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domingo, 10 de setembro de 2017


A Casa: Espaço e Fronteira

A casa representa o nosso espaço, onde nos sentimos a nós próprios com consciência ou sem ela, com tranquilidade, com serenidade, com segurança e a presença dos nossos que nos são mais queridos. Este modo de estar em casa e, em própria casa, dá-nos felicidade, nos tranquiliza, fornece-nos energias positivas com o calor ou os afectos de quem mais amamos. Na casa que habitamos somos mais livres, mais personalizados, mais comunidade e sentimos uma privacidade sem igual.
Tudo nasce e tudo morre, mas a memória da família não esquece toda a história que se vive nas gerações.






Quando se sai de casa, sempre se pensa em voltar, porque é o nosso ninho, como os animais têm o seu ninho, onde se criam e recriam. Aí, cada um de nós armazena na memória a nossa história pessoal, familiar e social. É o espaço doméstico onde sentimos a sensação de conforto, de diálogo, de protecção, relaxamento e reconhecimento que contribui para a nossa estabilidade emocional.
Fora de casa, o espaço é outro, são ambientes públicos, despersonalizados, sobretudo quando falta no nosso coração o amor àquilo que é comunitário, público porque é de todos, seja espaço urbano ou rural. A casa dos outros já não é a nossa casa ainda que sejam familiares: há disciplina, respeito, privacidade, há limites e fronteiras.
É em casa que manifestamos a nossa fé, a vivemos com simplicidade e a transmitimos a todos através dos sentimentos, pensamentos, sensações, emoções e diálogo aberto em família, como, no ninho, as aves alimentam os filhotes.
Diz-se muitas vezes que os olhos são as janelas da nossa alma. Também as janelas são os olhos da nossa casa quando queremos ter vistas mais longas, infinitas, e por elas podemos repetir o mesmo, pois umas janelas que nunca se abrem, umas janelas mal asseadas, mais sujas ou mais limpas, também podem mostrar aos outros que a alma daquela casa, isto é, daquela família, daquele lar, está sem gosto. Parece que não há vida, não há alma. A alma de uma casa, é a alma dos seus moradores que querem transmitir ao universo das pessoas que é bela ou feia, como os outros a devem ver.
A própria arquitectura da casa pode influenciar muito a nossa capacidade de estar e de viver, ajuda-nos a ter o desejo por nela estar para sonhar, relaxar, sofrer e viver as alegrias e as tristezas que se arrastam, muitas vezes na vida.
Cuidar dela é um dever, como desejamos, nela estar e viver a felicidade no Lar. Também o caracol só se sente bem no seu casulo e quando algo adverso lhe possa parecer logo se encolhe e se refugia na sua própria casa, como acontece aos humanos que amam o seu espaço que consideram sagrado.
Para amar a casa, Angelina Correia Sacadura sugere “10 Mandamentos” fundamentados e que resumo na seguinte numeração: 1. Os meus hábitos; 2. A memória da Família; 3. Espaço; 4. Ambiente físico; 5. Ambiente acolhedor; 6. As origens; 7. Renovações; 8. Diferente do espaço de trabalho; 9. Muita luz natural; 10. Artes decorativas.
A casa é uma fronteira de relações sociais; abre a porta para visitas ou fecha; é local privado ou público, reservado à família ou aos amigos…
Se a casa é fundamento da alegria de viver…ela é mais que alegria e protecção, é o espaço legitimado para os nossos sentimentos mais profundos, é o lar onde se vive em verdade e na verdade, se vive o AMOR e se enraízam as razões do AMOR e do VIVER.
O espaço é uma extensão indefinida que tudo engloba nas suas três dimensões. Há espaços infinitos, finitos grandes e pequenos; áreas de mais ou menos dimensões; de maior ou menor duração, extensão ou superfície, delimitados por fronteiras imaginárias ou físicas. O espaço é sempre uma parcela universal se tivermos como o objectivo algo que tenha corpo e que seja geograficamente explicável. Neste caso falamos do nosso espaço térreo onde há água e terra seca ou terra verde. Cada uma destas coisas tem o seu espaço no planeta terra e tem o seu limite e sua fronteira.
A fronteira é uma linha divisória de espaços maiores ou menores. Todos os espaços para além de estarem separados ou marcados por pontos, ou por paredes (como aconteceu com o muro de Berlim) para não haver contactos entre um espaço e outro espaço. Quando se fala de espaço, poderá este ser público ou privado. Na sua divisória há então uma fronteira e um espaço que, sem um lugar por onde se possa entrar e sair, não tem razão de ser. No princípio não houve necessidade de portas, como por exemplo, nas habitações lacustres, no sentido que à frente darei no significado de uma porta.
A porta é um lugar de passagem que permite a entrada, o ingresso, o acesso para entrar, ligação entre dois espaços, o interior e o exterior, onde também se pode sair, acesso para sair, libertar-se, passar, emigrar. Esta é, normalmente, a abertura em parede ao nível do chão de um pavimento e que pode ser feita de madeira, de vidro e pode ser de uma folha, de duas, de três, ou tipo concertina de correr. Quando de madeira e de uma folha, ou até mais, normalmente, o povo dá-lhe o nome de porta no interior da casa; se for de uma só folha, no exterior, há na nossa zona quem lhe chame, a portinha; se for de duas folhas ou mais, de madeira, chamam-lhe portal; se for de metal e de duas folhas, chamam-lhe portão. Se esta entrada delimita um espaço que não se destina a uma casa, mas a um terreno e se for feito de réguas de madeira ou ferro como um espaço de uma folha, chamam-lhe cancelo e, de duas folhas ou mais é conhecida por cancela. De qualquer forma, porta, portal, portão, cancelo ou cancela é sempre uma solução para entrar ou sair. Se se trata de porta de um armário que se abre para meter a mão para guardar ou servir-se, ou de cofre, também é para ver e meter algo que se esconde, que se guardou ou que se procura para utilizar…
No entanto, a porta é sempre utilizada para muitos espaços: as portas da cidade, as fronteiras policiadas antes da União Europeia, embora ainda existam, mas não pode ter polícia… as portas dos edifícios públicos e privados. Há as portas das catedrais, que são sempre portadas muito ricas em decoração arquitectónica, assim como nos templos.
Uma porta, normalmente, tem as aprumadas e as travessas que fazem a sua estrutura. O resto dos espaços são quadros, espelhos ou almofadas e o seu conjunto é a folha. Para além desta estrutura, a porta tem o local para uma fechadura, um batente, se a aldrava na fechadura não servir de batente ou de puxador. Antigamente, o buraco por onde saía ou entrava o gato, era gateira. Algumas têm visores e respiros, mas modernamente os visores são reduzidos e já passaram a via vídeo, assim como as chaves com a evolução dos tempos, hoje, podem ser um código, um cartão, uma chave computadorizada que marca a hora, o dia em que se entra e sai e, até a imagem de quem saiu ou entrou. No entanto, a segurança de uma porta está nas dobradiças e nas fechaduras, as antigas também trancas ou tranquetas.
À porta pública se fazem manifestações e há portas que só se abrem com a chave do Amor.

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