpretaram grupos diversos orientados por gente ligada à Paróquia que encenaram e levaram à meditação, contemplação e interiorização, do trabalho de hoje, nos últimos passos de Cristo- Humano na terra.
Padre Artur Coutinho
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