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domingo, 21 de novembro de 2010

Sou Padre e Desconhecido - A missão a partir do Baptismo também para o meio dos desconhecidos

Acabei de ler um texto de um dos órgãos da imprensa local que ao chegar ao fim me pareceu ter tido um sonho, pior, um pesadelo… e ao sair dele pensei na missão.




Todos nós, cristãos, pelo baptismo, recebemos uma missão participando na natureza de Jesus Cristo como Sacerdote, Profeta e Rei.

Na Igreja somos, a partir do baptismo, todos iguais em direitos e deveres. No entanto, a Religião é sempre teocrática. Não fomos nós que escolhemos Deus, mas Deus que nos escolheu a nós, inclusive, a mim para o exercício de um ministério diferente nesta sociedade de cristãos. Esta é uma missão diferente que me obriga, ou pelo menos a sentir a necessidade de exercer uma missão, ainda que seja a andar de porta em porta, de terra em terra, sempre à procura do outro, do desconhecido, para lhe levar algo de novo para a vida, sobretudo, de uma esperança nova e de uma vida feliz e bela, "feita de beleza" (Bento XVI).

Ora o Padre, o Bispo tem de estar ao serviço da Igreja como um missionário activo e já que "ninguém é bom profeta na sua terra" no Evangelho utilizada esta expressão, continua hoje na vida de cada dia em muitas ocasiões, repetimos isto.

Qualquer sacerdote, qualquer Bispo, não como obediência cega, mas como algo que está no nosso coração do qual sai uma resposta à chamada para ir para aqui ou para acolá.

Por esse motivo e por minha vontade própria nunca teria sido pároco de Nª Srª de Fátima, nesta cidade.

Estive seis anos na Serra de Arga com quatro paróquias, onde me senti bem e os paroquianos me admiravam, desculpem, mas ainda hoje quem for à Serra d'Arga e falar com pessoas que tenham mais de 40 anos se recordam de mim e falam com saudade; são vozes que me chegam de amigos e outros.

Quando eu fui para a Serra não conhecia lá alguém… era um desconhecido. Quando vim contrariado, mas confiante parar a uma Paróquia que estava longe do meu pensamento não conhecia ninguém. Era um desconhecido que vinha lá da Serra nestes lados da cidade, pois conhecia muita gente do casco histórico porque desde criança vivi bastante na cidade, do outro lado do caminho-de-ferro, e fui director interino da Casa dos Rapazes uns meses, depois de ter estagiado em Balazar- Póvoa de Varzim.

Também aqui cheguei como um desconhecido ou nem sequer querido para alguns!...Quem sabe?!...

Há pessoas que são testemunhas de eu dizer que cinco anos é o suficiente para um pároco trabalhar numa Paróquia e só o problema da construção, no coração da Abelheira, de uma igreja, me prendeu porque sempre procurei não deixar por mãos alheias aquilo que sempre projectamos com os paroquianos. Não os abandonei, nem está na minha ideia abandonar a obra e deixar " a noiva" para os outros.

Só a saúde, ou outro pensar dialogado com o meu bispo, poderia acontecer algo em contrário, o que não é muito previsível.

Através destes anos todos, quantas tentações eu tive de pedir ao Bispo um trabalho de um ano ou mais numa missão, em Angola, Moçambique, ou onde fosse mais necessário. Cheguei um dia a falar nisto ao Bispo quando ele me pediu algo que me levava a trabalhos que eu não queria mesmo. Nessa altura disse-lhe: "Deixe-me ser um padre da rua".

Por aqui fiquei. Sei que não sou o missionário que devia ser nesta comunidade e em qualquer outra comunidade o fui. Sou padre, mas os meus sonhos de missão, ficaram muito aquém da tendência do meu coração. Faço-o de outro modo. Sou desconhecido.

Estou pronto a servir a igreja, embora limitado pela minha saúde, mas creio que até isso me pode valer para me desculparem alguns contra testemunhos, ou acolhimentos mal feitos a paroquianos ou não, a crentes ou não crentes, eu sei lá...

Continuo a ser um desconhecido não só para a Paróquia como para todos os outros que se cruzam comigo. Sou desconhecido, aqui e agora, mas às vezes é entre os desconhecidos que me sinto mais padre, mais missionário e é o que me consola.

Deixei o meu hobby no Seminário que era a pintura a óleo depois de ter participado em exposições de pintura no edidício do Turismo de Braga, em 1966, para me entregar à pastoral dos ciganos, à pastoral dos presos e à pastoral dos doentes.

Sempre, tanto para uns como para outros, eu era um desconhecido, mas esta era a missão. “Quem dizem os homens que eu sou”?

Cristo não foi acolhido na sua terra!... porque nunca o reconheceram como fariseu, como levita, um igual a eles e aos seus sacerdotes. Passou por um desconhecido.

Amigo que me lês, não tenho “engenho nem arte” talvez para te iluminar com a minha mensagem, mas quem sabe... porque continuo a ser desconhecido.

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