No passado dia 18 de Junho, foi dado início ao processo de beatificação de Salvadora dei Hoyo Alonso. Esta mulher nascida em Castela, Espanha, em 1914, veio a falecer, em Roma, no ano de 2004. Viveu todo este tempo como ‘empregada doméstica’ entre Madrid e, posteriormente até à morte, em Roma.
Esta mulher simples serviu, desde 1939 - época da guerra civil em Espanha - várias famílias e serviços do ‘Opus Dei’, ao qual aderiu, em 1946, tendo desde esse ano passado a viver em Roma, onde trabalhou com pessoas de todo o mundo ligadas à ‘Obra’. Atendendo à singularidade desta pessoa e da função que viveu em santificação, ousamos transcrever excertos referidos naquele ato de caminho para a glorificação nos altares. Disse o prelado do ‘Opus Dei’: «Estou cada vez mais convicto do papel fundamental que esta mulher teve e terá na vida da Igreja e da sociedade. O Senhor chamou Dora dei Hoyo a ocupar-se de tarefas semelhantes àquelas que foram cumpridas por Nossa Senhora na casa de Nazaré (...). O exemplo cristão desta mulher, com a sua fidelidade à vida cristã, contribuirá para manter vivo o ideal do espírito de serviço e para difundir na nossa sociedade a importância da família, autêntica Igreja doméstica, que ela soube encarnar com o seu trabalho diário, generoso e alegre»
Num tempo ávido de figuras com protagonismo - real, empolado ou virtual; credível, irônico ou ideal, sincero, possível ou fabricado - como que temos de intuir nesta mulher que se santificou na ‘vida doméstica’ algo mais do que a promoção de um elemento do ‘Opus Dei’, mas antes nos devemos situar diante duma cristã com lições de vida normal, nas tarefas do dia a dia e sob a condição de simplicidade sem artifícios ou armadilhas.
Quando vemos que tanta gente se encavalita para aparecer, seja qual for o palco ou mesmo o plano de difusão, torna-se urgente que se promova quem vive, por opção de vida, na sombra, embora seja mais do que a imagem projetada ao sabor dos interesses de ocasião!
- Quando vemos até certos pur- purados - no contexto eclesial (civil ou militar) e não só - fazerem alardo da discordância, em vez de serem promotores da concórdia, tanto na vida de proximidade como no contexto nacional, consideramos que exemplos de mulheres como esta são desafios à humildade sem rótulo nem condecoração, agora ou no futuro!
- Quando vemos uns tantos indícios de assalto à família, empurrando as mães para tarefas (ditas) importantes, mas um tanto descartáveis da sua feminilidade, sentimos que esta mulher 'a caminho dos altares' nos dá lições de cuidado aos outros sem protagonismo nem (talvez) usufruindo de uma remuneração correspondente à atenção aos que es- tavam à sua volta!
Mesmo que duma forma um tantc simples, como que podemos co lher algumas lições para a noss; vida, tendo em conta o que foi dit< da vida de Dora dei Hoyo:
- A santificação no nosso dia dia, fazendo o trabalho que nos dado realizar e nas condições er que somos chamados a viver;
- Estar em atitude de serviço, fc zendo das pequenas coisas, grar des momentos de partilha e de ed ficação para com os outros;
- Dedicação ao trabalho - seja qu for a ‘categoria’ ou até a (pretei sa) remuneração - como meio com participação na obra criado de Deus, hoje;
- Viver o momento presente con etapa de maior crescimento h mano, espiritual e cultural.
Pelo muito que temos a apre der, queira esta venerável int ceder por nós, já!
de António Sílvio Couto,in D.M. de 2/07
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