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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Visitas de Domingo-Emília Moreira e o Convento de S. Francisco- José Cruz e a Qinta do Ameal

Emília Teixeira Moreira


Em visitas de Domingo, encontrei esta senhora em casa de amigos, na Casa dos Vendeiros, de passagem por férias. Ela nasceu em doze do terceiro mês de mil novecentos e vinte e quatro, portanto com 86 anos completos. É natural de Felgueiras, Amarante e com 11 meses, para cá se deslocou, pois os pais tornaram-se caseiros da cerca do convento de S. Francisco. Tinha mais seis irmãos. Os pais viveram na quinta cerca de 42 anos, ao fim dos quais, foram viver para o Rubins, em 1 de Dezembro de 1966, pagando, renda pela casa 100.00 (50 cêntimos), antes da existência da Paróquia. Ela fez a catequese na Matriz, onde também casou, aos 34 anos, com João Cruz, criado de servir, na Abelheira. O casamento ocorreu em 5 de Abril de 1959.





Ela era costureira e andava de casa em casa. No dia do casamento, preparou-se na cidade, na casa de uma das patroas, para sair daí para a Matriz e dirigiu-se depois para casa de táxi.

Diz ela que havia no seu tempo cerca de 20 carreteiros e o que o Cerqueira tinha dois empregados a fazerem o mesmo serviço, onde ganhou dinheiro para passar à Pesca e à Seca do Bacalhau. Nessa altura só o Cerqueira e o Dr. Tiago de Almeida tinham automóvel.

Só três pessoas participaram no casamento acrescentou o marido.O almoço foi um arroz de frango, onde entretanto apareceram umas formigas como era natural naquele tempo.

O casal fez já o jubileu de 50 anos, em França, onde residem duas filhas, e já têm netos e bisnetos.

A quinta, na altura, era de Rui Feijó, sobrinho de António Feijó, poeta limiano.Os pais recebiam 1 rasa de pão.

Contou que viveu no Convento de S. Francisco até 1959 e que, primeiramente, os santos da Igreja e do convento foram vendidos cá para Viana. Depois os da Abelheira fizeram com que todos os Santos voltassem ao seu lugar de origem, na igreja linda, tendo as imagens regressado da cidade, em procissão, até ao convento, para os seus lugares. No fim da procissão houve missa.

Mais tarde, juntaram todas as imagens num barraco onde foram vendidas uma a uma. Depois assim ficou… ficaram só com o Senhor dos Passos, a Senhora da Preguiça (Sta Madalena) e o Senhor da Prisão.

A Emília recorda que antes dos pais tomarem conta,havia missas todos os Domingos.

Ainda há 30 anos, pelo caminho de S. Francisco passavam romeiros a rezar o terço, a cantar de vela na mão e lá iam deixar flores, azeite, dinheiro e velas a arder.

Eu próprio cheguei a ver isso e a apreciar a fé popular e as imagens da Senhor da Prisão, o Senhor dos Passos e Sta Maria Madalena (ou popularmente a “Senhora da Preguiça”).

José Meira da Cruz

José Meira da Cruz, nasceu em Carvoeiro, onde foi baptizado e na Escola fez a 3ª classe. Veio, com 9-10 anos, servir para os caseiros da Quinta do Ameal.

O José nasceu no dia 1 de Dezembro de 1933, feriado nacional, e era filho de pais lavradores: José António Miranda e de Rosa Meira da Cruz. O pai faleceu de doença, já estava ele a trabalhar na Meadela, pelos 10 anos. A mãe também esteve doente e para a tratar venderam as propriedades e penhoraram a casa. Nessa altura já ele era motorista do Dr. Proença, que lhe pagou a carta e para ele trabalhou 18 anos. Foi à tropa e lá fez a 4ª classe.





Depois da morte da mãe, como a família estava endividada, para não ficarem sem a casa, resolveu emigrar. Com a ajuda do pai do Ministro Prof. Dr. Gonçalves Proença, que foi ao Governo Civil arranjar o passaporte de turista, emigrou para a França, onde trabalhou 38 anos e onde casou com Maria do Carmo Fernandes da Cunha, prima do Firmino da Cunha e filha do Manuel Rodrigues da Cunha, da Abelheira, e da Cândida Fernandes Moreno, nascida e casada na Quinta do Ameal.


O José Cruz confessa ser de família humilde, mas que a terra lhes dava muitas coisas.

Na França trabalhou de pedreiro e de motorista. O último patrão, para quem trabalhou 29 anos, era muito justo. Diz ele: "O Patrão olhava para quem trabalhava e reconhecia e pagava bem.".

A esposa trabalhou 35 anos como empregada doméstica para uma família de judeus, onde sempre houve diálogo e muito respeito entre as partes e foram eles os padrinhos de casamento.

O casal não teve filhos. Ele tem um irmão e um casal de sobrinhos (um está na Suíça e outro nas Caldas da Rainha. Estes trabalharam em Portugal e queixam-se que não tiveram direito a reformas.

A esposa tem 3 irmãos, um solteiro, na Meadela, e dois casados na França e com filhos. É oriunda dos Liquitos de Mazarefes e V. N. de Anha.

O José, há dois anos, partiu 3 vértebras, foi tratado no Porto, onde é seguido e, neste momento, já anda sozinho apoiado pelas canadianas e, em casa, já dá uns passos com elas… o que está a ser um bom exemplo e um orgulho para os médicos que o tratam, que dizem ser um bom doente.

Gosta de ler livros e informações sobre desporto. Um amigo que o visita e que é de Carvoeiro e foi meu colega é o Torcato Couteiro,jurista e funcionário público

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