A origem etimológica latina de vizinho é de vicinus (vicus o mesmo que bairro). Relação de proximidade, de vizinhança.
É o que está ao lado, em cima ou em baixo. O vizinho agora está mais próximo que antigamente por causa das casas geminadas e os prédios em altura. Há mais vizinhos em proximidade física, mas não me parece que haja mais vizinhança fraterna.
Os vizinhos hoje precisam mais do que em outros tempos serem bem amigos, pois estão mais próximos. Usam por vezes a mesma porta e o mesmo elevador e, às vezes, não conhecem sequer o nome, muito pior não se cumprimentam e, se se cruzam na rua não se reconhecem, isto é, algo que brada aos céus nas relações humanas e relações de vizinhança. Diz-se popularmente "mais vale de mal com a família do que com o vizinho" ainda "Deus me livre de maus vizinhos ao pé da porta".
É que o vizinho é sempre aquele de quem um dia podemos ter a necessidade de dar a mão ou o inverso: alguém que nos pode valer e defender. Vê a casa do vizinho que está a arder e é capaz de ficar de braços caídos? Então é um vizinho de mau carácter.
Darmo-nos bem com o vizinho é bom até porque um grito, até um gemido pode ser suficiente para que o vizinho vá em socorro, deitar a mão, sem ir constrangido.
Às vezes um vizinho vê o mal do lado, mas não vê os grandes males do seu espaço. Pronto a criticar e a chamar a atenção do vizinho e não vê que ele faz o mesmo.
Há vizinhos sem qualquer civismo, pessoas sem carácter que perturbam os que o rodeiam com música alto volume pela noite dentro, ou trabalham de noite, no lar, fazendo barulho contra as regras do Condomínio, perturbando os do lado e os de baixo e os de cima e quem sabe, se alguém doente…
O vizinho invejoso adoece quando o outro passa bem. O vizinho bom é aquele que se alegra com o bem do outro.
Nem o homem mais bondoso é capaz, por vezes, de fazer aquilo que sabe não aguardar o seu vizinho.
Antes pelo contrário, até procura gostar de fazer tudo para ganhar o vizinho como um amigo em quem pode confiar e até deixar-lhe a chave de casa para alguma emergência, de que ninguém está livre de precisar.
Há quem faça festas de família que podem estreitar laços familiares importantes e que devem ser estimuladas.
Também o mesmo se devia fazer na primeira reunião de Condomínio do ano: uma festazinha ou um convívio com todos os do prédio, porventura num espaço comum, ao mesmo tempo se diz de um bairro, lugar ou rua.
Nem todos têm capacidades iguais, mas um chá e uns biscoitos já é um pequeno e barato alvitre para os vizinhos, assim como coisas simples, onde os pobres não tenham que faltar pela sua própria condição de fragilidade económica, se poderia fazer em qualquer bairro ou rua.
Um dia, na Alemanha, encontrava-me com uma sobrinha à procura da casa de um amigo alemão e alguém que viu... saiu à rua para ver o que nós queríamos, pois os amigos não estavam em casa e eu estava a fazer uma fotografia!... Interpelou-nos sobre o por quê da foto, quem nós éramos e o que queríamos, era apenas uma vizinha.
É bom o reconhecimento mútuo nas nossas relações também de vizinhança.
A. Viana
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