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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Demografia e Paróquia PN2004

Há vinte e cinco anos esta Paróquia tinha pouco mais de mil fogos e hoje tem mais de quatro mil.
Nada acontece para muita gente. Mas se olharmos à nossa volta verificamos que o litoral cresce em população contra a desintegração do interior.
Será que uma coisa destas pode deixar-nos a todos de mãos cruzadas a deixar que tudo corra como corre, sem regras, sem sugestões para um desenvolvimento harmonioso, também no interior. Isto mesmo no aspecto político.
Bom, mas o que aconteceu já não vai acontecer para gáudio de alguns porque o índice de natalidade desceu. Será esta a solução mais adequada e mais justa?
Vejamos na nossa cidade o seu crescimento populacional de há 25 anos para cá... Nas paróquias da cidade (Areosa, Meadela, N.ª Sr.ª de Fátima, Darque, Monserrate e Socorro).
Se formos um pouco mais além, vejamos o que aconteceu em Barroselas, Lanheses, freguesias do concelho para além de outras...
Não fiquemos por aqui, o que aconteceu, de há 25 anos para cá, nas vilas da nossa Diocese.
A nossa Diocese não é a mesma, os nossos arciprestados não são os mesmos, as nossas paróquias não são totalmente iguais.
O Concílio Vaticano II já foi há mais tempo e os documentos conciliares obrigam-nos a não ficarmos impassíveis com as mudanças sociais, os problemas novos da sociologia humana.
Quando passei algum tempo como arcipreste de Viana do Castelo tive oportunidade de organizar um convívio de sacerdotes do arciprestado. E à sombra dos pinheiros, junto à Urbanização Nova que se encontrava em construção na Praia da Amorosa, foi feita uma reflexão sobre a demografia das nossas paróquias, vilas e cidade. Isto levantou uma série de problemas pastorais reflectidos ali quanto ao acolhimento, quanto às iniciativas novas para poder atingir pastoralmente esta mobilidade de pessoas. Uma das questões foi até aos espaços litúrgicos na cidade e vilas ou paróquias. Por fim, na qualidade de arcipreste, fiquei de ser o porta-voz junto do Bispo em nome dos padres do Arciprestado para lhe comunicar a necessidade de se criar uma equipa pluridisciplinar, composta por Teólogo da Teologia Pastoral, Sociólogo, Engenheiro do Ambiente, Engenheiro Civil e um Arquitecto, para que, a nível diocesano, pudesse acompanhar os planos de pormenor concelhios ou os, na altura, PDM, para que estudando em equipa juntamente com os párocos, envolvidos em desenvolvimento demográfico inesperado, fossem ajudados a que a dimensão religiosa duma povoação, paróquia, vila ou cidade em que a maioria é católica, não fosse esquecida.
Deste modo há mudanças do centro de gravidade, deslocamentos populacionais, as igrejas longe das povoações ou tão pequenas que não favorecem o empenhamento pastoral, a descoberta de respostas futuras para os problemas que já são de hoje, ou já eram de ontem.
Este é um problema de hoje, depois... há paróquias que não conseguem terreno para uma igreja, por exemplo, não é preciso ir mais longe, vejam o que aconteceu à Paróquia de N.ª Sr.ª de Fátima que, por este ou aquele motivo, ninguém compreendeu o pároco actual, nem aqueles com quem ele trabalhou e trabalharam a não ser o Dr. Defensor Moura, actual Presidente da Câmara Municipal que mesmo sem audiências de 30 pessoas, resolveu o problema...
Para já esperamos!... porque para outros lados, incluindo religiosos, as coisas parecem não ser tão prioritárias como deviam... uma Paróquia que nasceu em 1967 que se pensava numa residência, numa igreja nova, mas as coisas se interessavam a uns, não eram convenientes para outros. Vejam agora o deslocamento da igreja em relação à população em geral. O que fazer e como fazer acolhimento a tanta gente que aqui chega?
Há uns anos tentei participar no colóquio nacional de paróquias. Só estive um dia, mas gostava de continuar. Nem sempre me condizia com o meu programa de pastoral paroquial. Este ano, por motivos de saúde, não participei no Colóquio Europeu de Paróquias, como tanto gostava, na Suíça, de 6 a 10 de Julho, no seu já 22º colóquio.
Uma das conclusões é que as Paróquias continuam a manter estruturas passadas perante as transformações que se dão na sociedade de dia para dia.
As Paróquias, os Arciprestados e as Dioceses têm que continuar a oferecer ao homem de hoje o espiritual, a oração, a vida interior que tanto o homem procura, mas não pode ficar só por aqui. Tem de ser criativa para quebrar a rotina que o homem não gosta, a paróquia tem de ser criativa e oferecer oportunidades a todos os que se dizem paroquianos, tem de ser lugar para a festa, para o perdão, para a fraternidade e para a reconciliação. Não se pode fechar na sacristia ou reduzir-se a festas com sermões ou pregações.
Uma Paróquia que não proporcione ou não esteja atenta àquilo que é capaz de unir os paroquianos nos mesmos objectivos de fé, é paróquia que tende a morrer.
Dizia aqui noutra local que a Paróquia ou volta a ser aquilo que era no princípio ou, então, não há razão para existir e, ir resistindo ao tempo, apenas para constar e fazer parte das estatísticas, também não vale a pena.
É claro que a evolução social e o crescimento demográfico, as novas vias rodoviárias, a democratização da cultura e da mentalidade corrente oferecem problemas novos não só aos políticos que agora querem ser concelhos e não o são.
O que acontece na política por conta dos votos, não pode acontecer na Igreja, mas a Igreja às vezes peca em retardar demais ao ver que o padre não responde às exigências pastorais duma determinada Paróquia, não é sinal eficaz da presença da Igreja naquele local, a Igreja não tem resposta para poder beneficiar da qualidade de vida religiosa de muitos que ficaram isolados, longe da sua igreja paroquial...
O facto da Igreja ter em conta a evangelização, a celebração e a partilha fraternal, identidade cultural e religiosa não serão os únicos meios, ou argumentos, que podem levar um Bispo a exercer a competência da erecção de uma Paróquia quer lhe dê um padre ou um diácono; já que os padres podem escassear.
Os bispos como corresponsáveis que são na vida da Igreja tudo devem fazer para que a autoridade competente sinta a necessidade de uma acção eclesial mais eficaz. É importante hoje mais que noutros tempos a relação pessoal Bispo e Padre com o seu povo como elemento determinante para a fundação de uma Paróquia ou Diocese.
Caso contrário não se precisa de padres, bastam os diáconos e um Bispo, mas não creio que essas medidas evangélicas, sejam verdadeiramente proféticas para a fé dos nossos crentes.
Paróquia, volta àquilo que foste, lugar de culto, de fraternidade, de perdão e de festa e voltarás a ser alfobre de vocações a nascerem nas famílias.
Volta a ser comunidade aberta às outras comunidades, tenham elas os carismas que tiverem, desde que o Espírito seja o mesmo

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