A
porta na vida popular
A
porta sempre tem uma história tão longa como quando o homem começou a
conquistar e a querer o que era seu. Achou que descobriu a privacidade, o
privado, diferente do que é dos outros ou do público.
A
porta é lugar de passagem, é fronteira, fechada ou aberta, linda ou feia, mais
encaixilhada ou menos ou só com enxalço, com mais ou menos decoração, preparada
para mais ou menos segurança. É diferente, a porta de um cofre ou de uma caixa
forte de um Banco, de outras como de uma casa ou de uma gaiola, mas todas com o
seu objectivo comum: abrir ou fechar; deixar passar ou não dar passagem.
Na
linguagem proverbial, popular, se diz ainda: “Quem deixar a porta aberta é
sinal que vem de Braga” e para brincar com o trocadilho: “Quando se abre a
porta aberta, quando a Berta bate à porta?”. É verdade que a porta é sempre uma
passagem morta quando indefinidamente se encontra fechada, por isso é uma
parede. Mas a maldade leva a consolidar: “Porta fechada a pessoa mal-amada”; cuidado,
sobretudo hoje, pois: “Porta aberta é preciso estar alerta”; “Porta fechada,
alma descansada”; nem sempre é verdade: “Porta fechada, pele guardada”. O
surdo, como não ouve, pode-se bater com força: “À porta de surdo bate à vontade”.
“Portas arrombadas, trancas reforçadas”, pudera “não que gato escaldado de água
fria tem medo”. “Portas arrombadas, trancas de ferro”, reforçar com ferro; a
tentação é um impulso que pode não ser controlado sobretudo porque “Porta
aberta tenta um santo”. “Tem cabeça dura como uma porta”, quando se é duro em
compreender ou “É burro que nem uma porta”.
“Deus
nos livre de maus vizinhos ao pé da porta; “Em Maio, nem à porta de casa saio”;
“Quem vier atrás, feche a porta”.
“Tão
ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta” e “Estar com o pé atrás da
porta é estar de pé atrás”.
No
entanto, na porta, para os supersticiosos, há que entrar com o pé direito e, se
for um animal, deve entrar a recuo, isto é, de marcha atrás. Por uma porta entra
o burro e o homem, mas o cão, o gato, aves de estimação como o papagaio, o
canário, entram e saem pela porta, como os galináceos na capoeira e os bovinos,
caprinos e suínos nas cortes.
Há
portas maiores ou mais pequenas, mais altas ou mais baixas, mais largas ou mais
estreitas. As portas tipo acordeão, ou de uma folha única, ou várias, de correr
e fixas às dobradiças também são normais.
Há-as
de madeira, de ferro, de chapa, de alumínio, de vidro, etc… também podem ser
giratórias, a abrir a 360º, as que abrem a 180º e 90º, com padieiras alongadas,
arredondadas, em bico e rectilíneas.
Daquela
porta para fora não sais, porque se o fizeres, não tentas voltar, é só uma vez.
É por aquela, não é por outra, por onde queres, pois quem manda aqui sou eu…
Uma
porta tem muito que se lhe diga, para o bem e para o mal, tanto na entrada como
na saída. Há sempre uma porta por onde podemos entrar pelo nosso pé, pela nossa
vontade, mas um dia pode chegar que, sem querermos, saímos aos ombros de alguém
que podem ser dois ou quatro para nunca mais voltar.
Por
trás de uma porta, às vezes, é guardado lixo, ferramentas de alguns serviços
domésticos, ou um sarrafo para receber as pessoas que venham, por mal, querer
entrar, ou outro instrumento popular de segurança!
Uma
porta é sempre um espaço de passagem, pronto para sair ou para entrar. É ainda
como uma chave de uma casa. Não há porta sem chave, nem a chave tem outra razão
de existir sem ela. Neste sentido, Deus é Amor, por isso, é chave e porta para
tudo.
Há
ainda a porta do forno de cozer o pão e, antigamente, com fogueiras de achas e
canhotas, também simbolizava o sofrimento do que se passava dentro das portas
largas do inferno.
Mas a porta “estreita” (a porta do céu)
para uma vida nova, eterna e feliz, graças à bondade e misericórdia de Quem
acreditamos como ser absoluto, transcendente e do qual dependemos, é aquela que
nos espera para o gozo eterno.
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