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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bem-estar e Crescimento PEC

É muito complexo abordar esta realidade. Queremos bem-estar e crescimento. O PEC (o programa de estabilidade e crescimento) de qualquer país deve ser motivo para repensar sobre as verdadeiras fracturas sociais dos povos: religião, marginalização, pobreza infantil, vulnerabilidade dos idosos, violências, assaltos, imigrantes, desempregados, famílias sem o suficiente para viver…


Não pode haver com facilidade modelos económicos capazes de responder cabalmente quando as contradições são muito notórias: “divórcio entre a economia e a ética”, a falsa hipótese da eficácia e a despreocupação pelos pobres que se mandam ou se entregam ao lixo ou à procura da caridade, ao estender a mão e ao recorrer à bondade das religiões…

É por isso que se propõe a todos os responsáveis políticos, sociais e religiosos um repensar os objectivos sociais com perguntas e critérios fundamentais que ofereçam sustentabilidade para uma vida estável e a crescer.

Como podemos viver com simplicidade aumentando a nossa qualidade de vida e não lançarmos a muitos no lixo da sociedade.

Parece crescer a classe dos ricos e a classe dos pobres, ficando uma pequena classe média a pagar com os pobres a sobrevivência da classe com poder.

O mercado capitalista tem gerado novas formas de pobreza através dos diferentes canais, com a precariedade dos vínculos com o mercado de trabalho, de elevado número de assalariados ou a existência de práticas discriminatórias que limitam o acesso a um nível digno de salários de uma percentagem cada vez maior de trabalhadores.

Isto não é animador e traz outra fractura crescente na nossa sociedade, que é o crescimento da vulnerabilidade das pessoas idosas que comparando com as infantis conduz-nos a uma grande fragilidade das nossas estruturas sociais, a maior fractura social.

A primazia do mercado como elemento constituinte da realidade social impediu a questão dos verdadeiros lucros do crescimento económico, iludindo as pessoas a viveram de modo superior às suas possibilidades, de forma camuflada, criando mais que coesão e justiça social, desigualdades, entre a sociedade de regiões grandes e mais pequenas, entre ricos e pobres.

Repensar o modelo económico. Há que aproximar mais a ética e a economia, subordinando ao critério de justiça distribuitiva ao objectivo da etapa de maior prosperidade nos mercados em geral.

Para uma sociedade anárquica, pobremente vivida e onde todos são escravos pobres, ou grandes são os corruptos, são custos sociais subestimados pelo capitalismo que quer torneiras de ouro, onde as vulgares servem da mesma forma. Às tantas, nem esses pobres podem algum dia vê-las, nem resistir a tanta exigência, deixando-se confundir e mergulhar no desânimo, na solidão ou na marginalização.

Vamos repensar esta responsabilidade que, para a Igreja é co-responsabilidade, para os defensores da globalização ninguém é responsável, ainda que alguns continuem, comam tudo e outros nada.

Os governos têm de reconhecer que nem todas as opções do mercado são as mais apropriadas nesta causa, aqui ou ali, ou que há um único modelo que serve para toda a gente, o que não é possível. Cópias, raras vezes, têm algum valor e são sempre cópias. A originalidade cultural, social perfeitamente identificável com o ideal tem mais valor.

Quais são os objectivos sociais à nossa volta? Já descobrimos quais são as nossas reais facturas sociais? Descobri-las e lutar para os conseguir debelar deve ser a meta fundamental para a criação de um bem-estar e um crescimento social verdadeiro, autêntico, eficaz e justo.

Os programas económicos do progresso ou crescimento do bem-estar das pessoas têm de começar pelo exemplo de moderação nos proveitos e custos dos mais fortes para que possa ser reflexo para os menos fortes, de uma vida sem grandes ambições, embora com a qualidade mínima.

É que o bem-estar individual não basta como os que então bem pensam. Para um equilíbrio social e uma vida justa na sociedade, os interesses individuais e os interesses de todos, isto é, o Bem comum, é preciso que “estejam em consonância” e, segundo os Bispos Europeus, a forma como se está a gerir a vida económica e social não parece que vai resolver os problemas da pobreza, mas aumentá-los.

Os programas não atacam os males pela raiz, pelas causas ou suas origens. Para isso o PEC de que os políticos tanto falam parece inverter a face da medalha para o mesmo lado, com o perigo de os superiores interesses do Bem comum utilizados na linguagem, venham, apenas, servir os bens individuais dos mais fortes e seus amigos encobertos.

Cf.Lucio Ayala Canón, in revista CorintiosXIII (Jan/Mar de 2010)- Madrid.

Aliquis

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