Ouvimos uma pessoa vítima do incêndio: A mulher lhe terá dito: Vamos fugir e ele respondeu: Mulher, fechamo-nos aqui em casa e se tivermos de morrer, morremos os dois. É tudo o que Deus quiser. Ficaram em casa e pela noite o fogo chegou ao seu galinheiro e a um cabanel, suportado por madeira e os dois conseguiram que o fogo fosse apagado sem arder o cabanel e chegar a casa. Meteram-se em casa novamente e assim conseguiram escapar e defender a casa.
Muitos tomaram a iniciativa de fugir, dizia. Morreram na estrada por onde fugiam e noutras estradas um carro aqui e outro acolá, mais outro, famílias inteiras.
Há muita gente a precisar de ajuda. Eu só vejo uma casa a ser reconstruida pelos sobrinhos de um velhote que está num Lar.
Tudo isto foi um inferno, o fogo fazia um barulho enorme ao longe, e ficávamos todos sem saber o que fazer. Era pior que uma guerra…
Um casal já de idade fugiu de casa e levava o ouro todo consigo e esqueceu uma bolsa com dinheiro. Os familiares descobriram o dinheiro esquecido e ao qual o fogo não chegou e eles morreram os dois acompanhados de todo o ouro que tinham, tendo ficado derretido e as peças maiores completamente estragadas.
Apenas uma coisa nova é que aprendemos: o eucalipto queimado depressa rebenta junto à raiz, mais nada.
Tudo de luto. A natureza de luto e a cheirar ainda a queimado e ainda muita dor, silêncio manifestado nas pessoas de rostos depressivos que ouvíamos e víamos. Só vimos rostos a espelhar memórias de dor, de sofrimento, de cansaço e de desilusão.
“Uma vida inteira a trabalhar para acabar tudo deste modo.”
Isto via-se nas pessoas até que iam a caminho da igreja ou que uma igreja já estava à espera de missa
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