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terça-feira, 3 de julho de 2012

As pessoas e as máquinas de Silva Araújo no Diário do Minho

As pessoas e as máquinas
 



Ninguém se lembra de cor­tar queijo com um serro­te ou uma grossa tábua de carvalho com uma faca de cozi­nha. Para cada atividade, a fer­ramenta apropriada. E há o cui­dado de procurar que os instru­mentos estejam em boa forma. Com uma faca cheia de bocas ou com umas tesouras por afiar não se corta em condições.

2.   0 que se não faz com os ins­trumentos faz-se, às vezes, com as pessoas.

Qualquer gestor de recursos hu­manos minimamente consciente das suas responsabilidades pro­cura conhecer o trabalho a fa­zer, -ver qual é a pessoa mais apta para o desempenhar, cui­da da formação profissional des­sa pessoa.

É assim uma coisa parecida com o trabalho do treinador de uma equipa de futebol. Procura co­nhecer as capacidades de cada um dos jogadores, coloca cada um no seu lugar e providen­cia para que, aí, tenha condições para dar o máximo rendimento. Numa sociedade como a nossa, em que a especialização é cada vez mais uma exigência, dei­xou, praticamente, de haver lu­gar para os homens dos sete ofí­cios. É certo que continua a ha­ver os faz-tudo, mas são cada vez mais raros.

Cada pessoa no seu lugar. Cada um, a desempenhar as funções que melhor quadram com as suas capacidades e com aqui­lo para que se sente particular­mente vocacionado. Um bom ca­beleireiro pode ser um mau ca­nalizador. 0 homem certo no lu­gar certo.

Um trabalhador colocado fora do seu lugar é uma pessoa que não rende o que dela pretendem exi­gir. É uma pessoa habitualmente triste, por vezes revoltada e con- testatária (quando não é obrigada a sofrer em silêncio), que se não sente realizada e acumula frus­trações. E quando se trata de lu­gares de chefia, ocupados por quem não tem as qualidades ne­cessárias para os exercer, quem as paga são os subordinados.

3.    Uma norma basilar para que um trabalhador produza é o gos­to com que desempenha a sua função e a alegria que respi­ra no seu ambiente de trabalho. Uma coisa é o ar macambúzio de quem desempenha uma tarefa como quem arrasta um pesado fardo de que se não consegue li­bertar e outra, o trabalho que se faz assobiando ou cantarolando.

O bom ambiente de trabalho deve ser uma preocupação de to­dos os que pertencem à comu­nidade onde o trabalho se reali­za. Depende dos trabalhadores e dos gestores. Depende da forma como as pessoas se relacionam. Do modo como falam e como lhes falam. Das palavras de estí­mulo e de incitamento que rece­bem. Das condições físicas em que o trabalho é realizado.

Dispor de humanas condições de trabalho é um dos direitos fun­damentais do trabalhador e uma das grandes obrigações dos da- dores de trabalho. Se Com as máquinas se têm particulares cuidados, porque custaram di­nheiro e é necessário que deem rendimento, por que não há de haver cuidado no trato com as pessoas?

As pessoas não são comparáveis às máquinas. São muito mais. Infelizmente, às vezes fica-se com a impressão de que são tra­tadas como se fossem menos.

4.   As pessoas são sensíveis às manhãs de nevoeiro e às mudan­ças bruscas de temperatura. Há pessoas que vão para o trabalho após uma noite mal dormida por motivos muito diversos e muito válidos. Há pessoas que vão para o trabalho com dramas pessoais ou familiares de que se não conseguem libertar. Uns momentos de conversa com um dos res­ponsáveis pela comunidade de trabalho e um gesto de compreensão são atitudes que têm u valor inestimável.

Quando não há tempo para isso, porque todos os segundos têm de ser aproveitados no desempenho das tarefas confiadas às pessoas, independentemente da sua boa ou má disposição do estado normal de saúde  de uma arreliadora ou arreliadora dor de dentes que não foi motivo suficicente  para faltar ao trabalho...

5.    E a formação profissional? Um aspeto a que nem sempre se  presta a devida atenção mas que  é fundamental para que se trabalhe melhor e se produza mais; às vezes com menor esforço. Cuidar da formação profissional; um importante investimento, mas nem todos o veem como tal. A verdade, porém, é que as pessoas não nascem ensinadase necessitam de conhecer as modernas  tecnologias. Mas o tempo livre de que dispõem faz-lhes falta para cumprirem deveres pessoais e familiares e para descansarem.

6.   As pessoas e as máquinas. Não haverá pessoas desejosas de, salvas as devidas proporções, receberem um tratamento  semelhante ao que se dá às máquinas?  Não haverá empregados desejosos de, salvas as devidas proporções, serem tratados como o  automóvel do patrão, muito limpinho, com as revisões  em dia, as mudanças de altura própria, os pneus devidamente calibrados, uma condução que evita lacadas, etc. etc….

                                                                                                                                       Silva Araújo, in DM de 28/06

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