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O "Ano da Fé", que o Papa Bento XVI nos propõe que vivamos a partir de outubro próximo, deve ser começado já, pelo menos na nossa reflexão e oração. Como já tivemos ocasião de afirmar, a Fé é a adesão a Pessoas, Pai, Filho e Espírito, e não só nem sobretudo acreditar em conteúdos intelectuais ou inscritos num Credo. Para lá das palavras, dos raciocínios, dos dogmas, importa aderir de coração a Pessoas que nos amam e Se revelam como fonte de amor que é vida, liberdade, comunhão, unidade, justiça. Aderir de alma e coração a cada uma das Pessoas divinas, pois a nossa Fé é trinitária: veio da Trindade e caminha para Ela, como cada um de nós, como a Igreja, como a oração, etc. Tudo é trinitário, tudo é fruto, ação do amor uno e trino da Santíssima Trindade.
O Papa Bento XVI exprime-se assim na sua Carta Apostólica "A Porta da Fé": "Professar a fé na Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo
- eqüivale a crer num só Deus que é Amor (1 Jo 4,8)" (n° 1). O Pai que enviou o seu Filho, o seu Verbo, a sua Palavra ao mundo para salvar o mundo e nos dar a graça de sermos seus filhos em Jesus, o Primogênito. O Pai de Quem Jesus revela o rosto divino dizendo que é Providente e Bom, que é Dador Universal, que é Pai de Misericórdia, sempre bom e compassivo, Deus de toda a consolação e fonte de toda a graça, que é Divino Semeador da Palavra, que é Divino Agricultor que cuida da Videira, que nos ama sem medida, que vela e cuida de nós, que nos quis seus filhos pelo dom inestimável do batismo. Acreditar é aderir com toda a alma e coração a este Pai, primeira Pessoa da Trindade, origem e fonte de tudo e de todos.
Acreditar é aceitar Jesus como Salvador e Redentor, é colocar-se diante d'Ele, morto e ressuscitado, Senhor da Vida nova, Rei e Senhor de todas as coisas, a Quem o Pai deu um nome que está acima de todos os nomes, diante do Qual se dobra todo o joelho no Céu, na terra e nos abismos. Acreditar em Jesus como Amigo, como Mestre, corno-cqpdelo de vida e de santidade.-Acreditar n'Eteí;pmo homem e Deus verdadeiro, que nos comunica a sua vida e nos deixa, na Igreja, a graça dos sacramentos, da Palavra, da santidade. Acreditar é^ aderir à Pessoa de Jesus, o Filho de Deus Pai e o Filho de Maria, verdadeiro Bom Pastor que busca as ovelhas perdidas e verdadeiro Bom Samaritano que cuida das ovelhas feridas e doentes. Acreditar em Jesus como Amigo de pecadores, como Alguém que nos ama sem limites, que foi à morte de Cruz para nos salvar. Acreditar em Jesus que está Vivo, Ressuscitado, Senhor da Vida, da Festa e do Amor. Acreditar na segunda Pessoa da Trindade que encarnou e Se fez homem. Acreditar na terceira Pessoa divina, o Espírito Santo, e relacionar-se com Ele como Mestre interior, como Santificador, como alma da Igreja, como Verdade que nos guia e conduz, como agente nos sacramentos, como Aquele que nos ajuda a saborear a Palavra, que habita o santuário do nosso ser, que é a alma da nossa alma e que, através dos seus sete dons sagrados e divinos, nos faz caminhar para a vida trinitária, nos faz viver em comunhão, nos ensina os caminhos da unidade, nos faz apóstolos ardorosos e convictos. Pessoa divina que nos faz arder o coração com o Fogo de Pentecostes, que nos delicia a alma ao saborear os mistérios, que nos ilumina a inteligência para compreender e saborear a intimidade pessoal com o Pai e com Jesus. Que fortaleça e guia a Igreja até ao regresso glorioso do Senhor (cf. n° 1). A fé trinitária não é algo transcendente, no sentido de distante ou obscuro, mas fé viva em três Pessoas que nos amam sem limites e que nos desejam com a sede divina do amor. Estão em nós e nós estamos n'Elas, numa permanência que nos transforma e diviniza. In D.M. de Dário Pedroso
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