por Paulo Gomes, in DM dia 24/02
Os agentes de Pastoral Social da Diocese de Viana do Castelo, ontem reunidos numa ação de debate e formação, reivindicaram a criação de uma Comissão Nacional de Proteção dos Seniores para uma defesa mais efetiva dos mais idosos, uma população com cada vez maior expressão no nosso país.
A proposta saiu no contexto de uma mesa redonda na qual representantes de diversas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), partilharam «boas práticas» no quotidiano, em ordem a resolver os problemas que enfrentam.
Maria Névoa, assistente social do Centro Paroquial de Barroselas, após ter falado das iniciativas daquela instituição em ordem a um «maior envolvimento» dos familiares dos utentes, sejam eles institucionalizados ou em Centro de Dia, realçou a necessidade de uma maior defesa da pessoa idosa. Infelizmente, como relatou, os mais idosos andam a ser enganados e espoliados, tarefa que se torna mais fácil devido ao abandono a que muitos são votados. Por isso, defendeu esta assistente social, à semelhança do que acontece para a infância e juventude, também para a terceira idade urge uma maior proteção cuja comissão poderia trazer outra forma de agir.
Durante cerca de duas horas, partilharam-se formas de enfrentar as problemáticas, seja de crianças abandonadas, como no caso do Berço, seja dos idosos através das valências de Apoio Domiciliá- rio, Centro de Dia ou Lar residencial. Genericamente, a colaboração interdisciplinar e in- terinstitucional são o modelo adotado para evoluir e ter respostas mais adequadas para os utentes das instituições. 0 trabalho em rede vai fazendo o seu caminho, embora ainda não seja uma realidade institucional. Vive mais das relações pessoais.
Neste debate ficou-se a conhecer melhor a ação do Refeitório Social, que hoje tem um acordo para servir «36 almo- ços e outros tantos jantares», mas que já chegou a servir 90 refeições porque «não se fecha a porta a ninguém que necessite». Esta valência não se limita a dar uma refeição, hoje pedida por pessoas com uma vida desestruturada pelas dependências, mas também, na ordem dos «40 por cento», por aqueles que, sem emprego, até levam em marmita para comer em casa.
Os agentes da pastoral social «não podem descuidar a formação do coração sob pena de se tornarem meros burocratas» advertiu Eugênio da
Fonseca, o presidente nacional da Cáritas, durante a manhã, nesta ação promovida pelo secretariado diocesano da pastoral social.
Dirigindo-se a dezenas de profissionais da área social, sobretudo de IPSS da Igreja e agentes da pastoral social, o responsável nacional da Cáritas sublinhou que «perante o que está desprotegido temos que ser sinais de salvação» fazendo «aquilo que está ao nosso alcance assumindo- -nos corresponsáveis» para ultrapassar a situação.
Neste capítulo, teceu duras críticas a uma nova moda que dá pelo nome de «encaminhamento» considerando que esta «nova terapêutica social» não passa de um pretexto para «não dar uma solução de imediato» empurrando a «brasa a arder na mão do outro».
Por seu turno, os agentes da pastoral social, membros de uma comunidade cristã, «têm de viver em coerência os princípios religiosos e éticos», «capazes de distinguir
o erro de quem o comete» adotando como exemplo de ação a figura evangélica do "bom samaritano". Aquele relato pedagógico de Jesus Cristo apresenta valores que «devemos desenvolver», nomeadamente «capacidade de aproximação», sendo para isso necessário «ter compaixão», ou seja, «colocar-se na pele do outro» e «fazer do problema do outro o seu problema». É necessário, ainda, «saber ver sem passar ao lado», empenhando-se na resolução global da situação.
Este espírito será mais fácil desenvolver com a consciência de se poder contar com a comunidade cristã porque a «paróquia é o primeiro agente da caridade». Nesse domínio, insistiu Eugênio da Fonseca, é preciso uma consciência bem formada para a «caridade global», para «evitar a sua redução à ação assistencial e à esfera privada ou associativa» a fim de que a ajuda permita a superação dos problemas e não «apenas a gestão das necessidades».
Esta ação continuou com a intervenção de duas psicólogas da Universidade do Minho: Joana Arantes e Marta Rosa.
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