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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Igreja, pára, escuta e olha…Há que ser permanente epifania de Deus no Mundo

  






              Igreja,pára,escuta e olha…
  É tempo de fazer com que os nossos gestos diários correspondam    aos gestos de Jesus,fruto do seu amor entranhado.
A comunicação humana é um bem de valor inestimável, cuja satisfação envolve um conjunto de condições bio-psico-sócio-espirituais é muito mais do que uma troca de palavras, já que abrange todos os sentidos: comunica-se com os gestos, com a roupa, com os cheiros, com os sons, com as cores, com o silêncio...comunica-se humanamente quando há possibili­dade de revelação e de interpretação do que está para além das palavras. Trata-se, por isso, de um processo dinâmico que permite que as pessoas se tornem acessíveis umas às outras, que se revelem, interpretem e se reconheçam mutuamente.
O ser humano é um todo e, nesse sentido, torna-se impossível compre­endê-lo em pleno se não se reco­nhecer a sua integralidade. Tornar possível a partilha de sentimentos, opiniões, dúvidas, crenças, sem ser por palavras que são expressas por meio da fala ou da escrita, mas e tam­bém através de linguagem não-verbal •f é integrar o outro com a sua fragilida­de, com o que diz de si mesmo. É ir para além de si próprio, transcender- -se, ter a capacidade de se «perder» por uma causa, por alguém. A fragili­dade no ser como na comunicação é, por isso, uma qualidade, uma virtude que é intrínseca à condição humana mas ao mesmo tempo é o chama­mento à relação, à interdependência, à superação da animalidade.
Segundo os Censos de 2001, o nú­mero de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência auditiva cifrou-se em cerca de 5100, correspondendo a 0,8% da população portuguesa (nú­meros evidentemente surdos à atual realidade). A surdez ou o défice audi­tivo é uma caraterística que se possui (a surdez não é uma doença) e não a caraterística que define quem quer que seja: o ser humano é mais do que as suas características individuais. Para além da solidão dos números, serão muitos mais os que experimentam outros tipos de incapacidade de audi­ção, ou a solidão de serem ouvidos. Ouvir, escutar de coração, é um \ processo que exige tempo, espaço, disposição interior, não-juízo,verda­de, atenção e, sobretudo, vontade de oferta de um tipo de ajuda para além' do utilitário. Na verdade, quem escu­ta não dá coisas, dá-se a si mesmo,x dá de si mesmo.
Neste ano pastoral, em que somos chamados a "Alimentar-nos da Pala­vra", esta Palavra que cura o corpo \ total, seria importante ir mais além. ' x Onde estão nas nossas comunidades ' os cegos, os surdos, os mais depen­dentes, as pessoas com deficiência, os que têm dificuldade em deslocar- -se, os doentes? O que tem feito a Igreja para os acolher, para os incluir nas celebrações, nas atividades paro­quiais? Como podemos convidá-los a fazer parte desta vinha que se espera fecunda, se na maioria das paróquias não criámos meios para tal? Onde estão os intérpretes de Língua Gestual Portuguesa nas nossas igrejas? Onde estão os catecismos em Braille nas nossas catequeses? Quantas co­munidades oferecem percursos de formação adaptados a pessoas com necessidades especiais? Quantas são as barreiras arquitetônicas que qual­quer pessoa com mobilidade muito reduzida tem de enfrentar nas nossas paróquias, nas nossas igrejas, nos centros pastorais?
É tempo de fazer com que os nossos gestos diários correspondam aos gestos de Jesus, fruto do seu amor entranhado. Palavras acompanhadas de sinais: não é esta a definição de sacramento?
* Departamento da Arquidiocesano Rastoral da Saúde
In DM por Carla Santos


3 comentários:

Anónimo disse...

O texto está cortado.

Artur Coutinho disse...

Tem razão. É mais uma. Vou ver como corrigir porque o texto obriga-nos a reflexão...e é bom lê-lo para quem não leu o jornal

Artur Coutinho disse...

Não consegui fazer melhor, mas agora já se lê.