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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Padrinhos de Baptismo- testemunhas-diferença-mas afinal o que a fé? JN-Ag.2010

JN de uns dias atrás







A propósito deste tema, gostaria de o desenvolver.

Alguma coisa deve ser feita.

Estou hoje com problemas por ter negado a idoneidade a padrinhos

porque me parece que fui legalista ,

fariseu na interpretação da lei e esqueci-me que a lei foi feita para o

homem e não o contrário.

Agora esgoto tudo para poder dizer sim e não me arrependi ainda,

 MAS A QUEM DISSE NÃO,  em

alguns casos disse não... e não estou arrependido.




Cada caso é um caso!...


Baptizados: padrinhos...


ou testemunhas?



Um dos maiores motivos de aborrecimentos e uma das causas de maus-tratos a muitos párocos dos nossos dias é o problema dos padrinhos de Baptismo. Felizmente, eu não posso queixar-me disso.

Algumas das pessoas vivem como querem, fazem o que entendem e julgam-se no direito de ser padrinhos de uma criança que vai ser baptizada ou de um adolescente que vai ser crismado. Se os sacerdotes cumprem o seu dever e se recusam a aceitar as pessoas que não estão em condições de ser padrinhos, são insultados, ameaçados, difamados e até "denunciados", com "apelação" para o bispo da diocese... Não pode ser assim. Pelas leis da Igreja, as crianças ou os jovens imaturos, os casais que estão juntos nas chamadas "uniões de facto" (sem qualquer compromisso sério de vida), as pessoas que estão casadas apenas pelo civil (sem recate nhecerem valor ao sacramento do



Matrimónio), as que romperam com o seu casamento religioso, se divorciaram pelo civil e estão juntas ou se voltaram a casar pelo registo civil com outra pessoa diferente do seu primeiro cônjuge, e todas as que não têm uma vida de acordo com a função que vão desempenhar, não podem ser aceites por nenhum sacerdote como padrinhos de Baptismo.

Se o Código de Direito Canónico (leis da Igreja Católica) falasse da necessidade de testemunhas para o Baptismo e para o Crisma como fala para o casamento, qualquer pessoa capaz de testemunhar um acto e de o confirmar com a sua presença e a sua assinatura podia exercer a função. É o que acontece nos casamentos. Nesse acto (embora pela tradição os noivos lhes chamem isso) não existem padrinhos.Trata--se apenas de duas ou mais pessoas que testemunharam o compromisso mútuo dos dois noivos com a sua presença.Tal como acontece num acordo ou escritura, qualquer pessoa pode testemunhar um acto des¬de que seja lúcida e esteja presente. Não é assim com o Baptismo ou com o Crisma.

O Baptismo marca o inicio de uma caminhada de vida cristã, uma entrada na comunidade de Jesus, um renascimento espiritual da criança como Filho de Deus e um compromisso de vida nova, em Cristo e segundo os valores e os critérios do Evangelho. Ora, tal facto supõe e traz consigo duas exigências sérias e sagradas: que os pais da criança dêem garantias seguras, à Igreja que os acolhe, de que vão educar na vida cristã a criança que se baptiza, e que os padrinhos assumam o compromisso de testemunhar a Fé e dar o exemplo da vida em Cristo

ao seu afilhado e que, no caso de os pais falharem ao seu compromisso de o educar cristãmente, os padrinhos os substituam com toda a responsabilidade.

Como é fácil de ver, nem todas as pessoas estão em condições de fazer isto, mormente aquelas cuja vida não serve de exemplo ou de modelo na vida cristã para os que são baptizados.

Se os que dirigem a Igreja (bispos ou párocos) fossem mais corajosos e mais rigorosos (e deviam sê-lo!) grande parte das crianças não podiam nem deviam ser baptizadas, e grande parte dos padrinhos também não podiam sè-lo. Se assim fizéssemos, não seríamos certamente maioria sociológica no pais como temos sido, mas seríamos um grupo de pessoas mais conscientes e mais sérias na nossa vivência cristã... e, por exemplo, não votaríamos a favor da legalização do aborto, como muitos católicos fizeram... em desobediência frontal à Igreja a que se dizem pertencer!

Muitos pais que pedem o Baptismo para os filhos vivem como senão fossem cristãos: não vão à igreja nem recebem os sacramentos, estão sempre contra a Igreja a que pertencem, e até chegam a ridicularizar os que frequentam a igreja e os sacramentos. Ora, o que não serve para eles também não deverá servir para os filhos. Para que vão pôr os filhos num caminho e numa vida que eles próprios rejeitam e não respeitam? Outros não dão verdadeira garantia de educar os filhos na vida cristã; e outros, até estão a viver em oposição e desobediência às leis de Deus e da Santa Igreja.

Muitos padrinhos, que até são aceites pela Igreja por estarem casados

religiosamente e de acordo com as leis da Igreja, também não deviam sê-lo. Entre eles, os católicos não praticantes. Como pode dar testemunho de vida cristã à criança que é baptizada um padrinho ou uma madrinha que não faz caso de cumprir os preceitos da Igreja que são indispensáveis para alguém viver como cristão, nomeadamente a Missa de cada domingo e a Confissão e Comunhão na Páscoa de cada ano? A mim, pessoalmente, esse tipo de padrinhos - os católicos não praticantes - são os que mais me magoam pela sua falte de seriedade e de coerência. Se eu pudesse, eram eles os que eu rejeitava em primeiro lugar. Só não o faço, porque a lei actual da Igreja não o permite! A falta de responsabilidade das pessoas e o enorme peso da tradição levam muita gente a baptizar os filhos, sem qualquer compromisso sério de os educar na vida cristã. Até nos habituamos a dizer sim, diante de Deus, num momento sagrado, sem qualquer intenção de cumprir o que dizemos. O que muitos querem é quase só a festa (com o fotógrafo) e o almoço (com muitos convidados). Agora, até já se marcam os baptizados (às vezes com anos e anos de espera e de atraso), apenas em função da festa e do banquete. Isso é que é o importante!»

Nós, os párocos, constatamos todos os dias que muitas e muitas famílias baptizaram os filhos e depois nada fazem para os acompanhar na sua vida cristã.

Essa de o pai ou a mãe ir levar e buscar o menino ou a menina à catequese, de automóvel, "só para o menino ou a menina fazer as Comunhões" (de novo com muitos fotógrafos na cerimónia e muitos convi-

dados no almoço, que é o que agora fazem muitos pais, sem qualquer compromisso devida e coerência), é o sinal claríssimo de que andamos a brincar com coisas sérias. Em vez de procurarmos a Fé, a vida em Cristo, a lei do Senhor, valorizamos apenas e tão só os "actos sociais", cheios de vaidades e pejados de exibicionismos. É o que explica que 90% dos portugueses se digam católicos no país e que só 15% apareçam nas igrejas: a adorar a Deus e a alimentar a sua Fé. Nem guardam respeito a Deus de Quem se tornaram filhos, nem à comunidade cristã em que entraram e de que fazem parte desde o seu Baptismo.

Não passam de filhos mal-educados e insubmissos que nem vão a casa do Pai que os convida e tanto os ama, desprezando-0, nem se dignam reunir-se com os irmãos que tanto lhes querem, ig norando-os. E pior ainda, se pensarmos que muitos desses cristãos já nem sequer consideram essa falta da Missa como algo de grave e ofensivo a Deus e prejudicial à Igreja - um pecado tão grave que até os impede de comungar, se tiverem ainda um mínimo de consciência e de sensibilidade às "coisas santas". Muitos, até levam a mal que alguém o diga ou denuncie! Uma vergonha!

Desculpem-me pela palavra que vou usar... mas os mais responsáveis pela Igreja deviam fazer alguma coisa para acabar com esta "fantochada"! Não se exige, certamente, que todos sejamos santos... mas esperava-se, ao menos, que todos fôssemos mais sérios.

J. Correia Duarte

In Voz de Lamego, de 13.07.2010

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